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MANEJO DA SOJA GM É MAIS BARATO EM 2009/10, MAS ROYALTY ANULA VANTAGEM

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

DEPARTAMENTO DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA ESCOLA SUPERIOR DE AGRICULTURA "LUIZ DE QUEIROZ"

Resumo dos custos da produção na safra 2008/09 de grãos MANEJO DA SOJA GM É MAIS BARATO EM 2009/10, MAS ROYALTY

ANULA VANTAGEM

Na safra 2008/09, o controle de plantas invasoras no sistema de produção convencional foi mais competitivo em relação à soja GM (geneticamente modificada) nas principais regiões produtoras de soja do Brasil. Pesquisas do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP, com o apoio da CNA, mostram que a diferença média do custo de tratamento entre a tecnologia transgênica e a convencional foi de 23% naquela safra. Já na temporada 2009/10, a situação se inverteu. A diferença do custo do tratamento ficou 108,5% menor para a soja GM em relação à convencional. Tal situação resulta do comportamento distinto dos preços dos principais herbicidas utilizados no controle de plantas daninhas em 2009, explicam pesquisadores do Cepea. Entre abril e agosto, período de concentração das compras de defensivos, o preço do glifosato caiu 40% na média de todas as regiões pesquisadas pelo Cepea; o clorimuron recuou 17,5% e o lactofen, 7,7%. Já herbicidas para o controle de folhas estreitas, como haloxifop-p-metil e cletodim, registraram altas de 11,9% e 12,1%, respectivamente para o mesmo período de análise, neutralizando em parte a queda dos herbicidas utilizados na primeira pulverização pós-emergente no sistema convencional.

Com isso, o custo por hectare para o controle de plantas daninhas na safra 2009/10 torna-se favorável à soja transgênica – em relação à convencional. Entre as regiões avaliadas pelo Cepea, Cascavel (PR) teve a maior diferença, com o custo do controle de plantas daninhas por hectare sendo 176% maior no sistema convencional que no transgênico. Em seguida, aparece Dourados (MS), onde o controle de invasoras na soja convencional custou 121,6% a mais; em Rondonópolis (MT), o convencional custou 104,8% a mais; em Rio Verde (GO), 88,9%; em Luís Eduardo Magalhães (BA), 85,4% e, em Sorriso (MT), 76% (Figura 1).

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R$ -R$ 10 R$ 20 R$ 30 R$ 40 R$ 50 R$ 60 R$ 70 R$ 80 R$ 90 R$ 100 Cascavel (PR) Dourados (MS) Rio Verde (GO) Sorriso (MT) Rondonópolis (MT)

LEM (BA) Média

C u s to d o c o n tr o le p o r h e c ta re

Safra 2008/09 OGM Safra 2008/09 NOGM Safra 2009/10 OGM Saf ra 2009/10 NOGM Figura 1 - Custo de controle de plantas daninhas por hectare para lavouras transgênicas e convencionais – safras 2008/09 e 09/10

Fonte: Cepea

Contudo, ao considerar o pagamento do royalty na comercialização do grão, a vantagem do custo operacional da soja geneticamente modificada é praticamente anulada. Considerando, por exemplo, o preço médio dos insumos entre abril e agosto de 2009, em Cascavel (PR) o custo operacional médio da soja transgênica seria de R$ 1.196,27/ha e da convencional, R$ 1.141,90/ha, pequena vantagem de 4,8% para soja convencional, conforme cálculos do Cepea.

Em Sorriso (MT), o custo operacional médio da soja transgênica foi de R$ 1.220,26/ha e, da convencional, de R$ 1.132,82/ha, vantagem de 6,1% para a convencional sobre a transgênica.

Portanto, a expressiva queda do glifosato na safra 2009/10 não foi suficiente para reduzir o custo operacional da soja transgênica. Mesmo com vantagem econômica para a convencional, a maior parte dos produtores optou por semear soja geneticamente modificada, baseados nas vantagens agronômicas que a tecnologia oferece, tais como: maior janela de controle de plantas daninhas pós-emergente, colheita no limpo, rotação de herbicidas e redução de plantas daninhas que são mais difíceis de serem controladas com clorimuron e lactofen.

Safra 2008/09 da soja: melhor que o esperado!

