• Nenhum resultado encontrado

A aplicação dos acordos da organização mundial de comércio pelo poder judiciário brasileiro

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A aplicação dos acordos da organização mundial de comércio pelo poder judiciário brasileiro"

Copied!
178
0
0

Texto

(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CURSO DE MESTRADO EM DIREITO CONSTITUCIONAL. SID MARQUES FONSECA JUNIOR. A APLICAÇÃO DOS ACORDOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO PELO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO. NATAL/RN 2017.

(2) SID MARQUES FONSECA JUNIOR. A APLICAÇÃO DOS ACORDOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO PELO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO. Dissertação apresentada ao Programa de PósGraduação em Direito (PPGD) do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Direito. Orientador: Prof. Doutor Jahyr-Philippe Bichara.. NATAL/RN 2017.

(3) SID MARQUES FONSECA JUNIOR. A APLICAÇÃO DOS ACORDOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE COMÉRCIO PELO PODER JUDICIÁRIO BRASILEIRO. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) do Centro de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Direito.. BANCA EXAMINADORA. _______________________________________ Prof. Doutor Jahyr-Philippe Bichara (Orientador). _______________________________________ Prof. Doutor Marco Bruno Miranda Clementino (Membro Interno). _______________________________________ Prof. Doutor Sébastien Kiwonghi Bizawu (Membro Externo) Escola Superior Dom Helder Câmara.

(4) Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial do CCSA Fonseca Junior, Sid Marques. A aplicação dos acordos da organização mundial de comércio pelo poder judiciário brasileiro / Sid Marques Fonseca Junior. - Natal, 2017. 171f.: il. Orientador: Prof. Dr. Jahyr-Philippe Bichara. Dissertação (Mestrado em Direito) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Programa de Pós-graduação em Direito. 1. Acordos comerciais - Dissertação. 2. Organização Mundial do Comércio (OMC) - Dissertação. 3. Juiz brasileiro - Dissertação. 4. Acordo antidumping Dissertação. 5. General Agreement on Tariffs and Trade (GATT) - Dissertação. I. Bichara, Jahyr-Philippe. II. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. III. Título. RN/BS/CCSA. CDU 346.93:341.1.

(5) Dedico ao meu núcleo familiar: Ana Paula, Bernardo, Ana Julia e Sarah..

(6) AGRADECIMENTOS Toda honra e toda glória ao Autor da vida, Deus, fonte de fé. Quando tudo parecia não ter mais jeito, Ele estendeu a mão. A conquista dessa etapa não teria sido possível sem o auxílio, paciência e orientação do Professor Dr. Jahyr-Philippe Bichara, a quem rendo minha gratidão por proporcionar, com metodologia criteriosa e o exemplo de pesquisador, um ambiente de produção acadêmica. Obrigado, professor, por me fazer acreditar que o meu sonho era possível de realizar. Agradeço à coordenação Profa. Maria dos Remédios Fontes Silva e aos professores do Programa de Pós-Graduação em Direito (PPGD) da UFRN, com os quais mantive contato nas disciplinas e nos seminários, destacando o Prof. Dr. Marco Bruno Miranda Clementino, incentivador da pesquisa, que me proporcionou apresentação conjunta de trabalho em Lisboa e, ainda, por ter aceitado o convite para participar da banca de qualificação. Agradeço ao Professor Dr. Vladimir da Rocha França, por ter aceitado o convite para participar da banca de qualificação, e por ter contribuído na minha formação liberal apresentando-me a obra de Mises, além de ter dedicado seu tempo para contribuir com aprimoramento deste trabalho . Agradeço ao Professor Dr. Sébastien Kiwonghi Bizawu, a aceitação do convite para a Banca examinadora final, contribuindo consubstancialmente para o aprimoramento do presente trabalho. Agradeço à Professora Dra. Keity Mara Ferreira de Souza e Saboya, por ter participado da banca de qualificação, sempre prestativa e auxiliando com correções precisas para melhorar este trabalho. Ao amigo-irmão, Professor Msc. Rodrigo Ribeiro Vitor, a minha gratidão pelas dicas pontuais e estímulo nos momentos difíceis. Aos demais colegas de turma de mestrado cuja companhia tornou mais suave o árduo período de pesquisa. À colega Luma Diniz Lúcio pela presteza na segunda leitura crítica. Ao meu pai, Sid Marques Fonseca, e à minha mãe, Thelma Câmara Fonseca, aos meus irmãos, Ana Helena, Thiago e Sérgio, à minha sogra, Maria de Lourdes Leão Maia, aos meus cunhados, que suportaram e sentiram a minha ausência quando da dedicação para a realização dessa pesquisa. Aos funcionários das bibliotecas da UFRN e da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, que me auxiliaram na pesquisa bibliográfica. Agradeço aos funcionários do PPGD/UFRN, em especial, a Lígia e Igor, que demonstraram presteza para resolução das ações corriqueiras administrativas. Aos mestres da vida, José de Lima Souza e Flavio Roberto Bezerra de Queiroz, Oficiais de Cristo, pelo companheirismo e amizade, que sentiram mi nha ausência ao café às tardes..

(7) LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ALADI – Associação Latino-Americana de Integração ALCA – Área de Livre Comércio das Américas ou FTAA – Free trade Agreement of the Americas AMF – Acordo Multifibras sobre produtos têxteis APEC – Asian Pacific Economic Cooperation ASEAN – Association of South East Asian Nations BOP – Balance of Payment Agreement EFTA – European Free Trade Association FAO – Food and Agriculture Organization of the Union Nations FMI – Fundo Monetário Internacional GATT – General Agreement on Tariffs and Trade GATS –General Agreement on Trade and Services GRUPO DE CAIRNS – grupo criado na cidade de Cairns, na Austrália, formado por 20 países exportadores. MERCOSUL – Mercado Comum do Sul NAFTA – North American Free Trade NMF – Princípio da Nação Mais Favorecida OCDE – Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico ou OECD – Organization for Economic Cooperation and Development OIC – Organização Internacional do Comércio OIT – Organização Internacional do Trabalho OMC – Organização Mundial do Comércio, ou WTO – World Trade Organization OMPI – Organização Mundial de Propriedade Intelectual, ou WIPO – World Intelectual Property Organization OMT – Órgão de Monitoramento de Têxteis da OMC.

