• Nenhum resultado encontrado

Revista de Administração e Contabilidade da Faculdade Estácio do Pará Belém v. 4, n. 8, p , dez 2017, ISSN

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Revista de Administração e Contabilidade da Faculdade Estácio do Pará Belém v. 4, n. 8, p , dez 2017, ISSN"

Copied!
21
0
0

Texto

(1)

167

As principais dificuldades para o suprimento dos canais da logística reversa de pós-consumo de resíduos sólidos em Belém-PA

Bárbara Crystal Santos Forte de Faria1 Klêner Kleni Costa Bryto 2

RESUMO:

O presente artigo visa identificar as principais dificuldades para o suprimento dos canais da logística reversa de pós-consumo, qual resulta na reciclagem e reutilização dos resíduos sólidos em Belém. Possuindo para tal a metodologia de abordagem qualitativa e tipologia descritiva explicativa, sendo executada através de um estudo de caso, evidenciando a pesquisa de campo, na qual os dados são coletados mediante observação e entrevistas realizadas com os diversos públicos participantes do processo. Como resultados iniciais da pesquisa identificamos grandes problemáticas ás práticas de segregação de resíduos e coleta seletiva, a falta de educação ambiental e assim da consciência ecológica da população Belenense, a ausência de informação direcionada aos consumidores finais sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos e os seus desdobramentos, bem como atividades relacionadas no município e o armazenamento e transporte desses resíduos quais elevam os custos da logística reversa.

Palavras-chaves: Logística Reversa de pós-consumo / Canais de distribuição

reversos / Suprimento / Reciclagem / Reutilização

I. INTRODUÇÃO

A logística sempre existiu para atender as necessidades humanas com a maior eficiência e eficácia possível, porém com o passar do tempo e com a prática insaciável do consumo, qual ocasiona diversos males, desde esgotamento de recursos naturais até poluição em grande escala, ela evoluiu para atender também as necessidades do meio ambiente, beneficiando a sociedade e a economia e criando um cenário sustentável.

Essa evolução é denominada de logística reversa, qual é responsável por oferecer uma destinação correta ou disposição final adequada aos resíduos sólidos gerados pela sociedade através da prática de reutilização e da reciclagem, porém em Belém-PA a prática das ações primárias ao alcance eficaz deste objetivo é perceptivelmente pequena, desta forma visando a melhor compreensão desta temática, apresenta-se como questionamento norteador da pesquisa: Quais as principais dificuldades para o suprimento dos canais da logística reversa de pós-consumo, qual resulta na reciclagem e reutilização dos resíduos sólidos em Belém?

Assim sendo, constitui-se como objetivo geral do estudo, identificar as principais dificuldades para o suprimento dos canais da logística reversa de pós-consumo, qual resulta na reciclagem e reutilização dos resíduos sólidos em Belém e para alcança-los foram definidos como objetivos específicos: 1) Dialogar

1 Bacharel em Administração (Estácio FAP)

(2)

168 teoricamente, a partir de Leite os principais conceitos logísticos inerentes à logística reversa e logística reversa de pós-consumo, bem como a importância da sua prática

(3)

169 para sustentabilidade; 2) Discriminar as etapas, condições e fatores essenciais para a implementação dos canais de reutilização e reciclagem da logística reversa de pós-consumo 3) Analisar o quadro da cidade de Belém-PA em relação a quantidade de resíduo coletado em comparação com o gerado.

Partindo das premissas acima, entende-se que a pesquisa é de suma relevância, pois visa contribuir com a identificação dos problemas existentes na ligação entre os primeiros elos da cadeia reversa de produtos, ou seja, problemas no ato de suprimento dos canais que compõe a logística reversa de pós-consumo, pois somente com o conhecimento especifico do problema se pode encontrar uma solução, qual poderá proporcionar não só o aumento desta prática como a ação executada de forma correta, aumentando a eficiência da logística reversa e assim praticando o desenvolvimento sustentável.

Tal estudo possui uma abordagem qualitativa e uma tipologia descritiva e explicativa, sendo executada através do estudo de caso Belém-PA, evidenciando a pesquisa de campo, na qual os dados são coletados mediante observação e entrevistas realizadas com os diversos públicos participantes do processo, sendo eles; indivíduos no âmbito domiciliar, gestores, cooperativas e representantes do governo.

A presente pesquisa discorre brevemente sobre a logística empresarial e sua evolução até a logística reversa, se circunscrita na logística reversa de pós-consumo, limitando-se ao suprimento de modo mais eficiente, ou seja através da coleta seletiva e segregação de resíduos, de dois de seus canais de distribuição reversos de pós-consumo, sendo eles; o canal de reutilização e de reciclagem de Belém do Pará.

O estudo proporciona também uma relevante discussão teórica sobre os conceitos inerentes à presente temática, tais fundamentações são vitais para a análise dos dados obtidos no curso da pesquisa campo, permitindo inferir os resultados de forma embasada, culminando assim em conclusões fidedignas.

Para tanto, utilizou-se como arcabouço teórico das discussões propostas os seguintes autores; BALLOU(2006), LACERDA (2002), LEITE (2002), LEITE (2009). LEITE (2014), FLEURY,et al,(2000), entre outros.

II. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. Logística: Uma Breve contextualização histórica.

A atividade logística sempre existiu, pois em conformidade com Leite, (2009), sempre houve a necessidade de se disponibilizar bens e serviços no tempo, na quantidade e qualidade solicitada pelos requerentes.

(4)

170 Seu escopo era constituído pelo armazenamento e movimentação, quais segundo Ballou, (2006), foram durante muito tempo atividades desempenhadas pelos indivíduos e administradas pelas empresas de forma independente, ou seja, separadamente.

De acordo com Leite, (2009), a incorporação da logística como atividade empresarial integrada tem sido progressiva ao longo da história organizacional, assim é possível visualizar que a partir da década de 80 com os avanços tecnológicos e a chegada da nomeada era digital, advinda do fenômeno da globalização, qual culminou em produção em escala mundial, customização e integração global as pessoas e empresas separadas geograficamente passaram a possuir um relacionamento.

Cria-se desta maneira a necessidade de se aprimorar a logística, pois ‘’as atividades logísticas são a ponte que faz a ligação entre locais de produção e mercados separados pelo tempo e distância’’ (BALLOU, 2006, p. 25), sendo assim á logística obteve seu escopo ampliado para atender o mercado cada dia mais exigente e passou a ser uma área vital para o sucesso empresarial. Sobre este mesmo posicionamento Leite afirma que:

A logística empresarial adquiriu um novo status nas empresas, desempenha um papel estratégico no planejamento das redes operacionais em todas as regiões do globo e controla os fluxos dos matérias e as informações correspondentes em todas as fases da cadeia de suprimentos (LEITE, 2009, p.3).