A cultura da soja na safra 2008/09 foi satisfatória para todas as regiões produtoras brasileiras, segundo pesquisas do Cepea. Mesmo com os elevados preços dos insumos e alguns problemas climáticos nos estados do Sul e em Mato Grosso do Sul, todas as regiões pagaram ao menos os custos operacionais e o produtor conseguiu cobrir também os custos totais em grande parte delas.

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Regiões de Mato Grosso do Sul foram as que obtiveram os resultados mais modestos entre todas as analisadas nesta pesquisa. As variedades geneticamente modificadas, tanto em Caarapó, com custo operacional de R$ 40,00/sc, quanto em Maracaju, com R$ 40,70/sc, geraram os piores resultados dentre todas as regiões analisadas, dado o preço médio de venda de R$ 42,20/sc em ambas. Pesquisadores do Cepea ressaltam que, também na temporada 08/09, na maioria das regiões, os custos da soja convencional foram inferiores aos da soja transgênica, fato justificado pelo elevado custo do tratamento à base de glifosato em comparação ao tratamento convencional.

O menor de todos os custos operacionais por saca produzida foi registrado pelo Cepea em Guarapuava (PR), somando R$ 23,97/sc – safra 2008/09. Esse menor custo pode ser justificado pelo manejo diferenciado desta região, baseado em rotação com o trigo, o qual acaba reduzindo os custos diretos de adubação da soja. Porém, Guarapuava foi exceção na região Sul do Brasil, já que Cascavel teve custo de R$ 37,96/sc e Londrina, de R$ 34,75/sc gerando margem muito estreita para o pagamento até mesmo dos custos operacionais.

Em Mato Grosso, todas as regiões acompanhadas obtiveram bons níveis de produtividade, reduzindo o custo por saca, aponta o Cepea. Campo Novo do Parecis produziu uma saca ao custo operacional médio de R$ 25,08 e Sorriso, de R$ 25,85, tornando-se os menores custos no estado.

Porém, a análise apenas dos custos operacionais não é suficiente para a tomada de decisão dos produtores rurais. É fundamental que sejam considerados os custos totais, que incluem a remuneração de todos os fatores empregados na atividade. Por esta análise, regiões de fronteira, como Uruçuí (PI) e Balsas (MA), e também todas as praças de MT e Guarapuava conseguiram obter resultado positivo.

Tabela 1 – Custo de produção da soja nas principais regiões produtoras - safra 2008/09. 2008/09 CO CT Preço médio Região R$/sc % na safra Sorriso (MT) R$ 25,85 R$ 31,60 R$ 36,86 Campo Novo (MT) R$ 25,08 R$ 30,29 R$ 36,92 Primavera do Leste (MT) R$ 26,53 R$ 33,00 R$ 37,61 Primavera do Leste (MT) OGM R$ 26,22 R$ 31,24 R$ 37,61 Rondonópolis (MT) R$ 27,20 R$ 33,89 R$ 37,61 Rondonópolis (MT) OGM R$ 27,93 R$ 33,80 R$ 37,61 Cascavel (PR) R$ 37,96 R$ 58,61 R$ 44,01 Guarapuava (PR) R$ 23,97 R$ 38,12 R$ 44,71 Londrina (PR) R$ 34,75 R$ 48,81 R$ 44,19 Carazinho (RS) OGM R$ 31,42 R$ 45,82 R$ 44,40 Tupanciretã (RS) OGM R$ 31,45 R$ 43,90 R$ 44,40 Rio Verde (GO) R$ 30,10 R$ 40,95 R$ 40,41 Rio Verde (GO) OGM R$ 30,35 R$ 41,17 R$ 41,41 Cristalina (GO) R$ 29,72 R$ 38,95 R$ 40,41 Cristalina (GO) OGM R$ 29,29 R$ 38,52 R$ 40,41

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Maracaju (MS) R$ 39,69 R$ 49,02 R$ 42,20 Maracaju (MS) OGM R$ 40,70 R$ 49,91 R$ 42,20 Caarapó (MS) R$ 38,35 R$ 51,93 R$ 42,20 Caarapó (MS) OGM R$ 40,00 R$ 53,57 R$ 42,20

