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A indústria de petróleo e os derramamentos de óleo no mar: uma abordagem exploratória

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA QUÍMICA E DE PETRÓLEO CURSO DE ENGENHARIA DE PETRÓLEO

A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E OS DERRAMAMENTOS DE ÓLEO NO MAR: UMA ABORDAGEM EXPLORATÓRIA

MONOGRAFIA DE GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PETRÓLEO

MÁRIO ROBERTO LEMOS JÚNIOR

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MÁRIO ROBERTO LEMOS JÚNIOR

A INDÚSTRIA DE PETRÓLEO E OS DERRAMAMENTOS DE ÓLEO NO MAR: UMA ABORDAGEM EXPLORATÓRIA

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Engenharia de Petróleo da Escola de Engenharia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial para obtenção do Grau de Bacharel em Engenharia de Petróleo.

Orientador: Professor Geraldo de Souza Ferreira

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Dedico este trabalho a Deus, à minha família e a meus amigos que sempre estiveram ao meu lado, me dando suporte e sendo essenciais durante toda a minha trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, que me guiou através da minha fé e do meu coração até chegar aqui.

Aos meus pais Mário e Vera, por serem exemplos de seres humanos nos quais eu me espelho e por sempre me apoiarem, não importando o tamanho dos obstáculos. Obrigado por me ajudarem a ser uma pessoa melhor.

Aos meus irmãos Messias e Verimar, que também sempre me apoiaram e me deram muito carinho, mesmo que mais distantes em alguns momentos.

Aos meus vários amigos de todas as épocas que sempre torceram por mim e me deram apoio e força pra continuar seguindo atrás do meu sonho de me tornar engenheiro.

Ao professor e orientador Geraldo Ferreira, que concordou em me orientar na elaboração deste trabalho e me incentivou a continuar com o estudo do tema proposto.

À UFF, que me proporcionou um momento único na vida.

A todos os meus parentes, que não são poucos, que também sempre me deram todo o suporte e apoio pra correr atrás dessa graduação.

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EPÍGRAFE

“Queira

Basta ser sincero e desejar profundo Você será capaz de sacudir o mundo, vai Tente outra vez

Tente

E não diga que a vitória está perdida Se é de batalhas que se vive a vida Tente outra vez”

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RESUMO

Com a descoberta de petróleo no pré-sal, houve um aumento significativo nas atividades de perfuração marítima e, com isso, aumentou-se também o risco de acidentes com derramamento de óleo.

Para se estar pronto para esse tipo de acidente deve-se ter uma política ambiental bem definida, um plano de contingência bem estruturado e equipamentos eficientes para auxiliar no combate ao derramamento de óleo.

Este trabalho pretende abordar a evolução da política ambiental no Brasil, a estrutura atual dos planos de contingência, situações em que podem ocorrer o derramamento de óleo no mar e as tecnologias disponíveis para o sensoriamento remoto deste problema no mar.

Palavras-chave: derramamento de óleo, política ambiental, planos de contingência, sensoriamento remoto.

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ABSTRACT

With the discovery of oil in Pre-salt reservoir there was a significant increase in the offshore drilling activities, and the increased risk of accidents with oil spill.

To be ready for this type of accident should have a well-defined environmental policy, a well-structured contingency plan and efficient equipment to help fight the oil spill.

This study aims to address the evolution of the environmental policy in Brazil, the current structure of contingency plans, situations in which an oil spill can occur in the sea and the available technologies for remote sensing of oil spills in the sea.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 - Organograma SISNAMA no Estado do Rio de Janeiro...18

Figura 02 - Comparativo do total de acidentes ambientais registrados por região nos anos de 2010, 2011 e 2012... 22

Figura 03 - Percentual de acidentes registrados por local referente ao ano de 2012 ... 23

Figura 04 - Tipos de eventos ocorridos em acidentes ambientais no ano de 2010 ... 25

Figura 05 - Organograma da Comissão Organizadora do Plano Nacional de Contingência 29 Figura 06 - Plataforma Semisubmersível P-18 ... 36

Figura 07 - Navio sonda Petrobras 10000 ... 37

Figura 08 - FPSO Cidade de Angra dos Reis ... 38

Figura 09 - Operação de Offloading ... 39

Figura 10 - Mancha de óleo no Mar de Timor ... 47

Figura 11 - Espalhamento Raman retratado ... 48

Figura 12 - Imagem do RADARSAT da mancha de óleo no Golfo do México ... 51

Figura 13 - Interface do usuário do sistema Miros OSD ... 53

Figura 14 - Imagem do sistema Sea-Hawk ... 54

Figura 15 - Tela do sistema SECurus ...;... 55

Figura 16 - Mapeamento aéreo com o sensor multiespectral/termal e medição da espessura... 57

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LISTA DE TABELAS

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LISTA DE ACRÔNIMOS

AAE – Avaliação Ambiental Estratégica ANP – Agência Nacional do Petróleo

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento BP – British Petroleum (Petróleo Britânico)

CECA – Comissão Estadual de Controle Ambiental

CETESB – Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CGEMA – Coordenação Geral de Emergências Ambientais COMDEMA – Conselho Municipal de Meio Ambiente CONAMA – Conselho Nacional do Meio Ambiente CONEMA – Conselho Estadual do Meio Ambiente DIPRO – Diretoria de Proteção Ambiental

FEEMA – Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente

FPSO – Floating Producing Storage and Offloading (Unidade Flutuante de Produção, Estocagem e Transferência de Óleo)

GASBOL – Gasoduto Brasil-Bolívia

IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis ICMBio – Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade

INEA – Instituto Ambiental do Ambiente INMET – Instituto Nacional de Meteorologia

LIDAR – Light Detection and Ranging (Detecção de Luz e Variação)

LURSOT – Laser-Ultrasonic Remote Sensing of Oil Thickness (Sensoriamento Remoto da Espessura do Óleo com Laser Ultrassônico)

MMA – Ministério do Meio Ambiente

NASA – National Aeronautics and Space Administration

NUPAEM – Núcleos de Prevenção e Atendimento a Emergências Ambientais OIT – Organização Internacional do Trabalho

OSD – Oil Spill Detection (Detecção de Derramamento de Óleo)

P2R2 – Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos

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PAM – Plano de Auxílio Mútuo

PEI – Plano de Emergência Individual PNC – Plano Nacional de Contingência

PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente PRC – Plano Regional de Contingência

RADAR – Radio Detection and Ranging (Detecção de Ondas de Radio e Variação) REDUC – Refinaria Duque de Caxias

SAR – Synthetic Aperture Radar (Radar de Abertura Sintética) SEA – Secretaria Estadual do Ambiente

SEMA – Secretaria Especial de Meio Ambiente SISNAMA – Sistema Nacional de Meio Ambiente

SISNOLEO – Sistema de Informações sobre Incidentes por Óleo nas Águas Jurisdicionais Brasileiras

SLAR – Side Looking Airborne Radars (Radar de Busca Lateral a Bordo de Aeronave) SMA – Secretaria Municipal de Meio Ambiente

TORGUÁ – Terminal da Ilha D’Água

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SUMÁRIO CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO ... 14 1.1 – Apresentação ... 14 1.2 – Objetivos do Trabalho ... 14 1.3 – Metodologia do Trabalho ... 15 1.4 – Estrutura do Trabalho ... 15

CAPÍTULO 2 – POLÍTICA AMBIENTAL E OS PLANOS DE CONTINGÊNCIA NO BRASIL 16 2.1 – Histórico da Política Ambiental Brasileira ... 16

2.2 – Cenário Nacional dos Planos de Emergência ... 20

2.2.1 – A Origem dos Planos de Emergência no Brasil ... 23

2.2.2 – Os Tipos de Planos de Emergência no Brasil ... 25

CAPÍTULO 3 – A INDÚSTRIA MARÍTIMA DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL E SEUS IMPACTOS NO MEIO AMBIENTE ... 33