Tal afirmação demonstra a essencialidade da área logística no planejamento estratégico das organizações, para a realização das atividades durante toda a cadeia de suprimentos de forma eficiente e eficaz, de modo a agregar valor ao cliente, sendo esse, na atualidade, o objetivo central para se manter no mercado.

Seguindo a mesma linha de raciocínio dos autores citados acima, Council of Logistics Management (CLM), apud Ballou, (2006) define logística como:

O processo de planejamento, implantação e controle do fluxo eficiente e eficaz de mercadorias, serviços e das informações relativas desde o ponto de origem até o ponto de consumo com o propósito de atender às exigências dos clientes (COUNCIL OF LOGISTICS MANAGEMENT,1993). Partindo destas premissas entende-se que ‘’A Logística é um verdadeiro paradoxo. É, ao mesmo tempo, uma das atividades econômicas mais antigas e um dos conceitos gerenciais mais modernos’’ (FLEURY, et al, 2000, p. 27), pois apesar

de presente à séculos na rotina humana, está evoluindo e se adaptando a cada nova exigência do mercado tornando-se fator ímpar na cadeia de valor da organização.

2.2. Logística Reversa: Um novo viés sustentável e essencial ao sucesso empresarial

Como mencionado na seção acima, a logística se desenvolveu de forma paralela a demanda do mercado, na medida em que conceitos como; aldeia global,

(5)

171 consumo customizado e necessidade de uma produção cada vez mais rápida e de longo alcance, se tornaram intrínsecos ao contexto comercial.

Sendo assim, segundo Leite (2009), tais fatores ocasionaram um “boom” descomunal e insustentável nas práticas humanas de consumo, a produção cresceu e se diversificou para atender a todos os públicos e tal esforço se tornou contínuo pois os desejos dos clientes se alteram a cada minuto, ocasionando produtos com curto ciclo de vida em virtude da sua rápida obsolescência mercadológica. É essencial destacar que de acordo com Kotler apud Lucia da Silva (2014), entendesse como ciclo de vida do produto, o tempo transcorrido entre a inserção do produto no mercado e o seu declínio comercial.

Face ao exposto, surgem de acordo com Leite (2009), graves problemáticas para a sociedade atual em escala global, pois os bens que ontem eram comprados estão sendo descartados rapidamente e de forma indevida, sem o tratamento adequado.

Somente no Brasil no ano de 2014, segundo a Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe) (2015), houve a geração de cerca de 78,6 milhões de toneladas de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), quais segundo a Politica Nacional de Resíduos Sólidos são materiais descartados, oriundos das atividades humanas que são passiveis de destinação adequada e destes aproximadamente 7 milhões de toneladas deixaram de ser coletadas e inevitavelmente obtiveram um destino incorreto e assim prejudicaram o solo, a água e a qualidade de vida humana, animal e vegetal.

Sobre isso a Abrelpe (2015), ressalta que a prática da coleta não significa que o RSU terá de fato uma destinação correta, pois do montante de material recolhido, um total de 29.659.170 toneladas foram encaminhadas para lixões ou aterros controlados, quais do ponto de vista ambiental pouco se diferenciam dos lixões comuns, pois não possuem os mecanismos necessários para a proteção socioambiental. Assume-se assim que o sistema brasileiro não possui condições de dar vazão, destinação adequada a todos os resíduos produzidos.

Outro cenário de suma importância é a problemática que para sustentar essa nova característica do mercado é necessário o consumo incontrolável de recursos naturais e tal fator compromete a capacidade de sustentabilidade do planeta, pois provoca o esgotamento dos recursos fundamentais para a sobrevivência das próximas gerações.

Partindo das problemáticas acima, quais atuam como propulsores de mudanças, isto segundo Leite (2009), aliado à ânsia das empresas para alcançar negócios sustentáveis que reduzam custos e que espelhem sua preocupação socioambiental, pois elas necessitam adaptarem-se as novas exigências dos consumidores, pois está ocorrendo “o aumento da sensibilidade ecológica na

(6)

172 sociedade, com ênfase nos países de maior desenvolvimento econômico e social” (LEITE,2009, p. 21), ou seja os clientes não desejam apenas produtos de qualidade entregues de forma eficiente; agora, eles exigem também que a conduta da organização seja ecologicamente correta, que as empreses minimizem os impactos negativos de suas atividades. Edifica-se assim a logística reversa (LR).

Podemos entender que a logística reversa trata-se de um:

Instrumento de desenvolvimento econômico e social caracterizado por um conjunto de ações, procedimentos e meios destinados a viabilizar a coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial, para reaproveitamento, em seu ciclo ou em outros ciclos produtivos, ou outra destinação final ambientalmente adequada (Politica nacional de resíduos sólidos, lei nº 12.305, 2010, p.2).

Desta forma podemos visualizar a LR como um novo viés à sustentabilidade, pois ela promove o desenvolvimento sustentável, contribuindo assim para a desaceleração da degradação ambiental e para uma melhora na qualidade de vida e saúde da população atendendo também suas necessidades, ela também é essencial para sucesso empresarial, pois de acordo com Lacerda (2002), permite a redução de custos pelo reaproveitamento nos ciclo de negócio e produtivo, além de contribuir com o marketing da empresa, agregando valor a marca e a fortalecendo no mercado.

Leite (2009) afirma que o conceito de logística reversa por ser relativamente novo está em evolução e sua aplicabilidade é diversificada de acordo com a sua importância estratégica. Sendo assim ele entende

A logística reversa como a área da logística empresarial que planeja, opera e controla o fluxo e as informações logísticas correspondentes, do retorno dos bens de pós-venda e de pós-consumo ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo, por meio dos canais de distribuição reversos, agregando-lhes valores de diversas naturezas: econômico, de prestação de serviço, ecológico, legal, logístico, de imagem corporativa, dentre outros (LEITE, 2009, p. 17).

Leite (2009) ressalta ainda que a logística reversa trata de todas as variáveis necessárias a operacionalização dos fluxos de matérias, desde a sua coleta até a sua reintegração ao ciclo, sempre agregando valores, como é possível visualizar na figura 1.

Figura 1 – Fluxo básico do processo logístico reverso.

