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Guarda Municipal: a possibilidade do porte de armas de fogo e seu impacto na segurança pública

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA IGOR VIEIRA DOS SANTOS

GUARDA MUNICIPAL:

A POSSIBILIDADE DO PORTE DE ARMAS DE FOGO E SEU IMPACTO NA SEGURANÇA PÚBLICA

Tubarão/SC 2018

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IGOR VIEIRA DOS SANTOS

GUARDA MUNICIPAL:

A POSSIBILIDADE DO PORTE DE ARMAS DE FOGO E SEU IMPACTO NA SEGURANÇA PÚBLICA

Monografia apresentada ao Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina como requisito parcial à obtenção do título de Bacharel em Direito.

Linha de pesquisa: Justiça e sociedade

Orientador: Prof. Silvio Roberto Lisbôa, Esp.

Tubarão/SC 2018

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IGOR VIEIRA DOS SANTOS

GUARDA MUNICIPAL:

A POSSIBILIDADE DO PORTE DE ARMAS DE FOGO E SEU IMPACTO NA SEGURANÇA PÚBLICA

Esta Monografia foi julgada adequada à obtenção do título de Bacharel em Direito e aprovada em sua forma final pelo Curso de Direito da Universidade do Sul de Santa Catarina.

Tubarão, 26 de junho de 2018.

______________________________________________________ Professor e orientador Silvio Roberto Lisbôa, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Alessandra Malheiros Fava da Silva, Esp.

Universidade do Sul de Santa Catarina

______________________________________________________ Prof. Debora Carla Melo e Pimenta, Esp.

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Dedico este trabalho a todos os acadêmicos e atuantes nas áreas do direito, bem como a todos que buscam o conhecimento, além de esclarecimentos dentro de nosso turbulento mundo jurídico e todos que não se rendem a ignorância.

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Agradeço primeiramente a Deus, que mesmo diante dos obstáculos não me deixou faltar forças para continuar, mesmo quando as coisas pareciam não estar dando certo, tanto na perspectiva profissional, quanto na perspectiva pessoal.

Agradeço posteriormente a minha família, em especial minha irmã Lívia Vieira David Pereira e meu pai Denei Deni dos Santos que, muitas vezes faltei com a responsabilidade, a maturidade e a humildade, mas que, ainda sim não desistiram de mim e continuaram a me apoiar em cada passo do caminho.

Agradeço também a Guilherme Nunes Laureano que, sempre foi um motivador constante, seja através de palavras ou atitudes, sempre em busca de cada vez mais, parceiro de festas e também amigo de infância; Fernanda Celso, amiga de infância que, se manteve presente sempre que possível, mesmo com suas próprias turbulências em seu mundo acadêmico e ainda que distantes um do outro nunca faltou com apoio; a Thayanie de Oliveira Pereira que, além de sempre me apoiar em meus sonhos, também foi minha companheira por muitos anos, esteve presente nos momentos bons e ruins de minha vida e ambos ainda em busca do sucesso,

Agradeço também a meus amigos, Renan Espíndola, que é também meu colega de estágio e amigo de infância; Tuane Antunes de Souza, colega de estágio que ajudou a me manter focado no presente trabalho, devido aos constantes trabalhos propostos no estágio estava a todo momento se disponibilizando para me ajudar; também a Fabiano Marquês que, hoje advogado e esteve presente mesmo fora do nosso contexto acadêmico e também um eterno estudante dentro desse nosso mundo jurídico, bem como a Natalya Rohling Tramontin que, mesmo em meio as discussões que mais pareciam brigas durante os estágios e aulas estávamos o tempo todo incentivando e apoiando um ao outro de maneira a sempre buscarmos nos superar e correr atrás de nossos objetivos, assim como muitos outros que, caminharam ao meu lado nessa jornada, mesmo que nem sempre presentes, estavam a todo momento me incentivando e me ajudando na medida do possível.

Agradeço ainda ao meu Orientador Sílvio Roberto Lisbôa, que se mostrou disponível para compartilhar comigo seus ensinamentos, bem como exercendo pressão constante, mesmo que indiretamente, foram essenciais para que eu obtivesse sucesso.

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Esta monografia tem como tema a Guarda Municipal e, como objetivo principal, analisar a possibilidade do uso de armas de fogo pelos Guardas Municipais, observando o interesse público e visando a sua segurança, examinando as doutrinas e o ordenamento jurídico. O estudo apresenta os principais aspectos do Estatuto Geral das Guardas Municipais (Lei 13.022 de2014), em conjunto com o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826 de 2003), abordando os requisitos para o porte de armas de fogo, as prerrogativas e função dos Guardas Municipais. O método utilizado no presente trabalho, quanto à abordagem, foi o qualitativo, quanto ao nível de pesquisa, foi o exploratório e, por fim, quanto ao procedimento, utilizou-se os métodos bibliográficos. Do estudo, conclui-se que é possível que os Guardas Municipais usem de armas de fogo contanto que seja revisto os conceitos previstos na lei feitas pelo legislador o qual promoveria um aumento significativo na atuação dos Guardas Municipais e combate a violência e desordem.

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This monograph has as its theme the Municipal Guard and, as main objective, to analyze the possibility of the use of firearms by the Municipal Guards, observing the public interest and aiming its security, examining the doctrines and the legal order. The study presents the main aspects of the General Statute of Municipal Guards (Law 13.022 of 2014), together with the Disarmament Statute (Law 10.826 of 2003), addressing the requirements for the possession of firearms, the prerogatives and function of Municipal Guards . The method used in the present study was the qualitative one, regarding the level of research, the exploratory one, and finally, regarding the procedure, the bibliographic methods were used. From the study, it is concluded that it is possible that the Municipal Guards use firearms as long as it is revised the concepts provided by law made by the legislator which would promote a significant increase in the performance of the Municipal Guards and combat violence and disorder.

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1 INTRODUÇÃO... 9

1.1 TEMA ... 9

1.2 Descrição da Situação Problema ... 9

1.3 Formulação do Problema ... 10

1.4 Hipótese ... 11

1.5 Definição dos Conceitos Operacionais. ... 11

1.6 Justificativa. ... 11

1.7 Objetivos - Geral e Específico. ...12

1.8 Caracterização Básica. ... 12

2 GUARDA MUNICIPAL E SEU PAPEL NA SEGURANÇA PÚBLICA ... 14

2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRIA DA GUARDA MUNICIPAL. ... 14

2.2 PRINCÍPIOS E FUNÇÕES RELACIONADOS A GUARDA MUNICIPAL. ... 16

2.3 GUARDA MUNICIPAL NO ÂMBITO DA SEGURANÇA PÚBLICA E O PODER DE POLÍCIA... 19

3 GUARDA MUNICIPAL E O PORTE DE ARMAS DE FOGO ... 23

3.1 ANÁLISE DO ESTATUTO GERAL DA GUARDA MUNICIPAL. ... 23

3.2 ANÁLISE DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ... 25

3.3 PRERROGATIVAS PARA O PORTE DE ARMAS DE FOGO DA GUARDA MUNICIPAL APÓS ANÁLISES DOS ESTATUTOS PRÉVIOS ... 27

4 GUARDA MUNICIPAL, COM OU SEM PORTE DE ARMAS DE FOGO, E O IMPACTO QUE ELA EXERCE NA SEGURANÇA PÚBLICA ... 31

4.1 DEFININDO CARACTERÍSTICAS E POSSIBILIDADES PARA O USO DE ARMAS DE FOGO E O IMPACTO QUE PODE, OU PODERIA CAUSAR NA SEGURANÇA PÚBLICA ... 31

5 CONCLUSÃO ... 37

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1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo apresenta-se o tema, a descrição da situação problema, a formulação do problema, hipótese, bem como definição dos conceitos operacionais, justificativa e objetivos.

1.1. TEMA

Uso de Armas de Fogo pela Guarda Municipal e o impacto na Segurança Pública

1.2. DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

Nota-se que dependendo da cidade pode-se encontrar Guardas Municipais armados ou não, isso se dá ao fato da lei apenas permitir algumas cidades de possuir armas de fogo devido a escolha do próprio município, porque a Constituição de 1988 assim o determina em seu artigo 144, § 8º (BRASIL, 1988), que o município tem liberdade para criar sua própria guarda municipal:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

[...]

