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A política nacional de saúde e segurança do trabalhador em meio à reestruturação produtiva

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Academic year: 2021

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CURSO DE SERVIÇO SOCIAL

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GUNAVARRO DE ASSIS FELIPE

A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR EM MEIO À REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

Rio das Ostras 2016

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GUNAVARRO DE ASSIS FELIPE

A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR EM MEIO À REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para a obtenção do grau Bacharel em Serviço Social.

Orientadora:

Prof.a Dra. Márcia do Rocio Santos

Rio das Ostras 2016

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GUNAVARRO DE ASSIS FELIPE

A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR EM MEIO À REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

Trabalho de conclusão de curso apresentado à Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para a obtenção do grau Bacharel em Serviço Social.

Aprovada em 01de abril de 2016.

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________ Prof.ª Dra. Márcia do Rocio Santos (Orientadora) - UFF

_____________________________________________ Prof.ª Dra. Paula Martins Sirelli - UFF

____________________________________________ Prof.ª Dr. João Claudino Tavares - UFF

Rio das Ostras 2016

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À minha mãe, uma Maria especial entre tantas outras... Agradeço por ter me dado o mais importante dos ensinos à educação e respeito ao próximo.

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AGRADECIMENTOS

A Deus pela minha vida, família е amigos.

A Raysa, hoje minha noiva amanha minha esposa e sempre meu amor. Obrigado pela paciência e por sempre esta do meu lado.

A Universidade Federal Fluminense, nela representada por todos os trabalhadores que ali cumprem suas obrigações na formação de novas vidas, cada um com sua função e importância, desde todo corpo docente, a direção, os profissionais administrativos, o pessoal da cantina e as meninas da limpeza. Deixo aqui meu reconhecimento, ao Senhor Joselito Mendes, um motorista que sempre desempenhou suas atividades como o sorriso no rosto e muita educação, grato. À professora Marcia, por ter acreditado no desafio do tema deste trabalho de conclusão de curso e pela sua dedicação como orientadora.

A todos meus amigos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о meu muito obrigado.

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“Amou daquela vez como se fosse a última Beijou sua mulher como se fosse a última E cada filho seu como se fosse o único E atravessou a rua com seu passo tímido Subiu a construção como se fosse máquina Ergueu no patamar quatro paredes sólidas Tijolo com tijolo num desenho mágico Seus olhos embotados de cimento e lágrima Sentou pra descansar como se fosse sábado Comeu feijão com arroz como se fosse um príncipe Bebeu e soluçou como se fosse um náufrago Dançou e gargalhou como se ouvisse música E tropeçou no céu como se fosse um bêbado E flutuou no ar como se fosse um pássaro E se acabou no chão feito um pacote flácido Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão atrapalhando o tráfego Amou daquela vez como se fosse o último Beijou sua mulher como se fosse a única E cada filho seu como se fosse o pródigo E atravessou a rua com seu passo bêbado Subiu a construção como se fosse sólido Ergueu no patamar quatro paredes mágicas Tijolo com tijolo num desenho lógico Seus olhos embotados de cimento e tráfego Sentou pra descansar como se fosse um príncipe Comeu feijão com arroz como se fosse o máximo Bebeu e soluçou como se fosse máquina Dançou e gargalhou como se fosse o próximo E tropeçou no céu como se ouvisse música E flutuou no ar como se fosse sábado E se acabou no chão feito um pacote tímido Agonizou no meio do passeio náufrago Morreu na contramão atrapalhando o público Amou daquela vez como se fosse máquina Beijou sua mulher como se fosse lógico Ergueu no patamar quatro paredes flácidas Sentou pra descansar como se fosse um pássaro E flutuou no ar como se fosse um príncipe E se acabou no chão feito um pacote bêbado Morreu na contra-mão atrapalhando o sábado” “Construção”, Chico Buarque.

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A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR EM MEIO À REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

GUNAVARRO DE ASSIS FELIPE

RESUMO

O presente trabalho consiste em explorar a área da saúde e segurança do trabalhador, em meio às inúmeras transformações do mundo de trabalho, impostas por este novo padrão de acumulação do capital. Onde a precarização se potencializa através de uma flexibilização ilimitada, trazendo inúmeros impactos ao trabalhador. A partir destes pontos, como forma de subsidiar uma reflexão crítica são apresentados elementos acerca das condições impostas a saúde do trabalhador, onde é destacado aos indicadores sobre acidentes e doenças do trabalho e as suas consequências pela falta de amparo legal de grande parte dos trabalhadores. E diante deste cenário o Estado sanciona a Política Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador, fruto de uma construção história junto dos trabalhadores em busca da universalização dos direitos e por melhores condições de trabalho, inclusive a partir da PNSST, abrir precedentes para a implantação de uma Política Municipal de Saúde e Segurança do Trabalho no Município de Rio das Ostras.

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POLITICS NATIONAL HEALTH AND OCCUPATIONAL SAFETY HALF THE PRODUCTIVE RESTRUCTURING

GUNAVARRO DE ASSIS FELIPE

ABSTRACT

This study is to explore the area of health and safety of the worker, among the many changes in the labor world, imposed by this new pattern of capital accumulation. Where casualization is strengthened by an unlimited flexibility, bringing numerous impacts to the worker. From these points, as a way to subsidize a critical reflection are presented elements of the conditions imposed on workers' health, which is highlighted the indicators on accidents and occupational diseases and the consequences of the lack of legal support of most workers. And before this scenario the state sanctions the National Health Policy and Safety, the result of a construction history from workers search for the universalization of rights and better working conditions, including from PNSST, a precedent for the implementation of a Municipal Health Policy and Safety in Rio das Ostras city.

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Gráfico 1: Efetivo próprio da Petrobras (1989 –2000)...33

Gráfico 2: Número de trabalhadores efetivos e terceirizados do Sistema Petrobra.34 Gráfico 3: Acidentes Fatais - Sistema Petrobras...35

Tabela 1: Acidentes Industriais de Grandes Proporções...42

Tabela 2: Acidentes de trabalho registrados (1990 – 2012)...45

Gráfico 4: Acidentes de trabalho (2004 – 2012)...47

Gráfico 5: Acidentes de trajeto (2000 – 2012)...48

Gráfico 6: Óbitos relacionados ao trabalho (2000 – 2012)...49

Tabela 3: Relação de acidentes por região em 2012...49

Gráfico 7: Acidentes por região em 2012...51

Gráfico 8: Doenças do trabalho (2000 – 2012)...52

Quadro1: Exemplos de agentes químicos e outros contaminantes atmosféricos que podem oferecer risco para a saúde dos trabalhadores expostos...53

Quadro 2: Exemplos de formação acidental de agentes químicos...54

Quadro 3: Exemplos de agentes físicos que podem oferecer risco para a saúde dos trabalhadores expostos...55

Quadro 4: Agentes biológicos e as respectivas situações de exposição...55

Imagem 1: Ficha de Notificação de Acidente de Trabalho – NAT...66

Imagem 2: Fluxograma de Acidente de Trabalho...67

Tabela 4: Comparativo de acidentes PMRO (2013 – 2015)...68

Gráfico 9: Comparativo de acidentes PMRO (2013 – 2015)...69

Imagem 3: Cronograma Eleitoral NIPA...71

Imagem 4: Ficha de Inscrição NIPA...72

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS USADAS E RELEVANTES

ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social.

ACGIH – American Conference of Governmental Industrial Hygienists: organização Americana fundada nos anos 30 com o objetivo de auxiliar a educação básica, voltada para o bem-estar do trabalhador, e investir no desenvolvimento e na disseminação do conhecimento técnico para o processo da saúde. www.acgih.org AEPS – Anuário Estatístico da Previdência Social: instrumento de acompanhamento e disseminação de informações sobre segurados e benefícios, arrecadação, acidentes de trabalho, assistência social, previdência complementar e do setor público, entre outras. www.mpas.gov.br

AIDS/SIDA – Síndrome da Imunodeficiência Adquirida.