(7)

173 Fonte: Produzido pelos autores (2016).

Devido a todos os fatores já relatados que causam uma grande reação em cadeia e assim a sua clara essencialidade, a prática da Logística reversa foi fortalecida no Brasil através da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) lei nº

12.305 sancionada em 2 de agosto de 2010, qual visa o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos através da implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, na qual todos os elos da cadeia possuem sua parcela de deveres em relação a sua destinação adequada. É importante ressaltar que mesmo após anos da vigência desta lei, ainda possuímos um longo caminho a percorrer, como é possível vislumbrar nos dados fornecidos pela ABRELPE anteriormente.

Ao aprofundar-se nos fluxos da logística reversa visualiza-se que para a sua eficácia cada material é distinguido pelas suas características, Segundo Leite (2009), podendo assim ser bens de pós-venda, pós-consumo, qual integra os resíduos industriais e cada um deles percorrem um canal específico, desde o consumidor final até a destinação ambientalmente adequada ou até a sua disposição final.

Esses canais constituem a logística reversa de pós-venda (LRPV) e a logística reversa de pós-consumo (LRPC), cada qual segundo Leite (2009), é responsável pelo processamento de forma singular de seus produtos, quais se diferenciam pelo estagio do ciclo de vida útil que se encontram. Nesta pesquisa iremos nos ater a logística reversa de pós-consumo e os conceitos e práticas inerentes a ela.

2.3. Logística reversa de pós-consumo: Um novo trajeto à sustentabilidade.

A logística reversa de pós-consumo é uma área de atuação da LR, qual segundo Leite (2002) operacionaliza através de canais de distribuição reversos de pós consumo o fluxo físico e informacional dos bens de pós-consumo e resíduos industriais, desde o seu recolhimento junto ao consumidor final até uma destinação adequada, buscando promover a extensão da vida útil do bem ou se necessário a sua disposição final ambientalmente correta.

A prática da LRPC de acordo com Lacerda (2002) proporciona diversos benefícios; de ordem econômica: com a redução de custos pela reutilização de embalagens, reaproveitamento de componentes e utilização de matérias primas recicladas no ciclo produtivo, proporciona também o crescimento de todo um setor, pois a empresas especializadas neste serviço logístico tem o seu mercado aquecido tornando-se fonte de emprego e renda para sociedade; consoante com Leite (2009), que aponta também ganhos de ordem tecnológica: pois as empresas estão investindo em parque industrial para reciclagem de seus produtos de maneira a

(8)

174 evitar que sua tecnologia seja integrada a ciclo produtivo ou de negócio de empresas concorrentes; proporciona também benefícios ecológicos e legais.

Apesar de todos os benefícios acima citados e da implantação da PNRS as ações necessárias a execução da LRPC segundo Leite (2014) enfrenta muitas dificuldades, entre elas estão;

I- A falta de divulgação da própria PNRS e de seus desdobramentos, qual ocasiona a ignorância da sociedade em relação as suas responsabilidades e de terceiros com ciclo de vida dos produtos, portando devido a falta de informação as medidas que deveriam ser tomadas não ocorrem;

II- O transporte rodoviário, sendo ele um dos transportes modais mais caros do mundo e o mais utilizado no Brasil, uma vez que os resíduos sólidos apresentam valor agregado, eles deveriam ser transportados prioritariamente por modais de baixo custo e isto se aliando ao fato que “as origens dos bens de pós-consumo são geograficamente dispersas nos centros urbanos” (LEITE, 2009, p.176), culmina em um fator de forte impacto na viabilidade do processo.

III- Os custos gerais também dificultam o processo, pois uma das características dos bens de pós-consumo é sua heterogeneidade o que torna necessário ações logísticas diferenciadas desde a coleta, direcionamento, armazenamento entre outros e tais atividades deixam a logística reversa mais cara se comparada com a logística direta (empresarial)

Outro desafio da LRPC no Brasil de acordo com Leite (2009) diz respeito a educação e hábitos pois:

Um dos aspectos vitais para eficiência das cadeias reversas é o conhecimento por intermédio da educação, que permitirá o entendimento pragmático das dimensões dos efeitos da conduta não sustentável de empresas e da sociedade em geral” (LEITE 2009, p 222).

Partindo disto compreendesse que sem a disseminação da educação ambiental para toda sociedade, sejam indivíduos, gestores e governantes não é possível a realização eficiente das cadeias reversas, sem as mesmas a degradação ambiental irá continuar inviabilizando assim a prática de crescer de modo sustentável.

Para compreender o campo de ação da LRPC e seu fluxo é imprescindível a compreensão de conceitos inerentes a sua execução; assim primeiramente entendesse que a logística reversa de pós-consumo trata dos bens de pós-consumo, caracterizados conforme Leite (2009) por sua heterogeneidade e por estar nos últimos estágios do ciclo de vida, são bens descartados pelo consumidor (proprietário original), qual o julga inservível para ele, Leite (2009) aponta que nesse momento a vida útil do produto se encerra, pois ela se caracteriza pelo tempo transcorrido entre a produção original do bem e o seu primeiro descarte, porém

(9)

175 esses produtos podem ser classificados quanto a sua origem e estado de vida como ‘em condições de uso’; ‘fim da vida útil’ e ‘resíduos industriais’.

Os bens em condições de uso segundo Leite (2009); são aqueles descartados ainda em condições de operação, devido a rápida obsolescência mercadológica, podendo ser bens duráveis ou semiduráveis; os bens no fim da vida útil; são aqueles sem condições de reutilização na sua forma original, sendo desde bens duráveis até os descartáveis, enquanto que os resíduos industriais correspondem a matérias inutilizados na indústria e prejudiciais ao meio ambiente se não tratados adequadamente.

Tal classificação corrobora para o direcionamento correto do produto para os canais de distribuição reversos de pós-consumo (CDR-PC), quais tratam-se de “Diferentes formas de processamento e de comercialização dos produtos de pós-consumo ou de seus matérias constituintes, desde a sua coleta até a sua reintegração ao ciclo produtivo’’ (LEITE, 2009, p.8), para que a classificação ocorra de forma mais eficiente possível é necessário “as fases de separação e segregação internas” (LEITE, 2009, p.57), ou seja, é necessário que ocorra a segregação do material de acordo com sua natureza na fonte geradora. É através dos CDR-PC que o fluxo da logística reversa de pós-consumo se materializa.

Os CDR-PC segundo Leite (2009) são; Reuso, Remanufatura, Reciclagem e somente caso não haja viabilidade técnica e econômica, recorresse a disposição final adequada, cada qual ocorre através de um fluxo composto por mecanismo próprios, conforme a figura 2 apresentada por Leite (2009).