(8) ONG – Organização Não Governamental, ou NGO – Non Governmental Organization ONU – Organização das Nações Unidas, ou UN – United Nations OSC – Órgão de Solução de Controvérsias da OMC PD – Países Desenvolvidos PMD – Países Menos Desenvolvidos SGP – Sistema Geral de Preferências TPRM – Trade Policy Review Mechanism TRIMS – Trade Related Investment Measures TRIPs – Trade Related Aspects of Intellectual Property Rights UNCTAD – United Nations Conference on Trade and Development WTO – World Trade Organization, ou OMC – Organização Mundial do Comércio.

(9) RESUMO A Organização Mundial do Comércio (OMC), criada pelo Tratado de Marrakesh de 06 de abril de 1994, começou a funcionar em 1º de janeiro de 1995, sucedendo o GATT/1947. Atualmente, consiste no principal foro de discussão do comércio multilateral. A OMC possui em seu organograma dois principais órgãos de execução: um de revisão das políticas comerciais e outro de solução de controvérsias. No contexto internacional, a responsabilidade dos Estados Membros é imposta após a instauração de painel pelo Órgão de Solução de Controvérsias (OSC), ao final se submetendo às sanções previstas nos acordos da OMC. O Estado brasileiro está sujeito às sanções em caso de descumprimento dessas normas, uma vez que o acordo constitutivo da OMC, seus anexos e os acordos plurilaterais, firmados sob sua égide, foram internalizados a partir do Decreto n. 1.355/1994, vigorando desde o início da organização. Nessa perspectiva, espera-se a adoção de medidas internas pelo Estado, a fim de evitar que as sanções se concretizem. Desse modo, o Poder Executivo realiza a fiscalização e a atuação das normas por meio de órgãos como DECON e CAMEX. Além disso, mediante Decretos, regulamenta a tributação, igualando ou diferenciando dos produtos importados. O Poder Judiciário consiste, quando provocado a rever os atos do Executivo, em mais uma alternativa para enquadrar o país nas normas oriundas da OMC. A pesquisa se propõe a analisar se o Poder Judiciário brasileiro vem aplicando corretamente os dois principais acordos da OMC: o Acordo geral sobre tarifas e comércio (GATT/1994) e o Acordo Antidumping. Os objetivos deste trabalho são descrever o funcionamento, a estrutura e as normas da OMC, explicitar a responsabilização internacional em matéria de direito internacional econômico, especificamente as normas da OMC, e analisar decisões judiciais brasileiras, a fim de averiguar se elas aplicam corretamente as normas da OMC. Palavras-chave: OMC. Antidumping. GATT.. Juiz. brasileiro.. Acordos. comerciais.. Acordo.

(10) ABSTRACT. The World Trade Organization-WTO, created by the Marrakesh Treaty of 06 April 1994, began operating on January 1, 1995, succeeding the GATT / 1947 and is the main forum for discussion of multilateral trade. The WTO has in its organizational chart two main enforcement agencies a review of trade policies and other dispute resolution. In the international context, the responsibility of Member States is imposed after the opening panel by the DSB, the end submitting the sanctions provided for in the WTO agreements. The Brazilian State is subject to penalties for non-compliance with those rules, since the Agreement establishing the WTO, its annexes and plurilateral agreements under its auspices were internalized from Decree n. 1.355 / 1994, in force since the organization. In this perspective, it is expected to adopt internal measures by the state to avoid the penalties are realized. Thus, the Executive Branch carries out the inspection and performance standards through DECON organs, CAMEX, and through Decree regulates the taxation equaling or differentiating of imported products. The judiciary is, when provoked to review the acts of the Executive, in an alternative to frame the country to the rules arising from the WTO. The research aims to analyze whether the Brazilian judiciary is correctly applying the two main WTO agreements, the General Agreement on Tariffs and Trade (GATT / 1994) and the Anti-Dumping Agreement. The objectives are to describe the function, structure and rules of the WTO, explicit international accountability in international economic law, specifically WTO rules, analyze Brazilian judicial decisions in order to ascertain whether they correctly apply WTO rules. Key words: WTO. Brazilian Judge. Trade Treaties. Anti Dumping Agreement. GATT..

(11) SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO .................................................................................................. 12 PRIMEIRA PARTE ................................................................................................ 16 AS OBRIGAÇÕES DO ESTADO BRASILEIRO NA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO .................................................................................. 16 CAPÍTULO 2. O ESTADO BRASILEIRO NA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO ........................................................................................................... 17 Seção 1. Estrutura Institucional e Funcionamento da Omc ......................... 18 § 1º Conferência Ministerial ............................................................................... 19 A) Composição e Competência ......................................................................... 20 B) A trajetória das Conferências Ministeriais de Singapura a Nairóbi ....... 22 § 2º Conselho Geral............................................................................................. 32 A. Órgão de Exame de Políticas Comerciais .................................................. 33 B. Órgão de Solução de Controvérsias ........................................................... 35 § 3º Órgãos Secundários da OMC .................................................................... 37 B. Secretaria ......................................................................................................... 38 Seção 2. Os Principais Acordos Comerciais da OMC ................................... 40 § 2º O Acordo sobre a implementação do Artigo VI do Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio de 1994 (Acordo Antidumping – ADA) .......................... 44 § 3º O Acordo sobre Subsídios e Medidas Compensatórias ....................... 46 § 4º O Acordo sobre Agricultura ....................................................................... 47 CAPÍTULO 3. O CUMPRIMENTO DAS OBRIGAÇÕES PELAS INSTÂNCIAS ADMINISTRATIVAS BRASILEIRAS ................................................................... 50 Seção 1. A Legislação Interna de Regulamentação dos Acordos Da OMC ...................................................................................................................51 § 1º Decreto n. 1.355, de 30 de dezembro de 1994 ......................................... 52 § 2º Lei n. 9.019, de 30 de março de 1995 ........................................................ 54 § 3º Decreto n. 8.058 de 26 de julho de 2013 ................................................... 58 Seção 2. Órgãos da União .................................................................................. 59 § 1º A responsabilidade dos Ministérios do Governo Federal brasileiro ... 60 § 2º Órgãos administrativos competentes para fiscalizar o cumprimento dos acordos da OMC .......................................................................................... 63 A. Câmara de Comércio Exterior (CAMEX) ..................................................... 64 B. Secretaria de Comércio Exterior (SECEX) .................................................. 66 C. Departamento de Operações de Comércio Exterior (DECEX) ................. 67 D. Departamento de Negociações Internacionais (DEINT) ........................... 68 E. Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior (DEPLA).................................................................................................. 69 F. Departamento de Defesa Comercial (DECOM) ........................................... 69 CAPÍTULO 4. A RESPONSABILIDADE DO ESTADO BRASILEIRO NA OMC...... .............................................................................................................72 Seção 1. As Regras Gerais da Responsabilidade Internacional ................. 73 § 1º Violação do Direito por omissão ou ação ................................................ 74 § 2º Imputabilidade .............................................................................................. 75 A. Atos internacionalmente ilícitos .................................................................. 76.