3.1 – Perfuração, Produção e seus Impactos Ambientais... 34

3.2 – Transporte de Petróleo e Gás Natural e seus Impactos Ambientais ... 37

3.3 – Eventos Acidentais em Ambiente Marítimo ... 39

3.4 – Efeitos do Vazamento de Óleo ... 40

CAPÍTULO 4 - PRINCIPAIS TECNOLOGIAS DOS EQUIPAMENTOS PARA MONITORAMENTO DE DERRAMAMENTO DE ÓLEO ... 45

4.1 – Sensores Ultravioletas ... 45

4.2 – Sensores Visíveis e Infravermelhos ... 46

4.3 – Sensores Multiespectrais (Ultravioleta-Visível-Infravermelho Proximal) ... 47

4.4 – Fluorosensores ... 47 4.5 – Espalhamento Raman ... 48 4.6 – Sensores Acústicos ... 49 4.7 – Sensores de Microondas ... 49 4.8 – Infravermelho Termal ... 50 4.9 – Radar ... 50 4.10 – Combinação de Sensores ... 51

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CAPÍTULO 5 – PRINCIPAIS SISTEMAS DE DETECÇÃO DE DERRAMAMENTO DE ÓLEO DISPONÍVEIS NO MERCADO ... 53 5.1 – Miros ... 53 5.2 – Sea-Hawk ... 54 5.3 – SeaDarQ ... 54 5.4 – APTOMAR ... 55 5.5 – Amtech Aeronautical LTD ... 56 5.6 – Ocean Imaging ... 56 5.7 – Optimare ... 56

CAPÍTULO 6 – CONCLUSÕES E SUGESTÕES ... 58

6.1 - Conclusões ... 58

6.2 – Sugestões ... 58

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CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO

1.1 – Apresentação

Como vem havendo uma intensificação das atividades em ambiente marítimo, especialmente em águas com grande profundidade, o risco de que ocorra um derramamento de óleo fica cada vez maior. Com essa intensificação das atividades e com os desafios tecnológicos impostos pelas novas fronteiras exploratórias, aumentam também as probabilidades de alguma falha. Os campos do Pré-sal com reservas localizadas em águas ultra profundas são exemplos de atividades que envolvem riscos.

Com isso, ao longo dos anos o rigor das políticas ambientais só vem aumentando. Planos de contingência vêm sendo elaborados, punições mais severas estão sendo estabelecidas e as cobranças, tanto com relação ao governo, quanto às empresas privadas só estão aumentando.

Os impactos gerados por derramamentos de óleo podem causar estragos devastadores ao meio ambiente, que podem perdurar por anos. Não só ao meio ambiente, mas também podem afetar pessoas que vivem em função do mar que foi afetado pelo derramamento.

É com base nisso que é importante o estudo acerca dos derramamentos de óleo, para que se possa conseguir uma resposta mais efetiva ao problema. As tecnologias utilizadas para monitorar o derramamento de óleo são fundamentais para auxiliar na tomada de decisões com o intuito de minimizar os efeitos do vazamento.

1.2 – Objetivos do Trabalho

Este trabalho tem como objetivo mostrar todo o cenário acerca do derramamento de óleo, e também tratar das políticas ambientais envolvidas nesse caso. Além disso pretende identificar e analisar as principais tecnologias disponíveis para o sensoriamento remoto do derramamento de óleo em ambiente marítimo.

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15 1.3 – Metodologia do Trabalho

No presente trabalho, será utilizada como metodologia a pesquisa bibliográfica e estudo sistematizado com base em material publicado em livros, revistas, jornais, artigos, teses, dissertações, monografias e redes eletrônicas.

1.4 – Estrutura do Trabalho

Este trabalho será constituído de 6 capítulos. No capítulo inicial teremos uma breve apresentação sobre o assunto do trabalho, bem como algumas informações tais como o objetivo do trabalho e a metodologia utilizada para sua elaboração.

No capítulo 2 trataremos a política ambiental no Brasil e principalmente sua evolução. Trataremos também sobre os planos de contingência existentes no Brasil, bem como sua origem.

No capítulo 3 abordaremos as principais atividades da indústria de petróleo e gás no ambiente marinho e os principais impactos que tais atividades podem trazer ao meio ambiente. Abordaremos também os principais tipos de acidentes que podem ocorrer no mar, bem como os efeitos dos vazamentos de óleo.

No capítulo 4 serão apresentadas as principais tecnologias utilizadas para auxiliar no monitoramento do óleo no mar. Além disso é apresentada a combinação dessas tecnologias, que podem tornar o monitoramento muito mais eficiente.

No capítulo 5 são destacados os principais equipamentos e sistemas existentes hoje no mercado, com uma breve explicação sobre a tecnologia que estes utilizam.

No capítulo 6 além da conclusão são feitas sugestões para futuras pesquisas a partir desse trabalho.

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CAPÍTULO 2 – POLÍTICA AMBIENTAL E OS PLANOS DE CONTINGÊNCIA NO

BRASIL

2.1 – Histórico da Política Ambiental Brasileira

A política ambiental brasileira começou a se desenvolver tardiamente, e foi resultado principalmente de pressões internacionais e de poucos grupos sociais do país. Até o ano de 1972, quando ocorreu a Conferência de Estocolmo, a política ambiental brasileira era praticamente nula. O principal interesse da política do Brasil estava voltado para o desenvolvimento econômico, principalmente da indústria de base, com o intuito de diminuir as importações e aumentar a industrialização do país. Portanto, o momento não era o ideal para uma política ambiental no país (BREDARIOL, 2001).

No ano de 1972 ocorreu a Conferência de Estocolmo, primeira conferência de âmbito mundial relacionada ao meio ambiente e da qual o Brasil foi um dos participantes. Encabeçada pelos EUA, a conferência estava preocupada com as consequências da poluição ambiental gerada pela industrialização, principalmente nos países conhecidos como Terceiro Mundo. A conferência defendia que os países criassem um planejamento para um melhor controle ambiental, diminuindo os males causados pelas indústrias ao meio ambiente. Porém, o posicionamento dos países subdesenvolvidos, o que incluía o Brasil, era de rejeição às propostas da conferência, pois mesmo reconhecendo os malefícios proporcionados ao ser humano pela poluição do meio ambiente, eles não abriram mão do desenvolvimento econômico a qualquer custo. Dessa forma, o Brasil saiu da Conferência de Estocolmo planejando construir a sua política ambiental internamente, sem prejudicar o desenvolvimento do país preocupando-se com o meio ambiente (FERREIRA, 1998).

A primeira atitude do Brasil após a Conferência de Estocolmo foi criar a Secretaria Especial de Meio Ambiente (SEMA), órgão especializado em assuntos relacionados ao meio ambiente. A SEMA instituiu no Brasil um modelo de política ambiental que focava no controle da poluição, ignorando outras áreas cujas políticas podem impactar no meio ambiente, tal como saneamento básico. A SEMA adotou uma política com ênfase na correção e punição, o que foi criticado por não visualizar o meio ambiente de uma forma mais abrangente. Nessa época surgiu no estado do Rio de Janeiro a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), que apesar de se esforçar para implantar uma política ambiental mais abrangente e integrada, esbarrou na política da época que via a política ambiental como um empecilho para o desenvolvimento econômico, relegando assim a política ambiental (CALIXTO, 2011).

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17 No ano de 1981, a Lei Federal 6.938 criou o Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA), integrando entidades ambientais de todos os níveis. Esse sistema seria coordenado por um órgão colegiado: Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA). Essa Lei foi criada com o intuito de reger a política do meio ambiente no país. O principal objetivo dessa lei era: “a preservação ambiental propícia à vida, visando assegurar, no país, condições para o desenvolvimento socioeconômico, os interesses da segurança nacional e a proteção da dignidade da vida humana”. Alguns dos instrumentos listados pela lei para assegurar esse objetivo são: avaliação de impactos ambientais e o licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras (Lei federal 6.938/ 81, artigo 9, incisos III e IV). Na Constituição Federal de 1988 ficou explicitado que a construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, que fossem considerados efetivos ou potencialmente poluidores, iriam depender de um licenciamento prévio emitido por qualquer órgão estadual que seja integrante do SISNAMA.

