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Crimes contra o meio ambiente: responsabilidades civis e criminais

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA ALEXANDRO PEREIRA MARCELINO

CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE: RESPONSABILIDADES CIVIS E CRIMINAIS

Araranguá 2020

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ALEXANDRO PEREIRA MARCELINO

CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE: RESPONSABILIDADES CIVIS E CRIMINAIS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina, como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Orientador: Prof. Renan Cioff de Sant’Ana, Esp.

Araranguá 2020

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ALEXANDRO PREIRA MARCELINO

CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE: RESPONSABILIDADES CIVIS E CRIMINAIS

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovado em sua forma final pelo Curso de Graduação em Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Araranguá, 15 de dezembro de 2020.

______________________________________________________ Prof. Renan Cioff de Sant’Ana, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Chesman Pereira Emerim Júnior, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Laércio Machado Júnior, MS.

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Dedico este trabalho de pesquisa a minha esposa Marília de Souza Marcelino, cuja presença sempre afetou positivamente a minha vida, em todos os aspectos. Te amo.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, com muita gratidão, agradeço a Deus por me manter na direção com saúde, força e esperança para chegar até aqui.

Agradeço aos meus pais Vilson da Rocha Marcelino e Zulma Ana Pereira Marcelino, que com muito esforço conduziram-me durante grande parte da minha educação e acreditaram que um dia eu chegaria neste momento.

Sou muito grato a minha esposa Marilia de Souza Marcelino, pela confiança e apoio durante toda minha jornada árdua e cansativa da graduação, pois ela foi o meu maior alicerce e incentivo para estar aqui.

Aos meus filhos Leonardo Parlato Marcelino e Matheus de Souza Marcelino e desde já pedir desculpas, mas também compreensão pelas inúmeras horas em que estive ausente devido à dedicação e atenção para que este momento especial pudesse se concretizar.

Também aos meus irmãos Marialva Marcelino Ferraz e Ronaldo Pereira Marcelino pela amizade, orientação, inspiração profissional e pela atenção dedicada sempre que precisei.

Aos meus sobrinhos, Renan Ramiro Marcelino e Vanessa Barbosa dos Santos pela amizade, apoio didático e moral que muito contribuíram ao longo do curso.

Gratidão ao meu orientador, professor Renan Cioff de Sant’Ana por aceitar conduzir o meu trabalho de pesquisa, pelo suporte prestado, e ainda, por toda a aprendizagem que me proporcionou ao longo do curso, com sua sensacional didática e dinâmica de aula.

Agradeço aos professores Laércio Machado Júnior pelas diversas disciplinas ministradas e José Adilson Cândido, a ambos o meu muito obrigado pela qualidade de ensino, profissionalismo e acima de tudo seres humanos espetaculares.

Também quero agradecer à Universidade Unisul, a todo o corpo docente do meu curso pela elevada qualidade do ensino e a dedicação de todos profissionais que integram seu quadro funcional.

Aos meus amigos, na família e pessoal, que acreditaram e me apoiaram nesta jornada, muito obrigado.

E por último aos meus colegas do curso de Direito, pelo convívio por todos esses anos e pelas intensas trocas de ideias, amizade e cooperação mútua. Unidos conseguimos avançar e ultrapassar todos os obstáculos, onde mesmo com a pandemia não enfraqueceu.

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas Graças a Deus, não sou o que era antes” (Marthin Luther King).

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RESUMO

O trabalho proposta traz como objetivo demonstrar as principais responsabilidades civis e criminais em relação aos danos causados ao meio ambiente. A metodologia científica utilizada está baseada no método dedutivo. Para delimitação do objetivo, que está em responder quais as principais responsabilidades civis e criminais dos crimes contra o meio ambiente, foi utilizado modo exploratório bibliográfico de pesquisa, com apresentação e análise de doutrinas, legislações, artigos, notícias e buscas de dados em sites oficiais que embasaram o trabalho. No primeiro capítulo é preciso destacar os princípios e conceitos de maior relevância do que se refere ao direito ambiental. As legislações brasileiras que disciplinam as questões ambientais estão dispostas no segundo capítulo, com algumas das principais conceituações explícitas nas referidas leis. Por fim, no último capítulo está o objeto central do estudo, que demonstra as responsabilidades civis e criminais no que se refere aos danos ambientais. A localização clara de dados a respeito da degradação é um dos maiores problemas para a efetiva educação e conscientização ambiental. Outro problema no que se refere ao meio ambiente é a flexibilização das legislações afetas ao tema. Sem conscientização e tomada de medidas públicas e coletivas eficazes para preservação, é possível que em momento futuro ocorra a extinção das espécies, inclusive e principalmente a humana, pela desenfreada degradação do meio ambiente.

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ABSTRACT

The proposed work aims to demonstrate the main civil and criminal responsibilities in relation to the damage caused to the environment. The scientific methodology used is based on the deductive method. To determine the objective, which is to answer the main civil and criminal responsibilities of crimes against the environment, a bibliographic exploratory research method was used, with presentation and analysis of doctrines, legislation, articles, news and data searches on official websites that were base for the project. In the first chapter, it is necessary to highlight the most relevant principles and concepts regarding to environmental law. The Brazilian laws that regulate environmental issues are set out in the second chapter, with some of the main concepts explicit in those laws. Finally, in the last chapter is the central object of the study, which demonstrates civil and criminal responsibilities in regards to environmental damage. The clear location of data regarding degradation of the environment is one of the biggest problems for effective environmental education and awareness. Another problem related to the environment is the easing of legislation related to the topic. Without awareness and effective public and collective measures for preservation, it is possible that in the future the extinction of species, including and especially human, will occur due to the unbridled degradation of the environment.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 10

2 PRINCÍPIOS, CONCEITOS E DEMAIS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES RELACIONADOS AO MEIO AMBIENTE ... 12

2.1 PRINCÍPIOS QUE REGEM O DIREITO AMBIENTAL ... 12

2.1.1 Princípio da dignidade da pessoa humana ... 13

2.1.2 Princípio da educação ambiental ... 13

2.1.3 Princípio do desenvolvimento sustentável... 14

2.1.4 Princípio da prevenção ... 15

2.1.5 Princípio da precaução ... 16

2.1.6 Princípio do poluidor-pagador ... 18

2.1.7 Princípio do usuário-pagador ... 19

2.1.8 Princípio da participação e princípio da informação ... 19

2.1.9 Princípio da responsabilidade ... 19

2.1.10 Princípio da função socioambiental da propriedade ... 20

2.2 CONCEITOS DOUTRINÁRIOS E CLASSIFICAÇÕES DOS BENS E RECURSOS NATURAIS REGULADOS PELO DIREITO AMBIENTAL ... 21

3 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES BRASILEIRAS REGULAMENTADORAS DO MEIO AMBIENTE ... 26

3.1 O ARTIGO 225 DA CF/88 E SUAS NORMAS REGULAMENTADORAS ... 26

3.1.1 Conceitos legais constantes dos incisos do artigo 2º na Lei 9.985/2000 ... 30

3.2 DAS DIFERENTES ÁREAS IDENTIFICADAS E REGULAMENTADAS NA LEI 9.985 DE 18 DE JULHO DE 2000... 33

3.2.1 As áreas de proteção ambiental ... 34

3.2.2 Área de relevante interesse ecológico ... 34

3.2.3 Floresta Nacional ... 35

3.2.4 Reserva extrativista ... 36

3.2.5 Reserva de fauna ... 37

3.2.6 Reserva de desenvolvimento sustentável ... 38

3.2.7 Reserva particular do patrimônio natural ... 39

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3.4 DA POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE LEI 6.938 DE 1981... 41

