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Vista do Intervenção urbana em área de proteção ambiental em Ubatuba no Litoral Norte Paulista

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Academic year: 2021

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Tamyse Campos Bueno Norberto

Adélia Guiomar da Silva

Graduanda em Arquitetura e Urbanismo – FATEA Graduanda em Arquitetura e Urbanismo – FATEA

Intervenção urbana em área de

proteção ambiental em Ubatuba no

Litoral Norte Paulista

Rosana Vieira Sbruzzi

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RESUMO

O trabalho tem como base a sustentabilidade social e estrutural de uma área de preservação ambiental que aos poucos foi sendo povoada por migrantes de diversas localidades do Brasil. Esta região, chamada Sesmaria, pertencente à cidade de Ubatuba, vem sofrendo problemas de habitação, preservação ambiental, estruturação populacional agravando-se a cada nova temporada, com a chegada de migrantes à procura de trabalho. Com o intuito de dar qualidade e regularizar a vida desses moradores, através da sustentabilidade, a proposta é criar um centro cooperador para a comunidade.

PALAVRAS-CHAVE:

CEA, APA, Sesmaria, Ubatuba, Sustentabilidade, Proteção Ambiental.

ABSTRACT

The work is based on the structural and social sustainability of an environmental preser-vation area that was slowly being populated by migrants from various regions of Brazil. This region, called Sesmaria, belonging to the town of Ubatuba, has suffered problems of housing, environmental preservation, population structure and hence it is getting worse with each new season with the arrival of new people looking for work. In order to give a better quality and regularize the lives of these residents and maintain the sustainability, the idea is to propose a cooperative center for all the community.

KEYWORDS:

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CONCEITOS INICIAIS

A pesquisa abordará alguns conceitos específicos de estruturação, os quais serão tratados com maiores detalhes ao decorrer do texto. De forma diversificada o conceito de palafitas foi utilizado para a elaboração do projeto em tese, assim como o estudo de uma fossa séptica. As palafitas são estruturas usadas, a princípio, em regiões alagadícias tendo como função a sustentação e a fixação da residência, para que esta não seja levada pelas correntesas.( Fig.1a e 1b). O conceito de palafitas foi melhor apresentado pelos arquitetos Newton Massafumi e Tânia Regina Parma6, que estudaram de forma empírica, os pilares

de sustentação baseados nos galhos das árvores.

Quanto à fossa séptica4, é uma unidade de tratamento de esgoto doméstico na qual

é feita a separação e a transformação físico-química da matéria sólida contida no esgoto. É uma maneira mais simples e barata de disposição dos esgotos , geralmente usada em zona rural ou áreas de difícil acesso.(Fig.2).

Figura 1: (a) Exemplo de palafita. (b) Palafita de cimento Portland a ser utilizada no projeto

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PESQUISA E LOCALIZAÇÃO DA SESMARIA

A pesquisa tem como objetivo a investigação de soluções sustentáveis para intervenção em áreas, de proteção ambiental, ocupadas por assentamentos populacionais que se encontram em zonas de risco. Este trabalho apresenta parte dos resultados da participação do concurso para estudantes de arquitetura: “Soluções para Cidade 2012”, promovido pela ABCP (Associação de Cimento Portland) em julho de 2012. O desafio proposto era solucionar problemas de moradia para 133 famílias que se encontram em áreas de risco, no Sertão do Sesmaria em Ubatuba, no litoral norte de São Paulo, e propor soluções de lazer e infraestrutura para o bairro. A partir do estudo e prática das atividades propostas pelo concurso, pudemos vislumbrar novas possibilidades para enfrentar a questão habitacional e ambiental da área, bem como proporcionar novos temas para discussão.

O Sertão do Sesmaria, como já mencionado, localiza-se nas encostas da Serra do Mar, próximo à área central do município de Ubatuba, no interior do território e longe das áreas valorizadas, próximas às praias(Fig.3). O assentamento está inserido em área de preservação ambiental, denominada APA, dentro do Parque Estadual da Serra do Mar, numa área com densa Mata Atlântica tombada pelo CONDEPHAAT.

Figura 3: Localização do Sesmaria e acesso (Mapa Google)

Esse Sertão apresenta um quadro bastante precário de invasão por migrantes, na sua maioria vindo de Minas Gerais e dos sertões da Bahia, para trabalharem na construção da rodovia Rio-Santos e na mão-de-obra não qualificada no auge do crescimento do município, além de alguns poucos nativos, devido à “reforma turística” que ocorreu na cidade na década de 60, e ao crescimento populacional desordenado, decorrente do turismo.

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IDENTIFICAÇÃO DO PROBLEMA

Conforme estudos feitos pela professora Rosana Sbruzzi7, no curso de arquitetura e

urbanismo da Faculdade Teresa D’Ávila, podemos afirmar que “Esses migrantes vem para o município de Ubatuba em busca de melhores oportunidades de emprego e condições de vida. Porém, não dispondo de recursos suficientes para adquirir imóvel em áreas habitacionais regularizadas, esses trabalhadores são obrigados a procurar áreas periféricas, menos valorizadas no espaço urbano, em sua maioria irregulares.”

