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22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental

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22º Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 14 a 19 de Setembro 2003 - Joinville - Santa Catarina

III-047 - SISTEMAS DE DUAS FASES PARA DEGRADAÇÃO ANAERÓBIA DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS (RSU).

Aurélio Pessôa Picanço(1)

Engenheiro Sanitarista formado pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC/USP). Doutorando em Hidráulica e Saneamento na EESC/USP. Professor da Universidade Federal do Tocantins.

Monique Toledo Salgado

Engenheiro Civil formada pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Mestranda em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de São Paulo (EESC - USP).

Jucélia Cabral Mendonça

Engenheira Civil pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Goiás - UFG, Especialização em Educação Ambiental pelo Centro de Recursos Hídricos e Ecologia Aplicada (CRHEA) do Departamento de Hidráulica e Saneamento (SHS) - EESC/USP. Mestre em Ciências da Engenharia Ambiental (CRHEA/SHS/EESC/USP). Doutorando em Hidráulica e Saneamento na EESC/USP.

Jurandyr Povinelli

Engenheiro Civil pela Escola de Engenharia de São Carlos (EESC/USP), Engenheiro Sanitarista pela Faculdade de Saúde Pública – USP. Mestre em Saúde Pública pela Faculdade de Saúde Pública – USP. Doutor Engenheiro pela EESC-USP. Professor Adjunto pela EESC, Professor Titular pela USP. Autor de 200 trabalhos publicados e de vários projetos de pesquisa.

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Endereço(1): Universidade de São Paulo, Escola de Engenharia de São Carlos,

Departamento de Hidráulica e Saneamento, Av. Trabalhador São-carlense, 400 – Centro, 13566-590 – São Carlos - SP, Brasil. - Brasil - Tel: (16) 271-5181 - e-mail:

picanco@sc.usp.br

RESUMO

Este trabalho aborda os fundamentos de otimização da eficiência do processo de digestão anaeróbia da fração orgânica de resíduos sólidos urbanos (FORSU), uma vez que essa fração orgânica representa a maior parcela dos constituintes dos resíduos sólidos urbanos no Brasil. Estudou-se a influência da recirculação do percolado, ajustando as melhores taxas e freqüências, na degradação da fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos, em sistemas de duas fases, pelo qual o percolado recirculado como inóculo é oriundo de um reator anaeróbio. Utilizou-se biorreatores de 3,45 litros preenchidos com resíduo sólido urbano padrão (fração orgânica de resíduos sólidos urbanos simulada) e inóculo (percolado oriundo de um aterro sanitário com um ano de idade) e um filtro anaeróbio com meio suporte de pedra brita número quatro (volume total de 28,8L) como reator metanogênico. Foram testadas as taxas de recirculação do inoculo de 1%, 2,5%, 5%, 10%, 20%, 30% e 50% e sua monitoração feita por análises físico-químicas. O biorreator que apresentou melhores valores de produção de metano e redução da DQO foi o com taxa de recirculação de 20% do percolado metanogênico.

PALAVRAS-CHAVE: Digestão Anaeróbia de Resíduos Sólidos, FORSU, Sistemas de Duas Fases, Recirculação de Percolado.

INTRODUÇÃO

Diversos estudos têm apontado o processo de digestão anaeróbia, como uma alternativa atrativa para a estabilização biotecnológica da fração orgânica de resíduos sólidos urbanos. Este método de tratamento baseia-se na atividade de microrganismos anaeróbios, que através do seu metabolismo degradam a matéria orgânica gerando produtos combustíveis, como o gás metano e o hidrogênio, além de reduzir consideravelmente o volume dos resíduos. Outro benefício é que a fração orgânica estabilizada pode ter valor econômico como condicionador de solos.

Dentre os tratamentos biológicos, a digestão anaeróbia vem se mostrando eficiente, contudo apresenta elevado custo de implantação inicial, porém esse investimento é readquirido pela sua característica de geração de energia e impactos ambientais limitados (em particular, sua limitada contribuição para o efeito estufa) (MATA-ALVAREZ, 2002c). Os

microrganismos anaeróbios digerem a matéria orgânica produzindo dióxido de carbono (CO2) e metano (CH4), que podem ser coletados e usados como combustíveis (biogás). O

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Resíduo sólido estabilizado, com redução de 40-60% em peso, pode ser utilizado como condicionador de solo. (KULIK, 1997).