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

Da forma como achar melhor através de leis complementares, mas sem desrespeitar outras normas, como o Estatuto dos Guardas Municiais (BRASIL, 2014), que traz algumas regras que definem suas prerrogativas, entre elas o armamento, definindo que é possível para a Guarda Municipal portar armas de fogo, em seu artigo 16, do Estatuto dos Guardas Municipais (BRASIL, 2014), “Art. 16. Aos guardas municipais é autorizado o porte de arma de fogo, conforme previsto em lei” e contanto que esteja de acordo com as regras do Estatuto do Desarmamento e Sistema Nacional de Armas (BRASIL, 2003), bem como do Decreto nº 5.123 (BRASIL. 2004) que realiza alguns ajustes em algumas situações no Sistema Nacional de Armas, sobre registro, treinamento, avaliação psicológicas, entre outros.

Levando em consideração que, para alguns é normal ter sua Guarda Municipal armada, mas para outros é completamente errado, diante do que está exposto na Portaria Nº 365 de 15/08/2006 e no Sistema Nacional de Armas (BRASIL, 2006), que determina que

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municípios com menos de 50.000 (cinquenta mil) habitantes não podem portar armas de fogo utilizando-se da justificativa de que a atuação da Guarda Municipal é diferenciada, sendo especialmente diferente da Polícia Militar. Que a Guarda possuí uma forma de penetração em locais pouco acessíveis pelas outras polícias portanto, acaba sendo visto como um agente de proteção de equipamentos comunitários, sendo estes de uso da população local do traficante ao morador comum. Então, no momento que passa a andar com armas de fogo a mostra, passa a ser identificado como um agente do estado e muitas vezes uma ameaça, como também um alvo, que pode afetar a segurança da sociedade, proposta esta feita por JUNIOR e VARGAS (2009), chegando ao ponto de ser perigoso ter sua Guarda Municipal armada de maneira tão extrema. Algumas cidades até mesmo não permitem o uso de armas não letais, porém vale lembrar que tanto Guardas Municipais de municípios com menos de 50.000 (cinquenta mil), tanto com mais do que isso estão expostos aos mesmos tipos de situações de riscos que a Polícia Militar, porque a Guarda Municipal também possuí uniforme padronizado, veículos característicos e também se depara com ocorrências.

Levando em conta que a Guarda Municipal também possuí o poder de polícia, esta também possuí poder coercitivo, para assegurar o bem estar da sociedade em seus ambientes públicos, porém, muitas vezes não consegue ser exercido de forma correta quando a necessidade se mostra presente, considerando também que muitas vezes, se não em todas as vezes, o número de policiais militares ou civis é baixo comparado ao número de habitantes de cada cidade, o que implica na grande maioria das vezes em muitas demandas e poucos resultados.

Portanto, a falta de instrumentos coercitivos torna a Guarda Municipal pouco eficaz em vários casos, não sendo diferenciados por infratores e sendo em casos mais extremos até mesmo alvejados por estes com uso de armas de fogo, em alguns casos até mesmo civis tendem a desrespeitá-los devido à falta de poder coercitivo tendo que chamar a Polícia Militar para apoio ou a Polícia Civil que possuem armas de fogo e podem aplicar tal coerção ou defesa de suas próprias vidas e a de outros.

Neste contexto, muitas vezes a Polícia Militar ou Civil pode não chegar a tempo de poder ajudar um cidadão ou até mesmo a Guarda Municipal, porque tais possuem diferentes ocupações e demandas para se preocupar, vindo a acarretar em um problema de eficácia, não somente da Guarda Municipal, mas também de todos os policiais militares e civis que nem sempre poderão estar presentes para ajudá-los.

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Por que em algumas cidades a Guarda Municipal possuí armas de fogo para a segurança de seus habitantes e outras não, como são definidos os requisitos, e quais problemas poderiam surgir ou deixar de existir para a sociedade?

1.4. HIPÓTESE

É possível que seja resolvida tal questão de acordo com a proposta de Junior e Vargas (2009, p. 99), se fosse possível implementar situações específicas em que o uso de armas de fogo se torna essencial, para que seu uso não seja de forma livre e indiscriminada, para que nesse aspecto a Guarda Municipal estaria mais próxima do vértice de sua função.

Ressaltando a teoria das oportunidades que menciona Cano (2006), que define basicamente que uma Guarda Municipal com arma de fogo, no local certo e sendo sua situação específica, diminuí as oportunidades de o meliante cometer seus delitos.

1.5. DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS OPERACIONAIS

Aprecia-se por Guarda Municipal uma instituição criada pelo Município, que tem como propósito a contribuição para a segurança pública, através do poder de polícia delegado por leis complementares que regularizam cada uma de suas funções, direitos e deveres, sendo livre a competência de cada município para criar suas próprias Guardas Municipais e armá-las da maneira que achar melhor (CARVALHO, 2005).

O que se entende por armas de fogo é, instrumento utilizado pelas forças policiais como meio de coerção quando todos os outros meios não funcionam, é uma forma de garantia do Estado que o que deve ser cumprido será cumprido, utilizado como forma de poder e que foi concebido pelas pessoas (CARVALHO, 2005).

Já a segurança pública, ou paz social, seria o dever que o Estado tem de manter a ordem e a segurança para cada uma das pessoas que vivem sob sua jurisdição e para tanto limitando os direitos individuais e preservando garantias expressas em nossa Constituição Federal (BRASIL, 1988), está incluso todos aqueles que no país visitam ou residem (CARVALHO, 2005).

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O motivo deste estudo surgiu como foco para entender melhor o porquê da Guarda Municipal estar ou não armada, se devido ao porte de arma de fogo ela obtém melhores resultados dentro da segurança pública, se é permitida, porque algumas possuem e outras não, qual seria o impacto desta medida na segurança pública.

Também reforça um assunto polêmico, que é pouco desenvolvido e mencionado, existindo apenas alguns estudos relacionados a matéria e quase nenhum de maneira tão específica a este assunto, que possuí alta relevância social.

Além de fomentar ideias e dúvidas na mente das pessoas em relação a este tema, como cada município lida com seus habitantes no quesito segurança, se existe alguma correção a ser feita, se há evidentemente diminuição da violência e criminalidade, se a sociedade está satisfeita com a situação em que se encontra seu município no quesito segurança pública e se vale ou não a pena lutar para que obtenham esse direito ou que fique da maneira como se encontra, visando o interesse social.

1.7. OBJETIVOS

Os objetivos indicam as ações que serão desenvolvidas para a resolução do problema de pesquisa. O objetivo geral é apresentado na forma de um enunciado que reúne, ao mesmo tempo, todos os objetivos específicos. Os objetivos específicos informam sobre as ações particulares que dizem respeito à análise teórica e aos meios técnicos de investigação do problema.

1.7.1. GERAL

Analisar a possibilidade do porte de armas de fogo pelos Guardas Municipais observando o interesse público e visando a sua segurança, examinando as doutrinas e o ordenamento jurídico.

1.7.2. ESPECÍFICOS

Demonstrar a evolução histórica relevante ao tema, conceituar e determinar sua natureza jurídica.

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Identificar os princípios que podem ser afetados inerentes ao tema buscando subsídios para formulação de problemas ou hipóteses.

Verificar quais seriam os possíveis impactos sociais em relação a ter a Guarda Municipal armada ou não, através da visão dos doutrinadores, bem como a legislação.

Determinar pressupostos para o uso de arma de fogo, bem como a impossibilidade de fazê-lo e também determinar o que poderia ser feito para acabar com sua impossibilidade dentro do ordenamento jurídico.

1.8. CARACTERIZAÇÃO BÁSICA

Quanto ao nível, o trabalho monográfico se reveste em uma, pesquisa exploratória, que é o nível correto para se obter uma familiaridade maior com o tema ou assunto da pesquisa e possibilitam a formulação de problemas ou hipóteses mais específicas (LEONEL; MOTTA, 2007).