LEM (BA) R$ 28,42 R$ 39,66 R$ 40,04

Balsas (MA) OGM R$ 28,22 R$ 36,70 R$ 40,04 Uruçui (PI) R$ 28,10 R$ 35,67 R$ 40,04 Pedro Afonso (TO) R$ 30,67 R$ 40,71 R$ 39,92 Dianópolis R$ 29,37 R$ 39,15 R$ 40,04 Chapecó (SC) R$ 31,32 R$ 40,96 R$ 44,45 Chapecó (SC) OGM R$ 30,92 R$ 43,89 R$ 44,45 Campos Novos (SC) R$ 29,95 R$ 44,77 R$ 43,92 Campos Novos (SC) OGM R$ 29,94 R$ 42,82 R$ 43,92 Uberaba (MG) R$ 32,41 R$ 43,55 R$ 42,84 Uberaba (MG) OGM R$ 32,46 R$ 43,59 R$ 42,84

Fonte: Cepea

Em 2009, importação de MAP e KCl é a menor em 10 anos

O Brasil está entre os quatro maiores consumidores de fertilizantes no mundo, ficando atrás da China, Índia e Estados Unidos. A produção doméstica é deficitária e anualmente recorre-se à importação das fontes de potássio, nitrogênio e fósforo.

No caso do cloreto de potássio,a demanda interna requer a importação de 90% do volume utilizado, sendo a Bielo-Rússia, Canadá, Rússia e Alemanha os principais fornecedores do Brasil. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), a quantidade importada de cloreto de potássio – KCl (60% de K2O) – foi de 3,42 milhões de toneladas no ano de 2009, o que significou uma redução de 49,38% em relação a 2008. A importação brasileira de KCl em 2009 foi a menor da década.

Segundo pesquisadores do Cepea, a desaceleração na importação foi ocasionada pelo preço elevado dessa matéria-prima no mercado internacional e, conseqüentemente, nacional, desvalorização do Real e grande quantidade de estoque interno no primeiro semestre. Vale ressaltar, porém, que houve retomada da importação ao longo do segundo semestre, favorecida pela queda do preço do produto, valorização do Real e intensificação das negociações da safra 2009/10. Somente no segundo semestre, as importações representaram 79,6% do volume importado em 2009 (Figura 2).

O preço do KCl apresentou dois comportamentos ao longo de 2008 e 2009. No primeiro momento, de janeiro de 2008 até março de 2009, houve reajustes mensais. As maiores cotações foram registradas em Londrina (PR) e Cascavel (PR), onde a tonelada foi comercializada em média a R$ 2.190,75 e a R$ 2.148,92, respectivamente, no mês de março de 2009. Já o menor preço foi observado em Luís Eduardo Magalhães (BA), com a tonelada a R$ 1.710,00 no mesmo mês - vantagem de 21,94% para Luís Eduardo em relação à Londrina e de 20,42% sobre Cascavel.

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R$ 5 R$ 505 R$ 1.005 R$ 1.505 R$ 2.005 R$ 2.505 jan/ 08 fev/ 08 mar /08 abr/0 8 mai /08 jun/ 08 jul/0 8 ago/ 08 set/0 8 out/0 8 nov/ 08 dez/ 08 jan/ 09 fev/ 09 mar /09 abr/0 9 mai /09 jun/ 09 jul/0 9 ago/ 09 set/0 9 out/0 9 nov/ 09 dez/ 09 V a lo r p o r to n e la d a d e K C l

Sorriso Rondonopolis Dourados RVerde Uberaba

Cascavel PassoFundo Londrina LEM Balsas

Figura 2 – Preço médio do KCl nas principais regiões agrícolas do Brasil - 2008 e 2009. Fonte: Cepea

No caso dos nitrogenados, a dependência de produto estrangeiro é menor para uréia, comparativamente ao sulfato de amônio. As importações dos adubos intermediários representam, na média dos últimos cinco anos, 61% da uréia (45% N) e 87% do sulfato de amônio (20% N) que são consumidos no mercado doméstico. Segundo a Secretaria do Comércio Exterior (Secex), a importação de uréia granulada foi em 1,94 milhão de toneladas e a de sulfato de amônio, de 1,506 milhão de toneladas em 2009. Tais volumes representam diminuição de 13,1% para uréia em relação a 2008 e estabilidade para sulfato de amônio, com leve diminuição de 1,28%.