Figura 2 – Foco de atuação da logística reversa de pós-consumo.

Fonte: Leite, 2009, Logística reversa: Meio ambiente e competitividade (Adaptado pelos autores) A pesquisa em questão busca focalizar dois canais; Reuso e reciclagem, distintos em suas etapas e complexidades.

(10)

176

2.3.1. Canais de distribuição reversos de pós-consumo: Etapas, condições e fatores essenciais a sua implementação.

De acordo com Leite (2009), o canal de Reuso trata dos bens em condição de reutilização na sua forma original, sem a necessidade de tratamento, iniciando-se com o desembaraço do bem pelo consumidor final (indivíduo, empresa, indústria), através da venda direta, leilão, doação e coleta, culminando no mercado de segunda mão do produto, agregando valor de reutilização e estendendo a sua vida útil até que esgote a sua capacidade e então ser direcionado à remanufatura e reciclagem. Este canal é relativamente curto e dependente basicamente da capacidade de segregação do proprietário original e da sua decisão em revender, doar, leiloar ou em alguns casos disponibilizar o bem aos agentes de coleta seletiva que o direcionam ao reuso.

Enquanto o canal de Reciclagem segundo Leite (2009), trata de bens disponibilizados no fim da sua vida útil, quais não comportam a reutilização do produto “reuso’’ ou mesmo de componentes através da “remanufatura”, esses são transformados física e quimicamente em matérias-primas secundárias e são reinseridos no ciclo produtivo, ele “inicia-se pela etapa de coleta organizada de produtos, denominada product take back dos bens de pós-consumo’’ (LEITE, 2009, p. 62), essa coleta organizada de acordo com Leite (2009) ocorre quando se há interesse de terceiros no bem ou legislação própria para esta prática, como no caso de pneus; agora, sem este interesse a coleta praticada para captação dos bens de pós-consumo é; de lixo urbano, qual direciona os resíduos geralmente sem segregação para lixões e aterros para posterior seleção, através dos chamados catadores, este tipo de coleta de acordo com Leite (2009) é caracterizada por acarretar dificuldades de ordem técnica e de custos para o reaproveitamento, bem como problemas sociais e sanitários; seletiva e informal, ambas direcionam os resíduos que deveriam estar segregados para locais condicionados para a preparação do material; essa etapa de coleta “ é a primeira e talvez a mais difícil etapa de revalorização logística” (LEITE, 2009, p 176), sendo essencial, pois é responsável pelo start do canal, proporcionando seu suprimento.

Leite (2009) ressalta ainda que a coleta seletiva é a mais indicada, sendo “qualquer coleta que contenha uma prévia seleção do material a ser captado’’ (LEITE, 2009, p.70), ela evita que produtos passíveis de reciclagem ou de reutilização se misturem ao lixo urbano evitando contaminação entre os diferentes RSU coletados (inorgânicos e orgânicos), abrange um volume maior que a coleta informal e assim aumenta o volume de matérias reciclados, otimizando o processo e diminuindo o quantitativo de lixões.

(11)

177 É importante ressaltar como uma atividade anterior á coleta seletiva, a segregação dos resíduos na fonte geradora (indivíduo, empresa, indústria), pois entende-se segundo Leite (2009), a coleta seletiva caracterizada por captar material previamente selecionado, ou seja, via de regra é necessário a separação do material no consumidor final.

As etapas seguintes segundo Compromisso Empresarial para Reciclagem apud Leite (2009), são realizadas por um processador ou atravessador, são elas; a separação mais minuciosa dos materiais de acordo com a sua natureza para posterior adensamento e consolidação para venda. Este comércio ocorre com a indústria de reciclagem, a qual transforma os bens em matérias primas secundários para serem comercializadas e reinseridas nos ciclos produtivos, agregando valor.

Leite (2009) define que para implementação da LR e assim do canal de reciclagem quando não há obrigatoriedade legal, é imprescindível que se cumpra quatro condições:

I-Remuneração em todas as etapas reversa: Todos os agentes envolvidos no processo devem satisfazer seus interesses econômicos através de custos reduzidos que permitam preços competitivos em relação os produtos com matérias-primas virgens. Por exemplo: reciclagem de latas de alumínio.

II-Qualidade dos materiais reciclados: Os materiais reciclados reinseridos no ciclo produtivo devem possuir qualidade condizente com a necessidade do processo, pois a disposição, a coleta até o processamento influência.

III-Escala econômica da atividade: Os materiais reciclados devem estar disponíveis em um quantitativo satisfatório e de forma linear para garantir a escala econômica e empresarial da atividade, para tal é necessário que ocorra captação suficiente de bens de pós-consumo.

IV-Mercado para produtos reciclados: Logicamente é fundamental a existência de um mercado consumidor para os bens reciclados, essa aceitação conforme Leite (2009), esta vinculada a qualidade, atualidade tecnológica e oferecimento de certificações, garantias e também a ausência de preconceitos.

Leite (2009) também define que para satisfazer as condições acima é necessário a influência de alguns fatores:

Econômicos: Tratam-se das condições que tornam o processo economicamente viável de modo que se utilize matérias primas secundárias e assim proporcione rentabilidade a todos na cadeia reversa, isso só e possível se houver a viabilidade econômica, ou seja, caso os custos sejam inferiores a lucratividade.

Tecnológicos: É imprescindível a existência de tecnologia adequada durante todo o processo, desde a separação até o processamento industrial, ou seja, é necessária que haja viabilidade técnica para reciclagem.

(12)

178 Logísticos: É essencial que haja também viabilidade logística, que o quadro logístico no qual ocorre as etapas seja de rápida e barata transportabilidade, pois este fator inviabiliza muitas vezes o aspecto econômico do canal.

Ao analisar todas as premissas observadas na pesquisa até o momento é evidenciado como fator inicial, fonte dos canais e assim da execução da LRPC a coleta de RSU preferencialmente realizada em forma de coleta seletiva, sendo ela a responsável pelo suprimento otimizado e mais adequado a execução da reciclagem e reutilização, diante disto a pesquisa referencia a seguir a realidade de Belém, em relação as ações relativas a prática de coleta comum e coleta seletiva.

2.4. Suprimento dos canais de reciclagem e reutilização: O caso Belém

Belém, capital paraense conhecida por sua beleza natural com clima equatorial, sendo a capital mais chuvosa do Brasil, possui uma área territorial segundo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística-IBGE (2015) de 1.059,458 km², com uma população estimada em 1.446.042 habitantes, apresenta também um Índice de Desenvolvimento Humano Municipal - 2010 (IDHM 2010) de 0,746, sendo o sexto pior índice entre todas as capitais brasileiras.