De fato, para o futuro, a digestão anaeróbia deve buscar se enquadrar no contexto global de gerenciamento sustentável dos resíduos. Deste ponto de vista, é importante apontar que o total de energia produzida excede ao total de energia usada para a construção e operação da estação. Para uma estação tratar 15.000 ton/ano de fração orgânica de resíduos sólidos urbanos (FORSU) por compostagem, aproximadamente 0,75 milhões de kWh/ano são necessários, enquanto que para a digestão anaeróbia são gerados aproximadamente 2.4 milhões kWh/ano (TILCHE e MALASPINA, 1998). A exata produção depende da qualidade da FORSU tratada. Outra similar produção se refere do tratamento de 100Kg de FORSU, que foi calculada a partir de experimentos. (Figura 1)

Figura 1 – Rendimento da compostagem e da tecnologia da digestão anaeróbia para o tratamento de 100 Kg de FORSU (MATA-ALVAREZ, 2002b) (M.V.: Matéria Vegetal). A pesar do processo de digestão anaeróbia existir a muitos anos, a sua aplicação para o tratamento da fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos (FORSU) é relativamente recente, mas vem se ampliando ano a cada ano. Uma das causas desse desenvolvimento é a implantação da coleta seletiva dos resíduos sólidos e dos sistemas de triagem em usinas em algumas cidades, incentivando o incremento de novas formas de tratamento desses

resíduos.

Nos dias atuais, em termos industriais, a digestão anaeróbia pode ser vista como uma tecnologia madura (RIGGLE, 1998, p.51). Segundo De Baere (2000), a quantidade de resíduos sólidos tratados por digestão anaeróbia passou de 122.000 ton/ano, em 1990, a mais de um milhão de toneladas no ano de 2000.

A principal vantagem da tecnologia da digestão anaeróbia é, sobretudo, constituir-se um sistema produtor de energia. Enquanto que a compostagem somente consome energia. Além do mais, contribui para a diminuição dos gases que causam o efeito estufa, por se tratar de uma energia renovável, (Tabela ). Este balanço energético favorável representa, conseqüentemente, uma notável redução nos custos.

Esse tipo de tecnologia também se mostra especialmente adequada para o tratamento de resíduos com alto grau de umidade; requer um equilíbrio de nutrientes (relação C/N) menos restrito, quando comparado à compostagem. Isso faz concluir que na ausência de resíduos de podas de árvores (origem vegetal), a digestão anaeróbia pode ser tecnicamente mais conveniente que o processo de compostagem. (MATA-ALVAREZ, 2002a).

Tabela 1 – Consumo de Energia e redução de emissão de CO2

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CO2 (kg/ton bioresíduo) Energia Composto (potencial) Compostagem 260 -20 175 Digestão Anaeróbia -960 70 115

Fonte: Mata-Alvarez, 2002a.

O desenvolvimento da digestão anaeróbia em sistemas de multi-estágios foi intencionado para realizar, em reatores separados, os diferentes estágios da digestão anaeróbia (DA), promovendo assim uma flexibilidade na otimização de cada um desses reatores. (GHOSH et al., 1999) Tipicamente dois reatores são utilizados, o primeiro para a

hidrólise/liquefação-acetogênese e o segundo para a metanogênese. No primeiro reator, a taxa de reação é limitada pela taxa de hidrólise da celulose; o segundo reator pela taxa de crescimento microbiano (LUI e GHOSH, 1997; PALMOLMOWSK e MÜLLER, 1999). O processo de duas fases permite aumentar a taxa de hidrólise pela utilização da condição microaerofílica (isto é, em que uma pequena quantidade de oxigênio é injetada na zona anaeróbia) ou outras formas (CAPELA et al., 1999; WELLINGER at al., 1999). Para a metanogênese, a taxa de crescimento ótima é conseguida com o desenvolvimento de um reator com alta retenção de biomassa (WEILAND, 1992; KÜBLER e WILD, 1992). Um importante passo é a necessidade de se remover as partículas suspensas depois da hidrólise. Processos de multi-estágios são geralmente classificados em baixa e alta quantidade de sólidos. (VERMA, 2002).