(12) B. Atos não proibidos causadores de danos.................................................. 77 § 3º Danos ............................................................................................................. 79 Seção 2. A Responsabilidade perante o Órgão de Solução de Controvérsias ...................................................................................................................80 § 1º O Processo na OMC .................................................................................... 81 § 2º Órgão de Apelação ...................................................................................... 86 Seção 3. Sanções ................................................................................................ 89 § 1º Compensações tarifárias e outras medidas ............................................ 90 A. Compensações ............................................................................................... 91 B. Contramedidas ................................................................................................ 93 SEGUNDA PARTE ............................................................................................... 96 O CONTROLE EXERCIDO PELO JUIZ BRASILEIRO NA APLICAÇÃO DOS PRINCIPAIS ACORDOS DA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO .... 96 CAPÍTULO 5. FUNDAMENTOS CONSTITUCIONAIS DA COMPETÊNCIA DO JUIZ BRASILEIRO ................................................................................................ 98 Seção 1. O Controle Jurisdicional sobre o Direito Internacional ................ 99 § 1º Origem e desenvolvimento do Controle Jurisdicional .......................... 99 § 2º A primazia do Direito Internacional (normas da OMC) sobre o Direito Interno.............................................................................................................101 Seção 2. A Competência da Justiça Estadual para aplicar as normas da OMC .................................................................................................................103 § 1º Princípio da Inafastabilidade ................................................................... 105 § 2º Controle de convencionalidade e legalidade dos tratados internacionais..................................................................................................... 106 § 3º A formação técnica dos operadores do Direito no Brasil ................... 108 Seção 3. A Competência do Juiz Federal para aplicar as normas da OMC .................................................................................................................110 § 1º O alcance do Artigo 109, III da Constituição brasileira ....................... 111 § 2º Da necessidade de criação de Varas Especializadas .......................... 113 Seção 4 – As Cortes Domésticas .................................................................... 115 § 1º Tribunais de Justiça e Tribunais Regionais Federais.......................... 115 § 2º Superior Tribunal de Justiça (STJ) ......................................................... 116 § 3º Supremo Tribunal Federal (STF) ............................................................. 117 CAPÍTULO 6. O CONTROLE JURISDICIONAL DO ACORDO GATT ........... 120 Seção 1. Da aplicabilidade do GATT na ordem interna ............................... 121 §1º Origem do GATT ......................................................................................... 121 § 2º Função do GATT de 1994 ......................................................................... 122 § 3º Estrutura do GATT de 1994 ...................................................................... 125 Seção 2. Aplicação pragmática ....................................................................... 126 §1º O Princípio do Tratamento da Nação Mais Favorecida ....................... 127 § 2º O Princípio do Tratamento Nacional....................................................... 129 Seção 3. Casos na Jurisprudência brasileira ............................................... 135 § 1º Casos no STF ............................................................................................. 135 § 2º Casos no STJ.............................................................................................. 136 § 3º Casos nos TJ e TRF .................................................................................. 138 CAPÍTULO 7. O CONTROLE JURISDICIONAL DO ACORDO ANTIDUMPING 140.

(13) Seção 1. Considerações sobre o Acordo Antidumping .............................. 141 § 1º Conceito de dumping ................................................................................ 141 A. Conceito econômico .................................................................................... 141 B. Conceito jurídico do dumping .................................................................... 144 C. Definição legal prevista no Acordo da OMC ............................................ 145 § 2º Legislação brasileira sobre medidas antidumping .............................. 146 Seção 2. Decisões acertadas sobre o Dumping ........................................... 149 Seção 3. Decisões não coerentes com o Acordo Antidumping - AAD ..... 151 § 1º Falta de tecnicidade .................................................................................. 152 § 2º Não implementação da revisão judicial prevista no Artigo 13 ........... 154 A. Casos jurisprudenciais referentes a não aplicação do Artigo 13 do acordo antidumping .......................................................................................... 156 8 CONCLUSÃO................................................................................................... 159 REFERÊNCIAS ................................................................................................... 163.

(14)

(15) 12. 1 INTRODUÇÃO. A Organização Mundial do Comércio (OMC) foi criada através do Tratado de Marrakesh, celebrado em 15 de abril de 1994, passando a vigorar em 1º de janeiro de 1995. Esse foi um marco divisor de águas nas relações comerciais internacionais, uma vez que corrigiu as deficiências do sistema anterior estipulado pelo Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio, de 1947 (General Agreement on Tariffs and Trade – GATT). Com efeito, quando os Estados resolveram fundar uma nova organização internacional capaz de zelar pelo cumprimento de suas prescrições e administrar os conflitos entre os membros, criou-se um novo sistema de condução do comércio multilateral, caracterizado por um maior grau de segurança jurídica nas transações internacionais. Essa mudança adveio de uma negociação, denominada rodada do Uruguai, que durou cerca de sete anos e meio, culminando com a celebração do tratado supracitado. O multilateralismo é, segundo Dominique Carreau, o mecanismo pelo qual os problemas internacionais exigem soluções consensuais com base na liberalização, igualdade e reciprocidade entre uma pluralidade de estados ou entre todos os estados 1. No sistema GATT, as relações comerciais multilaterais se restringiam às mercadorias, ao passo que, no sistema OMC, o organismo internacional passou a cuidar de matérias novas como o comércio internacional dos serviços, os investimentos relacionados ao comércio e a propriedade intelectual. Nesse contexto, além do próprio GATT de 1947, agora denominado GATT de 1994, também fazem parte do sistema OMC o Acordo sobre o Comércio de Serviços (GATS), do inglês General Agreement on Trade in Services, o Acordo sobre Propriedade Intelectual, o Acordo sobre Medidas de Investimentos Relacionados ao Comércio (TRIMS), o Acordo sobre Subsídios, Acordo sobre Antidumping, dentre outros. Diversos temas foram detalhadamente alvos de tratados específicos nas searas têxtil, agrícola e de medidas sanitárias e. 1. fitossanitárias.. CARREAU, Dominique; JUILLARD, Patrick. Droit international économique. 4. ed. Paris: Dalloz, 2010. p. 52-54..