Ao que diz respeito a abordagem aplicada, o estudo busca o aprofundamento e a compreensão da temática, bem como explicações divergentes ao que está sendo exposto, caracterizando uma pesquisa qualitativa que, é a abordagem correta para o que tem como foco a análise das percepções de poucos sujeitos os quais estão envolvidos no processo, portanto, não tem intenção de se preocupar com a totalidade dos sujeitos que estão envolvidos na situação descrita ou dentro da realidade pesquisada (COLLAÇO; e outros, 2013, p. 113).

Será utilizado, quanto ao procedimento, o método de pesquisa bibliográfica, que segundo Leonel e Motta (2011, p. 112) é a que busca desenvolver formas para a explicação de um problema, utilizando teorias que forma publicadas em fontes diversas, tais como artigos, meios eletrônicos, livros, entre outros, com objetivo de formular um raciocínio.

No próximo capítulo apresenta-se um estudo do papel da Guarda Municipal na segurança pública.

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2. GUARDA MUNICIPAL E SEU PAPEL NA SEGURANÇA PÚBLICA

Por muitas vezes é desconhecido o papel dentro da segurança por parte dos Guardas Municipais, com dúvidas de onde surgiu, quando e porque elas são importantes dentro dos municípios, sejam eles de pequeno porte ou não, concluso que se faz necessária um estudo do passado.

2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GUARDA MUNICIPAL

Para que seja possível analisar se a Guarda Municipal deveria ou não possuir armas de fogo antes é preciso ser feito uma análise histórica do que se entende por Guarda Municipal e para tal é necessário que se volte em 9 de junho de 1775, dia em que foi criada a primeira instituição policial propriamente dita, chamada de Regimento de Cavalaria Regular da Capitania de Minas Gerais (BARROSO, 1938), tendo como ilustre membro Alferes Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, chegando ao comando do destacamento conhecido como Dragões em 1781, destacamento este que tinha como função patrulhar a estrada “Caminho Novo”, que seria a rota de escoamento da produção mineradora da capitania mineira ao porto do Rio de Janeiro, corporação esta, que ficou conhecida como a antecessora da Guarda Municipal Permanente.

E com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, foi estabelecida a criação em 13 de maio de 1809, a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, berço da Guarda Municipal do Estado do Rio de Janeiro, tendo como objetivo o policiamento da cidade em tempo integral, que naturalmente, no momento de sua criação já se mostrou mais eficiente do que “Guerrilheiros” estabelecidos na época (SODRÉ, 1968). Em 14 de junho de 1831, para cada Distrito de Paz situado no Brasil, foi determinado um Corpo de Guardas Municipais, que também ficou conhecido também após algum tempo como Divisão Militar da Guarda Real de Polícia da Corte, esses sendo divididos em esquadras.

Em virtude do Novo Governo, em 18 de agosto de 1831, D. Pedro I abdica do trono, para que D. Pedro II, Príncipe Herdeiro do trono e filho menor de D. Pedro I, que passa a governar o Brasil pela Regência Trina (CARVALHO, 2005), devido a criação de uma lei que tratava de matéria relacionada a tutela do Imperador e de suas Augustas irmãs, a Guarda Municipal acabou por ser extinta.

Mas, a fim de manter a Ordem Pública dentro dos municípios, foram reorganizados os Corpos de Guardas Municipais Voluntários no Rio de Janeiro e nas demais Províncias, isso

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no dia 10 de outubro de 1831, sendo também a data que se comemora o Dia Nacional das Guardas Municipais definido através do III Congresso Nacional das Guardas Municipais em 1992, Curitiba/PR, ainda em 1831, foi criado através de lei da Assembleia Provincial, o Corpo de Municipais Permanente, composto de 100 (cem) praças a pé, 30 (trinta) a cavalo, conhecidos como os “cento e trinta e um” (CARVALHO, 2005).

Período em que a Câmara Municipal de Curitiba era responsável pelo alistamento dos referidos Guardas Municipais, que cumpriam o papel que hoje é exercido pelas forças militares atuais, realizando o policiamento, inclusive de grande prestígio na defesa do Cerco da Lapa, no meio de tantas conturbações aos anos seguintes, fora criado, finalmente, o Regulamento Geral nº 191, das Guardas Municipais Permanentes do Brasil, em 1º de julho de 1842, que segue basicamente o modelo que vemos hoje no Estatuto dos Guardas Municipais (Lei nº 13.022/2014), com patentes, uniformes e padronização de atuação.

Somente em 10 de agosto de 1854, que a Província do Paraná, teve um acréscimo em seu policiamento em conjunto com as Guardas Municipais de Curitiba com a vinda de uma nova Força Pública, tendo importantes participações nos conflitos contra o Paraguai em 1865, que foi considerada peça fundamental nessa guerra, saindo vitoriosa de todas as batalhas que tomou parte, como Tuiuti, Esteiro Belaco, Estabelecimento, Sucubii, Lomas Valentinas e Avaí, mas também considerada a guerra mais sangrenta da América do Sul, e as pessoas que defenderam nossas fronteiras com coragem e determinação foi, em sua grande maioria Guardas Municipais Permanentes e Voluntários, que juntos acresciam aos Batalhões de Infantaria da Guarda Nacional (CARVALHO, 2005).

Após alguns anos, mais precisamente em 1873 passou a chamar-se Força Policial, e foi em 15 de novembro de 1889, que a Força Policial fez deu outro importante passo em conjunto com os brasileiros, sendo esse o apoio ao Marechal Floriano Peixoto, considerado o consolidador dos anseios de proclamação da República e mesmo após a Proclamação da República no Brasil, os Guardas Municipais de Curitiba permaneceram em suas atividades, pois continuavam contemplados, assim como seu direcionamento de sua atuação para a municipalidade, isso em 1895, mesmo após a mudança do governo, onde foram denominadas: Guarda Cívica (1889), Corpo Policial (1889) e Brigada Militar (1892) (CARVALHO, 2005).

Somente em 1936, a autonomia dos Estados e Municípios perdeu um pouco de força perante o poder federal, devido a feição dos estados nazi-fascinadas insurgentes na época, fazendo com que a Guarda Municipal perdesse força, autonomia e pouco a pouco ficando cada vez mais limitada em suas atribuições, chegando até mesmo ao ponto de serem consideradas

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onerosas e inúteis, sendo estas atribuições transferidas, através de Lei Estadual nº 73, para o Estado do Paraná, e as atividades policiais passaram a ser de exclusiva competência do Estado. Eventualmente com o surgimento da Polícia Militar, em 1946, no qual ficaram encarregadas da segurança interna, manutenção da ordem nos Estados, em conjunto com o Golpe Militar, tornando impossível de munícipios trabalharem na segurança pública, sendo papel agora unicamente das forças militares, e ainda que tivessem todas essas restrições Guardas Municipais em alguns lugares ainda existiam, mas com funções como vigilância interna dos próprios, e algumas apenas foram modificadas em seu nome, tornando-se Guarda Civil Metropolitana (CARVALHO, 2005), que são preservadas até hoje, e agora legitimamente destinadas a cuidar dos bens, serviços e instalações dos municípios, assim determinadas pela Constituição Federal de 1988.

2.2. PRINCÍPIOS E FUNÇÕES RELACIONADOS A GUARDA MUNICIPAL

Devido ao conteúdo exposto, nos resta conhecer, afinal, quais os princípios relacionados, ou competências, como é definida por DI PIETRO (2012, p.8):

Visto que a competência vem sempre definida em lei, o que constitui garantia para o administrado, será ilegal o ato praticado por quem não seja detentor das atribuições fixadas na lei e também quando o sujeito o pratica exorbitando de suas atribuições. Nos termos do art. 2º da Lei nº 4.717/65, a incompetência fica caracterizada quanto o ato não se incluir nas atribuições legais do agente que o praticou.

