LITERATURA – GÊNEROS
Semelhanças e Diferenças
Leia o texto abaixo, retirado do site Brasil
Escola, o qual aborda a temática dos gêneros
literários:
Os gêneros literários podem ser classificados em três categorias básicas: gêneros épico, lírico e dramático.
A Literatura é uma manifestação artística difícil de ser conceituada. Para nos ajudar a melhor entendê-la, Aristóteles, em sua Arte Poética, definiu aquilo que chamamos de gêneros literários. Portanto, é interessante observar que a história da teoria dos gêneros pode ser contada a partir da Antiguidade greco-romana, quando também surgiram as primeiras manifestações poéticas da cultura ocidental.
Os gêneros literários reúnem um conjunto de obras que apresentam características análogas de forma e conteúdo. Essa classificação pode ser feita de acordo com critérios semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais, entre outros. Eles se dividem em três categorias básicas: gêneros épico, lírico e dramático. Vale salientar também que, atualmente, os textos literários são organizados em três gêneros: narrativo, lírico e dramático.
Gênero épico ou narrativo: No gênero épico ou narrativo há a presença de um
narrador, responsável por contar uma história na qual as personagens atuam em um determinado espaço e tempo.
Gênero lírico: Os textos do gênero lírico, que expressam sentimentos e emoções,
são permeados pela função poética da linguagem. Neles há a predominância de pronomes e verbos na 1ª pessoa, além da exploração da musicalidade das palavras.
Gênero dramático: De acordo com a definição de Aristóteles em sua Arte Poética,
os textos dramáticos são próprios para a representação e apreendem a obra literária em verso ou prosa passíveis de encenação teatral. A voz narrativa está entregue às personagens, atores que contam uma história por meio de diálogos ou monólogos.
INDIVIDUAL
1. A partir da leitura do texto, responda: Há textos os quais não são considerados Literatura? Dê exemplos.
2. O que um texto precisa apresentar para ser considerado um texto literário?
Gêneros
Conta uma história
Lírico
Principal característica
Exemplos
GRUPO
1. Leiam com o seu grupo a coletânea de textos que receberam.
2. O primeiro texto que lemos nos ensina que devemos comparar “critérios
semânticos, sintáticos, fonológicos, formais, contextuais, entre outros” para
classificarmos os gêneros literários. Quais dessas características se destacam
quando os textos são comparados? Destaquem as semelhanças entre eles.
3. Quais outros textos lidos por vocês apresentam essas características?
Listem-nos.
4. Analisem agora o esquema que vocês completaram anteriormente. A qual
gênero pertencem os textos lidos pelo grupo? Justifiquem.
5. Quais diferenças se destacam entre os textos? Isso influencia na interpretação
final? Como?
Nome do Gênero
CHAPEUZINHO AMARELO – Chico Buarque
Era a Chapeuzinho Amarelo Amarelada de medo
Tinha medo de tudo, aquela Chapeuzinho.
Já não ria
Em festa, não aparecia
Não subia escada, nem descia Não estava resfriada, mas tossia Ouvia conto de fada, e estremecia
Não brincava mais de nada, nem de amarelinha
Tinha medo de trovão Minhoca, pra ela, era cobra
E nunca apanhava sol, porque tinha medo da sombra
Não ia pra fora pra não se sujar Não tomava sopa pra não ensopar Não tomava banho pra não descolar Não falava nada pra não engasgar Não ficava em pé com medo de cair
Então vivia parada, deitada, mas sem dormir, com medo de pesadelo Era a Chapeuzinho Amarelo…
E de todos os medos que tinha
O medo mais que medonho era o medo do tal do LOBO. Um LOBO que nunca se via,
que morava lá pra longe, do outro lado da montanha, num buraco da Alemanha, cheio de teia de aranha, numa terra tão estranha, que vai ver que o tal do LOBO nem existia.
