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COOPERAÇÃO BRASILEIRA EM SEGURANÇA NO FUTURO:

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Academic year: 2021

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COOPERAÇÃO BRASILEIRA EM SEGURANÇA NO

FUTURO:

desenvolvendo um recurso

duradouro

Trabalho de Conclusão de Curso – Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia.

Orientador (a): Professora Doutora Cintiene Sandes Monfredo Mendes.

Rio de Janeiro 2020

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C2020ESG

Este trabalho, nos termos de legislação que resguarda os direitos autorais, é considerado propriedade da ESCOLA SUPERIOR DE GUERRA (ESG). É permitida a transcrição parcial de textos do trabalho, ou mencioná-los, para comentários e citações, desde que sem propósitos comerciais e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do autor e não expressam qualquer orientação institucional da ESG

_________________________________

CARLOS IGNÁCIO MARTINEZ HUERTA

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

Elaborada pela bibliotecária Patricia Imbroizi Ajus – CRB-7/3716 M385c Martinez Huerta, Carlos Ignácio

Cooperação brasileira em segurança no futuro: desenvolvendo um recurso duradouro / Cel (EUA) Carlos Ignácio Martinez Huerta. - Rio de Janeiro: ESG, 2020.

43 f.

Orientador: Profª. Dra. Cintiene Sandes Monfredo Mendes.

Trabalho de Conclusão de Curso - Monografia apresentada ao Departamento de Estudos da Escola Superior de Guerra como requisito à obtenção do diploma do Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia, (CAEPE), 2020.

1. Brasil – Estados Unidos Diplomacia Militar. 2. Segurança Internacional. 3. Relações Internacionais – Brasil - Estados Unidos. 4. Cooperação. 5. Brasil - Defesa. I. Título.

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RESUMO

Em resposta às condições internacionais, foi redigida uma Diretiva do Departamento de Defesa dos Estados Unidos da América (EUA) para declarar que “os Secretários dos Departamentos Militares devem criar e manter programas de gestão dos Oficiais de Área Estrangeira do Exército dos EUA (FAO) para atender às necessidades do Departamento de Defesa.” Instruções claras para as forças “desenvolverem um programa específico para fornecer pessoal militar e civil com treinamento regional e cultural para entender melhor o ambiente global no qual o Departamento de Defesa opera e melhorar sua capacidade de trabalhar com sucesso com parceiros internacionais”. Este estudo explora a criação de uma estrutura de cooperação em defesa e experiência em áreas estrangeiras nas forças armadas brasileiras. Como modelo, este estudo descreve o programa da FAO do Exército dos Estados Unidos e seu desenvolvimento de competência na área estrangeira, proporcional às missões atuais e previstas. Ele se concentra na história, estrutura e desenvolvimento da FAO e nos requisitos para conhecimento regional. Avalia a confluência dos objetivos do programa da FAO com os objetivos militares e nacionais de serviço. Ele também fornece uma comparação de objetivos estratégicos entre os Estados Unidos e a República Federativa do Brasil. Este estudo conclui que a capacidade de especialização da área estrangeira nas forças armadas brasileiras pode apoiar estratégias nacionais. Além disso, o estudo também revela que o processo de desenvolvimento dessa expertise no Brasil é possível.

Palavras-chave: Cooperação de Segurança; Cooperação em Defesa Internacional,

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ABSTRACT

In response to international conditions, a U.S. Department of Defense Directive is drafted to state that ‘Secretaries of the Military Departments shall build and maintain U.S. Army foreign area officer (FAO) management programs to meet the needs of the Department of Defense.’ Clear instruction for forces to ‘develop an agency-specific program to provide both military and select civilian personnel with regional and cultural training to better understand the global environment’ in which the DoD operates and improve their ability to successfully work with international partners. This study explores the creation of a Defense Cooperation structure and foreign area expertise within the Brazilian armed forces. As a model, this study describes the United States Army FAO program and their development of foreign area competency commensurate to current and anticipated missions. It focuses on the history, structure and development of the FAO and requirements for regional expertise. It assesses the confluence of the FAO program objectives with service and national military objectives. It also provides a strategic aims comparison between United States and the Republic Federation of Brazil. This study concludes that the foreign area expertise capabilities in Brazilian military can support national strategies. Furthermore, the study also reveals that the process for developing this expertise in Brazil is possible.

Keywords: International Cooperation, Security Cooperation, Defense Cooperation;

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LISTA DE ILUSTRAÇŌES

Figura 1 – Diagrama da guerra do Peloponeso ...15

Figura 2 - Organização global de Oficial de Área Estrangeira ... 22

Figura 3 - Objetivos de ensino para Oficial de Área Estrangeira... 24

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LISTA DE SIGLAS

AOR – Area of responsibility - Área de responsabilidade

CJTF- Combined Joint Task Force - Força-Tarefa conjunta combinada DCS- Direct Commercial Sales - Vendas comerciais diretas

DoD- Department of Defense - Departamento de Defesa

DoDD- Department of Defense Directive - Diretiva do Departamento de Defesa DLI- Defense Language Institute, Foreign - Centro de línguas estrangeiras do Dept. de Defesa

FMF- Foreign Military Financing - Financiamento militar a países estrangeiros FMS- Foreign Military Sales - Vendas militares a países estrangeiros

GCC- Geographical Combatant Commander - Comandante do Comando Geográfico

IRT- In Country Training - Treinamento no país

LATP- Language and Area Training Program - Programa de treinamento de área e idioma

MAAG- Military Assistance Advisory Group - Grupo consultivo de assistência militar MG- Military Group - Grupo militar

MAOP- Military Assistance Officer Program - Programa de assistência militar para oficiais

MOOTW-Military Operations Other Than War – Operações de não-guerra NMS- National Military Strategy - Estratégia militar nacional

NSS- National Security Strategy - Estratégia de segurança nacional

ODC- Office of Defense Cooperation - Gabinete de cooperação em Defesa PSYOP- Psychological Operations - Operações psicológicas

QDR- Quadrennial Defense Review - Revisão quadrienal de defesa SAO-Security Assistance Officer - Oficial de assistência de segurança SCO- Security Cooperation Office - Gabinete de cooperação em segurança SDO- Senior Defense Official - Oficial Supeior de defesa

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 8

2 REFERENCIAL TEÓRICO... ...11

3 UTILIZAÇÃO HISTÓRICA...14

4 OFICIAIS DE ÁREA ESTRANGEIROS... 21

5 POLÍTICA DE COOPERAÇÃO EM SEGURAÇA ATUAL... 26

6 CONCLUSÃO E RECOMENDAÇÕES... 38

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1 INTRODUÇÃO

“Aceite desafios, para que você possa sentir a alegria da vitória.” (George S. Patton, Exército dos EUA)

Um dos desastres naturais mais devastadores da história recente ocorreu quando um terremoto catastrófico de magnitude 7,0 atingiu o país mais frágil e mais pobre do hemisfério ocidental, matando mais de 250.000 pessoas no Haiti. A calamidade que atingiu o país agravou décadas de decadência nas infraestruturas sociais, econômicas, políticas e físicas. Estima-se que aproximadamente 3 milhões de pessoas foram afetadas e 1,5 milhão de pessoas foram deslocadas nesta crise humanitária (WORLDVISION, 2010).

