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O CRESCIMENTO DA ATIVIDADE FEMININA NOS ANOS NOVENTA NO BRASIL

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O CRESCIMENTO DA ATIVIDADE FEMININA

NOS ANOS NOVENTA NO BRASIL

Simone Wajnman1 Bernardo Lanza Queiroz2 Vânia Cristina Liberato2

1 INTRODUÇÃO

O objetivo deste trabalho é fornecer elementos adicionais para a identificação do padrão de crescimento da atividade feminina nos anos noventa, já bastante discutido na literatura (ver, por exem-plo, Bruschini, Lombardi, 1996; Bruschini, 1998; Lavinas, Barted, 1996; Wajnman, Perpétuo, 1997). Especificamente, procura-se carac-terizar os principais canais de acesso das mulheres ao mercado de trabalho que permitiram o crescimento (ou a estabilidade, depen-dendo do tipo de informação que se observa) das taxas de atividade feminina no Brasil, concomitante à redução das taxas masculinas, nos primeiros anos da década de noventa. Procura-se, também, qualificar tal crescimento do ponto de vista do possível “processo de precariza-ção” da atividade feminina, sobre o qual a literatura permanece controversa.

Para tanto, o trabalho estrutura-se através de um conjun-to de evidências com abordagens distintas que procuram descrever o mesmo processo. As primeiras informações utilizadas são os dados das PNADs de 1990 e 1995, visando identificar as posições na ocupação, cruzadas com os setores de atividade, que mais absorveram a popula-ção economicamente ativa feminina. Informações adicionais das pró-prias PNADs (incluindo a de 1992) foram também utilizadas na tentativa de inferir o significado destes contingentes. O segundo conjunto de informações refere-se à pesquisa suplementar da PME de abril de 1996 sobre associativismo, representação de interesses e inter-mediação política, educação e emprego que incluiu em seu

questioná-1 Professora do Departamento de Demografia e CEDEPLAR/UFMG. 2 Assistentes de pesquisa do CEDEPLAR/UFMG.

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rio informações retrospectivas sobre a situação ocupacional dos indi-víduos, possibilitando a estimativa de transições entre formas de inserção no mercado de trabalho. Assim, este é um trabalho essencial-mente descritivo que procura apontar evidências provenientes de bases de dados ainda pouco exploradas, com o objetivo de entender melhor a trajetória das mulheres num mercado de trabalho em muta-ção, o que é fundamental tanto para prever tendências prospectivas, quanto para o desenho de políticas de emprego voltadas especificamen-te para o segmento feminino.

2 TENDÊNCIAS DA ATIVIDADE FEMININA NO BRASIL Vários estudos têm procurado documentar a tendência do crescimento da atividade feminina nas últimas décadas, que acontece simultaneamente à estabilização da participação masculina no mer-cado de trabalho (ver, por exemplo, Paiva, 1980; Rios-Neto, Wajnman, 1994, 1998). As evidências mostram que o crescimento da participação feminina foi intenso e generalizado nos anos setenta e oitenta e, apesar das profundas transformações econômicas pelas quais passa o país nos anos noventa, levando ao declínio das taxas masculinas, este processo teve continuidade, embora que em ritmo mais moderado3.

O contínuo crescimento da atividade feminina encontra explicações numa combinação de fatores econômicos, demográficos e culturais que vêm ocorrendo na sociedade brasileira. A procura por trabalho numa conjuntura desfavorável como estratégia de comple-mentação de renda exerce forte influência na decisão das mulheres de ingressar no mercado de trabalho, mas não explicam uma tendência de mais longo prazo (Costa, 1990; Wajnman, Perpétuo, 1997). As profundas transformações nos padrões de comportamento e na atri-buição de valores sociais das mulheres, influenciados pelos movimen-tos feministas dos anos setenta, levaram às alterações na formação da identidade feminina, resultando em uma redefinição dos papéis da mulher de todas as classes sociais, possivelmente, ocasionando uma

3 A taxa refinada de atividade masculina metropolitana, segundo dados da PME, decresceu de 79,8% em 1991, para 76,6% em 1995, enquanto que a taxa feminina manteve-se estabilizada no patamar dos 44%. Os dados da PNAD para o período 1992/96, mostram uma ligeira elevação das taxas femininas.

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elevação na oferta de trabalho deste segmento. Da mesma forma, fatores tais como a industrialização crescente de bens e serviços do lar, desde produtos alimentícios ao cuidado das crianças, teriam propor-cionado maiores possibilidades da mulher se dedicar às atividades produtivas (Costa, 1990). Outros aspectos, como aumento do nível de escolaridade e a queda da taxa de fecundidade, graças à generalização das práticas anticonceptivas, foram de importância crucial nesse pro-cesso, uma vez que mulheres mais instruídas, com mais alto nível sócio-econômico e direcionadas para o mercado passaram a ter, então, um menor número de filhos, tornando-se mais disponíveis para a atividade econômica (Bruschini, Lombardi, 1996).

Do ponto de vista da estruturação do mercado, destaca-se a expansão econômica, a crescente urbanização e o ritmo acelerado da industrialização dos anos setenta, refletindo em um ambiente extre-mamente favorável à entrada de novos trabalhadores, inclusive do sexo feminino. Os anos oitenta, por outro lado, foram marcados por um intenso processo de terciarização da economia, o que possibilitou a expansão de atividades econômicas intimamente relacionadas às mulheres, tais como prestação de serviços, comércio, atividades admi-nistrativas, bancárias, entre outras, impedindo a expulsão das mulhe-res do mercado de trabalho em decorrência das sucessivas crises (Bruschini, Lombardi, 1996). Ademais, identifica-se no crescimento da informalidade do mercado de trabalho a ampliação do espaço para a atividade feminina, dada a notória associação entre o trabalho das mulheres e as formas de inserção menos convencionais, com o que as mudanças no perfil do trabalhador requisitado pelo mercado pode-riam, eventualmente, estar favorecendo a demanda por mulheres.