No mercado brasileiro, o preço médio da uréia, que atingiu valor máximo em setembro e outubro de 2008, recuou nos dois últimos meses daquele ano, com o agravamento da crise internacional que desvalorizou o petróleo e o gás natural entre outras commodities. No primeiro trimestre de 2009, as cotações estiveram em média 25,5% menores que as do último trimestre de 2008. A incerteza sobre o rumo da economia mundial levou os principais compradores (Estados Unidos, União Européia, Turquia, Brasil e Índia) a diminuir suas compras. Como resultado, as cotações internacionais da uréia e do sulfato de amônio caíram naquele período. Paralelamente, produtores brasileiros também reduziram a demanda por fertilizantes. Como conseqüência, a cotação média anual em Sorriso (MT), por exemplo, foi de R$ 877,68/t, valor 35,89% menor que o de 2008; em Cascavel (PR), a média de R$ 817,84/t representou desvalorização de 38,53% da uréia em relação ao ano anterior.

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R$ 5 R$ 205 R$ 405 R$ 605 R$ 805 R$ 1.005 R$ 1.205 R$ 1.405 R$ 1.605 R$ 1.805 R$ 2.005 jan/ 08 fev/ 08 mar /08 abr/0 8 mai /08 jun/ 08 jul/0 8 ago/ 08 set/0 8 out/0 8 nov/ 08 dez/ 08 jan/ 09 fev/ 09 mar /09 abr/0 9 mai /09 jun/ 09 jul/0 9 ago/ 09 set/0 9 out/0 9 nov/ 09 dez/ 09 V a lo r p o r to n e la d a d e U re ia

Sorriso Rondonopolis Dourados RVerde Uberaba

Cascavel PassoFundo Londrina LEM Balsas

Figura 3 – Preço médio da uréia nas principais regiões agrícolas do Brasil - 2008 e 2009. Fonte: Cepea

Os produtos fosfatados também tiveram demanda reduzida nos primeiros trimestres de 2009. Segundo a Secex, o Brasil importou 852,57 mil toneladas de MAP (Fosfato de Monoamônio – 11%N e 52% P2O5) em 2009, redução de 24,5% sobre ano anterior. O volume importado foi o menor desde 1997. A importação do DAP (Fosfato de Diamônio – 18%N e 46% P2O5) totalizou 304,76 mil toneladas no mesmo período, com recuo de 43,02% em relação a 2008.

O comportamento do preço do MAP no Brasil foi semelhante ao do nitrogenado. Os maiores preços foram registrados entre abril e outubro de 2008, com a tonelada tendo média de R$ 2.427,87 naquele período. No mês de janeiro de 2009, os preços médios diminuíram 46,62% em relação a outubro de 2008. Nos meses seguintes, houve pequenos aumentos em função da demanda para a safra verão seguinte, mas os preços voltaram a cair. Entre julho e dezembro de 2009, o valor médio foi de R$ 850,09/t, variação negativa 25,6% em relação à média do primeiro semestre de 2009.

R$ 5 R$ 505 R$ 1.005 R$ 1.505 R$ 2.005 R$ 2.505 R$ 3.005 jan/ 08 fev/ 08 mar /08 abr/0 8 mai /08 jun/ 08 jul/0 8 ago/ 08 set/0 8 out/0 8 nov/ 08 dez/ 08 jan/ 09 fev/ 09 mar /09 abr/0 9 mai /09 jun/ 09 jul/0 9 ago/ 09 set/0 9 out/0 9 nov/ 09 dez/ 09 V a lo r p o r to n e la d a d o M A P

Sorriso Rondonopolis Dourados RVerde Uberaba

Cascavel PassoFundo Londrina LEM Balsas

Figura 4 – Preço médio do MAP nas principais regiões agrícolas do Brasil - 2008 e 2009. Fonte: Cepea

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Em geral, o preço do fertilizante teve queda significativa ao longo de 2009, favorecendo os produtores brasileiros para a safra em andamento. Para alguns produtores que reduziram expressivamente o uso de fertilizantes nas safras 2008/09 e 2009/10, talvez a próxima temporada seja o momento de repor parte dos nutrientes do solo. No entanto, dado que têm ocorrido aumentos, o produtor precisará de uma boa estratégia de compra. Uma das possíveis é a busca por preço médio razoável.