Essa narrativa desastrosa, agora história, é conhecida por muitos, especialmente no Brasil. Mas, como em qualquer crônica, o menos familiar nos bastidores é igualmente intrigante. É a história de um relacionamento profissional, profunda compreensão cultural e uma amizade pessoal forjada, cultivada pelas experiências internacionais de dois soldados. Felizmente, as circunstâncias do terço ocidental de Hispaniola que uniu o General do Exército brasileiro Floriano Peixoto e o General do Exército dos EUA Ken Keen para lidar com suas respectivas instituições, o povo do Haiti e as demandas de todas as partes envolvidas; foi um relacionamento de 26 anos. (NETO; NOLAN; KIMMEY; ALTHOUSE, 2010)

Embora a resposta global instantânea para fornecer ajuda e assistência fosse louvável, a capacidade de absorção do país atingido foi rapidamente sobrecarregada. As duas organizações que fundamentaram a resposta internacional foram a Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti (MINUSTAH) e a Força-Tarefa Conjunta dos EUA-Haiti (JTF-H). A MINUSTAH, comandada pelo general Peixoto, tinha a missão de “apoiar um governo de transição seguro e estável, o desenvolvimento de um processo político focado nos princípios da democracia e na defesa dos direitos humanos”, com uma presença militar mantida no país desde 2004 (DIA, 1994). O Comando Sul dos Estados Unidos (USSOUTHCOM) gerenciou a resposta através do estabelecimento da JTF-H, liderada por seu Vice comandante Tenente-General Ken Keen, com a missão de "mitigar o sofrimento humano de curto prazo e acelerar os esforços de assistência para facilitar a transição para o governo do Haiti, a ONU e a USAID" (SOUTHCOM, 2010).

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Esses comandantes desenvolveram imediatamente uma simbiose organizacional e operacional através da qual maximizariam as forças da ONU e dos EUA. A MINUSTAH manteria a responsabilidade pela segurança e estabilidade, enquanto a JTF-H apoiava a assistência humanitária combinada da ONU, Internacional e EUA. Em maio de 2010, a Operação UNIFIED RESPONSE forneceu mais de 22.000 membros das forças armadas dos EUA ao esforço geral de socorro, fornecendo mais de 17 milhões de libras de alimentos, tratando quase 10.000 pacientes e abrigando mais de um milhão de cidadãos haitianos (SOUTHCOM, 2010). Como parte das forças especiais, o capitão Keen conheceu o capitão Peixoto em 1984 e se tornaram amigos quando ambos eram instrutores durante um programa de intercâmbio internacional no Rio de Janeiro, Brasil. À medida que progrediam na carreira, os dois oficiais continuaram a se encontrar. O Capitão Peixoto participou do Curso de Oficial de Infantaria do Exército dos EUA em Fort Benning, GA, em 1998, onde o Major Keen serviu na equipe. O Major Keen tornou-se um Oficial de Área Estrangeira e voltou a frequentar a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército no Brasil para aprofundar seu conhecimento e compreensão da língua, cultura e forças armadas. Quase uma década depois, o Tenente Coronel Peixoto foi designado instrutor de português na prestigiada ‘West Point Academy’, o que lhes permitiu contato contínuo. (KEEN et al., 2010)

À medida que os dois progrediram em suas respectivas forças, o General Keen reduziu suas atribuições na América Latina, mas, dada sua experiência regional, voltou como Comandante do Exército Sul dos EUA e, eventualmente, Comandante do componente terrestre do USSOUTHCOM.

Em retrospecto, o General Keen (2010) comentou:

“sabendo que o Major General Peixoto era o comandante, eu sabia que tinha um amigo, aliado e parceiro para nos ajudar a fornecer ajuda humanitária ao povo do Haiti. Como nos conhecíamos há anos, não precisávamos passar pelos protocolos e apresentações padrões que geralmente ocorrem quando líderes militares de duas nações se reúnem pela primeira vez.”

Ele pessoalmente creditou o êxito de seu sucesso no Haiti ao profissionalismo de suas respectivas forças, mas também o atribuiu à confiança e compreensão mútuas que haviam promovido antes do desastre. Segundo seu relato, o General Peixoto afirmou: "você aumenta a velocidade de obter resultados ao facilitar, formar e reforçar relacionamentos" (KEEN, 2010), mostrando que o vínculo comum, a consciência cultural na língua e na competência regional, impactaram diretamente o

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sucesso de cada uma de suas missões, com fins estratégicos para os Estados Unidos e para o Brasil.

Esse relato serve como contexto para o seguinte: como é que cada Oficial ganhou o conhecimento e as habilidades especializadas que culminaram em uma vitória estratégica e operacional? Até que ponto os militares brasileiros identificam, cultivam e treinam seu foco internacional? A República do Brasil pode replicar essa experiência regional e consciência cultural para maximizar sua posição como líder regional, hemisférico ou global? O Brasil, como o quinto maior país em termos de massa terrestre e demográfica, deve visualizar um futuro em que possa explorar os relacionamentos, bem como sua marca como país modelo? Este documento examina como o Departamento de Defesa dos EUA desenvolve seu quadro de soldados estratégicos com perspicácia internacional.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O relacionamento estratégico entre Brasil e Estados Unidos da América remonta há 198 anos, quando, em 1822, os Estados Unidos da América foram os primeiros a reconhecer o Brasil como um país independente. Ambos os países são parceiros comprometidos em seus objetivos e interesses nos campos humanitário, diplomático, econômico e Defesa. Esta aproximação continua a balizar os objetivos estratégicos para cada um dos países, mas deve encaminhar cada uma de suas relocações a nível mundial com respeito à cooperação em segurança entre os militares.

O trabalho de pesquisa utiliza a orientação nacional atual, no que se refere à ampla discussão sobre cooperação de segurança. Uma revisão mais específica do Departamento de Defesa e da Doutrina do Exército dos EUA fornecerá uma base de referência relacionada à discussão do Oficial de Área Estrangeira.

No desenvolvimento dos instrumentos do poder nacional, poucos países podem almejar alcançar resultados sem parceiros estrangeiros. Por isso, as relações estabelecidas entre diferentes nações existem ao longo da história da humanidade, e essas são os alicerces e a base do nosso atual sistema geopolítico.

Um dos aspectos dessas relações é a cooperação em segurança entre os países. Um estado sem alianças e parcerias condena seu povo a dificuldades ou, na pior das hipóteses, ao fracasso como nação nesta arena global em constante mudança. Os interesses de segurança de um país desempenham um papel importante na conquista e no exercício do poder nacional (interno) e externo.

A Cooperação em Segurança tem por objetivo geral garantir que as nações parceiras tenham a capacidade de prover a sua própria segurança, através do estabelecimento de fortes relações entre a liderança civil e seus respectivos militares. Estes são a entidade e o aparato de segurança, sendo uma extensão da política nacional. A linha de esforço da Cooperação em Segurança no interior das forças armadas assume a visão e a estratégia da nação, juntamente com uma irmandade compartilhada entre os militares.

O vínculo comum de homens e mulheres militares nessa relação de cooperação em segurança é inato, porém a confiança e o treinamento especializado são requisitos para um objetivo final de interoperabilidade entre as forças internacionais para deter e derrotar um inimigo.

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Em um mundo globalizado e imprevisível, a ênfase na cooperação em segurança exige implicações estratégicas, à medida que novas ameaças evoluem e revelam um desejo de degradar vantagens assimétricas de nações como Brasil e Estados Unidos. Esse ambiente exige uma transformação na maneira como os países planejam e implementam a cooperação em segurança, à semelhança de como é a relação do Brasil e dos Estados Unidos, que continuam melhorando a interoperabilidade, fortalecendo alianças e parcerias, e devem procurar manter relacionamentos duradouros.

O principal recurso que os Estados Unidos utilizam para ter sucesso em suas relações internacionais, em termos de cooperação e defesa, é ter uma estrutura especializada nessa atividade, que é o Corpo de Oficiais de Área Estrangeira (FAO) do Exército dos EUA, focada estrategicamente nesta função. A qual representa o Departamento de Defesa em missões diplomáticas militares, em contato com governos estrangeiros e organizações militares.

Geralmente, a maioria das pessoas conhece distinções nos serviços Exército, Força Aérea, Marinha e funções tradicionais associadas a seus deveres e responsabilidades nas forças armadas, como infantaria, cavalaria, artilharia e engenharia. Embora esses ramos básicos e funcionais dos serviços sejam importantes, um ramo militar menos conhecido da área estrangeira, o Soldado Estadista, é um dos mais críticos para um relacionamento estratégico de defesa contemporâneo.

