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IMPACTOS DO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE RETROCESSO AMBIENTAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO BRASILEIRA

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IMPACTOS DO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE RETROCESSO AMBIENTAL NAS

POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Autores: WASHINGTON COSTA, MARCO TULLIO BRAZÃO SILVA, WELLEM RIBEIRO DA SILVA,

MARIA DAS DORES CORDEIRO VIEIRA, AUDREI SANTOS COSTA, ANDREI SANTOS COSTA

IMPACTOS DO PRINCÍPIO DA VEDAÇÃO DE RETROCESSO AMBIENTAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO BRASILEIRA

INTRODUÇÃO

Políticas públicas educacionais são decisivas para transpor as fronteiras do conhecimento pela construção qualitativa do ensino brasileiro. Contudo, sua fragilidade demonstra pequenez condicionada à máxima descontinuidade dessas políticas. Diante disso, objetiva-se investigar se as políticas educacionais possam ser condicionadas ao Princípio da Vedação de Retrocesso Ambiental do ramo do Direito do Meio Ambiente brasileiro, especificamente, saber da possibilidade da continuidade das políticas públicas educacionais. A relevância disso justifica-se na necessidade de políticas educacionais sem retrocessos e ao sabor de desenvolvimento sadio e permanente. Foi discutindo-se o Princípio da Vedação do Retrocesso Ambiental como diálogo e contribuição científica para a grande área do estudo, que se procedeu à revisão da literatura.

MATERIAL E MÉTODOS

Concentra-se no método hipotético-dedutivo, no procedimento monográfico e na pesquisa bibliográfica.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

As políticas socias são implementadas por medidas regulamentadoras efetivadas por Leis e Decretos, que delineiam a Politica Educacional que se quer implementar (SAVIANI, 1999).

No entanto, estudos apontam retrocesso persistente das políticas educacionais. Para Costa, et al (2017), por exemplo,

[…] apresenta políticas públicas tímidas, frágeis e conflituosas, ao sabor de ações insustentáveis. Isso demonstra baixo comprometimento governamental com a educação brasileira. Seria interessante para futuras pesquisas investigar se as políticas públicas educacionais, sobre meio ambiente, possam ser condicionadas ao princípio do não retrocesso ambiental, para que viabilize a continuidade de políticas públicas de educação ambiental.

Com a intervenção antrópica, a questão é ampliada, pois cria-se problemas ambientais e a necessidade de educação ambiental. Ela “será desenvolvida como uma prática educativa integrada, contínua e permanente em todos os níveis e modalidades do ensino formal” de forma interdisciplinar, constituindo em disciplina específica se, e somente se, ocorrer nos casos de extensão e âmbito do seu caráter metodológico, mesmo assim, quando necessário e em cursos de pós-graduação (art. 10, caput, e § 2o da Lei 9.795/99).

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Conhecida como processo inter, multi e transdisciplinar, que permite interação para Sustentabilidade do Meio Ambiente, a educação ambiental é implementada sob a ótica da continuidade dessa Política Nacional de Educação e objetiva práticas cidadãs para a vida no Planeta Terra, como forma de preparação humana para mitigação, adaptação, controle, da degradação ambiental.

Como o Meio Ambiente, o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, sua efetividade e a educação são direitos fundamentais decorrentes de normas-princípios da Constituição Federal de 1988, devem gozar da máxima proteção e eficácia jurídica. Condicionar as políticas públicas ao princípio da vedação de retrocesso ambiental constitui possível caminho para políticas educacionais progressivas, deliberando-se decisivamente contra atos administrativos que acabam “desfazendo o que estava em curso e projetando a idéia de que é com ele que, finalmente, o problema será resolvido” (SAVIANI, 2008, p. 11).

Falar ou escrever sobre educação é tratar de instrumentos metodológicos sempre para educação emancipatória. Rumo ao novo e transcendente às formas ou domínio de poder: liberdade. Sem, contudo, estar-se em busca de respostas supra-humanas para as questões educacionais.

Isso nos remete ao pensamento e ação em Hesíodo: a separação entre o pensar e o fazer, entre metodologia e técnica. A abstração teorética e a estratégia metodológica adequada às práxis educacionais: educação pensada. Fazer educação pensada, por si só, retira qualquer caráter tecnicista das práticas educativas e exalta a necessidade de adequabilidade por parte do educador.