ANAMT – Associação Nacional de Medicina do Trabalho: criada em 1968 pelo Departamento de Medicina do Trabalho da Associação Paulista de Medicina, a ANANT tem por finalidade congregar todos os médicos que exerçam a Medicina do Trabalho para promover, por meio de publicações, cursos e conferências, a difusão da especialidade, realizando congressos e jornadas. www.anamt.org.br

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária: cabe promover a proteção da saúde da população por intermédio do controle sanitário da produção e da comercialização de produtos e serviços submetidos à vigilância sanitária, inclusive dos ambientes, dos processos, dos insumos e das tecnologias a eles relacionados.

www.anvisa.gov.br

ASO – Atestado de Saúde Ocupacional: documento emitido pelo médico do trabalho, que se baseia no PCMSO. www.mte.gov.br

CAT – Comunicação de Acidente de Trabalho: notificação obrigatória efetuada, junto ao INSS, com o objetivo de registrar os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais dos trabalhadores regidos pela CLT, havendo ou não afastamento do trabalho. www.mpas.gov.br

CBO – Código Brasileiro de Ocupações, tendo como finalidade de uniformizar os títulos e codificar as ocupações brasileiras, para fins de pesquisa sobre o mercado

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de trabalho e a estrutura ocupacional. www.mte.gov.br

CEREST – Centros de Referências em Saúde do Trabalhador: tem como finalidade a promoção, a proteção e o atendimento à saúde dos trabalhadores, incluem centros, programas, núcleos e serviços no âmbito do SUS.

CIPA – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes: comissão no âmbito das empresas, privadas e públicas, regulamentadas pela CLT, nos artigos 162 a 165.

www.mte.gov.br

CLT – Consolidação das Leis do Trabalho: estatui as normas que regulam as relações individuais e coletivas de trabalho, nelas previstas; aprovada pelo Decreto-Lei n.º 5.452/1943, de 1º de maio de 1943.

www.saude.gov.br/programas/trabalhador/trab.htm

CAGED – Cadastro Geral de Empregados e Desempregados. www.mte.gov.br

CEBES – Centro Brasileiro de Estudos de Saúde. cebes.org.br CNBB – Conferência Nacional dos Bispos do Brasil.

CNS – Conselho Nacional de Saúde.

COSAT/MS – Área Técnica de Saúde do Trabalhador do Ministério da Saúde: vinculada ao Departamento de Ações Programáticas Estratégicas da Secretaria de Políticas de Saúde. É a área responsável pelo subsídio técnico para a formulação de políticas e planos de ação de saúde do trabalhador no âmbito do SUS.

www.saude.gov.br

CTSST – Comissão Tripartite de Saúde e Segurança do Trabalho. www.mte.gov.br CNST – Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador.

CNSTT – Conferência Nacional de Saúde do Trabalhador e da Trabalhadora.

DESAS – Departamento de Saúde e Segurança do Servidor do Município de Rio das Ostras.

DEGEP – Departamento de Gestão de Pessoas do Município de Rio das Ostras. DISAT – Divisão de Saúde e Segurança no Ambiente de Trabalho do Município de Rio das Ostras.

DORT – Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho.

www.saude.gov.br/programas/trabalhador/trab.htm#not8

DRT – Delegacia Regional do Trabalho: órgão do Ministério do Trabalho para execução das atividades relacionadas à segurança e à medicina do trabalho, nos limites de sua jurisdição e fiscalização do cumprimento dos preceitos legais e regulamentares nas áreas de sua alçada. www.mte.gov.br

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EPC – Equipamentos de Proteção Coletiva: todos e quaisquer dispositivos de uso coletivo, destinados a proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores.

www.mte.gov.br

EPI – Equipamentos de Proteção Individual: todos e quaisquer dispositivos de uso individual, destinados a proteger a saúde e a integridade física dos trabalhadores. De acordo com a NR-6: torna-se obrigatória a toda empresa o fornecimento gratuito, aos empregados, de EPI em perfeito estado de conservação e funcionamento e adequados aos riscos profissionais. www.mte.gov.br

FAT – Fundo de Amparo ao Trabalhador: é um fundo especial, de natureza contábil-financeira, vinculado ao Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), destinado ao custeio do Programa do Seguro-Desemprego, do Abono Salarial e ao financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico. www.mte.gov.br/fundo-de-amparo-ao-trabalhador

FUNDACENTRO – Fundação Jorge Duprat Figueiredo de Segurança e Medicinado Trabalho: vinculada ao MTE, atua no desenvolvimento de pesquisas em saúde e segurança do trabalho, na difusão do conhecimento entre outros.

www.fundacentro.gov.br

FUP – Federação Única dos Petroleiros. www.fup.org.br

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística: principal provedor de dados e informações do país, por meio da produção e da análise de informações estatísticas e da produção e da analise de informações geográficas, entre outras.

www.ibge.gov.br

INSS – Instituto Nacional de Seguridade Social: autarquia federal, vinculada ao Ministério da Previdência e Assistência Social, tem por finalidade promover a arrecadação, a fiscalização e a cobrança das contribuições sociais, gerir os recursos do Fundo de Previdência e Assistência Social (FPAS) e conceder a manter os benefícios previdenciários no país. www.mpas.gov.br

LER – Lesões por Esforços Repetitivos.

www.saude.gov.br/programas/trabalhador/trab.htm LOS – Lei Orgânica da Saúde. www.saúde.gov.br

MTE – Ministério do Trabalho e Emprego (antigo MTb – Ministério do Trabalho.

www.mte.gov.br

NAT – Notificação de Acidente de Trabalho, instituída pela Lei Municipal nº. 1802/2013, que torna obrigatória o registro de acidentes de trabalho no âmbito do

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funcionalismo público municipal da Prefeitura de Rio das Ostras - RJ.

NIPA – Núcleo Interno de Prevenção de Acidentes, criado pela Lei Municipal nº. 1843/2014 nos moldes da NR 5 – CIPA.

NR – Norma Regulamentadora: nomenclatura utilizada pela Portaria/MTb nº3.214/1978, editada pelo TEM para regulamentar a Lei n.º 6.514/1977, de 22 de dezembro de 1977, que alterou o capítulo V do título II da CLT, relativas à segurança e à medicina do trabalho. www.mte.gov.br

OAB – Ordem dos Advogados do Brasil.

OIT – Organização Internacional do Trabalho: criada em 1919, na ocasião da Conferência da Paz, em Paris, com a finalidade de estabelecer normas e regras internacionais que visam, entre outras questões, à proteção da saúde do trabalhador. E em 1946, tornou-se a primeira agência especializada associada à Organização das Nações Unidas – ONU. www.oit.org

PCMSO – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (NR-7): estabelece a obrigatoriedade da elaboração e implementação, por parte de todos os empregados e instituições que admitam trabalhadores como empregados, com o objetivo de promoção e preservação da saúde dos trabalhadores.

PMRO – Prefeitura Municipal de Rio das Ostras.

PEA – População Economicamente Ativa: índice de pesquisa estatística do IBGE.

www.ibge.gov.br

PDVs – Plano de Demissões Voluntárias.

PIAT – Programa Integrado de Assistência ao Acidentado do Trabalho: estabelecido pela Portaria Interministerial/MPAS/MS n.º 11/1995, de 4 de julho de 1995.

www.mpas.gov.br

PIB – Produto Interno Bruto: refere-se ao valor agregado de todos os bens e serviços finais produzidos dentro do território econômico de um país, independentemente da nacionalidade das unidades produtoras dos mesmos. É medido a preços de mercado. www.ipea.gov.br

PNAD – Programa Nacional de Pesquisas Continuadas por Amostras de Domicílios: sistema de pesquisas domiciliares, implantado progressivamente no Brasil, a partir de 1967, pela Fundação IBGE, que objetiva a produção de informações básicas para o estudo do desenvolvimento socioeconômico do país. www.ibge.gov.br

PMSST – Política Municipal de Saúde e Segurança no Trabalho, instituída através da Lei Municipal nº. 1848/2014, em harmonia a Política Nacional de Saúde e

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Segurança do Trabalhador.