3.5 POLÍTICA NACIONAL DE RECURSOS HÍDRICOS – LEI 9.433 DE 1997 ... 42

4 CRIMES CONTRA O MEIO AMBIENTE E RESPONSABILIDADES CIVIS E CRIMINAIS ... 44

4.1 CÓDIGO FLORESTAL – LEI 12.651 DE 2012 ... 44

4.2 DADOS NACIONAIS SOBRE A DEGRADAÇÃO AMBIENTAL ... 47

4.3 RESPONSABILIDADE OBJETIVA POR DANOS AO MEIO AMBIENTE ... 51

4.4 RESPONSABILIDADES CIVIS E CRIMINAIS PELOS DANOS CAUSADOS AO MEIO AMBIENTE ... 53

4.4.1 Aplicação da responsabilidade civil por danos ambientais ... 53

4.4.2 Aplicação da responsabilidade penal por danos ambientais ... 55

5 CONCLUSÃO ... 59

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1 INTRODUÇÃO

A pesquisa proposta tem como objetivo demonstrar as principais responsabilidades civis e criminais em relação aos danos causados ao meio ambiente.

A metodologia científica utilizada está baseada no método dedutivo. Para manter a delimitação do objetivo, que está em responder quais as principais responsabilidades civis e criminais dos crimes contra o meio ambiente, será feita a busca por meio do modo exploratório bibliográfico, com apresentação e análise de doutrinas, legislações, artigos, notícias e buscas de dados em sites oficiais que pretendem embasar o trabalho em desenvolvimento.

Para verificar quais são as principais responsabilidades civis e criminais nos crimes contra o meio ambiente, no primeiro capítulo é preciso destacar os princípios que regem o direito ambiental, os conceitos relevantes para o trabalho e a classificação dos bens e recursos naturais.

Em continuidade, o segundo capítulo traz a necessidade de análise das principais legislações brasileiras no que se refere à proteção e regulamentação do meio ambiente, com destaque para outras conceituações importantes previstas nas legislações sob análise.

A opção de trabalhar os dispositivos legais em formato de citação indireta serve ao propósito de evitar transcrições literais dos artigos, evitando a leitura cansativa, além de demonstrar que as normas foram por este pesquisador efetivamente analisadas, embora se abstenha de realizar juízo de valor, como regra.

Embora as principais legislações acerca da matéria sejam tratadas no segundo capítulo, seus artigos que tratam das responsabilidades civis e penais serão analisados no terceiro capítulo da pesquisa, objetivando concentrar estas questões.

O terceiro capítulo, portanto, que pretende apresentar quais são as responsabilidades civis e criminais mais relevantes em relação aos danos do meio ambiente, inicia com a análise breve do novo Código Florestal, instituído pela Lei 12.651 de 25 de maio de 2012.

Em seguida, é necessário apresentar, mesmo que de forma sucinta, devido à ausência de conhecimento técnico para análise de mapas e gráficos, além da falta de dados claros nos órgãos competentes, a situação brasileira no que se refere à degradação ambiental.

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O capítulo final apresenta, ainda, a conceituação e justificação da aplicação da responsabilidade civil objetiva às questões que se referem ao meio ambiente, por ser direito reconhecidamente difuso, enquanto, de outro lado, na responsabilidade penal ambiental há que se analisar a questão com observância do elemento subjetivo da culpa.

Finalmente, chegando ao objeto central do estudo proposto, o último título do terceiro capítulo destaca a aplicação das responsabilidades civis e penais aos agentes causadores de danos ao meio ambiente.

A reflexão da atual situação de degradação do meio ambiente no Brasil é medida que se impõe, uma vez que a vida humana depende da consciência do homem em preservá-lo para as futuras gerações.

Se o trabalho proposto puder auxiliar na reflexão e conscientização da necessidade para que se passe a olhar com maior atenção para as questões ambientais, este autor se sentirá extremamente honrado em ter podido colaborar de alguma forma.

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2 PRINCÍPIOS, CONCEITOS E DEMAIS CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES RELACIONADOS AO MEIO AMBIENTE

À medida que o mundo foi se modernizando e evoluindo, a conscientização no que se refere à preservação e proteção ao meio ambiente passou a ser exigida dos governantes e de seus governados.

Seja por causa das legislações, acordos, convenções, ou, por consciência pessoal, cada vez mais se discute a necessidade do meio ambiente equilibrado e a proteção deste para que o mundo não entre em colapso.

É possível que em épocas mais remotas o homem valorizasse a natureza pelo que ela é e a adorasse como a um deus, sem, no entanto, ter noção do quanto necessitava dela. (SIRVINSKAS, 2002).

Ainda de acordo com Sirvinskas (2002), nestes períodos acima citados, é possível que o homem não desse a devida importância à extinção da fauna e da flora, tendo passado a valorizá-la realmente, quando percebeu a relevância destas para o ecossistema e a necessidade de ser ecologicamente responsável.

Feitas estas primeiras considerações, é necessário antes de tudo, discorrer sobre os princípios que norteiam o direito ambiental, sendo eles de suma importância para compreensão dos conceitos e das responsabilidades civis e criminais que serão tratadas em seguida, especialmente quando se discutem os danos ao meio ambiente.

2.1 PRINCÍPIOS QUE REGEM O DIREITO AMBIENTAL

O direito ambiental é um dos ramos do direito que mais tem sido debatido, a nível internacional, na atualidade, especialmente em épocas em que a legislação existente não consegue acompanhar a evolução e produção humana.

Além disso, em países como o Brasil, por exemplo, a dificuldade ou desinteresse na elaboração de normas direcionadas à punição dos danos ambientais, aliada ao fato de ausência de fiscalização efetiva, tornam as discussões ambientais cada vez mais acirradas.

Antes das conceituações relevantes e das explicações em relação à importância e os objetivos do meio ambiente equilibrado é necessário que se demonstre sob quais princípios esta área do direito está fundamentada, demonstrando sua real importância.

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2.1.1 Princípio da dignidade da pessoa humana

De acordo com Antunes (2016), os princípios são os pilares que sustentam os positivismos jurídicos, pois, ainda que não exista legislação sobre determinado assunto, estes poderão nortear a aplicação dos direitos.

