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A Gestão de Resíduos Sólidos em um Condomínio

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Academic year: 2021

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A Gestão de Resíduos Sólidos em um Condomínio

Eliacy Cavalcanti Lélis (UNINOVE/MACKENZIE) eliacylelis@globo.com

Fernando Ziesmann Fortes (UNINOVE) zfortes@uninove.br

Resumo: A educação ambiental enfatizada nos últimos anos tem mostrado que o desenvolvimento sustentável depende de uma gestão ambiental na sociedade, com ações envolvendo a participação de todos. Embora este conceito esteja sendo amplamente difundido, as iniciativas e os resultados obtidos estão aquém do esperado diante dos graves problemas enfrentados pelo planeta. Este artigo apresenta um estudo de caso de gestão de resíduos sólidos em um condomínio. Os resultados revelaram que a identificação desses resíduos é fundamental para o planejamento e a execução de ações que irão minimizar o impacto ambiental desses resíduos. O estudo também revela que a mola propulsora para essas ações serem viabilizadas está na consciência dos condôminos sobre as formas de atuação para uma gestão com cidadania e responsabilidade social.

Palavras-chave: Gestão de Resíduos; Condomínio; Logística Reversa.

1. Introdução

A educação ambiental é uma responsabilidade de todos da sociedade, mas quando tratamos dessa questão de um ponto de vista mais operacional, essa consciência está para muitos no plano conceitual. No dia-a-dia, os resíduos gerados estão aumentando cada vez mais, e embora o planeta Terra tem recentemente dado seus sinais de alerta sobre diversos problemas ambientais, a sociedade está caminhando lentamente na execução de ações que tragam a sustentabilidade para as futuras gerações.

A compreensão da necessidade do gerenciamento integrado dos resíduos sólidos propiciou a elaboração de políticas que consideram os os 3 R’s: reduzir, reutilizar e reciclar, formando um slogan de grande eficácia pedagógica (LAYRARGUES, 2002).

A introdução destes conceitos inserida no programa das escolas foi um dos passos mais promissores e importantes dentro da gestão ambiental. Entretanto, a curto prazo, medidas mais urgentes tem sido necessárias, a fim de minimizar impactos ambientais que podem comprometer o desenvolvimento sustentável em pouco tempo.

Nas empresas, essa questão tem sido impulsionada pela legislação ambiental e/ou com a preocupação com a imagem corporativa perante a sociedade. A resposta da indústria às medidas que precisam ser tomadas em relação ao meio ambiente dependem do grau de risco da atividade produtiva em questão e do grau de conscientização dentro da empresa: controle ambiental nas saídas, integração do controle ambiental nas práticas e processos industriais; e

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problemáticas mais específicas, sendo este o objeto de estudo principal deste artigo. Este artigo objetiva apresentar um estudo de caso sobre a gestão de resíduos sólidos em um condomínio de São Paulo.

A metodologia de estudo e pesquisa deste artigo baseou-se no método dedutivo, com técnicas de pesquisa com abordagem qualitativa e quantitativa, com pesquisa bibliográfica e de campo.

2. A Gestão de resíduos – um estudo de caso em um condomínio 2.1 Considerações gerais

Queremos discutir propostas alternativas de gestão de resíduos no ambiente de condomínios, lidando especificamente com seus resíduos sólidos, visto seu volume e sua gestão cujas particularidades que não são comuns aos moradores de casas. Nos moradores de casas a prefeitura faz a coleta do lixo periodicamente, num trabalho que acompanha ações públicas e abrangentes. Já nos condomínios, sua gestão é responsabilidade dos condôminos, complicando o processo de coleta, consolidação, seleção e encaminhamento do lixo para o seu adequado tratamento, numa gestão ambiental cidadã e responsável.

2.2 A logística reversa na gestão de resíduos sólidos

Um dos maiores desafios da gestão ambiental no mundo contemporâneo é o rastreamento de um produto desde o início do seu ciclo de vida até o fim de sua vida útil. Esse rastreamento indicaria momentos adequados para a utilização de ferramentas de gestão tais como a reciclagem e a reutilização de materiais, reduzindo o impacto ambiental que esses produtos podem trazer para o meio ambiente, e que certamente comprometeria o desenvolvimento sustentável do planeta.