Belém no que cerni o suprimento dos canais de reciclagem e reutilização caracteriza-se segundo a Secretaria de Saneamento de Belém (SESAN) através do departamento de resíduos sólidos (DRES) (2016) por estar um desenvolvimento constante do processo e práticas de limpeza urbana. De acordo com DRES (2016), em 2015 Belém gerou aproximadamente cerca de 1200t/dia equivalente a 438.000t/ano e coletou 351.777,84t/ano ou seja 80,3% dos RSU gerados pela cidade.

Gráfico1: Comparação entre o quantitativo RSU gerados e coletados no município de Belém:

Fonte: Departamento de resíduos sólidos (SESAN), (2016), (adaptado pelos autores)

Apesar dos serviços de limpeza urbana fornecerem uma cobertura de mais de 80% dos resíduos gerados, os mesmo durante quase três décadas foram direcionados para o aterro do Aurá que nada mais é do um lixão a céu aberto e

(13)

179 sabemos que este tipo destinação impacta negativamente toda sociedade e meio ambiente, atualmente segundo o DRES (2016) os resíduos sólidos urbanos são direcionados para o aterro sanitário privado em Marituba como meio para cumprir a

Lei 12.305 PNRS, qual proibi lixões comuns no território brasileiro.

Em relação a coleta seletiva, a SESAN firmou em 2015 com uma cooperativa denominada CONCAVES o contrato administrativo nº13/2015 , visando a execução dos serviços de coleta, transporte e valorização dos resíduos sólidos passíveis de reutilização e reciclagem no bairro de Nazaré. O município também apoia segundo o DRES (2016), outras associações e cooperativas de materiais recicláveis como; Cooperativa de Catadores de Belém Filhos do Sol – CCBFS; Rede Recicla, Associação dos Catadores da Coleta Seletiva de Belém – ACCSB; Cooperativa de Catadores de Material Reciclável Visão Pioneira de Icoaraci – COCAVIPS;

Foi possível apurar no curso da pesquisa de campo qual também abrangeu o nicho das cooperativas de coleta seletiva e reciclagem por meio da observação direta através contato com os cooperados, que este apoio na atualidade é deficiente, pois segundo observação e relatos falta uniformes, equipamentos de segurança individuais quais são essências devido o manuseio de resíduos muito heterogêneos, atrasos nos salários dos motoristas e ainda falta de gasolina para a locomoção dos caminhões para execução da coleta, porém os cooperados recebem apoio de empresas privadas como a Coca-Cola.

De acordo com a Cooperativa A, atualmente ela coleta através de quarenta e cinco cooperados, por mês no município de Belém aproximadamente de cem a cento e vinte toneladas de resíduos sólidos urbanos, ela recolhe em grandes geradores como; redes bancárias, órgão estudais e federais, condomínios e empresas privadas, quais disponibilizam os RSU sem a ocorrência da segregação, ou seja, a segregação dos resíduos que deveria ocorrer na fonte geradora anteriormente, está ocorrendo após o coleta “seletiva”, qual de acordo com Leite (2009) é caracterizada por coletar um material previamente selecionado.

Segundo a representante da Cooperativa A, só é possível visualizar a separação de RSU durante a prática de coleta porta-a-porta que é realizada por eles em alguns bairros, porém não há sequer medição do quantitativo devido ser ínfimo.

O material coletado e posteriormente separado que é passível de reciclagem é direcionado para atravessadores como; Riopel, Belpet e outros de menor porte e os materiais que comportam a reutilização são vendidos no mercado local.

(14)

180 Para realização do estudo precisamos entender que “Pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos” (GIL, 2002, p.17). Confirma-se então a necessidade da utilização de procedimentos metodológicos para a concretização de um estudo cientifico de modo que os dados e fatos relatados sejam confiáveis e as conclusões corretamente embasadas.

No que se refere ao estudo em questão, o mesmo possui uma abordagem qualitativa para ser efetivado, uma vez que seu objetivo é identificar as dificuldades para o suprimento dos canais da logística reversa de pós-consumo, pois “se propõe a estudar relações complexas, sem isolamento de variáveis buscando, compreender e interpretar o fenômeno em seu contexto natural” (OLIVEIRA, 2008,p.100).

No que tange o tipo de pesquisa, utilizasse os critérios de classificação propostos por Vergara (2014), quais se desdobram em dois aspectos: quanto aos fins e quanto aos meios.

Em relação a classificação, quanto aos fins, trata-se de uma pesquisa do tipo descritiva e explicativa. Descritiva pois “expõe caraterísticas de determinada população ou de determinado fenômeno’’ (VERGARA, 2014, p.42) e explicativa porque “Visa, esclarecer quais fatores contribuem de alguma forma, para a ocorrência de determinado fenômeno” (VERGARA, 2014, P.42).

Quanto aos meios, a investigação abrange: a pesquisa bibliográfica, qual segundo Vergara (2014) trata-se da base para qualquer pesquisa e ocorre através da leitura de todo material existente sobre a temática da investigação; estudo de caso, pois a pesquisa é “circunscrita a uma ou poucas unidades, entendidas essas como pessoas, família, [...] comunidade ou país” (VERGARA, 2014, p.44) e pesquisa de campo “é a investigação empírica realizada no local onde ocorre ou ocorreu o fenômeno ou que dispõe de elementos para explica-lo” (VERGARA, 2014, p.43).

Para a concretização desta investigação e assim a resolução do problema proposto, utilizou-se a técnica de amostragem por tipicidade, qual trata-se de uma técnica não probabilística pois é “construída pela seleção de elementos que o pesquisador considere representativos da população alvo”(VERGARA, 2014, p. 47) sendo assim, foram selecionados desta forma como amostragem para coleta de dados, duas cooperativas de coleta seletiva e reciclagem, nas quais foram pesquisados seus presidentes, duas empresas por meio de seus gestores, dez indivíduos representando os consumidores finais no âmbito domiciliar e um representando do DRES (departamento de resíduos sólidos) para que este represente o estado no presente estudo. O autor acredita que desta forma, conseguiu abranger uma amostra representativa dos principais agentes relacionados ao suprimento dos canais de LRPC.

Utilizou-se alguns instrumentos de coletas de dados como; a realização da observação, qual segundo Vergara (2014) ocorre durante a pesquisa de campo, pois

(15)

181 o pesquisador observa o fenômeno a ser estudado e realizou-se também entrevistas com os indivíduos, presidentes das cooperativas, os gestores das empresas e o representante do DRES de forma estruturada.