Quanto à evolução das formas de inserção ocupacional feminina e a qualidade dos postos de trabalho nos quais as mulheres vêm ampliando sua participação, a literatura é bastante controversa, possivelmente porque as evidências empíricas sinalizem com aspectos tanto positivos quanto negativos.

Embora até o final dos anos oitenta, cerca de metade das trabalhadoras ainda estivesse engajada em atividades pouco rentáveis da chamada economia informal, sem proteção da legislação trabalhista ou previdenciária, com atividades realizadas muitas vezes no próprio domicílio ou na rua e em jornadas parciais de trabalho (Abreu, Sorj, 1993; Abreu, Sorj, 1994), também nesses anos, registrou-se o aumento

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nível médio de qualificação, rendimentos relativamente mais compen-sadores e com benefícios trabalhistas. Esse aumento da participação feminina no segmento formal ocorreu graças à expansão do emprego feminino na Administração Pública, no Comércio e em atividades administrativas. Segundo pesquisas realizadas nos últimos anos, as mulheres também estariam conquistando novos espaços na empresa privada e no setor bancário (Bruschini e Lombardi, 1996).

Nesse contexto, o crescimento da

“participação das mulheres no mercado de tra-balho, ao longo dos anos setenta e oitenta, foi marcada tanto pelo aumento significativo do número de trabalhadoras e pela diversificação de espaços ocupados, quanto pela não supera-ção de inúmeros obstáculos, como o acesso a cargos de comando e as diferenças salariais entre os sexos” (Bruschini, Lombardi, 1996, p.486).

Nos anos noventa, por outro lado, as profundas transfor-mações pelas quais passa a economia, com reflexos evidentes no mercado de trabalho, marcam um cenário de crescimento das taxas de desemprego, redução das taxas de atividade sobretudo de jovens e deterioração da qualidade dos postos de trabalho gerados. Desse modo, segundo Lavinas, Barted (1996), no início dos anos noventa, nas áreas urbanas, o sexo feminino está sobre-representado no emprego precá-rio, informal e nas ocupações quase ou não regulamentadas e altamen-te flexíveis, desqualificadas (trabalho doméstico) ou de qualificação não reconhecida porque não remunerada (trabalho familiar). Ou, conforme Posthuma, Lombardi (1997), as áreas que estão abrindo novas oportunidades para o trabalho feminino são, em grande parte, empregos part-time, ou em postos mais precários e menos qualificados,

além de uma presença forte no setor informal, situação que estaria levando à intensificação da carga de trabalho, à redução de salários e à perda da proteção da legislação trabalhista.

Visto sob outro ângulo, o crescimento da participação relativa das mulheres nas posições sem carteira e conta própria pode ser identificado como o resultado da combinação da expansão dos setores de atividade tipicamente informais com a generalização do

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processo de informalização em todos os setores de atividade, atingindo igualmente homens e mulheres. Através da distinção das formas de inserção ocupacional dadas pelas posições na ocupação, é possível mostrar que, embora nos anos noventa estejam crescendo as partici-pações tanto de autônomas quanto de empregadas sem carteira – em detrimento das empregadas com carteira – os determinantes destas duas formas de ocupação têm sido inteiramente distintos, com apenas a segunda forma expressando uma situação de deterioração (Wajn-man, Perpétuo, 1997).

Cabe ainda mencionar que, se a inserção no mercado de trabalho via setor informal pode estar significando mais espaço para a atividade feminina, por outro lado, pode estar acarretando maiores dificuldades de inserção feminina vis-à-vis a masculina. Uma hipótese

é a de que a retração na oferta de empregos no setor formal e no emprego público característica dos anos noventa faz com que os homens procurem novas oportunidades no segmento informal, poden-do, assim, empurrar as trabalhadoras para fora de muitas de suas tradicionais ocupações (Bruschini, Lombardi, 1996).

A análise empírica das duas seções seguintes procura caracterizar o crescimento das formas de ocupação feminina nos anos noventa, incluindo aspectos ausentes nos trabalhos sobre o tema e, com isso, contribui para o esclarecimento de alguns dos pontos discu-tidos nesta breve revisão.

3 DISTRIBUIÇÃO SETORIAL DO CRESCIMENTO DA PEA FEMININA

3.1 Questões metodológicas

Antes de apresentar os resultados empíricos desta seção, é fundamental que sejam feitas algumas considerações de ordem metodológica. Como estamos comparando informações provenientes das PNADs dos anos de 1990 e 1995, é preciso considerar a profunda reformulação introduzida nesta fonte, a partir de 1992. Conforme já fartamente documentado na literatura, (ver, por exemplo, Bruschini, Lombardi, 1996). a chamada “nova PNAD”, ampliou o conceito de

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nais, produzindo dificuldades nas comparações intertemporais. O principal problema é que, mesmo quando se filtra, para os anos a partir de 1992, os ocupados antes não considerados, de forma a reconstituir o conceito anterior da PNAD, como foi feito neste trabalho, há um crescimento das taxas de atividade entre 1990 e 1992, que tem sido interpretado como um resultado não-mensurável, tanto da ampliação do questionário, quanto da mudança da ordem dos quesitos da Pes-quisa (ver, Barros, Mendonça, 1997). Portanto, acredita-se que os resultados aqui apresentados possam superestimar o crescimento da PEA ocorrido no período, sendo que este efeito pode ser particular-mente importante para alguns subgrupos ocupacionais.

O outro problema afetando os resultados discutidos a seguir, refere-se à reorganização, na “nova PNAD” das ocupações domésticas que ganharam uma classificação própria, mais detalhada, e passaram a figurar como uma posição na ocupação, diferentemente dos anos anteriores quando era possível encontrar empregados domés-ticos tanto na posição de empregados quanto de conta própria. Embora seja possível, através dos microdados, construir a posição de domésti-cos com e sem carteira em 1990 segundo os critérios utilizados na “nova PNAD”, supõe-se que o resultado subestime o número de domésticos (sobretudo sem carteira) e superestime o de conta própria na prestação de serviços. Com isso, os resultados apresentados no item seguinte, referentes a estes grupos, podem estar super dimensionados. No entanto, a análise do período 1992-1995, isento de quaisquer modificações metodológicas, confirmam as tendências aqui apresen-tadas.