(16) 13. Uma das relevantes inovações trazidas pela OMC diz respeito à criação do Órgão de Solução de Controvérsias (OSC), que é uma espécie de jurisdição que recebe as reclamações dos países membros em desfavor de membros que estejam transgredindo algum dos tratados celebrados no âmbito da aludida organização. As Rodadas do GATT/1947 deram lugar às Conferências Ministeriais, órgão máximo da OMC, cujos poderes plenos incluem o de suspender a autorização prevista pela conclusão do painel instalado pelo Órgão de Solução de Controvérsias. Além de admitir novos membros, nessas conferências são traçados os temas a serem debatidos. Até a presente data, ocorreram dez Conferências Ministeriais e em todas foram admitidos novos membros, o que demonstra a expansão da liberalização do comércio mundial. O Brasil, enquanto membro fundador da OMC, deve seguir as diretrizes que ali foram postas em razão da regra pacta sunt servanda, o que se firma com a incorporação desses acordos ao ordenamento jurídico brasileiro, realizado através do Decreto n. 1.355, de 30 de dezembro de 1994. A aplicação das regras insculpidas nos acordos travados no âmbito da Organização independe da corrente adotada pela Constituição ou pelos aplicadores do Direito, se monista ou dualista, posto que ambas convergem para o cumprimento da norma internacional internalizada, sob pena de o Estado arcar com as restrições decorrentes do descumprimento previstas nos próprios acordos. Pelo fato de o Brasil ser um Estado de Direito, a observância às normas não se restringe ao Poder Executivo e Legislativo. A função jurisdicional do Estado visa não somente à preservação de direitos individuais no âmbito do processo judicial, mas também ao controle dos atos da administração pública como mecanismo de defesa contra eventuais abusos decorrentes de atos discricionários, o que, em respeito ao princípio da separação dos poderes, finda acontecendo somente no tocante à conformação do ato à norma. Nesse sentido, no direito brasileiro, todo juiz recebe da Constituição o poder de zelar pelo seu cumprimento, atuando no controle da efetividade de quaisquer regras em vigor, incluindo as de direito internacional. Tal fato implica, sendo esse aspecto muitas vezes esquecido, que a expressão jurisdicional do Estado deve constituir uma garantia de aplicação das normas internacionais no.

(17) 14. seu território, isto é, da obrigação de cumprir o que foi formalmente pactuado no plano internacional ou o que é reconhecido internacionalmente como sendo válido em qualquer ordem jurídica interna, em virtude do alto teor ético valorativo de uma norma internacional, como aquelas de jus cogens. O mecanismo de controle jurisdicional interno configura, por outro lado, aspecto importante da soberania do Estado no exercício do seu poder jurisdicional, muitas vezes fixado nos tratados internacionais que instauram um sistema de resolução de controvérsias com o intuito de atrelar à norma internacional a coercibilidade necessária à sua efetividade. É notadamente o que revela o princípio geral do prévio esgotamento dos recursos internos, que impõe que o controle da aplicação do direito internacional pelo Poder Judiciário nacional seja a primeira jurisdição a ser consultada, constituindo, dessa forma, uma manifestação do respeito à soberania jurisdicional do Estado-parte em relação a um tratado. Em que pese a aplicação do princípio geral do prévio esgotamento dos recursos internos em questões envolvendo os direitos humanos, na seara do Direito Internacional Econômico, tal princípio comumente não é exigido, de modo que nenhum membro da OMC criou objeções quanto à legitimidade de reclamação no Órgão de Solução de Controvérsias alegando suposta violação ao princípio do esgotamento de recursos internos. Todas essas regras reforçam o compromisso assumido perante a comunidade internacional, para a aplicação do direito internacional no território, ultrapassadas todas as esferas jurídicas internas. Sendo assim, o que se espera do Estado jurisdicional é a execução de medidas coercitivas para que o Estado e os particulares se submetam às normas internacionais postas. Como regra geral, a Constituição Federal brasileira de 1988, em seu artigo 21, inciso I, atribui à União os poderes para manter as relações com Estados Estrangeiros e participar de organizações internacionais. Decorrem desse dispositivo duas sentenças: a primeira está voltada para quem é dirigida a titularidade do poder-fazer, in casu, para a União; e a segunda trata da submissão às normas decorrentes do compromisso assumido pela União na participação de organizações internacionais, o qual é extensivo aos demais entes da federação (estados e municípios), de modo que não cabe ao juiz.

(18) 15. estadual desconhecer o direito posto nas relações internacionais, pois não fica restrita ao Juízo Federal a proteção do Estado brasileiro. O controle da aplicação do direito internacional pelo Poder Judiciário brasileiro está, portanto, inscrito na Constituição, concernente às várias jurisdições e a todos os graus jurisdicionais. A esse respeito, traz-nos a Constituição Federal de 1988 duas esferas de manifestação do poder jurisdicional: uma estadual, decorrente do princípio da inafastabilidade (artigo 5º, XXXV), e uma federal, nas causas fundadas em tratados (artigo109, III), atuando como revisor delas o Superior Tribunal de Justiça (STJ), sendo, eventualmente, apreciada a matéria pelo Supremo Tribunal Federal (STF), quando infringir a Constituição e incorrer em repercussão geral. O cerne da questão é saber como o Poder Judiciário brasileiro participa do controle de efetivação das normas da OMC em seu território. Logo, diante dos numerosos acordos celebrados no âmbito da OMC e da limitação espaçotemporal concernente ao mestrado, optou-se pelo estudo dos acordos mais significativos, dentre os quais se destacam o GATT de 1994 e o Acordo Antidumping. O corte epistemológico direcionado a esses acordos justifica-se pela sua repercussão socioeconômica e pela quantidade excessiva de demandas judiciais questionando a sua aplicação pelo Poder Executivo, bem como por ter sido observada durante a pesquisa jurisprudencial a existência de dissonância de algumas decisões com o disposto no âmbito da OMC. Em face desse contexto, são objetivos deste trabalho descrever as obrigações do Estado brasileiro no seio da OMC, para, em sequência, analisar como ocorre o controle exercido pelos juízes brasileiros, respondendo a hipótese se estar a desempenhar corretamente, como um mecanismo de prevenção, a eventual responsabilização do Brasil no plano internacional em caso de descumprimento desses acordos..