Ensina o autor:

[...] Os princípios específicos do Direito Ambiental, em minha opinião, Têm a condição de subprincípios constitucionais, ou princípios setoriais. O reconhecimento internacional do princípio da dignidade da pessoa humana encontra guarida, por exemplo, nos princípios 1 e 2 da Declaração de Estocolmo, proclamada em 1972, sendo posteriormente reafirmado pela Declaração do Rio, proferida na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio 92: “Princípio

1 – Os seres humanos constituem o centro das preocupações relacionadas ao desenvolvimento sustentável. Têm direito a uma vida saudável e produtiva em harmonia com o meio ambiente”. (ANTUNES, 2016, p. 24. Grifos do autor). Embora o autor supracitado destaque que o ser humano, de acordo com a Constituição, seja o ser mais importante no direito Ambiental, ele também destaca que a relação do homem com os outros animais precisa ocorrer de forma caridosa, sem admissões de crueldade.

Sá (2012) tem outra visão no que se refere a este princípio. Segundo ele, até a entrada em vigor da Constituição de 1988 o meio ambiente era visto como mero empecilho ao desenvolvimento, conforme a legislação pátria, embora declarações como a de Estocolmo já tentassem demonstrar a necessidade do meio ambiente equilibrado.

Ainda de acordo com o autor, a partir da CF/88 “os valores ecológicos e a tutela ambiental ganharam indissociável relação com o princípio da dignidade humana”. (SÁ, 2012, p. 150).

2.1.2 Princípio da educação ambiental

É a partir deste princípio que, de acordo com Thomé (2017) a comunidade, como um todo, passa a ser esclarecida e envolvida nas questões de responsabilidade para com o meio ambiente. Ainda segundo ele, é só a partir de então que o homem passa a perceber a necessidade de proteção do meio ambiente.

Este princípio encontra guarida no artigo 225, § 1º, VI da Constituição, que traz o seguinte texto:

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Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações.

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público: [...]

VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente; (BRASIL, CF, 2020).

Além da previsão expressa na Constituição, acima esculpida, existem duas outras legislações relevantes que destacam a necessidade da educação ambiental. A primeira é a Lei 6.938/81, que determina a obrigação de educação ambiental em todos os níveis de ensino. A segunda é a Lei 9.795/99, que trata da Política Nacional de Educação Ambiental. (THOMÉ 2017).

As duas legislações citadas acima serão devidamente abordadas no próximo capítulo. Por isso, necessário o destaque apenas para o fato de que o princípio sob comento se encontra fundamentado em ambas.

2.1.3 Princípio do desenvolvimento sustentável

Para Antunes (2016, p. 25) “[...] o grau maior de proteção ambiental é uma razão direta do maior nível de bem-estar social e renda da população”.

Entende o autor que o bem estar e renda da população são as principais razões pelas quais as declarações internacionais sobre o meio ambiente possuem foco no desenvolvimento econômico sustentável.

Aqui é preciso concordar com o autor quando escreve que “[...] a qualidade ambiental somente poderá ser melhorada com melhor distribuição de renda”. No entanto, até o final da pesquisa será possível demonstrar que o doutrinador se equivoca quando diz que “[...] os principais problemas ambientais se encontram nas áreas mais pobres [...]”. (ANTUNES, 2016, p. 25).

Na visão de Thomé (2017), este é o mais importante princípio do Direito Ambiental, já que se mostra como pilar da equidade social, preservação do meio ambiente e crescimento econômico.

Leciona o autor:

Importa frisar que o desenvolvimento somente pode ser considerado sustentável quando as três vertentes acima relacionadas sejam efetivamente respeitadas de forma

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simultânea. Ausente qualquer um desses elementos, não tratar-se-á de desenvolvimento sustentável.

A ideia de desenvolvimento socioeconômico em harmonia com a preservação ambiental emergiu da conferência de Estocolmo, em 1972, marco histórico na discussão dos problemas ambientais. Designado à época como “abordagem do ecodesenvolvimento” e posteriormente renomado “desenvolvimento sustentável”, o conceito vem sendo continuamente aprimorado. (THOMÉ, 2017, p. 56).

Apesar de opiniões e posicionamentos diversos em vários aspectos, tanto Antunes (2016), quanto Thomé (2017) entendem que é necessária a distribuição equitativa de renda como uma das formas de colaborar nas soluções de um meio ambiente sustentável e saudável.

Necessário frisar que nas relações entre o homem e a natureza existem duas vertentes éticas. A primeira é o antropocentrismo, onde o ser humano está no centro de todas as preocupações e o meio ambiente serviria aos seus propósitos. A segunda é o ecocentrismo, que considera o homem apenas mais uma parte do ecossistema, devendo todas as espécies ser protegidas. (THOMÉ, 2017).

Ainda de acordo com o mesmo autor, a Constituição Brasileira de 1988, ainda que penda para o antropocentrismo, como a maioria das legislações mundiais, é expressa ao determinar que o meio ambiente deva ser protegido para atender ao desenvolvimento sustentável.

2.1.4 Princípio da prevenção

Este princípio está diretamente ligado ao ato de prevenir a degradação ambiental. O objetivo é evitar que o dano ocorra para que não ocorra a necessidade de repará-lo. Para tanto, é necessário tomar medidas preventivas. (THOMÉ, 2017).

Tal princípio não é aplicado em qualquer situação de perigo de dano. O princípio da prevenção se apóia na certeza científica do impacto ambiental de determinada atividade. Ao se conhecer os impactos sobre o meio ambiente, impõe-se a adoção de todas as medidas preventivas hábeis a minimiza ou eliminar os efeitos negativos de uma atividade sobre o ecossistema. Caso não haja certeza científica, o princípio a ser aplicado será o da precaução. (THOMÉ, 2017, p. 65. Grifos do autor).

O princípio da prevenção é aplicado em situações de impacto ambientais que possam ser conhecidos de forma antecipada, estabelecendo nexo de causalidade suficiente para identificar impactos ambientais futuros e prováveis. (ANTUNES, 2016).

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De acordo com o autor acima citado, é com base neste princípio que os estudos de impactos ambientais e o licenciamento são solicitados pelos órgãos competentes e devem ser realizados como forma de comprovar a prevenção dos danos.

2.1.5 Princípio da precaução

Diferentemente do princípio da prevenção, o da precaução é aplicado em situações em que não exista certeza científica sobre possíveis danos ao meio ambiente. Assim, as medidas adotadas serão no sentido de tentar prever, minimizar ou evitar os supostos danos. (THOMÉ, 2017).

Ainda de acordo com Thomé (2017, p. 67), é preciso observar:

Nesse sentido, a ausência de certeza científica absoluta deve servir de pretexto para postergar a adoção de medidas efetivas de modo a evitar a degradação ambiental. Vale dizer, a incerteza científica milita em favor do ambiente, carregando-se ao interessado a ônus de provar que as intervenções pretendidas não são perigosas e/ou poluentes. Este princípio tem sido muito utilizado em ações civis públicas, seja requerendo a paralisação de obras, seja requerendo a proibição de explorações que possam causar ainda que hipoteticamente, danos ao meio ambiente. (Grifos do autor).

É ainda do entendimento do autor supracitado o fato de que tais riscos, abarcados pelo princípio em tela, estão limitados aos de riscos graves e que possam causar danos irreversíveis. Caso contrário, se fosse aplicado a riscos de qualquer natureza, tornaria inviável a ciência e a economia.

