• Nenhum resultado encontrado

ICMS (RS) RETENÇÃO DE MERCADORIAS NOS POSTOS DE FRONTEIRA CONSIDERAÇÕES JURÍDICAS

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "ICMS (RS) RETENÇÃO DE MERCADORIAS NOS POSTOS DE FRONTEIRA CONSIDERAÇÕES JURÍDICAS"

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

ADONILSON FRANCO AL. SANTOS Nº 1470, 4º ANDAR - CJS. 407/408/409

JARDINS – SÃO PAULO (SP)

VALÉRIA ROSANA ISHII CEP 01418-100

PABX: (11) 3266-8592 / 9946-7141 FLAVIANA M. DOS SANTOS MIRANDA Fax: (11) 3266-8592

e-mail: franco@francoadvogados.com.br DANIELE DE FREITAS CORVINO

ASMAHAN ALESSANDRA JAROUCHE ANA TERESA DURANTE DE SANT’ANNA DANIEL GINEVRO SERRA

F

F

R

R

A

A

NC

N

CO

O

A

A

DV

D

VO

OG

GA

AD

DO

O

S

S

A

A

S

S

S

S

O

O

CI

C

I

A

A

DO

D

OS

S

E

E

C

C

O

O

N

N

S

S

UL

U

L

T

T

O

O

R

R

E

E

S

S

ICMS (RS) – RETENÇÃO DE MERCADORIAS NOS POSTOS DE FRONTEIRA – CONSIDERAÇÕES JURÍDICAS

Somos informados que o Estado do Rio Grande do Sul (RS) vem, com base em legisla-ção própria, retendo na fronteira mercadorias originadas de outros Estados da Federa-ção até a efetiva comprovaFedera-ção, pelo fornecedor, do recolhimento do ICMS.

NOTA:

Obviamente a exigência de comprovação, pelo fornecedor, está estreitamente vinculada com a natureza comercial da transação realizada, é dizer, fornecimento sob cláusula CIF, porque se FOB-fábrica, por exemplo, as responsabilidades passariam a ser integrais do adquirente. Deixa-mos de nos aprofundar no exame dessa questão por considerar que o objeto visado neste Parecer tem natureza diversa.

Na verdade o fisco gaúcho disponibiliza três alternativas para o recolhimento do ICMS, conforme será visto na imediata seqüência.

I – RECOLHIMENTO ANTECIPADO PELO FORNECEDOR ESTABELECIDO FORA DO RS

A sistemática implementada por aquele Estado consiste na exigência da comprovação do recolhimento, pelo fornecedor estabelecido noutro Estado, do diferencial do ICMS entre a alíquota interestadual e a alíquota interna.

Nada melhor que um exemplo para contribuir para o entendimento. Suponhamos uma empresa fornecedora estabelecida no Estado de São Paulo (para facilitar, empresa “A”), a qual vende para outra empresa, estabelecida no Rio Grande do Sul (empresa “B”), mercadoria que será naquele Estado por “B” revendida.

(2)

im-de Tributos Estaduais (GNRE), recolhendo o valor resultante da diferença entre a alí-quota de 12% e a alíalí-quota interna do RS (provavelmente 17% ou 18%), isto é, dife-rencial de 5% ou 6%.

A GNRE deverá acompanhar o transporte da mercadoria até o RS quando, ingressando na fronteira daquele Estado, será então exibida ao fisco gaúcho. As mercadorias desa-companhadas da GNRE permanecerão retidas até que efetivado o recolhimento do ICMS, quer pelo fornecedor “A” ou pelo adquirente “B” (vide, nesse sentido, Hipótese II, a seguir).

O valor do ICMS recolhido por “A” deverá ser ressarcido por seu cliente gaúcho (“B”) ou por este antecipado a “A”, conforme ficar determinado no âmbito estritamente co-mercial, entre ambos.

NOTA:

O modo pelo qual o ICMS será antecipado por “B” a “A” ou ressarcido por aquele a este é aspecto eminentemente negocial, que nada tem a ver com o Direito ou mesmo implicações jurídicas mais relevantes que demandem quaisquer comentários nossos.

