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LEVANTAMENTO AVIFAUNÍSTICO PARA COMPLEMENTAR O PLANO DE MANEJO DA RPPN SANTUÁRIO DO CARAÇA, MINAS GERAIS

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LEVANTAMENTO AVIFAUNÍSTICO PARA COMPLEMENTAR O PLANO DE MANEJO DA RPPN SANTUÁRIO DO CARAÇA, MINAS GERAIS

www.biologiadaconservacao.com.br

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LEVANTAMENTO AVIFAUNÍSTICO PARA COMPLEMENTAR O PLANO DE MANEJO DA RPPN SANTUÁRIO DO CARAÇA, MINAS GERAIS

Célia Ferreira dos Santos - Bióloga

Gabriele Andreia da Silva - Estudante de Ciências Biológicas Felipe Fonseca do Carmo - Biólogo

Jadson Diogo Ferreira Leite - Biólogo Juan Espanha Moreira Dias - Biólogo Lilian Mariana da Costa - Bióloga Lucas Neves Perillo - Biólogo Luiz Gabriel Mazzoni - Biólogo

Marcelo Ferreira de Vasconcelos - Naturalista

Mariana Augusto Machado - Geógrafa e Gestora Ambiental Vinicius Cerqueira Rodrigues - Biólogo

Revisor: Pe. Lauro Palú

REALIZAÇÃO:

Bocaina Biologia da Conservação &

Província Brasileira da Congregação da Missão

Catas Altas - Santa Bárbara/MG Outubro de 2015

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3 RESUMO

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Santuário do Caraça — propriedade da Província Brasileira da Congregação da Missão — é a segunda maior RPPN em espaço territorial e em visitação do Estado de Minas Gerais. As fitofisionomias predominantes na região são representadas por formações florestais e campestres, típicas da Mata Atlântica em seus limites mais interioranos. Dentro dos limites da RPPN, esses ambientes até agora foram pouco estudados em relação a sua composição vegetacional e avifaunística. O objetivo deste estudo foi executar um levantamento e diagnóstico da avifauna na RPPN, como forma de complementar seu Plano de Manejo, preenchendo algumas das lacunas. Os dados foram obtidos através de observação das aves em campo, utilizando-se o método de Listas de Mackinnon, a captura de aves com uso de redes de neblina, além de anotações de registros qualitativos. A equipe de trabalho, constituída por quatro ornitólogos experientes, além de seis profissionais integrantes e do apoio de outros dois biólogos, conseguiu resultados rápidos e relevantes em poucos dias de trabalho. As trilhas e os locais percorridos para levantamento foram mapeados com uso de aparelho receptor de GPS (Global Positioning System). Mapas foram elaborados com uso do software de geoprocessamento ArcGis 10, para espacializar e caracterizar a área de estudo. Atualmente, a região da RPPN apresenta registros de 386 espécies de aves, cerca de metade das espécies de aves ocorrentes em Minas Gerais. Durante 6 dias de amostragem foram registradas 149 espécies de aves, das quais 46 são endêmicas da Mata Atlântica e três apresentam distribuição restrita aos topos de montanha do leste brasileiro. Foi registrada a ocorrência de 49 espécies de aves em novas cotas altitudinais e realizados quatro novos registros de espécies de

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aves dentro dos limites da RPPN. Por meio deste estudo, foi possível apresentar algumas recomendações que poderão auxiliar no manejo, unindo as necessidades da RPPN com a conservação da região.

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5 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 8 2. OBJETIVOS ... 13 2.1 Objetivo geral ... 13 2.2 Objetivos específicos ... 13 3. MATERIAL E MÉTODOS ... 14 3.1 Levantamento da avifauna ... 14 3.2 Mapeamentos ... 16

3.3 Descrição das áreas amostradas ... 17

3.3.1 Caracterização do relevo e da vegetação ... 18

4.2 Frequência das espécies ... 29

4.3 Estimativa de riqueza ... 30

5. RECOMENDAÇÕES DE MANEJO PARA A ÁREA DE ESTUDO ... 31

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Gráfico das categorias de pesquisas sobre avifauna realizadas na RPPN Santuário do Caraça e entorno. ... 10

FIGURA 2: Mapa com a distribuição das áreas onde já foram executados trabalhos de avifauna na RPPN Santuário do Caraça. Elaboração: Machado, M. A. ... 12

FIGURA 3: Trilhas percorridas durante o período de campo para os levantamentos de avifauna e a localização das redes de neblina. Elaboração: Machado, M. A. ... 17

FIGURA 4: Mapa dos domínios morfoclimáticos brasileiros, com destaque para a Mata Atlântica, onde a RPPN Santuário do Caraça está inserida. Elaboração:

Machado, M. A. ... 18

FIGURA 5: Mapa de curvas de nível de 100 em 100 m da RPPN Santuário do

Caraça, com foco nas áreas percorridas. Elaboração: Machado, M. A. ... 19

FIGURA 6: Matas de galerias ao longo dos cursos d’água, com a presença de

campos e afloramentos rochosos. Foto: Espanha, J. M. D. ... 20

FIGURA 7: Tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus), fotografado em palmeira morta onde nidificou, nas imediações do Santuário do Caraça. Foto: Espanha, J.M.D. ... 22

FIGURA 8: Macho adulto do beija-flor-de-gravata-verde (Augastes scutatus), notável endemismo dos topos de montanha do leste brasileiro, registrado no Campo de Fora. Foto: Costa, L. M. ... 22

FIGURA 9: Papa-moscas-de-costas-cinzentas (Polystictus superciliaris), ave

endêmica dos topos de montanha do leste do Brasil, indivíduo fotografado próximo à Gruta de Lourdes. Foto: Espanha, J. M. D. ... 22

FIGURA 10: Foto do ambiente onde a vocalização de Urubitinga coronata foi ouvida e gravada. Foto: Santos, C. F. ... 25

FIGURA 11: Caminheiro-de-barriga-acanelada (Anthus hellmayri) fotografado no Pico da Canjerana. Foto: Espanha, J. M. D. ... 26

FIGURA 12: Acúmulo da riqueza de espécies observadas ao longo das

amostragens realizadas no Campo de Fora, RPPN Santuário do Caraça. ... 30

FIGURA 13: Mapa das UCs do entorno da RPPN Santuário do Caraça. Elaboração: Machado, M. A. ... 32

FIGURA 14: Áreas com mineração versus Unidades de Conservação no entorno da RPPN Santuário do Caraça. Elaboração: Machado, M. A. ... 33

FIGURA 15: Matas no entorno da RPPN Santuário do Caraça e o avanço das

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7 LISTA DE ANEXOS

ANEXO I - Relação dos projetos realizados na RPPN Santuário do Caraça; classificados quanto à categoria de estudo, se por espécie ou por comunidade, e acessibilidade. ... 45 ANEXO II – RPPN SANTUÁRIO DO CARAÇA – AVES 2015 – MATERIAL

COMPLEMENTAR AO LEVANTAMENTO AVIFAUNÍSTICO DO PLANO DE

MANEJO ... 57 ANEXO III - Lista de espécies de aves registradas na RPPN Santuário do Caraça durante o período de 18 a 24 de abril de 2015... 58 ANEXO IV - Lista de espécies de aves endêmicas e/ou ameaçadas de extinção registradas durante as amostragens de campo ... 71 ANEXO V - Lista de espécies de aves anilhadas ... 74 ANEXO VI - Lista de espécies de aves com registros de novos limites altitudinais obtidos durante as amostragens de campo ... 76 ANEXO VII - Índices de Frequência das espécies de aves obtidos pelo método de listas de Mackinnon, área do Campo de Fora, entre os dias 19 à 21/04/2015. ... 80 ANEXO VIII - Tabela de Unidades de Conservação no entorno de 50 km da RPPN Santuário do Caraça ... 87

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1. INTRODUÇÃO

A Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Santuário do Caraça é propriedade da Província Brasileira da Congregação da Missão, tendo como objetivos a visitação turística, educacional, religiosa, recreativa e científica (PBCM 2012). Esta é a segunda maior RPPN em espaço territorial de Minas Gerais, sendo que, dos seus 11.921 ha de área total, 10.187,89 ha são área de proteção. A RPPN é também a segunda mais visitada do Estado, recebendo, em média 70.000 visitantes por ano, de diversas faixas etárias e de diferentes nacionalidades (PBCM 2012).