A complexidade técnica dos sistemas de duas fases, em relação ao de uma fase, não vêm se traduzindo nos aumentos esperados nas taxas de crescimentos (WEILAND, 1992). De fato, a principal vantagem do sistema de duas-fases não é o aumento na taxa de reação, mas a grande credibilidade biológica para resíduos que produzam desempenho instável em

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sistemas de uma fase. Essa credibilidade é conseguida pela adequada mistura e

tamponamento dos resíduos, pela alimentação controlada e, se possível, pela co-digestão com outros tipos de resíduos (WEILAND, 2000). A Tabela 2 apresenta as vantagens e desvantagens da utilização de sistemas de duas- fases.

Tabela 2 . Vantagens e desvantagens da utilização dos sistemas de duas fases para a digestão anaeróbia da FORSU.

Critério Vantagens Desvantagens Tecnológico - flexibilidade no planejamento - complexo Biológico

- melhor afinidade por celulose – resíduos de residências

- menor produção de biogás (quando os sólidos não são convertidos a metano) Econômico e Ambiental

- pouco metal pesado no composto (quando os sólidos não são metanizados) - Maior investimento

Fonte: Weiland (2000)

Os primeiros estudos no campo da digestão anaeróbia de resíduos sólidos começaram na segunda metade da década de 1970. No início da década de 1980 foi construída em Broni (Itália) a primeira estação em escala piloto (DE BAERE e VERSTRAETE, 1984,). As atividades comerciais no campo da digestão anaeróbia dos resíduos sólidos urbanos começaram na segunda metade da década de 1980. Em 1988, a empresa Valorga construiu a primeira estação em escala real (estação de digestão a seco construída na cidade de Amiens, França, com capacidade de 85.000 ton/ano de RSM). Países como Espanha, Bélgica, Itália, França e Alemanha, dentre outros da Europa dominam a tecnologia da digestão anaeróbia dos RSU em escala real.

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MATERIAIS E MÉTODOS

A avaliação da degradação da FORSUp foi realizada através de biorreatores de pequeno porte (3450 mL), dotados de um sistema de recirculação de percolado.

As condições operacionais biorreatores eram distintas, variando as taxas de recirculação visando maior rapidez da partida e equilíbrio na degradação da FORSUp. Como reator metanogênico foi utilizado um filtro anaeróbio de 28,8L de volume total. Em fim,

acompanhou-se a atividade microbiana para determinar o efeito da recirculação do chorume utilizado como inoculo nos ecossistemas dos reatores.

INSTALAÇÃO EXPERIMENTAL

As instalações experimentais consistiram em biorretatores de pequeno porte para avaliar os efeitos da degradação dos resíduos sólidos com recirculação de percolado.O substrato desses biorreatores será a fração orgânica dos resíduos sólidos urbanos padrão (FORSUp) elaborada de acordo com PINTO (2000).

Foram utilizados oito biorreatores em plástico PVC, de formato cilíndrico, com volume total unitário de 3450 mL e volume útil unitário de 2415 mL e 1.035 mL (30%) reservado para o headsapace. O experimento foi desenvolvido em temperatura mesofílicas, mantida em torno de 350C±1o, com auxílio de um sistema controlador de temperatura composto por aquecedor, ventilador e termostato, em uma cabine climatizada. Adotou-se um fator de inóculo (FI) igual a 0,2 kg de sólidos totais do inóculo para cada kg de sólidos totais da mistura de inóculo e FORSUp. Não foi realizada a neutralização do sistema, uma vez que a recirculação de percolado ajuda no tamponamento do sistema (GHOSH, 1985; PAVAN & MATA-ALVAREZ, 2000).