3.2 Principais formas de absorção no período 1990-1995

Os dados apresentados na Tabela 3.1, que se segue, mos-tram que, em média, a população feminina ocupada em atividades não-agrícolas cresceu, entre 1990 e 1995, 12,30%, enquanto a mascu-lina cresceu bem menos – 4,95%4. Através do corte segundo as posições na ocupação, constata-se, sem nenhuma surpresa, que o emprego com carteira declinou no período, tanto para homens quanto para

mulhe-4 Essas taxas combinam crescimento populacional com comportamento da taxa de ocupação.

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res. Entretanto, as contrapartidas foram bastante distintas: enquanto as ocupações masculinas cresceram fundamentalmente no emprego público e na posição por conta própria, na qual o crescimento feminino foi pequeno, o crescimento das ocupações femininas foi ditado pelo aumento do emprego sem carteira, de funcionárias públicas e das empregadoras. Note-se que a ocupação como empregador declinou para os homens no período, com o que, todo o crescimento dessa posição, compatível com a rápida expansão do número de micro e pequenas empresas no país, deve ser explicado pela ocupação de mulheres.

Para detalhar essa evolução, as Tabelas 3.2 e 3.3 apresen-tam as estrutura setoriais do crescimento das participações feminina e masculina, respectivamente, desagregando os setores de atividade segundo posições na ocupação. Os resultados dessas tabelas devem ser examinados combinando as informações dadas pelas colunas 4 e 5 que apresentam as contribuições à variação absoluta de ocupados nas posições (coluna 3) definida pela variação percentual (coluna 4) e peso relativo da posição (coluna 5). Assim, o objetivo desta seção é analisar mais detidamente os resultados (em destaque nas tabelas) que combi-nam crescimento percentual (efeito taxa) com participação relativa

(efeito composição) significativos.

Tabela 3.1

VARIAÇÃO PROPORCIONAL DA POPULAÇÃO OCUPADA, SEGUNDO POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO PARA HOMENS E MULHERES

1990 E 1995

Variação %

90 / 95 carteiraC/ carteiraS/ própriaConta- Funcionáriopúblico Empre-gador Total

Homens –12,35 18,49 30,94 52,69 –2,97 4,95

Mulheres –10,65 38,14 5,01 83,25 24,02 12,30

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Tabela 3.2

DISTRIBUIÇÃO DAS MULHERES OCUPADAS EM ATIVIDADES NÃO-AGRÍCOLAS,

SEGUNDO SETORES DE ATIVIDADE E POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO 1990-1995

(Continua) Setores e posições 1990(1) 1995(2) AbsolutaVar.

(3) Var. % 1990/1995 (4) % em 1990 (5) Ind. Transformação 2168426 1906300 –262126 –12,09 13,84 Empregado c/ carteira 1641364 1327403 –313961 –19,13 10,47 Empregado s/ carteira 355081 331653 –23428 –6,60 2,27 Conta própria 103235 166727 63492 61,50 0,66 Empregador 68746 80517 11771 17,12 0,44 Comércio Mercadorias 2318894 2698166 379272 16,36 14,80 Empregado c/ carteira 1100651 1100064 –587 –0,05 7,02 Empregado s/ carteira 330926 411302 80376 24,29 2,11 Conta própria 743142 1021217 278075 37,42 4,74 Empregador 144175 165583 21408 14,85 0,92 Prest. de Serviços 5445049 6622512 1177463 21,62 34,74 Empregado c/ carteira 1080140 1386594 306454 28,37 6,89 Doméstico c/ carteira 575204 774330 199126 34,62 3,67 Empregado s/ carteira 2455094 3579453 1124359 45,80 14,80 Doméstico s/ carteira 2132654 3182118 1049464 49,21 12,74 Conta própria 1833927 1553798 –280129 –15,27 12,57 Empregador 75888 102667 26779 35,29 0,48 Fonte: PNADS 1990 E 1995.

Para a PNAD de 1995 foram excluídos os trabalhadores não-remunerados com menos de 15 horas de trabalho semanal, os trabalhadores na construção para uso próprio e os na produção para con-sumo próprio.

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Tabela 3.2

DISTRIBUIÇÃO DAS MULHERES OCUPADAS EM ATIVIDADES NÃO-AGRÍCOLAS,

SEGUNDO SETORES DE ATIVIDADE E POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO 1990 – 1995 (Conclusão) Setores e posições 1990 (1) 1995 (2) Var. Absoluta (3) Var. % 1990/1995 (4) % em 1990 (5) Transp. Comunicação 177585 194044 16459 9,27 1,13 Empregado c/ carteira 157717 155980 –1737 –1,10 1,01 Empregado s/ carteira 15055 27830 12775 84,86 0,10 Conta própria 3531 5620 2089 59,16 0,02 Empregador 1282 4614 3332 259,91 0,01 Atividades Sociais 3363678 3876930 513252 15,26 21,46 Empregado c/ carteira 1871835 1518814 –353021 –18,86 11,94 Empregado s/ carteira 404990 538102 133112 32,87 2,58

Func. Público / Militar 920486 1599594 679108 73,78 5,87

Conta própria 118801 167102 48301 40,66 0,76

Empregador 47566 53318 5752 12,09 0,30

Adm. Pública 868728 959723 90995 10,47 5,54

Empregado c/ carteira 499907 213081 –286826 –57,38 3,19

Empregado s/ carteira 81817 129678 47861 58,50 0,52

Func. Público / Militar 286670 612525 325855 113,67 1,83

Conta própria 334 894 560 167,66 0,00 Empregador 0 3545 3545 – 0,00 Outras Atividades 1329305 1342367 13062 0,98 8,48 Empregado c/ carteira 948376 820515 –127861 –13,48 6,05 Empregado s/ carteira 192583 280967 88384 45,89 1,23 Conta própria 153682 189383 35701 23,23 0,98 Empregador 34664 51502 16838 48,57 0,22 Total 15671665 17600042 1928377 12,3 100,00

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Tabela 3.3

DISTRIBUIÇÃO DOS HOMENS OCUPADOS EM ATIVIDADES NÃO-AGRÍCOLAS,

SEGUNDO SETORES DE ATIVIDADE E POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO

(Continua) Setores e posições 1990(1) 1995 (2) AbsolutaVar.