PNSST – Política Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador: tem por objetivos a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida do trabalhador e a prevenção de acidentes e de danos à saúde advindos, relacionados ao trabalho ou que ocorram no curso dele, por meio da eliminação ou redução dos riscos nos ambientes de trabalho. www.mte.gov.br

PPRA – Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (NR-9): estabelece a obrigatoriedade da elaboração e da implementação, por parte de todos os empregadores e instituições que admitam trabalhadores como empregados, visando à preservação da saúde e da integridade dos trabalhadores, por meio de antecipação, do reconhecimento, da avaliação e do consequente controle da ocorrência de riscos ambientais.

SBPC – Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.

SAT – Seguro Acidente de Trabalho do Ministério da Previdência e Assistência Social: contribuição empresarial para cobertura dos benefícios concedidos em razão do grau de incidência da incapacidade laborativa do trabalhador, decorrente dos riscos ambientais do trabalho; possui alíquota variável em função do grau de risco dos ambientes de trabalho (leve, médio ou grave), conforme tabela constante do Anexo 5 do Decreto n.º 5 do Decreto n.º3.048/1999, de maio de 1999.

www.mpas.gov.br

SESMT – Serviço Especializado em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho (NR-4): estabelece que todas as empresas públicas e privadas e públicas, que possuam empregados regidos pela CLT, deverão manter, obrigatoriamente com a finalidade de promover a saúde e proteger a integridade do trabalhador no local de trabalho. www.mte.gov.br

SINAN – Sistema de Informações de Agravos de Notificação. www.funasa.gov.br SIPAT – Semana Interna de Prevenção de Acidentes: dentre as atribuições da CIPA, cabe a ela promover, anualmente, em conjunto com o SESMT, a SIPAT, que serve como forma de conscientização dos trabalhadores, para as atividades preventivas contra os acidentes de trabalho. www.mte.gov.br

SUS – Sistema Único de Saúde: Instituído pela Constituição Federal e 1988, constitui o conjunto de ações e serviços de saúde restados por órgãos e instituições públicas do país. A ele compete, entre outras atribuições, executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;

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colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendendo o ambiente de trabalho; e participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico (art. 198, caput, e art. 200, incisos, II, IV e VIII, da Constituição da República Federativa do Brasil, promulgada em 5 de outubro de 1988)

www.saude.gov.br

VISAT – Vigilância em Saúde do Trabalhador: constitui o conjunto de práticas sanitárias centradas na relação da saúde com o ambiente e os processos de trabalho, e nesta com a assistência, observados os princípios da vigilância em saúde, para a melhoria das condições de vida e saúde da população, entre outras atribuições. www.anvisa.gov.br

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SUMÁRIO INTRODUÇÃO

CAPÍTULO 1

O PANORAMA DO TRABALHO E A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA

1.1 O trabalho e suas dimensões...21

1.2 Reorganizações do Capital...25

1.3 A política neoliberal...29

1.4 A precarização do trabalho terceirizado: o exemplo da Indústria Petrolífera...32

CAPÍTULO 2 ASPECTOS DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR NO BRASIL 2.1 Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador...37

2.2 Acidentes de trabalho no Brasil: qual é o tamanho do problema?...43

2.3 O adoecimento no trabalho...51

CAPÍTULO 3 POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR 3.1 Contextualizações da Política Nacional de Saúde e Segurança do Trabalho...58

3.2 A implantação da Política Municipal de Saúde e Segurança no Município de Rio das Ostras-RJ...64

CONSIDERAÇÕES FINAIS...73

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...28

ANEXOS ANEXO I: CRONOLOGIA DE NORMAS E INSTRUMENTOS LEGAIS RELATIVOS À SEGURANÇA E SAÚDE DO TRABALHADOR NO BRASIL...82

ANEXO II: CONJUNTO DE ESTRATÉGIAS LEGAIS DA POLÍTICA MUNICIPAL DE SAÚDE E SEGURANÇA NO MUNICÍPIO DE RIO DAS OSTRAS-RJ...86

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INTRODUÇÃO

Em um cenário em que a produção está cada vez mais desenvolvida organizacionalmente e apresenta o que há de melhor no seu processo de evolução tecnológica questionamos o porquê das tendências contemporâneas não se reverterem em melhores condições de trabalho para o/a trabalhador/a1?

Esta resposta como tantas outras estão intrínsecas no modo de produção capitalista na medida em que para lucrar cada vez mais não importa que se ponha em risco a vida dos trabalhadores.

A subjetividade é tamanha do ethos burguês que chega a criar ilusões como: “hoje às coisas são bem melhores”, “existem outros empregos ainda piores do que o seu”, “se não quer trabalhar, tem outros tantos que querem”, e assim por diante. Não obstante, essas ideias são variáveis de outras que provavelmente já ouvimos ou até mesmo reproduzimos em algum momento.

Estes exemplos nos dão a certeza do tamanho do aprisionamento de uma alienação imposta pelo modo de produção vigente. Consequentemente, não resta alternativa se não vender a força de trabalho contraditoriamente para a manutenção do mesmo sistema que impõe essas condições avessas do salutar.

O propósito que inspira este trabalho de conclusão de curso, certamente não se finda neste breve e limitado estudo sobre a saúde e segurança do trabalhador na contemporaneidade. Ao contrário, iniciamos com o desafio de um estudo que deve ser constante, pois os processos sociais estão em permanente transformação e reformulação. Servindo como aporte de uma base profissional “que reforce e amplie a sua competência crítica; não só executivo, mas que pensa, analisa, pesquisa e decifra a realidade.” (Iamamoto, 2011, p.49) na busca da emancipação humana que na estrutura da sociedade capitalista tem uma contradição fundante 2.

Nos preocupa como outro pilar deste estudo a resposta oferecida pelo Estado ao capital. Não podemos esquecer que também são verdadeiras as conquistas de enumeras lutas da classe trabalhadora, dentro do processo histórico, que interferem na condução estatal. Aqui em questão a: Política Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador – PNSST, instituído pelo DECRETO nº 7.602, de 07 de

1

Daqui em diante, remeterei aos membros do gênero humano “trabalhador/trabalhada”, constituído necessária e concretamente por homens e mulheres.

2 Como analisa Barroco: “a sociedade moderna efetua o maior desenvolvimento das forças produtivas e das capacidades humano-genéricas e, simultaneamente, produz o maior grau de alienação” (Barroco, 2010, p. 35)

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novembro de 2011 que tem como tentativa promover uma política com interface entre as instituições governamentais responsáveis diretamente ao cuidado do trabalhador e instituir mecanismos intersetoriais entre os Ministérios do Trabalho e Emprego, Saúde e Previdência Social.

A PNSST3 não foge a regra de todo projeto neoliberal, principalmente no que diz respeito aos direitos sociais, pois suas ações não são universais e estão subordinados “à lógica orçamentária, a política social à política econômica, em especial às dotações orçamentárias” (Iamamoto, 2011, p.149), e ainda sobre esta perspectiva Behring, complementa:

(...) os Estados nacionais restringem-se a: cobrir o custo de algumas infra-estruturas (sobre as quais não há interesse de investimento privado), aplicar incentivos fiscais, garantir escoamentos suficientes e institucionalizar processos de liberalização e desregulamentação, em nome da competitividade. Nesse sentido último, são decisivas as liberalizações, desregulamentações e flexibilidades no âmbito das relações de trabalho – diminuição da parte de salários, segmentação do mercado de trabalho e diminuição das contribuições sociais para a seguridade (BEHRING, 2008, p.59).