Após a coleta de dados, realizou-se o processo de interpretação e análise de resultados obtidos através das respostas dos entrevistados e da observação no lócus da pesquisa.

IV. ANÁLISE DOS RESULTADOS

A partir dos dados coletados no lócus da pesquisa e das entrevistas aplicadas em diferentes nichos, sendo eles; consumidores, cooperativas, gestores e governo, tornou-se possível alcançar o objetivo geral do estudo.

Identificando assim as principais dificuldades para o suprimento dos canais da LRPC, qual ocorre de modo mais eficiente através da coleta seletiva, esta que necessita por sua vez da segregação de resíduos sólidos no consumidor final, com o intuito de disponibilizar os materiais de forma mais adequada, otimizando ainda mais o suprimento do canal, para tal foram abordadas nas entrevistas com diferentes públicos questões abertas de suma relevância.

É de extrema importância destacar que o termo coleta seletiva foi utilizado para os questionamentos direcionados aos indivíduos e gestores por ser um termo de conhecimento comum e com a conotação necessária, porém o termo mais correto para a prática realizada por esses públicos é segregação de resíduos.

Tal pratica deveria anteceder e assim contribuir para coleta seletiva na disponibilização de forma mais adequada desses materiais, porém o que acontece, constatado por meio de relatos e da observação direta, inclusive já evidenciado no estudo de caso da presente pesquisa, é que a segregação na grande maioria não ocorre na fonte geradora e sim após a coleta “seletiva” sendo realizada pelos próprios cooperados.

O primeiro questionamento foi direcionado aos consumidores no âmbito domiciliar, seu foco foi verificar o conhecimento destes indivíduos sobre práticas muito propagadas para ocorrência da sustentabilidade e assim visualizar o seu nível de educação ambiental, para tal utilizou-se:

Pergunta 1 - Qual a sua compreensão sobre as práticas de reutilização e reciclagem e qual importância desses processos para sustentabilidade?

RESPOSTAS RECORRENTES FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Reciclagem é dar nova utilidade a algo já consumido, sem mudar a sua estrutura e reutilização é sinónimo. É importante para preservação do meio ambiente, pois retira resíduos do meio ambiente.

O canal de Reuso trata dos bens em condição de reutilização na sua forma original, sem a necessidade de tratamento, iniciando-se com o desembaraço do bem pelo consumidor final e a Reciclagem trata de bens disponibilizados no fim da sua vida útil, esses são transformados em matérias-primas secundárias e são reinseridos

(16)

182 no ciclo produtivo (Segundo Leite, 2009, p.12 do presente artigo)

A pesquisa demonstrou que 70% dos pesquisados, desconhecem as distinções existentes entres a prática de reutilização e de reciclagem partindo desta constatação e do fato que “Um dos aspectos vitais para eficiência das cadeias reversas é o conhecimento por intermédio da educação, que permitirá o entendimento pragmático das dimensões dos efeitos da conduta não sustentável de empresas e da sociedade em geral” (LEITE 2009, p 222), podemos inferir que o desconhecimento da população influência negativamente na execução do suprimento dos canais da LRPC.

Afinal como o individuo poderá alimentar corretamente cada canal, quais tratam-se de “Diferentes formas de processamento e de comercialização dos produtos de pós-consumo ou de seus materiais constituintes, desde a sua coleta até a sua reintegração ao ciclo produtivo’’ (LEITE, 2009, p.8), se eles nem ao menos sabem distingui-los.

O segundo questionamento intentou apurar se os indivíduos possuem informação sobre as iniciativas do governo como; a Política Nacional de Resíduos Sólidos e seus desdobramentos, quais estabelecem a responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, para tal utilizou-se:

Pergunta 2 – Possui algum conhecimento sobre a Politica Nacional de

Resíduos Sólidos e as responsabilidades atribuídas por ela?

RESPOSTAS RECORRENTES FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Não, nunca obtive nenhuma informação sobre a Política Nacional de Resíduos Sólidos.

Política Nacional de Resíduos Sólidos lei nº 12.305 sancionada em 2 de agosto de 2010, qual visa o gerenciamento adequado dos resíduos sólidos através da implementação da responsabilidade compartilhada pelo ciclo de vida do produto, na qual todos os elos da cadeia possuem sua parcela de deveres em relação a sua destinação adequada (Segundo a PNRS, lei nº 12.305, 2010, p. 10 do presente artigo)

A pesquisa revelou que 100% dos entrevistados não possuem nenhum tipo de conhecimento em relação a PNRS ou de suas atribuições, segundo Leite (2014) um das principais dificuldades da execução da LRPC é exatamente esta a falta de divulgação da própria PNRS e de seus desdobramentos, qual ocasiona a ignorância da sociedade em relação as suas responsabilidades e de terceiros com ciclo de vida dos produtos. Desta forma podemos constatar que o fato da sociedade não possuir conhecimento sobre as suas responsabilidades, princípios e instrumentos para executar a lei, dificulta a realização do seu dever de modo satisfatório, incluindo na prática de disponibilização de resíduos segregados para coleta seletiva.

A terceira pergunta visou constatar se os indivíduos conhecem a prática de coleta seletiva (segregação de resíduos sólidos) e se a realizam, isto com o intuito

(17)

183 de apurar se ela é praticada no âmbito domiciliar, para tal foi utilizado a seguinte questionamento;

Pergunta 3 – Possui algum conhecimento de como se prática a coleta seletiva (segregação de resíduos), você a realiza?

RESPOSTAS RECORRENTES FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Sim, possuo conhecimento de como se prática a segregação modo geral, como; separação de plástico, vidro, papel.

50% sim realizo 50% não realizo

“Fases de separação e segregação internas” (LEITE, 2009, p.57)

“Coleta seletiva é qualquer coleta que contenha uma prévia seleção do material a ser captado’’ (LEITE, 2009, p.70),

Dos pesquisados 100% afirmam possuir conhecimento de como se pratica a segregação porém somente com a utilização da palavra que possui a sua conotação “coleta seletiva”, porém destes apenas 50% realizam de fato este processo, sendo assim a constatação que apenas metade dos entrevistados apesar de conhecer o processo o realiza está consoante com “ o aumento da sensibilidade ecológica na sociedade, com ênfase nos países de maior desenvolvimento econômico e social” (LEITE,2009, p. 21), pois Belém é uma das capitais brasileiras com piores índices de IDH. Entende-se então que a conscientização ecológica e a sua prática é influenciada pelo desenvolvimento econômico e social da população e isto em Belém dificulta as prática da segregação de resíduos na fonte geradora.