(19) 16. PRIMEIRA PARTE. AS OBRIGAÇÕES DO ESTADO BRASILEIRO NA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. A condição de membro da Organização Mundial do Comércio (OMC) impõe ao Estado brasileiro obrigações a serem cumpridas com base nos acordos incorporados ao ordenamento jurídico. A exceção à regra ocorre no caso dos acordos plurilaterais, os quais somente se direcionam aos membros que os assinarem. No primeiro capítulo, é explicado o funcionamento da OMC, incluindo os destaques da participação do Brasil nos órgãos que compõem a estrutura dessa Organização, sobressaindo as Conferências Ministeriais, o Conselho Geral, o Secretariado, os Comitês e os Conselhos. O país tem se projetado mundialmente em integrar esses órgãos, com elevado número de participação nos casos como querelante, querelado e terceiro interessado, além de ter inclusive um embaixador brasileiro ocupando a Direção Geral. A compreensão dos órgãos diretivos é tida a partir do estatuto da OMC, que destaca a Conferência Ministerial e o Conselho Geral como órgão supremo e órgão decisório, respectivamente. O cumprimento das normas da OMC no plano interno é explorado no segundo capítulo, no qual são descritas as instâncias administrativas brasileiras responsáveis pela aplicação, fiscalização e controle das aludidas normas. Importante deixar claro que, num primeiro momento, cabe ao Poder Executivo cumpri-las e, em seguida, proporcionar aos particulares nacionais e estrangeiros as obrigações decorrentes das normas da OMC. Desse modo, finaliza-se a primeira parte deste trabalho com a responsabilidade do Estado brasileiro na OMC, informando significativa mudança no âmbito das organizações relativa às disputas comerciais, com a criação de um órgão jurídico que confere consequências de caráter punitivo, no caso, trata-se das retaliações que podem ser praticadas pelo vencedor aos membros que infringirem as normas pactuadas..

(20) 17. Capítulo 2. O ESTADO BRASILEIRO NA ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DO COMÉRCIO. O Estado brasileiro participa da Organização Mundial do Comércio desde sua fundação. Desse modo, em face da condição de país dependente de exportações de produtos primários e de país em desenvolvimento, submeter-se às regras da OMC é vantajoso para o Brasil, que tem a oportunidade de estar inserido no sistema multilateral do comércio, bem como de gozar de proteção contra as medidas que inviabilizam ou restringem o comércio, como subsídios ou antidumping. Estudar a participação do Brasil na OMC requer o conhecimento prévio da estrutura institucional e do funcionamento dessa organização. Por essa razão, descrevem-se os órgãos superiores, os quais se distribuem em órgãos de direção, administração e processamento e julgamento de casos (painéis2), bem como os órgãos secundários, que auxiliam os órgãos mencionados. Ante a vultosa quantidade de acordos, e por questões didáticas, foram eleitos para verificação de sua aplicação pelo juiz brasileiro os acordos mais significativos sob a perspectiva do (des)cumprimento pelo Estado brasileiro. Nesse caso, são julgados os acordos comerciais da OMC descritos na seção 2 deste capítulo, entendidos como os que gozam de maior repercussão econômica, política e jurídica. Nessa perspectiva, destacam-se do Estatuto da OMC os seguintes acordos: o anexo 1 A, que versa sobre o Acordo Geral sobre tarifas e comércio de1994 (GATT), o Acordo sobre a implementação do artigo VI do acordo GATT de 1994 (Acordo Antidumping), o Acordo sobre Subsídios e medidas compensatórias e o Acordo sobre Agricultura, cuja relevância para o Estado 2. A nomenclatura utilizada nos textos originais da OMC inclui duas formas: panel, em inglês, e painel, em espanhol. A tradução literal para o português, painel, conforme explica José Cretella Neto (CRETELA NETO, José. Curso de Direito Internacional Econômico. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 439), não reflete o sentido ao qual se propõe, já que o termo “painel” não é utilizado no português com significado de caso jurídico. Nesse sentido, ele cita o Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa e o Dicionário Houaiss, que trazem as acepções da palavra painel utilizadas no Brasil, além de mencionar o Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia de Ciências de Lisboa. Ele conclui que houve um falso cognato. Confira o significado no Essential English Dictionary: “panel is a group of people selected for a special purpose, e. to judge a contest […]”. Em uma tradução livre, panel é um grupo de pessoas designadas para um propósito especial, como julgar uma contestação. Esse significado não consta em nenhum dos dicionários da língua portuguesa..

(21) 18. brasileiro é notória por impactar as finanças públicas e privadas do país, que é um dos maiores exportadores agrícolas mundiais.. Seção 1. Estrutura institucional e funcionamento da OMC. A Organização Mundial do Comércio é formada por 162 membros, configurando-se o principal órgão internacional, cujas normas regulamentam o comércio internacional com aceitação dos membros. Nesse contexto, estão inseridas as normas referentes ao comércio de mercadorias e serviços. A estrutura da OMC engloba a Conferência Ministerial, o Conselho Geral, os Conselhos e os Comitês, tendo como órgão administrativo e financeiro a Secretaria, cuja direção é atribuída ao Diretor-Geral. O funcionamento da OMC ocorre em níveis hierárquicos, sendo o órgão supremo a Conferência Ministerial, composta pelos Ministros das Relações Exteriores ou Comércio Internacional, seguida do Conselho Geral, cuja composição envolve os Embaixadores dos Estados Membros lotados em Genebra. Os Conselhos e Comitês são formados por técnicos dos países membros. A participação do Estado brasileiro vem sendo destacada desde o início da OMC, tornando-se relevante com a ocupação das primeiras posições nos casos do Órgão de Solução de Controvérsias (OSC), tanto como demandante quanto como demandado, ressaltando também a participação do embaixador brasileiro Roberto Azevedo, que ocupa, desde setembro de 2013, o cargo de Diretor-geral da OMC. Destaca-se a participação do Brasil nas Conferências Ministeriais como conciliador, atuando na formação de grupos 3, e no Conselho Geral, apresentando respostas formuladas pelos comitês e transparência quanto à. 3. A título de exemplo, um dos grupos encabeçados pelo Brasil nas Conferências Ministeriais foi o G20+, composto por mais de 20 países que fizeram frente às principais potências econômicas. MOTTA VEIGA, Pedro da. Brazil and the G20 group of developing countries. In: GALLAGHER, Peter; LOW, Patrick; STOLER, Andrew. Managing the challenge of WTO participation. 45 case studies. Cambridge: Cambridge University Press, 2005. Disponível em: <http://www.wto.org/english/res_e/booksp_e/casestudies_e/case7_e.htm>. Acesso em: 10 out. 2016..

