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Mestrado em Gestão da Informação e Bibliotecas Escolares SABER OLHAR SABER APRENDER. Um exemplo prático

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Academic year: 2021

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TIC em Ambientes Educativos – Atividade 5 – Fase 2 1 SABER OLHAR – SABER APRENDER

Um exemplo prático

As grelhas que se seguem foram concebidas tendo em vista duas sessões na BE, de 45 minutos cada, resultantes de uma articulação pedagógica entre a BE e as disciplinas de Espanhol, de História e de Educação Visual, a partir de imagens digitais do “Guernica” de Picaso. A atividade destinar-se-ia a alunos do 9º Ano, sendo uma condição indispensável os alunos não conhecerem as interpretações que existem sobre este quadro e o que sobre ele se tem dito. A simplicidade das grelhas, dos conteúdos e das tarefas propostas procurou corresponder à faixa etária e ao nível escolar dos alunos.

Objetivos:

Apreciar esteticamente as imagens de um quadro de Pablo Picasso;

Saber mais sobre o pintor (circunstâncias da sua vida e características da obra); Conhecer alguns aspetos da História recente de Espanha, no que toca a Guerra Civil; Aprender a observar e a interpretar imagens;

Inferir conclusões pessoais, a partir da interpretação de imagens; Confrontar as interpretações pessoais com interpretações de outros.

Competências:

Desenvolver a literacia visual, relacionando-se criticamente com a imagem; Saber olhar e ler uma imagem, aprendendo a partir dela;

Saber reconhecer a natureza artística de uma imagem, pela sua riqueza criativa, o seu cunho pessoal e o seu poder expressivo.

Breve descrição da atividade: 1ª Sessão:

Numa primeira análise, seriam mostradas as imagens do quadro de Picasso aos alunos, mediante a sua projeção. Os professores envolvidos estariam sentados entre os alunos e todos se posicionariam como espectadores. A professora bibliotecária iria propor um diálogo, em que cada aluno expressaria o que via nas imagens (com uma ou outra intervenção dos adultos – sem induzir opiniões). O professor de Ed. Visual seria o moderador desta fase.

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TIC em Ambientes Educativos – Atividade 5 – Fase 2 2 De seguida, seria mostrado o vídeo “Guernica 3D” (OA3), como mais um contributo para a observação em curso.

Seria, depois, distribuída a Grelha 1, pedindo-se aos alunos que, individualmente, a preenchessem de forma livre e pessoal, baseados nas imagens projetadas.

GRELHA 1 – 1ª análise das imagens

PERCEÇÃO INTERPRETAÇÃO

Significantes – o que vejo nas imagens

Significados – o que me parece que representam os

significantes

Conotações – o que me parece que querem dizer os

significados

Seguir-se-ia um momento de discussão geral, em que os alunos que o desejassem exporiam a sua observação e as suas leituras das imagens, fomentando-se a troca de impressões.

A primeira sessão terminaria com a confirmação da autoria daquele quadro, esclarecendo-se a nacionalidade e a época do pintor e o nome que este atribuiu ao quadro; localização, num mapa de Espanha (projetado), da localidade de Guernica.

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TIC em Ambientes Educativos – Atividade 5 – Fase 2 3 2ª Sessão:

Na sessão seguinte, seriam revelados aos alunos alguns conteúdos prévios para uma nova análise das imagens. Desta vez, o papel orientador caberia aos professores de História e de Espanhol. Projetar-se-ia, então, uma tabela com uma breve síntese dos principais acontecimentos históricos e políticos contemporâneos da produção do quadro em causa:

Factos que rodearam a produção deste quadro

1931: o Rei Afonso XIII abdica e é proclamada a Segunda República, que se identifica com ideais de Esquerda.

1936: Picasso é nomeado pelo governo republicano Diretor do Museu do Prado. 1936: golpe militar da Direita nacionalista contra o governo republicano. Francisco Franco consolida a sua posição como líder dos rebeldes, que ficaram conhecidos como “Falangistas”.

1936 – 1939: Guerra Civil espanhola, opondo Republicanos (Esquerda) a Nacionalistas conservadores (Direita).

A fação republicana, que não teve grande apoio por parte dos países democratas, é reforçada pelo apoio da União Soviética e de voluntários espanhóis e estrangeiros que alistam no exército, alguns deles ligados à vida intelectual e às artes, como E. Hemingway, escritor e jornalista.

Os nacionalistas têm o apoio da Alemanha e da Itália fascistas e de boa parte da população, desejosa de preservar as tradições, a religião e os valores sociais e culturais que conhecia.

1937: Hitler, que apoia a fação nacionalista, envia para Espanha os bombardeiros da “Legião Condor”, testando as máquinas que lhe trariam vitórias no início da Segunda Guerra Mundial.

Bombardeamento de Guernica, no País Basco. Contaram-se mais de 1.500 mortos e quase 1000 feridos, numa população não superior a 7 mil habitantes. Picasso pinta uma tela de grandes dimensões a que dá o nome de “Guernica”, para a Exposição Internacional de Paris, neste ano, correspondendo a uma encomenda do governo.

1939: vitória dos franquistas; exílio ou prisão e morte dos republicanos.

Picasso, que já tinha residência em Paris, impõe-se a si mesmo o exílio e lá permanece.

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TIC em Ambientes Educativos – Atividade 5 – Fase 2 4 Foram conhecidos os seguintes números, como resultado da Guerra Civil:

400000 mortos em combate, 1000000 de presos e cerca de 100000 execuções. Abriram-se inúmeras valas comuns, para onde eram atirados os cadáveres dos condenados.