Os três últimos questionamentos (4, 5 e 6), buscaram identificar sob a ótica dos consumidores, dos gestores, cooperativas e do próprio governo o mesmo objetivo, ou seja, quais a principais dificuldades para a ocorrência da segregação de resíduos e da coleta seletiva, qual culminam em conjunto em um suprimento mais otimizado dos CDR-PC, para tal foram feitos alguns questionamentos direcionados para cada público distinto, são eles:

Pergunta 4 – Qual o ônus ou dificuldade existente quando se prática a coleta seletiva (segregação de resíduos sólidos)?

Pergunta 5 – Quais as dificuldades que culminam na ausência da prática da

coleta seletiva (segregação de resíduos sólidos)?

Pergunta 6 – Quais as dificuldades encontradas para ocorrência da coleta

seletiva?

Obtivemos as seguintes respostas;

 Dos consumidores no âmbito domiciliar que realizam a coleta seletiva (segregação de resíduos sólidos), 60% afirmam que o maior ônus é não saber se os seus resíduos segregados serão de fato direcionados para um local adequado, pois eles desconhecem politicas municipais e ações em geral quanto a isso e assim disponibilizam seu material selecionado para a coleta de lixo urbano, os 40% restantes dizem que o armazenamento do RSU é a principal dificuldade. Em relação aos consumidores que não praticam a segregação dos resíduos, 100% dizem que é devido desconhecerem práticas de coleta seletiva domiciliar e assim acreditam que

(18)

184 tudo será direcionado para um local comum (lixão), sendo tudo misturado novamente, ou seja, não resultaria em uma contribuição de fato para o meio ambiente, deste total, 20% também afirma o armazenamento do resíduo é um problema.

 Os gestores entrevistados realizam a “coleta seletiva”, ou seja, disponibilizam meios à ocorrência da segregação de resíduos e afirmam que as principais dificuldades sob a sua ótica são; I) A falta de sensibilidade ecológica e educação ambiental dos funcionários e clientes que não seguem a política de segregação aplicada; II) O armazenamento dos resíduos devido sua heterogeneidade e a cooperativa recolhê-los esporadicamente III) O transporte, pois os resíduos de maior volume necessitam ser direcionados continuamente e quando há necessidade de realizar tal atividade gera altos custos.

 Para os cooperados as principais dificuldades para realização da coleta seletiva são; I) A falta de divulgação das políticas e atividades existentes de coleta seletiva e reciclagem no município, qual culmina na falta de informação para população que desconhece o seu trabalho e disponibiliza os RSU para coletores de lixo urbano, qual os direciona para o lixão; II) Falta de maiores incentivos do governo; III) Ausência da consciência ecológica da própria população que necessita praticar mais a segregação na fonte do resíduo IV) armazenamento inadequado dos RSU.

 Para o governo as principais dificuldades para a pratica da coleta são; I) As peculiaridades dos locais, ou seja, distancia entre o ponto de origem dos resíduos e o local de destino e se há viabilidade logística para ocorrência da coleta; II) A falta de sensibilização ecológica da população com referencia aos corretos hábitos na segregação e acondicionamentos dos resíduos; III) A falta de mais investimentos em educação ambiental pois observa-se o acumulo de resíduos sólidos em diversos pontos da cidade.

Analisando todas as óticas apresentadas é possível visualizar que em três dos quatro nichos investigados, a falta da consciência ecológica e educação ambiental seja dos indivíduos no âmbito do profissional, seja dos indivíduos no âmbito domiciliar é uma empecilho à prática da segregação de resíduos sólidos e a coleta seletiva, além de promover a poluição do nosso meio ambiente, como já mencionado em uma analise anterior isso vai de acordo com Leite (2009) quando dissemina que a educação é um alicerce para eficiência das práticas voltadas para logística reversa.

Entendendo-se assim que o indivíduo necessita ser educado ambientalmente para compreender de fato a sua importância no processo de reciclagem e de reutilização e assim os danos causados pela sua inércia e sua importância ao atuar de forma eficiente no suprimento dos canais e assim desenvolver de fato a consciência ecológica;

(19)

185 Outra problemática que se intentou aferir tanto pela grande maioria dos indivíduos no âmbito domiciliar, praticantes ou não da separação de resíduos e pelos próprios cooperados é o desconhecimento quanto às politicas e atividades existentes que são orientadas para coleta seletiva e reciclagem, pois esta desinformação provoca a insegurança e a disponibilização incorreto dos RSU pelos praticantes e culmina também na ausência desta prática pelos demais indivíduos, esta constatação é fundamentada por Leite (2014) quando dissemina que uma das principais dificuldades para execução da LRPC é a falta de divulgação da existência da própria Politica Nacional de Resíduos Sólidos e de seus desdobramentos em âmbito estadual e municipal.

Afinal entende-se que se a sociedade desconhece suas responsabilidades e de terceiros, bem como os instrumentos necessários a sua prática, não a o cumprimento das políticas implementadas.

Também consta como uma problemática o armazenamento anterior e posterior a coleta, qual assola os indivíduos, os gestores e até mesmo o cooperados, isso vai de acordo com Leite (2014), pois segundo ele uma das características dos resíduos de pós-consumo é a sua heterogeneidade e isto implica em sistemas logísticos diversificados, desde coleta, direcionamento e armazenamento o que deixa o fluxo da logística reversa com um custo elevado.

Tal elevação nos custos dificulta o interesse e a viabilidade econômica da sua prática, porém caso tais adaptações não sejam realizadas elas acabam por inviabilizar todo o processo de LRPC pois de acordo com Leite (2009) uma das condições a sua execução é a qualidade dos materiais coletados, qual só é possível com a realização eficiente de cada etapa, entre elas o armazenamento dos bens de pós-consumo.

O transporte e assim a viabilidade logística entre os pontos de coleta de resíduos e os pontos de destino também são apresentados pelos gestores e governo como um obstáculo a coleta seletiva, pois novamente em consoante Leite (2014) o transporte rodoviário é o mais caro e o mais utilizado no Brasil e partindo do ponto que“as origens dos bens de pós-consumo são geograficamente dispersas nos centros urbanos” (LEITE, 2009, p.176), entende-se que um dos fatores essências a execução da logística reversa que é a viabilidade logística encontra-se comprometida, qual por uma reação em cadeia impacta a viabilidade econômica de todo o processo.