(22) 19. legislação inerente ao comércio exterior, em face da exigência do Órgão Revisor de Políticas Comerciais. Ainda há a participação brasileira no órgão jurídico da OMC, o Órgão de Resolução de Controvérsias. Diferentemente do seu antecessor, o GATT, que era apenas um acordo, a OMC passa a ser uma pessoa jurídica internacional com poderes coercitivos. A parte de estrutura física foi absorvida pelo GATT em Genebra. No tocante aos órgãos que foram criados, passaram a funcionar exclusivamente em Genebra, não havendo escritórios em outros lugares. As Conferências Ministeriais, no entanto, acontecem em diversos lugares como forma de privilegiar os Ministros dos países anfitriões que as presidem e coordenam os trabalhos. Já as inspeções do Órgão de Exame das Políticas Comerciais ocorrem nos países membros e são desenvolvidas pelo Conselho Geral. Em concreto, a OMC pretende que as relações entre países na esfera da atividade comercial contribuam para: 1) elevar os níveis de vida; 2) desenvolver o pleno emprego; 3) conseguir um volume considerável e um aumento constante dos ingressos reais, bem como a demanda efetiva; 4) aumentar a produção e o comércio de bens e serviços; 5) utilizar de forma adequada os recursos mundiais e estabelecer elo em conformidade com o objetivo de um desenvolvimento sustentável, procurando proteger e preservar o meio ambiente4.. § 1º Conferência Ministerial. O órgão máximo da OMC responsável pelas decisões é a Conferência Ministerial, composta por todos os membros com poder de voto igualitário. Tendo em vista a importância desse órgão, o fato de o Diretor-geral da OMC não possuir poderes para decidir sobre questões de mérito dos acordos permite à. 4. WTO. Acordo constitutivo da OMC. Preâmbulo. Disponível <https://www.wto.org/spanish/docs_s/legal_s/04-wto_s.htm>. Acesso em: 29 fev. 2016.. em:.

(23) 20. Conferência Ministerial resguardar o firme cumprimento e a adoção de acordos gerais impositivos a todos os membros. A respeito desse assunto, o item a seguir descreve a composição e as atribuições dessa Conferência. Em um segundo momento, em uma narrativa histórica, expõem-se as propostas e os resultados de cada uma das dez conferências ocorridas até então, contextualizando-as e demarcando os resultados mais importantes para os membros e a participação do Brasil nelas. A) Composição e Competência. Na estrutura da OMC, não há um presidente que a dirija, ou um grupo de países, diferentemente do que acontece com o FMI, com o Banco Mundial ou com outras organizações internacionais. Na OMC, todos os seus membros compõem por meio de representantes a instância máxima denominada de Conferência Ministerial, na qual cada país membro tem direito a voto, independentemente do seu tamanho. A tomada de decisão é por consenso, assim como ocorria no GATT de 1947 5. A Conferência Ministerial, segundo o artigo IV, item 1, do Acordo Constitutivo da Organização Mundial de Comércio, tem competência para exercer as funções da OMC, adotando as disposições necessárias para tais fins. Prossegue o referido dispositivo atribuindo como competência da Conferência o poder de tratar sobre decisão de qualquer dos Acordos comerciais multilaterais. Outra destacada função está na admissão de novo membro da Organização, posto que, nos termos do artigo XII, Item 2, do Acordo Constitutivo da OMC, a decisão sobre a acessão é exceção à regra geral e se fará por maioria de dois terços dos Membros 6. A periodicidade das Conferências Ministeriais é a cada dois anos, tendo a primeira ocorrido em Singapura, de 9 a 13 de dezembro de 1996, a segunda 5. O papel do Diretor-geral da OMC é de um coordenador que executa as determinações da Conferência Ministerial e do Conselho Geral. Cf. §3º deste mesmo capítulo. 6 Acordo Constitutivo da OMC, Artigo IV, “1. Estabelecer-se-á uma Conferência Ministerial composta por representantes de todos os Membros que se reunirá ao menos uma vez cada dois anos. A Conferência Ministerial desempenhará as funções da OMC e adotará as disposições necessárias para tais fins. A Conferência Ministerial terá a faculdade de adotar decisões sobre todos os assuntos compreendidos no âmbito de qualquer dos Acordos Comerciais Multilaterais caso assim o solicite um membro em conformidade com o estipulado especificamente em matéria de adoção de decisões no presente Acordo e no Acordo comercial multilateral relevante”..