A esta tão conturbada história dos Guardas Municipais, sejam eles constitucionais ou infraconstitucionais, sendo que a própria Constituição Federal tornou possível a criação, no entanto, limitou também suas prerrogativas com a definição do artigo 144, §8º (BRASIL, 1988), afirmando que:

Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes órgãos:

[...]

§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei.

[...]

E com a edição da Lei nº 13.022, de 2014 (Estatuto Geral das Guardas Municipais), deu claramente poderes à instituição, e é aí que se encontra um rol que serve como regra para os Guardas Municipais, segundo o artigo 3º e incisos (BRASIL, 2014), encontra-se os princípios que são eles:

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Art. 3º São princípios mínimos de atuação das guardas municipais:

I - proteção dos direitos humanos fundamentais, do exercício da cidadania e das liberdades públicas;

II - preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas; III - patrulhamento preventivo;

IV - compromisso com a evolução social da comunidade; e V - uso progressivo da força.

Porém, a Constituição Federal de 1988 define, como exposto anteriormente, que podem ser instituídas Guardas Municipais para proteção de seus bens públicos, mas o que efetivamente são bens públicos, mas o que são considerados bens públicos na visão do direito, segundo Capítulo III, do Código Civil, artigo 98 (BRASIL, 2002), “São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”.

E tais bens públicos são divididos em uso comum, bens de uso especial e os bens dominicais, determinados assim no artigo 99 e incisos, do Código Civil (BRASIL, 2002):

Art. 99. São bens públicos:

I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;

II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os de suas autarquias;

III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades

Para um conceito mais prático e simples do que são bens públicos, seria correto destacar o que afirma MELO (2011, p.103), “Bens públicos são todos os bens que pertencem ás pessoas jurídicas de Direito Público, isto é, União, Estados e Municípios, respectivas autarquias e fundações de Direito Público [...] O conjunto de bens públicos forma o domínio público, que inclui tanto bens móveis como bens imóveis”.

Mas permanece a questão, o que são esses bens categoricamente divididos, os de uso comum do povo ou domínio público seriam os mares, praias, rios, estradas, ruas e praças, ou seja, todo local aberto a utilização popular e coletiva, ou em outras palavras aqueles de fruição do povo. Já os de uso especial ou do patrimônio administrativo são aqueles destinados à execução dos serviços públicos, sendo eles instrumentos da atuação administrativa do Estado, não sendo as serventias propostas pelo Estado efetivamente colocadas à disposição do público integrantes oficiais da Administração Pública propriamente dita, mas constituem como aparelhamento dela, as repartições, os seus veículos.

Os bens dominiais ou denominados de patrimônio disponível são aqueles que diferem dos bens de domínio público, mesmo fazendo sendo parte dos bens públicos, mas não

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porque são utilizados pela administração pública, mas sim, por possuírem a possibilidade de serem efetivamente utilizados para quaisquer fins, inclusive sendo passível de alienação pela Administração Pública, como bem explica MACHADO (2009, p 118), “bens públicos são aqueles que estão sob o poder público e possuem utilidade coletiva como as águas, jazidas, subsolo, espaço aéreo, florestas, mangues, e o patrimônio histórico”.

Após brevemente explicado o que são bens públicos, chama-se a atenção para o inciso V, do artigo 3º, do Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014), que dita que é um princípio mínimo para a atuação dos guardas, o uso progressivo da força, o que implica dizer que durante flagrante delito, os guardas tem o dever de encaminhar o autor de infração para delegado de polícia, bem como preservar local do crime, sempre que necessário e quando possível, assim como parte de sua função está incluso ao Guarda Municipal, a proteção de patrimônio ecológico, também de valor cultural, histórico, ambiental e arquitetônico de cada município, capazes até mesmo de criar medidas preventivas e educativas.

Tendo também como função ou competências específicas, estas descritas no Capítulo III, do Estatuto Geral dos Guardas Municipais, contanto que haja respeito entre os órgãos estaduais e federais, prevenir, inibir até mesmo sendo capaz de coibir, infrações administrativas, penais, assim como atos infracionais que atentem contra os bem, serviços e instalações dos municípios de forma, ou seja exercendo perante civis de forma preventiva e permanente, para que haja proteção sistêmica de acordo com sua atuação (BRASIL, 2014).

Se deve agir de maneira preventiva e permanente, inclui-se que os Guardas Municipais devem garantir atendimento eficaz de emergências, sendo de forma imediata e direta no momento que sejam expostas a eles, exemplo já citado como seria em uma situação de flagrante delito, no qual determina para civis, que esses podem agir em situação de flagrante delito, mas para as forças de segurança do Estado, essas devem agir, sendo também competente para prestar colaboração e auxílio a outros órgãos da federação, atuando de forma integrada com a segurança pública, todos os meios para os quais se buscam o convívio social adequado, colaborando para que se permaneça a paz, bem como pacificação de conflitos que possam vir a testemunhar, e obviamente sem faltar com respeito a direitos fundamentais das pessoas (BRASIL, 2014).

O Estatuto também confere aos guardas municipais a capacidade de auxiliar na segurança de eventos de larga escala e na proteção de autoridades e dignatários, exemplo de eventos de larga escala seriam a Copa do Mundo ou Olimpíadas, visto que em eventos como esse a demanda por segurança se torna absurdamente maior, por vários fatores como aumento na circulação de pessoas tanto naturais quanto estrangeiros, que abre margem para atos

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infracionais, levando em consideração que a atuação das forças da polícia militar estariam voltadas para questões mais urgentes, não sendo capaz de sozinha lidar com todas as coisas que podem acontecer contando com o auxílio da Guarda Municipal (BRASIL, 2014).

A Guarda Municipal é livre ainda, para estabelecer parcerias, convênios ou consórcios, para que as ações preventivas integradas sejam eficazes, além de poder discutir políticas sociais com órgãos municipais, visando a adoção de ações interdisciplinares de segurança pública dentro do município e para se unir aos órgãos de poder de polícia administrativa, aspirando a normatização, fiscalização das posturas e ordenamento público municipal (BRASIL, 2014).

A Guarda, zela também pela segurança nas escolas, por meio de ações preventivas, chegando até mesmo a participar de ações educativas com corpos discentes e docentes das unidades de ensino, concorrendo também mediante convenio com o devido órgão de trânsito estadual ou municipal, a exercer competência no trânsito do município, nos termos do Código de Trânsito Brasileiro, em suas vias e logradouros municipais e todo o exposto aqui, se encontra presente no, já mencionado, Capítulo III, do Estatuto Geral dos Guardas Municipais, em seus artigos 4º juntamente com o 5º e seus incisos (BRASIL, 2014), tal exposição feita através da interpretação desses artigos e incisos, com isso se encerra o assunto relacionado a seus princípios, funções ou competências.

2.3. GUARDA MUNICIPAL NO ÂMBITO DA SEGURANÇA PÚBLICA E O PODER DE POLÍCIA

É sabido, através do que previamente foi escrito que, a Guarda Municipal, pode e deve atuar no âmbito de segurança pública contanto que não viole suas determinações legais, sendo permitido que os guardas possam estabelecer convênios, auxílios, acordos entre outros porque poderes admitidos pela administração pública advém para seus servidores por meio de leis, como explica muito bem CARVALHO FILHO (2014, p. 46):

O poder administrativo representa uma prerrogativa especial de direito público outorgada aos agentes dos Estados. Cada um desse terá seu cargo e execução de certas funções. Ora se tais funções foram por lei cometidas aos agentes, devem tu exerce- las, pois que seu exercício e voltado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, dentro dos limites que alei traçou, pode dizer que usaram normalmente os seus poderes

Destaca-se que, o uso do poder é comumente utilizado no meio dos agentes públicos de acordo com cada prerrogativa que lhes é conferida, sendo eles exercidos de forma obrigatória e irrenunciavelmente por seus titulares.

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Porém, dentro do quesito “poder”, existe o tão conhecido “poder de polícia” que nada mais é que atividade da administração pública, que limita ou disciplina direito, interesse ou liberdade, com vista para o coletivo e tranquilidade pública, muito bem definido no artigo 78, do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966):

Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos.