Antunes (2016) trata o princípio da precaução de forma mais ampla. De acordo com este autor, o princípio sob comento encontra fundamentação nos sete incisos do § 1º do artigo 225 da Constituição, que assim determinam:

§ 1º Para assegurar a efetividade desse direito, incumbe ao Poder Público:

I - preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas;

II - preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País e fiscalizar as entidades dedicadas à pesquisa e manipulação de material genético; III - definir, em todas as unidades da Federação, espaços territoriais e seus componentes a serem especialmente protegidos, sendo a alteração e a supressão permitidas somente através de lei, vedada qualquer utilização que comprometa a integridade dos atributos que justifiquem sua proteção;

IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradação do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a que se dará publicidade;

V - controlar a produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente;

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VI - promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente;

VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade. (BRASIL, CF, 2020).

Os mandamentos constitucionais determinam que o Poder Público, auxiliado pelos legisladores, sempre que possível, definam formas de evitar os impactos ambientais. (ANTUNES, 2016).

O princípio da precaução não pode ser aplicado de forma genérica. Ainda assim, a Administração Pública, na ausência de Lei específica, costuma utilizar-se dele no intuito de obstar determinadas atividades que julga, de forma discricionária, como potencialmente danosas ao meio ambiente. (ANTUNES, 2016).

Na visão do mesmo autor é possível verificar a necessidade de normatização da aplicação do princípio sob comento:

Parece evidente que a inexistência de um consenso sobre o Princípio da Precaução é uma questão grave que precisa ser enfrentada de forma concreta, com vistas ao estabelecimento de um conceito que seja operacional, de forma que o princípio não se reduza a uma subalterna condição de mero instrumento voltado para a inação administrativa e política, como vem sendo o resultado de sua interpretação maximalista. Fato é que o grau de abstração e, até mesmo, de devaneio com que o Princípio tem sido tratado tem colocado na ordem do dia a candente necessidade de dar-lhe um perfil adequado e de que sejam definidas diretrizes mínimas capazes de atribuir alguma certeza com relação ao seu conteúdo e que ele deixe de ter um

conteúdo marcadamente lotérico. (ANTUNES, 2016, p. 48. Grifos do autor). A utilização dos autores escolhidos para dissertar acerca dos princípios em destaque e suas argumentações ora apresentadas deixa clara a posição de ambos.

Enquanto Antunes (2016) defende amplamente o meio ambiente como instrumento a ser explorado pelo homem para a satisfação de suas necessidades, ainda, que defenda certo equilíbrio, Thomé (2017) demonstra maior tendência a vertente ecocentrista, onde há que ser observada a defesa do ambiente como um todo.

Em que pese não ser a pesquisa destinada a exarar opiniões, é preciso esclarecer que este autor possui visão que mais se assemelha ao do segundo doutrinador, uma vez que embora o homem se apresente, a princípio, como o único efetivamente racional, não é crível que o mundo tenha surgido apenas para satisfazer suas necessidades.

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2.1.6 Princípio do poluidor-pagador

Para compreensão deste princípio é preciso partir da premissa de que “[...] os recursos ambientais são escassos e que o seu uso na produção e no consumo acarretam a sua redução e degradação”. Desta forma, de acordo com Antunes (2016, p. 55) é necessário que o custo final dos produtos seja acrescido da valoração que se deve dar à essa justificável escassez.

A visão do autor em destaque parece demonstrar que desde que o consumidor pague o acréscimo no custo final do produto, justificada está à degradação. O que é compreensível, já que na visão do autor sobre o de meio ambiente é claramente antropocêntrica – posição da qual discorda este pesquisador.

Thomé (2017) não vê o princípio do poluidor-pagador como algo prejudicial ao desenvolvimento.

Ao contrário, o doutrinador em questão considera este um dos principais princípios da política ambiental, pois, “[...] exige do poluidor, uma vez identificado, suportar as despesas de prevenção, reparação e repressão dos danos ambientais”. (THOMÉ, 2017, p. 70).

O autor acima citado vai além. Segundo ele, os custos que seguem o processo de produção, incluídos os resultantes da necessidade de projetos, licenças e aqueles oriundos da reparação ou responsabilização por danos, devem ser suportados unicamente pelo empreendedor da atividade que gera, ou pode gerar, tais danos.

De acordo ainda com Thomé (2017, p. 72), o princípio em tela aceita duas interpretações constitucionais, a seguir destacadas:

O princípio do poluidor-pagador, analisado sob o prisma constitucional, aceita, portanto, duas interpretações:

a) obrigação de reparação do dano ambiental, devendo o poluidor assumir todas as consequências derivadas do dano ambiental;

b) incentivo negativo face àqueles que pretendem praticar conduta lesiva ao meio ambiente (função dissuasiva, e não restitutiva). O poluidor, uma vez identificado, deve suportar as despesas de prevenção do dano ambiental. (Grifos do autor).

Leciona o doutrinador que de acordo com parte da doutrina, o nome do princípio não seria adequado, pois poderia passar a impressão errônea de que é permitido poluir, desde que se faça o devido pagamento.

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2.1.7 Princípio do usuário-pagador

Trata-se de evolução do princípio anterior, de acordo com os ensinamentos de Thomé (2017).

É por meio deste princípio que fica estabelecido que aquele que utiliza os recursos naturais deve efetuar pagamento por tal uso. “A ideia é de definição de valor econômico ao bem natural com intuito de racionalizar o seu uso e evitar seu desperdício”. (THOMÉ, 2017, p. 73).

O autor acima citado entende que a utilização e/ou apropriação dos ditos recursos naturais em favor de indivíduos privados ou públicos deve ser ressarcida à coletividade por se tratarem de bens comuns, independente de haver, ou não, danos. Ou seja, neste caso não existe pagamento em razão do dano, mas, tão somente, em função da utilização e aproveitamento dos recursos.

2.1.8 Princípio da participação e princípio da informação

O princípio da participação, de forma sucinta, diz respeito ao fato de que a sociedade, real proprietária dos recursos e do meio ambiente como um todo, tem direito a participar e atuar na defesa do meio que lhe pertence, já que é indiscutível o direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado. (THOMÉ, 2017).

De forma complementar, escreve o autor supra que se a sociedade tem o direito/dever de participar da defesa do meio ambiente, só poderá fazê-lo se possuir informações para tanto. Desta forma, o princípio da informação é de fundamental importância nesta esfera jurídica.

2.1.9 Princípio da responsabilidade

Este princípio encontra guarida no § 3º do artigo 225 da Constituição de 1988:

§ 3º As condutas e atividades consideradas lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados.

Assim como em todas as áreas do direito, aquele que causa dano a outrem deverá repará-lo, nos moldes da lei.

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O dispositivo legal acima colacionado traz a obrigação de reparação de dano ao meio ambiente, ainda que não destaque se trata-se de responsabilidade subjetiva ou objetiva em razão da conduta lesiva. Por força de lei, como se verá no segundo capítulo, a responsabilidade nos danos ao meio ambiente é objetiva, dividindo-se em administrativa, civil e criminal, conforma também será tratado em tópico próprio. (ANTUNES, 2016).

2.1.10 Princípio da função socioambiental da propriedade

A propriedade privada prevista no Código Civil se difere da coletiva ou difusa, sendo esta a que rege o direito ambiental.