As ferramentas de gestão da logística reversa no pós-consumo dos produtos têm uma atuação direta na gestão ambiental das organizações. As principais questões dessa área envolvem:

–a preocupação com o rastreamento de um produto após o término de sua vida útil;

–a definição de uma estrutura adequada para recebimento e encaminhamento dos produtos que podem voltar a um ciclo de negócios.

A logística reversa é uma operação que controla certos fluxos de matérias-primas, com isso planeja e implementa uma operação de retorno de bens de consumo e bens de pós-venda, traz também o fluxo das informações correspondentes desde o ponto de consumo ao ponto de origem. Nessa gestão há uma preocupação em considerar os aspectos econômicos, ecológico, legal, logístico e de imagem corporativa na cadeia reversa observada (LEITE ,2003).

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Logística reversa de pós-consumo • Reaproveita mento de componentes • Reaproveita mento de materiais • Incentivos a nova aquisição • Revalorizaçã o ecológica Cadeia de distribuição direta Consumidor Bens de pós-venda Bens de pós-consumo Logística reversa de pós-venda • Liberação de área de loja • Redistribuiçã o de estoques • Fidelização de clientes • Nível de serviços • Feedback de qualidade • Imagem corporativa • Competitividade FIGURA 1 – Fluxos logísticos reversos

Fonte: Leite (2003).

A logística reversa de pós-consumo está voltada para a gestão de materiais e informações logísticas referentes aos bens de pós-consumo descartados pela sociedade em geral que retornam ao ciclo de negócios ou ao ciclo produtivo por meio dos canais de distribuição reversos específicos. “A logística reversa de pós-consumo contrariamente a logística reversa de pós-venda, no qual o fluxo reverso se processa por meio da parte da cadeia de distribuição direta, possui uma cadeia própria de canal formada por empresas especializadas por suas diversas etapas reversas, que formar o reverse supply chain.” (LEITE, 2003, p. 83). A Figura 2 apresenta a estrutura da cadeia produtiva reversa de pós-consumo.

A logística reversa pós-venda se ocupa do equacionamento e operacionalização do fluxo físico e informações logísticas correspondentes de bens adquiridos pelo consumidor, sem uso ou com pouco uso, que tiveram, por diferentes motivos, que retornar aos diferentes

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FIGURA 2 – Cadeia produtiva reversa de pós-consudmo

Fonte: Leite (2003).O foco deste artigo está na logística reversa pós-consumo, restringindo sua discussão para a gestão ambiental dos resíduos sólidos.

Vega (2007) explica que há várias formas de classificar os resíduos sólidos: - Por sua composição química: matéria orgânica e matéria inorgânica.

- Por sua natureza física: seco e molhado.

- Pelos riscos potenciais à saúde pública e ao meio ambiente: perigosos, não inertes e inertes. - Quanto a sua origem: domiciliar, comercial, de varrição e feiras livres, de serviços de saúde e hospitalar, de aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários, industriais, agrícolas e entulhos.

A classificação dos resíduos é regulamentada pela ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas, através da NBR 10004, de SET/ 1987- RESÍDUOS SÓLIDOS - CLASSIFICAÇÃO, que classifica os resíduos quanto aos seus riscos potenciais ao meio

Coletores locais 1a consolidação regional (varejo) Consolidação intermediaria (eventual). Última consolidação Varias regiões (distribuidor). Indústria de reciclagem Indústria utilizadora de matéria-prima secundária.

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baterias, produtos químicos.

b) resíduos classe II - Não Inertes: Não se enquadram como resíduos classe I - Perigosos ou resíduos classe III - Inertes e podem ter as seguintes propriedades: combustibilidade, biodegradabilidade ou solubilidade em água. Ex: matéria orgânica e papel.

c) resíduos classe III - Inertes: Não têm constituinte algum solubilizado em concentração superior ao padrão de potabilidade de águas. Ex: rochas, tijolos, vidros e certos plásticos e borrachas que não são decompostos prontamente (VEGA, 2007).