Já no ano de 1989, sob a gestão do presidente José Sarney (1985- 1989), foi promulgada a Lei 7.735, que criava um órgão federal que seria uma fusão das várias secretarias que cuidavam da política ambiental no país. Esse órgão criado era o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA). O IBAMA é uma entidade autárquica que atua em regime especial, com administração autônoma e financeiramente autônoma também, dotada de personalidade jurídica de direito público (poder de polícia). Na figura 01 pode-se observar como exemplo a organização dos órgãos ambientais do estado do Rio de Janeiro.

Para a execução do licenciamento ambiental, os critérios básicos exigidos e as diretrizes estão presentes na Lei Federal 6.938/81 e nas resoluções do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 001/86 e nº 237/97. Os órgãos ambientais que atuam no licenciamento ambiental são os Órgãos Estaduais de Meio Ambiente e o IBAMA, que são integrantes do Sistema Nacional de Meio Ambiente (SISNAMA). O IBAMA atua mais licenciando projetos de grande porte, cujos impactos ambientais podem envolver mais de um estado, e atua também nas atividades de petróleo e gás na plataforma continental.

À medida que o mundo e as tecnologias foram evoluindo, o pensamento ambiental também evoluiu. Já não se pensava mais apenas nos efeitos sofridos pelo meio ambiente advindos do desenvolvimento. Passou a se pensar no futuro, em se relacionar com o meio ambiente de forma racional, para que no futuro as próximas gerações ainda tenham do que usufruir. Passaram a ser combinados os aspectos econômicos e sociais com os ambientais, tanto para a preservação do meio ambiente quanto para uma utilização sustentável dos seus recursos para que ainda existam no futuro. Portanto, a partir daí o foco da política

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18 ambiental internacional mudou, e o primeiro documento a tratar e representar esse pensamento foi o Relatório Bruntland, do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA). Com base nesse pensamento foi realizada a Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED-92), que ficou mais conhecida como ECO-92, no Rio de Janeiro, Brasil (CALIXTO, 2011).

Figura 01 – Organograma SISNAMA no Estado do Rio de Janeiro Fonte: <http://www.mprj.mp.br/>

A ECO-92 tinha o intuito de reunir representantes de todos os países do mundo para debater e discutir a nova forma de pensamento ambiental, que era o desenvolvimento sustentável. Para o Brasil, isso significava resolver o problema do desenvolvimento sob uma ótica ambiental e socialmente sustentável. O Brasil se preparou muito para esse

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19 conferência, tendo que tomar medidas emergenciais no campo ambiental, para que não ficasse mal visto internacionalmente. Foi nessa época que foi criada a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, que mais tarde viria ser o Ministério do Meio Ambiente (MMA).

Como resultado da conferência ECO-92, foi gerado o documento Agenda XXI, que continha programas que ajudariam na elaboração de políticas públicas locais, abordando questões tais como desenvolvimento sustentável, biodiversidade, mudanças climáticas, águas e resíduos que tornavam-se problemas da humanidade e passavam a ser o centro do pensamento ambiental. Porém, sua implantação era muito cara, e muitas partes do texto, devido à falta de consenso, eram vagas e sem prazos, o que enfraquecia o documento Agenda XXI (BREDARIOL, 2001).

Foi se observando no decorrer dos anos 90 que o modelo da política ambiental no Brasil não conseguia atender a pauta estabelecida na ECO-92, levando a uma certa crise. Nem o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e nem o Ministério de Meio Ambiente (MMA) conseguiam colocar em prática todas as propostas ambientais. Por isso o MMA procurou realizar parcerias com Estados, Municípios, ONG’s e entidades públicas e privadas, no intuito de ajudar na execução e no planejamento das políticas ambientais (BREDARIOL, 2001).

No final dos anos 90, mais precisamente em 1998, foi aprovada no Brasil a Lei de Crimes Ambientais, onde qualquer conduta ou atividade que causasse algum dano ao meio ambiente seria punida civil, administrativa e criminalmente. Essa lei foi vista como mais um instrumento de auxílio nas punições às pessoas ou empresas que cometessem algum crime ao meio ambiente. E nem sempre a punição seria severa, em alguns casos o infrator poderia reparar o dano causado ou até mesmo de alguma forma pagar sua “dívida” com a sociedade.

Já em 2002 foi realizada conferência Rio +10, que seria uma continuação das discussões iniciadas na ECO-92. Essa conferência teve o seu principal foco voltado para a globalização e as mudanças climáticas. A partir dali ficou reconhecido o fato de que a adoção do uso de energias renováveis é de vital importância para o futuro ambiental do planeta. Numa visão geral, essa a Rio +10 foi uma derrota, pois o seu principal ponto que era a urgente adoção de energias renováveis não foi aprovado por todos os países, que discordavam em vários pontos. Portanto, ali só ficou aberto o caminho para futuras negociações, frustrando a maioria das entidades ambientalistas (GOLDEMBERG, 2004).

A participação do Brasil na Rio +10 foi marcada pela contradição, segundo o diretor-executivo do Greenpeace, Frank Guggenheim: o Brasil nada falou a respeito de seus novos

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20 projetos nacionais de hidrelétricas e usinas nucleares, enquanto defendia a meta mundial de 10% de energia oriunda de fontes renováveis até o ano de 2010.

Disso tudo, pode-se perceber que a política ambiental brasileira, se comparada às outras políticas setoriais do Brasil, teve um desenvolvimento tardio, e sem contar que ele se fez também devido às inúmeras pressões internacionais. Como exemplo disso, podemos citar a Lei de Crimes Ambientais, uma lei muito elogiada em todo o mundo, mas que existe há menos de 20 anos (RIGOTTO, 2002).

Como exemplo das pressões internacionais, alguns instrumentos de Gestão Ambiental com enfoque estratégico, como a Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), vêm sendo implantados no Brasil por exigência de organizações internacionais, como o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), para o financiamento de projetos, como o gasoduto Brasil-Bolívia (Gasbol). A preocupação de alguns setores da indústria com a preservação do meio ambiente só tem ocorrido devido às exigências impostas pelo mercado, pela legislação e como já citado anteriormente exigência de organizações internacionais.

Uma política ambiental bem estruturada deveria abranger vários aspectos da vida humana em sociedade, onde estão inclusos os aspectos sociais, ambientais, políticos e econômicos. O planejamento dessa política deve ter como foco a sustentabilidade, que fornece uma sólida base para o desenvolvimento do ser humano junto com a preservação de uma qualidade de vida para o ser humano no planeta. Por isso a política ambiental deve fazer parte do plano de desenvolvimento de todas as nações. Com isso reconhece-se que todos os processos de ajustes e crescimento das nações envolvem o aspecto ambiental de forma relevante, sempre buscando combinar com aspectos culturais, autonomia nacional e direitos humanos.

2.2 – Cenário Nacional dos Planos de Emergência

A estruturação de Planos de Resposta às Emergências no Brasil só começou a se desenvolver após o acidente na Baia de Guanabara em 18 de janeiro de 2000, onde cerca de 1300 metros cúbicos de óleo combustível marítimo (MF-380) vazaram de uma das linhas do conjunto de oleodutos de que transferiam os produtos da Refinaria Duque de Caxias (REDUC) para o Terminal da Ilha D’Água (TORGUÁ). Em 28 de abril do mesmo ano foi criada a Lei nº 9966, que previa a integração de todos os planos de emergência de uma determinada área ou região, tornando assim possível a integração nos níveis estadual e nacional. Em 12 de dezembro de 2001 foi promulgada a Resolução CONAMA nº 293 que

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21 estabelecia o conteúdo e as exigências mínimas para que fosse elaborado o Plano de Emergência Individual. Em 11 de junho de 2008 a Resolução CONAMA nº 293 foi substituída pela Resolução CONAMA nº 398 que inclui outras atividades que passariam a ter a obrigação de desenvolver um Plano de Emergência Individual para ocasiões de derramamento de óleo.