Com isso, o Estado submetido aos interesses econômicos do capital está diante de um “trabalhador” cada vez mais adoecido que encontra dificuldades em incorporar estratégias para reivindicar melhores condições de trabalho.

O Serviço Social não está alheio à realidade social e articula suas respostas perante as demandas dos projetos societários que deve vir de encontro a qualquer forma de exploração do trabalho, de gênero, de etnia, sexual e da liberdade, ainda que a:

(...) profissão inscrita na divisão social do trabalho, situa-se no processo da reprodução das relações sociais, fundamentalmente como uma atividade auxiliar e subsidiária no exercício do controle social e na difusão da ideologia da classe dominante junto a classe trabalhadora (IAMAMOTO e CARVALHO, 2005, p. 94)

Assim, este trabalho acadêmico que se apresenta sob o título: “A Política Nacional de Saúde e Segurança do trabalhador em meio à reestruturação produtiva”, além finalizar uma etapa da formação profissional como Bacharel em Serviço Social pela Universidade Federal Fluminense (UFF), consiste principalmente em um compromisso pessoal entre, a saúde, a segurança e o trabalhador.

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E para construção deste objeto fizemos uma breve aproximação no primeiro capítulo da categoria trabalho e sua relação na produção social, essencialmente histórica:

Para produzir e reproduzir os meios de vida e de produção, os homens estabelecem determinados vínculos e relações mútuas, dentro e por intermédio dos quais exercem uma ação transformadora da natureza, ou seja, realizam a produção (...). A relação entre os homens na produção e na troca de suas atividades varia de acordo com o nível de desenvolvimento dos meios de produção. Tais relações se estabelecem, portanto, em condições históricas determinadas, nas quais os elementos da produção articulam-se de forma específica. (IAMAMOTO E CARVALHO, 2005, p. 29).

Os autores que utilizamos como referências para retratar a produção social e, em específico, a reestruturação produtiva são: Marx (2008), Netto e Braz (2007), Sant’ana (2010), Iamamoto (2011), Iamamoto e Carvalho (2005), Vázquez (2011) e Antunes (2003). Ao concluir este capítulo, apresentamos um exemplo concreto da precarização que afeta direta e indiretamente a classe trabalhadora – o fenômeno da à terceirização. Neste caso em especial a indústria petrolífera, tendo como base as referências de Figueiredo (2012) e Antunes (2013).

Para atender o propósito do segundo capitulo foi necessário à construção introdutória dos acontecimentos históricos ligados a saúde e segurança do trabalhador e suas transformações, que vão desde a medicina do trabalho, passando pela saúde ocupacional até chegar à saúde do trabalhador. Nossas referências, além dos citados anteriormente, foram: Mendes e Dias (1991), Moraes (2009) e Navarro e Lourenço (2013). Outro ponto importante neste capítulo foi apresentar a situação de adoecimento do trabalhador brasileiro. Para demonstrar este panorama apresentamos os índices de acidente de trabalho no Brasil. Tendo como base de dados o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2013) e o Anuário Estatístico da Previdência Social (2013).

Já no terceiro capitulo apresentamos os fundamentos da Politica Nacional de Saúde e Segurança do Trabalhador e sua contextualização entre os Ministérios do Trabalho, Saúde e Previdência Social. A PNSST é um avanço com relação aos direitos dos trabalhadores, porém para sua efetivação é necessário romper com inúmeros desafios, equivalentes aos da Seguridade Social. Finalizamos com um conjunto de ações e estratégias como tentativa de implementação de uma Politica Municipal de Saúde e Segurança no município de Rio das Ostras.

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CAPÍTULO 1 - O PANORAMA DO TRABALHO E A REESTRUTURAÇÃO PRODUTIVA.

“o trabalho útil, é indispensável à existência do homem – quaisquer que sejam as formas da sociedade –,

é necessidade natural e eterna de efetivar o intercâmbio material entre o homem e a natureza e, portanto, de manter a vida humana” Karl Marx. 1.1 O trabalho e suas dimensões

O tema trabalho sempre teve sentidos controversos ao longo de toda a história e permanece até os dias atuais. Ao analisarmos a própria etimologia da palavra “trabalho” quando buscada em sua origem do vocábulo em latim, tripaliu, onde se deriva de um instrumento de tortura formado por três paus, assim “trabalhar” remete ao significado de ser torturado. Também ao citar uma das passagens bíblicas mais conhecidas sobre o pecado original, Deus priva o homem do paraíso impondo-o o trabalho como castigo:

(...) comeste do fruto da árvore que eu havia proibido comer, maldita seja a terra por tua causa. Tirarás dela com trabalhos penosos o teu sustento todos os dias de tua vida. Comerás a teu pão com o suor do teu rosto (GÊNESIS 3.17,19).

Nestes exemplos citados é claro observar que não são positivas as interpretações da relação do homem com o seu trabalho e nestas variações, desde a analogia como forma de tortura aos escravos, há um método doutrinário Judaico/Cristão. Logo são resultados de algo imposto por alguém ou grupo “dominante” como método de manutenção deste “poder” em meio a uma disputa. Este choque de forças entre dominador e dominado sempre existiu entre as classes e persiste:

Homem livre e escravo, patrício e plebeu, senhor e servo, mestre e oficial, em suma, opressores e oprimidos sempre estiveram em constante oposição: empenhados em uma luta sem trégua, ora velada, ora aberta, luta que a cada etapa conduziu a uma transformação revolucionária de toda a sociedade ou ao aniquilamento das duas classes em confronto. (MARX e ENGELS, 2010, p. 23).

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apresenta-o como um “duplo caráter”. O primeiro, trabalho útil, concreto, em sua essência ocupando um papel central por se tratar da base da produção material responsável nas transformações da natureza em objetos e ao mesmo tempo modificando sua própria natureza4 no exercício de suprir suas necessidades e na manutenção da “reprodução da vida social” (Netto e Braz, 2007, p. 54). E durante este processo de transformação da natureza pelo homem existem meios e formas para que o trabalho seja realizado, onde:

(...) o sujeito deve fazer escolhas entre alternativas concretas; tais escolhas não se devem a pulsões naturais, mas a avaliações que envolvem elementos (útil, inútil, bom, mau, etc.) pertinentes à obtenção dos resultados do trabalho (NETTO e BRAZ, 2007, p. 33).

O processo de intervenção do homem na natureza se diferencia dos outros animais que também suprem suas necessidades, porém esta, de forma imediata e instintiva, enquanto “O homem, portanto, não tem apenas necessidades, mas é o ser que inventa ou cria suas próprias necessidades” (Vázquez, 2011, p. 130), esta ação “criativa” está pautada em sua atividade teleológica5

, sendo ela planejada, controlada ao prever seu resultado (aquilo que vai produzir) antes mesmo de ser executado. Exemplificamos na conhecida citação de Karl Marx:

Uma aranha executa operações semelhantes às do tecelão, e a abelha supera mais de um arquiteto ao construir sua colmeia. Mas o que distingue o pior arquiteto da melhor abelha é que ele figura na mente sua construção antes de transformá-la em realidade. Ele não transforma apenas o material sobre o qual opera; ele imprime ao material o projeto que tinha conscientemente em mira (MARX, 2008, p. 212).