Não há dúvida de que existem valiosas relações entre o Brasil e os países irmãos. No entanto, este documento de pesquisa busca dissertar sobre um modelo dos EUA e discutir uma estrutura militar para o Brasil focada no desenvolvimento de novos parceiros, sustentando relacionamentos antigos e explorando novas oportunidades de melhoria. Além disso, articular um recurso potencial da FAO composto por uma comunidade militar de especialistas com foco regional em operações político-militares.

Considerando que a cooperação em Defesa é uma ação que molda o ambiente geoestratégico, diplomático, informacional e econômico, qualquer consideração futura de programas e atividades precisa ser guiada pela política dos países em relações internacionais. Assim, esta compreensão também auxilia os tomadores de decisão política a determinar se um programa de cooperação em Defesa é adequado e se alcança os resultados desejados.

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Além disso, os documentos de política, defesa e segurança brasileiros servirão para destacar semelhanças na estratégia e política dos EUA em relação à cooperação de segurança. Como afirmado anteriormente, esta pesquisa procurou mostrar uma correlação entre ideologias e cooperação regional. É importante ressaltar que o trabalho de pesquisa não é uma precisa comparação entre países, nem a suposição de que um tipo igual de programa é necessário para atingir os interesses da República Federativa do Brasil e do Exército brasileiro. Este estudo teve como objetivo examinar se o estabelecimento de uma nova organização brasileira poderia contribuir para a cooperação em Defesa.

Finalmente, o estudo discutiu o programa de Oficial de Área Estrangeira do Exército dos EUA como modelo e meio para executar a Cooperação de Segurança. A análise de todas as referências servirá para fornecer recomendações para o novo desenvolvimento de programas de cooperação para o benefício estratégico de ambas as nações, levando em consideração tanto as restrições constitucionais brasileiras, quanto as limitações ao uso de forças militares.

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3 UTILIZAÇÃO HISTÓRICA

“Se você conhece o inimigo e se conhece, não precisa temer cem batalhas. Se você se conhece, mas não o inimigo, a cada vitória sofrerá também uma derrota. Se você não conhece a si mesmo, nem ao inimigo, é um tolo e sofrerá derrota em todas as batalhas.”

(SUN TZU, 1963, p. 23)

O conceito de cooperação em segurança é tão antigo quanto os seres humanos, seja a necessidade de proteger uma tribo, vila ou ilha. No nível das nações e estados, um dos primeiros relatos escritos vem de um historiador e general ateniense chamado Tucídides. A Guerra do Peloponeso fornece um exemplo histórico ao destacar as vantagens de alianças e influências estratégicas. Durante a trágica campanha Ateniense para conquistar a Sicília em 415 AC., Atenas lançou uma expedição equivocada para subjugar o estado mais forte da Sicília, Siracusa. Os atenienses liderados por Nícias consistiam em aproximadamente 6.400 homens e 134 navios. Os atenienses tiveram vitórias iniciais; no entanto, em 414 A.C., durante o cerco a Siracusa, as estratégias espartanas de Gylippus intervieram e viraram a maré da batalha em favor das forças de Siracusa. Gylippus concentrou-se inicialmente no aspecto humano, inspirando as forças de Siracusa e galvanizando o apoio de seus aliados. Ele então embarcou em ataques simultâneos contra as tropas atenienses em terra e no mar. Em 413 A.C., os Atenienses haviam sido derrotados (THUCYDIDES, 1954).

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Figura 1. Diagrama de guerra do Peloponeso

Fonte: Mapa Guerra Peloponeso, learning-history.com

O conceito de especialização em área estrangeira tem linhagens históricas igualmente longas, desde o General chinês Sun Tzu, por volta de 550 A.C. Os conceitos de conhecimento detalhado de seu adversário são igualmente abundantes em princípios de guerra ao longo do tempo. O conceito não pertence exclusivamente aos inimigos. Mesmo no início da história americana, o famoso capitão Meriwether Lewis e o tenente William Clark, da ‘Discovery Expedition’ de 1803 a 1806, ilustram a importância de pessoal uniformizado com conhecimento de relações diplomáticas e entendimento de múltiplas culturas. Durante a missão, sua capacidade de contatar mais de 70 tribos indígenas nativas potencialmente hostis com várias línguas e normas culturais garantiu não apenas uma missão bem-sucedida, mas também sua sobrevivência. (DIA, 1994)

Com o objetivo de traçar uma ampla perspectiva histórica, este manuscrito destaca a cronologia do Programa de Oficiais de Área Estrangeira do Exército dos EUA e sua evolução da metade do século XX até os dias atuais.

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Assim como no Brasil, o ambiente geopolítico pós-Segunda Guerra Mundial introduziu desafios complexos aos Estados Unidos e suas forças armadas. Para fornecer um contexto útil, essa foi a era dos marcos na História das Relações Exteriores dos EUA. O Plano Marshall (1947-1952), para ajudar as nações europeias devastadas a reconstruir, e estabelecer o desenvolvimento econômico. Além disso, a Doutrina Truman (1947-1953), estabelecida pelo decreto presidencial, fornecia assistência política, militar e econômica a todas as nações democráticas ameaçadas por forças autoritárias externas ou internas. (EUA, 1947)

Após o início da vitória dos Aliados na Segunda Guerra Mundial e dos tribunais de guerra nazistas, os EUA designaram adidos militares em 45 capitais (38 dos quais da Força Aérea e 28 da Marinha. Paralelamente, o Exército dos Estados Unidos (EUA) havia desenvolvido o Programa de Treinamento de Idiomas e Conhecimento de Área para fornecer aos oficiais os conhecimentos necessários para formar análises de inteligência sólidas e tomar decisões de comando. O programa exigiu quatro anos de treinamento; escola de idiomas, pós-graduação em uma universidade civil e dois anos no exterior ou na região de especialização. Mais tarde, em 1953, o Programa de Treinamento em Idiomas e Conhecimento de Área dos EUA foi renomeado para Treinamento de Especialistas em Área Estrangeira (FAST), com gerenciamento e supervisão contínuos sob o Chefe do Estado Maior do Departamento do Exército (DA), Inteligência (ACSI). (PIKE, VERNER N., 1979)

Como resultado de seu sucesso contínuo, em 1956, o Programa FAST expandiu-se além das principais responsabilidades e controle de inteligência para incluir outros interesses funcionais, como a guerra psicológica, o sistema de adidos, assuntos civis e governo militar, com o Vice-chefe de operações militares compartilhando a responsabilidade por revisão do programa com o ACSI. Em 1956, os EUA tinham 166 postos de adido militar em 71 países: 68 do Exército, 45 da Marinha e 53 da Força Aérea, em contraste com sessenta (60) países estrangeiros que haviam estabelecido 121 adidos em Washington D.C.

Mais uma vez em 1963, o programa FAST foi expandido para designar especificamente posições que exigiam qualificações FAST além da demanda linguística, que incluíam dever de consultor, operações especiais, pessoal de estado-maior, instrutores de estudo de área em academias e escolas de serviço e dentro do país na comunidade de inteligência. Nesse ponto, o programa começou a estabelecer sua educação formal.

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À medida que a demanda e a exigência de experiência em áreas estrangeiras militares continuavam aumentando, em 12 de dezembro de 1964, o Secretário de Defesa (SECDEF) Robert McNamara anunciou a decisão de designar um Adido Sênior de Defesa em cada país e estabeleceu o Sistema de Adidos de Defesa (DAS). Este foi o primeiro passo para colocar o DAS sob controle operacional total, que o Diretor do DIA ganhou em 1 de julho de 1965.