Após a vitória nacionalista, Franco é venerado como chefe e caudilho da Ditadura que irá perdurar em Espanha ao longo de 38 anos.

A tela “Guernica” é proibida em Espanha pela censura franquista. Esteve em Nova Iorque durante mais de 40 anos e foi finalmente levada para o Museu de Prado, em Madrid, em 1981, cumprindo-se a vontade de Picasso. Atualmente, a obra está exposta no Centro de Arte Moderna Rainha Sofia, na mesma cidade.

Em seguida, seria distribuída pelos alunos, uma segunda grelha, propondo-se uma nova leitura das imagens da tela “Guernica” (entretanto, visualizada de novo), que tivesse por base aquelas informações. Os alunos teriam que tentar descobrir nas imagens alguns significantes que pudessem estar relacionados com os acontecimentos revelados, especialmente o bombardeamento de Guernica (deixar-se-ia uma coluna na tabela para que os alunos relembrassem e identificassem esse facto e as suas consequências imediatas, de entre outros que figuram na tabela):

GRELHA 2 – análise sociológica da imagem

Facto que terá marcado a produção deste

quadro

Significantes que podem estar associados àqueles factos

Significados dos vários elementos

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TIC em Ambientes Educativos – Atividade 5 – Fase 2 5 Por fim, discutir-se-iam em grande grupo as conclusões apontadas, sob a moderação dos dois professores referidos.

Seria projetada, então, uma terceira grelha, com algumas interpretações relativamente generalizadas e aceites desta tela de Picasso e com outras, entretanto, acrescentadas, na mesma linha de interpretação, em que se deixariam algumas interrogações. Contudo, haveria o cuidado de não passar a mensagem de que esta seria a “solução” do exercício, ou, muito menos, a intenção do pintor. Apenas se chamaria a atenção para o facto de esta interpretação ser partilhada por muitas pessoas, entre as quais artistas e estudiosos da Arte, o que lhe confere credibilidade. A mensagem final seria a da valorização das interpretações pessoais, também legítimas, e, sobretudo, a valorização do exercício crítico levado a cabo, com a recomendação de que esse exercício deve fazer parte dos hábitos de todos os que olham com “olhos de ver”.

GRELHA 3 – proposta de interpretação das imagens

PERCEÇÃO INTERPRETAÇÃO

Significantes – o que vejo na imagem

Significados – o que me parece que representam os

significantes

Conotações – o que me parece que querem dizer os

significados

As imagens aparecem deformadas e com uma expressão trágica. Não há cor: o pintor optou pelos cinzas, o preto e o branco.

A estrutura da composição sugere um triângulo, onde figuram todos os elementos que compõem a ação, salientando-se a figura de um touro, de um cavalo e de uma mulher segurando uma candeia. Em torno das personagens, parecem erguer-se paredes (uma delas com um postigo aberto), que estreitam e encerram a cena. No topo do triângulo, um candeeiro elétrico, rivalizando com a candeia, ilumina e revela as figuras.

Touro Aparecem vários olhos e

duas posições da cabeça, que parece mover, desorientado; a boca aberta. Parece mugir.

Um símbolo de um orgulhoso país caído no caos e na desorientação, na dor.

Cavalo Ferido, em sofrimento. O povo, a sua dignidade e nobreza, feridos e

destruídos.

Cavaleiro Morto, sob o cavalo. Destruição e morte da juventude e dos seus ideais. Mulher 1 Vira-se, em pânico, para o

cavalo.

Desorientação, pânico, desespero.

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TIC em Ambientes Educativos – Atividade 5 – Fase 2 6 Mulher 2 De braço estendido, segura

uma candeia.

Observação dolorosa da tragédia; necessidade de a denunciar. A candeia poderá simbolizar a luz da verdade e o sonho de liberdade. Talvez, uma alusão à estátua da liberdade.

Mulher 3 Do lado direito; grita em desespero.

Desorientação, pânico, desespero.

Mãe com o filho morto nos braços

Do lado oposto; grita de dor.

Morte; dor lancinante. Uma outra abordagem da Pietá, de Miguel Ângelo. Mas revela serenidade e resignação (Maria é apresentada como alguém que conhece o sentido da Redenção e espera a Ressurreição de Jesus). A “Pietá” de Picasso acrescenta-lhe o desespero, a raiva, o sentimento do fim, do nada.

Braço cortado segurando uma espada

A mão agarra a espada com firmeza, apesar de o braço estar perdido, separado do corpo. A espada está quebrada.

A resistência política por uma causa justa. A nobreza da luta dos que resistem.

A ausência de cor associa-se à destruição da vida, ao luto. As paredes em volta desta cena sugerem a opressão e ocultação de todos os crimes perpetrados pelos nacionalistas e seus aliados nazis e pela guerra universalmente entendida. Será o candeeiro elétrico uma alusão à modernidade e ao progresso, que, apesar de tudo, convivem com a barbárie e a consentem? Isso é visível na “abstenção” dos países democráticos face ao pedido de ajuda do governo (eleito) espanhol. Poderemos entender a luz emanada desse “candeeiro”/ progresso como a esperança de denunciar e condenar a barbárie? Quanto à diferença das duas formas de “luz” presentes o quadro: será a candeia uma representação da inocência do povo, em contraste com o caráter artificial do candeeiro?

Principal fonte consultada: http://www.infopedia.pt

Referências

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