O Santuário do Caraça apresenta formações vegetacionais com características singulares, por exemplo, fitofisionomias florestais típicas do domínio da Mata Atlântica e formações campestres, tais como os campos rupestres e os campos de altitude (Vasconcelos 2011, PBCM 2012). A região abriga várias espécies endêmicas da flora e da fauna, estando sujeita a ameaças devido a diversas atividades antrópicas (Carnevalli 1980, Myers 2000, Vasconcelos & Melo-Júnior 2001, Ferreira 2009).

Segundo o Plano de Manejo (PBCM 2012), a RPPN está situada em uma zona de transição entre a Mata Atlântica e o Cerrado, sendo sua vegetação classificada em formações florestais (compreendendo mata de galeria, mata ciliar, mata nebular e mata semidecidual) e formações campestres (por exemplo, campo limpo, campo sujo, campo de altitude e campo rupestre) (Mota 2012). Num contexto regional, a RPPN Santuário do Caraça é caracterizada por altos picos que se elevam abruptamente na paisagem. Os campos rupestres predominam nos topos dessas serras e as florestas, nos vales mais encaixados (Coimbra 2006).

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Atualmente, a região da Serra do Caraça, incluindo a RPPN e seu entorno imediato, apresenta registros de 386 espécies de aves, das quais 74 são endêmicas da Mata Atlântica, três são endêmicas do Cerrado e quatro apresentam distribuição restrita aos topos de montanhas do leste do Brasil. Esta alta riqueza da avifauna deve-se ao fato de que as áreas adjacentes à RPPN, como as serras da Gandarela e do Batatal, ainda mantêm amplas áreas de vegetação nativa bem preservadas e conectadas entre si (PBCM 2012).

A execução do presente estudo é justificada devido à relevância ambiental da região e ao fato de a RPPN ainda apresentar lacunas na listagem da avifauna em seu Plano de Manejo. Com isso, este trabalho foi realizado em áreas pouco amostradas dentro da reserva, como a região do Campo de Fora, selecionada por possuir vários tipos de ambientes, apresentando fitofisionomias campestres e florestais que ocorrem em altitudes elevadas, geralmente acima de 1.400 m. Tais características aumentam a chance de registros de aves ainda não conhecidas dentro dos limites da RPPN, o que poderá contribuir para o aumento de sua relevância no cenário ambiental, favorecendo, também, a conservação da biota desta região.

A necessidade de mais pesquisas referentes à comunidade da avifauna também justifica este trabalho. O Santuário do Caraça conta com um total de 183 estudos relacionados à biodiversidade, dentre os quais 31 são referentes à avifauna (dados obtidos com a Coordenação Ambiental da RPPN em abril de 2015). Após uma pesquisa bibliográfica sobre os estudos da avifauna na RPPN, foram contabilizados mais 40 trabalhos que não estavam relacionados nessa lista, totalizando 71 pesquisas voltadas para a avifauna (Anexo I), sendo estas divididas em: novos registros regionais (n = 23), taxonomia (n = 16), história natural (n = 15),

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levantamentos (n = 5), conservação (n = 5), ecologia (n = 4), bioacústica (n = 1), biogeografia (n = 1) e evolução (n = 1) (Figura 1).

FIGURA 1: Gráfico das categorias de pesquisas sobre avifauna realizadas na RPPN Santuário do Caraça e entorno.

A maioria das pesquisas sobre a avifauna realizadas na RPPN (63,4%) é referente ao relato da ocorrência de espécies de aves na unidade (novos registros, taxonomia e levantamento). Outro aspecto desses trabalhos é que foram realizados relativamente poucos estudos sobre ecologia, comportamento, conservação e dinâmica das populações (36,6% do total).

Dentre as pesquisas realizadas na RPPN (Tabelas 1, 2 e 3), pode-se verificar que a maioria dos trabalhos (n = 15) é referente ao estudo de espécies ocorrentes na área, e não da comunidade avifaunística existente. Os locais onde se concentrou a maioria dos trabalhos foram os picos do Sol e do Inficionado, com quatro e cinco trabalhos respectivamente. 23 16 15 5 5 4 1 1 1 0 5 10 15 20 25

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11 Tabela 1: Número de estudos de avifauna por localidade na RPPN Santuário do Caraça, divididos em trabalhos focados em espécies ou em comunidades

Locais estudados na RPPN Santuário do

Caraça (avifauna) Total Espécie Comunidade

Campo de Fora 1 1 -

Estrada asfaltada para o Colégio 1 1 -

Fazenda do Engenho 1 1 -

Gruta de Lourdes 1 1 -

Mata próxima à Fazenda do Engenho 1 1 -

Mata entre o Tanque Grande e o Campo de Fora 1 1 -

Pico do Inficionado 5 4 1 Pico do Sol 4 3 1 Prainha 1 1 - Santuário e arredores 1 1 - Tabuões 1 - 1 Tanque Grande 1 - 1

Trilha para a Cascatinha 1 - 1

Trilha para a Cascatona 1 - 1

TOTAL 21 15 6

Tabela 2: Número de trabalhos/artigos sobre avifauna analisados e divididos em estudos de espécie e comunidade.

Trabalhos analisados (avifauna) Total Espécie Comunidade

Não especifica o local do estudo 28 28 -

Indisponíveis e/ou não encontrados 26 18 8

Espécies não ocorrem na RPPN 1 1 -

Não foi realizado trabalho de campo 1 - 1

TOTAL 56 47 9

Tabela 3: Número de estudos de avifauna por localidade fora da RPPN Santuário do Caraça, mas que fazem parte da Serra do Caraça, divididos em trabalhos focados em espécies ou comunidades. Locais estudados fora da RPPN, mas que

fazem parte da região da Serra do Caraça

Total Espécie Comunidade

Morro da Água Quente 2 - 2

Fazenda Bocaina 2 1 1

RPPN Horto Alegria 1 - 1

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Entretanto, a grande maioria dos estudos não aborda o local onde foram realizadas essas pesquisas, fator que dificulta a distribuição e o conhecimento das áreas já amostradas. Assim, para melhor espacialização das áreas, foi elaborado um mapa com a distribuição dos estudos da avifauna realizados na RPPN e seu entorno, a partir da compilação dos 71 trabalhos encontrados (Figura 2).

FIGURA 2: Mapa com a distribuição das áreas onde já foram executados trabalhos de avifauna na RPPN Santuário do Caraça. Elaboração: Machado, M. A.