Como o Exército dos EUA delineou a expertise e as habilidades operacionais da FAO, isso criou um programa complementar alguns anos depois, que foi fundido com o FAST chamado MAOP (Military Assistance Officer Program), que focava nos aspectos do dever de aconselhamento militar, operações de estabilidade e ação cívica, tendo impacto social, político, econômico e psicológico. No início da década de 1970, os EUA haviam estabelecido dois programas de carreira orientados internacionalmente; um orientado por requisitos de inteligência (FAST) e outro por necessidades operacionais (MAOP). (PIKE; VERNER, N., 1979)

O então presidente Richard Nixon propôs um realinhamento da ajuda externa em dois programas em abril de 1971; um orientado para a assistência militar, o outro para assistência econômica e humanitária. A Lei Internacional de Assistência à Segurança estabeleceu ferramentas de política externa como vendas militares estrangeiras (FMS), treinamento internacional em equipamentos militares, que desenvolveram o termo "assistência de segurança". No mesmo ano, a doutrina do Presidente Nixon também levou a uma reorganização da sede do Departamento de Defesa que estabeleceu a Agência de Assistência à Segurança da Defesa (DSAA). Mais tarde, o Congresso aprovou a Lei de Assistência Externa de 1971 e para aumentar o FMS de acordo com os objetivos do Pentágono, o Exército sugeriu e começou a enviar equipes de instrução da DSAA, departamentos militares e indústria para orientar e instruir os EUA.

O crescimento do programa refletiu a tendência das interações no exterior dos Estados Unidos em um momento muito crítico da Guerra do Vietnã. Em 10 de março de 1972, para reconhecer a colaboração com a assistência de segurança, o Departamento do Exército aprovou uma fusão do MAOP e do FAST para formar o Sistema de Gerenciamento de Oficial de Área Estrangeira (FAO). No encerramento do ano, foram identificadas 900 posições estimadas para o programa consolidado.

Como resultado de contratempos operacionais globais em relação à eficácia militar, a Lei de Reorganização do Departamento de Defesa ‘Goldwater – Nichols’ de

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1986 foi um dos principais propulsores da reforma no Departamento de Defesa dos EUA. Significante para o programa da FAO hoje em dia, o mandato Segurança Nacional Presidencial direcionou ao Congresso apoiar a necessidade de uma direção (estratégia) clara de defesa da nação e dirigida à "União", sobre as atividades de serviço independente. Dado isso o Exército dos EUA iniciou estudos e artigos específicos sobre complexidade cultural na América do Sul antes e depois dos programas de nidificação da Guerra Fria na estratégia de segurança nacional.

Em 22 de fevereiro de 1997, o termo "Cooperação de Segurança" foi introduzido pela primeira vez por uma Iniciativa de Reforma da Defesa. O Vice-Secretário de Defesa John P. White assinou a Diretiva 1315.17 do Departamento de Defesa, Programas FAO de Serviço, aproveitando o título legal do código 10 dos EUA, e descrevendo o papel, a missão e a organização das forças armadas, a doutrina conjunta e o Departamento de Defesa. Essa foi a primeira diretiva que estabeleceu políticas e atribuiu responsabilidades para incluir parâmetros e padrões para o desenvolvimento do programa FAO nos serviços militares. Até o momento, não havia requisitos ou padrões estabelecidos nos programas de serviço da FAO. Também serviu como a primeira resposta do Departamento de Defesa direcionando recursos contemporâneos distintos para uma demanda crítica em um ambiente pós-Guerra Fria. (EUA, 1996)

A DSAA foi designada como Agência de Cooperação em Segurança de Defesa (DSCA) em 1 de outubro de 1998, para melhor refletir sua missão ampliada e diversas funções, além da assistência de segurança tradicional a outras agências, setor privado e governos estrangeiros.

A política da FAO existente (DoDD 1315.17) foi revisada posteriormente, adicionando o Título 10, Seção 163, alavancando a autoridade dos Comandos Globais de Combatentes (COCOMs), afirmando: “Os COCOMs devem ter as capacidades necessárias de combate para alcançar o sucesso não linear nos campos de batalha do futuro.” Neste projeto, os pontos fortes da FAO são otimizados exclusivamente para apoiar campos de batalha não lineares como um multiplicador de combate para o DoD, COCOM e através de forças armadas de nações parceiras. (EUA, 2005)

Ao gerenciar dois grandes conflitos, o Departamento de Defesa enfatizou as habilidades linguísticas e a experiência regional como sistemas essenciais de armas. O Roteiro (em Inglês ‘Roadmap’) de Transformação da Língua de Defesa foi assinado e aprovado pelo Secretário de Defesa Adjunto em 14 de fevereiro de 2005, trazendo

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as orientações pós 11 de setembro, as etapas e metas publicadas que deviam ser executadas para garantir que a capacidade da língua estrangeira e o conhecimento especializado da área regional fossem desenvolvidos, mantidos e empregados como ativos estratégicos na Guerra Global ao Terrorismo e em futuras operações militares. Cada um dos quatro objetivos dirigidos pelo Subsecretário de Defesa para a Prontidão Pessoal especificou os Diretores de Área Estrangeira relacionados à Orientação de Planejamento Estratégico.

A Instrução DoD 1315.20 foi assinada em 28 de setembro de 2007. Este documento forneceu orientações adicionais sobre o gerenciamento de programas FOD do DoD, incluindo o estabelecimento de um formato padronizado a ser usado pelos serviços militares, componentes do DoD e COCOMs para o Relatório Anual do DoD do programa FAO. A instrução também identificou o Subsecretário de Defesa Adjunto para Planejamento do Subsecretário de Defesa para Prontidão Pessoal, como o principal consultor da equipe do SECDEF para os programas do DoD da FAO. (EUA, 2007)

Em agosto de 2010, o resultado da Revisão e Relatório do Programa FAO DoD FY09 foi publicado. O Programa FAO, tradicionalmente gerenciado pelas forças singulares, expandiu vagas para atender a várias agências de defesa como DSCA e a Agência de Redução de Ameaças de Defesa (DTRA). O relatório também incentivou mais FAOs a servir como altos oficiais de defesa / adidos de defesa (SDO / DATTs), e também atuar em novos escritórios de cooperação de segurança (SCOs) estabelecidos, além de recomendar o desenvolvimento de um programa de reserva da FAO.

Por fim, o impacto mais recente e significativo para o programa foi a Lei de Autorização de Defesa Nacional (NDAA) de 2017, na medida em que continha várias novas disposições sobre programas, atividades e outras interações de Cooperação em Segurança, com três objetivos principais de aumentar as capacidades dos parceiros; fornecer acesso às forças armadas dos EUA ou promover relacionamentos relevantes aos interesses de segurança nacional dos EUA.

A NDAA criou um novo paradigma e foco no Departamento de Defesa que se estende à Agência de Cooperação em Segurança de Defesa (DSCA), entre outras diretrizes para: estabelecer um Programa de Cooperação em Segurança para profissionalizar a força de trabalho; identificar um único funcionário e escritório para realizar a supervisão; e estabelecer um programa para avaliação, monitoramento e

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avaliação da cooperação em segurança (AME). Como resultado, a DSCA é agora a maior parte interessada no Departamento de Defesa em todos os aspectos da cooperação em segurança em que os oficiais de área estrangeira pertencem como parte de sua força de trabalho.

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4 OFICIAIS DE ÁREA ESTRANGEIROS

“A intenção do conceito de soldado-diplomata não é distorcer o papel do soldado ou do diplomata, nem pretende substituir um pelo outro.” (Francis Clermont, Militar do Canadá)

Este capítulo serve como uma breve visão geral do programa FAO dos EUA. É importante ter um entendimento básico para os líderes brasileiros ao discutirmos o alinhamento estratégico, os benefícios e as implicações de tal programa no próximo capítulo.

