Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.115.599 - SP (2009/0004377-8)RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON
RECORRENTE : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : PATRICIA GUELFI PEREIRA E OUTRO(S)
RECORRIDO : PETROLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS
ADVOGADOS : CANDIDO FERREIRA DA CUNHA LOBO E OUTRO(S)
ANTONIO CARLOS MOTTA LINS E OUTRO(S) JOENY GOMIDE SANTOS E OUTRO(S)
IGOR VASCONCELOS SALDANHA E OUTRO(S)
ADVOGADOS : ANDRÉIA BAMBINI E OUTRO(S)
RAFAEL DE MATOS GOMES DA SILVA E OUTRO(S)
ADVOGADOS : JULIANA CARNEIRO MARTINS DE MENEZES E OUTRO(S)
MAÍRA CIRINEU ARAÚJO E OUTRO(S) ALEXANDRE YUKITO MORE E OUTRO(S) TALES DAVID MACEDO E OUTRO(S) CAROLINE FONTES REZENDE E OUTRO(S) ELLEN CRISTIANE JORGE MARTINS E OUTRO(S)
LÍVIA MARIA MORAIS VASCONCELOS SALDANHA E OUTRO(S)
SILVIA ALEGRETTI E OUTRO(S)
EMENTA
TRIBUTÁRIO - IPTU - SERVIDÃO DE PASSAGEM - OLEODUTOS - ART. 34 DO CTN - POSSUIDOR - AUSÊNCIA DE TIPICIDADE - NÃO INCIDÊNCIA - SOLIDARIEDADE PASSIVA TRIBUTÁRIA - NECESSIDADE DE EXPRESSA PREVISÃO LEGAL - INOCORRÊNCIA - RECURSO ESPECIAL NÃO PROVIDO.
1. O possuidor da servidão de passagem, embora detenha o direito de usar e gozar da propriedade, dela não pode dispor, razão pela qual não se insere no rol de contribuintes de IPTU previsto no art. 34 do CTN.
2. A solidariedade passiva tributária não se presume, devendo advir de previsão legal.
3. Recurso especial não provido.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos os autos em que são partes as acima indicadas, acordam os Ministros da Segunda Turma do Superior Tribunal de Justiça "A Turma, por unanimidade, negou provimento ao recurso, nos termos do voto do(a) Sr(a). Ministro(a)-Relator(a)." Os Srs. Ministros Castro Meira, Humberto Martins (Presidente), Herman Benjamin e Mauro Campbell Marques votaram com a Sra. Ministra Relatora.
Brasília-DF, 04 de maio de 2010(Data do Julgamento)
MINISTRA ELIANA CALMON Relatora
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.115.599 - SP (2009/0004377-8)RECORRENTE : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : PATRICIA GUELFI PEREIRA E OUTRO(S)
RECORRIDO : PETROLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS
ADVOGADOS : CANDIDO FERREIRA DA CUNHA LOBO E OUTRO(S)
ANTONIO CARLOS MOTTA LINS E OUTRO(S)
JOENY GOMIDE SANTOS E OUTRO(S)
IGOR VASCONCELOS SALDANHA E OUTRO(S)
ADVOGADOS : ANDRÉIA BAMBINI E OUTRO(S)
RAFAEL DE MATOS GOMES DA SILVA E OUTRO(S)
ADVOGADOS : JULIANA CARNEIRO MARTINS DE MENEZES E OUTRO(S)
MAÍRA CIRINEU ARAÚJO E OUTRO(S)
ALEXANDRE YUKITO MORE E OUTRO(S)
TALES DAVID MACEDO E OUTRO(S)
CAROLINE FONTES REZENDE E OUTRO(S)
ELLEN CRISTIANE JORGE MARTINS E OUTRO(S)
LÍVIA MARIA MORAIS VASCONCELOS SALDANHA E OUTRO(S)
SILVIA ALEGRETTI E OUTRO(S)
RELATÓRIO
EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON: Trata-se de recurso
especial interposto pelo Município de São Paulo, com fundamento no art. 105, III, "a", da Constituição da República, com o objetivo de reformar acórdão do Tribunal de Justiça Estadual, cujos fundamentos encontram-se sintetizados por meio da seguinte ementa:
EMBARGO À EXECUÇÃO FISCAL - IPTU e taxa de conservação e limpeza dos exercícios de 1992 - Município de São Paulo - Servidão - Executada que alega não ter posse do imóvel - Municipalidade que não prova o contrário - Exigência não cabível - Responsabilidade solidária - Lei municipal específica - Inexistência - Responsabilidade solidária não cabível à espécie - Procedência do embargo - Execução extinta - Sentença mantida - RECURSOS NÃO PROVIDOS.
