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Mastitte Bovina Causada por Prototheca spp.

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Academic year: 2021

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Pianta; Celso - Médico - Veterinário, Doutor, Professor do Curso de Medicina Veterinária- ULBRA, Canoas, RS

Oliveira.Sérgio J de. - Veterinário, Doutor, Professor do Curso de Medicina Veterinária- ULBRA, Canoas, RS

Fallavena, Luix C.B. - Veterinário, Doutor, Professor do Curso de Medicina Veterinária- ULBRA, Canoas, RS

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Bovine Mastitis Dueto Prototheca spp.

Data derecebimento: 07/11/03 Data deaprovação: 05/01/04

Endere'i0 para correspondência: celsopianta@brturbo.com

RESUMO

São apresentados os resultados de culturas de amostras de leite proveni -entes de vacas com reações positivas no teste "CMT". Das amostras culti

-vadas, foi possívelidentificar algas do gênero Prototheca em seis (6)delas.

O achado microbiano, bem como a descrição das áreas geográficas onde

as propriedades leiteiras estão localizadas, assim como o caráter crônico

da infecção intrarriamária, permitiram concluir pela etiologia infecciosa

decorrente da invasão desta alga unicelular aclorofilada.

Palavras-chave: mastite bovina, alga, Prototheca.

ABSTRACT

Results of microbiologic tests on milk samples from cows positive to CMT are presented. Algae of the genusPrototheca were isolated from the samples

of six cows.The microbiologic findings as well as the geographicallocation of the farms, and also the chronicity of the intramammary infections,

allowed the conclusion that Prototheca spp. were the etiologic agent.

Key words: bovine mastitis, achlorophylic algae, Prototheca.

(2)

Prototecose é uma doença que ocorre em coelhos, cães, gatos, cervídeos, morcegos, bovinos e seres humanos. O primeiro caso de mastite bovina causada por Prototheca sp. foi relatado por LERCH(1952) que descreveu redução na produção de leite acompanhada de secreção mamária aquosa contendo grumos brancos. Após este caso, muitos outros relatos são en-contrados na bibliografia (McDONALDet al., 1984), principalmente a partir de 1978.

INTRODUÇÃO

Apesar de ocorrerem comumente como saprófitas, essas algas podem ser patogênicas para o homem e animais (HODGESet al., 1985). No homem, a doença pode manifestar-se como gastroenterite, bursite, peritonite,

afec-ção cutânea, além de infecafec-ção sistêmica (IACOVIELLOet al., 1992). Nos animais, foi descrita a ocorrência de prototecose sistêmica ou locali-zada em várias espécies domésticas e silvestres, bem como em peixes (GON-ZALEZ, 1999).

Em bovinos, essa alga foi isolada de linfonodos supramamários, leite, úte-ro, trato grastintestinal e rins (DION, 1979; FRANKet al. 1969; CHEVIL-LE et al., 1984). Em bovinos desenvolve-se mastite crônica progressiva com lesões piogranulomatosas no tecido mamário adjacente (HIRSH& ZEE,2003).

No Brasil, essa alga já foi isolada e identificada como causa de mastite bovina desde 1989 no Estado de Mato Grosso do Sul (CRISPIMet al., 1996). A partir de 1992 foram relatados surtos de mastite bovina causada por este microorganismo nos Estados de São Paulo, Minas gerais e Rio Gran-de do Sul (COSTA,1989; LANGONIet al., 1992; CRISPIM et al., 1996; GOMESet al., 1997).

Segundo LADEIRA(1998), os agentes infecciosos envolvidos na etiologia da mastite bovina podem ser divididos em cinco grupos principais como os cocos Gram-positivos (os mais prevalentes), os bacilos Gram-negati-vos, as corinebactérias, o gênero Mycoplasma e outros agentes como Pro-totheca sp.

Esse último é uma alga aclorofilada que se multiplica por endoesporula-ção, produzindo células rugosas esféricas com diâmetro entre 8 e 25m .. Pode ser isolada em ágar sangue e ágar Sabouraud dextrose e produz colônias pequenas, regulares, não hemolíticas. As fontes de infecção des-ta alga incluem uma variedade de ambientes naturais como plandes-tas, solo, fezes de suínos e bovinos, água estagnada, piso do "freestall", e qualquer ambiente com alto grau de umidade e com grande concentração de ma-téria orgânica. Morfologicamente apresentam-se como células multinu-cleadas com 2-8 endosporos, podendo ser observadas ao microscópio atra-vés da coloração com os corantes de Gram, lactofenol azul de algodão ou Giemsa.