O que é um Oficial de Área Estrangeira (FAO)? Um FAO é um oficial comissionado de qualquer um dos quatro ramos das forças armadas dos Estados Unidos, especialista com foco regional em operações político-militares e que possui uma combinação única de foco estratégico, conhecimento regional, com consciência política, cultural, sociológica, econômica e geográfica, além da proficiência em línguas estrangeiras em pelo menos um dos idiomas dominantes em sua região especificada. De acordo com o Panfleto do Exército dos EUA 600-3, os Oficiais de Área Estrangeira do Exército, como o maior componente e o mais estabelecido da comunidade dos FAO, são especificamente soldados baseados na Profissão de Armas, que prestam assessoramento em diversas organizações, atuando em ambientes conjuntos, interagências, intergovernamentais e multinacionais.

Com relação aos papéis e responsabilidades, um FAO normalmente fará visitas ao exterior como adido de defesa, oficial de assistência de segurança ou planejador político-militar na sede de um serviço, Estado-Maior Conjunto, Comandos Maiores, Comandos Unificados de Combate ou em agências do Departamento de Defesa. Eles também atuam como especialistas em determinado país, oficial de controle de armas, oficial de ligação, e oficiais do Programa de Intercâmbio de Pessoal para nações aliadas. Os papéis e responsabilidades dos FAO são extensos e variados. Eles aconselham os líderes sêniores em operações político-militares e relações com outras nações, e fornecem conhecimento cultural aos escalões superiores, realizando operações militares, construindo e mantendo relacionamentos de longo prazo com líderes estrangeiros, desenvolvendo e coordenando cooperação de segurança, executando programas de assistência de segurança com nações parceiras, além de elaborar relatórios sobre atividades diplomáticas, de informação, militares e econômicas. Cada força singular tem seu próprio processo de

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desenvolvimento de Oficiais de Área Estrangeira para atender às suas necessidades específicas. (EUA, 2007)

Figura 2 - Organização global de Oficiais de Área Estrangeira

Fonte: AR 600-3, 2019.

O programa de FAO do Exército é o mais antigo e mais bem estabelecido das forças armadas, atualmente, presente em 139 países no mundo. Ao contrário de seus colegas de outras forças, os FAO do Exército fazem a transição de seu campo principal de carreira para uma carreira em tempo integral como FAO. O típico FAO do Exército é selecionado, frequenta o Instituto de Idiomas de Defesa (DLI) para treinamento em idiomas e depois segue para um ano de imersão no país. Durante a imersão, o FAO do Exército recebe um orçamento de viagem para conseguir visitar o país e a região circundante. Dessa forma, ele tem uma ampla oportunidade de desenvolver o programa de idiomas do DLI, além de aumentar seu conhecimento da região. (EUA, 2014)

A organização é gerenciada e dirigida pelo Comando de Recursos Humanos do Exército dos Estados Unidos, especificamente na seção chamada Proponente. Esta é composta por líderes e funcionários sêniores, cujos deveres e responsabilidades são o desenvolvimento dos FAO. O desenvolvimento para a área de carreira está focado em quatro objetivos. O primeiro, fornecer a estruturação; para

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garantir que os alojamentos do vagas de FAO (oficiais) estejam de acordo e sejam planejados por meio de sua participação nos processos da Força Conjunta e do Exército. O segundo, e aquisição; obter novos FAO (recrutas) para garantir que uma população saudável seja mantida e capaz de preencher a estrutura mencionada acima. Em seguida, desenvolver; criação de um oficial individual de acordo com a orientação e apoiar as iniciativas do DoD, Joint e do Exército para impactar a força mais ampla da FAO. Finalmente, distribuição; dirigir orientação de pessoal suplementar aos oficiais de recursos humanos para apoiar a atribuição dos oficiais na estrutura do DoD. (AR 600-3, 2019)

O programa de FAO começa com o processo de seleção de dirigentes conhecido como Programa de Incentivo de Transferência Voluntária (VTIP). O rigoroso processo de seleção para esta seleção de ramo funcional, normalmente entre os postos de capitão e major, segue os seguintes requisitos mínimos (AR 600-3, 2019):

• Conclusão do Curso de Carreira de Capitães;

• Sucesso em Posição chave (Comandante, Chefe de Operações, etc.) de desenvolvimento (12 meses) no ramo básico e demonstraram potencial de promoção;

• Pontuação do exame de registro de pós-graduação acima da média nos últimos 5 anos ou ter um título de mestrado aprovado pelo proponente;

• Questionário e/o Entrevista; e

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Figura 3. Objetivos de ensino- Oficial de Área Estrangeira

Fonte: DA PAM 600-3, 2014.

Após a seleção, e conforme descrito acima, o objetivo é treinar o membro da força singular para obter as perspectivas das habilidades funcionais e regionais. De acordo com o AR 600-3, 2019, o treinamento do FAO normalmente consiste no seguinte:

• Treinamento em idiomas, entre 26 e 63 semanas de duração, com o objetivo de alcançar proficiência em compreensão oral, leitura e fala; • Curso Conjunto para FAO; projetado para fazer a transição do ramo de

carreira. Também fornece uma estrutura inicial e ferramentas para permitir o desenvolvimento futuro;

• Treinamento específico em determinada região, conduzido nas operações da embaixada, funções de cooperação de segurança, familiarização regional, escola de funcionários estrangeiros;

• Mestrado com Foco Regional (Escola Civil Avançada); e

• Educação de nível intermediário (anteriormente conhecido como Curso de Comando e Estado-Maior), um requisito de núcleo comum para oficial deste nível.

Após a conclusão do respectivo treinamento, o oficial deve ter uma compreensão de sua região por meio do auto estudo da cultura e do idioma. O tempo de treinamento do FAO pode ser de até três anos. Portanto, claramente este programa requer recursos significativos em termos de investimento monetário e tempo. Em

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termos de retorno desse investimento para o DoD, podemos obter uma apreciação disso por meio do modelo de ciclo de vida de carreira do FAO.

Figura 4 - Modelo de ciclo de vida de carreira de FAO

Fonte: DA PAM 600-3, 2014.

No modelo de desenvolvimento acima, podemos observar um plano de carreira detalhado e meticulosamente administrado para o FAO. Para o Exército dos EUA e para o DoD, os benefícios de uma carreira de FAO bem administrada se mostram essenciais à medida que o oficial ganha experiência. Diferente de outros oficiais do posto de Tenente Coronel, os FAO contribuem para o Teatro de Operações e a Estratégia Nacional. Um coronel, considerado um profissional sênior, pode influenciar a política nacional e externa, interagências e muitas vezes ser a única representação da Defesa em um país ou região. Essas competências estabelecidas pelo programa de FAO são atípicas em qualquer força singular. É por esta razão que os FAO, como soldados estadistas, são verdadeiramente multiplicadores de forças em todo o mundo.

Os FAO e seus empreendimentos são conhecidos pelos militares brasileiros como irmãos de armas na Cooperação para a Segurança. Como facilitadores críticos focados na missão de aconselhar, engajar, servir e treinar. Nesse sentido, o Brasil pode se beneficiar de um programa semelhante à medida que amplia os interesses globais e nacionais.

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5 POLÍTICA DE COOPERAÇÃO EM SEGURAÇA ATUAL

Temos usado ministérios de Relações Exteriores para tratar de questões de segurança, mas essa prática está desatualizada. É hora de atribuir o tratamento da segurança regional às organizações nacionais e instituições especializadas. (Enrique Peña Nieto, Presidente do México)

Neste capítulo, observam-se as estratégias e diretrizes nacionais e de Defesa do Brasil e dos EUA que orientam os respectivos programas de cooperação em segurança atuais, além da revisão dos requisitos e diretrizes do Ministério da Defesa do Brasil e do Departamento de Defesa dos EUA que orientam o programa nos EUA. Essa orientação possibilita a análise da priorização e viabilidade do estabelecimento de um programa de cooperação brasileiro.