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13 2. OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Realizar levantamento e diagnóstico complementar da avifauna na RPPN Santuário do Caraça, como anexo à primeira edição do Plano de Manejo.

2.2 Objetivos específicos

• Compilar dos estudos realizados sobre a avifauna na RPPN;

• Refinar o conhecimento da avifauna e sua ocorrência na RPPN;

• Levantar qualitativamente a avifauna em diferentes áreas da RPPN;

• Levantar quali-quantitativamente a avifauna na área do Campo de Fora e na trilha de acesso;

• Caracterizar a área de estudo;

• Mapear as áreas amostradas;

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3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 Levantamento da avifauna

As amostragens de campo foram realizadas entre os dias 18 e 24 de abril de 2015. No primeiro dia, foram realizadas observações ao longo da trilha que liga a igreja do Santuário à Gruta de Lourdes, no período de 15h às 18h. Durante os três dias seguintes, os levantamentos foram realizados das 6h às 11h30 no Campo de Fora e trilhas do entorno. No dia 23 de abril de 2015, foi realizado um levantamento noturno, utilizando a Trilha da Cascatinha como transecto, no período das 19h às 21h. Observações eventuais foram realizadas ao longo de todos os dias, incluindo as caminhadas de madrugada ao Campo de Fora, quando também puderam ser registradas espécies de hábito noturno.

Na área do Campo de Fora, foi utilizado o método de listas de Mackinnon, ao longo de três linhas distintas de caminhada, traçadas de maneira a não se cruzarem entre si, abrangendo a maior área possível, durante três dias consecutivos. Nesses mesmos dias, foram armadas 10 redes de neblina na área florestal no final da trilha de acesso ao Campo de Fora (Figura 3). Através deste método, as aves capturadas foram fotografadas e anilhadas. O método de anilhamento é muito útil para o acompanhamento da comunidade de aves e suas populações, permitindo individualizar cada ave e monitorá-la em caso de recaptura. A recaptura de uma ave anilhada possibilita acompanhar seu estado de saúde, reprodução, migração, longevidade, muda de penas, dentre muitos outros dados ecológicos que podem ajudar no conhecimento, monitoramento e conservação da avifauna.

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Alguns espécimes de interesse taxonômico ou biogeográfico foram coletados, taxidermizados e depositados na Coleção Ornitológica do Museu de Ciências Naturais da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (MCNA), conforme licença permanente para coleta de material zoológico SISBio número 28301-1 e projeto específico em andamento na RPPN (Levantamento complementar da avifauna da RPPN Santuário do Caraça e adjacências).

Registros eventuais foram efetuados durante todo o período de estudo, principalmente na área do Santuário e em seus arredores. Para o levantamento das aves, foram utilizados binóculos para auxiliar na identificação das espécies. As espécies também foram identificadas pelo reconhecimento de suas vocalizações. Foram feitos registros fotográficos e gravações das vocalizações das aves, os quais, junto com fotos dos locais de registro, habitat e Índice de Frequência nas Listas (IFL), foram transformados em um vídeo e em um arquivo PDF denominados “Avifauna da RPPN Santuário do Caraça” (Anexo II), que serão gravados em mídia,

a ser entregue junto com este relatório à gestão da RPPN. A técnica de playback, que consiste na reprodução das vocalizações das aves, também foi utilizada em casos específicos, especialmente na tentativa de atrair aves de hábitos noturnos e espécies de interesse para conservação que ainda não apresentam registros dentro dos limites da RPPN.

É importante salientar que o levantamento contou com quatro ornitólogos experientes, dos quais três coordenaram as amostragens por listas de Mackinnon, enquanto um coordenou a captura, a triagem e o anilhamento das aves. A equipe também contou com mais dois biólogos de apoio e cinco participantes (quatro biólogos e uma geógrafa), que auxiliaram nos levantamentos.

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Na tabulação e análise dos dados coletados, foram utilizados os softwares Excel® e Estimates® (Colwell 2006), para a realização de análises estatísticas

referentes ao Índice de Frequência nas Listas (IFL) e estimativas de riqueza, respectivamente. A ordem taxonômica e a nomenclatura científica adotadas seguem a última revisão do Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO 2014). As listas de espécies ameaçadas de extinção foram consultadas para categorizar o grau de ameaça em nível global (BirdLife International 2015), nacional (MMA 2014) e estadual (COPAM 2010). As espécies de aves com registros confirmados na região também foram classificadas de acordo com seu grau de endemismo (Sick 1997, Brooks et al. 1999, Vasconcelos 2008).

3.2 Mapeamentos

Os mapas foram elaborados com uso do software ArcGis® (versão 10.0). As

bases em shapefile do limite da RPPN, das unidades de conservação do entorno e dos domínios morfoclimáticos brasileiros foram extraídas dos sites do ICMBio - SIMRPPN (2015), do Ministério do Meio Ambiente (MMA 2015) e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2015), respectivamente. As bases de curva de nível foram fornecidas pela Coordenação Ambiental da RPPN, em formatos .dwg e .dxf. O mesmo software foi utilizado para converter bases na extensão .dwg e .dxf para a extensão shapefile. Os trajetos das trilhas foram coletados com três aparelhos receptores de GPS (aplicativo para Android OruxMap, Garmin Etrex Venture Cx e Garmin 76CSx), transmitidos para o computador com uso do software GPS TrackMaker, e transformados em shapefile no software ArcGis®. As imagens de

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satélite utilizadas nos mapas são da DigitalGlobe, de 2010, com precisão de 0,5 m, obtidas do Bing® por meio da ferramenta “Basemap” do ArcGis®.

3.3 Descrição das áreas amostradas

As regiões amostradas durante os trabalhos de campo foram a trilha da Capelinha até a Gruta de Lourdes, o entorno da sede da RPPN, a trilha da Cascatinha, o Tanque Grande, o Campo de Fora, o Pico da Canjerana, além dos acessos das três últimas áreas (Figura 3).

FIGURA 3: Trilhas percorridas durante o período de campo para os levantamentos de avifauna e a localização das redes de neblina. Elaboração: Machado, M. A.

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3.3.1 Caracterização do relevo e da vegetação

As áreas percorridas são caracterizadas por diferentes ambientes, em altitudes que variam de 1.200 m a 1.900 m. A região da Serra do Caraça está localizada no domínio da Mata Atlântica (Figura 4).

FIGURA 4: Mapa dos domínios morfoclimáticos brasileiros, com destaque para a Mata Atlântica, onde a RPPN Santuário do Caraça está inserida. Elaboração: Machado, M. A.

A região da sede da RPPN é relativamente plana, permanecendo nas altitudes de 1.200 a 1.300 m. É uma área antropizada, com movimentação de automóveis, ônibus e pessoas. Em seu entorno encontra-se uma vegetação caracterizada como floresta estacional semidecidual montana (IBGE 2012). Essa mesma vegetação estende-se ao início da trilha da Capelinha, que vai dos 1.300 m

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até quase 1.400 m de altitude. Nas bordas do morro, as fisionomias florestais dão espaço para área de campos rupestres com afloramentos rochosos, que se estendem às regiões com relevo mais dobrado, onde se encontra a Gruta de Lourdes (Figura 5).

FIGURA 5: Mapa de curvas de nível de 100 em 100 m da RPPN Santuário do Caraça, com foco nas áreas percorridas. Elaboração: Machado, M. A.