Glifosato recua até 50% em 2009

O glifosato 480 registrou desvalorização significativa no mercado doméstico em 2009 (Figura ). Entre as regiões pesquisadas pelo Cepea,, Luís Eduardo Magalhães (BA) registrou a maior queda na média anual. O preço médio do herbicida em 2009 foi 47,5% menor que a média de 2008, com o litro passando de R$ 19,65 para R$ 10,33. Por outro lado, a região de Londrina (PR) teve a menor queda do preço glifosato entre as praças pesquisadas. Em, o insumo teve média de R$ 11,21/litro, diminuição de 28,8% em relação à media do ano anterior.

R$ 5 R$ 7 R$ 9 R$ 11 R$ 13 R$ 15 R$ 17 R$ 19 R$ 21 R$ 23 R$ 25 ja n /0 8 fe v /0 8 m a r/ 0 8 a b r/ 0 8 m a i/0 8 ju n /0 8 ju l/0 8 a g o /0 8 s e t/ 0 8 o u t/ 0 8 n o v /0 8 d e z /0 8 ja n /0 9 fe v /0 9 m a r/ 0 9 a b r/ 0 9 m a i/0 9 ju n /0 9 ju l/0 9 a g o /0 9 s e t/ 0 9 o u t/ 0 9 n o v /0 9 d e z /0 9 V a lo r p o r li tr o d e g li fo s a to

Sorriso Rondonopolis Dourados RVerde Uberaba

Cascavel PassoFundo Londrina LEM Balsas

Figura 5 – Preço médio do glifosato 480 nas principais regiões agrícolas - 2008 e 2009

Fonte: Cepea

A queda do preço do glifosato é justificada principalmente pela “invasão” do produto genérico procedente da China. Segundo a Secretaria de Comércio Exterior (Secex), o Brasil importou 55,04 mil toneladas de glifosato no ano de 2009, salto de 118,2% em relação a 2008. O material importado teve preço médio de US$ 3,89/kg em 2009, valor 45,53% menor que a média de 2008 (Figura ).

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4,19 7,15 3,89 -10.000 20.000 30.000 40.000 50.000 60.000 2007 2008 2009 T o n e la d a d e p ro d u to i m p o rt a d o 0,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 8,00 P re ç o d o k g d o p ro d u to i m p o rt a d o U S $ /K g

China E.U.A Outros US$/kg

Figura 6 – Quantidade importada de glifosato por país (tonelada) e preço médio (US$/kg) - 2007, 2008 e 2009.

Fonte: Secex (2010) – elaborado pelo Cepea

Análise de Mercado Cepea________________________________________________

SOJA – Preços elevados na comercialização da safra 2008/09

A comercialização de soja da safra 2008/09 ocorreu a preços considerados satisfatórios aos vendedores no primeiro semestre de 2009. Este foi um bom cenário para os produtores agrícolas brasileiros, que iniciaram 2009 em clima de incerteza quanto às cotações e à rentabilidade da temporada 2008/09, em desenvolvimento naquele período. As compras de insumos haviam sido feitas numa época de preço elevado e de crédito mais escasso e, dessa forma, produtores reduziram o uso de tecnologia nas lavouras, em especial, de fertilizantes. Nesse cenário, a produção 2008/09 acabou sendo quase 5% inferior a do ano anterior, totalizando 57,088 milhões de toneladas, a menor safra desde 2005/06, segundo dados da Conab.

Os aumentos iniciais dos preços foram reflexos da preocupação com o clima no Brasil – em especial no Sul do País e em Mato Grosso do Sul – e nas principais regiões produtoras da Argentina. Naquele país, a produção de soja em grão reduziu 30,7%, segundo o USDA.

No Brasil, as cotações cederam apenas no período de concentração de colheita no país, assim como na Argentina, entre final de fevereiro e meados de março. Em seguida, os preços voltaram a reagir, impulsionados pela quebra da safra da Argentina – esse movimento foi observado até maio. As exportações de soja em grão aumentaram

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expressivamente a partir de março, dando continuidade à sustentação dos preços no mercado interno.