“Tradicionalmente a legislação pátria antes, da promulgação da Constituição de 1988, tinha uma visão estritamente privada, só reconhecendo a existência nessa relação do sujeito ativo – proprietário – e do objeto ou bem.” (RAMOS, 2019, p. única).

Ensina o autor acima citado que a legislação brasileira, antes do advento da Constituição de 1988, apenas preocupava-se com os direitos de propriedade privada, com menções singelas apenas a alguns direitos de vizinhança.

O Código Civil de 2002 trouxe avanços significativos nas questões de propriedade, determinando, ao titular do direito, obrigações em relação ao imóvel. (RAMOS, 2019).

Embora a Constituição de 1988 tenha garantido o direito à propriedade, também determinou que esta devesse atender sua função social, conforme se verifica em seu Artigo 5º:

XXII - é garantido o direito de propriedade;

XXIII - a propriedade atenderá a sua função social; (BRASIL, CF, 2020).

Além disso, o artigo 170, inciso III determina, no capítulo das atividades econômicas, o seguinte:

Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

III - função social da propriedade;

E, não seria possível deixar de destacar que o artigo 186 da CF/88 traz o seguinte mandamento no que diz respeito à propriedade rural:

Art. 186. A função social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigência estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos:

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I - aproveitamento racional e adequado;

II - utilização adequada dos recursos naturais disponíveis e preservação do meio ambiente;

III - observância das disposições que regulam as relações de trabalho;

IV - exploração que favoreça o bem-estar dos proprietários e dos trabalhadores. (BRASIL, CF, 2020).

Uma vez imposto ao proprietário do imóvel que dê destinação social aquele bem, se está diante da obrigação de exercer o direito de propriedade não apenas em benefício próprio, mas, também e, principalmente, da coletividade, com especial atenção ao meio ambiente. (THOMÉ, 2017).

2.2 CONCEITOS DOUTRINÁRIOS E CLASSIFICAÇÕES DOS BENS E RECURSOS NATURAIS REGULADOS PELO DIREITO AMBIENTAL

Após a descrição dos princípios de maior relevância para a pesquisa em desenvolvimento, é necessário discorrer, também, sobre os conceitos relevantes ao bom andamento do trabalho, conforme a seguir.

Necessário inicialmente deixar claro que o direito ambiental se traduz em ciência regida por princípios próprios, tendo sido muitos deles vistos anteriormente, sem prejuízo de outras classificações.

Estes princípios ambientais têm a função de orientar a elaboração, aplicação e fiscalização de políticas públicas com o escopo de proteger o meio ambiente e, em consequência, os seres humanos, que dele dependem. (THOMÉ, 2017).

Quanto às principais preocupações do Direito Ambiental, leia-se:

A preocupação fundamental do Direito Ambiental é organizar a forma pela qual a sociedade se utiliza dos recursos ambientais, estabelecendo métodos, critérios, proibições e permissões, definindo o que pode e o que não pode ser apropriado economicamente (ambientalmente). Não satisfeito, vai além. Ele estabelece como a propriedade econômica (ambiental) pode ser feita. Assim, não é difícil perceber que o Direito Ambiental se encontra no coração de toda atividade econômica, haja vista que qualquer atividade econômica se faz sobre a base de uma infraestrutura que consome recursos naturais, notadamente sob a forma de energia. (ANTUNES, 2016, p. 3).

Para Antunes (2016, p.6) o direito ambiental seria “a norma que, baseada no fato

ambiental e no valor ético ambiental, estabelece mecanismos normativos capazes de

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Além de o termo natureza possuir significado etimológico no que diz respeito ao conjunto universal de seres vivos, e de outras conotações filosóficas, também precisa ser analisado como conceito político. Afinal, o “Estado Natureza é um marco teórico que tem sustentado diferentes Teorias de Filosofia Política e Social”. (ANTUNES, 2016, p.8).

Outra conceituação importante é aquela ligada aos bens ambientais.

Neste contexto, Fiorillo (2013) duas características importantes se destacam em relação aos bens ditos ambientais. A primeira está ligada ao fato de ser o referido bem essencial a manutenção de vida saudável e de qualidade. A segunda determina que os bens devam ser de uso comum ao povo.

Destaque para o fato de que estes dois requisitos acima nominados fazem parte da visão internacional a respeito dos bens ambientais, que, em regra, tem o condão de dividir os bens em públicos ou privados. No Brasil, no entanto, com o advento da Constituição Federal de 1988 houve formulação de novo gênero de classificação dos bens ligados ao meio ambiente, levando em consideração sua natureza jurídica. (FIORILLO, 2013).

Leciona o autor:

Em decorrência da tradicional contraposição entre o Estado e os cidadãos, entre o público e o privado, iniciou-se no Brasil, a partir do advento da Carta Magna de 1988, uma nova categoria de bens de uso comum do povo e essenciais à sadia qualidade de vida.

Referidos bens, como se nota, não se confundem com os denominados bens privados (ou particulares) nem com os chamados bens públicos.

Todavia, com o advento da Constituição Federal de 1988, nosso sistema de direito positivo traduziu a necessidade de orientar um novo subsistema jurídico orientado para a realidade do século XXI, tendo como pressuposto a moderna sociedade de massas dentro de um contexto de tutela de direitos e interesses adaptados às necessidades principalmente metaindividuais. Foi exatamente através do enfoque antes aludido que em 1990 surgiu a Lei Federal n. 8.078, que além de estabelecer uma nova concepção vinculada aos direitos das relações de consumo, criou a estrutura que fundamenta a natureza jurídica de um novo bem, que não é público nem privado: o bem difuso. (FIORILLO, 2013, p. 181-182, grifos do autor).

Para maior compreensão do significado de bem difuso é preciso analisar o inciso I do § Único do artigo 81 da Lei 8.078-90, denominado comumente Código de Defesa do Consumidor.

No dispositivo sob análise é possível observar a conceituação de bem difuso como sendo: “os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato”. (BRASIL, Lei 8.078/90, 2020).

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Quanto aos direitos transindividuais, que podem ser de interesse difuso ou coletivo, a conceituação legal do primeiro está acima descrita. Já em relação aos direitos coletivos, importa dizer que se distingue do primeiro em face dos titulares. Os titulares dos direitos difusos são indetermináveis ou indeterminados, enquanto nos direitos coletivos os titulares de ações são identificáveis, como, por exemplo, os membros de um sindicato que lutam em conjunto por um mesmo objetivo. (THOMÉ, 2017).

Esclarece Vasconcelos (2015) que a Lei 6.938/81, que trata, dentre outras coisas, da política de meio ambiente teria iniciado a visão deste sob ótica ampliada, que seria, posteriormente, inserida na CF/88.

O artigo 3º, inciso I, da Lei em destaque traz a conceituação de meio ambiente, descrevendo expressamente que fica compreendido, para fins de conceituação legal, meio ambiente como sendo “o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. (BRASIL, Lei 6.938/81, 2020).