A cada temporada, essa população cresce, pois nessa época os moradores migrantes convidam seus parentes para trabalharem na praia, onde acabam instalando-se no local. Sem perceberem, esses indivíduos acabam mantendo-se nessa situação, servindo ao turismo, objeto de sua exclusão. Com base nessa característica o quadro de pobreza no território aumentou, porém o mesmo é invisível aos olhos do turista. A praia não proporciona o lazer para essa população. Nela todos buscam um local de trabalho para tentarem alcançar seu bem-estar sócio financeiro, e as próprias crianças acompanham os pais para coletarem latinhas ou venderem salgados, nas areias confinadas ao mar.

A diversão fica, para as crianças, restrita ao bairro, onde as ruas servem para jogarem bola, correrem e brincarem de se esconder. Quanto ao acesso à educação, há uma escola primária no bairro, agora; para os jovens, a escola encontra-se no bairro vizinho, o Estufa II, sendo necessário atravessar a estrada de terra para ter acesso. Além disso, o bairro sofre com a falta de saneamento, e para obterem água e esgoto em suas casas, os moradores desviam nascentes para caixas d’água para o consumo e o esgoto é improvisado, onde a nascente passa pelo quintal, onde são despejados os dejetos. Alguns fazem fossas em suas residências, mas estas, desprovidas de tecnologia, são apenas buracos na terra.

IMPORTÂNCIA DA REESTRUTURAÇÃO DA ÁREA E SOLUÇÃO

Com base em estudos sobre a população, fizemos a problematização humana dos moradores, de fato, que ocorre no Sertão do Sesmaria. A importância de resolver estes problemas está na preservação da área ambiental, somada à qualidade de vida desses indivíduos que estão inseridos nesta paisagem e, por isso, fazem parte dela. Essa interferência humana na mata tem causado um grande impacto ambiental.

Acreditamos que somente tornar o local mais bonito e intervir em sua infraestrutura não resolverá o quadro de devastação que sofre o Parque Estadual da Serra do Mar. Com a intervenção humana na área, o problema poderá aumentar, pois com a área revitalizada e bem estruturada, acreditamos que haveria um aumento populacional. Além disso, possibilitar que os moradores vendam suas casas, podendo haver grande especulação

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imobiliária, assim como ocorreu na Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, após ter sido realizada a pacificação e doação de apartamentos para famílias que viviam em área de risco. Alguns moradores venderam seu apartamento na favela e retornaram para áreas não apropriadas para moradia. Com esse panorama pode haver devastação e maior assentamento ainda mais nas áreas do Parque. A partir do entendimento desses aspectos, acreditamos que a maior necessidade seja educar essa população, promovendo a compreensão da importância da preservação do meio ambiente e do local em que estão inseridos.

Pensando no bem estar e qualidade de vida dos moradores, concebemos um Centro para Educação Ambiental, instalado no interior do Sertão do Sesmaria, onde os moradores, crianças e adultos, poderão adquirir conhecimento sobre a Mata Atlântica e o papel da Mata no planeta: entender melhor o seu o papel como moradores do local, o pilar para a resolução dos problemas do bairro.

Nossa proposta foi criar um Centro de Educação Ambiental a partir de estudos de referência de uma empresa nacional de cosméticos, que vem sendo realizando na Amazônia. De certa forma, a empresa educa as comunidades com relação à importância que a biodiversidade da mata oferece, em que as comunidades extratoras de açaí costumavam queimar as árvores de murumuru, porque os espinhos que cercam os troncos atrapalhavam a passagem dos extratores. Com a empresa presente na Amazônia, a árvore deixou de ser um incômodo e passou à fonte de outra atividade econômica.¹

A tipologia que adotamos para as habitações expõe a compreensão de que nenhum indivíduo é igual ao outro, assim como, nenhuma família é igual a outra. Pensando nesta diversidade, elaboramos três tipos de habitação, cada qual com suas necessidades.

O primeiro foi pensado para uma família composta apenas por um casal, podendo ser utilizada também por pessoas solteiras, apesar de incomum na realidade local. O segundo, para uma família constituída por um casal que possua de dois a três filhos. O terceiro módulo de casa foi adaptado para famílias maiores, que é a realidade que mais se adéqua, constituída não só pelo casal e seus filhos, mas também irmãos do casal, pai e mãe, entre outros. Tivemos o cuidado de pensar na habitação como uma “casinha de interior”, a qual esta população está acostumada, evitando assim, criar apartamentos com seus vários andares e elevadores. Procuramos manter o sentimento de “minha casinha”(Fig.4 e 5).