Nos EUA, a Cooperação de Segurança é inerentemente um processo interagências e requer todo um esforço governamental. No total, observamos três

níveis de documentos-chave: Estratégia Nacional de Segurança (NSS), Estratégia

Nacional da Defesa (NDS) e a Diretriz de Departamento da Defesa (DODD). É importante mencionar que, através de Diretriz de Política Presidencial 23, o Departamento de Estado (DoS) foi identificado como a agência líder para a Política de Assistência ao Setor de Segurança dos Estados Unidos e todos os esforços de Assistência de Segurança e Cooperação de Segurança requerem coordenação e consentimento entre as agências. Assim, os recursos para os programas de apoio internacional vêm originalmente do DoS, sendo que o DoD e organização encarregada de executar.

É importante observar no início desta discussão que o modelo de Cooperação de Segurança dos EUA tem suas falhas. Este processo interagências às vezes pode ser um desafio devido à diversidade de processos e atores envolvidos.

Frequentemente, parceiros internacionais que lutam para aprender as diferentes maneiras e meios das várias agências implementadoras, nossos próprios parceiros interagências podem ficar confusos ao navegar pelos vários sistemas, doutrinas e processos. Os FAO servindo em nações amigas são os especialistas para auxiliar no processo e, em última instância, na implementação desses programas.

Ainda outro aspecto importante, no contexto internacional, Segurança é algo muito maior que Defesa e está acima desta, uma vez que depende de todos os campos do Poder Nacional para que ela exista realmente. Didaticamente, é

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necessário compreender a diferença entre Segurança Nacional e Segurança Pública, para que possamos prosseguir neste tema. Ao longo dos anos, o termo Segurança tem sido empregado como sinônimo de emprego de forças policiais. Neste texto, o termo se refere à soberania nacional.

Para os EUA, o alinhamento da estratégia nacional começa com o Presidente e os líderes em todo o governo. Com uma visão cuidadosamente elaborada na Estratégia Nacional de Segurança, que nos EUA é composta de tarefas e ações, a orientação se transforma em ação nos departamentos e agências.

O documento é composto por quatro pilares e contexto estratégico regional. Neste documento, obtemos uma avaliação dos interesses dos EUA e com base no realismo que é orientado por resultados, em vez de ideologia. Os princípios de que "paz, segurança e prosperidade dependem de nações fortes e soberanas [...] que cooperam para promover a paz no exterior" (EUA, 2017) fornecem orientação junto com ações regionais prioritárias para elementos do poder dos Estados Unidos para alcançar os estados finais desejados. Afirmando explicitamente neste hemisfério, apoiar a cooperação em segurança para estados estáveis, amigáveis e prósperos com valores e interesses econômicos comuns para reduzir ameaças.

No Departamento de Defesa, o Secretário de Defesa, junto à liderança civil responsável no Gabinete de Segurança de Defesa (OSD), são os responsáveis para escrever a Estratégia Nacional de Defesa (NDS). No caso da Estratégia Nacional de Defesa dos EUA ela é a orientação principal para as dimensões de defesa da segurança nacional. O documento fornece vários trechos para estabelecer prioridades e objetivos no âmbito da cooperação militar. Os objetivos da defesa incluem:

• Defender a pátria de ataques;

• Manter as vantagens militares da Força Conjunta, tanto globalmente quanto em regiões-chave;

• Dissuadir adversários de agredir nossos interesses vitais;

• Permitir que contrapartes interagências dos EUA promovam a influência e os interesses dos EUA;

• Manutenção de equilíbrios de poder regionais favoráveis no Indo-Pacífico, Europa, Oriente Médio e Hemisfério Ocidental;

• Defesa de aliados da agressão militar e reforço de parceiros contra a coerção, e divisão justa das responsabilidades pela defesa comum;

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• Prevenir ou dissuadir adversários estatais e atores não estatais de adquirir, proliferar ou usar armas de destruição em massa;

• Impedir que terroristas direcionem ou apoiem operações externas contra os Estados Unidos e seus cidadãos, aliados e parceiros no exterior; • Garantir que domínios comuns permaneçam abertos e gratuitos;

• Fornecer desempenho continuamente com acessibilidade e velocidade à medida que mudamos a mentalidade, cultura e sistemas de gestão departamentais; e

• Estabelecer uma Base de Inovação de Segurança Nacional incomparável do século XXI que apoie efetivamente as operações do Departamento e mantenha a segurança e a solvência. (NDS, 2018)

A estratégia identifica um ambiente de segurança cada vez mais complexo e fornece três linhas principais de esforço críticas. Destas, a segunda linha de esforço - fortalecer alianças e atrair novos parceiros - claramente serve como um princípio fundamental para as relações exteriores militares. Além dessa linha de esforço, o documento também orienta a liderança militar dos EUA a construir ou manter "uma Força Conjunta letal, resiliente e rapidamente inovadora, combinada com uma constelação robusta de aliados e parceiros". Instrui que no Talent of the American

Warfighter devemos desenvolver líderes que sejam competentes na tomada de

decisões a nível nacional. Atenção específica à “educação e atribuições que aumentam a compreensão dos processos de tomada de decisão entre agências, bem como alianças e coalizões”. Com relação à linha de esforço do DoD, fortalecer alianças e atrair novos parceiros (NDS, 2018):

• Fortalecer e desenvolver nossas alianças e parcerias em uma rede estendida, capaz de se concentrar em três ações dissuasivas ou decisivas para enfrentar os desafios comuns de nosso tempo. Vamos nos concentrar em três elementos para alcançar uma rede capaz de alianças e parcerias;

• Manter uma base de respeito mútuo, responsabilidade, prioridades e prestação de contas;

• Expandir mecanismos consultivos regionais e planejamento colaborativo. Vamos desenvolver novas parcerias em torno de

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interesses comuns para reforçar as coalizões regionais e a cooperação em segurança; e

• Aprofundar a interoperabilidade.

De forma mais detalhada, a Diretriz do Departamento de Defesa (DODD) 5132.03 identifica o Subsecretário de Defesa para Política [USD (P)] como o assistente principal da equipe e assessor do Secretário de Defesa para todos os assuntos sobre a formulação da política de cooperação de segurança, e o Diretor da Agência de Cooperação de Defesa (DSCA) como o responsável pelo fornecimento de ampla orientação para os componentes do DoD na execução dos programas de segurança. Além disso, orienta o DSCA a gerenciar e administrar os programas do Código dos Estados Unidos Título 10 (autoridade DoD) e 22 (autoridade DoS) pelos quais o DSCA tem responsabilidade. A Diretriz não dá autoridade ao DSCA sobre os componentes do DoD, em vez de entregar ao Diretor do DSCA a seguinte tarefa delineada: “apoiar os componentes do DoD no planejamento e execução da Cooperação de Segurança.” (DODD 5132.03).

Também é nosso guia para comando conjunto que fala que a política do Departamento de Defesa afirma que, para “atingir os objetivos de segurança nacional e o sucesso nas operações atuais e futuras”, os departamentos do serviço militar devem desenvolver um quadro de Oficiais de Relações Exteriores. (DODI 1315.17-2005)

“Os escritórios diplomáticos militares nas embaixadas e postos diplomáticos dos EUA devem ter funcionários comissionados com uma ampla gama de habilidades e experiências. Os oficiais também devem ser versados em assuntos político-militares; familiarizado com fatores políticos, culturais, sociológicos, econômicos e geográficos dos países e regiões em que estão estacionados; e proficiente na (s) língua (s) predominante (s) das populações dos países e regiões residentes. Da mesma forma, os componentes do DoD requerem oficiais com capacidades semelhantes para servir em suas organizações.” (DODI 1315.17-2005 e 1315.20-2007)

Além disso, abordando o importante papel que o FAO desempenha, esta política afirma que:

“os Comandos Combatentes devem ter as capacidades de combate necessárias para obter sucesso no campo de batalha não lineares do futuro. Essas capacidades críticas de combate na guerra incluem proficiência em língua estrangeira e conhecimento detalhado das regiões do mundo, obtido por meio de estudo aprofundado e experiência pessoal”. (DODI 1315.17)

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O texto específico dos elementos acima mencionados demonstra claramente o desejo e o esforço nacional alinhados com a cooperação em segurança. À medida que o DoD combina orientação para criar profissionais e desenvolver líderes para atender a esses objetivos, a função do Oficial de Área Estrangeira surge como um recurso-chave para utilização estratégica, operacional e tática. O Exército dos EUA e o DoD reconhecem a importância de ter oficiais com habilidades linguísticas e interculturais. A educação e o treinamento preparam para o que se sabe; a experiência prepara para o que não se faz.