Com o artigo ilustrado, nota-se que não é exatamente uma função específica das forças de segurança pública, mas sim uma faculdade que tem a administração. Raciocínio este reforçado por Meirelles (1993), “Poder de Polícia é a faculdade que dispõe a Administração Pública para conter os abusos do poder individual”, ou seja, para melhor entendimento, o “poder de polícia” seria como o limite imaginário desenhado para que se possa frear qualquer abuso por parte do direito individual, como atividades que sejam nocivas, contrárias ou inconvenientes ao bem estar social. Braga (1999, p. 57) aduz que, não é poder exclusivo da Polícia Militar:

O poder da polícia inexiste, e seria uma aberração que existisse. Pode a organização policial usar do poder de polícia, que pertence á administração pública, para as finalidades que lhe competem: atribuições de policia preventiva- manter a ordem, evitar a infrações penais e garantir a segurança e de policia judiciária apurar as infrações penais não evitadas, investigar e provar os fatos, auxiliando na realização da justiça criminal. Logo poder de policia não é um poder da Polícia Militar.

Concluindo que, a Guarda Municipal se encontraria dentro dos requisitos para que pudesse manifestar seu “poder de polícia”, afinal é ente da administração pública, possui leis que os permitem agir em prol do bem estar social, visando o coletivo e estabelecendo limites para os particulares, ideia apoiada pelo que expõe Carvalho Filho (2014, p. 78):

A competência para exercer o poder de polícia é, em princípio da pessoa federativa a qual a constituição federal conferiu o poder de regular a matéria. Na verdade, os interesses nacionais ficam sujeitos a regulamentação e policiamento da união; as matérias de interesse regionais sujeitam-se as normas e a polícia estadual; e os assuntos de interesse local subordinam-se aos regulamentos edilícios e ao policiamento administrativo municipal.

Para tanto, tudo que restaria ser esclarecido nesse quesito seria a diferença entre polícia administrativa e polícia judiciária, ambos representam o interesse público em suas atividades, mas suas diferenças seriam as tais quais versa Mello (2009, p. 826):

Costuma-se, mesmo, afirmar que se distingue a polícia administrativa da polícia judiciária com base no caráter preventivo da primeira e repressivo da segunda. Esta

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última seria a atividade desenvolvida por organismo – o da polícia de segurança – que cumularia funções próprias da polícia administrativa com a função de reprimir a atividade dos delinquentes através da instrução policial criminal e captura dos infratores da lei penal, atividades que qualificariam a polícia judiciária. Seu traço característico seria o cunho repressivo, em oposição ao preventivo, tipificador da polícia administrativa

Reforçando por Mello (2011, p. 851), que segundo, também explica a diferença entre as policias, “O que efetivamente aparta policia administrativa de polícia judiciária é que a primeira se predispõe unicamente a impedir ou paralisar atividades antissociais enquanto a segunda se preordena á responsabilização dos violadores da ordem jurídica”.

Clara é sua diferença, enquanto uma age de maneira a evitar o problema, ou seja, cunho preventivo é o da polícia administrativa, a outra tende a reparar o problema, tendo o cunho repressivo é o da polícia judiciária, de tal maneira que a Guarda Municipal estaria inserido no primeiro plano, plano esse que como Ventris (2010, p. 55) afirma que deve haver respeito para com os limites do poder de polícia:

É condicionado à preexistência de autorização legal, explicita ou implícita, que outorgue a determinado órgão ou agente administrativo a faculdade de agir, não podendo, no entanto, ferir as liberdades públicas, ou seja, as faculdades de autodeterminação, individuais e coletivas, declaradas, reconhecidas e garantidas pelo estado

No plano preventivo, para o qual busca-se evitar que sejam causados danos ao patrimônio, patrulhamento preventivo, preservação do exercício de cidadania e liberdades públicas, assim como direitos fundamentais, através de intervenções da administração na ação dos particulares.

Portanto, óbvio é afirmar que a Guarda Municipal não atua de maneira a apurar infrações penais, ou de polícia judiciária, sendo específicas essas atribuições por parte da Polícia Militar e Polícia Civil, segundo Gasparini (1992, p. 236):

As guardas municipais só podem existir se destinadas a proteção de bens, serviços e instalações do Município. Não lhes cabem, portanto, os serviços de polícia ostensiva, de preservação da ordem pública, de polícia judiciária e de apuração das infrações penais. Aliás, essas competências foram essencialmente atribuídas à polícia militar e à polícia civil, consoante prescrevem os §§ 4º e 5º do suso transcrito no art. 144 da Carta Federal.

Já quando se fala de segurança pública por parte da Guarda Municipal existem dois posicionamentos a respeito do assunto. Um deles partilha da ideia de que a segurança pública envolve mais do que mero interesse local, mas sim interesse nacional, o que acaba por afirmar que não cabe ao município se envolver em questões dentro do interesse local, que é prerrogativa para agir dos municípios (LAZZARINI, 1999).

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Porém, para outros, municípios são uma forma de divisão administrativa do Estado, concluindo-se que a proteção de bens, serviços, instalações, no âmbito local também se inserem no campo da segurança pública e consequentemente da própria defesa do Estado, além de estarem de certa forma mais a parte do que se passa no âmbito municipal, através de processos metodológicos, como por exemplo catalogação, controle estatísticos, observação e intervenção de agir, tudo isso em conjunta com a prática do policiamento preventivo que a Guarda Municipal tem o dever de exercer, bem como em casos necessários o policiamento ostensivo também (BORGES, 2017).

Porque esta, afinal, também trabalham sobre a égide dos direitos, garantias e objetivos fundamentais previstos em lei, nesse caso na própria Constituição Federal, muito bem determinado por Bruno (2004, p. 46-47) “Resta ao gestor das coisas municipais, laborar no sentido de atuar nesta área de segurança pública porém, submetendo-se a limitação constitucional, onde poderá haver atuação municipal apenas na proteção dos bens, serviços e instalações da própria Municipalidade”.

Conjuntamente com o Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014), que pode-se dizer que quem protege uma parte protege de certa forma o todo. No próximo capítulo tem-se um estudo sobre o porte de armas pela Guarda Municipal.

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3. GUARDA MUNICIPAL E O PORTE DE ARMAS DE FOGO

Neste capítulo o que se busca é analisar pela perspectiva jurídica o porte de armas de fogo pela Guarda Municipal, com a devida análise de seu Estatuto em conjunto com a lei ordinária que define a possibilidade para seu porte e determinar suas normas e interpretar seu conteúdo diante de todas as mudanças que foram inevitavelmente acontecendo ao longo de sua existência, como bem demonstradas.

3.1. ANÁLISE DO ESTATUTO GERAL DA GUARDA MUNICIPAL

Mesmo aparecendo em alguns pontos da pesquisa que se move, ressalta-se vários outros aspectos expostos dentro do Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014), relevantes ao estudo do presente trabalho, concernentes ao tema proposto, então cabe ressaltar um capítulo que não foi previamente exposto.

Como o Capítulo VIII, do Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014), que trata de prerrogativas específicas, mais precisamente o que está elencado no artigo 16, do mesmo, “Art. 16. Aos guardas municipais é autorizado o porte de arma de fogo, conforme previsto em lei.”. É evidente que o Estatuto deixa claro que é possível para defesa e preservação dos bens públicos, assim como o bem estar social, o porte de armas de fogo, contanto que respeitados os limites da lei, mas importante destacar os dois lados da doutrina nesse aspecto, afinal armas de fogo são, talvez, os instrumentos com maior poder coercitivo e preventivo que existe.

Neste sentido, seria justo dar ênfase em qual é o propósito da Guarda Municipal, brevemente e de forma mais sucinta, seria o dever que tem de proteger os bens públicos do município, com objetivo de obter o bem-estar social ou ordem pública. Assim explica Lazzarini (1994, p. 71):

A noção de ordem pública é extremamente vaga e ampla, não se tratando apenas da manutenção material da ordem na rua, mas também da manutenção de uma certa ordem moral, o que é básico em direito administrativo, porque, como sustentou com rigor científico, a ordem pública é constituída por um mínimo de condições essenciais a uma vida social conveniente, formando-lhe o fundamento à segurança dos bens e das pessoas, à salubridade e à tranqüilidade, revestindo, finalmente, aspectos econômicos e, ainda, estéticos.