(24) 21. em Genebra, de 18 a 20 de maio de 1998, a terceira em Seattle, de 30 de novembro a 3 de dezembro de 1999, a quarta em Doha, de 9 a 13 de dezembro de 2005, a quinta em Cancun, de 10 a 14 de setembro de 2005, a sexta em Hong Kong, de 13 a 18 de dezembro de 2005, a sétima em Genebra, de 30 de novembro a 2 de dezembro 2009, a oitava em Genebra, de 15 a 17 de dezembro de 2011, a nona em Bali, de 3 a 6 de dezembro de 2013, e a décima em Nairóbi, de 15 a 18 de dezembro de 2015. Verificando as datas dos eventos acima, observa-se que não foi atendido o prazo interstício de dois anos entre as conferências em duas ocasiões, na terceira e na sétima conferência, tendo a primeira sido antecipada em um ano, a fim de coincidir a data com as comemorações de 50 anos do sistema multilateral. Por sua vez, na sétima conferência, houve um retardo de quatro anos em virtude do esfriamento no comércio multilateral à época e do fortalecimento do comércio regional, a exemplo do MERCOSUL e da União Europeia, ou entre Grupos econômicos, como, por exemplo, a Parceria Transpacífica 7 e as tratativas entre NAFTA (North American Free Trade Agreement) e União Europeia, bem como da formação, ainda que informal, do BRICS 8. O Estado Brasileiro, membro fundador, fez-se presente em todas as conferências, exercendo papel de destaque pelos avanços nas tratativas de formalização dos acordos referentes ao comércio de bens e serviços. Tal assertiva é reforçada com a atitude política do embaixador brasileiro Roberto Azevedo, Diretor-Geral, que conseguiu, coordenando um lento processo, finalizar o primeiro acordo da OMC, desde a sua criação. A ideia inicial da criação da OMC, defendida por alguns membros, segundo Vera Thorstensen, era de que a partir daquela data não seriam necessárias novas rodadas, “uma vez que a organização estaria capacitada para analisar todos os temas de seu interesse e iniciar negociações de acordos sobre eles, desde que houvesse acordos sobre eles”. No entanto, os diversos membros A Parceria Transpacífica (Trans-Pacific Partnership –TPP) consiste em um bloco de 12 nações que inclui, dentre outros, os Estados Unidos, Austrália e Japão e constitui atualmente uma das grandes ameaças ao comércio multilateral, nas palavras do Diretor-geral Roberto Azevedo em entrevista ao jornal digital Extra, publicado em 13/02/2016. Disponível em: <http://extra.globo.com/noticias/ economia/politicas-fiscais-monetarias-estao-no-limite-dizdiretor-geral-da-omc-18665876.html>. Acesso em: 27 fev. 2016. 8 O BRICS, acrônimo que significa as iniciais de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (South Africa), não possui um documento formal, tipo estatuto ou acordo, em que figure sua constituição formal, embora, os seus integrantes tenham fundado um banco com cotas de cada um deles. 7.

(25) 22. da OMC não concordaram com a ideia e “passaram a discutir a questão sempre com o entendimento de que os custos e os benefícios de cada tema negociado seriam balanceados, e que ao final do processo, todos poderiam ter ganhos equivalentes nas atividades do comércio exterior” 9. O relato dos temas tratados nas Conferências Ministeriais está inserido nas Declarações Ministeriais, que são as inovações normativas e obrigações decorrentes para os membros. Faz-se necessário conhecer, portanto, quais os temas escolhidos para as discussões comerciais e o modo como ocorre a participação do Brasil no processo de negociação. É possível perceber que em algumas Conferências sequer fora emitida declaração ministerial. Um dos motivos principais para o impasse deve-se ao fato de o processo decisório ser o consensual, atribuindo a cada membro o direito de um voto. Não obstante tal dificuldade, nas mais recentes Conferências, houve uma retomada das negociações satisfativas, com a finalização do primeiro acordo desde a fundação da OMC, que foi denominado “Pacote Bali”. O avanço prosseguiu também com a aprovação da Conferência de Nairóbi, em dezembro de 2015.. B) A trajetória das Conferências Ministeriais de Singapura a Nairóbi. A primeira Conferência Ministerial ocorreu em Singapura, em dezembro de 1996, e três pontos podem ser destacados a partir desse evento: a revisão dos acordos e negociações em curso, um programa de trabalho e a análise do desenvolvimento do comércio mundial e os seus desafios 10. De acordo com Vera Thorstensen, a declaração constatou que o crescimento do comércio mundial elevou a remuneração dos trabalhadores, existindo um compromisso em tornar o sistema multilateral como vetor de. THORSTENSEN, Vera. OMC – A Organização Mundial do Comércio: as Regras do Comércio Internacional e a Nova Rodada de Negociações Multilaterais. 2. ed. São Paulo: Aduaneiras, 2001. p. 406. 10 WTO, sítio da Organização Mundial do comércio. Disponível em: <https://www.wto.org/english/thewto_e/minist_e/min96_e/wtodec_e.htm>. Acesso em: 01 fev. 2016. 9.

(26) 23. crescimento e desenvolvimento sustentável, o que contribui para a estabilidade e segurança nas relações internacionais 11. Os compromissos assumidos, de um modo geral, versam sobre a liberalização progressiva e a eliminação das tarifas e barreiras não tarifárias no comércio de bens, a rejeição de todas as formas de protecionismo, o enfoque para integração dos países em desenvolvimento e menos desenvolvidos e de economias em transição dentro do sistema multilateral e o maior nível possível de transparência12. Foi tema de discussão a padronização do trabalho, o qual foi remetido pela Declaração da Conferência à Organização Internacional (OIT), que seria o foro competente para tal discussão. Segundo Thorstensen, houve uma rejeição do uso de padrões como forma protecionista, refutando a comparação salarial feita pelos países em desenvolvimento 13. Depreende-se da Declaração que os ministros reconheceram o papel do Comitê sobre Acordos regionais, havendo um comprometimento com a primazia do sistema multilateral, de modo que esses acordos sejam complementares ao sistema e consistente com suas regras 14. Foi reconhecido o esforço dos países em desenvolvimento em assumir novos compromissos. Ficou acordado, ainda, um plano de ação para auxílio aos países menos desenvolvidos (PMD), listando-se por Thorstensen três medidas a serem adotadas: “acesso livre para melhorar a capacidade de responder as oportunidades oferecidas pelo sistema de comércio, fortalecimento de condições para os investimentos e organização de encontros com as agências de financiamento multilaterais”. A finalidade é auxiliar os PMD a aproveitarem melhor suas oportunidades de comércio internacional 15. O Comitê sobre comércio e meio ambiente teve seu reconhecimento no importante papel de coordenação de políticas nacionais de comércio junto com as de meio ambiente. Houve uma concordância dos ministros, segundo Thorstensen, no estabelecimento de três grupos de trabalho: “comércio e 11. THORSTENSEN, Vera. Op cit., p. 400. Ibidem, p. 400. 13 Ibidem, p. 400. 14 WTO, Declaração da 1ª Conferência, retirada do sítio da OMC, Disponível em: <https://www.wto.org/english/thew to_e/minist_e/min96_e/wtodec_e.htm>. Acesso em: 01 fev. 2016 15 THORSTENSEN, Vera. Op. cit., p. 401. 12.