O conceito de meio ambiente acima disposto está diretamente ligado ao que se conhece como meio ambiente natural. É preciso esclarecer que existem também as conceituações de ambientalistas de outras categorias sobre meio ambiente. Toma-se como exemplo o ambiente artificial, que diz respeito às cidades; o ambiente cultural, que se refere às culturas e suas tradições, além do ambiente do trabalho. Para o trabalho em desenvolvimento será levado em consideração de destaque o conceito de meio ambiente natural. (VASCONCELOS, 2015).

A partir do momento em que foi instituído o Estado Democrático de Direito, com a promulgação da CF/88, a política nacional do meio ambiente instituída pela Lei 6.938/81 – que havia sido editada na época da ditadura militar com visão de segurança nacional distinta da que hoje vige – a referida Lei passou a ser interpretada com vistas na Carta Magna, mais especificamente com observância dos artigos 225 e 23, VI e VII, ambos da Carta Maior. (FIORILLO, 2013).

A interpretação das leis de políticas ambientais e de segurança nacional com viés democrático retirou o Estado do centro da interpretação, tendo sido ele substituído pela observância da dignidade da pessoa humana, determinando que a preservação, recuperação e melhorias ligadas ao meio ambiente viessem assegurar e possibilitar ao Brasil o

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desenvolvimento sustentável, compatível com o então instituído Estado Democrático de Direito. (FIORILLO, 2013).

Em relação aos benefícios trazidos pelas previsões e interpretações constitucionais no que concerne ao meio ambiente, é preciso enfatizar:

Destaca-se, dentre este benefícios, a substituição do paradigma da legalidade ambiental pelo paradigma da constitucionalidade ambiental, o que inaugura uma ordem pública ambiental constitucionalizada. Essa constitucionalização, por consequência, repercute diretamente na atuação do Poder Público e de toda coletividade, na medida em que lhes é dirigida a obrigação de implementar o princípio do desenvolvimento sustentável. (THOMÉ, 2017, p. 117).

Ainda de acordo com Thomé (2017) outra condição vantajosa criada a partir da constitucionalização do meio ambiente é a fiscalização, que pode se ter tanto pelo modo difuso quanto pelo concentrado. Na primeira forma, a fiscalização ocorre por iniciativa de qualquer interessado. Já na segunda, se dá por meio de Ação Direta de Inconstitucionalidade, com observância da capacidade postulatória ativa.

O fio condutor aparente na Constituição de 1988 aparentemente está baseado na necessidade de surgimento de uma nova ordem jurídica, com diretrizes para utilização racional dos recursos naturais, visando um meio ambiente equilibrado. (PRADO, 2005).

Mesmo com a visão de meio ambiente amplificada pela evolução a nível global e com a disseminação da ideia internacional sobre a necessidade de se preservar o meio ambiente como bem difuso e/ou coletivo mundial, não é possível deixar de analisar que cada Estado/Nação determina a forma como vai gerir os bens e recursos naturais de seu território.

Neste sentido, Thomé (2017, p.124) ensina que a possibilidade de exercício de poder do Estado sobre os bens localizados em seu território deriva do chamado “domínio eminente”, que lhe confere poder político suficiente para “submeter à sua vontade todos os bens situados em seu território”.

Explica o autor citado no parágrafo anterior, que o domínio eminente se justifica através do exercício de poder sobre os bens públicos, os privados e, aqueles não sujeitos ao regime geral e normal de propriedade, como as águas dos rios, por exemplo.

A Lei 6.938/81 determina, em seu artigo 3º, inciso V, que “são recursos ambientais: a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”.

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Os bens e recursos naturais, de acordo com suas destinações, costumam ser classificados como de uso comum do povo, bens de uso especial e dominicais. Os primeiros seriam, por exemplo, os rios, mares, estradas, ruas e praças. Os segundos seriam aquelas edificações ou terrenos destinados ao funcionamento do Estado, como o prédio onde funciona uma prefeitura, por exemplo. Os terceiros, denominados dominicais, são aqueles sem destinação específica pública, como, por exemplo, as terras devolutas, a dívida ativa, os prédios públicos desativados, dentre outros. (THOMÉ, 2017).

A classificação dos recursos naturais quanto a sua titularidade pode ser verificada na Constituição Federal. Os bens federais encontram-se descritos com rol exemplificativo no artigo 20 da CF/88. Da mesma forma, os bens ditos estaduais estão descritos em rol exemplificativo no artigo 26 da Carta Magna. Quanto aos bens municipais e distritais, embora não haja previsão expressa, é possível subentender que os Municípios e, neste caso também o Distrito Federal, sejam titulares de diversos bens, como “ruas, praças, jardins públicos, edifícios municipais”, dentre outros. (THOMÉ, 2017, p.135).

Estando esclarecido que o direito do meio ambiente tem como objeto principal o estudo e a proteção dos bens denominados como difusos, e que os entes da federação são titulares dos recursos naturais de acordo com o determinado na CF/88, o que será detalhado no capítulo seguinte, é necessário a partir de agora, fazer a abordagem a respeito das legislações que regulam e protegem o meio ambiente, assim como da responsabilidade objetiva a este vinculada.

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3 PRINCIPAIS LEGISLAÇÕES BRASILEIRAS REGULAMENTADORAS DO MEIO AMBIENTE

Conforme descrito no capítulo anterior, a União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal figuram na condição de titulares da tutela no direito ambiental.

A eles é imputada a responsabilidade objetiva, assim como, a outros agentes, tanto pessoas físicas quanto jurídicas, que venham a explorar ou causar danos ao meio ambiente.

O capítulo em desenvolvimento abordará as legislações que regulamentam o uso, gozo e a proteção ambiental, deixando o Código Florestal especificamente para ser analisado no último capítulo.

3.1 O ARTIGO 225 DA CF/88 E SUAS NORMAS REGULAMENTADORAS

O meio ambiente, como direito difuso que é, necessita de legislações que visem sua preservação e a utilização dos recursos naturais de modo a garantir o equilíbrio.

Desta forma, é preciso primeiramente analisar a questão no âmbito constitucional, com posterior análise individualizada das principais legislações ambientais.

Varela e Leuzinger (2008) reiteram o que outros doutrinadores citados no capítulo anterior já atestaram, qual seja que o legislador constituinte tomou o cuidado de conferir a proteção do status constitucional ao meio ambiente.

Enfatizam os autores:

No caso do Brasil, o tratamento ao meio ambiente pela Constituição Federal de 1988 revela alguns eixos centrais, relacionados à nossa visão sobre o tema: o meio ambiente como direito fundamental; a conservação da diversidade biológica e dos processos ecológicos; a criação de espaços territoriais especialmente protegidos; a necessidade de estudo prévio de impacto ambiental antes da realização de atividades potencialmente causadoras de significativa degradação; e a educação ambiental. (VARELA; LEUZINGER, 2008, p. 397-398).

A relevância do meio ambiente é indiscutível, tanto do ponto de vista filosófico social, quanto político e legal.

Devido a esta importância o legislador constituinte tratou de destinar um capítulo próprio para o meio ambiente na Carta Magna, constituído do artigo 225, seus parágrafos e incisos.

O caput do artigo sob comento esclarece e reforça a condição do meio ambiente como um bem difuso que a todos pertence e por todos deve ser protegido:

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Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. (BRASIL, CF/88, 2020).