O aumento nas cotações, no entanto, permaneceu somente no primeiro semestre do ano. Mesmo assim, essa alta contribuiu para adiantamento das negociações em relação aos anos anteriores, assim como para antecipação das compras de insumos por parte de alguns produtores, especialmente os do Centro-Oeste.

No segundo semestre do ano, já com a decisão quanto à área a ser destinada à soja praticamente definida, os preços no mercado interno e externo passaram a ter quedas freqüentes. Na Bolsa de Chicago (CBOT), a pressão era justificada pelo clima favorável ao desenvolvimento das lavouras nos Estados Unidos, que incentivou agentes a permanecer na posição vendedora – principalmente para o grão e o farelo, que haviam apresentado expressivas valorizações no primeiro semestre. No mercado brasileiro, além da expressiva queda externa, as cotações também foram influenciadas pela oscilação da taxa de câmbio. -3,00 6,00 9,00 12,00 15,00 18,00 21,00 24,00 27,00 30,00 33,00 36,00 39,00 42,00 45,00 48,00 51,00 54,00 57,00 1-ag o-97 1-de z-97 1-ab r-98 1-ag o-98 1-de z-98 1-ab r-99 1-ag o-99 1-de z-99 1-ab r-00 1-ag o-00 1-de z-00 1-ab r-01 1-ag o-01 1-de z-01 1-ab r-02 1-ag o-02 1-de z-02 1-ab r-03 1-ag o-03 1-de z-03 1-ab r-04 1-ag o-04 1-de z-04 1-ab r-05 1-ag o-05 1-de z-05 1-ab r-06 1-ag o-06 1-de z-06 1-ab r-07 1-ag o-07 1-de z-07 1-ab r-08 1-ag o-08 1-de z-08 1-ab r-09 1-ag o-09 1-de z-09 R $/ sc d e 60 k g 1,0000 1,2000 1,4000 1,6000 1,8000 2,0000 2,2000 2,4000 2,6000 2,8000 3,0000 3,2000 3,4000 3,6000 3,8000 4,0000 4,2000 R $/ U S$ R$/sc US$/sc R$/US$

Figura 1 – Preços nominais de soja em grão no Paraná, representados pelo Indicador CEPEA/ESALQ – média ponderada de cinco regiões do estado – ago/97 a dez/09

Fonte: Cepea

MILHO – Com excedente, intervenção do governo marca 2009

O mercado de milho iniciou 2009 com um dos maiores estoques da história. Mesmo com a produção 2008/09 se limitando a 50,98 milhões de toneladas, volume 13% menor que o da safra anterior, a disponibilidade interna foi de 63,74 milhões de toneladas, segundo dados da Conab, a maior já registrada. Como resultado, as cotações apresentaram quedas

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expressivas. Além da oferta abundante, houve estratégia de parcelamento das aquisições por parte de indústrias domésticas, voltada ao atendimento do consumo de curto prazo. Nesse cenário, fez-se necessária a intervenção governamental para escoar o produto das regiões com excedentes, especialmente o Centro-Oeste, para as deficitárias e até mesmo para exportação. Com a ação do governo, os embarques ao exterior foram retomados nos últimos meses de 2009.

No total, o governo ofertou prêmio para 9,3 milhões de toneladas do grão. Desse total, 35% foram apoiadas por meio de contratos de opção de venda nos meses de fevereiro e março. Outros 19,4% foram negociados através de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural ou a sua cooperativa (Pepro). Os demais 45,6% tiveram Prêmio de Escoamento de Produto (PEP).

Aproveitando as intervenções, agentes brasileiros optaram para vender o grão no mercado externo. Com isso, de janeiro a dezembro/09, foram exportadas 7,8 milhões de toneladas, volume 21% maior que o de 2008. Desse volume, 43,6% foram escoados no primeiro semestre – especialmente em janeiro e fevereiro – e o restante (56,4%) no segundo semestre. Este foi o segundo maior volume anual da história, ficando atrás apenas do de 2007.

Quanto aos preços, mesmo com altos estoques, as cotações internas e externas do milho tiveram expressivas altas em janeiro. No Brasil, os impactos da estiagem na América do Sul, em especial nas lavouras do Sul do País, bem como a retração da área plantada e o aumento das exportações no final de 2008 e início de 2009 “enxugaram” a oferta interna do grão. No mercado internacional, a valorização do petróleo no início de janeiro sustentou os preços da soja e, conseqüentemente, do milho.