A trilha da Cascatinha é uma região plana, que permanece em torno dos 1.300 m de altitude, tendo sua vegetação composta por matas de galerias ao longo dos rios e áreas com vegetação mais arbustiva, mas que se caracterizam também como floresta estacional semidecidual montana (IBGE 2012).

Na região do Campo de Fora, as altitudes vão de cerca de 1.400 m a 1.900 m. Dos 1.400 m aos 1.500 m, aproximadamente, encontra-se vegetação arbórea,

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podendo ser classificada como floresta estacional semidecidual montana (IBGE 2012). A região do Tanque Grande caracteriza-se pelas mesmas feições, porém na cota de 1.300 m de altitude. As áreas mais altas do Campo de Fora até o Pico da Canjerana (de 1.500 m a 1.900 m) são caracterizadas por afloramentos rochosos, presença de vegetação arbórea ao longo de drenagens (matas de galerias) e por fisionomias campestres (Figura 6).

FIGURA 6: Matas de galerias ao longo dos cursos d’água, com a presença de campos e afloramentos rochosos. Foto: Espanha, J. M. D.

Segundo o IBGE (2012), o Cerrado é caracterizado por solos profundos, e várias espécies típicas de suas fitofisionomias não são encontradas nas áreas campestres da região do Campo de Fora. Os afloramentos rochosos, a altitude e o tipo do relevo sugerem que esta área possua solos rasos, não se caracterizando como vegetação típica do Cerrado. Além disso, estas áreas já sofreram interferências antrópicas, como o pisoteio da área por gado e a ação do fogo, atividades que podem ter

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alterado a vegetação original deste local (Pe. Lauro Palú, C.M., comunicação pessoal).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 Composição da avifauna registrada

Durante as amostragens de campo efetuadas no presente estudo, foram registradas 149 (Anexo III) das 386 espécies de aves encontradas na RPPN e entorno, o que representa quase 40% da avifauna local. A divisão da equipe favoreceu a obtenção de um volume relevante de informações obtidas em um curto espaço de tempo. Das 74 espécies endêmicas da Mata Atlântica conhecidas na região, 62% (n = 46) foram registradas durante o presente estudo. Alguns exemplos são: o tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus - Figura 7), o pica-pau-rei (Campephilus robustus), o arapaçu-rajado (Xiphorhynchus fuscus), o fruxu (Neopelma chrysolophum), o pula-pula-assobiador (Myiothlypis leucoblephara), a cigarra-bambu (Haplospiza unicolor), a choquinha-de-dorso-vermelho (Drymophila ochropyga), o formigueiro-da-serra (Formicivora serrana) e o formigueiro-assobiador (Myrmoderus loricatus).

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FIGURA 7: Tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus), fotografado em palmeira morta onde nidificou, nas imediações do Santuário do Caraça. Foto: Espanha, J.M.D.

Além destas, foram registradas três das quatro espécies endêmicas de topos de montanha do leste do Brasil: o beija-flor-de-gravata-verde (Augastes scutatus -Figura 8), o papa-moscas-de-costas-cinzentas (Polystictus superciliaris - Figura 9) e o rabo-mole-da-serra (Embernagra longicauda).

FIGURA 8: Macho adulto do beija-flor-de-gravata-verde (Augastes scutatus), notável endemismo dos topos de montanha do leste brasileiro, registrado no Campo de Fora. Foto: Costa, L. M.

FIGURA 9: Papa-moscas-de-costas-cinzentas (Polystictus superciliaris), ave endêmica dos topos de montanha do leste do Brasil, indivíduo fotografado próximo à Gruta de Lourdes. Foto: Espanha, J. M. D.

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Apenas a garrincha-chorona (Asthenes moreirae) não foi observada durante o período de amostragem, provavelmente pela restrição de ocorrência na região amostrada, com registros apenas acima de 1.800 m de altitude, por estar fortemente associada ao microclima e aos ambientes de campos de altitude dos altos picos da Serra do Caraça (Melo-Júnior 1998, Vasconcelos 2000, Vasconcelos & Melo-Júnior 2001.

Durante as amostragens do presente estudo, foram detectadas três espécies ameaçadas de extinção (Anexo IV). O macuquinho-da-várzea (Scytalopus iraiensis) é uma dessas espécies, estando associado a brejos de altitude na RPPN Santuário do Caraça, tendo sido registrado no Pico do Inficionado e na base do Pico da Trindade (Vasconcelos et al. 2008, Luiz Pedreira Gonzaga, comunicação pessoal). As outras duas espécies ameaçadas identificadas em campo foram a águia-cinzenta (Urubitinga coronata) e o pixoxó (Sporophila frontalis), sendo estes os primeiros registros confirmados de ambas as espécies dentro dos limites da RPPN.

A grande maioria das espécies de aves endêmicas encontradas na reserva durante o trabalho de campo são endêmicas da Mata Atlântica. Neste aspecto, apenas três espécies mencionadas no Plano de Manejo como ocorrentes na região da Serra do Caraça (o que inclui a RPPN e suas imediações) são endêmicas do Cerrado, não sendo as mesmas registradas durante a presente amostragem. Uma dessas espécies, o tapaculo-de-colarinho (Melanopareia torquata); possui registro no entorno da RPPN, mas duvidoso para dentro dos limites da Reserva (PBCM 2012). Outra espécie, a gralha-do-campo (Cyanocorax cristatellus), só foi registrada, até o momento, fora dos limites da RPPN, e o bico-de-pimenta (Saltatricula atricollis), apesar de observado dentro da reserva, é extremamente raro regionalmente (MFV, obs. pess.). Além disso, estas duas últimas espécies, apesar

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de consideradas endêmicas do Cerrado, têm ampliado suas áreas de distribuição geográfica para outros domínios, a exemplo da Mata Atlântica e da Caatinga (Vasconcelos & D'Angelo Neto 2007, Lopes 2008, Telino-Júnior et al. 2008), não sendo muito informativas da presença de vegetação nativa de Cerrado na região. Tais evidências corroboram o fato de que a influência do Cerrado é muito pequena na composição avifaunística da RPPN, sendo a comunidade dominada por táxons típicos e endêmicos da Mata Atlântica. Assim, estudos relativos à composição florística das diversas fitofisionomias campestres da RPPN devem ser realizados para a obtenção de dados mais precisos sobre a delimitação e denominação mais precisa desses ambientes.

Quatro espécies representaram novos registros para a RPPN, embora já mencionadas para a região, sendo elas: a águia-cinzenta (Urubitinga coronata), o joão-botina-do-brejo (Phacellodomus ferrugineigula), o caminheiro-de-barriga-acanelada (Anthus hellmayri) e o pixoxó (Sporophila frontalis). Algumas dessas espécies já haviam sido registradas no entorno e constavam como potenciais registros para a Reserva (conforme Anexo 5 do Plano de Manejo), o que foi confirmado. Abaixo, são apresentados detalhes destes registros:

Urubitinga coronata: Bencke e colaboradores (2006), baseados em informação pessoal de L. F. Silveira, mencionaram a ocorrência da espécie para a região da Serra do Caraça, embora não haja detalhamento se o registro foi efetuado dentro ou fora da RPPN. Posteriormente, a espécie foi registrada nas imediações da reserva, em estudos de impacto de áreas submetidas ao processo de licenciamento ambiental para atividades minerárias: no Complexo de Fazendão (Golder Associates Brasil 2012) e na Mina de Alegria (Sete Soluções e Tecnologia Ambiental 2012). Assim, o primeiro registro confirmado da espécie dentro dos limites da RPPN

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se à observação de um indivíduo no Campo de Fora, no dia 19 de abril de 2015 (Figura 10), que teve sua vocalização gravada, visando à documentação do registro (Anexo II).