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As habitações, seguindo a linguagem sustentável de educação ambiental que determinamos para o projeto, são executadas em palafitas, mantendo o solo no seu aspecto natural e fazendo desnecessário o corte de inúmeras árvores. Entre as habitações, haverá espaços de convivência para que as crianças continuem brincando nas áreas de costume. Onde for necessário pavimentar, devem-se usar blocos intertravados drenantes, que permitem a penetração da água das chuvas e que colaboram para evitar o surgimento de enchentes. Quanto ao acesso às casas, seguindo a mesma tecnologia utilizada pelo Arquiteto João Filgueiras de Lima², na reurbanização da favela de Parambués em Salvador, foi previsto um elevador composto de uma pequena cabine que se desloca em plano diagonal5.

Outra tecnica, utilizada pelo Arquiteto, e que utilizamos na execução das casas, é o uso das pré-fabricadas em concreto, através de uma pequena fábrica a ser instalada no local, tornando dispensável o transporte de materiais pela estrada, de difícil acesso. Outra solução adotada é a questão do manejo do esgoto e águas pluviais.

Os principais elementos do centro, que podemos chamar de CEA, são salas de palestras, oficinas de artesanatos, onde poderão executar trabalhos com sementes colhidas na própria Mata Atlântica e oficinas de triagem de lixo. Essa atividade funciona com muito sucesso na Casa Emaús de reciclagem e recuperação para usuários de drogas e álcool, em Cachoeira Paulista, interior de São Paulo. Segundo a reportagem das alunas do terceiro ano de jornalismo da FATEA, Cecília Bueno e Aline Moreira³, os usuários não procuram a casa pela moradia e alimentação e, sim, pela atividade ocupacional, onde o conceito dos 3R’s (reduzir, reciclar e reutilizar), é aplicado. Segundo a reportagem, as pessoas que chegam à casa são ensinadas a trabalhar com reciclagem o que não parece ser um trabalho muito fácil. O lixo é coletado em três bairros de Cachoeira Paulista, depois passa por um processo de separação e classificação, prensagem, é enfim reciclado ou vendido.

Além dessas atividades direcionadas aos moradores, o CEA conta com uma área de atrativo turístico que faz integrar o bairro do Sesmaria com o restante da cidade de Ubatuba. Nesta área encontraremos espaço reservado para camping, trilhas pela Mata, onde turistas poderão observar os animais em seu habitat natural, um mirante para que

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tudo possa ser visto de dentro do Centro. Há a paisagem e a beleza natural que Ubatuba oferece, paredes de hapel para práticas esportivas, tirolesa, entre outros atrativos esportivos possíveis, desde que não agridam a área de APA.

Esse projeto possibilita a geração de renda para o bairro e emprego para os moradores, através de todos os programas que foram citados.

Para a preservação da área, os visitantes não poderão entrar com seus automóveis. Possui um estacionamento logo à entrada, à disposição dos visitantes que vão seguindo a pé ou utilizando o transporte coletivo do próprio CEA.

O intuito da criação desse Centro para Educação Ambiental não está previsto para entrar no roteiro de atrações turísticas, embora esta tenha parte importante no projeto de integrar a cidade com o bairro, pois é pensado, primordialmente, na educação da população, para que o Sertão do Sesmaria e o Parque Estadual da Serra do Mar sejam preservados pela própria comunidade.

A criação do CEA é o nosso recorte dentro de todo o trabalho desenvolvido, que visa à mudança da realidade da população do Sesmaria. Através dele, podemos garantir atividade econômica, educação ambiental, integração com a cidade, modificando o sentimento de exclusão, lazer para os moradores e para turistas, empregos e ampliação de relacionamentos entre turista-morador, ou seja, fazendo com que o morador do Sesmaria deixe de ser o indivíduo preso ao bairro por sua realidade e comece a interagir com outras pessoas.

Entendemos que o problema social da área nos levou à criação de um projeto que poderá trazer, para a realidade da população, um sistema de convivência semelhante ao de uma cooperativa, mudando não só o quadro de exclusão social ,as também educando, além dos moradores, os gestores municipais e governantes, trazendo um exemplo de “bom convívio” social.

REFERÊNCIAS

Empresa de cosméticos muda conceitos de conservação ao fazer da fruta sabonete. Link: http://

www.tvecorural.com/noticia/1997-empresa-de-cosmeticos-muda-conceitos-de-conservacao-ao-fazer-da-fruta-o-sabonete.html). Acessado em: 20 de Setembro de 2012.

LIMA, F. João. A arquitetura de Lelé: fábrica e invenção. Ed. Imprensa Oficial.pg. 212 Material didático sobre Casa Emaús, Cachoeira Paulista. Cecília Bueno, curso de Jornalismo, FATEA.

Materiais Didáticos do curso de Arquitetura. FATEA, 2012.

Revista AU, Minha casa minha vida. Nº 208, edição Julho/2011. pg. 38.

Revista AU online. Link para acesso: http://www.revistaau.com.br/arquitetura-urbanismo/162/

artigo61380-1.asp. acessado em: 25 de Setembro de 2012.

VIEIRA, S. Rosana. Tese de Mestrado. Paisagens Invisíveis – Os Sertões de Ubatuba.

Rocinha, no Rio, tem especulação imobiliária em comércio ilegal. Link:

Referências

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