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Notícia de fato nº MPPR

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Academic year: 2021

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Notícia de fato nº MPPR-0051.12.000423-2

Interessada: 3º Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande – PR.

Natureza: Solicitação de sugestões de diligências nos autos originais de Notícia de Fato nº MPPR-0051.12.000423-3, remetidos pelo Ofício nº 308/2013.

Ementa:

VEDAÇÃO DE EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO PRÉVIO, CAUÇÃO, OU OUTRA GARANTIA PARA ATENDIMENTO em prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde - Entendimento da Resolução 44/03 da ANS e artigo 135-A do Código Penal.

VEDAÇÃO DA EXIGÊNCIA DE DEPÓSITO PRÉVIO PARA ATENDIMENTO EM HOSPITAIS DA REDE PÚBLICA OU PRIVADA QUE REALIZEM ATENDIMENTO EMERGENCIAL, DE DOENTES EM ESTADO DE RISCO DE VIDA E/OU SOFRIMENTO INTENSO (incluído pela Lei 13674, de 09/07/2002)– Dever da SECRETARIA DE ESTADO DA SAÚDE DE AFIXAÇÃO DE CARTAZES - Entendimento da lei estadual nº 12.970/2000 e artigo 135-A do Código Penal. Dever anexo de informação e de exibição de cartazes ou equivalente pelo Hospital - Lei Federal n. 12.653/2012, artigo 2º - Descumprimento - infração penal, civil e administrativa.

1. Relatório

A 3ª Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande – PR encaminhou a este Centro de Apoio o ofício nº 308/2013, acompanhado dos autos originais de Notícia de Fato nº MPPR-0051.12.000423-3, oriundo da referida Promotoria, com consulta formulada a este Centro de Apoio acerca de possíveis “sugestões de

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diligências para complementar as investigações, ante o termo de declarações da dirigente da instituição investigada, negando participação em atividades ditas prejudiciais”.

Em análise dos autos da notícia de fato, verificou-se que esta se iniciou a partir de ofício encaminhado pela Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor da Comarca de Curitiba, juntamente com cópia de uma minuta de Compromisso de Ajustamento de Conduta para ciência do Promotor de Justiça de Fazenda Rio Grande e para adoção das medidas pertinentes, relativamente à Clínica de Fisioterapia Alquino S/C Ltda.1

Referida minuta é oriunda do Inquérito Civil nº 0046.11.003813-3, instaurado pela Promotoria de Justiça de Curitiba, no intuito de apurar se fornecedores de serviços hospitalares, bem como prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das operadoras de planos de assistência à saúde estão exigindo depósito prévio (p.ex. cheque caução) de pacientes em situações de emergência e urgência, bem como se possuem em seus locais de atendimento cartazes afixados com a informação de que “é proibida a exigência de depósito prévio para internação de emergência, de urgência, de doentes em estado de risco de vida ou sofrimento intenso”.

A 3ª Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande, com atribuição na defesa do consumidor, ao receber o ofício encaminhado pela Promotoria da Capital, encaminhou-o à 2ª Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande, com atribuição na área da saúde pública. Contudo, como a empresa a ser investigada se trata de uma clínica privada de fisioterapia, a 2ª Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande devolveu o procedimento para a 3ª Promotoria de Justiça.

Posteriormente, a 3ª Promotoria de Justiça oficiou a mencionada clínica, na pessoa de seu representante legal, para o fim de comparecimento à Promotoria para prestar declarações.

No termo de declaração constante na fl. 30, datado de 21/02/2013, a representante esclareceu que os pacientes da clínica são encaminhados diretamente pelo médico e que por este motivo não há atendimentos de emergência ou urgência, que tem conhecimento acerca dos direitos dos

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A clínica referida é uma associada da AHOPAR – Associação dos Hospitais do Paraná, conforme listagem que foi encaminhada pela Promotoria de Justiça de Defesa do Consumidor de Curitiba.

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consumidores, não exigindo depósito prévio e que não há cartaz afixado na clínica que informe sobre a vedação legal da cobrança do depósito prévio “para internações de emergência, haja vista ser uma Clínica de Fisioterapia”.