FIGURA 10: Foto do ambiente onde a vocalização de Urubitinga coronata foi ouvida e gravada. Foto: Santos, C. F.

Phacellodomus ferrugineigula: o único registro da espécie anteriormente apresentado para a RPPN (Vasconcelos & Melo-Júnior 2001) carecia de documentação. Baseando-se na posterior ausência de novos registros, enquanto apenas seu congênere, o joão-botina-da-mata (Phacellodomus erythrophthalmus), vinha sendo registrado, suspeitou-se de erro em identificação (Vasconcelos em preparação). Assim, os registros efetuados no Campo de Fora, no dia 20 de abril de 2015, documentados por meio de gravação de vocalizações emitidas por dois

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indivíduos, representam o primeiro registro documentado da espécie dentro dos limites da RPPN (Anexo II).

Anthus hellmayri: a espécie foi registrada anteriormente na região da Serra do Caraça (Vasconcelos 2001), mais especificamente na linha de crista que liga o Campo de Fora à Serra do Batatal (20º12’26”S – 43º34’08”W), mas fora dos limites

da RPPN. No dia 19 de abril de 2015, dois indivíduos foram observados no Campo de Fora. No dia 20 de abril de 2015, um indivíduo foi observado e fotografado nas proximidades do ponto culminante do Pico da Canjerana (Figura 11).

FIGURA 11: Caminheiro-de-barriga-acanelada (Anthus hellmayri) fotografado no Pico da Canjerana. Foto: Espanha, J. M. D.

Sporophila frontalis: esta espécie apresenta hábitos nômades, seguindo a frutificação de taquaras na Mata Atlântica, especialmente dos gêneros Guadua e

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27 Merostachys, de cujas sementes se alimenta (Sick 1997, Areta et al. 2009, Cestari & Bernardi 2011). Na região da Serra do Caraça, a espécie permaneceu sem registros por quase três décadas, sugerindo um possível caso de extinção local (Vasconcelos 2002). No entanto, em anos recentes, a espécie foi registrada fora dos limites da RPPN durante a realização de estudos de impacto ambiental em duas áreas submetidas ao processo de licenciamento para atividades de mineração: o Vale do Brumado (Golder Associates Brasil 2012) e a Mina de Alegria (Sete Soluções e Tecnologia Ambiental 2012). No dia 21 de abril de 2015, as vocalizações de um indivíduo foram gravadas em floresta montana, a cerca de 1.500 m de altitude, na estrada de acesso para o Campo de Fora (Anexo II). No entanto, nenhuma taquara em frutificação foi observada durante as atividades de campo. Assim, a baixa frequência da espécie durante as amostragens (IFL = 2%) sugere que o indivíduo registrado seja um espécime vagante que estava de passagem pela área.

Estas observações reforçam a importância deste estudo, que identificou dentro dos limites da RPPN as espécies U. coronata e S. frontalis, pois ambas são ameaçadas de extinção, o que reforça a necessidade da criação de uma zona de amortecimento ao redor da UC, já que o Campo de Fora localiza-se próximo a uma das divisas da reserva com o complexo minerário de Alegria.

Além desses registros, muitas espécies de aves foram documentadas por meio de fotografias, gravações de vocalizações e coleta de espécimes, o que permite um registro da avifauna da região mais confiável e passível de futura checagem. Tais procedimentos possibilitarão a criação de um banco de dados com esses materiais, que poderão ser utilizados tanto para fins científicos como educacionais.

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O método de redes de neblina proporcionou a captura e o anilhamento de 16 indivíduos de 11 espécies diferentes (Anexo V).

Este relatório, além de ter possibilitado a adição de novas espécies à lista da RPPN, incluindo duas ameaçadas de extinção, mostra a necessidade de se continuar amostrando esta e outras áreas da unidade em diferentes estações do ano.

Novos limites de altitude máxima dentro da RPPN também foram obtidos para 49 espécies (Anexo VI) em relação aos dados apresentados no estudo sobre a avifauna do Plano de Manejo (PBCM 2012). Dentre elas, citam-se: o arapaçu-rajado (Xiphorhynchus fuscus) (máximo de 1.300 m para 1.550 m), o picapauzinho-de-testa-pintada (Veniliornis maculifrons) (máximo de 1.300 m para 1.500 m) e o macuquinho (Eleoscytalopus indigoticus) (máximo de 1.400 para 1.550 m). Áreas florestais são raras na RPPN acima da cota de 1.300 m. Por este motivo, a amostragem no trecho de mata da região do Campo de Fora, que se situa a cerca de 1.500 m de altitude, foi estratégica para a obtenção destes novos limites altitudinais. Esta é uma área muito relevante e prioritária para a conservação dentro da unidade, pois matas bem preservadas atingindo essas altitudes são raras na RPPN e em todo o Quadrilátero Ferrífero (Fernandes 2013). Além disso, essa mata aumenta potencialmente a possibilidade de fluxo gênico entre as populações de diferentes espécies de aves da região, também podendo atuar como refúgio de determinadas espécies ambientalmente mais exigentes, e como corredor ecológico entre áreas dentro e fora da RPPN, incluindo trechos florestais da região do Capivari e do córrego das Almas, na vertente sul da reserva e adjacente à Mina de Alegria.

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29 4.2 Frequência das espécies

Dados quantitativos foram gerados através das listas de Mackinnon, como a frequência das espécies de aves registradas (Anexo VII). As espécies mais frequentes nas listas foram: o rabo-mole-da-serra (Embernagra longicauda - IFL = 33%), o tangará (Chiroxiphia caudata - IFL = 29%), o beija-flor-de-orelha-violeta (Colibri serrirostris - IFL = 25%), o joão-teneném (Synallaxis spixi - IFL = 24%), a papa-taoca-do-sul (Pyriglena leucoptera - IFL = 24%), o trinca-ferro-verdadeiro (Saltator similis - IFL = 24%), o tico-tico (Zonotrichia capensis - IFL = 24%), o beija-flor-de-gravata-verde (Augastes scutatus - IFL = 22%), o arapaçu-verde (Sittasomus griseicapillus - IFL = 22%), o bico-chato-de-orelha-preta (Tolmomyias sulphurescens - IFL = 22%), o tucão (Elaenia obscura - IFL = 22%), o pula-pula (Basileuterus culicivorus - IFL = 22%), o chorozinho-de-chapéu-preto (Herpsilochmus atricapillus - IFL = 20%) e a borboletinha-do-mato (Phylloscartes ventralis - IFL = 20%).

A frequência das espécies observadas permite inferir indiretamente sobre a abundância da população de algumas delas, mas também está muito associada a outras características como os hábitos de cada espécie, se são mais ou menos furtivas e se são coloridas ou crípticas, e ao período de tempo gasto para vocalização ao longo do dia, entre outras variáveis que facilitam ou dificultam sua detecção ao longo da amostragem. Assim, possivelmente as espécies com maiores índices de frequência, além de serem mais abundantes, também apresentaram maior atividade durante o período de estudo, facilitando sua detecção em relação às outras.