Apesar de bem intencionada com base na integração dos planos de emergência, a Lei nº 9966 encontrou muita dificuldade para ser colocada em prática. Isso ocorre devido à dificuldade dos órgãos ambientais em definir responsabilidades e elaborar os Planos Regionais e o Plano Nacional de Contingência, além da falta de estrutura do Governo Federal e dos Governos Estaduais. Mesmo assim algumas organizações, tanto públicas quanto privadas, tomaram algumas atitudes com o intuito de desenvolver formas mais efetivas nas respostas às emergências. Abaixo seguem algumas das iniciativas:

i. Desenvolvimento de softwares de modelagem de vazamento de óleo (INFOPAE da Petrobras);

ii. Desenvolvimento de software de análise quantitativa de risco (SIRA do INEA);

iii. Elaboração do banco de dados de acidentes ambientais desde 2006 (IBAMA);

iv. Elaboração de relatórios de acidentes ambientais desde 2006 (IBAMA);

v. Desenvolvimento de dados de vazamento de óleo no Estado de São Paulo de 1974 a 2000 (CETESB);

Um dos principais recursos para elaboração dos planos de emergência é o banco de dados com os acidentes ambientais, que pode ajudar na otimização dos recursos necessários para o atendimento às emergências.

No ano de 2006 o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), através do Decreto nº 5.718/2006 criou a Coordenação Geral de Emergências Ambientais (CGEMA), que integra a Diretoria de Proteção Ambiental (DIPRO). Esta coordenação foi criada com os objetivos de coordenar, supervisionar, normatizar, executar, orientar, e apoiar a execução e também a implementação das ações e planos de prevenção e resposta a acidentes e emergências ambientais; planejar, supervisionar e controlar o andamento físico e financeiro das ações de emergência ambiental chefiados pela administração central e unidades descentralizadas; apoiar, incentivar, orientar e supervisionar as ações desenvolvidas pelos Núcleos de Prevenção e Atendimento às Emergências Ambientais, nas unidades descentralizadas; e propor e apoiar a articulação

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22 interinstitucional, nacional e internacional, para prevenção, atendimento e também monitoramento em caso de acidentes e emergências ambientais. Além da atuação do CGEMA, parte dos servidores do IBAMA atuam em todos os estados do Brasil, integrando os Núcleos de Prevenção e Atendimento a Emergências Ambientais (NUPAEM). Além dos servidores que ficam no CGEMA na sede do IBAMA em Brasília, existem atualmente 220 servidores que atuam em todos os 27 NUPAEM no território brasileiro, sendo um por estado e mais o Distrito Federal (IBAMA, 2012).

Segundo o Relatório de Acidentes Ambientais do IBAMA (2012), os acidentes ambientais são classificados como eventos inesperados e indesejados que podem vir a causar, direta ou indiretamente, danos tanto ao meio ambiente quanto à saúde da população.

Tais eventos se mostram amplamente distribuídos em todo o território nacional. Mas a região Sudeste se destaca das demais, pois apresenta o maior número de casos registrados de acidentes ambientais ocorridos, com 430 ocorrências no ano de 2012 como pode ser visualizado na figura 02. Essa quantidade de ocorrências equivale a 67% de todo o território nacional. Isso ocorre desde 2006, que é o ano em que os relatórios de acidentes começaram a ser elaborados. No ano de 2012 o estado de Minas Gerais ultrapassou o estado de São Paulo no número de acidentes ocorridos. Esse maior número de acidentes ocorre porque a região Sudeste é a região na qual o transporte de carga/produtos perigosos é mais numeroso. Nos estados da região Sudeste acontece a maior parte do tráfego de veículos com cargas e/ou produtos que oferecem risco à população e ao ambiente (IBAMA, 2012).

Figura 02 – Comparativo do total de acidentes ambientais registrados por região nos anos de 2010, 2011 e 2012.

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Como o modal rodoviário predomina na matriz de transporte brasileiro, concentrando cerca de 60% do volume de cargas transportadas no Brasil, é neste local que está o maior percentual da ocorrência de acidentes ambientais, com 28% do total de acidentes no ano de 2012. O transporte da produção gerada pelos setores químico, petroquímico e de refino de petróleo, é na sua maior parte feito através de rodovias. Acidentes em plataformas estão em segundo lugar, com 13% das ocorrências de acidentes ambientais (IBAMA, 2012). Estes dados podem ser visualizados na Figura 03 apresentada logo abaixo:

Figura 03 – Percentual de acidentes registrados por local referente ao ano de 2012 Fonte: IBAMA (2012)

O governo brasileiro já desenvolveu algumas diretrizes e iniciativas do Plano Nacional de Contingência de vazamentos de óleo e derivado, mas não definiu como integrar os recursos de resposta à emergência dos Planos Regionais de Contingência, Planos de Auxílio Mútuo e Planos de Emergência Individuais. Isso ocorre devido ao conflito de interesses entre o setor público e o privado. A integração entre os setores público e privado é muito importante, pois sem essa integração o interesse da sociedade fica prejudicado, no sentido de adotar ações preventivas. O Brasil possui a competência tecnológica para estruturar um atendimento de emergência de qualidade, porém falta uma ação administrativa para estruturar os Planos de Contingência (Nacional e Regionais) (CALIXTO, 2011).

2.2.1 – A Origem dos Planos de Emergência no Brasil

Em 2001 no Brasil, o Decreto Legislativo nº 246 aprovou o texto da Convenção nº 174 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre a Prevenção de Acidentes

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24 Industriais Maiores. A Convenção objetiva, além prevenir acidentes industriais maiores, limitar as consequências desses acidentes.

Todo país que vier a adotar essa Convenção deverá formular, rever e adotar, periodicamente, uma política nacional coerente com relação à proteção dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, contra os riscos de acidentes ampliados. Tal política deve ser implementada através de medidas preventivas e de proteção em ambientes com grande risco de acidentes.

As empresas que possuírem instalações com grandes riscos, devem criar e manter um sistema documentado de controle de risco que preveja:

i. A identificação e o estudo dos perigos e avaliação dos riscos;

ii. Medidas técnicas que envolvam projeto, sistemas de segurança, construção, seleção de substâncias químicas,manutenção, operação e inspeção sistemática da instalação;

iii. Formação e instrução de todo o pessoal que tem acesso às instalações;

iv. Planos e procedimentos emergenciais que compreendam:

 Preparação de planos e procedimentos eficientes de emergência local, incluindo atendimento médico emergencial;

 Fornecimento de informações a respeito de possíveis acidentes e planos internos de emergência a autoridades e órgãos responsáveis por preparar os planos e procedimentos de emergência, para proteção do meio ambiente e do público fora da instalação;

 Toda consulta necessária junto a essas autoridades e esses órgãos; v. Medidas que reduzam as consequências de um acidente ampliado; vi. Consulta aos trabalhadores e seus representantes;

Com base em todas essas informações fornecidas pelas empresas, a autoridade competente deverá assegurar que planos e procedimentos de emergência serão criados e coordenados junto a autoridades e órgãos pertinentes, com o intuito de proteger tanto a população quanto o meio ambiente fora das instalações com riscos de acidentes.

Já em 2004 o Decreto nº 5.098 criou o Plano Nacional de Prevenção, Preparação e Resposta Rápida a Emergências Ambientais com Produtos Químicos Perigosos (P2R2), cujo objetivo era prevenir a ocorrência de acidentes que envolvam produtos químicos perigosos e aprimorar o sistema de preparação e resposta às emergências com produtos químicos no país (CALIXTO, 2011).

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25 Este plano já vem atender a diversos tratados internacionais que lidam com o controle de produtos e resíduos químicos. Além disso, o P2R2 é totalmente justificável a sua implantação, pois como se pode observar na figura 04, o número de acidentes envolvendo substâncias químicas no Brasil é grande.

Figura 04 – Tipos de eventos ocorridos em acidentes ambientais no ano de 2010. Fonte: IBAMA, 2010.