(3) Var. % 1990/1995 (4) % em 1990 (5) Ind. Transformação 5888520 5476609 –411911 –7,00 23,57 Empregado c/ carteira 4485198 3888309 –596889 –13,31 17,95 Empregado s/ carteira 796053 898359 102306 12,85 3,19 Conta própria 285981 362964 76983 26,92 1,14 Empregador 321288 326977 5689 1,77 1,29 Comércio Mercadorias 4386490 4762394 375904 8,57 17,56 Empregado c/ carteira 1833602 1745181 –88421 –4,82 7,34 Empregado s/ carteira 784242 919303 135061 17,22 3,14 Conta própria 1283371 1620184 336813 26,24 5,14 Empregador 485275 477726 –7549 –1,56 1,94 Prest. de Serviços 3534554 4299410 764856 21,64 14,15 Empregado c/ carteira 1160681 1464776 304095 26,20 4,65 Doméstico c/ carteira 45177 89511 44334 98,13 0,18 Empregado s/ carteira 921952 1076630 154678 16,78 3,68 Doméstico s/ carteira 64833 145149 80316 123,88 0,25 Conta própria 1121634 1455481 333847 29,76 4,50 Empregador 330287 302523 –27764 –8,41 1,32 Fonte: PNADS 1990 e 1995.

Para a PNAD de 1995 foram excluídos os trabalhadores não-remunerados com menos de 15 horas de trabalho semanal, os trabalhadores na construção para uso próprio e os na produção para con-sumo próprio.

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Tabela 3.3

DISTRIBUIÇÃO DOS HOMENS OCUPADOS EM ATIVIDADES NÃO-AGRÍCOLAS,

SEGUNDO SETORES DE ATIVIDADE E POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO

(Conclusão) Setores e posições 1990 (1) 1995 (2) Var. Absoluta (3) Var. % 1990/1995 (4) % em 1990 (5) Transp. Comunicação 1965512 2116458 150946 7,68 7,87 Empregado c/ carteira 1199647 1145671 –53976 –4,5 4,80 Empregado s/ carteira 231181 327688 96507 41,75 0,93 Conta própria 475408 586377 110969 23,34 1,90 Empregador 59276 56722 –2554 –4,31 0,24 Atividades Sociais 1205330 1333900 128570 10,67 4,82 Empregado c/ carteira 707615 534764 –172851 –24,43 2,83 Empregado s/ carteira 211156 247130 35974 17,04 0,85

Func. Público / Militar 151998 386721 234723 154,43 0,61

Conta própria 81152 104159 23007 28,35 0,32

Empregador 53409 61126 7717 14,45 0,21

Adm. Pública 1973784 1983307 9523 0,48 7,90

Empregado c/ carteira 835112 411311 –423801 –50,75 3,34

Empregado s/ carteira 159538 230267 70729 44,33 0,64

Func. Público / Militar 978894 1340014 361120 36,89 3,92

Conta própria 205 345 140 68,29 0,00 Empregador 35 1370 1335 3814,29 0,00 Outras Atividades 6029855 6247938 218083 3,62 24,13 Empregado c/ carteira 2836680 2255590 –581090 –20,48 11,35 Empregado s/ carteira 1276814 1493062 216248 16,94 5,11 Conta própria 1565054 2172424 607370 38,81 6,26 Empregador 351307 326862 –24445 –6,96 1,41 Total 24984045 26220016 1235971 4,95 100,00

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Como considerações mais gerais, observa-se o crescimento absoluto da ocupação feminina e masculina em todos os setores durante o período, com exceção da indústria de transformação que registrou queda de 12,09% e 7,00%, respectivamente. Observe-se, neste setor, o crescimento das ocupações autônomas, sobretudo das mulheres, e do emprego sem carteira para os homens. Essa observação é compatível com a noção de que o crescimento da informalidade tem sido uma combinação da expansão dos setores de atividade tipicamen-te informais com a generalização do processo de informalização mes-mo nos setores típicos em relações formais de trabalho.

Desse modo, o setor de prestação de serviços foi o que registrou o maior crescimento do número de ocupados, para ambos os sexos, seguido do comércio de mercadorias. Em termos percentuais, o crescimento da ocupação no comércio de mercadorias, assim como nas atividades sociais e administração pública, foram mais importantes para as mulheres do que para os homens.

Um fato digno de nota é o que ocorre no setor de prestação de serviços. Tendo mais peso relativo para mulheres do que para homens, este setor cresceu igualmente para ambos os sexos. Contudo, a expansão do emprego neste setor, para as mulheres, deveu-se sobre-tudo ao crescimento das empregadas domésticas e, em menor medida, dada sua pequena participação relativa, das empregadoras. Para os homens, por outro lado, cresceram significativamente as ocupações de empregados com carteira e dos conta própria. O crescimento percen-tual dos domésticos foi também muito grande, mas dado seu peso ínfimo, não resultou em crescimento significativo do número absoluto de ocupados. Esses dados sugerem que um espaço considerado típico reduto feminino – ocupações autônomas na prestação de serviços – vem abrindo lugar para os homens, que possivelmente expulsos dos empregos formais na indústria, cada vez mais procuram esse setor.