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4.3 Estimativa de riqueza

A estimativa de riqueza, obtida a partir dos dados das listas de Mackinnon, e a curva do coletor confirmam que a área de estudo é muito rica, conforme a lista gerada para o Plano de Manejo da RPPN Santuário do Caraça (PBCM 2012), já que a curva do coletor não se estabilizou e mais espécies de aves devem ser registradas na área conforme intensificação de esforço amostral ao longo do ano. Assim, o potencial da RPPN para registro de outras espécies de aves é grande, já que, neste estudo de poucos dias foram registrados quase 40% da avifauna anteriormente catalogada na região, com importantes novos registros e documentações.

No gráfico abaixo (Figura 12) a linha vermelha representa a curva de acúmulo de espécies segundo o estimador Jackknife de 1a ordem e as barras verticais, o

desvio-padrão. A linha azul representa a curva de acúmulo de espécies segundo o índice S Mean.

FIGURA 12: Acúmulo da riqueza de espécies observadas ao longo das amostragens realizadas no Campo de Fora, RPPN Santuário do Caraça.

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Ambas as curvas não mostram tendência de estabilização, devido à grande biodiversidade da área e aos poucos dias de amostragem, evidenciando a necessidade da continuação destes estudos.

5. RECOMENDAÇÕES DE MANEJO PARA A ÁREA DE ESTUDO

A RPPN Santuário do Caraça é uma unidade de conservação de âmbito federal e integra a área destinada às Reservas da Biosfera da Serra do Espinhaço e da Mata Atlântica, reconhecidas pela UNESCO em 2005 (Santuário do Caraça 2015). Ademais, está situada na Área de Proteção Ambiental do Sul da Região Metropolitana de Belo Horizonte (APA Sul – RMBH). Além disso, num raio de

50 km no seu entorno existem 18 unidades de conservação (Anexo VIII), das quais quatro são de Uso Sustentável e 14 são de Proteção Integral. Conforme o mapa de Conectividade (Figura 13) é possível notar que as UCs do entorno da RPPN concentram-se a oeste e a sudoeste, e nas outras direções não se encontram unidades de conservação.

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FIGURA 13: Mapa das UCs do entorno da RPPN Santuário do Caraça. Elaboração: Machado, M. A.

No entanto, apesar de enquadrada em vários tipos de áreas de proteção ambiental, a área de entorno da RPPN não está protegida, já que em APAs é permitido que haja exploração mineral ou de outros fins, além da presença de centros urbanos (BRASIL 2000). A realidade é que boa parte das adjacências imediatas da RPPN vem sendo explorada intensamente nos últimos anos, principalmente pela atividade mineradora, fato que gera uma grande ameaça para a manutenção de populações viáveis e saudáveis tanto da fauna quanto da flora da unidade.

Assim como recomendado por alguns estudos (Primack & Rodrigues 2001) e pelo Plano de Manejo da RPPN Santuário do Caraça (PBCM 2012), é preciso considerar a manutenção de corredores e amplas áreas florestais nas adjacências da unidade. É sabido que, para unidades de conservação, as áreas de amortecimento são cruciais para manter a saúde e a integridade dos ecossistemas e

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a preservação da diversidade biológica, pois diminuem os efeitos antrópicos e conectam os ambientes naturais próximos, diminuindo a taxa de extinção local da biota e ajudam na manutenção da variabilidade genética das populações (IEF-MG 2008). Por isso, seria essencial do ponto de vista da conservação a implantação da zona de amortecimento da RPPN, mesmo esta não sendo exigida pela legislação específica de RPPN Federal, que isenta a categoria da obrigatoriedade de possuir zonas de amortecimento (Coimbra 2006). Há urgência na criação dessa zona de amortecimento, tendo em vista o constante e rápido avanço das mineradoras rumo aos limites da RPPN (Figura 14).

FIGURA 14: Áreas com mineração versus Unidades de Conservação no entorno da RPPN Santuário do Caraça. Elaboração: Machado, M. A.

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Tais atividades prejudicam irreversivelmente a qualidade ambiental das áreas do entorno, impossibilitando futuro fluxo gênico e uso de habitats adjacentes pela biota da RPPN, tornando-a uma “ilha” de conservação em meio a áreas degradadas.

Com os impactos tão severos no entorno da Serra do Caraça pela destruição dos ambientes (Figura 15), a integridade dos ecossistemas dentro da RPPN será muito comprometida, já que diminuirá significativamente a conexão da reserva com outras áreas bem preservadas, o que tenderá a comprometer o fluxo gênico entre as populações, podendo ocasionar a extinção local de algumas espécies.

FIGURA 15: Matas no entorno da RPPN Santuário do Caraça e o avanço das atividades mineradoras rumo às fronteiras da serra. Foto: Espanha, J. M. D.

Seria importante, também, a criação de programas educacionais e científicos que viabilizem a implantação de futuros projetos conservacionistas na RPPN, através de patrocínios de empresas privadas, órgãos públicos e convênios com universidades. Estimula-se toda e qualquer atividade de educação ambiental tendo

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como público-alvo todos os visitantes da unidade e a comunidade do entorno, por meio, por exemplo, da fundação de um observatório de aves, além de palestras ou vídeos no centro de visitantes, livros, encartes e folhetos didáticos, jogos, trilhas guiadas, site, entre outros. Essas atividades e materiais devem ser devidamente preparados considerando a faixa etária e a nacionalidade dos visitantes, garantindo, da melhor forma, o acesso a essas informações e propiciando uma melhor interação e conscientização dos que visitem a RPPN. A realização de eventos científicos no local, com abordagens relativas à Ciência da Conservação (com apresentação de trabalhos, resumos, concurso de fotografias etc), também deve ser estimulada.

A observação de aves ou birdwatching é um tipo de turismo cada vez mais comum no Brasil. Esta é uma modalidade de ecoturismo já consolidada em vários países, com milhões de adeptos em todo o mundo, o que movimenta bilhões de dólares anualmente e emprega dezenas de milhares de pessoas em todo o mundo (Steven et al. 2014). Todos os anos, muitos turistas brasileiros e estrangeiros com esse perfil são atraídos pela rica biodiversidade da RPPN Santuário do Caraça, e este número só tende a aumentar. Por isso, é recomendado que a RPPN se prepare para esse tipo de público, definindo normas e investindo na infraestrutura e na produção de material didático-científico, por meio de ações específicas, como o cadastramento de guias especializados, criação de torres e postos de observação de aves, sinalização específica nas trilhas para observadores de aves, além da flexibilização dos horários de café da manhã e do jantar, visto que esses turistas saem de madrugada e tendem a voltar para a hospedaria depois que já anoiteceu. A flexibilização desses horários ou formas de oferecer alguma refeição mais simples nesses períodos alternativos também podem beneficiar os ornitólogos pesquisadores que muitas vezes têm a mesma agenda de trabalho.

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Também é importante ressaltar outras recomendações apresentadas no Plano de Manejo (PBCM 2012), que incluem a conservação dos altos picos da RPPN, através do controle do número de turistas em trilhas, da educação e conscientização dos mesmos, além do treinamento de fiscais e brigadistas na reserva.