Mesmo assim a Chapeuzinho
tinha cada vez mais medo do medo do medo do medo de um dia encontrar um LOBO Um LOBO que não existia.
E Chapeuzinho amarelo, de tanto pensar no LOBO, de tanto sonhar com o LOBO, de tanto esperar o LOBO, um dia topou com ele que era assim:
olhão de LOBO, jeitão de LOBO,
e principalmente um bocão
tão grande que era capaz de comer duas avós, um caçador, rei, princesa, sete panelas de arroz… e um chapéu de sobremesa.
Mas o engraçado é que, assim que encontrou o LOBO, a Chapeuzinho Amarelo foi perdendo aquele medo:
o medo do medo do medo do medo que tinha do LOBO. Foi ficando só com um pouco de medo daquele lobo. Depois acabou o medo e ela ficou só com o lobo.
O lobo ficou chateado de ver aquela menina olhando pra cara dele,
só que sem o medo dele.
Ficou mesmo envergonhado, triste, murcho e branco-azedo, porque um lobo, tirado o medo, é um arremedo de lobo. É feito um lobo sem pelo.
Um lobo pelado.
O lobo ficou chateado. Ele gritou: sou um LOBO! Mas a Chapeuzinho, nada. E ele gritou: EU SOU UM LOBO!!! E a Chapeuzinho deu risada.
E ele berrou: EU SOU UM LOBO!!!!!!!!!!
Chapeuzinho, já meio enjoada,
com vontade de brincar de outra coisa.
Ele então gritou bem forte aquele seu nome de LOBO umas vinte e cinco vezes,
que era pro medo ir voltando e a menininha saber com quem não estava falando:
LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO BO LO
Aí, Chapeuzinho encheu e disse:
“Pára assim! Agora! Já! Do jeito que você tá!”
E o lobo parado assim, do jeito que o lobo estava, já não era mais um LO-BO. Era um BO-LO.
Um bolo de lobo fofo, tremendo que nem pudim, com medo de Chapeuzim. Com medo de ser comido, com vela e tudo, inteirim.
porque sempre preferiu de chocolate.
Aliás, ela agora come de tudo, menos sola de sapato. Não tem mais medo de chuva, nem foge de carrapato. Cai, levanta, se machuca, vai à praia, entra no mato, Trepa em árvore, rouba fruta, depois joga amarelinha, com o primo da vizinha, com a filha do jornaleiro, com a sobrinha da madrinha
e o neto do sapateiro.
Mesmo quando está sozinha, inventa uma brincadeira. E transforma em companheiro cada medo que ela tinha:
O raio virou orrái; barata é tabará; a bruxa virou xabru; e o diabo é bodiá. FIM
(Ah, outros companheiros da Chapeuzinho Amarelo: o Gãodra, a Jacoru,
o Barãotu, o Pão Bichôpa… e todos os trosmons).
UM APÓLOGO – Machado de Assis
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa. — Decerto que sou. — Mas por quê?
— É boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? — Você? Esta agora é melhor. Você é que oscose? Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás, obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do imperador. — Você é imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela,
unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuo u ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: — Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária
Canção do Exílio - Gonçalves Dias
Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Que tais não encontro eu cá; Em cismar — sozinho, à noite — Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem qu'inda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá.
Soneto de separação – Vinicius de Moraes
De repente do riso fez-se o pranto Silencioso e branco como a bruma E das bocas unidas fez-se a espuma E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento Que dos olhos desfez a última chama E da paixão fez-se o pressentimento E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente Fez-se de triste o que se fez amante E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante Fez-se da vida uma aventura errante e repente, não mais que de repente.
ESTE SEU OLHAR – Tom Jobim
Este seu olhar quando encontra o meu Fala de umas coisas
Que eu não posso acreditar Doce é sonhar, é pensar que você Gosta de mim como eu de você
Mas a ilusão quando se desfaz Dói no coração de quem sonhou
Sonhou demais, ah! se eu pudesse entender O que dizem os seus olhos