O P2R2 é uma excelente iniciativa do Ministério do Meio Ambiente. Porém ainda não é completo. Num futuro seria interessante a integração dos planos de contingência de produtos químicos perigosos com os planos de contingência de vazamento de petróleo e derivados, o que tornaria o combate às emergências muito mais efetivo.

2.2.2 – Os Tipos de Planos de Emergência no Brasil

Segundo o Art. 2º, Lei 9966, de 28 de abril de 2000, Plano de Emergência é o conjunto de medidas que tem como meta determinar e estabelecer as responsabilidades por setor e as ações que devem ser tomadas imediatamente após um incidente, e também definem os recursos humanos, materiais, e equipamentos adequados à prevenção, controle e combate à poluição.

Já o Plano de Contingência é o conjunto de procedimentos e ações que objetivam à integração dos vários Planos de Emergência setoriais, e também a definição dos recursos

(28)

26 humanos, materiais e equipamentos complementares necessários para a prevenção, controle e combate à poluição das águas (Art.2º, XX, Lei 9966/2000).

Os Planos de Emergência existente são:

i. PEI – Plano de Emergência Individual; ii. PAM – Plano de Auxílio Mútuo;

iii. PRC e PNC – Plano Regional de Contingência e Plano Nacional de Contingência;

2.2.2.1 – Plano de Emergência Individual

O Plano de Emergência Individual (PEI) é o documento, ou conjunto de documentos, que contem as informações e descreve os procedimentos de resposta da instalação a um incidente de poluição por óleo, definido como qualquer vazamento de óleo, decorrente de fato ou ação intencional ou acidental, que gere dano ou risco de dano ao meio ambiente ou à saúde humana (Art.2º, VIII e IX, Resolução CONAMA 293/2001).

De acordo com o anexo 1 da Resolução CONAMA 293/2001, as exigências mínimas para que um Plano de Emergência Individual seja aceito são:

O Plano de Emergência Individual deverá conter pelo menos o seguinte conteúdo: i. Identificação da instalação;

ii. Cenários acidentais;

iii. Informações e procedimentos para resposta; iv. Sistemas de alerta de derramamento de óleo;

v. Comunicação do incidente;

vi. Estrutura organizacional de resposta; vii. Equipamentos e materiais de resposta; viii. Procedimentos operacionais de resposta;

ix. Procedimentos para interrupção da descarga de óleo; x. Procedimentos para contenção do derramamento de óleo; xi. Procedimentos para proteção de áreas vulneráveis;

xii. Procedimentos para monitorar a mancha de óleo derramado; xiii. Procedimentos para recolhimento do óleo derramado;

xiv. Procedimentos para dispersão mecânica e química do óleo derramado;

xv. Procedimentos para limpeza das áreas atingidas;

(29)

27 xvii. Procedimentos para deslocamento dos recursos;

xviii. Procedimentos para obtenção e atualização de informações relevantes;

xix. Procedimentos para registro das ações de resposta; xx. Procedimentos para proteção das populações; xxi. Procedimentos para proteção da fauna;

xxii. Encerramento das operações;

xxiii. Mapas, cartas náuticas, plantas, desenhos e fotografias; xxiv. Anexos;

Já o anexo 2 trata das informações referenciais para que seja elaborado o Plano de Emergência Individual.

O Plano de Emergência Individual tem que ser apresentado para análise e aprovação do órgão ambiental competente, junto com um documento que contenha as seguintes informações referenciais:

i. Introdução;

ii. Identificação e avaliação dos riscos; iii. Identificação dos riscos por fonte; iv. Hipóteses acidentais;

v. Descarga de pior caso; vi. Análise de vulnerabilidade;

vii. Treinamento de pessoal e exercícios de resposta; viii. Referências bibliográficas;

ix. Responsáveis técnicos pela elaboração do Plano de Emergência Individual;

x. Responsáveis pela execução do Plano de Emergência Individual;

Em 2008 foi publicada a Resolução CONAMA nº 398, que veio substituir a Resolução CONAMA nº 293 de 2001. Essa Resolução ampliou os segmentos que devem elaborar o Plano de Emergência Individual, que agora além dos portos organizados, terminais, dutos, plataformas e instalações de apoio, marinas, estaleiros, sondas, clubes náuticos, instalações similares e terminais terrestres, inclui também as refinarias.

(30)

28 2.2.2.2 – Plano de Área

No ano de 2003, o Decreto Federal nº 4871 estabelecia o Plano de Área, que é conhecido como Plano de Auxílio Mútuo ou Plano de Ajuda Mútua. Seu objetivo é integrar os recursos de atendimento à emergência de várias empresas públicas e privadas de uma região, incluindo órgãos ambientais, de saúde, defesa civil e corpo de bombeiros, de forma a disponibilizar maiores recursos para emergências que não podem ser atendidas por uma única empresa.

Para isso, é necessário que o Plano de Auxílio Mútuo (PAM) crie uma estrutura com todos os participantes do PAM, para que se defina as responsabilidades, recursos, treinamento e simulados, com ações conjuntas das organizações envolvidas. A idéia é que todas as empresas que participam do Plano de Auxílio Mútuo acionem o PAM sempre que ocorrer um acidente que mostre necessário a sua utilização. Atualmente o Plano de Auxílio Mútuo é obrigatório para atividades portuárias e plataformas. Mas para que dê certo é preciso de muita colaboração entre os setores público e privado (CALIXTO, 2011).

2.2.2.3 – Plano Nacional de Contingência (PNC)

O Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (PNC), é um documento que ainda não foi publicado, mas tem por objetivo fixar responsabilidades, estabelecer uma estrutura organizacional de nível nacional e definir as diretrizes que vão permitir aos órgãos do Poder Público e às instituições privadas atuarem de forma coordenada em incidentes por poluição de óleo, que possam afetar as águas jurisdicionais brasileiras, ou até mesmo de países vizinhos, com o intuito de diminuir os danos ambientais. Após os estudos técnicos para elaboração do Plano Nacional de Contingência, no ano de 2001 a Minuta do Decreto da regulamentação do plano foi encaminhado para apreciação pelos ministérios envolvidos (Souza Junior et al, 2002). Em 2003 uma versão final do PNC foi incorporada ao texto de um novo Decreto e encaminhada para avaliação dos ministérios. Tal versão está sendo apreciada pelo Ministério do Meio Ambiente desde maio de 2003 (Souza Filho, 2006). Em 2006 o Ministério do Meio Ambiente apresentou um documento com sugestões e recomendações para a proposta do Decreto do Plano Nacional de Contingência, para torna-lo mais conciso, claro e consistente. Tal documento foi elaborado pela equipe LIMA/COPPE/UFRJ (CARDOZO, 2007).

Este documento tinha o intuito de montar uma estrutura que facilite e agilize a capacidade de resposta para combater um incidente com derramamento de óleo, diminuindo

(31)

29 assim os prejuízos ao meio ambiente. Dentre os tópicos deste documento elaborado com base em estudos do Ministério do Meio Ambiente (MMA) junto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), Marinha do Brasil, LIMA/COPPE/UFRJ e Agência Nacional do Petróleo (ANP), podemos destacar (SOUZA FILHO, 2006):

i. Mecanismos e procedimentos para comunicação e registro dos incidentes;

ii. Critério de acionamento do Plano Nacional de Contingências;

iii. Organização operacional com representação de órgãos do Poder Público para atuarem em incidentes com poluição por óleo;

iv. Mecanismos para facilitar e coordenar a mobilização de recursos adicionais caso estes se façam necessários;

v. Responsabilidades para desenvolver programas de capacitação, treinamento e aperfeiçoamento de pessoal, operacional, gerencial e da alta administração do Poder Público;

vi. Diretrizes para avaliação e aperfeiçoamento do PNC.