Portanto, através do trabalho concreto ou útil: “O ser se torna “humano” pelo trabalho, isto é, ganha a singularidade que o diferencia da natureza sem que se separe dela, uma vez que só pode agir sobre a natureza como uma força natural” (Sant’ana, 2010, p.65). Assim neste contexto, o trabalho se torna emancipatório ao

4

Ver mais sobre em: (Marx, 2008, p. 64)

5

Ver, a esse respeito também em Iamamoto, 2011, p.349: “A dimensão teleológica é a capacidade do homem de projetar antecipadamente na sua imaginação o resultado a ser alcançado pelo trabalho, de modo que, ao realizá-lo, não apenas provoca uma mudança de forma da matéria natural, mas nele realiza seus próprios fins”.

(24)

homem, que se diferencia da natureza em relação às ações dos animais – instintivas - mediata ou mecanicamente realizadas. Não é atividade teleologicamente elaborada, social. Outra mediação caracterizada pelo trabalho do homem “é o uso e a criação de meios de trabalho, que se interpõem entre o homem e o objeto, e servem de veículo da ação conforme objetivos antecipados” (Iamamoto, 2011, p.350). E ainda:

Para produzir e reproduzir os meios de vida e de produção, os homens estabelecem determinados vínculos e relações mútuas, dentro e por intermédio dos quais exercem uma ação transformadora da natureza, ou seja, realizam a produção (IAMAMOTO e CARVALHO, 2005, p.30).

Todo o processo de trabalho é composto pela atividade adequada a um determinado fim (que é o próprio trabalho), onde a matéria-prima (matéria que aplica o trabalho) vai ser transformada por intermédio de meios de trabalho em um produto que é fruto deste trabalho (mercadoria),

Acerca dos conceitos acima, sobre processo de trabalho, Marx esclarece:

(...) em seus elementos simples e abstratos, é atividade dirigida com o fim de criar valores-de-uso, de apropriar os elementos naturais às necessidades humanas; é condição necessária do intercambio material entre o homem e a natureza; é condição natural eterna da vida humana, sem depender, portanto, de qualquer forma dessa vida, sendo antes comum a todas as suas formas sociais (MARX, 2008, p. 218).

E sobre a mercadoria:

A mercadoria é, antes de mais nada, um objeto externo, uma coisa que, por suas propriedades, satisfaz necessidades humanas, seja qual for a natureza, a origem delas, provenham do estômago ou da fantasia. Não importa a maneira como a cais satisfaz a necessidade humana, se diretamente, como meio de subsistência, objeto de consumo, ou indiretamente, como meio de produção (MARX, 2008, p. 57).

Netto e Braz se referenciam também em Marx para retratar esta ação do homem sobre a natureza como criação de bens que possuem “valores de uso” e que vão descrever a categoria trabalho como base da atividade econômica por ela ser responsável pelo “processo que envolve a produção e a distribuição dos bens que satisfazem as necessidades individuais e coletivas dos membros de uma sociedade”

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(Netto e Braz, 2007, p. 29).

Caminhamos então para a segunda dimensão deste “duplo caráter” do trabalho, onde agora seu referencial está pautado na efetivação pelas quais o trabalho é realizado: “O que distingue as diferentes épocas econômicas não é o que se faz, mas como, com que meios de trabalho se faz” (Marx, 2008, p. 214).

Nesse sentido, Iamamoto e Carvalho (2005, p. 30) enfatizam que:

A relação entre os homens e a produção e na troca de suas atividades varia de acordo com o nível de desenvolvimento dos meios de produção. Tais relações se estabelecem, portanto, em condições históricas determinadas, nas quais os elementos da produção articulam-se de forma específica. Assim sendo, a produção

social é essencialmente histórica (IAMAMOTO e CARVALHO, 2005,

p.30).

O capitalista rompe com esta relação entre trabalhador e aquilo que ele produz. Diferente do “trabalho concreto” em que o trabalhador é responsável pela execução/produção do seu trabalho, aqui a mercadoria não o pertence, com isso o trabalho se torna apenas “uma mercadoria” dentro de um processo de consumo da força de trabalho. Desta forma “o produto é propriedade do capitalista, não do produtor imediato, o trabalhador” (Marx, 2008, p. 218). Ao explorar a força de trabalho a burguesia compra o trabalho do trabalhador por um determinado salário, e dentro desta perspectiva Netto e Braz, concluem:

E é justamente aí que se encontra o segredo da produção capitalista:

o capitalista paga ao trabalhador o equivalente ao valor de troca da sua força de trabalho e não o valor criado por ela na sua utilização(uso) – este ultimo bem maior que o primeiro. grifo do autor (NETTO e BRAZ, 2007, p. 100).

Nesta nova configuração, o trabalhador está “fora” do processo de produção e ele não mais se reconhece naquilo que produz. Por isso Marx denomina esta forma de trabalho como uma atividade alienada6 por romper principalmente esta relação entre sujeito do trabalho e aquilo que foi fruto deste.

6

A alienação para o capital “tem lugar no processo real, efetivo, da produção material. A alienação do trabalhador sobre seu produto, por sua vez é considerada por Marx em outras formas (no ato da produção e com respeito à natureza, a sua vida genérica e a outros homens). Finalmente, Marx fala também de uma forma peculiar de alienação que tem como sujeito não mais o operário, mais sim, o não operário, isto é, o homem que sem participar diretamente do processo de produção se apropria do produto do operário.” (Vázquez, 2011, p.125)

(26)

Porém, a vida dos homens não se esgota com o trabalho, mas sim é a partir dele que são criadas novas necessidades que por sua vez estabelecem novas relações que complexificam a estrutura do ser social. Criando novas intenções da práxis em suas dimensões da consciência social (cultura, arte, ética, religião, ciências entre outros) que não se findam com o trabalho, mas o superam. E nesse sentido, Iamamoto conclui sobre o trabalho:

Trabalho que, sendo o selo distintivo da humanidade dos indivíduos sociais na construção de respostas às necessidades humanas, é portador de projetos a realizar, transformando simultaneamente o sujeito e a realidade (IAMAMOTO, 2011, p.41).

1.2 Reorganização do Capital

Com o processo de reorganização do capital, além de suas transformações diretas no mundo da produção e trabalho. Esta nova configuração, é marcada pela introdução de método é pautado na flexibilização da produção e de suas relações, tendo com objetivo de aumento da produtividade e corte de custos.

Ao inaugurar esta que seria uma nova fase do capital, através da introdução

de experiências bem sucedidas do modelo de produção japonês toyotista. E que Antunes descreve suas quatro fases, como sendo responsáveis pela sua consolidação:

Primeira: introdução, na indústria automobilística japonesa, da

experiência do ramo têxtil, dada especialmente pela necessidade de o trabalhador operar simultaneamente com várias máquinas.

Segunda: a necessidade de a empresa responder à crise financeira,

aumentando a produção sem aumentar o número de trabalhadores.

Terceira: a importação de técnicas de gestão de supermercados dos

EUA, que deram origem ao Kanban. Segundo os termos atribuídos a Toyoda, presidente fundador da Toyota, “o ideal seria produzir somente o necessário e fazê-lo no melhor tempo”, baseando-se no modelo dos supermercados, de reposição dos produtos somente depois da sua venda. Segundo Coriat, o método Kanban já existia desde 1962, de modo generalizado, nas partes essenciais da Toyota, embora o toyotismo, como modelo mais geral, tenha sua origem a partir do pós-guerra. Quarta fase: a expansão do método Kanban para as empresas subcontratadas e fornecedoras (ANTUNES, 2003, p.32).

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produção tradicionais, mas trouxe um novo método e alternativas de produção para suprimir e/ou conciliar com os já conhecidos: fordismo (produção em massa) e taylorismo (produção cronometrada), assim este modo de produção flexível se caracteriza pela busca de três elementos principais:

Primeira: é voltado para o crescimento; segunda: entre o crescimento em valores reais se apoia na exploração do trabalho vivo no universo da produção e, terceira: o capitalismo tem uma intrínseca dinâmica tecnológica e organizacional (ANTUNES, 2003, p.30).