O que é também interessante observar é que a forte redução de mulheres como conta própria na prestação de serviços compensou quase que inteiramente os expressivos crescimentos per-centuais de mulheres como conta própria em todos os outros setores, resultando em apenas 5,01% de crescimento médio dessa posição na ocupação, conforme se observou na Tabela 3.15

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Mas o que é mais relevante para os propósitos deste trabalho é apontar as situações ocupacionais específicas que permiti-ram o crescimento da atividade feminina em conjuntura desfavorável à criação de empregos. Assim, a primeira situação de destaque (segun-do a ordem da tabela) é a de conta própria no comércio de mercadorias,

cujo crescimento deveu-se, sobretudo, ao aumento de comércio ambu-lante de cosméticos, gêneros alimentícios e outros produtos. Essa expansão tem tido grande visibilidade, tendo sido objeto de inúmeras reportagens veiculadas pela imprensa. A percepção comum é de que essas atividades estão deixando de ser apenas estratégias de comple-mentação de renda para se constituir em trabalho principal, na maio-ria das vezes gerando rentabilidade maior do que de um emprego formal. Outra vantagem vista nesse tipo de atividade são os baixíssi-mos requerimentos em qualificação, abrindo espaço tanto para a terceira idade, como para as mulheres muito jovens.

O outro destaque são as posições de domésticas com e sem carteira da prestação de serviços. Respondendo por 64,75% do total da

ampliação dos empregos femininos (1248590 novos ocupados),6 esta categoria é dominada pela ausência de vínculos formais, já que, em 1990, 78,8% das domésticas não tinham carteira de trabalho. Como o crescimento relativo das sem carteira foi maior do que o das com carteira, em 1995 vê-se ampliada a parcela informal da categoria, passando a representar 80,4% do total das domésticas.

Dada a importância deste segmento, que gerou o maior número de ocupações femininas entre 1990/1995, incorpora-se à aná-lise dados específicos sobre o emprego doméstico contidos nas PNADs de 1992 e de 1995, a fim de detalhar melhor o crescimento da ocupação, ainda que num período de tempo mais curto7. Assim, dos dados da Tabela 3.4, depreende-se que a importância relativa das domésticas com trabalho em mais de um domicílio no mês é bem pequena frente às que trabalham em apenas um domicílio. Entretanto, o maior crescimento verificado no período refere-se às domésticas trabalhando em mais de um domicílio, fortemente representadas pelas sem carteira (diaristas). Note-se que, sendo uma doméstica com emprego em mais

6 Aqui, novamente, é bem possível que este número esteja sobrestimado.

7 As informações detalhadas sobre o emprego doméstico só foram incluídas na “nova PNAD”, a partir de 1992, o que impediu que a análise se fizesse para o período 1990/95.

(14)

de um domicílio, a chance de não ter carteira de trabalho assinada é bem maior do que para aquelas com domicílio fixo (o número de sem carteira entre as domésticas trabalhando em múltiplos domicílios era, em 1992, cerca de 12 vezes maior do que as com carteira; entre aquelas trabalhando num único domicílio, essa relação cai para menos de 4 vezes). Isso pela própria natureza da ocupação que implica em vínculos menos estreitos, já que podem ser vários os empregadores.

Complementando essa análise, a Tabela 3.5 apresenta a evolução dos rendimentos médios padronizados por horas trabalhadas das domésticas trabalhando segundo os regimes listados na tabela anterior. O que se verifica, em primeiro lugar, é que a pior situação, do ponto de vista dos rendimentos é exatamente aquela que mais prevalece em termos de ocupação: empregadas domésticas sem cartei-ra tcartei-rabalhando num único domicílio. Em 1992, elas representavam 65,76% das domésticas e percebiam um rendimento que era, em média, a metade dos demais. Por outro lado, este tipo de inserção foi

Tabela 3.4

EVOLUÇÃO DAS OCUPAÇÕES FEMININAS NO SERVIÇO DOMÉSTICO 1992-1995 Trabalha em mais de 1 dom. 1992 1995 Var. % 1992-1995 Total % Total % Sim Com carteira 46973 1,39 62063 1,57 32,12 Sem carteira 544804 16,14 668801 16,91 22,76 Não Com carteira 564073 16,71 712267 18,01 26,27 Sem carteira 2219711 65,76 2512238 63,51 13,18 TOTAL 3375561 100,00 3955369 100,00 17,18 Fonte: PNADs 1992 e 1996.

(15)

o que menos cresceu no período, sendo que o que mais cresceu foi justamente o das domésticas trabalhando em mais de um domicílio, para as quais observou-se a maior elevação de rendimentos. Observe-se que, em 1995, o maior rendimento médio padronizado por horas trabalhadas é, de longe, o das domésticas sem carteira trabalhando em mais de um domicílio (1,31).

Evidentemente, nenhuma dessas constatações muda o fato de que as ocupações domésticas representam uma forma de inserção desqualificada, com um dos mais baixos salários da estrutura ocupacional feminina e, na maior parte dos casos, sem proteção legal. No entanto, no cenário de forte retração do emprego dos anos noventa, esta foi a categoria que mais absorveu mulheres no mercado de trabalho e seu desempenho sugere boa dose de cautela nas argumen-tações usuais de que estaria significando a clara precarização da atividade feminina.

Tabela 3.5

RENDIMENTOS MÉDIOS DAS DOMÉSTICAS PADRONIZADOS POR HORAS TRABALHADAS

1992/1995

Trabalha em mais de 1 dom 1992 1995 Var. % 1992-1995

Sim Com carteira 0,84 0,96 14,29 Sem carteira 0,85 1,31 54,12 Não Com carteira 0,81 0,82 1,23 Sem carteira 0,44 0,56 27,27 Total 0,56 0,72 28,57 Fonte: PNADs 1992 e 1995.