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Sendo necessário o devido cuidado para que não ocorra o excesso do poder por trás do órgão que deveria estar trazendo justiça e ordem pública, acabe por trazer o caos e desordem, conceituado por Meirelles (2003, p. 108):

O excesso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o ato, vai além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. Excede, portanto, sua competência legal e, com isso, invalida o ato, porque ninguém pode agir em nome da Administrção fora do que a lei lhe permite. O excesso de poder torna o ato arbitrário, ilícito e nulo. É uma forma de abuso de poder que retira a legitimidade da conduta do administrador público, colocando-o na ilegalidade e até mesmo no crime de abuso de autoridade[...].

Concluindo-se que é necessário estabelecer com cuidado a relação jurídica de direito público entre os particulares e o Estado, com um equilibrando o outro, de maneira conjunta, apoiado por Sundfeld (1999, p. 118) ao aduzir que:

Assim, e em síntese, a relação jurídica de direito público entre o Estado e os particulares é uma relação equilibrada por dois fatores:

a) De um lado, o fator autoridade, que confere prerrogativas ao Estado, entre as quais a de impor, unilateralmente, obrigações aos particulares. Com isto, realiza-se a supremacia do interesse público sobre o privado.

b) De outro lado, o fator limites de autoridade, a saber: a competência (definida pela finalidade a ser atingida pelo ato estatal) e o respeito dos direitos dos particulares. Assim, garante-se a efetiva realização do interesse público (visto a competência não poder ser utilizada senão para o fim previsto pelo Direito), ao mesmo tempo em que se preserva a liberdade.

Porém, mesmo estabelecendo controle sobre seus Guardas Municipais, armados ou não, tal determinação legal entra em conflito com outra norma, que também trata o porte de armas de fogo de maneira específica, ditando regras para sua aplicação e uso de acordo com a situação prevista em cada município, norma essa conhecida pelo nome de Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003).

Cabe também ressaltar que por ser órgão do município estes são regulados de forma bem específica, o que incluí uniformização, equipamentos padronizados, inclusive com preferência de cor, segundo artigo 21, do Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014) “As guardas municipais utilizarão uniforme e equipamentos padronizados, preferencialmente, na cor azul-marinho”.

E por terem uniformes, equipamentos característicos, eventualmente acabam por se destacar em meio a sociedade e entende-se também por equipamentos as sua respectivas viaturas, que também vão ao encontro do artigo, determinando que sejam padronizados, portanto diferente de carros civis.

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Também possuem forma hierárquica, mas que deve respeitar as outras forças militares, prevista no artigo 19, Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014) “A estrutura hierárquica da guarda municipal não pode utilizar denominação idêntica à das forças militares, quanto aos postos e graduações, títulos, uniformes, distintivos e condecorações”.

Concluindo que, são reconhecidos e possuem exclusividade como um ente de proteção e devidamente reconhecidas dentro do Conselho Nacional de Segurança Pública, entre outros, cujo artigo 20, do Estatuto (BRASIL, 2014) também regulariza, “É reconhecida a representatividade das guardas municipais no Conselho Nacional de Segurança Pública, no Conselho Nacional das Guardas Municipais e, no interesse dos Municípios, no Conselho Nacional de Secretários e Gestores Municipais de Segurança Pública”.

Assim, não há o que se falar que, Guardas Municipais não fazem parte de um conjunto devidamente estruturado, com objetivo de manter a paz social, ordem pública ou bem- estar, sendo que cada artigo expõe muito claramente o seu papel dentro da sociedade, além de sua postura dentro do ordenamento jurídico, agora vale determinar as prerrogativas para o uso de armas de fogo e para tal, necessário o esclarecimento e interpretação dada ao Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003).

3.2. ANÁLISE DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO

Estatuto este que regula especificamente a comercialização, registro e posse de armas de fogo e munição, dentro do território nacional, onde surge o primeiro, bem discutida é a relação da Guarda Municipal sobre a liberação ou não, para armas de fogo e como não foi especificado em nossa Constituição Federal, nada em relação a matéria, se tornou um requisito que legislação específica desfrutasse da matéria, legislação essa que ficou conhecida por tal nome, Estatuto do Desarmamento (Lei Nº 10.826/2003.

O Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003) trás em seu artigo 6º, incisos III e IV a possibilidade para o armamento dos Guardas Municipais, determinando que:

Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os casos previstos em legislação própria e para:

[...]

III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no regulamento desta Lei;

IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço;

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[...]

Obviamente, que somente serão concebidos tais equipamentos, após o devido treinamento técnico da Guarda Municipal, segundo artigo 42 e parágrafos, do Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003):

Art. 42. O Porte de Arma de Fogo aos profissionais citados nos incisos III e IV, do art. 6º, da Lei nº 10.826, de 2003, será concedido desde que comprovada a realização de treinamento técnico de, no mínimo, sessenta horas para armas de repetição e cem horas para arma semi-automática.

§ 1º O treinamento de que trata o caput desse artigo deverá ter, no mínimo, sessenta e cinco por cento de conteúdo prático.

§ 2º O curso de formação dos profissionais das Guardas Municipais deverá conter técnicas de tiro defensivo e defesa pessoal.

§ 3º Os profissionais da Guarda Municipal deverão ser submetidos a estágio de qualificação profissional por, no mínimo, oitenta horas ao ano.

§ 4º Não será concedido aos profissionais das Guardas Municipais Porte de Arma de Fogo de calibre restrito, privativos das forças policiais e forças armadas.

Foram realizadas várias tentativas de regular o limite territorial que um guarda possuí para poder carregar a arma consigo fora de serviço com a criação de Decretos e Portarias, porém todas revogadas de pleno direito, porque não têm o poder para contrariar disposição exposta na Lei Nº 10.826/2003. Portaria tem como função dirimir dúvidas dos servidores em sua aplicabilidade, enquanto que o Decreto seria apenas para regulamentar ou disciplinar a aplicação da lei, tal como expõe Meirelles (2003):

Portarias são atos administrativos internos pelos quais os chefes de órgãos, repartições ou serviços expedem determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou designam servidores para funções e cargos secundários. Por portaria também se iniciam sindicâncias e processos administrativos, não atingem nem obrigam aos particulares, pela manifesta razão de que os cidadãos não estão sujeitos aos poder hierárquico da Administração Pública.

Verificando-se que não existe previsão legal para o porte de armas de fogo fora de serviço por parte da Guarda Municipal, pois para entes públicos somente aquilo que está previsto em lei, pode ser permitido, diferentemente dos particulares, também explicado por Meirelles (2003):

A legalidade, como principio de administração (CF, art. 37, caput), significa que o administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, civil e criminal, conforme o caso.

Tendo outras determinações, sendo elas a realização de testes psicológicos sempre que envolvido em disparos com a arma de fogo, segundo artigo 43, do mesmo Estatuto (BRASIL, 2003):

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Art. 43. O profissional da Guarda Municipal com Porte de Arma de Fogo deverá ser submetido, a cada dois anos, a teste de capacidade psicológica e, sempre que estiver envolvido em evento de disparo de arma de fogo em via pública, com ou sem vítimas, deverá apresentar relatório circunstanciado, ao Comando da Guarda Civil e ao Órgão Corregedor para justificar o motivo da utilização da arma.

Cabendo ao Ministério da Justiça as atribuições previstas no artigo 40, do Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003) de:

Art. 40. Cabe ao Ministério da Justiça, diretamente ou mediante convênio com as Secretarias de Segurança Pública dos Estados ou Prefeituras, nos termos do §3º do art. 6º da Lei nº 10.826, de 2003:

I - conceder autorização para o funcionamento dos cursos de formação de guardas municipais;

II - fixar o currículo dos cursos de formação; III - conceder Porte de Arma de Fogo;

IV - fiscalizar os cursos mencionados no inciso II; e

V - fiscalizar e controlar o armamento e a munição utilizados.