Com a necessidade da retomada do crescimento, o capital teve como principalmente como estratégia a exploração ao máximo de “trabalho vivo” diante da crescente inovação tecnológica – “trabalho morto”. Veio favorecer diretamente o aumento do exército industrial de reserva ao elevar o desemprego dos trabalhadores acirrando uma disputa entre a classe trabalhadora. Consequentemente, desvia o seu foco das lutas acirrando a luta para manutenção (interna e externa) do emprego e não importando no primeiro momento quais são as condições de trabalho no que se refere saúde e segurança e até mesmo ao salário.

Este novo desenvolvimento do capitalismo ao passar pela transformação econômica financeira mundial, tendo como características a superacumulação e especulação desenfreada, trouxe uma rápida mudança no desenvolvimento desigual, onde estas estratégias foram essenciais para o enfrentamento da crise estrutural do capital e sua manutenção, que vem agravando cada vez mais o abismo entre os responsáveis pela criação e produção de toda riqueza e a minoria que se apropria dela (burguesia).

E com estas novas tendências mundiais criou-se um cenário fértil para uma semente perversa que ao germinar trouxe como fruto a ampliação de um processo de reestruturação do capital pós década de 1970, que nada mais é o reflexo da própria crise estrutural oriunda do capital que busca a recuperação de seu ciclo de expansão e para a classe trabalhadora não atingiu apenas a “materialidade, mas teve profundas repercussões na sua subjetividade e, no íntimo inter-ralacionamento destes níveis, afetou a sua forma de ser” (ANTUNES, 2003, p.23).

A reestruturação produtiva do capital ao se inserir e permanecer em construção analisada em seu conjunto pode ser apresentado por diversas variações e formas no modo de produção capitalista. Sua principal estratégia à flexibilização de sua gestão organizacional ao implantar novas formas de produção e aprimorar o

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controle dos já conhecidos modelos de produção criados por Ford e Taylor.

O capitalismo ao se reorganizar, altera diretamente a dinâmica das relações sociais, metamorfoseando e transformando o mundo do trabalho. Segundo Antunes, que trouxe consequências à classe trabalhadora com:

(…) elementos distributivos em relação ao trabalho: novas formas vigentes de valorização do valor, ao mesmo tempo que trazem embutidos novos mecanismos geradores de trabalho excedente, precarizam, informalizam e expulsam da produção uma infinitude de trabalhadores que se tornam sobrantes, descartáveis e desempregados (ANTUNES, 2013, p. 14).

Com isso esses múltiplos mecanismos geradores de novas formas de trabalho, a partir da reorganização da produção, transformado os processos de trabalho, estruturas hierárquicas, criando novas funções, implantando uma espécie autocontrole produtivas, resultando em uma alteração da dinâmica das relações sociais.

Netto aponta outros movimentos típicos da base da flexibilização quando:

(...) o capital lança-se a um movimento de desconcentração industrial: promove a desterritorialização da produção – unidades produtivas (completas ou desmembradas) são deslocadas para novos espaços territoriais (especialmente áreas subdesenvolvidas e periféricas), onde a exploração da força de trabalho pode ser mais intensa (seja pelo seu baixo preço, seja pela ausência de legislação protetora do trabalho e de tradições de luta sindical) (NETTO, 2007, p. 216).

E acrescenta sobre a consciência de classe:

(...) o capital empenha-se em quebra a consciência de classe dos trabalhadores: utiliza-se o discurso de que a empresa é a sua “casa” e que eles devem vincular o seu êxito pessoal ao êxito da empresa; não por acaso, os capitalistas já não se referem a eles como “operários” ou “empregados” - agora, são “colaboradores”, “cooperadores”, “associados” etc.” (NETTO, 2007, p. 217).

Com o surgimento de novos processos de trabalho, onde o trabalho em série e em massa é substituído pela polivalência, autocontrole, competitividade e flexibilidades do modelo toyotista, e é tamanha sua flexibilização que não abandona

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definitivamente as múltiplas variações de controle e rigidez do fordismo e taylorismo7 e cria sua própria estratégia de produção, ao se adaptar a qualquer cenário a favor do aumento da produtividade e competitividade interna entre os trabalhadores, que somada dinâmica tecnológica (substituição do trabalho vivo pelo trabalho morto) gerando assim excedentes da forma de trabalho reduzindo os custos através da redução da força de trabalho.

Na prática como esta reformulação imposta pelo capital estrategicamente necessita cada vez menos do trabalho estável, buscando em sua nova lógica a prestação de serviço de formas diversificadas em seu vínculo empregatício, estimulando o trabalho parcial “part-time” e terceirizado sem um vínculo empregatício direto com o trabalho. É claro que estas características são maneiras de desarticular o trabalhador como classe não proporcionando uma identidade como categoria, além ser um caminho propício para a crescente precarização dos trabalhadores se dá em meio às variações que se mesclam entre o fordismo e taylorismo, não criando uma ruptura prática ou conceitual com as relações de exploração da força de trabalho.

O toyotismo traz consigo além da flexibilização da produção ao depender de sua demanda a partir de um número reduzido de trabalhadores, tem com estratégica a possibilidade de pode aumentar sua produção através de horas extras, trabalhadores temporários, cooperativistas e terceirizados (com sua gama de variações), sem um vínculo com novos empregados. Com isso existe um retrocesso nas conquistas histórias da classe trabalhadora pelos direitos sociais e melhores condições de trabalho, já que como a produção, os direitos são também flexibilizados.

1.3 A política neoliberal

7 Breve síntese sobre fordismo e taylorismo: “entendemos o fordismo fundamentalmente como a forma pela qual a indústria e o processo de trabalho consolidaram-se ao longo deste século, cujos elementos constitutivos básicos eram dados pela produção em massa, através da linha de montagem e de produtos mais homogêneos; através do controle dos tempos e movimentos pelo cronômetro taylorista e a da produção em série fordista; pela existência do trabalho parcelar e pela fragmentação das funções; pela separação entre elaboração e

execução no processo de trabalho; pela existência de unidades fabris concentradas e verticalizadas e pela

constituição/consolidação do operário-massa, do trabalhador coletivo fabril, entre outras dimensões. Menos do que um modelo de organização societal, que abrangeria igualmente esferas ampliadas da sociedade, compreendemos o fordismo como o processo de trabalho que, junto com o taylorismo, predominou na grande indústria capitalista ao logo deste século.” (ANTUNES, R. Adeus ao Trabalho? ensaios sobre a nova morfologia do trabalho. São Paulo: Cortez, 2008. p. 25).

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As novas configurações direcionadas pela economia mundial, tendo o seu controle ancorado nas mãos de “grupos industriais transnacionais, resultantes de processos de fusões e aquisições de empresas em um contexto de desregulamentação e liberalização da economia” (Iamamoto, 2011, p.108), solidificaram um novo estágio de recomposição do capital ao redefinir e impor suas ações sobre as soberanias nacionais. Com a presença de corporações transnacionais e organizações multilaterais como o Fundo Monetário Internacional, o Banco Mundial, Organização Mundial do Comércio e organismos vinculados às Organizações das Nações Unidas, são instituições que exercem um poder de persuasão sobre os Estados nacionais e que assumiram um papel principal como porta-voz da classe dominante em escala mundial.

