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Conceitos legais constantes dos incisos do artigo 2º na Lei 9.985/2000

3.1 O ARTIGO 225 DA CF/88 E SUAS NORMAS REGULAMENTADORAS

3.1.1 Conceitos legais constantes dos incisos do artigo 2º na Lei 9.985/2000

Unidade de conservação fica definida o espaço territorial, bem como, seus recursos ambientais, inclusos aí as águas jurisdicionais, que possuam características naturais relevantes e que tenham sido legalmente instituídas pelo Poder Público.

Ao instituir as referidas unidades de conservação, o Poder Público deverá determinar os objetivos de conservação e definir seus limites.

Deverá, ainda, expressar o regime especial de administração destas áreas, as quais serão aplicadas as garantias adequadas de proteção.

Para fins de aplicação da lei, o legislador entendeu por conceituar conservação da natureza como sendo o manejo do uso humano da natureza.

Compreende o referido manejo os atos afetos a preservação, a manutenção, a utilização sustentável, a restauração e a recuperação do ambiente natural, para que possa, desta forma, produzir maiores benefícios.

Estes benefícios devem estar pautados em bases sustentáveis, com vistas às atuais gerações, e a manutenção potencial que possa satisfazer as necessidades e aspirações das gerações futuras, garantindo, desta forma, a sobrevivência dos seres vivos em geral;

A Lei determina como diversidade biológica a variabilidade de organismos vivos de todas as origens.

Ficam compreendidos nesta variedade conceitual, por exemplo, os ecossistemas terrestres, marinhos e outros, incluindo os aquáticos, além dos complexos ecológicos de que fazem parte. O conceito abarca, também, a diversidade dentro das próprias espécies, entre estas espécies e de outros ecossistemas ainda não conhecidos.

Para fins legais, e aplicação da Lei sob análise, fica determinado que recurso ambiental compreenda os elementos tidos como “a atmosfera, as águas interiores, superficiais e subterrâneas, os estuários, o mar territorial, o solo, o subsolo, os elementos da biosfera, a fauna e a flora”.

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Tendo em vista que o subtítulo em questão utilizará como fonte apenas a Lei 9.985 de 18 de julho de 2000, este autor entende ser desnecessária a inclusão de autor/data em cada um dos parágrafos, evitando, inclusive, poluição visual. Os conceitos obedecem as expressões da lei, devendo esta, portanto, ser tomada como fonte. Os grifos em negrito, destacando a nomenclatura dos conceitos são opção deste autor, uma vez que a norma sob análise não faz os referidos destaques.

O conceito de preservação se mostra como o “conjunto de métodos, procedimentos e políticas que visem a proteção a longo prazo das espécies, habitats e ecossistemas, além da manutenção dos processos ecológicos”, visando prevenir “a simplificação dos sistemas naturais”.

Define a Lei que proteção integral consiste na “manutenção dos ecossistemas livres de alterações causadas por interferência humana”, sendo admitido tão somente “o uso indireto dos seus atributos naturais”.

A conceituação legal de conservação in situ explica que se trata de tomar medidas capazes de conservar os ecossistemas e habitats naturais. Além disso, compreende a manutenção e recuperação de populações viáveis de espécies nestes habitats naturais. Em se tratando de espécies domesticadas ou cultivadas, a preservação e manutenção deve se dar nos meios onde tenham desenvolvido suas propriedades características.

Como manejo, fica compreendido “todo e qualquer procedimento que vise assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas”.

O uso indireto, para fins da lei, se define como a forma de uso dos bens e direitos regulados pelo direito ambiental, que não envolva consumo, coleta, danos ou destruição destes bens.

Já o uso direto se traduz como “aquele que envolve coleta e uso, comercial ou não, dos recursos naturais”.

Fica definida como uso sustentável a possibilidade de explorar o meio ambiente de forma que possa ser garantida “a perenidade dos recursos ambientais renováveis e dos processos ecológicos”, devendo ser mantida a “biodiversidade e os demais atributos ecológicos” de forma que estas sejam socialmente justas e economicamente viáveis.

O extrativismo é denominado como “sistema de exploração baseado na coleta e extração, de modo sustentável, de recursos naturais renováveis”.

Uma das definições mais relevantes da Lei é a da recuperação. Esta consiste na “restituição de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada” de maneira que seja revertida para uma condição como se não fosse degradada, ainda que resulte em condição fina diferente da sua original.