A composição da estrutura organizacional do Plano Nacional de Contingência conta com uma Comissão Coordenadora que é formada por uma autoridade nacional, uma Secretaria Executiva, duas autoridades responsáveis por Coordenações Setoriais e um Comitê de Suporte. Tal estrutura organizacional pode ser observada na figura 05:

Figura 05: Organograma da Comissão Organizadora do Plano Nacional de Contingência Fonte: Souza Filho (2006)

(32)

30 As ações de resposta a qualquer incidente de poluição por óleo são de responsabilidade do poluidor, ou seja, o responsável pelo empreendimento/navio/operação, que deverá comunicar imediatamente o incidente ao IBAMA (ou órgão ambiental competente), à Agência Nacional do Petróleo e à Capitania dos Portos ou à Capitania Fluvial, dependendo da jurisdição do incidente. Após a comunicação inicial do incidente, a Coordenação Setorial correspondente ao incidente de poluição por óleo vai fazer uma análise da significância do incidente, adotando como base os seguintes critérios:

i. Acidente, explosão ou incêndio de grandes proporções; ii. Volume descarregado e em risco de ser descarregado; iii. Sensibilidade da área ambiental afetada ou em risco; iv. Poluição de corpo d’água importante;

v. Acionamento do Plano de Emergência Individual;

vi. Possibilidade de o derramamento de óleo atingir áreas de países vizinhos.

Dentre os seus instrumentos para atingir o seu objetivo, o Plano Nacional de Contingência pode contar com (CARDOSO, 2007):

i. Cartas de Sensibilidade Ambiental ao Óleo (Cartas SAO), que caracteriza as áreas adjacentes às águas jurisdicionais brasileiras, para o planejamento e condução das ações de resposta a incidentes de poluição por óleo;

ii. Centros de Resgate e Salvamento da Fauna, tais como Centros de Pesquisa e Jardins Zoológicos, estabelecidos pelo Poder Público com o intuito de apoiar o resgate e salvamento da fauna atingida pelo incidente de poluição por óleo;

iii. Planos de Emergência Individuais e de Áreas elaborados e consolidados pelos portos organizados, instalações portuárias e plataformas, refinarias, bem como suas instalações de apoio, para combate a incidentes de poluição por óleo;

iv. Aperfeiçoamento, revisão e atualização do Plano Nacional de Contingências através de programas de exercícios simulados, elaborados pelo Comitê de Suporte e conduzidos pelas Coordenações Setoriais;

v. Redes e serviços de previsão hidrometeorológica para todo o território nacional;

vi. Serviço de Previsão Meteorológica Nacional, operado pelo Instituto Nacional de Meteorologia (INMET);

(33)

31 vii. Serviço meteorológico marinho, operado pelo Centro de Hidrografia da Marinha do Brasil, responsável por elaborar previsões meteorológicas para a área marítima de responsabilidade do Brasil;

viii. Sistema de Informações sobre Incidentes por Óleo nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (SISNOLEO), com acesso em tempo real pelas Coordenações Setoriais e Operacionais e capaz de coletar, analisar, gerir e disseminar informações importantes para o atendimento aos incidentes de poluição por óleo, tais como inventários de materiais e equipamentos, diretório de especialistas, lista dos Planos de Emergência Individuais e de Área, entre outras informações relevantes;

ix. Termos de Cooperação, ou entendimento formais firmados com o intuito de cooperação ampla, tanto na troca de informações e atualização tecnológica, quanto nas ações de resposta a incidentes de poluição por óleo.

Segundo o Ministério de Minas e Energia, desde a publicação da Lei 9.966 em abril de 2000, apenas um acidente, ocorrido naquele mesmo ano no Paraná, apresentou características que justificariam o acionamento do Plano Nacional de Contingência. Neste acidente vazaram aproximadamente 4 milhões de litros de óleo de um duto, que vieram a atingir dois rios na região. Os demais acidentes ocorridos no âmbito nacional não apresentaram significância a ponto de justificar o acionamento do Plano Nacional de Contingência. Nem mesmo o acidente no campo de Frade, operado pela Chevron, onde vazaram aproximadamente 2400 barris (equivalente a 380 mil litros aproximadamente) ao longo de 10 dias, sem nenhum operário ferido e sem toque de óleo na costa brasileira ou em áreas sensíveis.

Apenas a título de comparação, o acidente no campo de Macondo no Golfo do México, operado pela BP, 11 funcionários morreram, aproximadamente 4 milhões e 900 mil barris (aproximadamente 780 milhões de litros) vazaram durante 87 dias, afetando inúmeras praias e ecossistemas sensíveis.

Mas de qualquer forma, já está na consciência do governo brasileiro de que o Plano Nacional de Contingência para Incidentes de Poluição por Óleo nas Águas Jurisdicionais Brasileiras (PNC) precisa ser finalizado, aprovado e implantado o mais rápido possível. O Brasil tem avançado muito em termos de planos de contingência, e possui tecnologia de qualidade para atender de forma eficiente às exigências de um PNC.

Outro fato que mostra a urgência da necessidade de aprovação de um Plano Nacional de Contingência (PNC) são os leilões dos blocos que voltaram a ocorrer em abril de 2013, com a 11ª rodada de leilões da Agência Nacional de Petróleo, realizado após um intervalo de 4 anos desde a última rodada. Esse intervalo tão grande se deu devido à

(34)

32 descoberta de óleo no Pré-sal e à discussão da nova distribuição dos royalties do petróleo brasileiro. Para 2013 existe mais uma rodada de licitações de blocos exploratórios prevista, e essa rodada deverá incluir pela primeira vez blocos da área do pré-sal. Com isso a exploração em território nacional irá crescer demasiadamente, e sem nenhum plano de contingência efetivo estabelecido para futuras situações de acidentes.

(35)

CAPÍTULO 3 – A INDÚSTRIA MARÍTIMA DE PETRÓLEO E GÁS NATURAL E

SEUS IMPACTOS NO MEIO AMBIENTE

Neste capítulo serão abordados as principais características das atividades da indústria de petróleo em ambiente marinho no Brasil que podem gerar impactos no meio ambiente. As atividades em ambiente marinho envolvem inúmeras situações que podem impactar o meio ambiente, tais como eliminação de substâncias tóxicas, geração de resíduos, eliminação de gases que prejudicam a atmosfera, mas com certeza nenhum deles se compara ao impacto gerado por um grande vazamento de óleo. É por existir a possibilidade de grandes vazamentos ao longo de toda a cadeia que a indústria teve de se adequar, o que envolveu a elaboração de Planos de Contingência no intuito de diminuir os possíveis impactos gerados por esses vazamentos, além do desenvolvimento de tecnologias e equipamentos para monitorar e auxiliar no combate a esses vazamentos.

A cadeia de produção marítima da indústria de petróleo pode ser dividida em 4 etapas principais:

i. Pesquisa ou Exploração – De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), esta etapa engloba o conjunto de operações ou atividades para avaliar áreas, com o objetivo de descobrir e identificar jazidas de petróleo ou gás natural (Lei 9.478/97). Operações tais como aquisição de dados sísmico e geofísicos e o mapeamento da geologia de superfície.

ii. Desenvolvimento – De acordo com a ANP, esta fase envolve o conjunto de operações e investimentos que objetivam viabilizar as atividades de produção de um campo de petróleo ou gás (Lei 9.478/97). Logo após a localização de uma jazida, são feitos estudos a respeito da viabilidade econômica daquele campo, e caso seja viável é feito todo um planejamento para o início da produção.

iii. Produção – De acordo com a ANP, esta etapa envolve o conjunto de operações de extração de petróleo ou gás natural de uma jazida e de preparo para sua movimentação (Lei 9.478/97). Envolve desde a separação da mistura retirada do reservatório, até o transporte do que foi produzido.

iv. Abandono – Ocorre geralmente quando poços já antigos deixam de ser economicamente viáveis, sendo assim fechados. De acordo com a ANP é a série de operações destinadas a restaurar o isolamento entre os diferentes intervalos permeáveis que podem ser:

(36)

34 b) Temporário, quando por qualquer motivo houver interesse de retorno ao poço.