No entanto, em fevereiro e março, os preços do milho foram pressionados pelo avanço da colheita nas principais regiões produtoras do Brasil. Em seguida, de abril a junho, o movimento foi oposto, com os preços internos do milho em alta. O clima seco no Sul do País voltou a impulsionar as cotações do cereal.

A partir de junho, a colheita da safrinha teve início em algumas regiões brasileiras, voltando a pressionar as cotações. Além disso, compradores mantiveram-se retraídos, apostando em quedas devido à oferta abundante e ao ritmo lento das vendas de produtos finais dos segmentos consumidores. Somente em setembro e outubro que as cotações do milho pararam de cair na maioria das regiões. A sustentação veio da restrição de vendedores, da retomada das intervenções governamentais, do interesse de compra de algumas unidades industriais (especialmente as relacionadas às cadeias de aves e suínos) e da retomada das exportações. No geral, 2009 terminou com negociações marcadas por pequenos volumes e ainda com altos estoques do grão, apesar de as cotações fecharem a valores menores que os do início do ano.

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0,00 2,00 4,00 6,00 8,00 10,00 12,00 14,00 16,00 18,00 20,00 22,00 24,00 26,00 28,00 30,00 32,00 34,00 36,00 5 -j a n -0 4 5 -m a r-0 4 5 -m a i-0 4 5 -j u l-0 4 5 -s e t-0 4 5 -n o v -0 4 5 -j a n -0 5 5 -m a r-0 5 5 -m a i-0 5 5 -j u l-0 5 5 -s e t-0 5 5 -n o v -0 5 5 -j a n -0 6 5 -m a r-0 6 5 -m a i-0 6 5 -j u l-0 6 5 -s e t-0 6 5 -n o v -0 6 5 -j a n -0 7 5 -m a r-0 7 5 -m a i-0 7 5 -j u l-0 7 5 -s e t-0 7 5 -n o v -0 7 5 -j a n -0 8 5 -m a r-0 8 5 -m a i-0 8 5 -j u l-0 8 5 -s e t-0 8 5 -n o v -0 8 5 -j a n -0 9 5 -m a r-0 9 5 -m a i-0 9 5 -j u l-0 9 5 -s e t-0 9 5 -n o v -0 9 R $ /s a c a

Cascavel Campinas Chapecó Triângulo Mineiro Rio Verde Passo Fundo Sorriso Figura 1 – Preços nominais do milho em algumas regiões – jan/04 a dez/09

Fonte: Cepea

TRIGO – Clima em 2009 frustra expectativa de safra recorde

O ano de 2009 iniciou em clima de otimismo para o setor de trigo. Isso porque a maior produção interna do cereal em 2008 poderia contribuir para diminuir a dependência de importações do produto e de seus derivados em 2009. Além disso, a queda da safra da Argentina poderia impulsionar as cotações. Assim, agentes brasileiros esperavam que, em 2009, a produção de trigo atingisse novamente volume recorde.

O clima desfavorável no correr da atual safra (2009/10), contudo, fez com que o cereal perdesse a qualidade, travando as comercializações internas e aumentando, especialmente em novembro, as importações do trigo. Além disso, o governo brasileiro teve que intervir nas negociações, por meio de leilões, para ajudar a escoar o produto.

Em 2009, estimativa da Conab apontou produção de aproximadamente 5 milhões de toneladas, com redução de 14,6% em relação à safra anterior. A produção do Rio Grande do Sul foi estimada em 1,8 milhão de toneladas, volume 12,3% inferior ao da temporada passada. Para o Paraná, segundo dados da Conab, a produção foi estimada em 2,5 milhões de toneladas, contra as 3 milhões de toneladas da safra anterior, diminuição de 17,2%.

Mesmo com este cenário, os preços não reagiram. Assim, o governo brasileiro teve que intervir para ajudar o triticultor na comercialização do cereal. A partir de outubro começaram os leilões de Prêmio de Escoamento de Produto (PEP) para ajudar no escoamento do cereal da safra nova (2009/10). Desde o primeiro leilão, em 29 de

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outubro, até o último, em 17 de dezembro, foram ofertados prêmios para 2,7 milhões de toneladas de trigo, sendo que foram negociadas 2,07 milhões, o que representa 75% do total.