(3)

o

presente trabalho visa relatar a ocorrência de casos de mastite bovina dos quais isolou-se Prototheca sp.

MATERIAL E MÉTODOS

324 amostras de leite provenientes de vacas identificadas, através do "California Mastitis Test" (CMT), como suspeitas ou positivas para a pre-sença de infecção intramamária não apresentaram crescimento bacte-riano após 24-48h de incubação a 37°C em aerobiose nos meios de ágar sangue (contendo 5% de sangue desfibrinado de carneiro) e MacConkey com cristal violeta. Essas amostras foram novamente semeadas e incu-badas por 48-72h nas mesmas condições de temperatura e tensão de O2

, porém em outras placas contendo os meios de ágar sangue e Sabou-raud dextrose.

A identificação das colônias suspeitas de pertencerem ao gênero Proto-theca (cor, brilho, umidade, textura e superfície) foi efetuada seguindo-se os parâmetros descritos por LADEIRA(1998) e GONZALEZ(1999) . Das cepas com as características do agente, foram realizados esfregaços corados tanto pelo método de Gram (GONZALEZ,1999) como através da técnica do lactofenol azul de algodão (LADEIRA,1998). Outros esfrega-ços suspeitos de Prototheca foram corados empregando-se tinta da China (CRISPIN, 1996). As diferentes colorações empregadas visaram a obser-vação microscópica da presença de cápsula e de esporângios cercados por endosporos.

RESULTADOS

Das 324 lactoculturas inicialmente consideradas negativas para a presen-ça dos agentes patogênicos usuais da glândula mamária bovina, em seis houve o desenvolvimento de colônias pequenas, regulares, não hemolíti-cas, cremosas, semelhantes às de leveduras como Cryptococcus.

A observação microscópica das lâminas coradas tanto pelo método de Gram como pelo lactofenol azul de algodão ou com a tinta da China, não revelou a presença de cápsula nas células, tendo sido no entanto obser-vada a presença de esporângios circundados por endosporos.

(4)

Os dados de anamnese que acompanharam as amostras de leite, como a ausência de sinais clínicos sistêmicos, temperatura e apetite normais, mastite crônica que não respondeu ao tratamento antimicrobiano roti-neiramente empregado para outros casos de infecção intramamária são compatíveis com os descritos por McDONALDet al. (1994).

DISCUSSÃO

As características coloniais, os aspectos morfológicos e tintoriais dos microorganismos isolados são semelhantes àqueles descritos por CRIS-PIN (1996), LADEIRA(1998) e GONZALEZ(1999) para o gênero Pro

-totheca.

A ausência de cápsula ao redor das células visualizadas ao microscó-pio ótico, está de acordo com GONZALEZ(1999) que cita a presença desta estrutura apenas na espécie P.stagnora, a qual não está envolv

i-da na etiopatogenia da infecção intramamária bovina. Segundo este autor, apenas as espécies P. zoffii e P. wickehamii tem sido relatadas como agentes etiológicos de mastite bovina causadas por algas perten-centes a este gênero.

As infecções intramamárias por algas do gênero Prototheca apresentam incidência crescente no Brasil. A presença desses agentes tanto no leite como nos derivados lácteos, reveste-se de importância em saúde pública,

pela possibilidade de transmissão desta zoonose principalmente nas regi-ões onde é usual o consumo de leite e derivados crus.

CONCLUSÃO

Considerando-se a presença de áreas alagadas ou de difícil drenagem nas propriedades rurais de origem destas vacas infectadas (Municípios de Montenegro e Arroio dos Ratos -RS), o período de grandes precipitações pluviométricas quando ocorreram os diagnósticos a campo e laboratorial e as características biológicas desta alga como a adaptação a ambientes com alta umidade e grande concentração de matéria orgânica, podemos concluir que a doença ocorreu pela interação do agente com o ambiente e sua transmissão ao hospedeiro.

Novas pesquisas devem ser efetuadas visando a identificação do agente na água destas propriedades e nas fezes dos animais infectados, quando consideramos que a eliminação desta alga também ocorre pela via di-gestiva.

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BIBLIOGRAFIA

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Referências

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