Os biorreatores utilizados foram adaptados para a amostragem do percolado, produção de biogás e recirculação do perco lado. Para o sistema de coleta de percolado adaptou-se na parte inferior dos reatores um espigão 1/16" de diâmetro interno a uma mangueira de silicone, a qual também foi utilizada para a recirculação do percolado. A parte superior do reator possui duas saídas, nas quais acoplaram-se mangueiras de silicone, uma para a tomada de amostra do biogás produzido e a outra para o recebimento do percolado retirado da parte inferior. As mangueiras eram vedadas com pinças. Para recirculação do percolado utilizou-se o auxílio de seringas da marca Becton Dickinson e com volume de 60mL, kitassato com volume graduado de 250 mL e bomba a vácuo marca IBAV – modelo BRD2, série 871073. (Figura 3)

Figura 1 - Foto do biorreator adaptado para a recirculação do percolado

Para a execução deste trabalho foi utilizado um reator anaeróbio de fluxo ascendente e filme fixo, também conhecido como filtro anaeróbio, constituído de uma câmara cilíndrica

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em PVC com diâmetro de 200mm e um fundo cônico para a zona de lodo. Essa zona possui as seguintes dimensões: diâmetro interno de 90mm na parte inferior e 200mm na parte superior do cone (flangeada a parte inferior do cilindro). O reator possui altura total de 1,20m e volume total de 34,5 litros, sendo apenas 28,8 litros o volume útil do reator e 5,7 litros reservados à separação da fase gasosa (16,5% do volume total). Durante toda a realização do experimento o reator metanogênico operou a um tempo de detenção hidráulico (TDH) de 24 horas.

O reator metanogênico possui dispositivos de entrada na parte inferior do reator e a cada 15 cm ao longo da altura do reator. O chorume retirado dos reatores do primeiro estágio foram adicionados ao reator metanogênico e o mesmo volume de chorume foi retirado do reator metanogênico e injetado nos reatores do primeiro estágio.

O filtro anaeróbio possui um sistema de medição e coleta de gases com um espigão para saída de gás na tampa superior do reator ligada por uma mangueira de silicone a um frasco "mariotte", para medida do volume de gás produzido através de deslocamento de líquido. Aplicaram-se sete diferentes taxas de recirculação de percolado (1%, 2,5%, 5%, 10%, 20%, 30% e 50%) e um reator controle (sem recirculação). Realizou-se o monitoramento dos reatores através de parâmetros físico-químicos e cromatografia gasosa. O inoculo utilizado foi o chorume do aterro sanitário de Jaboticabal, que possuía aproximadamente um ano de idade.A recirculação do percolado teve início um dia após a incubação dos biorreatores. A recirculação era realizada a cada 48 hora s. A medida da composição dos gases era feito no dia posterior à recirculação do percolado.

A quantidade de inóculo utilizado foi calculada em função dos sólidos totais do meio de reação, tendo como valor a concentração de sólidos totais (ST) de 13%, que compreende o melhor desempenho na partida dos reatores operados por PINTO (2000). Este percentual está entre a faixa de valores utilizados nas pesquisas de digestão anaeróbia de resíduos sólidos com alta concentração de sólidos a "úmido" (CHYNOWETH, 1996; BALDOCHI, 1997; PINTO, 2000; MATA-ALVAREZ, 2002a).

ANÁLISES E EXAMES

Para as análises do controle e avaliação da digestão anaeróbia, os parâmetros que foram determinados estão apresentados a seguir:

para a fração orgânica sólida: Sólidos voláteis totais, Umidade, pH, e a relação C:N:P de acordo com o Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (APHA, 2002).

reator metanogênico (partida): pH, DQO, (APHA, 2002). Alcalinidade (Dillalo & Albertson, 1961) e cromatografia gasosa, Ácidos voláteis, Nitrogênio Total, Nitrogênio amoniacal e Fosfato Total.

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no chorume utilizado: Sólidos totais e voláteis totais, pH, DQO, (APHA, 2002). Alcalinidade (Dillalo & Albertson, 1961). Ácidos graxos voláteis (acético, butírico e propiônico) serão determinados por cromatografia líquida empregando-se a técnica utilizada por Baldochi (1997), Nitrogênio Total, Nitrogênio amoniacal e Fosfato Total. As análises de pH, DQO, alcalinidade e ácidos foram procedidas semanalmente; a composição gasosa realizada duas vezes por semana e as análises de nitrogênio e fosfato total quinzenalmente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

O percolado, a FORSUP e a fase semi-sólida (mistura do percolado com a FORSUp) caracterizados através dos parâmetros físico-químicos e apresentados na Tabela 1. Esses valores da FORSUp foram semelhantes aos obtidos por PINTO (2000), demonstrando que a padronização dos resíduos atendeu aos objetivos propostos.