Da mesma forma que o artigo acima esclarece que a todos pertence o meio ambiente, também concede ao Poder Público e à coletividade a obrigação de por ele zelar, defendendo-o e preservando-o para as futuras gerações.

O parágrafo 1º do mesmo dispositivo legal determina as providências que devem ser tomadas pelo Poder Público a fim de assegurar os direitos previstos no caput do referido artigo. Os incisos do parágrafo em destaque serão abordados a seguir na forma de tópicos, que serão nomeados conforme os respectivos incisos.

I. Cabe ao Estado preservar e restaurar aqueles determinados como processos ecológicos essenciais, além de promover o manejo das espécies e ecossistemas, de forma ecológica; (BRASIL, CF/88, 2020).

II. É dever do Estado preservar a diversidade das espécies da fauna e da flora, assim como, manter a integridade do patrimônio genético. Para tanto, deverá tomar medidas de fiscalização quanto aos atos e procedimentos adotados pelas entidades que se dediquem às pesquisas e manipulação dos materiais genéticos; (BRASIL, CF/88, 2020).

III. É de responsabilidade do Poder Público definir as áreas territoriais e os componentes que necessitem de proteção, em todas as unidades da Federação. As determinações elaboradas que compreendam alteração e supressão destas áreas previamente definidas devem ser feitas por meio de lei, sendo proibida a utilização do território para fins que comprometam a integridade dos direitos que justificam a proteção legal; (BRASIL, CF/88, 2020).

IV. Deve, ainda, exigir estudo prévio de impacto ambiental, nos moldes de Lei específica, dando-se a este publicidade, quando se tratar de instalação de atividade ou obra que possa, de forma potencial, causar significativa degradação ao meio ambiente. (BRASIL, CF/88, 2020).

V. É dever do Poder Público exercer controle sobre produção, comercialização e aplicação de técnicas ou substâncias que possam representar risco tanto à vida humana, quanto que por ventura venham a

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alterar a qualidade destas vidas e do meio ambiente como um todo; (BRASIL, CF/88, 2020).

VI. É preciso que o Estado promova a educação ambiental nos diversos níveis de ensino, possibilitando a conscientização de todos em relação a necessidade de preservar o meio ambiente; (BRASIL, CF/88, 2020).

VII. Deve, por fim, valer-se do poder que possui para proteger a flora e a fauna, coibindo, nos moldes da lei, quaisquer condutas que coloquem em risco a função ecológica e que possam provocar a extinção das espécies e resultar em crueldade animal. (BRASIL, CF/88, 2020).

É de suma importância destacar que existem regulamentações próprias para cada um destes deveres expressos.

A Lei 11.105 de 2005 regulamenta os incisos II, IV e V do artigo 225 da CF/88, estabelecendo normas de segurança e mecanismos de fiscalização de atividades que envolvam organismos geneticamente modificados e seus derivados. Além disso, cria o Conselho Nacional de Biossegurança – CNBS e reestrutura a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança – CTNBio. Por fim, dispõe sobre a Política Nacional de Biossegurança – PNB. Para a pesquisa em desenvolvimento, as principais regulamentações trazidas pela Lei 11.105/2005 tratam da proibição de descarte ou destruição, no meio ambiente, de organismos geneticamente modificados e seus derivados, sem que atendam as normas estabelecidas pelos órgãos e entidades fiscalizadoras descritas na própria lei.

A lei ainda prevê a obrigatoriedade para as empresas ou entidades que atuem no ramo da pesquisa dos organismos geneticamente modificados no sentido de que só possam fazer a liberação deste material no meio ambiente após a decisão favorável da Comissão Técnica Nacional de Biossegurança. Em se tratando de liberação comercial, devem obter, do mesmo órgão, parecer favorável ou licenciamento. Por fim, não podem atuar sem aprovação da Comissão quando este considerar que a atividade é potencialmente causadora de degradação ambiental ou, sem a aprovação do Conselho Nacional de Biossegurança, quando o processo tenha sido por este avocado, na forma que prevê a lei. (BRASIL, Lei 11.105/2005, 2020).

Em relação às obrigações, a Lei 11.105/2005 determina a investigação de acidentes ocorridos no curso de pesquisas e projetos na área de engenharia genética e o envio de relatório respectivo à autoridade competente; a notificação imediata à Comissão Técnica

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Nacional de Biossegurança e às autoridades da saúde pública, da defesa agropecuária e do meio ambiente sobre acidente que possa provocar a disseminação de organismos geneticamente modificados e de seus derivados; e, a adoção de meios necessários para plenamente informar aos órgãos competentes, às autoridades da saúde pública, do meio ambiente, da defesa agropecuária, à coletividade e aos demais empregados da instituição ou empresa sobre os riscos a que possam estar submetidos, bem como os procedimentos a serem tomados no caso de acidentes com o material genético.

Encerrando a análise desta Lei regulamentadora, que não é especificamente o objeto de estudo, importa destacar que o artigo 20 da norma determina que independente do “prejuízo da aplicação das penas previstas nesta lei, os responsáveis pelos danos ao meio ambiente e a terceiros responderão, solidariamente, por sua indenização ou reparação integral, independentemente da existência de culpa”. (BRASIL, Lei 11.105/2005, 2020).

A regulamentação dos incisos I, II, III e VII do artigo 225 da Constituição Federal se dá por meio da Lei 9.985 de 2000, sendo necessário observar que o inciso II do artigo constitucional resta regulamentado tanto pela Lei acima analisada, quanto por esta, pois este inciso trata da regulamentação de organismos geneticamente modificados, mas, também, da diversidade das espécies da fauna e da flora brasileira.

O artigo 1º da Lei informa que esta fora elaborada com o objetivo de instituir o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza – SNUC, estabelecer os critérios e normas para a criação, implantação e gestão das unidades de conservação. (BRASIL, Lei 9.985/2000, 2020).

O artigo 2º da Lei sob análise trata de descrever os conceitos mais relevantes para a regular aplicação das normas. Assim estes mandamentos legais serão tratados no subtítulo a seguir.

(31)

3.1.1 Conceitos legais constantes dos incisos do artigo 2º na Lei 9.985/20001

Unidade de conservação fica definida o espaço territorial, bem como, seus recursos ambientais, inclusos aí as águas jurisdicionais, que possuam características naturais relevantes e que tenham sido legalmente instituídas pelo Poder Público.

Ao instituir as referidas unidades de conservação, o Poder Público deverá determinar os objetivos de conservação e definir seus limites.

Deverá, ainda, expressar o regime especial de administração destas áreas, as quais serão aplicadas as garantias adequadas de proteção.

Para fins de aplicação da lei, o legislador entendeu por conceituar conservação da natureza como sendo o manejo do uso humano da natureza.

Compreende o referido manejo os atos afetos a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa, desta forma, produzir maiores benefícios.

Estes benefícios devem estar pautados em bases sustentáveis, com vistas às atuais gerações, e a manutenção potencial que possa satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, garantindo, desta forma, a sobrevivência dos seres vivos em geral;

A Lei determina como diversidade biológica a variabilidade de organismos vivos de todas as origens.