As etapas serão agora melhor descritas e avaliadas, bem como seus possíveis impactos ao meio ambiente. Será analisado também o transporte do óleo do ambiente marítimo para o terrestre.

3.1 – Perfuração, Produção e seus Impactos Ambientais

Para se falar dos impactos ambientais causados pela indústria do petróleo, primeiro devemos definir o que é impacto ambiental. Segundo o Artigo 1º da Resolução CONAMA nº 001 de 23 de janeiro de 1986:

Para efeito desta Resolução, é considerado impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer matéria ou energia que resulte das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam:

i. A saúde, a segurança e o bem-estar da população; ii. As atividades sociais e econômicas;

iii. A biota;

iv. As condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; v. A qualidade dos recursos ambientais.

Estes impactos dependem de fatores tais como, tamanho e complexidade dos projetos, estágio de desenvolvimento dos processos, natureza e sensibilidade do meio onde irá ser desenvolvida a atividade, eficácia do planejamento e das técnicas de prevenção, controle e mitigação da poluição, além dos efeitos proporcionados pelo próprio meio ambiente (MARIANO, 2007).

O primeiro passo da atividade de exploração é a localização e identificação de reservatórios de petróleo e gás natural que sejam comercialmente viáveis. Para tal fim são feitas inúmeras pesquisas e mapeamentos sísmicos, estudos geofísicos avaliando os dados sísmicos, além do conhecimento geológico geral. Dessa forma são definidas áreas ou regiões com grande chance de possuírem reservas de petróleo e gás. Porém, mesmo com as mais avançadas técnicas de estudos sísmicos, pesquisas e dados geológicos não é

(37)

35 possível se afirmar que a região identificada possui de fato um reservatório de óleo e gás. Tal afirmação só pode ser feita após a perfuração de poços exploratórios.

A função primordial do primeiro poço exploratório é confirmar se a área definida realmente contem óleo e/ou gás, mas outros testes podem ser realizados, inclusive teste de poço, através do qual se pode obter pressão do reservatório, permeabilidade da formação e estimativas da reserva encontrada. O projeto do poço deve ser aprovado pela ANP, dentro do Plano de Desenvolvimento dos campos.

Para perfuração dos poços são utilizadas plataformas ou até mesmo navios adaptados. Os principais modelos são1:

i. Plataformas Fixas: são as preferidas em campos localizados em lâminas d’água de até 300m. São constituídos de módulos instalados sob uma estrutura chamada “jaqueta” no local da operação, com estacas cravadas no fundo do mar. São planejadas para receber todos os equipamentos de perfuração, estocagem de materiais e instalações necessárias para a produção dos poços.

ii. Plataformas Semisubmersíveis: são dotadas de uma estrutura de um ou mais conveses, apoiadas por colunas em flutuadores submersos. Por sofrer movimentações devido a ondas, correntes e ventos, esta é dotada de sistema de ancoragem e um sistema de posicionamento dinâmico, para evitar que os movimentos danifiquem os equipamentos. São as preferidas para a perfuração de poços exploratórios. A figura 06, abaixo, mostra uma plataforma desse tipo.

iii. Navios Sonda: é um navio planejado para a perfuração de poços submarinos. Possui uma torre de perfuração localizada no centro do navio, onde uma abertura no casco possibilita a passagem da coluna de perfuração. Possui um sistema de posicionamento que anula os efeitos das ondas, ventos e correntes que tendem a tirá-lo de sua posição. A figura 07, abaixo, mostra um exemplo de navio sonda.

As atividades de perfuração já são diretamente associadas à geração de resíduos, principalmente cascalho e lama de perfuração. São utilizados separadores especiais para separar e limpar o cascalho da lama. As lamas separadas e os fluidos de limpeza do cascalho são parcialmente reciclados para o sistema. O restante usualmente é descarregado no mar, mas também pode ser transportado para terra e descartado de forma adequada. A maior fonte de poluição das operações de perfuração são os cascalhos cobertos por óleo, ou até mesmo cobertos por fluidos tóxicos. Já as lamas de perfuração

1

Disponível em: < http://www.petrobras.com.br/pt/quem-somos/perfil/atividades/exploracao-producao-petroleo-gas/>

(38)

36 apresentam um perigo para o meio ambiente por geralmente apresentarem na sua composição materiais lubrificantes, contendo assim bastante hidrocarboneto estável e tóxico. A areia retirada juntamente com os hidrocarbonetos também pode ser uma fonte de poluição (MARIANO, 2007).

Figura 06: Plataforma Semisubmersível P-18 Fonte: <www.odebrechtonline.com.br/>2

No que diz respeito às atividades de produção, praticamente todas as fases em ambiente marítimo geram efluentes líquidos e gasosos e resíduos sólidos indesejáveis. Durante o comissionamento das instalações podem surgir mudanças de desempenho temporárias dos processos, gerando emissões atmosféricas inesperadas, descarte de efluentes químicos no mar e geração de água de produção de qualidade inferior.

Na cadeia produtiva de exploração e produção de petróleo e gás, os maiores impactos ambientais são causados por grandes vazamentos de óleo. Estes podem ser originados por um blowout, por acidentes causados por falhas humanas que podem levar a ruptura de dutos, choque de embarcações, ou até mesmo o afundamento de plataformas.

2

(39)

37

Figura 07: Navio sonda Petrobras 10000. Fonte: <www.blogmercante.com>3

3.2 – Transporte de Petróleo e Gás Natural e seus Impactos Ambientais

O transporte de hidrocarbonetos no Brasil se resume a três funções: escoamento da produção, importação ou exportação tanto do óleo bruto quanto de seus derivados e distribuição dos produtos processados. São utilizados nos transportes, dutos, terminais marítimos e navios petroleiros.

O Brasil possui a produção de petróleo concentrada no ambiente marítimo. Como em boa parte dos casos as instalações de produção ficam a quilômetros da costa brasileira, a instalação de dutos para o transporte da produção é economicamente inviável. Por isso o principal meio de transporte do petróleo no Brasil se dá por meio de navios petroleiros, que utilizam os terminais marítimos espalhados ao longo da costa brasileira para transferir para terra a produção. Isso não significa que o transporte por dutos não é utilizado, apenas é pouco utilizado.

Uma das principais unidades de produção utilizadas no Brasil hoje são as FPSO’s (Floating Producing Storage and Offloading) que são capazes de produzir, armazenar e

3

Disponível em: <http://www.blogmercante.com/2010/12/quem-e-dono-do-navio-sonda-petrobras-10000/>

(40)

38 descarregar a produção. Além disso possuem uma planta de processo que separa e trata os fluidos que são produzidos pelos poços. Para descarregar essa produção são utilizados tanto navios petroleiros quanto navios aliviadores, cujas diferenças são pequenas particularidades. Na figura 09 podemos observar como é uma operação de descarga.

Figura 08 – FPSO Cidade de Angra dos Reis. Fonte: <www.agenciapetrobras.com.br>4

O transporte de petróleo e seus derivados envolve um volume muito grande, o que torna essa atividade potencialmente arriscada com relação ao impacto ambiental que pode ocasionar. Nas operações já ocorrem algumas descargas operacionais, porém essas são de pequeno porte.

Já um derramamento de óleo das embarcações tem um grande porte, e pode gerar um impacto no meio ambiente incalculável. Além da poluição no mar, o óleo pode atingir o litoral, afetando toda uma população que depende daqueles recursos (pesca, lazer, turismo, etc). Além do derramamento de óleo, esse transporte também gera impactos ambientais crônicos, tais como emissões atmosféricas e geração de resíduos (CALIXTO, 2011).

4

(41)

39

Figura 09 – Operação de Offloading. Fonte: <www.worldmaritimenews.com>5

3.3 – Eventos Acidentais em Ambiente Marítimo

As atividades da indústria de petróleo e gás natural no ambiente marítimo estão constantemente sob o risco da ocorrência de acidentes. São muitas variáveis, que diante do menor erro de cálculo, falha técnica ou humana, ou qualquer outro imprevisto, podem resultar em um acidente.