Em seguida, o Promotor de Justiça encaminhou o procedimento a este Centro de Apoio solicitando “sugestões de diligências para complementar as investigações, ante o termo de declarações da dirigente da instituição investigação, negando a participação em atividades ditas prejudiciais”.

É o relatório.

2. Fundamentação

É importante esclarecer que o IC instaurado pela Promotoria de Justiça da Capital teve como parâmetros a previsão legislativa existente na lei estadual 12.970/2000, modificada pela lei estadual 13.674/2002 e Resolução Normativa 44/03 da Agência Nacional de Saúde.

A lei 12.970/2000, com alterações trazidas pela lei 13.674/2002, estabelece que:

Art. 1º. Fica proibida a exigência de depósito prévio de qualquer natureza, para possibilitar internação de doente em situação de emergência, que resulte em estado de sofrimento intenso e/ou risco de vida ao paciente, em hospitais da rede pública ou privada.

Art. 3º. Fica a Secretaria de Estado da Saúde responsável pela confecção e fixação de cartazes em todos os hospitais da rede pública ou privada, com os seguintes dizeres:

"Lei nº 12.970 – É proibida a exigência de depósito prévio para internação de emergência,

de doentes em estado de risco de vida e/ou sofrimento intenso." (Incluído pela Lei 13674, de 09/07/2002) (...)

A Resolução Normativa 44/03 expedida pela ANS, em seu artigo 1º, assim determina:

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Art. 1º Fica vedada, em qualquer situação, a exigência, por parte dos prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde, de caução, depósito de qualquer natureza, nota promissória ou quaisquer outros títulos de crédito, no ato ou anteriormente à prestação do serviço.

Em ambas as normas citadas, há a vedação da exigência de depósito prévio de qualquer natureza, não apenas por hospitais, mas também por prestadores de serviços contratados, credenciados, cooperados ou referenciados das Operadoras de Planos de Assistência à Saúde e Seguradoras Especializadas em Saúde e não apenas em casos de emergência ou urgência, mas em qualquer situação.

Assim, nos termos da citada Resolução da ANS, em relação à vedação da exigência de depósito prévio, tal proibição certamente se aplica à clínica de fisioterapia investigada pela 3ª Promotoria de Justiça de Fazenda Rio Grande.

Cumpre informar também a edição da lei 12.653/12, que acrescentou o artigo 135-A ao Código Penal, tipificando como crime a exigência de depósito prévio de qualquer natureza como condição para o atendimento. Veja-se a redação:

Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial:

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e multa.

Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da negativa de atendimento resulta lesão corporal de natureza grave, e até o triplo se resulta a morte.”

Vide ainda o artigo 2º da referida lei federal:

Art. 2o O estabelecimento de saúde que realize atendimento médico-hospitalar emergencial fica obrigado a afixar, em local visível, cartaz ou equivalente, com a seguinte informação: “Constitui crime a exigência de cheque-caução, de nota promissória ou de qualquer garantia, bem como do preenchimento prévio de formulários administrativos, como condição para o atendimento médico-hospitalar emergencial, nos termos do art. 135-A do Decreto-Lei no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal.

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Feitas essas considerações, e em face ao arcabouço de leis e normas que regulam o tema, conclui-se, porém, que no tocante ao dever de afixação de cartazes no local de atendimento, tal não se aplica à clínica de fisioterapia investigada.

Isto porque, a obrigatoriedade de afixação de cartazes, prevista na lei estadual nº 12.970/2000 e art. 135-A do Código Penal, c/c artigo 2º da lei federal nº 12.653/2012, apenas está restrita aos hospitais da rede pública ou privada, que prestem atendimento emergencial.

Em vista da proibição da exigência de depósito prévio que anteceda ao atendimento de pacientes, nos termos da lei estadual nº 12.970/2000, do artigo 135-A do Código Penal e do art. 1º da Resolução 44/03 da ANS, é pacífico o entendimento de que tal dever é imposto a todos os prestadores de serviço médico, independentemente da situação em que se dê o atendimento. Contudo, no tocante ao dever de afixação de cartazes informativos da vedação de exigência de depósito prévio ao atendimento, tal não se aplica à clínica de fisioterapia investigada.