Sugere-se, também, conforme solicitado pelo diretor da RPPN, Pe. Lauro Palú, C.M. (em conversa informal com os pesquisadores), um estudo sobre os jacus (Penelope obscura), que estão cada vez mais abundantes no entorno da sede do Santuário do Caraça, com a finalidade de se planejar algum tipo de controle populacional da espécie no local. Este estudo pode incluir dados sobre como os jacus arrasam a horta e o pomar e como interferem na presença de outras espécies de animais no Santuário, além de propor outras soluções para minimizar os impactos causados por essas aves.

Outra potencial pesquisa a ser realizada deve incluir espécies raras na região, como o tucano-de-bico-verde (Ramphastos dicolorus) e a tesourinha-da-mata (Phibalura flavirostris), para saber como e onde estão se reproduzindo na RPPN, qual o tamanho de suas populações, dentre outros aspectos ecológicos e de sua história natural, já que apenas alguns estudos pontuais e pouco detalhados foram realizados. Devem ser feitos esforços no intuito de sistematizar esses estudos.

Recomenda-se que o Santuário do Caraça crie um banco de dados com a documentação de todas as espécies da avifauna, incentivando os turistas, pesquisadores e birdwatchers (observadores de aves) a compartilharem suas fotos e gravações de áudio das aves registradas na região. Este processo pode ser operacionalizado por meio da criação de um aplicativo para computadores, celulares e tablets. Este banco de dados permitirá que as informações sejam organizadas em

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um único lugar, facilitando as pesquisas científicas e disponibilizando material para fins educacionais, além de aumentar a interação com os visitantes, que irão se sentir parte integrante e útil no processo de gestão e conservação das espécies de aves na unidade, em genuína ação de ciência cidadã (Rodrigues et al. 2014). Além disso, os locais de depósito e os números de tombo das aves coletadas na RPPN também devem ficar devidamente arquivados e disponíveis para consulta.

Sugere-se que seja feita, através da criação deste banco de dados, uma atualização periódica das tabelas, dos gráficos e do mapeamento apresentados na introdução deste relatório. De acordo com esta compilação de trabalhos por áreas e seus resultados, a gestão da reserva possuirá uma lista de prioridades com lacunas de conhecimento a serem preenchidas, o que poderá representar um importante suporte nas escolhas de futuros projetos de pesquisa na RPPN. Os dados compilados da avifauna neste relatório mostram a necessidade de realização de mais estudos sobre a comunidade de aves na reserva, além de mostrar a deficiência de estudos nas matas entre a portaria e o Santuário, nas áreas do Campo de Fora, e nos altos picos do Caraça, contemplando o gradiente altitudinal. Dentre os sete altos picos da RPPN, apenas o Pico do Sol e o Pico do Inficionado possuem estudos, demonstrando, assim, a importância da amostragem nos outros picos. Recomenda-se que, para ajudar a RPPN e outros pesquisadores a manter um controle efetivo das localidades estudadas, os pesquisadores publiquem seus artigos e estudos com os pares de coordenadas geográficas das áreas estudadas. Com isso, a gestão das áreas já estudadas será facilitada tanto para os gestores da RPPN quanto para os pesquisadores.

A caracterização florística e fitofisionômica das áreas campestres da RPPN também deve ser melhor investigada. Neste aspecto, pesquisas florísticas são

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fortemente sugeridas para uma classificação mais acurada dos biótopos ocorrentes no Santuário do Caraça, assim como de sua inserção em domínios fitogeográficos. Esta sugestão faz-se necessária pela composição avifaunística encontrada no Campo de Fora durante o presente estudo, em que foram registrados apenas táxons endêmicos da Mata Atlântica e nenhum endêmico do Cerrado. O fato é intrigante, já que a RPPN é constantemente descrita como sendo área de transição entre estes dois grandes domínios, e seria esperado encontrar espécies de aves endêmicas do Cerrado nestas áreas campestres, o que não foi observado. Assim, este estudo de composição florística deve, sempre que possível, ser embasado historicamente pelos processos antrópicos e naturais aos quais a localidade estudada foi submetida. Alguns dos locais sugeridos para uma melhor avaliação florística são os campos presentes na trilha até a Cachoeira da Bocaina e aqueles encontrados no Campo de Fora. O primeiro fator a ser determinado nesse estudo é se esses campos são naturais ou antrópicos, através, por exemplo, da identificação das espécies que podem ser nativas ou exóticas. Em segundo lugar, para as plantas nativas deve-se determinar o domínio de origem: Mata Atlântica ou Cerrado. Se forem campos de origem antrópica ou típicos da Mata Atlântica, isso corroboraria a presença das espécies de aves encontradas nestes locais (também típicas de Mata Atlântica). Neste cenário, estes campos poderiam ser ainda mais relevantes do ponto de vista da conservação, por possivelmente apresentarem características únicas e peculiares. Caso os campos sejam típicos do Cerrado, isso corroboraria a hipótese de que a RPPN se encontra em uma região de ecótono, entre a Mata Atlântica e o Cerrado, o que levaria a outro estudo para investigar o porquê de a avifauna da região possuir poucas afinidades com o Cerrado.

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Estudos florísticos também devem ser realizados nas áreas florestais a fim de se mapear quais são as áreas mais bem preservadas da RPPN, e também em qual grau de sucessão ecológica está cada um desses fragmentos e das matas de galeria presentes na Reserva. Este estudo se faz necessário devido à necessidade de estabelecer áreas prioritárias para a conservação de aves dentro da reserva, pois deve-se levar em consideração que muitas espécies da avifauna ainda encontradas nessas florestas são sensíveis a alterações do ambiente e, portanto, dependentes de habitats mais conservados. Este estudo também ajudará a diagnosticar a situação atual e, assim, permitirá planejamentos para manter a conectividade dos ambientes, o que é fundamental para a manutenção em médio e longo prazo das espécies da avifauna, em particular das endêmicas e ameaçadas de extinção, garantindo o fluxo gênico entre as populações de diferentes áreas dentro da reserva, e também entre estas e as populações estabelecidas em áreas adjacentes ainda preservadas. Os resultados destes estudos florísticos permitirão maior precisão e eficácia nas pesquisas futuras, bem como uma melhor gestão da reserva, indicando quais áreas devem ser menos impactadas ou recuperadas, se necessitam de algum tipo de intervenção e se devem permanecer isoladas ou com regime controlado de visitas por turistas, por exemplo.

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6. CONCLUSÃO

O levantamento avifaunístico produziu resultados expressivos para a complementação do Plano de Manejo da RPPN Santuário do Caraça. Pode-se concluir que os dados obtidos foram satisfatórios pelo curto espaço temporal em que foram coletados. Este relatório endossa a relevância desta RPPN para a conservação da avifauna ao evidenciar a presença de espécies de aves endêmicas e ameaçadas em áreas ainda bem conservadas e com grande potencial para novos registros de espécies na região.

O trabalho foi realizado majoritariamente no Campo de Fora, área ainda pouco estudada dentro da reserva. Esta amostragem gerou informações importantes sobre a comunidade da avifauna local, tais como o registro de novas espécies de aves dentro dos limites do Santuário do Caraça. Os resultados reforçam, também, a necessidade da preservação das grandes áreas de vegetação nativa localizadas no entorno da reserva, que devem funcionar como zona de amortecimento e corredores ambientais, permitindo a manutenção de populações viáveis de aves por meio do fluxo gênico entre populações.

Em virtude desta grande relevância ambiental, é necessário que mais amostragens sejam realizadas em várias áreas da RPPN, focando, principalmente, estudos a respeito das comunidades de aves, bem como sobre a composição florística local, auxiliando na delimitação das áreas prioritárias para conservação, o que contribuirá para melhor gestão da reserva.