A estrutura da sociedade capitalista veio com isso sofrer as modificações necessárias para garantir sua hegemonia e expandir seu capital. Recorreu estrategicamente à “reforma do Estado” que bem na verdade foi uma “contrarreforma” para todos os trabalhadores por se tratar de desregulamentações do trabalho, operadas pela hegemonia neoliberal8, destinadas à supressão ou redução de direitos e garantias sociais (Netto, 2007, p. 227). Assim, esse processo procurou reverter às reformas desenvolvidas historicamente pela luta da classe trabalhadora, ao redesenhar a “divisão internacional do trabalho, metamorfose no mundo e no espaço da organização sindical, reterritorialização da produção” (Antunes, 2010. p.13) trazendo modificações e consequências através da precarização do trabalho, terceirização, inserção de novas tecnologias, desemprego estrutural entre outros fatores que contribuem para a pobreza e o adoecimento do trabalhador. Mas como bem diz Antunes, o capital tenta até o limite arruinar a classe operária, mas pela sua própria lógica necessita cada vez mais da força de trabalho:

Como o capital pode reduzir muito, mas não pode eliminar completamente o trabalho vivo do processo de criação de mercadorias, sejam elas materiais ou imateriais, ele deve, além de incrementar sem limites o trabalho morto corporificado no

8 Reflexos sobre o capitalismo contemporâneo na sociedade: “projeto neoliberal surgiu como uma terapia para animar o crescimento da economia capitalista, para deter a inflação, obter deflação como condições de recuperação de lucros, fez crescer o desemprego e a desigualdade social. Não consegue atingir os fins econômicos para os quais surgiu, ou seja, alavancar a produção e ampliar as taxas de crescimento econômico, ainda que seja vitorioso no plano político-ideológico. Ora, o capital, ao invés de voltar-se para o setor produtivo, é canalizado para o setor financeiro, favorecendo um crescimento especulativo da economia” (Iamamoto, 2011, p.141).

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maquinário tecnocientífico, aumentar a produtividade do trabalho de modo a intensificar as formas de extração do sobre trabalho (da mais-valia) em tempo cada vez mais reduzido (2005. p. 27).

O cenário histórico do trabalhador brasileiro se formou por elementos coloniais e patrimonialistas. Iamamoto descreve que o “moderno” foi construído por meio do “arcaico” e assim não rompeu de forma radical com o seu passado. Em meio a esta formação a classe trabalhadora não teve uma base sólida, como os sindicatos dos países centrais, tornando um solo fértil para as políticas neoliberais.

(...) mediação do passado, transformado e recriado em novas formas nos processos sociais do presente. A atual inserção do País na divisão internacional do trabalho, como um país de economia dita “emergente” em um mercado mundializado, carrega a história de sua formação social, imprimindo um caráter peculiar à organização da produção (IAMAMOTO, 2011, p.128).

O desmantelamento dos direitos trabalhistas no Brasil teve sua concretude através da política neoliberal a partir dos anos 1990, que compreende um conjunto de medidas, das quais se destaca a privatização das empresas estatais, com o intuito de ampliar a abertura econômica e se enquadrar ao cenário da economia mundial. Ao analisar estas mudanças no universo do trabalho observa-se um conjunto de propostas para estimular o aumento da produtividade e criar uma competitividade entre os trabalhadores, sem levar em conta o acréscimo da sobrecarga de trabalho. Através das privatizações, da terceirização e da subcontratação buscou-se desconstruir a garantia dos direitos sociais:

os novos riscos coexistem ao lado dos velhos, estando concentrado em categorias distintas: a) as novas tecnologias e processos de produção; b)as novas condições de trabalho, com jornadas prolongadas e extenuantes associadas à intensificação e densificação do trabalho; c) as novas formas de contrato de trabalho e a insegurança no emprego – como o trabalho independente e incerto, parcial, temporário, pessoal jurídica (PJ), dentre outras formas de contrato; e d) as exigências emocionais e cobranças elevadas no trabalho. (LOURENÇO E NAVARRO, 2013, p.110).

A modificação é tamanha que o proletariado neste ambiente flexibilizado é “promovido” ironicamente há não ser mais chamado de trabalhador, mas de “colaborador”, comprometendo sua identidade de classe. Como diz Netto:

(32)

Justamente essa metamorfose está na base de conjunto de extraordinárias mudanças que sustentam o “mundo novo” – alterações no proletariado, no conjunto dos assalariados, na reconfiguração da estrutura de classes (...). Importante e decisivo é assinalar que esse mundo resulta da ofensiva do capital sobre o

trabalho e, por isso mesmo, significa uma regressão social quase inimaginável há trinta anos. Grifo do autor. (Netto, 2007, p. 237).

Entre as múltiplas dimensões do ideário flexível do capital, o trabalhador assalariado continua sendo fonte de sua essência. Porém, seu agravante é a substituição do trabalho estável e protegido por um trabalho temporário e subcontratado. Ao alterar a estrutura do mercado de trabalho disseminando “um novo patamar de desemprego estrutural e proliferação do trabalho precário” (Alves, 2011. p. 21) se produz novas formas de exclusão social. Iamamoto descreve esta estratégia do ajustamento estrutural como o objetivo de criar uma polarização da classe trabalhadora:

Por um lado, um grupo central, proporcionalmente restrito, de trabalhadores regulares, com cobertura de seguros e direitos de pensão, dotados de uma força de trabalho de maior especialização e salários relativamente mais elevados. Por outro lado, um amplo grupo periférico, formado de um contingente de trabalhadores temporários e/ou tempo parcial, dotados de habilidades facilmente encontráveis no mercado, sujeitos aos ciclos instáveis da produção e dos mercados. (IAMAMOTO, 2011, p. 119).

1.4 A precarização do trabalho terceirizado – Indústria Petrolífera

A crescente ampliação de trabalhadores terceirizados e/ou subcontratados incentivados pela concepção liberal flexível é uma das principais responsáveis pela precarização do trabalho na contemporaneidade. Aqui ao abordar mesmo que breve o tema, focando a realidade regional da indústria petrolífera veremos como é potencializada a atividade laboral que excede os limites físicos, psíquicos e sociais, por tratar de uma grande variação de riscos intrínsecos a atividade offshore9.

9 Os trabalhadores da indústria do petróleo são submetidos na esfera da legislação brasileira à CLT, à lei 5.811 de 11 de outubro de 1972 – onde regulamentou o “regime de trabalho dos empregados nas atividades de

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(...) os regimes de confinamento e isolamento. Confinamento, porque durante 14 dias seguidos, ao término do turno diário de 12 horas, os trabalhadores não retornam às suas residências, permanecendo na própria plataforma. O local de trabalho passa a ser o local de moradia. Ficam, então, expostos ao risco 24 horas por dia, ao longo de todo o período em que estão embarcados. E isolamento, porque as plataformas estão situadas em alto-mar, dificultando a remoção das pessoas quando há acidentes, distúrbios ou anomalias que demandem um atendimento em terra e, e até mesmo, o abandono do local, na hipótese mais remota de ocorrência de acidentes ampliados (FIGUEIREDO, 2012. p.83).

A Petrobrás em 1995 teve sua principal derrota ao ceder às adequações da política neoliberal quando o Congresso Nacional aprova o fim do monopólio estatal e regulamenta sua flexibilização pela Lei nº 9478 de 1997. Esta desregulamentação quebra o monopólio sobre as atividades da estatal e consequentemente sua abertura para o capital financeiro mundial. A ampliação da capacidade de produção e lucro serviu como estratégia para impulsionar “o uso da terceirização, tendo como uma de suas justificativas o aumento da produtividade da empresa, a fim de torná-la atrativa a investimentos e mais ágil e competitiva” (Figueiredo, 2012. p.117).

A precarização através das terceirizações encontrou um terreno fértil em um cenário de adequação às políticas neoliberais “a Petrobrás reduziu 42,83% de seu quadro na década de 1990” (Antunes, 2013. p.142) através de planos de demissões voluntárias (PDV's) e aposentadorias, proporcionais ou não, criando um movimento retrógrado pela não reposição de novos trabalhadores diretos (ver gráfico: 1). Com a produção aumentando, diminuição de efetivos e a necessidade de produzir cada vez mais, a lógica da flexibilização é a contratação de mão de obra mais rentável, “Nesse caso, o espírito do toyotismo incentiva a instabilidade salarial ou a constituição de uma nova precariedade do trabalho que permita, de forma ampla, a contratação de trabalho parcial ou temporário” (Alves, 2011. p. 51). Outro ponto que deve ser observado é a diferença salarial e outros benefícios como: plano de saúde, cursos, treinamento e dias de folga em escalas de plantão.

exploração, perfuração, produção e refinação de petróleo, industrialização do xisto, indústria petroquímica e transporte de petróleo e seus derivados por meio de dutos” (Figueiredo, 2012. p. 82)

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Gráfico 1: Efetivo próprio da Petrobras (1989-2000)

Fonte: Antunes (2013). Elaboração própria.