Enquanto a recuperação prevê que a condição do meio degradado possa ser diferente da original, o conceito legal de restauração determina que seja feita a “restituição

de um ecossistema ou de uma população silvestre degradada o mais próximo possível da sua condição original”.

O conceito de zoneamento é compreendido como a definição de setores ou zonas em uma unidade de conservação. Esta definição em setores ou zonas tem por objetivos o manejo, com observância de e normas específicas. O propósito reside em “proporcionar os meios e as condições para que todos os objetivos da unidade possam ser alcançados de forma harmônica e eficaz”.

Enquanto o manejo é tido como o procedimento que visa assegurar a conservação da diversidade biológica e dos ecossistemas, o plano de manejo é definido como o documento técnico por meio do qual são estabelecidos os zoneamentos e as normas aplicáveis, inclusive a implantação das estruturas físicas que permitirão gerir a unidade. Este documento deverá ser elaborado baseando-se nos objetivos gerais da referida unidade de conservação.

Quando a Lei trata da zona de amortecimento, se refere às áreas ao entorno de uma unidade de conservação. Estas áreas sujeitam-se à fiscalização de forma que as atividades humanas estarão sujeitas às normas e restrições específicas. O objetivo das restrições às atividades humanas tem o “propósito de minimizar os impactos negativos sobre a unidade”.

Outra conceituação da Lei considerada relevante está prevista no inciso XIX deste artigo 2º da lei, que dispõe, conforme a seguir, a respeito dos corredores ecológicos.

Ficam definidos como corredores ecológicos as porções de ecossistemas naturais ou seminaturais, que façam ligação entre unidades de conservação, possibilitando entre elas o fluxo de genes e o movimento da biota, facilitando, assim, a dispersão das espécies e a recolonização de áreas degradadas. Outra finalidade destes corredores é “a manutenção de populações que demandam para sua sobrevivência áreas com extensão maior do que aquela das unidades individuais”.

Feitas as devidas conceituações, é importante transcrever, ainda, o texto dos artigos 7º, 8º e 9º da Lei em destaque, que trazem definições complementares:

Art. 7o As unidades de conservação integrantes do SNUC dividem-se em dois grupos, com características específicas:

I - Unidades de Proteção Integral; II - Unidades de Uso Sustentável.

§ 1o O objetivo básico das Unidades de Proteção Integral é preservar a natureza, sendo admitido apenas o uso indireto dos seus recursos naturais, com exceção dos casos previstos nesta Lei.

§ 2o O objetivo básico das Unidades de Uso Sustentável é compatibilizar a conservação da natureza com o uso sustentável de parcela dos seus recursos naturais. Art. 8o O grupo das Unidades de Proteção Integral é composto pelas seguintes categorias de unidade de conservação:

I - Estação Ecológica; II - Reserva Biológica; III - Parque Nacional; IV - Monumento Natural; V - Refúgio de Vida Silvestre.

Art. 9o A Estação Ecológica tem como objetivo a preservação da natureza e a realização de pesquisas científicas.

§ 1o A Estação Ecológica é de posse e domínio públicos, sendo que as áreas particulares incluídas em seus limites serão desapropriadas, de acordo com o que dispõe a lei.

§ 2o É proibida a visitação pública, exceto quando com objetivo educacional, de acordo com o que dispuser o Plano de Manejo da unidade ou regulamento específico.

§ 3o A pesquisa científica depende de autorização prévia do órgão responsável pela administração da unidade e está sujeita às condições e restrições por este estabelecidas, bem como àquelas previstas em regulamento.

§ 4o Na Estação Ecológica só podem ser permitidas alterações dos ecossistemas no caso de:

I - medidas que visem a restauração de ecossistemas modificados; II - manejo de espécies com o fim de preservar a diversidade biológica; III - coleta de componentes dos ecossistemas com finalidades científicas;

IV - pesquisas científicas cujo impacto sobre o ambiente seja maior do que aquele causado pela simples observação ou pela coleta controlada de componentes dos ecossistemas, em uma área correspondente a no máximo três por cento da extensão total da unidade e até o limite de um mil e quinhentos hectares.

Apresentados os conceitos que se entendeu por mais relevantes para as questões que serão tratadas no último capítulo, e, transcritos os dispositivos acima, os quais este autor entende por desnecessárias as explanações a respeito, é necessário analisar também as legislações a seguir, para melhor compreensão das responsabilidades civis e criminais aplicadas ao direito ambiental, que serão futuramente abordadas.

3.2 DAS DIFERENTES ÁREAS IDENTIFICADAS E REGULAMENTADAS NA LEI

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