No plano internacional, a Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 estabelece no art. 26 que toda “pessoa tem direito à educação” que “deve visar à plena expansão da personalidade humana”. Mas a confirmação do novo, da educação pensada, e do seu dever de adequabilidade, estão seriamente enrobustecida no art. 225, §1º, Inciso VI, da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) ao determinar que se promova “a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente” (BRASIL, 1988).

Infraconstitucionalmente espraiado nas Leis 9.394/96 e 9.795/99, esse art. traz também as bases conceituais, o direito e as ações de efetividade de proteção do Meio Ambiente e contém o Princípio da Vedação de Retrocesso Ambiental, que visa combater as ameaças de regressão das normas de proteção do Meio Ambiente. Entende-se por esse Princípio

“[…] que uma lei, ao regulamentar um mandamento constitucional, instituir determinado direito, ele se incorpora ao patrimônio jurídico da cidadania e não pode ser arbitrariamente suprimido”. “[…] lei posterior não pode extinguir um direito ou garantia, especialmente os de cunho social […]” “[…] sob pena de promover um retrocesso […]”, sendo “[…] que se veda é o ataque à efetividade da norma” (FIORILLO, 2013, p. 132).

Princípios são normas autônomas do ordenamento jurídico brasileiro que orientam a aplicação das regras a partir da maior relevância que possui no caso concreto. As normas-princípios imprimem orientação para a elaboração, compreensão e a aplicação do Direito e sustentam a validade das regras e das resoluções determinadas por elas. Em distinção, as regras determinam a decisão e estão no campo da validade, enquanto os princípios orientam à aplicação da regra para decisão adequada. Dessa maneira, enquanto as regras definem, aos princípios otimizam e são utilizados em critério de ponderação, aplicando-se, sempre, o de maior peso: o mais relevante (Alexy, apud Amorim, 2005).

Para Bessa Antunes (1999), por exemplo, toda a legislação brasileira está embebecida dos conceitos e ideias de utilização adequada dos recursos naturais. Daí que, como “direito de todos e dever do Estado e da família” […] “promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho” (art. 205 da CRFB/88), está a serviço do Direito Ambiental, como mecanismo direto e de efetividade para o exercício de todos do direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado.

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As práticas educativas de conservação e preservação ambiental (Lei 9.394/96) são possíveis por ações políticas conexas condizentes com mudanças governamentais precoces e potencialmente transformadoras, para entendimento da funcionalidade dos direitos difusos ambientais.

Em sede do Princípio da Vedação de Retrocesso Ambiental, isso não contrasta com a busca da interdependência das relações humanas com o meio ambiente natural e com o estímulo e fortalecimento da consciência crítica (Lei 9.795/99) sobre os complexos problemas ambientais do atual cotidiano de poluição da água, terra e ar.

Ao analisar o princípio, Michel Prieur (2012) trabalha com associação do direito ambiental aos direitos humanos. Elevando-se aquele a este, torna-os iguais: é de onde retira a ideia de intangibilidade do direito ambiental de não ser limitado e nem ser destruído na sua função.

O direito ambiental é reconhecido pelos direitos humanos e por essa razão torna-se direto humano. Os direitos humanos não admitem retrocesso. Sendo o direito ao Meio Ambiente reconhecido como direito humano, então o direito ambiental também não admite retrocesso, dada a perene progressividade dos direitos humanos. E, nesse sentido, os direitos humanos e ambiental reconhecem a não regressão dos direitos fundamentais, assim internacionalmente reconhecidos nas Constituições Federais.

Isso implicação que não se pode legislar para pior, o que vincula a atuação do Poder Legislativo no contexto da produção normativa de caráter ambiental. Nessa vinculação que reside a proibição de legislar para modificação principalmente das disposições ambientais constitucionais e da redução da proteção do direito fundamental, ainda que em caráter infraconstitucional.

No Brasil, está reconhecido “que os direitos ligados ao Meio Ambiente constituem no plano material, e também formal, direitos fundamentais” (PRIEUR, 2012, p. 11). Pensar ou agir em contrário é estar-se diante de inconstitucionalidade por norma contrária à proteção do Meio Ambiente nos aspectos formal e material.