(16)

Retomando a análise da Tabela 3.2, observamos que as mulheres também ampliaram suas chances de colocação como funcio-nárias públicas das atividades sociais, ocupação que cresceu 73,78%

no período, significando um contingente de quase 680000 novos postos de trabalho. Através do cruzamento desta categoria com as ocupações simples, verifica-se que este crescimento deveu-se, especialmente, à contratação de professoras em geral, com predomínio das de ensino de 1º grau (224301 novos postos), médicas e enfermeiras diplomadas ou não (102912) e serventes, faxineiras e cozinheiras (113544).

Finalmente, a posição de funcionárias públicas da admi-nistração pública registrou um crescimento percentual de 113,67%,

que se traduziu na variação absoluta de 325855 empregos, dado o peso relativo de 1,83% desta categoria em 1995. Discriminando-se as ocu-pações agrupadas nessa posição, verifica-se que o maior crescimento foi, de um modo geral, daquelas ocupações mais freqüentes entre as funcionárias públicas, dentre as quais citam-se: ajudante, auxiliar e assistente administrativo e de escritório, administrador, assessor, serventes e faxineiras.

Assim, considerando-se o crescimento das funcionárias públicas nas atividades sociais e na administração pública, reconhece-se o ainda remanescente vigor do reconhece-setor público em gerar empregos, sobretudo para mulheres, no primeiro qüinqüênio dos anos noventa. Como se verificou, a contratação de professores nos diversos níveis do ensino público consistiu-se no “carro-chefe” deste processo. Tal afir-mação torna-se mais consistente quando verificamos que, dentre as empregadas sem carteira das atividades sociais, a ocupação que figura com o maior crescimento é a de professoras em geral (101949 novas ocupadas), assim como dentre as conta própria, também das atividades sociais (19601 novas ocupadas). Assim, totalizam-se quase 350000 novas contratações de professoras ligadas à rede pública, ainda que uma parte considerável deste contingente mantenha, através de di-versos artifícios, vínculos de trabalho bastante precários.

4 OS FLUXOS DE ENTRADA NAS POSIÇÕES OCUPACIONAIS DE MAIOR CRESCIMENTO

Com base no Suplemento da PME de abril 1996, que incluiu em seu questionário um elenco de perguntas sobre a situação

(17)

ocupacional dos indivíduos cinco anos antes da data da pesquisa, é possível estimar fluxos entre algumas situações em 1991 e todas as formas de ocupação em 1996.

Assim, de forma a complementar a análise da seção ante-rior, estimamos as transições realizadas pelas mulheres cujas situa-ções de destino (1996) foram as destacadas anteriormente:

domésticas s/carteira; conta própria do comér-cio de mercadorias e funcomér-cionárias públicas das atividades sociais e administração pública8. As diversas situações possíveis de origem (1991) foram agrupadas em: a mesma situação ocupacional, emprego formal

(reu-nindo os empregos com carteira), emprego informal (reunindo os

empregos com carteira e os conta própria), desempregadas, inativas e outras9.

O objetivo de fazer tal exercício é identificar a procedência das mulheres que ocupam os postos caracterizados como chave para o crescimento da atividade feminina. Uma das questões básicas a ser respondida é se estes postos estariam absorvendo preponderantemen-te entradas ou reentradas no mercado de trabalho, ou mulheres transitando de empregos formais ou informais.

Antes de mais nada, porém, é preciso reconhecer que são várias as dificuldades em comparar os resultados obtidos pela PNAD com os da PME. Em primeiro lugar, porque tratam-se de anos distin-tos (1990/95 para PNAD e 1991/96 para a PME. Em segundo lugar, porque a informação de 1991 da PME é retrospectiva e portanto sujeita aos “erros de memória” do entrevistado. Finalmente, e o mais

impor-tante, é que a PME cobre apenas o espaço metropolitano brasileiro,10 enquanto a PNAD tem cobertura nacional. Essa diferença provavel-mente explica as maiores variações entre os resultados das tabelas 3.2 e 4.1.

8 A primeira dificuldade encontrada foi a de não ser possível discriminar os funcio-nários públicos do conjunto de empregados sem carteira. Assim, analisaram-se as empregadas sem carteira das atividades sociais e administração pública.

9 As transições estimadas refletem, evidentemente, mudanças de estado de presen-ça que podem encerrar diversas movimentos (transições) ocorridos no período. 10 Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Recife, Salvador e Porto Alegre.

(18)

Tabela 4.1

DISTRIBUIÇÃO DAS MULHERES OCUPADAS NAS REGIÕES METROPOLITANAS DA PME,

SEGUNDO SETOR DE ATIVIDADE E POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO 1991-1996

(Continua) Setores e Posições 1991(1) 1996(2) AbsolutaVar.

(3) Var. .% 91/96 (4) % em 1990 (5) Ind. Transformação 556400 566713 10313 1,85 14,76

Empregado com carteira 477573 426144 –51429 –10,77 12,67

Empregado sem carteira 33711 80327 46616 138,28 0,89

Conta própria 30346 36039 5693 18,76 0,81

Empregador 14770 24203 9433 63,87 0,39

Comércio de Mercadorias 518032 570182 52150 10,07 13,75

Empregado com carteira 280725 266539 –14186 –5,05 7,45

Empregado sem carteira 56415 56086 –329 –0,58 1,50

Conta própria 155381 205999 50618 32,58 4,12

Empregador 25511 41558 16047 62,90 0,68

Prest. de Serviços 1391967 1693110 301143 21,63 36,93

Empregado com carteira 658795 644996 –13799 –2,09 17,48

Doméstico com Carteira 204850 3026366 97786 47,74 5,44

Empregado sem carteira 366850 408530 41680 11,36 9,73

Doméstico sem Carteira 279328 3665587 87230 31,23 7,41

Conta própria 342002 597213 255511 74,62 9,07

Empregador 24320 42371 18051 74,22 0,65

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Tabela 4.1

DISTRIBUIÇÃO DAS MULHERES OCUPADAS NAS REGIÕES METROPOLITANAS DA PME,

SEGUNDO SETOR DE ATIVIDADE E POSIÇÃO NA OCUPAÇÃO 1991-1996

(Conclusão) Setores e Posições 1991(1) 1996(2) AbsolutaVar.