Superior Tribunal de Justiça
c) ao reexame necessário somou-se o apelo da Municipalidade, os quais não restaram providos. O Tribunal Paulista entendeu que a Fazenda Pública "não logrou êxito em
demonstrar que a servidão de passagem de oleodutos proporcionava a posse referida no art. 34 do CTN" (e-STJ Fl. 159) e, bem assim, para que ficasse configurada a responsabilidade
solidária do art. 124 do CTN, fazia-se mister a edição de lei municipal;
d) restou comprovado que o recorrido detém a qualidade de contribuinte, pois a posse do art. 34 do CTN encontra-se evidenciada na servidão de passagem de oleodutos; e,
e) o Código Tributário Nacional, em seu art. 124, não estabelece qualquer condição para que seja reconhecida a solidariedade, razão pela qual não caberia ser exigida a edição de lei municipal para essa finalidade.
Ausentes as contra-razões, subiram os autos por força do acolhimento do agravo de instrumento interposto contra decisão que obstou a subida do recurso especial.
A recorrida, em petição, apresenta questão de ordem sob o argumento de que o recurso especial está em confronto com a Súmula n. 7/STJ e, bem assim, em desacordo com a posição adotada no REsp n. 601.129/SP, desta relatora, razão pela qual entende que a pretensão recursal deverá ser julgada conforme autoriza o art. 557 do CPC.
Superior Tribunal de Justiça
RECURSO ESPECIAL Nº 1.115.599 - SP (2009/0004377-8)
RELATORA : MINISTRA ELIANA CALMON
RECORRENTE : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : PATRICIA GUELFI PEREIRA E OUTRO(S)
RECORRIDO : PETROLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS
ADVOGADOS : CANDIDO FERREIRA DA CUNHA LOBO E OUTRO(S)
ANTONIO CARLOS MOTTA LINS E OUTRO(S)
JOENY GOMIDE SANTOS E OUTRO(S)
IGOR VASCONCELOS SALDANHA E OUTRO(S)
ADVOGADOS : ANDRÉIA BAMBINI E OUTRO(S)
RAFAEL DE MATOS GOMES DA SILVA E OUTRO(S)
ADVOGADOS : JULIANA CARNEIRO MARTINS DE MENEZES E OUTRO(S)
MAÍRA CIRINEU ARAÚJO E OUTRO(S)
ALEXANDRE YUKITO MORE E OUTRO(S)
TALES DAVID MACEDO E OUTRO(S)
CAROLINE FONTES REZENDE E OUTRO(S)
ELLEN CRISTIANE JORGE MARTINS E OUTRO(S)
LÍVIA MARIA MORAIS VASCONCELOS SALDANHA E OUTRO(S)
SILVIA ALEGRETTI E OUTRO(S)
VOTO
EXMA. SRA. MINISTRA ELIANA CALMON (RELATORA):
Prelimimarmente rejeito a questão de ordem formulada, por entender não ser a hipótese de julgamento monocrático, nos moldes do artigo 557 CPC. A matéria de fundo não trata de tese com jurisprudência dominante do STJ, pois o precedente mais antigo, de minha relatoria, data de 2004, não havendo nenhuma manifestação posterior do colegiado sobre o tema. Ademais, não se me afigura a incidência da súmula 7/STJ. Aqui não será revisado o conjunto probatório mas, a qualificação jurídica dos fatos para aplicação do direito. Em outras palavras, o que está sendo analisado é a tese seguinte: a servidão de passagem de oleodutos
Superior Tribunal de Justiça
Entretanto, não é qualquer posse que dá ensejo à cobrança do IPTU. Em verdade, o tributo municipal somente incide quando se tratar de posse ad usucapionem cuja característica é a exteriorização do domínio com o ânimo de proprietário.