A seguir, a Política brasileira será explorada, particularmente no campo da cooperação internacional em segurança.

O setor de Defesa é constituído por diversos instrumentos militares, econômicos e diplomáticos em que seu ordenamento e execução refletem não apenas no país de origem, como também, em toda a comunidade internacional. O Brasil, por sua vez, possui uma característica pacifista por tradição. Dessa forma, conduz suas relações internacionais pelos princípios constitucionais da não intervenção, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos e democracia. Sendo essa convivência harmônica parte da identidade nacional. (BRASIL, 2008)

A compreensão e transparência dos objetivos e da política de um país no campo da defesa nacional são cruciais para o estabelecimento de relações de confiança entre diferentes Estados nacionais, como também, entre sociedade e governo. Inclusive a Política Externa Brasileira também está relacionada ao tema abordado. É para esse fim que a Constituição da República Federativa do Brasil e o Livro Branco, que em conjunto com a Estratégia Nacional de Defesa, a Política Nacional de Defesa, são os meios de esclarecimento e disseminação das atividades de Defesa no Brasil, tanto para a sociedade brasileira, quanto para a comunidade internacional. (BRASIL, 2008)

Ademais, é possível observar outros aspectos no documento Diretriz para as Atividades do Exército Brasileiro na Área Internacional (DAEBAI) que estabelece orientações chave de caráter geral para atividades internacionais executadas pelo Exército Brasileiro. Nesse cenário é necessário enfatizar aspectos pontuais e relevantes.

No Brasil, como nos Estados Unidos, o país fornece ampla orientação da liderança para suas forças militares. Para esse fim neste capítulo são apresentados e introduzidos esses importantes documentos de maneira breve, analisando a política

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guiada pelos temas chave de cooperação e segurança. Esses textos são referências fundamentais para o entendimento das forças armadas no Brasil e possuem um importante marco na transparência e divulgação de informações sobre o tema tanto para a sociedade brasileira como para o ambiente internacional.

A seguir, nos próximos parágrafos, será apresentado o que são esses documentos e qual sua importância. Após conhecer os seus aspectos básicos neste texto, estaremos prontos para detalhar os seus conteúdos ao longo da nossa discussão sobre Defesa Nacional.

Vale ressaltar que o princípio norteador é a Constituição da República Federativa do Brasil, em define em seu art.4º as relações internacionais do Brasil descritas a seguir:

I - Independência nacional;

II - Prevalência dos direitos humanos; III - Autodeterminação dos povos; IV - Não-intervenção;

V - Igualdade entre os Estados; VI - Defesa da paz;

VII - solução pacífica dos conflitos; VIII - repúdio ao terrorismo e ao racismo;

IX - Cooperação entre os povos para o progresso da humanidade; e X - Concessão de asilo político

No mesmo artigo a Constituição destaca áreas geográficas de muita importância em que buscará a integração econômica, política, social e cultural com países estrangeiros.

O Livro Branco da Defesa Nacional do Brasil (LBDN) é uma publicação oficial do governo brasileiro criada pela Lei Complementar n° 136, de 25 de agosto de 2010. Inclusive, por coincidência, neste mesmo dia é comemorado o dia do Soldado no Brasil. Este texto trata de assuntos referentes à Defesa nacional e de competências do Ministério da Defesa, sobre os objetivos, avanços e desafios da sociedade brasileira associado ao âmbito internacional em matéria de Defesa nacional. O seguinte documento fornece um contexto amplo da Política e Estratégia de médio e longo prazos em planejamento da Defesa. Como é pontuado no Capítulo 1 – O Estado Brasileiro e a Defesa Nacional, discorre sobre um conjunto de medidas e ações do

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Estado, com ênfase na expressão militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderantes externas, potenciais ou manifestas.

O documento aproxima a sociedade civil sobre o tema da Defesa, importante que também explicita a relação entre o Ministério da Defesa e a indústria de defesa do Brasil. Como nos EUA, a política abarca a relação em contexto das prioridades nacionais e recursos na esfera doméstica como na internacional. Nesse sentido, um FAO do Exército poderia ter autonomia para acompanhar os interesses, executar e acompanhar outros objetivos em Política Nacional de Industria de Defesa, Política Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação de Defesa, e Política Nacional de Obtenção de Produtos de Defesa.

A Estratégia Nacional de Defesa (END), documento publicado em 2008, e revisto em 2012, 2016 e 2020, é um plano de ações estratégicas de médio a longo prazo que prioriza a modernização de estrutura nacional de Defesa, atuando em três eixos estruturantes: organização, orientação e emprego das Forças Armadas, estruturação da indústria brasileira de material de defesa e políticas de composição dos efetivos das Forças Armadas.

A partir dessa definição, entende-se que a Estratégia Nacional de Defesa é inseparável de estratégia nacional de desenvolvimento, ambas estão correlacionadas e incentivam a nacionalidade e a construção da Nação. Desse modo, vinculam o conceito e o princípio de independência nacional à responsabilidade constitucional das Forças Armadas de resguardar a soberania.

No que tange ao documento Estratégia Nacional de Defesa, a capacitação tecnológica autônoma é essencial tanto para a Defesa como para o desenvolvimento, como observamos na criação da Secretaria de Produtos de Defesa (SEPROD) em 2010 para atingir tecnologias na área da Defesa Nacional. Nos aspectos relacionados à tecnologia autônoma e poupança estrangeira é retratado similarmente no programa dos EUA. Assim, existe a oportunidade para oficiais brasileiros especializados na área internacional implementar uma dimensão estratégica à base industrial de Defesa e a utilização de desenvolvimento tecnológico direcionado às operações das Forcas Armadas. Logo, para a ampliação desse conceito de segurança depende do fortalecimento da cooperação com os demais países.

A Política Nacional de Defesa (PND) é o documento condicionante de mais alto nível do planejamento de ações destinadas à defesa nacional coordenadas pelo

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Ministério da Defesa, atualizado em 2020. A PND estabelece objetivos e diretrizes para o preparo e emprego da capacitação nacional, com o desenvolvimento dos setores militar e civil, voltada contra ameaças externas.

Assim, está dividida em duas partes: a primeira é política, a qual aborda os conceitos e objetivos de defesa, além de análises em relação aos ambientes interno e externo. A segunda é estratégica, focada nas orientações e diretrizes inerentes à segurança nacional. Neste documento, são explicitados os conceitos de Segurança e de Defesa Nacional, analisados nos ambientes nacional e internacional, e estabelece os Objetivos Nacionais de Defesa adotando os seguintes conceitos:

I – Segurança é a condição que permite ao País preservar sua soberania e integridade territorial, promover seus interesses nacionais, livre de pressões e ameaças, e garantir aos cidadãos o exercício de seus direitos e deveres constitucionais;

II – Defesa Nacional é o conjunto de medidas e ações do Estado, com ênfase no campo militar, para a defesa do território, da soberania e dos interesses nacionais contra ameaças preponderantemente externas, potenciais ou manifestas.

Desse modo, a Política Nacional de Defesa correlaciona os princípios das relações internacionais sendo contrário a qualquer forma de ameaça à paz e segurança mundial. Aborda também direções para os esforços do Brasil na área internacional, sempre buscando parcerias estratégicas, visando ampliar seu cenário e opções de cooperação na defesa e as oportunidades de intercâmbio. Assim, é perceptível que nesse contexto, o FAO é capaz de contribuir de maneira significativa na segurança internacional, nas operações de paz, como foi possível observar na introdução no exemplo de MINUSTAH, assim como, em parcerias estratégicas em cooperação e defesa. Então, fica claro que essa organização tem os instrumentos para alcançar as metas e objetivos desejados.