A quantidade adicionada de inóculo em cada biorreator foi calculada em relação aos sólidos totais do meio de reação (fixada em 13%), como descrito no item anterior, em que o

resultado ficou em 1,0 kg de FORSUp e 1,4L de percolado. Os reatores não foram

tamponados, pois se acredita que em sistemas de duas fases ocorre um autotamponamento no reator metano gênico, que digere rapidamente os ácidos formados nos reatores

acidogênicos.

Na Tabela 3 estão os resultados das características físico químicas do inoculo (chorume) empregado na parte experimental do trabalho.

Tabela 3 - Valores médios das características físico-químicas do inóculo empregado

Parâmetros

Percolado Inicial do

Sistema de Duas Fases S.T. (g/L)

58

S.T.V. (g/L) 15

(9)

DQO (g/L) 26,6

Alcalinidade Total (g CaCO3/L) 22 Ácidos Voláteis (g /L) 9,9 pH 8,32 Nitrogênio total (gN/L) 2,9 Nitrogênio Amoniacal (gN/L) 1,9

A Erro! A origem da referência não foi encontrada. apresenta a variação da produção de metano e DQO ao longo da operação dos reatores.

(a) (b) (c) (d) (e) (f) (g) (h)

(10)

(i)

Figura 2 - Comporta mento da DQO e da produção de metano ao longo do tempo de operação nos reatores: (a) Reator Metanogênico - R, (b) Reator Controle - RC, (c) Reator 1% de recirculação – R1%, (d) Reator 2,5% de recirculação – R2,5%, (e) Reator 5% de recirculação – R5%, (f) Reator 10% de recirculação – R10%, (g) Reator 20% de

recirculação – R20%, (h) Reator 30% de recirculação – R30%. (i) Reator 50% de recirculação – R50%.

O reator controle, sem recirculação (RC), apresentou início na produção crescente de metano após 120o dia do início da operação, alcançando o máximo em torno de 72% de CH4 na produção do biogás por volta do 200o dia de operação. O reator continua em

operação a espera da queda na produção de metano devido ao consumo dos ácidos. O reator controle foi aquele que teve início na produção de metano mais tardia, ocasionada pela não recirculação de seu chorume. O pH se apresenta de forma crescente a partir que os ácidos formados foram consumidos, ficando entre 5,85-8,75 (Figura 3).

(a) (b)

Figura 3 – Comportamento do potencial hidrogeniônico (pH) ao longo do tempo.

O reator que apresentou melhor desempenho foi o de 20%, pois o pico de produção de CH4 que nos primeiros 20 dias alcançou um máximo de 77% de CH4 no biogás. Os reatores com 50% e 30% também apresentaram bons resultados, contudo seus picos foram menores que os do reator com 20% de recirculação e sua produção de metano foi após o início do reator de 20%.

O reator de 10% de recirculação teve seu pico inicial por volta do 26o dia e o valor máximo de metano foi de 67%. Com os reatores de 1% e 5% ocorreram problemas operacionais que culminaram na sua perda no 1100 dia de operação. Não se procedeu a purga do gás nesse dia e os reatores estouraram. Eles tiveram sua partida nos dias 60o e 35o de operação, respectivamente. O reator com 5% de recirculação apresentou pico de até 76% de metano, enquanto que o valor máximo alcançado pelo reator com 1% de recirculação foi de 69%. O comportamento desses reatores podem ser extrapolados pelo comportamento do reator de 2,5% de recirculação, pois apresentaram seus picos iniciais muito próximos e valores máximos de produção de metano semelhantes.

O comportamento do pH em todos os reatores foram semelhantes, crescendo ao longo do tempo e influenciados pelo pH do percolado do reator metanogênico, que sempre se manteve na faixa de 8-9.

Um dos fatores para a queda brusca na produção de metano nos reatores é o acúmulo de ácidos voláteis no sistema. Apesar de apresentarem altos valores de alcalinidade, esta não foi suficiente para manter o equilíbrio do ecossistema destes reatores. Em estudo

(11)

desenvolvido por LIMA (1988) foram testadas algumas opções de recirculação de percolado em aterro sanitário, as quais observou-se que a recirculação do percolado gera uma alta quantidade de ácidos voláteis inibindo o processo, principalmente a

metanogênese.