Entre os prestadores de serviço encontramos em média os trabalhadores menos remunerados, com menor nível de escolaridade, desempenhando as atividades mais desgastantes e de maior risco à saúde e à segurança, mais vulneráveis a acidentes de trabalho como quedas, queimaduras, choque elétrico, incêndios, explosões, queda de materiais, afogamento, radiação e acidente no trajeto para a plataforma. Também comprometendo a saúde mental causando distúrbio de sono e problemas estomacais causados por stress. Dentre os fatores de riscos que estão submetidos os trabalhadores na produção petrolífera offshore confirma Figueiredo:

(...) carga de trabalho excessiva, desenho inadequado de postos de trabalho, ruídos, vibrações, condições extremas de temperatura (frio e calor), ventilação inadequada, ar contaminado, gases, ácidos e vapores tóxicos e inflamáveis, além de outros produtos químicos com efeitos potencialmente deletérios para a saúde dos trabalhadores (2012. p. 172).

Consequentemente o aumento dos contratados terceirizados (ver gráfico: 2), expõe aqueles trabalhadores mais vulneráveis como assevera Antunes:

A intensidade e a abrangência da terceirização varia de unidade para unidade, mas em geral são terceirizados os serviços de manutenção, limpeza, projetos e planejamento, vigilância, produção de peças e equipamentos, alimentação, transporte, elaboração de estudos e até a sublocação de áreas em unidades produtivas. (2013, p. 133)

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Gráfico 2: Número de trabalhadores efetivos e terceirizados do Sistema Petrobras

Fonte: Figueiredo (2012). Elaboração adaptada.

As instabilidades no emprego desta nova categoria de empregados imposta pela restruturação do capital favorecem o aumento da “fragmentação da classe trabalhadora para dificultar a soldagem dos vínculos classistas” (Antunes, 2013. p. 135) com o objetivo de desarticular a organização sindical em defesa dos interesses da classe trabalhadora. Assim a falta de representação sindical, ao não construir uma identidade neste universo flexibilizado só favorece a pulverização da organização sindical, tendo aqui um exemplo prático da indústria petrolífera do Norte Fluminense:

(...) representação se dilui entre o Sindipetro-NF, integrante da Federação Única dos Petroleiros (FUP) – de longe o mais organizado e representativo – e aquelas entidades que representam boa parte da força de trabalho ligadas às empresas do setor privado: o Sinditob (Sindicato dos trabalhadores offshore do Brasil), o Sintipicc (Sindicato dos trabalhadores em pintura e construção civil, o Sinthop (Sindicato dos trabalhadores de hotelaria de plataforma) e o Sindicato dos metalúrgicos de Macaé. Nesse sentido, o Sindipetro-NF não pode assumir a representação de trabalhadores embarcados que atuam na pintura, montagem de andaimes, hotelaria etc. (FIGUEIREDO, 2012. p. 101)

(36)

Gráfico 3: Acidentes Fatais - Sistema Petrobrás

Fonte: Figueiredo (2012). Elaboração própria.

No gráfico 3 sobre os acidentes fatais na indústria do petróleo no Brasil apontados por Figueiredo com informações oficiais da Petrobrás observa-se o número de óbito entre os trabalhadores terceirizados em relação aos efetivos. O que agrava é que esta fonte de dados destoa do que é divulgado pela Federação Única dos Petroleiros10 (FUP) que afirma “nos últimos 20 anos, foram 356 óbitos, dos quais 290 com trabalhadores terceirizados. Somente nos primeiros três meses de 2015, doze petroleiros perderam a vida em acidentes, dez deles eram terceirizados”. A resposta por essa diferença entre os dados oficiais em comparação com as da FUP, o próprio autor nos revela o que seria uma prática quanto a não notificações ou sua descaracterização como acidente de trabalho:

Diversos relatos sinalizam que inúmeros casos de acidentes graves com terceiros não são notificados ou não são devidamente registrados. Nesta segunda hipótese, isso quer dizer que são registrados como doenças e não acidentes, ou então computados com enorme atraso, ou ainda assinalados nas Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) como eventos que não ocasionaram o afastamento do trabalhador das atividades, quando na realidade, em

10

Ver mais em: 28 DE ABRIL: dia mundial em memória das vítimas de acidentes e doenças de trabalho. Federação Única dos Petroleiros, Rio de Janeiro, 28 de abril de 2015. Disponível em:< http://www.fup.org.br/>. Acesso em 25 de fevereiro de 2016.

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função dos agravos sofridos, este é obrigado a se afastar de suas tarefas normais (FIGUEIREDO, 2012, p 153).

Os altos índices de acidentes, doenças, óbitos, substituição de efetivos por trabalhadores terceirizados, com a desregulamentação dos direitos trabalhistas são determinações impostas pelo capital em seu processo de reestruturação produtiva. No próximo capítulo, daremos sequência ao nosso raciocínio relacionando os caminhos trilados até aqui com os impactos na saúde e segurança do trabalhador.

(38)

CAPÍTULO 2 - ASPECTOS DA SAÚDE E SEGURANÇA DO TRABALHADOR NO BRASIL.

2.1 Da medicina do trabalho à saúde do trabalhador

Essa é a segunda aproximação do nosso estudo sobre as condições de saúde e segurança do trabalhador diante de uma nova política pública que ainda encontra inúmeras barreiras a serem superadas. Tem por objetivo explanar os múltiplos cenários históricos do mundo do trabalho e suas consequências para o trabalhador, o qual faz parte integrada de uma função primordial em todo o processo, isto é, não existe sem ele, mesmo que tenha variações dependendo do “estágio de desenvolvimento da produção capitalista” (Iamamoto e Carvalho, 2004, p.126).

O capitalismo sempre buscou durante seus “ciclos” um o aperfeiçoamento constante da forma de absorver aquilo que é produzido pelo trabalhador, tendo como uma das suas estratégias reduzir o máximo possível o investimento em métodos e cuidados quanto à promoção e proteção da saúde, meio ambiente e segurança. Hoje as ações voltadas à saúde e segurança podem ser observadas em dois patamares, sendo o primeiro consequência do cumprimento da legislação trabalhista, fruto de lutas e conquistas alcançadas pela classe trabalhadora. O outro patamar surge como uma forma bem mais elaborada junto às grandes empresas multinacionais ao adotar entre seus métodos o controle cada vez maior da produção por meio de um gerenciamento de riscos ambientais chamados de Sistemas de Gestão em Saúde, Meio Ambiente e Segurança (SMS). Nestes parâmetros os acidentes são tratados como desvios que interferem diretamente no alcance final de mais lucros e prejuízos incalculáveis.

As intervenções prevencionistas junto ao ambiente de trabalho como uma prática profissional ligada a saúde e segurança dos trabalhadores surgiu após a Revolução Industrial, como uma maneira de otimizar a produção enfrentando diretamente o absenteísmo daqueles operários (homens, mulheres e crianças) que direta ou indiretamente afetavam a produção e consequentemente a imagem na empresa. Assim surgiu a medicina do trabalho com o propósito de atuar diretamente nos estudos dos casos de doenças ligadas os processos de trabalho, que ao mesmo tempo ampliaria o controle da gestão junto à classe trabalhadora, pois além da

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