II – RECOLHIMENTO ANTECIPADO PELO ADQUIRENTE GAÚCHO

Outra alternativa consiste no próprio contribuinte gaúcho (empresa “B”) preencher ele próprio a GA (equivalente à GARE paulista) e com essa guia recolher o diferencial do ICMS, entregando-a para seu fornecedor (“A”) exibi-la ao fisco gaúcho.

III – RECOLHIMENTO NORMAL PELO ADQUIRENTE GAÚCHO (REGIME DE APURAÇÃO)

Finalmente, a última alternativa consiste em aplicar o procedimento que em todo o Brasil constitui regra, mas que no RS foi transformada em exceção: o contribuinte ga-úcho (“B”) que pretender recolher o diferencial do ICMS dentro do período de apuração regular do imposto, deverá requerer um Regime Especial específico para isto.

IV – QUESTÕES JURÍDICAS RELEVANTES

Analisemos a situação descrita na hipótese I, retro, que aqui nos interessa de perto. Essa exigência estabelecida pelo RS não tem a menor chance de passar no controle da

(3)

Isto porque a Constituição Federal determina que Resolução do Senado Federal, apro-vada pela maioria absoluta de seus membros, fixará as alíquotas aplicáveis às opera-ções interestaduais (CF, art. 155, § 2º, IV). E esta foi estabelecida em 12% (Resolução Senatorial 22/89).

A própria Constituição Federal estabelece ser aplicável a alíquota de 12% nas opera-ções interestaduais que destinem bens a consumidores finais contribuintes do ICMS localizados em outros Estados (CF, art. 155, § 2º, VII, “a”), incidindo a alíquota interna (geralmente, 17%, 18% ou 25% conforme a mercadoria, o bem ou o serviço) quando o destinatário não for contribuinte desse imposto (CF, art. 155, § 2º, VII, “b”).

Logo, se até nas destinações para consumidores finais a alíquota é de 12%, com maior razão o será no caso de adquirentes de bens ou mercadorias destinados à revenda, como se verifica no caso concretamente analisado, do qual decorre diretamente o di-reito de “B” ao crédito do ICMS destacado por “A” na NF, em estrita observância ao princípio da não-cumulatividade, e, conseqüentemente, o direito do erário estadual ao imposto resultante do diferencial de alíquotas interna x interestadual, mais margem de lucro atribuída por “B” à mercadoria então por este revendida.

Só que o direito a que se intitula o erário gaúcho tem momento certo: ocorrência do fato gerador do ICMS exteriorizado na saída da mercadoria do estabelecimento de “B”, não no ingresso no território gaúcho da mercadoria vendida por “A” a “B”, como pre-tende.

A exigência de recolhimento do ICMS pelo fornecedor estabelecido noutra unidade fe-derativa é carregada de inconstitucionalidades, a saber:

a) importa exigência da aplicação de alíquota interna (17% ou 18%) para operações interestaduais (12%), em aberto confronto com a Constituição Federal, conforme atrás assinalado (CF, art. 155, § 2º, IV);

b) fere o princípio da territorialidade, segundo o qual a competência constitucional-mente outorgada ao legislativo e ao executivo gaúcho para legislar e impor exigên-cias encontra limite no espaço territorial daquele Estado, não podendo, em hipótese alguma, estender-se para empresas não subordinadas ao poder fiscalizatório do fis-co gaúcho — empresas paulistas, no caso fis-concreto;

(4)

c) infringe as limitações constitucionais ao poder de tributar, as quais vedam ao ente tributante estabelecer limitações ao tráfego de bens por meio de tributos interesta-duais (CF, art. 150, V), inconstitucionalidade verificada no caso concreto na medida em que as mercadorias desacompanhadas da GNRE permanecerão retidas até que a empresa “A”, inobstante não subordinada ao poder fiscalizatório do fisco gaúcho, comprove o recolhimento do ICMS àquele Estado;

d) transgride o comando constitucional que determina caber à Lei Complementar dis-por sobre substituição tributária (CF, art. 155, § 2º, XII, “b”), figura presente no caso aqui apreciado, ao determinar a legislação gaúcha caber à empresa “A” reco-lher parte do ICMS devido pela empresa naquele Estado estabelecida.