A alcalinidade nos reatores foi suficiente para manter o equilíbrio do ecossistema, até mesmo o reator sem recirculação. Vale salientar que não se fez necessário a utilização de tampão, uma ve z que o percolado do reator metanogênico apresenta uma alcalinidade total elevada. Os reatores com 10%, 20%, 30% e 50% tiveram seu crescimento até o 60o dia de operação, a partir desse dia se manteve praticamente constante. A alcalinidade parcial apresentou o mesmo comportamento. Para os reatores com menor taxa de recirculação, o crescimento da alcalinidade total foi mais lento e se manteve constante após o 110o dia de operação (Figura ).

Figura 4 – Perfil da alcalinidade total e parcial dos reatores ao longo do tempo de operação. Os ácidos voláteis aumentaram rapidamente em todos os biorreatores até o 50o dia de operação. A partir desse momento, com o início e a estabilidade da metanogênese, esses ácidos começaram a ser consumidos e seus valores mínimos ocorreram em

aproximadamente 175 dias. A Figura apresenta o comportamento dos ácidos voláteis. A maior parte dos ácidos voláteis foram consumidos até o 50o dia de operação indicando assim que a fase metanogênica durou aproximadamente 20-25 dias.

Figura 5 – Comportamento dos ácidos voláteis dos biorreatores ao longo do tempo. Os valores do nitrogênio total cresceram ao longo do tempo em todos os reatores. Não foi verificada influência das diferenças das taxas de recirculação nesse aumento. O aumento no nitrogênio amoniacal se deve provavelmente ao consumo do nitrogênio orgânico, o que ocasiona o aumento da alcalinidade dos biorreatores (Figura ). Na Figura 6 são

apresentados os gráficos do comportamento do NTK e nitrogênio amoniacal ao longo do tempo.

ab cd

Figura 6 – Valores do NTK e do nitrogênio amoniacal dos biorreatores ao longo do tempo. (a) e (b) NTK; (c) e (d) Nitrogênio amoniacal.

Em todos os gráficos apresentados anteriormente, o comportamento dos parâmetros sofre alteração por volta do 180o dia de operação. O motivo para tal mudança foi o início da segunda etapa do trabalho em reatores em escala piloto. O reator metanogênico começou a sofrer alterações e, por conseguinte, todos os biorreatores mudaram seus comportamentos.

(12)

No 210º dia foram encerradas as operações dos biorreatores com taxas de recirculação de 50%, 30%, 20%, 10%. O reator controle e o com 2,5% de recirculação, até o 210º dia não haviam terminado a sua produção de metano.

CONCLUSÕES

O reator com taxa de recirculação de 20% apresentou os valores da produção de gás metano superiores comparado aos outros reatores, tendo o maior pico de metano, superior a 77%, e foi o primeiro biorreator a produzir metano (próximo a 20 dias do início da recirculação), confirmado pela aná lise de DQO, no qual o reator apresentou queda nos valores de DQO também próximos do 20o de operação.

Não foi necessário o tamponamento dos biorreatores, comprovando assim que a utilização do sistema de duas fases confere uma maior estabilidade a digestão anaeróbia.

Ocorreu um aceleramento da hidrólise/liquefação da FORSU com a utilização de sistemas de duas fases. Em aproximadamente 20 dias a maior parte da matéria orgânica presente na FORSU já se encontrava na forma de ácidos voláteis. Com isso, o trabalho conseguiu abreviar a etapa limitante para a digestão anaeróbia dos resíduos sólidos urbanos (parte orgânica).

A escolha de um filtro anaeróbio para atuar como reator metanogênico foi satisfatória, uma vez que ele se comportou muito bem, mesmo recebendo elevadas cargas de ácidos

(apresentando sempre elevados valores de alcalinidade). A presença de microrganismos aderidos às pedras provavelmente aumentou sua capacidade de digestão.

AGRADECIMENTOS

A Fundação de Amparo e Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) pelo financiamento do projeto de pesquisa, o qual este trabalho está incluso (processo no 2002/009671-4), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa concedida. Ao departamento de Hidráulica e Saneamento da Universidade de São Paulo, em São Carlos (SHS -EESC-USP) pelo apoio.

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Referências

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