Esse artigo irá delimitar seu foco no estudo para identificação dos resíduos sólidos domiciliares, especificamente em um condomínio situado na cidade de São Paulo. O interesse especial por esse público –alvo deve-se ao fato da gestão do condomínio estar disposta a investir em programas de coleta seletiva de lixo e com a educação ambiental dos seus moradores. A preocupação com a responsabilidade social e o papel como cidadão foram pontos enfatizados pelos condôminos, abrindo suas portas para a realização desse estudo de caso.

2.3 Estudo de caso

Foi realizada uma pesquisa de campo realizada com a campanha “Conheça seu lixo” em um condomínio situado na cidade de São Paulo. A metodologia empregada envolveu uma pesquisa de natureza exploratória com a finalidade de estabelecer parâmetros sobre o perfil atual dos Condôminos, de suas práticas no manejo de seus resíduos e, por fim, do conhecimento da composição do lixo gerado pelas unidades do CCN, que sirvam ao propósito de estabelecer políticas e práticas de gestão dos resíduos no Condomínio.

Foram envolvidas, portanto, a pesquisa de campo na forma de coleta de dados através de questionário semi-estruturado, juntamente com a triagem, classificação e pesagem de resíduos produzidos nas unidades, o que exigiu um período longo de planejamento das ações e dos recursos humanos e materiais para viabilizar a coleta de dados.

A pesquisa exploratória revelou pontos importantes:

- O condômino não separa o material reciclável no interior de suas unidades.

- Os condôminos não adotam práticas de redução do volume de resíduos destinado ao descarte.

- Os condôminos não adotam práticas que favoreçam o serviço de coleta porta a porta nas unidades.

- O interesse em um programa de redução de resíduos é mais forte entre os Condôminos proprietários.

De 392 questionários enviados, houve retorno de 264 condôminos que responderam aos questionários e entregaram seus resíduos para serem medidos. Essas unidades que

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lidam diretamente com os resíduos sólidos e a identificação dos tipos de resíduos sólidos observados.

A Tabela 1 indica o nível de participação dos condôminos de acordo com seu centro de custo, foram divididas em quatro grupos.

TABELA 1- Taxa de retorno dos questionários enviados

Centro de custo Questionários previstos Unidades vagas Questionários enviados Questionários retornados Taxa de retorno (%) Área I 326 61 265 165 62,3 Área II 52 4 48 35 72,9 Área III 47 8 39 28 71,7 Área IV 40 1 40 36 90,0 Totais 465 74 392 264 67,3

Em relação ao perfil dos informantes da pesquisa reveladas na Tabela 2, observou-se que nele predomina diferenças significativas, de acordo com o centro de custo investigado. Esse perfil indicou que o grau de interesse em investir na gestão ambiental do condomínio esteve mais presente entre os moradores- proprietários do condomínio.

TABELA 2- Perfil do informante

Informante Horsa I Horsa II Guayupiá C. Comercial

Morador - - 28 (100,0%) - Sócio diretor 61 (36,9%) 2 (5,7%) - 8 (22,2%) Gerente 14 (8,5%) 16 (45,7%) - 17 (47,2%) Analista/Assessor 42 (25,4%) 6 (17,1%) - 4 (11,1%) Auxiliar 31 ( 18,8%) 11 (31,4%) - 2 (5,5%) Não informado 17 (10,3%) 1 ( 2,8%) - 5 (13,9%) Totais 165 (100,0%) 35 (100,0%) 28 (100,0%) 36 (100,0%)

A Tabela 3 demonstrou que dentro do previsto nas unidades residenciais predomina o morador ou a empregada doméstica como responsável pela coleta de lixo da unidade.

TABELA 3- Perfil dos agentes de limpeza nas unidades avaliadas

Responsável Área I Área II Área IV Área III

Base 165 35 36 28

O condômino 40,0% 2,9% 2,8% 10,7%

Empregado 35,7% 42,9% 61,1% 89,3%

Empresa terceirizada 22,4% 51,4% 30,6% 0,0%

Não informado 1,8% 2,9% 2,8% 0,0%

A Tabela 4 indica o perfil dos resíduos sólidos analisados. Os dados revela que 40% são recicláveis, ou seja, é possível o planejamento de ações que visem a minimização deste volume, reduzindo custos no processo de consolidação da lixo, bem como a realização de parcerias com empresas de reciclagem e com a associação de catadores de lixo, numa aplicaçao das ferramentas de canais de distribuição reverso apresentados no item referente à

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Material reciclável 1478,,329 040,0

Resíduos orgânicos 2214,510 060,0

Total de resíduos 3692,839 100,0

A Tabela 5 mostra o volume de resíduos gerados por área avaliada, destacando que a área IV, é um centro comercial que apresentou o maior índice.