Parágrafo único. As competências previstas nos incisos I e II deste artigo não serão objeto de convênio.

Ao Comando do Exército ficaria determinado a autorização para aquisição das armas de fogo, com base no artigo 41, do Estatuto (BRASIL, 2003) que, “Compete ao Comando do Exército autorizar a aquisição de armas de fogo e de munições para as Guardas Municipais.”, mas para aqueles que possuem corregedoria própria, para apuração de infrações disciplinares atribuídas aos Guardas Municipais está autorização para conceder arma de fogo poderá partir da Polícia Federal, como assim prevê o artigo 44, da mesma lei (BRASIL, 2003):

Art. 44. A Polícia Federal poderá conceder Porte de Arma de Fogo, nos termos no §3º do art. 6º, da Lei nº 10.826, de 2003, às Guardas Municipais dos municípios que tenham criado corregedoria própria e autônoma, para a apuração de infrações disciplinares atribuídas aos servidores integrantes do Quadro da Guarda Municipal.

Mas que, também dependerá da existência de Ouvidoria, desenvolvidas pelos próprios integrantes das Guardas Municipais que seria o exposto no artigo 44 em seu parágrafo único. Visto ao que foi exposto, é nítida a possibilidade do porte de armas de fogo por parte da Guarda Municipal, o que não é difícil notar são as inúmeras limitações.

3.3. PRERROGATIVAS PARA O PORTE DE ARMAS DE FOGO DA GUARDA MUNICIPAL APÓS ANÁLISES DOS ESTATUTOS PRÉVIOS.

Ante o exposto e uma das limitações mais notável e muito perturbadora dentro do ordenamento jurídico seria o limite para o número de habitantes, previstas no artigo 6º, incisos III e IV, do Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003), levando-se em consideração o

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princípio da isonomia, explícito na Constituição Federal, em seu artigo 5º, caput (BRASIL, 1988), “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:”.

Feriu expressamente tal princípio, determinando limitação por quantidade populacional do município, haja em vista que direito a segurança não deveria jamais ser limitado a somente determinados grupos, mas estendidos a todos, aduz então Mello (2004):

Não sendo o interesse público algo sobre que a Administração dispõe a seu talante, mas, pelo contrário, bem de todos e de cada um, já assim consagrado pelos mandamentos legais que o erigiram à categoria de interesse desta classe, impõe-se, como conseqüência, o tratamento impessoal, igualitário ou isonômico que deve o Poder Público dispensar a todos os administrados.

Seria correto assumir que no momento que o artigo determina número de habitantes e limites para uso de armas de fogo baseado nesse número de habitantes está tratando de forma desigual os outros municípios e não na medida de suas desigualdades, mas municípios iguais apenas com diferentes números populacionais sendo tratados tão diferentes.

Que seria o mesmo que dizer que uma cidade com 49.999 (quarenta e nove mil novecentos e noventa e nove) habitantes é diferente de 50.000 (cinquenta mil) habitantes, sendo que nos dois os fatos ilícitos, ocorrências, proteção seriam exatamente os mesmos, sendo explícito o ferimento ao princípio da isonomia.

Perfectibilizada essa ofensa expõe seu pensamento Ventris (2007, p.29-30):

Como tudo na vida tem seu lado positivo e seu lado negativo, o Estatuto do Desarmamento veio por um ponto final numa discussão interminável: a Guarda Municipal pode ou não ser armada? A partir deste Estatuto ficou bem claro que as Guardas Municipais podem ser armadas. Não resta mais questionamento, tornouse ponto pacífico. O lado negativo foi querer desarmar as corporações de alguns municípios criando um critério esdrúxulo, ou seja, o número de habitantes hora, sabidamente não é o número de habitantes que determina se uma guarda pode ser ou não armada, mas sim, a sua qualificação para tal.

Inserido, também, no Rol de artigos que fere tal princípio constitucional estaria a Portaria da Polícia Federal, Departamento de Polícia Federal nº 365 (BRASIL, 2006), em seu artigo 3º, II, quando expressamente determina também que, apenas municípios com mais de cinquenta mil poderão ter direito e somente ao uso em serviço do porte para armas de fogo:

Art. 3º O porte de arma de fogo funcional para integrantes das Guardas Municipais será autorizado:

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II - somente em serviço e dentro dos limites territoriais do município, para os integrantes das Guardas Municipais dos municípios com mais de 50.000 (cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes;

Outro caso de expressa violação ao princípio da isonomia, tão consagrado em nossa Constituição Federal que, não deveria estar prevista dentro do ordenamento jurídico por de certa forma qualificar municípios com base no número de habitantes, como demonstra Casagrande e Silva (2010):

Nos municípios com menos de 50 mil habitantes as Guardas Municipais não podem portar arma de fogo. O legislador autorizou-se a presumir que todos os membros destas corporações, ainda que fiscal da lei e agente do Poder Público Municipal, é potencialmente perigoso para a segurança pública e agente estimulador da violência desenfreada que assolou nosso país. Mostra a falta de observância ao princípio constitucional da isonomia, bem como o da autonomia dos municípios, quando o legislador inseriu na referida lei o critério numérico.

Por mais que a Guarda Municipal não, propriamente desenvolvam, a função policial, seria um equívoco não notar sua colaboração para a segurança pública, especialmente em cidades menores, que por não possuírem enorme contingente Militar, podem deixar a desejar algumas vezes, ou faltando com agilidade em certos momentos, enfim sendo incoerente que a Guarda Municipal não possa usar de armas de fogo, mesmo protegendo bens públicos, com prerrogativas expressas na Constituição Federal e em seu Estatuto, mas, vigilantes de patrimônio particular não possuem tal restrição e se utilizam desse recurso a todo momento.

Lembra-se ainda que, o Estado nem sempre dispõe do necessário para guarnecer tais cidades, inclusive tendo cargos delegados a pessoas que nem ao menos possuem algum conhecimento sobre segurança o que deixa exposto a necessidade de as Guardas Municipais exercerem poder de polícia e desempenharem papel de combate e prevenção ao crime (CARVALHO, 2005).

Portanto, é possível dizer que mesmo sendo expressa sua função, ainda sim, a Guarda Municipal não está restrita ao caráter meramente patrimonial, existe uma amplitude interpretativa inerente em suas atribuições que até mesmo a população apregoa e por não existir uma padronização no território nacional dificulta a uniformidade de procedimentos pelos profissionais dessa corporação (SANTOS, 2013).

E existem várias situações onde a Guarda Municipal se encontra em situações de adversidade séria, no qual a falta de armamento prejudica sua atuação, mesmo no exercício natural de suas funções, que são a proteção dos bens públicos e atuam inclusive no trânsito com o advento do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997) que foi mais uma competência

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passada aos municípios assumindo a responsabilidade a fiscalização de forma direta e o controle de tráfico veicular por ser matéria de direito local.

Segundo estudos realizados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, e incluso o encontro das Guardas Municipais, é exigido que os Guardas Municipais estejam capacitados para o controle e fiscalização do trânsito em seus respectivos municípios (CARVALHO, 2005).

E graças ao controle de trânsito por parte dos Guardas Municipais, não há necessidade de delegação a terceiros, ou a empresas privadas, tornando-se desnecessária também, a criação de outro organismo para exercer tal função típica, sendo que já é exercido por parte da Guarda Municipal, que atua uniformizada e armada, e é também, reconhecida pela população como função da Guarda Municipal, organizar o trânsito (CARVALHO, 2005).

Função de fiscal de trânsito esta determinada pelo artigo 24, do Código de Trânsito Nacional (BRASIL, 1997) e detalhadas pela Resolução nº 66 do CONTRAN, salvo obviamente o policiamento ostensivo de trânsito, impedir que a Guarda Municipal exerça tal atribuição seria não apenas um grande absurdo como uma ofensa a Constituição Federal (BRASIL, 1988) que dá autonomia aos municípios para se auto organizar em seu artigo 18 (VIEIRA, 2010).