Isso “equivale a considerar que em nome do não retrocesso o legislador tem uma obrigação negativa de não introduzir restrições aos direitos fundamentais adquiridos” (PRIEUR, 2012, p. 13). Assim, as políticas brasileiras devem refletir os interesses da coletividade, aqui, especificamente, na continuidade das políticas sociais educacionais, enquanto mecanismo de efetividade do direito ao Meio Ambiente ecologicamente equilibrado.

Dessa maneira, além de impactarem controlando previamente os atos do Poder Legislativo, entende-se que a proibição de retrocesso impactará a lei e, consequentemente, o Poder Executivo, seus Decretos, Resoluções, Portarias e Instruções Normativa, e as ações e práticas educacionais do Administrador Público. Assim, Leis e Decretos jamais poderão surtir efeito, se publicados, dada a consequência por inconstitucionalidade permanente, sendo as ações do respectivo Administrador, nulas, se contrárias à sua continuidade: o que impõe a proteção jurídica das políticas públicas educacionais que não poderão estar aquém nas leis, nas manifestações jurídicas e nas ações públicas propriamente ditas e realizadas no âmbito educacional, sob pena de “ataque à efetividade da norma” (FIORILLO, 2013, p. 132).

Logo, “ao lado desta intangibilidade de direito constitucionalmente garantidos, existe de maneira mais respaldada uma não regressão imposta não mais à constituição, mas, sim, ao legislador (PRIEUR, 2012, p. 12). E, como a Administração Pública só pode fazer o que a Lei manda, a vedação de retrocesso também atinge todos os órgãos e ações dos agentes públicos do Poder Executivo: Presidente da República, seus Ministros e ministérios, Governadores, Prefeitos e seus respectivos Secretários e Secretarias, promovendo-se a continuidade das políticas educacionais.

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Para Prieur, a não contrariedade da busca da proteção e da preservação do essencial do Meio Ambiente assegura o que ele chama de retrocesso aceitável. Assim, aceitar-se-ia algum retrocesso de políticas educacionais que não comprometessem o desenvolvimento contínua dessas políticas. E, embora “críticos ao princípio de não regressão ambiental não deixarão de invocar uma nova forma de imobilismo ou de conservadorismo”, desconsiderando-se que “o direito ao ambiente não é um direito humano como os demais”, “salvaguardar o que já foi adquirido em matéria ambiental não é uma volta ao passado, mas, ao contrário, uma garantia de futuro” (MMA, acesso em 08 out. 2017). Portanto, tomando-se o direito ambiental como garantia do direito humano e iguais ao direito à vida, o Princípio da Vedação de Retrocesso Ambiental impede o retrocesso dos direitos humanos e do direito ambiental, além de proibir, decisivamente, o retrocesso das políticas sociais e permitir a continuidade das políticas públicas educacionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao fim, o estudo apresenta condicionante para políticas públicas desinibidas, ininterruptas, sólidas, hormônicas e continuamente crescentes. Isso poderá viabilizar comprometimento governamental com a educação brasileira. Seria interessante para as futuras pesquisas investigar a aplicabilidade do Princípio da Vedação de Retrocesso Ambiental pelo Poder Público nas políticas públicas educacionais.

REFERÊNCIAS

AMORIM, Letícia Balsamão. A distinção entre regras e princípios segundo Robert Alexy: esboço e críticas. 2005.

ANTUNES, Paulo de Bessa. Direito ambiental. São Paulo: Atlas, 1999.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, 1988. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em 15 jul. 2017.

_______. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Disponível em: <

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9394.htm>. Acesso em 15 jul. 2017.

_______. Lei nº 9.795, de 27 de abril de 1999. Dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9795.htm>. Acesso em 15 jul. 2017.

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COSTA, Washington Aparecido, et al. Impactos do Retrocesso da Políticas Públicas Educacionais do Brasil. Resumo apresentado no Centro de Ciências Humanas na Universidade Estadual de Montes Claros, 2017.

FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de Direito ambiental brasileiro. 14 ed. rev. ampl. e atual. em face da Rio+20 e do novo “Código” Florestal. São Paulo: Saraiva, 2013.

MMA. Princípio da proibição de retrocesso ambiental. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/93127174/Voto_APROMAC_ANEXO.pdf

>. Acesso em: 08 out. 2017.

PRIEUR, Michel. O princípio da “não regressão” no coração do direito do homem e do meio ambiente. Novos Estudos Jurídicos, v. 17, n. 1, p. 06-17, 2012.

Referências

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