Existe o tipo mais comum de acidente, que são os vazamentos de óleo. Normalmente envolvem óleo cru e em pequenas quantidades. Podem acontecer tanto nas atividades de perfuração quanto nas de produção (mais comum). Estes vazamentos podem ter várias origens: vazamentos de tanques, principalmente em operações de descarga, vazamentos em válvulas, conexões, juntas e nos dutos de transferência dos fluidos. Na perfuração pode ocorrer vazamento da lama de perfuração a base de óleo. Mas geralmente o impacto desses tipos de vazamentos são pequenos (MARIANO, 2007).

Já outro evento mais raro, porém muito mais grave, é o blowout. Pode ocorrer em qualquer etapa de desenvolvimento de um poço, porém ocorre mais durante as operações

5

(42)

40 de perfuração e completação. Este acidente ocorre quando os fluidos contidos nos poros da formação exercem uma pressão maior do que a pressão dos fluidos de perfuração, ocasionando o influxo dos fluidos da formação para o poço, e caso esse influxo não seja controlável, os fluidos podem escoar descontroladamente para a superfície. Estes fluidos liberados pelo poço podem gerar explosões e incêndios, principalmente se houver a presença significativa de gás. Em alguns casos isso pode gerar a perda completa da plataforma e até mesmo de vidas humanas. O controle desse escoamento incontrolado de óleo pode ser rápido em algumas situações, mas em ambientes marítimos tudo é mais delicado, e o controle pode demorar meses (MARIANO, 2007).

Outros eventos acidentais que podem ocorrer e ocasionar vazamento de óleo são: i. Explosões e incêndios nas plataformas;

ii. Desastres naturais e suas implicações nas operações; iii. Guerras e sabotagem;

iv. Furos ou rupturas nos dutos de escoamento da produção; v. Colisão de navios aliviadores;

vi. Encalhe de navios aliviadores;

3.4 – Efeitos do Vazamento de Óleo

Para entender o impacto causado pelo derramamento de petróleo no mar, vamos primeiro analisar composição química do petróleo e também o seu comportamento quando este é derramado no mar.

O petróleo é formado a partir de matéria orgânica de origem biológica. Os restos de plantas e animais se sedimentam e passam por transformações aeróbicas e anaeróbicas feitas por bactérias. Esse produto na presença de água, ácido sulfúrico, enxofre e outros componentes inorgânicos são transformados sob alta pressão e temperatura. Por processo migratório o petróleo vai se acumulando, e finalmente são formados os reservatórios de petróleo (SPEERS & WHITEHEAD, 1969). Por depender de vários fatores diferentes para sua formação, é impossível definir precisamente a composição do petróleo, pois cada óleo será diferente do outro.

O petróleo quando é derramado no mar se espalha e forma uma mancha com espessura variável. A trajetória da mancha vai depender de alguns fatores, tais como velocidade e direção do vento, correntes marinhas e fatores climáticos. Tudo isso contribuirá para a expansão da mancha (CALIXTO, 2011).

(43)

41 A mancha de óleo, durante sua trajetória sofrerá vários processos intempéricos, que vão depender de vários fatores: características da água do mar tais como pH, temperatura e salinidade, presença de material em suspensão na água, das condições do clima e principalmente das propriedades físico-químicas do óleo derramado no mar. O petróleo interage na água, sofrendo os seguintes processos:

i. Espalhamento: este processo depende da gravidade, da volatilidade, tensão superficial e viscosidade do óleo, e das condições do clima. No início do derramamento, este é um dos processos que mais afeta o comportamento do óleo, pois este se espalha, aumentando sua área e diminuindo sua espessura, aumentando assim a transferência de massa por dissolução e evaporação. A viscosidade influencia, pois óleos menos viscosos se espalham muito mais. Depois de um tempo a maior influência no espalhamento se dá devido ao vento que vai direcionando a mancha. Então é que correntes e ondas começam a predominar na influência do espalhamento. Tanto a observação quanto a previsão deste fenômeno são ótimas medidas no auxílio durante a efetivação de um plano de contingência, otimizando os recursos disponíveis (CALIXTO, 2011).

ii. Evaporação: este processo depende de fatores como volatilidade do óleo, área e espessura da mancha, vento, estado do mar, radiação solar, temperatura do mar e do ar. Quanto mais componentes com baixo ponto de ebulição, maior será a evaporação do óleo. O grau de espalhamento influencia também, pois quanto maior a superfície de contato com o ar, maior será a evaporação. Também colaboram para acelerar o processo de evaporação: mares agitados, altas temperaturas e grandes velocidades de vento (CORSON, 1993).

iii. Dispersão: é um processo que realiza a quebra da mancha de óleo em pequenas gotículas, aumentando a área de contato do óleo com a água, colaborando com a sedimentação e a biodegradação do óleo. Colaboram para o processo de dispersão as ondas e a turbulência marinha (CORSON, 1993).

iv. Emulsificação: Com a dispersão do óleo na água, formam-se gotículas que formam emulsões do tipo: água + óleo. Quando são formadas gotículas muito pequenas, essa emulsão de óleo na água passa quase que despercebida. Em águas calmas as emulsões se aglomeram, formando a película superficial. Uma vez emulsionados na água, os hidrocarbonetos agilizam os processos de dissolução, fotoxidação e biodegradação. O derramamento pode também gerar emulsão de água no óleo, sendo esta mais estável, podendo persistir por um longo período após o derramamento (CALIXTO, 2011).

v. Dissolução: processo este que ocorre logo após o derrame, quando o óleo está sofrendo fotoxidação e biodegradação, gerando compostos mais solúveis.

(44)

42 Tem grande influência nas consequências biológicas em um ambiente marinho. Depende de fatores como temperatura e turbulência da água, espalhamento e composição da mancha (CALIXTO, 2011).

vi. Oxidação: neste processo as moléculas de hidrocarbonetos reagem com o oxigênio do ambiente, gerando compostos solúveis que se dissolvem na água, e também substâncias mais resistentes e persistentes às alterações. Geralmente estas reações ocorrem na superfície, portanto, quanto mais espalhadas estiverem as películas, mais rápidas estas reações ocorrerão. Este é um processo relativamente lento, e depende principalmente da quantidade de oxigênio que consegue penetrar na película. Sais presentes na água e metais no óleo podem servir de catalisadores para o processo. Outro fator que pode ser um catalisador são os raios ultravioletas, e que nesse caso a oxidação é chamada fotoxidação. Influenciam neste processo a espessura da mancha, concentração de materiais particulados suspensos e concentração de aromáticos com grande peso molecular (CALIXTO, 2011).

vii. Sedimentação: processo que ocorre com partículas de sedimentos e até mesmo matérias orgânicas se agregando ao óleo. Poucos óleos crus são capazes de afundar na água. A gravidade específica dos óleos intemperizados se aproxima da densidade da água a uma temperatura de 15º C. Existe a possibilidade de formação de bolas de piche, que podem causar sérios danos às areias das praias (CALIXTO, 2011).

viii. Biodegração: microorganismos presentes no mar agem naturalmente, degradando o óleo. Ambientes marinhos poluídos tendem a ter mais microorganismos. A temperatura e a quantidade de oxigênio e nutrientes são os principais fatores que influenciam na biodegração. Quando o óleo se transforma em gotículas suspensas na água, a área interfacial se torna maior, o que facilita a biodegradação. Cada microorganismo é capaz de degradar um hidrocarboneto específico, mas existem alguns capazes de biodegradar quase todos os compostos do óleo cru (CALIXTO, 2011).

Em um primeiro estágio do derramamento, os processos que mais influenciam são espalhamento, dispersão, evaporação, emulsificação e dissolução. Já os processos de longo prazo e que acabam por definir o destino final do óleo são os processos de biodegradação, oxidação e sedimentação (CALIXTO, 2011).

Quando há o derramamento de petróleo no mar, apenas os componentes solúveis afetam toxicologicamente os organismos da superfície. Apenas com a ação de ventos e

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