Ficam compreendidos nesta variedade conceitual, por exemplo, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros, incluindo os aquáticos, além dos complexos ecológicos de que fazem parte. O conceito abarca, também, a diversidade dentro das próprias espécies, entre estas espécies e de outros ecossistemas ainda não conhecidos.

Para fins legais, e aplicação da Lei sob análise, fica determinado que recurso ambiental compreenda os elementos tidos como “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”.

1

Tendo em vista que o subtítulo em questão utilizará como fonte apenas a Lei 9.985 de 18 de julho de 2000, este autor entende ser desnecessária a inclusão de autor/data em cada um dos parágrafos, evitando, inclusive, poluição visual. Os conceitos obedecem as expressões da lei, devendo esta, portanto, ser tomada como fonte. Os grifos em negrito, destacando a nomenclatura dos conceitos são opção deste autor, uma vez que a norma sob análise não faz os referidos destaques.

(32)

O conceito de preservação se mostra como o “conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos”, visando prevenir “a simplificação dos sistemas naturais”.

Define a Lei que proteção integral consiste na “manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana”, sendo admitido tão somente “o uso indireto dos seus atributos naturais”.

A conceituação legal de conservação in situ explica que se trata de tomar medidas capazes de conservar os ecossistemas e habitats naturais. Além disso, compreende a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies nestes habitats naturais. Em se tratando de espécies domesticadas ou cultivadas, a preservação e manutenção deve se dar nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características.

Como manejo, fica compreendido “todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas”.

O uso indireto, para fins da lei, se define como a forma de uso dos bens e direitos regulados pelo direito ambiental, que não envolva consumo, coleta, danos ou destruição destes bens.

Já o uso direto se traduz como “aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais”.

Fica definida como uso sustentável a possibilidade de explorar o meio ambiente de forma que possa ser garantida “a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos”, devendo ser mantida a “biodiversidade e os demais atributos ecológicos” de forma que estas sejam socialmente justas e economicamente viáveis.

O extrativismo é denominado como “sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis”.

Uma das definições mais relevantes da Lei é a da recuperação. Esta consiste na “restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada” de maneira que seja revertida para uma condição como se não fosse degradada, ainda que resulte em condição fina diferente da sua original.

Enquanto a recuperação prevê que a condição do meio degradado possa ser diferente da original, o conceito legal de restauração determina que seja feita a “restituição

(33)

de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original”.

O conceito de zoneamento é compreendido como a definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação. Esta definição em setores ou zonas tem por objetivos o manejo, com observância de e normas específicas. O propósito reside em “proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz”.

Enquanto o manejo é tido como o procedimento que visa assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas, o plano de manejo é definido como o documento técnico por meio do qual são estabelecidos os zoneamentos e as normas aplicáveis, inclusive a implantação das estruturas físicas que permitirão gerir a unidade. Este documento deverá ser elaborado baseando-se nos objetivos gerais da referida unidade de conservação.

Quando a Lei trata da zona de amortecimento, se refere às áreas ao entorno de uma unidade de conservação. Estas áreas sujeitam-se à fiscalização de forma que as atividades humanas estarão sujeitas às normas e restrições específicas. O objetivo das restrições às atividades humanas tem o “propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”.

Outra conceituação da Lei considerada relevante está prevista no inciso XIX deste artigo 2º da lei, que dispõe, conforme a seguir, a respeito dos corredores ecológicos.

Ficam definidos como corredores ecológicos as porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, que façam ligação entre unidades de conservação, possibilitando entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando, assim, a dispersão das espécies e a recolonização de áreas degradadas. Outra finalidade destes corredores é “a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais”.

Feitas as devidas conceituações, é importante transcrever, ainda, o texto dos artigos 7º, 8º e 9º da Lei em destaque, que trazem definições complementares:

Art. 7o As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características específicas:

I - Unidades de Proteção Integral; II - Unidades de Uso Sustentável.

(34)

§ 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.

§ 2o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação:

I - Estação Ecológica; II - Reserva Biológica; III - Parque Nacional; IV - Monumento Natural; V - Refúgio de Vida Silvestre.

Art. 9o A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas.

§ 1o A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico.

§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

§ 4o Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso de:

I - medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados; II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica; III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas;

IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no máximo três por cento da extensão total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.

Apresentados os conceitos que se entendeu por mais relevantes para as questões que serão tratadas no último capítulo, e, transcritos os dispositivos acima, os quais este autor entende por desnecessárias as explanações a respeito, é necessário analisar também as legislações a seguir, para melhor compreensão das responsabilidades civis e criminais aplicadas ao direito ambiental, que serão futuramente abordadas.

3.2 DAS DIFERENTES ÁREAS IDENTIFICADAS E REGULAMENTADAS NA LEI 9.985 DE 18 DE JULHO DE 2000

Além das definições abrangidas no subtítulo anterior, no qual foi realizada a análise de regulamentações dos incisos do artigo 225 da Constituição Federal, é preciso destacar que a Lei 9.985/2000 traz outras normatizações de grande valia, que serão analisadas a partir de agora.

(35)

3.2.1 As áreas de proteção ambiental

Consta do artigo 15 da Lei 9.985/2000 que Áreas de Proteção Ambiental são aquelas consideradas geralmente extensas, que, embora possuam certo grau de ocupação humana, são dotadas de atributos abióticos, bióticos, estéticos ou culturais, sendo estes especialmente relevantes no que se refere à qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas.

Os principais objetivos da demarcação destas áreas se apresenta no sentido de proteger a diversidade biológica, assim como, disciplinar os processos de ocupações, assegurando a sustentabilidade no uso dos recursos naturais. (BRASIL, Lei 9.985/2000).

Para regulamentar as questões que envolvem as áreas de preservação ambiental, assim como as áreas conceituadas no subtítulo que tratou do artigo 2º na Lei 9.985/2000 é preciso buscar socorro no Decreto 4.340 de 22 de agosto de 2002, que será tratado em título próprio.

As áreas denominadas como de preservação ambiental podem ser constituídas por propriedades públicas ou privadas. Para utilização de terras privadas, que fazem parte das áreas de preservação ambiental há que serem observados os limites constitucionais, e o estabelecimento de normas que permitam esse uso. (BRASIL, Lei 9.985/2000, 2020).

Nas áreas de proteções ambientais consideradas públicas, a realização de pesquisa científica e visitação pública serão estabelecidas pelo órgão gestor da unidade. Enquanto isso, nas “áreas sob propriedade privada, cabe ao proprietário estabelecer as condições para pesquisa e visitação pelo público, observadas as exigências e restrições legais”. (BRASIL, Lei 9.985/2000, 2020).

Por fim, é preciso destacar que a área de proteção ambiental deverá contar com Conselho, que será presidido pelo órgão responsável por sua administração. Este Conselho deverá ser constituído por representantes dos órgãos públicos, além de integrantes de organizações da sociedade civil e de membros da população residente na área em questão.

3.2.2 Área de relevante interesse ecológico

Estabelece o artigo 16 da Lei 9.985 de 2000 que estas áreas, são, geralmente de pequena extensão, possuindo pouca ou nenhuma ocupação humana. Ademais, possuem

Referências

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