Isto porque, a lei estadual e o artigo 135-A, que tratam da afixação de cartazes, foram taxativos ao estabelecerem tal exigência apenas aos hospitais públicos e privados que atendam situações de emergência.

Os estabelecimentos hospitalares a que se refere a Lei Estadual, que prestem serviços emergenciais podem ou não estarem associados à AHOPAR – Associação dos Hospitais do Paraná. Logo, não se restringe a pesquisa a associados, mas a quaisquer nosocômios (hospitais) que prestem tais serviços.

3. Conclusão

Tendo em vista a solicitação a este Centro de Apoio quanto às sugestões de diligências, sugere-se inicialmente que o Promotor de Justiça da Comarca de Fazenda Rio Grande que proceda à conversão da notícia de fato instaurada, e o

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encerramento do Procedimento subsequente, de tudo registrado no PROMP, tendo em vista o disposto no artigo 5º, I, §2º do Ato conjunto nº 02, da PGJ e da CGMP, de 06/10/20102.

Ato contínuo, opina-se à instauração de novo procedimento administrativo, com o objetivo de verificar se os estabelecimentos hospitalares públicos e privados que atendam situações de emergência, doentes em estado de risco de vida e/ou sofrimento intenso, localizados na comarca, associados ou não da AHOPAR – Associação dos Hospitais do Paraná, estão adequados à legislação citada, não só quanto à vedação da cobrança de depósito prévio e outras garantias em atendimento de emergência, mas também quanto ao dever de exibição e afixação dos cartazes.

No procedimento instaurado, poderá, dentre outras providências, se for o caso, expedir recomendação administrativa para a respectiva adequação da prática ilegal ou ainda, a proposição de celebração de um Compromisso de Ajustamento de Conduta.

Para a obtenção de informações referentes aos hospitais públicos e privados, sugere-se ainda que sejam oficiadas as regionais respectivas da Secretaria Estadual de Saúde, a Secretaria Municipal de Saúde, e ainda a AHOPAR – Associação dos Hospitais do Paraná, dentre outros que entender convenientes.

Por fim, determino o retorno dos autos da Notícia de Fato nº MPPR – 0051.12.000423-3 à comarca de Fazenda Rio Grande, bem como o encaminhamento de cópia deste despacho à Promotoria de Justiça de Defesa do

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Artigo 5º - O Programa de Registro, Acompanhamento e Organização das Atividades Finalísticas Extrajudiciais do Ministério Público - PRO-MP requer, obrigatoriamente, o registro das seguintes rotinas padronizadas, assim entendidas: I – Notícias de fatos: qualquer demanda dirigida aos órgãos da atividade-fim do Ministério Público, ou iniciada de ofício por estes, conforme as atribuições das respectivas áreas de atuação, que ainda não tenha gerado um feito interno ou externo, podendo ser formulada presencialmente ou não, entendendo-se como tal, a entrada de atendimentos, notícias, documentos ou representações. Nesta fase poderão ser restringidas informações ao público quanto aos interessados (requerentes e requeridos) e fatos noticiados; §2º. Os casos referidos no § 1º que alcançarem solução no prazo deverão contar com decisão de encerramento do procedimento, cuja fundamentação contenha ressalva expressa de que não se trata de situação a ensejar a instauração de um dos procedimentos tratados nos incisos II a VI. §3º. Esgotado o prazo fixado no § 1º e não havendo elementos suficientes para a decisão de encerramento, deverá o feito ser convertido em uma das rotinas descritas nos incisos II a VI.

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Consumidor do Foro Central da Comarca da Região Metropolitana de Curitiba, que preside o Inquérito Civil 0046.11.003813-3 para as providências que entender cabíveis.

Curitiba, 12 de março de 2013.

Ciro Expedito Scheraiber Procurador de Justiça Coordenador do Centro de Apoio Operacional das Promotorias de Justiça de Defesa do Consumidor

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