Ou seja, diante de todo o exposto é visível que a Guarda Municipal possui uma função consideravelmente ampla, mesmo que diferenciada das outras polícias, ainda sim os guardas estão expostos as mesmas adversidades.

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4 GUARDA MUNICIPAL, COM OU SEM PORTE DE ARMAS DE FOGO, E O IMPACTO QUE ELA EXERCE NA SEGURANÇA PÚBLICA.

Agora que foi devidamente descritas as prerrogativas de um Guarda Municipal, com os respectivos estatutos e determinações legais, o que será objeto de estudo neste capítulo será a prática, quais são seus objetivos o que é determinada em sua função de proteção ao patrimônio em conjunto com toda a sua atuação dentro da segurança pública, qual seria o impacto que a Guarda Municipal exerceria, ou exerce, utilizando-se de armas de fogo ou não.

4.1 DEFININDO CARACTERÍSTICAS E POSSIBILIDADES PARA O USO DE ARMAS DE FOGO E O IMPACTO QUE PODE, OU PODERIA CAUSAR NA SEGURANÇA PÚBLICA.

Sendo que a Guarda Municipal é operadora e gestora de segurança pública no que diz respeito a seus municípios, que atua na forma de “solucionadora de problemas” de âmbito local, presentes ainda estão os, serviços operacionais comuns, ainda, a manutenção do Serviço Tático-Operacional, visando o pronto-emprego de guardas municipais especializados para a solução de problemas específicos e imediatos, entre eles estão os, desastres, emergências de alto risco, defesa civil, calamidades públicas, tumultos, turbas, entre outros (CARVALHO, 2005).

Nesse quesito o uso de armas de fogo, faz com que as Guardas Municipais do país possam exercer facilmente as atividades descritas acima se houver a necessidade, também não se pode afirmar que o efetivo operacional, de um modo geral, não tenha o preparo para enfrentar as consequentes situações desta natureza, mas, com o objetivo de manter um serviço de excelência, que especialmente em situações emergenciais existe o dever de profissionais altamente qualificados para determinado fim (CARVALHO, 2005).

Devido ao crescente aumento de violência em algumas áreas de nosso país o armamento serviria para, segundo Jamal Forte Carvalho, presidente do Sindicato dos Guardas Municipais da Região Metropolitana de Fortaleza (Sindiguardas) “diminuir a sensação de vulnerabilidade condicionada aos guardas pela Prefeitura, afirma que os servidores não tem o mínimo de segurança para trabalhar”, o que se acredita é que para meliantes a Guarda Municipal não passa de apenas mais uma polícia a ser combatida, sendo evidente a necessidade por armas

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de fogo da Guarda Municipal da região metropolitana de Fortaleza, anuncio dado em 2016, não muito longe do ano em que se encontra o presente trabalho.

Visto que, a própria Constituição interpreta a Guarda Municipal como força propriamente dita de segurança pública. A Guarda Municipal inevitavelmente exerce força de segurança pública, afinal dentro da sua esfera de atuação envolve interesse coletivo, saúde educação, transporte e incluso nessa esfera a segurança pública (FREDERICO, 2010).

Ao citar a Constituição Federal, artigo 144, §8º, está equiparando as Guardas Municipais com o agente da segurança pública, sendo que se considera as pessoas do município como o maior patrimônio de um município, portanto é exercido o cuidado do patrimônio quando passam a proteger a população de um agressor, ao apoiar o trânsito evitando acidentes, pronto socorro prestado nos acidentes entre muitas outras atribuições (SILVA, CASAGRANDE, 2010).

Porém, a questão aqui é outra, a segurança do Guarda Municipal também impacta na segurança do município, portanto no momento que atua desarmado, este está sujeito a qualquer tipo de agressão, concluindo que o Guarda Municipal fora de combate por agressores é ainda pior para a segurança pública municipal, se um agressor não teme ao agir contra um Guarda Municipal que ele sabe que não estará armado, porque este deveria ter medo de agir contra um civil que ele sabe que também não estará armado.

O que acontece é que, com a intensificação do policiamento nos municípios com mais de 500 mil habitantes, tanto por parte de Guardas Municipais, quanto por parte das Polícias Estaduais, consequentemente acarretará em uma migração dos elementos mal intencionados para municípios menores de 50 mil habitantes, o que acarreta em maior atuação da Guarda Municipal, que estará desarmada tanto em sua atuação, quanto para sua proteção pessoal, sendo que o efetivo da Polícia Militar/Civil está vinculada a quantidade de habitantes existe uma necessidade maior por parte da Guarda Municipal (CASAGRANDE e SILVA, 2010)

E não se pode esquecer o que afirma CAPEZ (2006, p.26):

O policial desempenha função de permanente vigilância e combate à criminalidade, tendo, nos termos do art. 301 do CPP, o dever de efetuar a prisão, a qualquer momento do dia ou da noite, de quem quer que seja encontrado em flagrante delito (flagrante compulsório), ainda que não estando em horário de serviço, já que alei processual não estabelece horários. Sua função, portanto, é exercida em período integral. Deve também ser considerado que, em razão dos conflitos inerentes ao exercício da atividade, os policiais civis e militares ficam expostos a situações que exigem armas para sua defesa pessoal. Assim, a autorização funcional é contínua, inexistindo porte ilegal de arma de fogo. O Estatuto do Desarmamento, em seu art. 6º, § 1º, autoriza o porte contínuo das armas de fogo de propriedade da corporação, pelos integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500 mil habitantes, agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência, etc.

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Evidente é que, a Polícia Militar/Civil ou a Guarda Municipal, atuam em tempo integral vigilância e combate a criminalidade, independente do foco de cada função e para tal tarefa vulnerável é o Guarda Municipal que estará desarmado em face de qualquer perigo advindo de sua função ou de sua atuação.

Inclusive menciona Ferraz Jr (1990, p. 677) que segurança pública não está restrita a órgãos policiais, mas inclui também órgãos governamentais e a própria comunidade presente a possibilidade de convocação para auxílio à paz pública.

Explica ainda Casagrande e Silva (2010) que, não existe nenhum fundamento que conclua que Guardas Municipais de municípios maiores, nos quais é permitido o porte de armas de fogo, possuam condições de portarem tais armas, contudo, aqueles que possuem população inferior ao que a lei determina para o uso de armas de fogo ela determina que não necessitam do referido instrumento em seu serviço, visto que correm os mesmos riscos, tendo talvez, como única diferenciação o número de servidores, devido a claramente haver necessidade de maior contingente em municípios com índices de maiores populações, mas que a atividade desenvolvida é sempre a mesma que é, segurança pública.

Um evento muito famoso que determinou a extrema necessidade das Guardas Municipais ao porte de armas de fogo, está na folha de São Paulo cotidiano (2006), ataques realizados pelo Primeiro Comando da Capital “PCC”, sendo que a Guarda Municipal não foi diferenciada pelos integrantes do “PCC” e que no caso em tela não deixaram de atacar municípios com menos de 50 mil habitantes também e sua Guarda Municipal a mercê graças a legislação em vigor.

Outro evento bastante perturbador e ainda mais recente foi, o assassinato a tiros por no centro da cidade de Tubarão/SC. Marcelo Goulart Silva, 33 (trinta e três anos), morreu enquanto tentava capturar um grupo de assaltantes que havia roubado uma relojoaria, quando os assaltantes estavam fugindo se depararam com o Guarda Municipal que em sua tentativa de capturá-los acabou por levar vários tiros que, atingiram a cabeça do Guarda Municipal e este morreu antes mesmo de o socorro chegar no local. Notícia publicada no Diário Catarinense, dia 10 de fevereiro de 2011.

Ciente das diversas áreas de atuação da Guarda Municipal, todas visam a diminuição do índice de insegurança, o que nos leva para ações preventivas que, geralmente, são as que apresentam os melhores resultados, mais significativos, “é melhor prevenir que remediar” é a realidade cotidiana dos Guardas Municipais, uma das formas mais comuns de atuação seria na reintegração de posse de áreas invadidas, um exemplo, Curitiba que nos últimos anos realizaram mais de 300 ações de impedimentos desta natureza, acabavam por evitar

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