V. CONSIDERAÇÕES FINAIS:

É notável no cenário atual, assolado pelo consumismo humano e os efeitos colaterais oriundos dele; como a poluição do meio ambiente, qual impacta profundamente na qualidade de vida de todos os seres vivos, como a prática de se desenvolver de modo sustentável é importante, preservar o meio ambiente para

(20)

186 gerações futuras, atender as necessidades da sociedade e ainda fomentar a economia, culminando na sustentabilidade do planeta.

Dois exemplos de práticas essenciais para sustentabilidade é a reciclagem e a reutilização e para a ocorrência eficaz destas ações uma etapa essencial é o seu suprimento, ou seja, o ato de abastecer de resíduos adequados tais processos, porém é possível constatar que as práticas necessárias a esta ação, como segregação da fonte geradora e coleta seletiva, são insuficientes em Belém, por isso o objetivo central da pesquisa é identificar as principais dificuldades para o suprimento dos canais da logística reversa de pós-consumo, qual resulta na reciclagem e reutilização dos resíduos sólidos em Belém-PA.

Na pesquisa constatou-se que as principais dificuldades iniciam-se prioritariamente com a falta de educação ambiental e consciência ecológica da população do município, qual resulta desde a ausência da segregação na fonte geradora até a poluição do meio ambiente, validou-se também que um grave problema é a falta de divulgação tanto da Politica Nacional de Resíduos Sólidos como das politicas e ações implementadas no município para coleta seletiva, pois o desconhecimento destas ações resulta também na falta de segregação e até mesmo no direcionamento incorreto dos poucos RSU separados adequadamente.

Outros aspectos que foram constatados como essenciais e como problemas as praticas de segregação e coleta seletiva são o armazenamento e o transporte dos resíduos, pois ambos necessitam de sistemas logísticos adequados, o que eleva o custo destas ações, culminando assim na sua realização de maneira deficitária.

Apurou-se diante disto que cerca da metade da população não pratica a segregação de resíduos sólidos e dos praticantes cerca de 60% direcionam os materiais para o lixo urbano prejudicando drasticamente todo o processo de abastecimento eficiente dos canais.

Para além dos objetivos do estudo também foram revelados no decorrer da pesquisa que o apoio proporcionado pelo governo é insuficiente as necessidades das cooperativas e que as ações existentes relacionadas a coleta seletiva ainda hoje é uma questão muito mais comercial que ambiental propriamente dito, uma vez que as empresas relataram a falta de interesse dessas mesmas cooperativas em resíduos com pouco volume ou baixo valor.

Ressalta-se que dentre a amostra selecionada para coleta de dados, foi pesquisado um presidente de cooperativa, pois os demais não se propuseram a colaborar, porém o mesmo não trouxe prejuízo algum á pesquisa ou para resolução do problema.

Finalmente entende-se que todos os objetivos da pesquisa foram alcançados e culminaram com o melhor entendimento da problemática arrendada no estudo. Sendo assim, entendemos que o presente estudo é limitado e não se encerra em si mesmo, porém visa contribuir para novas discussões e para o aprofundamento da problemática e temática aqui apresentada.

(21)

187

Referências

ABRELPE, Panorama de Resíduos Sólidos no Brasil 2014 (2015). Disponível em

<http://www.abrelpe.org.br/Panorama/panorama2014.pdf> acessado 27 agosto 2016.

BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: logística empresarial. 5ªed. Porto Alegre: Bookman, 2006

BRASIL, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: Índice de desenvolvimento

humano municipal comparação entre as capitais, 2010. Disponível em

<http://www.cidades.ibge.gov.br/comparamun/compara.php?lang=&lista=capitais&co duf=undefined&idtema=16&codv=V20 > acessado em 27 de novembro de 2016. FLEURY, Paulo F. WANKE, Peter. FIGUEIREDO, Kleber F. (Org). Logística

Empresarial: a perspectiva brasileira. São Paulo. Ed. Atlas. 2000.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. Ed. São Paulo: Atlas, 2002. LACERDA, Leonardo. Logística reversa: uma visão sobre os conceitos básicos

e as praticas operacionais. Mai. 2002. Disponível em <file:///C:/Users/B%C3%A1rbara/Downloads/Logistica_Reversa_LGC%20(1).pdf> acessado em 24 setembro 2016.

LEITE, PAULO ROBERTO. Logistica reversa: nova área da logística

empresarial. Publicado na Revista Tecnologística - Maio/2002. São Paulo, Ed.

Publicare

________________________. Logística Reversa: Meio Ambiente e

Competitividade.2 ªed .São Paulo, Pearson Prentice Hall, 2009.

________________________. Desafios da Logística Reversa de pós-consumo

no Brasil. Publicado na Revista Tecnologística de Maio de 2014, pp. 64 a 67.

OLIVEIRA, Valéria Rodrigues de. Desmitificando a pesquisa científica. Belém: EDUFPA, 2008.

POLITICA NACIONAL DE RESIDUOS SOLIDOS LEI Nº 12.305. de 2 de agosto de 2010. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm> acessado em 24 de setembro de 2016

SILVA, Lucia Aparecida da. Admistração de Marketing. Rio de Janeiro: Editora Universidade Estácio de Sá, 2014.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 15. ed. São Paulo: Atlas, 2014.

Referências

Documentos relacionados

No entanto, para aperfeiçoar uma equipe de trabalho comprometida com a qualidade e produtividade é necessário motivação, e, satisfação, através de incentivos e política de

O objetivo do curso foi oportunizar aos participantes, um contato direto com as plantas nativas do Cerrado para identificação de espécies com potencial

Realizar a manipulação, o armazenamento e o processamento dessa massa enorme de dados utilizando os bancos de dados relacionais se mostrou ineficiente, pois o

Além do teste de força isométrica que foi realiza- do a cada duas semanas, foram realizados testes de salto vertical (squat jump e countermovement jump), verificação da

Még épp annyi idejük volt, hogy gyorsan a fejük búbjáig húzták a paplant, és Mary Poppins már nyitotta is az ajtót, és lábujjhegyen átosont a

Os estudos originais encontrados entre janeiro de 2007 e dezembro de 2017 foram selecionados de acordo com os seguintes critérios de inclusão: obtenção de valores de

A remuneração de nossos administradores é determinada de acordo com as funções e responsabilidades de cada um em relação a outros executivos da nossa Companhia. Além da

Cheliped carpus with 12–18 simple dorsal setae; propodus bearing a large, with brown-bordered dorsal crest (V. glandurus), or a distal margin curved and pointed