A doutrina afirma que "quando o Código Tributário Nacional fala em
possuidor a qualquer título, entendemos que a expressão volta-se apenas para as situações em que há posse ad usucapionem" (cf. MARTINS, Ives Gandra da Silva e BARRETO, Aires
Fernandino. "Manual do Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana". Ed. RT, 1985, p. 107, São Paulo).
Assim, o possuidor da servidão de passagem detém o direito de usar e gozar da propriedade, mas não pode dela dispor, sequer por solidariedade, conforme pontuado na sentença, ao destacar lição de Aliomar Baleeiro, pois a solidariedade passiva tributária não se presume, advém de lei.
Nesta convicção, reafirmo o mesmo entendimento expresso em antigo voto da minha relatoria, o REsp n. 601.129-SP, conforme ementa a seguir reproduzida:
TRIBUTÁRIO – IMPOSTO SOBRE A PROPRIEDADE TERRITORIAL URBANA – SERVIDÃO DE PASSAGEM 1. Os arts. 32 e 34 do CTN definem, respectivamente, o fato gerador e o contribuinte do IPTU, contemplando a propriedade, a posse e o domínio útil.
2. Não há base legal para cobrança do IPTU de quem apenas se utiliza de servidão de passagem de imóvel alheio.
3. Recurso especial não provido.
(REsp 601.129/SP, Rel. Ministra ELIANA CALMON, SEGUNDA TURMA, julgado em 09/03/2004, DJ 24/05/2004 p. 253)
Diante do exposto, nego provimento ao recurso especial. É o voto.
Superior Tribunal de Justiça
CERTIDÃO DE JULGAMENTO SEGUNDA TURMA
Número Registro: 2009/0004377-8 REsp 1115599 / SP
Números Origem: 12501423 53498950 5349895000 9414811996
PAUTA: 04/05/2010 JULGADO: 04/05/2010
Relatora
Exma. Sra. Ministra ELIANA CALMON Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro HUMBERTO MARTINS Subprocurador-Geral da República
Exmo. Sr. Dr. JOÃO FRANCISCO SOBRINHO Secretária
Bela. VALÉRIA ALVIM DUSI
AUTUAÇÃO
RECORRENTE : MUNICÍPIO DE SÃO PAULO
PROCURADOR : PATRICIA GUELFI PEREIRA E OUTRO(S) RECORRIDO : PETROLEO BRASILEIRO S/A - PETROBRAS
ADVOGADOS : CANDIDO FERREIRA DA CUNHA LOBO E OUTRO(S) ANTONIO CARLOS MOTTA LINS E OUTRO(S) JOENY GOMIDE SANTOS E OUTRO(S)
IGOR VASCONCELOS SALDANHA E OUTRO(S) ADVOGADOS : ANDRÉIA BAMBINI E OUTRO(S)
RAFAEL DE MATOS GOMES DA SILVA E OUTRO(S) ADVOGADOS : JULIANA CARNEIRO MARTINS DE MENEZES E OUTRO(S)
MAÍRA CIRINEU ARAÚJO E OUTRO(S) ALEXANDRE YUKITO MORE E OUTRO(S) TALES DAVID MACEDO E OUTRO(S) CAROLINE FONTES REZENDE E OUTRO(S) ELLEN CRISTIANE JORGE MARTINS E OUTRO(S)
Superior Tribunal de Justiça
Brasília, 04 de maio de 2010
VALÉRIA ALVIM DUSI Secretária