TABELA 5- Volume dos resíduos

Centro de custo 1o . Pesagem (Kg) Volume (L) Reciclável (Kg) 2o. Pesagem (Kg) Vol ideal (L) Área I 515,689 (13,9%) 6330 (11,8%) 343,179 (23,1%) 172,510 (7,8%) 2117 (6,9%) Área II 323,760 (8,7%) 9060 (17,0%) 184,270 (19,7%) 139,490 (6,3%) 4357 (14,3%) Área III 116,250 (3,1%) 1350 (2,5%) 67,050 (7,2%) 49,200 (2,2%) 690 (2,3%) Área IV 2413,380(65,3%) 36610 (68,6%) 610,765 (65,5%) 1853,310 (83,7%) 23184 (76,4%) Totais 3692,839(100,0%) 53350(100,0%) 1478,,329(100,0%) 2214,510(100,0%) 30348 (100,0%)

O fato de a área IV ser um centro comercial que representa 65,3% do total do volume produzido no condomínio, indica com clareza que os quatro centros de custo contribuem de forma bastante desigual na geração de lixo.

Foram estabelecidas metas de redução para cada Centro de Custo, baseadas no cálculo da densidade média de cada condômino da quantidade total de resíduos gerados nas unidades, valor este que serviu de estimativa do volume provável de lixo que cada Centro de Custo obteria se adotasse a separação na fonte do seu material reciclável. A Tabela 6 indica a porcentagem estimada de redução do volume de resíduos, caso se conseguisse a adoção total dos Condôminos ao Programa de Coleta Seletiva nas unidades do condomínio em estudo. TABELA 6- Meta de redução de volume do lixo derivado da separação de reciclável

Centro de Custo Volume obtido na coleta Volume ideal estimado Estimativa de redução no

volume obtido na coleta

Área I 6330 Litros 2117 Litros 66,5%

Área II 9060 Litros 4357 Litros 52,0%

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3. Considerações finais

A identificação dos tipos de resíduos sólidos e das pessoas que lidam diretamente com esse lixo possibilita diversas ações na área de gestão ambiental. Um das ações é que permite a elaboração de um plano de ação visando a minimização dos resíduos domésticos identificados, num trabalho de sensibilização e conscientização dos moradores sobre a importância da seleção do lixo e o papel do morador nesse processo.

Outro aspecto que pode ser trabalhado é a aplicação das ferramentas de gestão da logística reversa, com o estudo da viabilidade de encaminhamento do lixo previamente selecionado no condomínio para empresas de reciclagem que compram esses resíduos.

Ações como estas podem apresentar reformulações para o aprimoramento da meta do Programa Permanente de Coleta Seletiva que pode ser proposta a partir dessa pesquisa, dinamizando a coleta de resíduos, agilizando-a e tornando-a eficiente e eficaz nos quesitos referente a prazo, a qualidade e a resultado.

A continuidade do projeto contribuirá no aprimoramento do setor de Gestão de Resíduos, tornado-o uma referência para todos os interessados em conduzir projetos de gestão de resíduos com atuação responsável e cidadã.

Referências

DONAIRE, D. Gestão Ambiental na Empresa. 2a. ed. São Paulo: Atlas, 1999.

LEITE, P. R. Logística Reversa: Meio Ambiente e Competitividade. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2003. LAYRARGUES, P. P. O Cinismo da Reciclagem: o significado ideológico da lata de alumínio e suas implicações para a educação ambiental. In:Educaçao Ambiental:Repensando o Espaço da Cidadania. São Paulo: Cortez, 2002.

VEGA. Tecnologia e Serviço ao Meio Ambiente. Disponível no endereço:

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