(3) Var. .% 91/96 (4) % em 1990 (5) Trans. e Comunicações 73454 82264 8810 11,99 1,95

Empregado com carteira 67260 69003 1743 2,59 1,78

Empregado sem carteira 723 5680 4957 685,62 0,02

Conta própria 4053 5611 1558 38,44 0,11

Empregador 1418 1970 552 38,93 0,04

Atividades Sociais 867780 1052682 184902 21,31 23,03

Empregado com carteira 518129 527193 9064 1,75 13,75

Empregado sem carteira 296640 441125 144485 48,71 7,87

Conta própria 42658 70014 27356 64,13 1,13

Empregador 10353 14350 3997 38,61 0,27

Adm. Pública 196054 204394 8340 4,25 5,20

Empregado com carteira 88954 56288 –32666 –36,72 2,36

Empregado sem carteira 106889 147187 40298 37,70 2,84

Conta própria 211 708 497 235,55 0,01

Empregador 0 211 211 0,00 0,00

Outras Atividades 165040 181732 16692 10,11 4,38

Empregado com carteira 103581 99590 –3991 –3,85 2,75

Empregado sem carteira 24582 38489 13908 56,58 0,65

Conta própria 30089 35125 5036 16,74 0,80

Empregador 6789 8528 1739 25,61 0,18

(20)

A Tabela 4.1 foi construída exatamente para avaliar a consistência dos paralelos a serem feitos entre a análise a partir das PNADs e da PME. Comparando-se, portanto, as Tabelas 3.2 e 4.1 verificamos muitas diferenças importantes. Em primeiro lugar, a população feminina ocupada está bastante subestimada pela PME em 1996, já que foram desconsiderados os registros sem resposta para os quesitos retrospectivos. Entretanto, considera-se que a subdeclaração retrospectiva não tenha sido significativamente seletiva por situação ocupacional, o que preservaria as estruturas relativas de transições entre as posições. De fato, analisando as variações em cada uma das posições nos setores de atividade, verificamos que, como na Tabela 3.2, as situações de maior destaque são as conta própria do comércio de mercadorias, as domésticas da prestação de serviços, as empregadas sem carteira das atividades sociais e da administração pública (dentre

as quais incluem-se as funcionárias públicas). Além destas, são tam-bém as conta própria da prestação de serviços, o que parece ser uma

peculiaridade do mercado de trabalho das regiões metropolitanas. Outra singularidade do mesmo tipo é a maior similaridade entre os contingentes de domésticas com e sem carteira, em contraponto à enorme disparidade destes dois grupos na PNAD, já que o emprego doméstico regulamentado é certamente mais usual no meio metropo-litano.

Assim, em que pese os problemas relacionados às estima-tivas das transições entre 1991 e 1996, optamos por realizá-las, con-siderando a riqueza desse tipo de informação.

Como análise exploratória, a Tabela 4.2 e respectivo Grá-fico 4.1, revelam as transições cujos destinos foram cada um dos setores de atividade. Nestes casos, observa-se a clara predominância da manutenção da mesma situação ocupacional entre 1991 e 1996, seguida de transições de inatividade para todos os setores. Observa-se também, que o comércio de mercadorias é o setor que absorveu a maior proporção de inativos e desempregados, seguido pela prestação de serviços. Também o comércio de mercadorias, ao contrário dos outros setores, absorveu uma maior parcela de mulheres vindas do setor informal relativamente ao formal.

(21)

Gráfico 4.1 SETOR DE ATIVIDADE

DAS MULHERES OCUPADAS EM 1996, SEGUNDO A SITUAÇÃO EM 1991

Tabela 4.2

SETOR DE ATIVIDADE DAS MULHERES OCUPADAS EM 1996, SEGUNDO SUA SITUAÇÃO EM 1991

Ramo em 1996

Situação em 1991 Transf.Ind. Com. Merc. Trans. Com. Ativ. Soc. Prest. Serv. Adm. Púb. Outras Ativ.

Mesma 49,21 42,82 50,09 72,02 54,04 51,42 25,81 Emprego formal 14,69 10,06 20,66 14,69 9,19 18,63 30,71 Emprego informal 8,97 11,47 7,96 7,82 5,64 7,52 16,78 Desempregado 5,04 7,39 4,21 1,49 6,37 5,50 5,20 Inativo 22,09 28,26 17,09 3,99 24,76 16,93 21,51 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 N 612116 643585 87348 922914 1810058 227846 190015

Fonte: PME – Suplemento de Educação e Trabalho, 1996.

AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA AAA 0 10 20 30 40 50 60 70 80 Ind. de Trans formação Com. Mercadorias Trans . Comunic.

Ativ. Sociais Prest. Serv . Adm. Pública Outras Atividades Ramo de A tividade em 1996

Percentual

(22)

Na Tabela 4.3 e respectivo Gráfico 4.2, figuram as propor-ções de mulheres em 1996, em cada uma das situapropor-ções de destaque definidas na seção anterior, segundo as situações de 1991. Note-se, em primeiro lugar, que as proporções de mulheres mantendo a mesma situação são, em todos os casos, bem menores do que quando se considera os setores de atividade como um todo, exatamente porque estas são as posições que tiveram mais entradas no período. A consta-tação mais importante, porém, parece ser a diferença entre as estru-turas de transição, de um lado, as posições de conta própria do comércio de mercadorias e sem carteira do serviço doméstico e, de

outro, as sem carteira das atividades sociais e administração pública.

O primeiro grupo, caracteriza-se por absorver maior proporção de inativas e de desempregadas11. O segundo grupo é marcado ampla absorção do que parece ser o excesso gerado pelo desemprego nas ocupações formais.