Quantos às importações, segundo dados da Secex, totalizaram 5,4 milhões de toneladas em 2009, volume 12,3% inferior ao de 2008. A Argentina, apesar da dificuldade com a safra, foi a principal fornecedora de trigo em grão, representando mais de 59% do total comprado pelo Brasil.

As importações de farinha também foram menores em 2009. Enquanto que em 2008 foram compradas 682,3 mil toneladas, em 2009, esse volume caiu 6,6%, passando para 637,5 mil toneladas.

ALGODÃO – Preços baixos na comercialização da safra

Os preços do algodão em pluma tiveram expressiva oscilação no correr de 2009. Houve alta em janeiro, queda posterior até início de abril, voltando a subir a partir de então, movimento este que seguiu até o final de maio. Com a entrada da colheita, os preços começaram a cair novamente, de junho ao início de outubro, quando a situação se inverteu, com a menor produção e a maior demanda favorecendo altas expressivas nas cotações internas e externas.

Na safra 2008/09, a área de algodão diminuiu 21,8%, para 842,9 mil hectares e a produtividade caiu 4,8%, segundo a Conab, reduzindo a produção em 25,5%, que passou para 1,2 milhão de toneladas. A demanda interna pela pluma ficou em aproximadamente 1 milhão de toneladas. No ano, as exportações de algodão em pluma somaram 504,9 mil toneladas, segundo a Secex, volume 5,3% menor que a de 2008.

Os baixos preços no primeiro semestre de 2009 fizeram com que, em julho, o governo brasileiro lançasse leilões de Pepro para manter a renda do produtor. Entre julho e setembro, foram realizados três leilões de Pepro, oportunidades em que foram negociados prêmios para 792,2 mil toneladas, correspondentes a 66% da produção nacional.

Ainda em agosto, os preços do algodão ficaram praticamente estáveis. Porém, a partir de final de setembro, o cenário começou a mudar, com elevações nos preços internacionais da pluma e maior interesse por parte de compradores brasileiros. A elevação da paridade de exportação também favoreceu altas internas, assim como atraiu vendedores para novos negócios de exportação. Além disso, pesavam as perspectivas de menor produção e de aumento da demanda internacional na safra 2009/10. Assim, os preços seguiram em alta até o final de 2009.

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-15,00 30,00 45,00 60,00 75,00 90,00 105,00 120,00 135,00 150,00 165,00 180,00 195,00 210,00 225,00 240,00 0 1 /0 7 /9 6 0 1 /1 1 /9 6 0 1 /0 3 /9 7 0 1 /0 7 /9 7 0 1 /1 1 /9 7 0 1 /0 3 /9 8 0 1 /0 7 /9 8 0 1 /1 1 /9 8 0 1 /0 3 /9 9 0 1 /0 7 /9 9 0 1 /1 1 /9 9 0 1 /0 3 /0 0 0 1 /0 7 /0 0 0 1 /1 1 /0 0 0 1 /0 3 /0 1 0 1 /0 7 /0 1 0 1 /1 1 /0 1 0 1 /0 3 /0 2 0 1 /0 7 /0 2 0 1 /1 1 /0 2 0 1 /0 3 /0 3 0 1 /0 7 /0 3 0 1 /1 1 /0 3 0 1 /0 3 /0 4 0 1 /0 7 /0 4 0 1 /1 1 /0 4 0 1 /0 3 /0 5 0 1 /0 7 /0 5 0 1 /1 1 /0 5 0 1 /0 3 /0 6 0 1 /0 7 /0 6 0 1 /1 1 /0 6 0 1 /0 3 /0 7 0 1 /0 7 /0 7 0 1 /1 1 /0 7 0 1 /0 3 /0 8 0 1 /0 7 /0 8 0 1 /1 1 /0 8 0 1 /0 3 /0 9 0 1 /0 7 /0 9 0 1 /1 1 /0 9 centavos R$/lp e cents R$/US$ Ind8diasBRA centavos R$/lp Ind8diasUS cents US$/lp

Figura 1 – Preços nominais de algodão em pluma no Brasil, representados pelo Indicador CEPEA/ESALQ, 8 dias para pagamento, posto indústria na cidade de São Paulo – jul/97 a dez/09

Referências

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