A Diretriz para as Atividades do Exército Brasileiro na Área Internacional (DAEBAI) trata de uma regulamentação a qual busca enfatizar a diplomacia militar como um dos instrumentos capazes de atender às demandas do Exército brasileiro no campo das relações internacionais. A fundamentação desse documento é bem expressiva nos marcos legais no que discerne à área internacional, possuindo uma

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contribuição para o processo de transformação do Exército de maneira muito expressiva. Além disso, está intrinsicamente correlacionada aos documentos anteriormente citados.

Este documento também inclui elementos de orientação específica da Política Militar da Defesa (PMD) e da Estratégia Militar de Defesa (EMD), que especificam um objetivo brasileiro de aumentar as relações com as Forças Armadas da Nação Parceira para incluir a pequena comunidade de países de língua portuguesa. O aumento declarado nas atividades desejadas cai sob a rubrica de Cooperação de Segurança, Operações Humanitárias e de Manutenção da Paz.

“As atividades na área internacional desenvolvidas pelo EB são coordenadas pelo Estado-Maior do Exército (EME), em atendimento ao constante na presente Diretriz e coerentes com os objetivos e prioridades fixados pelo Comandante do Exército.” (DAEBAI, p 14).

A finalidade dessa análise tem como diretriz chave para orientações básicas para os planejamentos, execução e controle das atividades do Exército Brasileiro na área internacional. Esse documento define os critérios a fim de alcançar os objetivos estratégicos definidos pelo seu sistema de planejamento. Destaca também outros princípios, como Unidade de Ação em conjunto com a Política Externa Brasileira (PEB); acordos no âmbito bilateral e multilateral; integração e coordenação de esforços e, também, eficácia e aplicação dos meios.

No decorrer do texto, para o Exército Brasileiro os propósitos da Diplomacia Militar são essenciais para esta discussão. Sendo definida como: “promover intercâmbios e cooperações, construindo relações de confiança mútua, com a finalidade de colaborar com a capacitação do pessoal, a segurança, o desenvolvimento, a estabilidade regional e a paz mundial.” (BRASIL, 2016, p. 15)

O Exército Brasileiro, exercendo a diplomacia militar, realizará suas atividades internacionais buscando atingir os principais objetivos ao implementar tropas brasileiras no contexto nacional e internacional.

Como visto na Diretriz do DoD e o Exército do Estados Unidos da América, nesta diretriz as atividades da Diplomacia Militar são a seguir listadas:

• missões permanentes no exterior junto às representações diplomáticas, organizações militares de ensino ou instrução, organismos internacionais, comissões e outras;

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• conferências e reuniões, bilaterais ou multilaterais, com a participação de representantes do Exército no Brasil ou no Exterior;

• cursos, estágios, seminários e visitas, tanto de militares brasileiros no exterior quanto de autoridades e militares estrangeiros no Brasil, a fim de tratar de assuntos de interesse do EB;

• intercâmbios militares diversos;

• exercícios/treinamentos em conjunto com tropas estrangeiras no Brasil e no exterior;

• participações em missões de paz;

• participações em missões humanitárias;

• gestões para compra e venda de Produtos de Defesa (PRODE), seus componentes e matérias primas;

• assinatura de entendimentos, convênios, termos aditivos, arranjos técnicos, instrumentos de parceria, cartas de intenção e documentos afins; e

• outras missões eventuais.

No que se refere aos interesses específicos do Exército, os programas de Cooperação de Segurança e Defesa poderão incluir a atuação de adidos militares e o fornecimento de oportunidades de intercâmbio a partir de parcerias estratégicas com diversos países em específicas áreas de relevância. No tocante às prioridades: “visam marcar presença seletiva da Força no cenário internacional, buscando novos conhecimentos e experiências, cultivando as relações de amizade, de confiança e de reciprocidade com os exércitos das nações amigas.” (BRASIL, 2016, p.18)

Na sessão Coordenação, Controle e Avalição são anunciados a formação dos representantes do Exército brasileiro no estrangeiro. Esse documento é um guia que estabelece os seguintes requerimentos de capacidade para atuação no exterior: idioma estrangeiro, cultura, conhecimentos regionais. Além disso, tem como chefia o Estado Maior do Exército (EME) por intermédio da 5ª Subchefia, em que a Portaria nº 314-EME, de 3 Dez 15, criou o Assessor Militar para Assuntos Internacionais.

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No Brasil, os Oficiais de Ligação do Exército Brasileiro são o que há de mais próximo ao Oficial de Área Estrangeira dos Estados Unidos (FAO). Não está claro se um oficial de ligação do exército como adido militar faz as mesmas tarefas que um FAO adido ou se esse oficial no Brasil permanece próximo ao tema internacional durante sua carreira militar. É possível observar que o retorno do investimento do Exército Brasileiro nesse esforço é o seguinte: atender as demandas geradas pelo Sistema de Doutrina Militar Terrestre pela atualização da doutrina de emprego da Força; provocar retroalimentação do sistema com a finalidade de permitir os reajustes necessários nos planos e, ao final, elaborar um relatório e participar de outras atividades que difundam o conhecimento. (BRASIL, 2016, p.19-20)

Outro aspecto similar relacionado à Diplomacia Militar e aqueles que a executam, existe uma lei que estabelece normas especiais para compras, as contratações e o desenvolvimento de produtos de sistemas de defesa. (Lei nº 12.598, de 21 de março de 2012). Nesse caso, um FAO tem direito, habilidade e responsabilidade para este tipo de atividade, o qual nas diretrizes brasileiras não é bem detalhado e definido diante dos interesses brasileiros.

Sendo assim, fica claro que o Brasil apresenta um guia extenso e profundo na questão da Cooperação e Segurança Internacional. O Brasil tem interesse em promover a ordem no sistema interno, incluindo o domínio da segurança, como observamos na Constituição em que enaltece a proteção da soberania, a defesa da pátria e também o desenvolvimento nacional incentivando manutenção de alianças com nações estrangeiras. Como um todo, nos documentos de Defesa os quais foram retratados anteriormente, o Livro Branco, Estratégia Nacional de Defesa e Política Nacional de Defesa tem como fim estabelecer uma organização de coordenação e de objetivos para a Cooperação de Segurança e Defesa visando o futuro desenvolvimento do Brasil. Vale ressaltar que o papel dos militares brasileiros neste tema é apoiar os objetivos de liderança civil.

Por fim, analisamos a DAEBAI que se apresentou mais próxima em proporcionar um programa similar ao FAO norte americano em que o Exército brasileiro busca aumentar sua projeção no cenário internacional com o intuito de desenvolver as competências essenciais para o desempenho profissional. Assim, o Brasil tem experiência no exterior na área da diplomacia militar e suporte para a segurança mundial. A exemplo disso, o Brasil liderou operações internacionais de manutenção da paz não apenas no Haiti, mas na República Democrática do Congo,

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como também, um contra-almirante brasileiro comandou as forças navais da ONU na costa do Líbano.

Dessa forma, nesta última diretriz, os únicos requerimentos observados e exigidos são: atender as demandas geradas pelo Sistema de Doutrina Militar Terrestre; provocar retroalimentação e elaborar um relatório. Logo, a partir desta análise, é de interesse o aproveitamento de experiências e ensinamentos decorrentes de missões no exterior para o Brasil e suas Forças. Em contraste, como observado nos capítulos anteriores, há um dedicado grupo de profissionais capacitados na área de atuação estrangeira, sendo a oportunidade no futuro para o desenvolvimento de recursos duradouros na promoção da cooperação brasileira em segurança.

Referências

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