Assim, por meio da coleta de dados em campo, do fornecimento de dados da RPPN pela gestora, das referências bibliográficas consultadas e das ferramentas de geoprocessamento utilizadas, foi possível delimitar e plotar em mapas as áreas

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percorridas durante as amostragens de campo, fazendo uma descrição de relevo e vegetação dessas áreas, além de uma breve descrição do entorno da RPPN.

O presente estudo fornece novas informações que preenchem algumas lacunas do Plano de Manejo sobre avifauna, auxiliando a gestão e o manejo da Reserva por meio de recomendações e sugestões para a conservação e manutenção da comunidade local de aves, com consequências positivas para toda a biota regional, além de apontar possíveis linhas de investigação a serem consideradas no processo de atualização do Plano de Manejo da RPPN Santuário do Caraça.

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Vasconcelos MF, 2008. Mountaintop endemism in eastern Brazil: why some bird species from campos rupestres of the Espinhaço Range are not endemic to the Cerrado region?. Revista Brasileira de Ornitologia, 16:348-362.

Vasconcelos MF, 2011. O que são os campos rupestres e os campos de altitude nos topos de montanha do leste do Brasil?. Revista Brasileira de Botânica, 34:241-246.

(45)

45 ANEXO I - Relação dos projetos realizados na RPPN Santuário do Caraça; classificados quanto à categoria de estudo, se por espécie ou por comunidade, e acessibilidade.

Legenda: Os itens que estão com asterisco “*” referem-se a projetos que não constam na lista da RPPN.

Título Categoria Espécie ou

comunidade

Área de estudo na

RPPN Acesso

1

Revisão taxonômica de Augastes

scutatus (Temminck 1824) (Aves:

Trochilidae).

Taxonomia Espécie Não especificado

Resumo da Dissertação disponível em: https://simonprojetos.files.word press.com/2012/11/08-tax.pdf

2

Taxonomia das espécies Scytalopus

speluncae (Ménétriès, 1835), S.

novacapitalis Sick, 1958 e S. pachecoi Maurício, 2005 (Aves: Passeriformes: Rhinocryptidae).

Taxonomia Espécie

Não ocorrem na RPPN

Artigo indisponível para download

3

Taxonomia e variação geográfica das espécies Formicivora serrana e

Formicivora littoralis (Aves:

Passeriformes: Thamnophilidae).

Taxonomia Espécie Não especificado

Artigo disponível em: http://www.uff.br/biodiversidad e/images/stories/arquivos/formi gueiro/Firme__Raposo_2011-_Taxonomy_and_geographic_ variationof_formicivora_serran a_and_Formiivora_littoralis1.p df

(46)

4

Filogeografia e demografia histórica de

Myrmeciza Ioricata e Myrmeciza

squamosa (Aves, Thamnophilidae): uma análise de limites específicos, especiação e processos de diversificação na Mata Atlântica.

Evolução Espécie Não especificado Artigo indisponível para download

5

Padrões espaciais de distribuição e ecologia alimentar de Penelope obscura (Galliformes: Cracidae) no Sudeste do Brasil.

Novos registros Espécie Não especificado Artigo indisponível para download

6

Primeiro registro documentado de Serpophaga nigricans (Vieillot, 1817) para a Serra do Caraça, Minas Gerais, Brasil.

Novos registros Espécie Não especificado

Artigo disponível em: http://www.ao.com.br/downloa d/ao143_45.pdf

7 Novos registros ornitológicos para a

RPPN Santuário do Caraça. Novos registros Comunidade -

Artigo indisponível para download

8 An ornithological survey of Serra do

Caraça, Minas Gerais, Brazil Levantamento Comunidade -

Artigo indisponível para download

9

Novos registros ornitológicos para a Serra do Caraça, Brasil, com comentários sobre a distribuição geográfica de algumas espécies.

Novos registros Comunidade

Morro da Água Quente, Fazenda

Bocaina, Tanque Grande, Tabuões

Artigo indisponível em: http://www.icb.ufmg.br/lundian a/full/vol422003/10.pdf

10

Estudos biogeográfico da avifauna campestre dos topos de montanhas do sudeste do Brasil.

Biogeografia Comunidade Pico do Inficionado e Pico do Sol

Dissertação disponível em: https://www.ufmg.br/pos/ecolo gia/index.php/dissertacoes/68-2001-2005

(47)

47 11

Ocorrência simpátrica de Emberizoides

herbicola, Embernagra longicauda

(Passeriformes: Emberizidae) na região da Serra do Caraça, Minas Gerais.

Novos registros Espécie Não especificado Artigo indisponível para download

12

Natural history notes and conservation of two species endemic to the Espinhaço Range, Brazil: Hyacinth Visorbearer

Augastes scutatus and Grey-backed

Tachuri Polystictus superciliaris.

História natural Espécie Não especificado

Previa-artigo disponível em: https://www.researchgate.net/p ublication/264838824_Natural _history_notes_and_conservat ion_of_two_species_endemic_ to_the_Espinhao_Range_Braz il_Hyacinth_Visorbearer_Auga stes_scutatus_and_Grey-backed_Tachuri_Polystictus_s uperciliaris 13

Nota sobre a presença do uru,

Odontophorus capueira na Serra do

Caraça, município de Catas Altas, Minas Gerais.

Novos registros Espécie Não especificado

Artigo disponível em: http://www.ao.com.br/ao88_10. htm

14 Reserva do Caraça: história, vegetação

e fauna. História natural Comunidade -

Artigo indisponível para download

15

Sazonalidade, composição e estrutura da avifauna altimontana da Serra do Caraça, porção meridional da cadeia do Espinhaço, Minas Gerais.

Ecologia Comunidade - Artigo indisponível para download

16 Adições à avifauna da Serra do Caraça,

Minas Gerais. Novos registros Comunidade -

Artigo indisponível para download

(48)

17

Levantamento complementar da avifauna da RPPN Santuário do Caraça e adjacências.

Levantamento Comunidade - Estudo em andamento

18 Descrição do jovem de Tibirro-rupestre

Embernagra longicauda. Taxonomia Espécie Prainha

Artigo disponível em: http://wordpress.neotropicalbir dclub.org/wp- content/uploads/2015/05/C20-Silva.pdf 19 Sazonalidade e reprodução do andorinhão-de-coleira-falha

(Streptoprocne biscutata) no Pico do Inficionado, Serra do Caraça, Minas Gerais, Brasil.

Ecologia Espécie Pico do Inficionado Artigo indisponível para download

20

Hummingbirds and their flowers in the campos rupestres of southern Espinhaço Range, Brazil.

Ecologia Comunidade - Artigo indisponível para download

21

Ocorrência Migratória de Progne tapera fusca (Passeriformes: Hirundinidae) na região da Serra do Caraça, Minas Gerais, Brasil.

Novos registros Espécie Fazenda Bocaina

Artigo disponível em: file:///C:/Users/Wagner/Downlo ads/331-1283-1-PB.pdf

22

Range extensions for the gray-backed tachuri (Polystictus superciliaris) and the pale-trroated serra-finch (Embernagra longicauda) with a revision on their geographic distribution.

Novos registros Espécie Não especificado

Artigo disponível em: https://sora.unm.edu/sites/defa ult/files/journals/on/v014n04/p0 477-p0490.pdf

Referências

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