Tabela 4.3 MULHERES OCUPADAS

EM SITUAÇÕES SELECIONADAS EM 1996, SEGUNDO SUA SITUAÇÃO EM 1991

(em %) Situação em 1991

Situação em 1996 Conta própria

Com. de Mercadorias Emp. Doméstico Sem Carteira Sem CarteiraAtiv. Sociais Adm. Pública Sem Carteira

A mesma 30,18 27,30 38,25 40,64 Emprego Formal 17,47 25,16 34,70 36,44 Emprego Informal 15,92 11,80 7,55 7,81 Desempregado 7,37 7,80 3,90 4,36 Inativo 26,34 27,87 15,28 10,16 Outra 2,73 0,06 0,31 0,60 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 N 261208 309087 455241 151818

Fonte: PME – Suplemento de Educação e Trabalho, 1996.

11 A posição de domésticas sem carteira absorve em termos absolutos, de longe, o maior contingente tanto de desempregadas quanto de inativas.

(23)

Gráfico 4.2 MULHERES OCUPADAS

EM SITUAÇÕES SELECIONADAS EM 1996, SEGUNDO A SUA SITUAÇÃO EM 1991

Finalmente, através de quesitos, também incluídos no Suplemento das PME, relativos à situação de remuneração corrente (1996) e de cinco anos atrás (1991), é possível identificar o que mudou quanto à própria percepção das mulheres sobre suas trajetórias de rendimentos. Note-se o alto grau de subjetividade envolvido nesse tipo de quesito, uma vez que os indivíduos se auto-classificam segundo sua classificação como um profissional em uma das seguintes condições, tanto em 1991 quanto em 1996: melhor pagos do Brasil, muito bem/bem pagos, mal/muito mal pagos e pior pagos do Brasil.

A Tabela 4.4 e o Gráfico 4.3 sintetizam os resultados obtidos a partir destes quesitos. Como se observa, a manutenção de situação é a trajetória predominante em todos os casos. Assim como ocorre com o total das mulheres ocupadas, a segunda trajetória mais freqüente é a de piora para as conta própria e sem carteira das atividades sociais e da administração pública, sendo que para as mulheres das atividades sociais há a menor proporção de mulheres se em melhor situação e a segunda maior considerando-se em pior. No entanto, a evidência mais importante deste conjunto de dados é a constatação de que a única categoria ocupacional cuja proporção de transição para uma situação melhor supera a proporção

AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A A AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA AAAA 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45

Com. de Mercadorias Conta-Própria Sem Carteira Emp. Doméstico Sem Carteira Ativ. Sociais Sem Carteira Adm. Pública

Ramo de Atividade e Posição na Ocupação em 1996

Percentual

AA AA

A Mesma Emprego Formal Emprego Inf ormal Desempregado

A A

(24)

resultado confirma a análise quanto aos rendimentos das domésticas da seção anterior, e não pode ser desprezado dada a importância relativa desta categoria para o crescimento da atividade feminina.

Gráfico 4.3

CLASSIFICAÇÃO DAS MULHERES

QUANTO A SITUAÇÃO DE RENDIMENTO EM 1996, SEGUNDO A MESMA CLASSIFICAÇÃO EM 1991

Tabela 4.4

CLASSIFICAÇÃO DAS MULHERES

QUANTO A SITUAÇÃO DE RENDIMENTO EM 1996, SEGUNDO A MESMA CLASSIFICAÇÃO EM 1991

Situação em 1996

relativa a 1991 OcupadasMulheres

Com. de Mercadorias

conta própria

Emp.

Domésticas Atividade Social Sem carteira

Administração Pública Sem carteira Mesma situação 62,14 56,18 61,19 67,57 68,53 Melhor situação 16,84 19,92 23,45 10,68 12,58 Pior situação 21,02 23,90 15,37 21,75 18,89 Total 100,00 100,00 100,00 100,00 100,00 N 3530568 172058 198281 374647 129580

Fonte: PME – Suplemento de Educação e Trabalho, 1996.

0 10 20 30 40 50 60 70

Mulheres Oc upadas Conta-Própria Com. de Mercadorias Emp. Domésticas Sem Carteira A tividade Social Sem Carteira A dministração Pública Ramo de A tividade e Posiç ão na Ocupação em 1996

Percentual

(25)

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Visando contribuir para o entendimento de como tem se dado o crescimento da atividade feminina no Brasil, este trabalho apresentou vários cruzamentos de informações distintas, cujos resul-tados mereceriam, certamente, estudos mais aprofundados. Em pri-meiro lugar, procurou-se identificar e analisar algumas das parti-cularidades das formas de inserção que tiveram o maior crescimento e/ou geraram maior número de novos postos de trabalho, com desta-que para as posições de conta própria do comércio de mercadorias, domésticas da prestação de serviços, funcionárias públicas das ativi-dades sociais e da administração pública.

Em segundo lugar, foram caracterizadas diferenças impor-tantes quanto às transições para estas situações ocupacionais. Verifi-cou-se, de um lado, que as posições de conta própria do comércio de mercadorias e domésticas da prestação de serviços tiveram papel

fundamental na absorção de inativas e desempregadas e, o que é mais importante, há vários indícios contrários à deterioração destas situa-ções ocupacionais, tanto do ponto de vista dos rendimentos, quanto dos retornos não-financeiros das ocupações autônomas. De outro lado, o crescimento da ocupação feminina nas posições de funcionárias públicas das atividades sociais e da administração pública, nas quais

figuram com maior destaque as professoras, parece ter cumprido um papel fundamental na absorção de excedentes gerados no mercado

formal de trabalho. O fato de que estas categorias foram as que pior se auto-avaliaram quanto às suas trajetórias de rendimentos, pode ser explicado, em parte, pelo óbvio esgotamento do setor público como empregador, mas também, em parte, pela característica inerente ao funcionário público de jamais tomar o mercado como parâmetro de avaliação da sua própria condição.

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Referências

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