Estas, dentre outras conseqüências jurídicas inconstitucionais e outras não menos ile-gais, reclamam medidas concretas contra a exigência do fisco gaúcho, o que, dito de outro modo, exige o ajuizamento de medidas judiciais contra a pretensão daquele Es-tado, possivelmente Mandado de Segurança Preventivo o qual deveria certamente an-teceder ao fornecimento.

Isto, obviamente, traduz custos relativos à demanda noutro Estado que, parece-nos, não se justifica ante as demais alternativas existentes, comentadas nas hipóteses II e III.

Tais alternativas afiguram-se mais econômicas a “A” pois, no caso de discordarem os adquirentes (“B”) dos procedimentos indicados nas hipóteses II e III fixadas pelo fisco gaúcho, caberiam então a eles próprios insurgir-se pela via judicial.

E isto é não apenas mais econômico, como também juridicamente viável já que os pró-prios contribuintes gaúchos estariam insurgindo-se contra as inconstitucionalidades apontadas, acrescido de outros argumentos juridicamente consistentes apenas a eles disponibilizados, a saber: i) incremento do custo correspondente à antecipação do im-posto e; ii) exigência de recolhimento do imim-posto antecipadamente à própria ocorrên-cia do fato gerador, exteriorizado este na efetiva saída da mercadoria adquirida por “B” já que o ICMS estaria sendo recolhido no ingresso da mercadoria no Estado onde esta-belecido “B”.

Importante deixar claro que o tema é pleno em afrontas jurídicas, todas contestáveis de acordo com a perspectiva do demandante (“A” ou “B”). É, também, contornável

(5)

a ordem jurídico-constitucional, mas de todo modo viáveis se se pretender ajustar-se às exigências daquele Estado sem os ônus de levar adiante uma discussão que deverá, inevitavelmente, chegar ao Supremo Tribunal Federal em cerca de 5 a 10 anos.

Ficam aqui nossos registros jurídicos e as alternativas possíveis, alerta acerca dos ris-cos, inclusive estimativa de prazo para a consumação do direito, embora, em sede li-minar, conquanto obtida, a ordem constitucional possa ser imediatamente restabeleci-da.

Colocamo-nos à disposição para demais esclarecimentos.

Atenciosamente,

São Paulo, 25 de novembro de 2003.

Franco Advogados Associados

Adonilson Franco OAB-SP 87066

Referências

Documentos relacionados

Detectadas as baixas condições socioeconômicas e sanitárias do Município de Cuité, bem como a carência de informação por parte da população de como prevenir

2º O processo de verificação do aprendizado do aluno deverá contemplar, em cada período letivo, no mínimo três instrumentos de avaliação, sendo um deles,

Não esqueça de instalar o condutor de proteção (aterramento). A voltagem suprida deve estar de acordo com a voltagem na placa indicativa. A voltagem entre as fases deve

Ainda assim, o foco inicial do discurso sobre Marielle (sua atuação política) acabou desviado para a disputa entre desinformação e checagem, já que as menções à vida pública

Concluindo o presente estudo, não se conseguiu detectar influência significativa da flexibilidade com relação ao crescimento das crianças e dos adolescentes praticantes de

Para o fim de integralização das horas trabalhadas pelos docentes ou técnicos com nível superior, as atividades que estes desenvolverão nas empresas juniores

cruzi hospedeiro hospedeiro vertebrado vertebrado inseto inseto tripomastigota sangüíneo picada fezes tripomastigota metacíclico amastigota amastigota amastigota amastigota

Os princípios que recaem sobre a proteção ambiental podem ser explícitos e implícitos estando que os explícitos expostos nas leis referentes ao meio ambiente e