(27) 24. investimento, comércio e política de concorrência, e transparência nas práticas de compras governamentais” 16. A segunda Conferência Ministerial, ocorrida em maio de 1998, em Genebra, foi escolhida para coincidir com a data de 50 anos do sistema multilateral do comércio, que teve início com o GATT de 1948. A Declaração Ministerial apontou a rejeição ao uso de qualquer medida protecionista, ficando acordado que a OMC iria trabalhar em conjunto com o FMI e o Banco Mundial. No parágrafo 9, estabeleceu que o Conselho Geral dirigirá um procedimento para assegurar a implementação completa e fiel dos acordos existentes, preparando-se para a terceira conferência. No item “b” do parágrafo 9, a Declaração sugere recomendações relativas aos trabalhos iniciados em Singapura, que são matérias de investimentos, concorrência, transparência em compras governamentais e facilitação do Comércio. Nos parágrafos 10 e 11, a Declaração afirma que o Conselho Geral deveria apresentar um programa de trabalho para a terceira Conferência Ministerial. Nesse sentido, Thorstensen explica que deveria incluir a abrangência, estrutura e prazos, com o intuito de iniciá-la e terminá-la rapidamente e ter como objetivo a realização de um balanço geral de interesse de todos os membros 17. A terceira Conferência Ministerial, que ocorreu em novembro de 1999, na cidade de Seattle (EUA), não foi conclusiva em razão do impasse gerado entre os membros, uma vez que as decisões das conferências sobre as pautas a serem negociadas devem ser tomadas por consenso e não por maioria, o que tornam ainda mais exigíveis as obrigações da organização. Esse impasse serviu para refletir sobre o modelo adotado pela OMC para firmar acordos, bem como para que se fizessem ajustes, proporcionando confiança aos países menos desenvolvidos, no intuito de que a abertura de suas fronteiras não lhes seja prejudicial, fazendo crer que lhes seja facilitado o acesso ao mercado dos países desenvolvidos. Algumas matérias, como agricultura, subsídios, antidumping, tiveram posicionamentos extremados, somadas à movimentação de manifestantes nas ruas de Seattle, levando ao fracasso da conferência. No discurso da Presidenta 16 17. Ibidem, p. 402. Ibidem, p. 405..

(28) 25. da conferência, Charlene Barshefsky, foi notada a falta de harmonia e inovação de ideias entre os membros. Além disso, ela ressaltou a incumbência do diretorgeral em consultar os membros e encontrar caminhos criativos para esse tipo de impasse18. A Presidente da Conferência prosseguiu afirmando que as questões colocadas diante deles são diversas e complexas, de modo que reconhece ser necessário um processo que tivesse um maior grau de transparência interna e de inclusão para acomodar uma sociedade maior e mais diversificada. Finalizou explicando que seria melhor dar uma pausa, realizar consultas mútuas entre os membros, para encontrar uma mudança criativa na conclusão do acordo 19. A proposição norte-americana de padronização das normas trabalhistas e meio ambiente foi veemente negada pelos países em desenvolvimento e países menos desenvolvidos, dentre eles o Brasil. Para Marcelo Abreu, não é a primeira vez que o protagonismo da política interna norte-americana implica indesejável resultado para o sistema multilateral de comércio, relembrando assim que em 1948 não foi ratificado pelo Congresso dos EUA o acordo que criou a Organização Internacional do Comércio 20. Tal opinião também é verificada no relatório do Ministério da Economia, Comércio e Indústria do Japão, numa tradução livre: “Alguns são da opinião que o país presidente da mesa, os Estados Unidos, não conseguiu exercer liderança suficiente,. e. que. alguns. países. estavam. muito. intransigentes. nas. negociações” 21.. “Con el tiempo hemos visto que las diferencias de opinión se mantenían y no sería posible superarlas rápidamente. Llegamos a una conclusión común, compartida por el Director General [de la OMC], los presidentes y copresidentes de los grupos de trabajo y los Miembros en general, que lo mejor sería abrir un intermedio, consultarnos mutuamente y encontrar medios originales para terminar el trabajo”. WTO, Sítio da OMC. Disponível em: <https://www.wto.org/spanish/thewto_s/minist_s/min99_s/spanish / about_s/resum03_s.htm>. Acesso em: 02 fev. 2016. 19 Ibidem. 20 ABREU, Marcelo de Paiva. OMC, baderna e paroquialismo dos EUA. O Estado de São Paulo. 23/12/1999. 21 “Some are also of the opinion that chair country of the meeting, the United States, failed to exert sufficient leadership, and that some countries were too uncompromising in the discussions of the Ministerial Declaration.” Relatório do Ministério da economia, comércio e indústria do Japão, Capítulo 17. Disponível em: <http://www.meti.go.jp/english/report/downloadfiles/gCT0017e.pdf>. Acesso em: 01 fev. 2016. 18.

(29) 26. A quarta Conferência Ministerial ocorreu em novembro de 2001, em Doha, no Qatar, e quase foi adiada ante a possível não participação norteamericana, em razão de ameaças de ataque terrorista. No tocante ao seu conteúdo, deixou de lado o tema da agricultura, cujo desfecho teria o mesmo impasse ocorrido na Conferência anterior, incorporando temas não controversos, tais como o acesso ao mercado de produtos não agrícolas, os direitos de propriedade intelectual e a facilitação do comércio. A Declaração Ministerial de Doha expõe que os membros se comprometem em realizar negociações abrangentes visando: melhorias substanciais no acesso aos mercados; reduções, com vistas à eliminação gradual, de todas as formas de subsídios à exportação; e reduções substanciais no apoio doméstico distorcido ao comércio 22. Sabendo-se que a repetição do fracasso levaria ao descrédito do sistema multilateral do comércio, foi determinada uma dilação no prazo para a conclusão do programa do trabalho, passando-se a ter uma rodada denominada de Rodada Doha sobre a agricultura cuja conclusão ocorreu em dezembro de 2013 na 9ª Conferência Ministerial. Em Doha, foram aprovadas decisões sobre temas e preocupações relacionadas à implementação (Implemetation-Related Issues and Concerns); Declaração sobre o Acordo TRIPS e Saúde Pública (Declaration on the Trips Agreement and Public Health). Contudo, diante da necessidade de os países menos desenvolvidos terem acesso ao mercado, é retomada a pauta da agricultura, lançando esperanças para sua concretização. A Declaração ressalta o compromisso de os membros realizarem negociações com o objetivo de “mejoras sustanciales del acceso a los mercados; reducciones de todas las formas de subvenciones a la exportación, con miras a su remoción progresiva; y reducciones sustanciales de la ayuda interna causante de distorsión del comercio”23. Destaca Rabih Ali Nasser, sobre a Rodada Doha, que “os países assumem apenas a obrigação de negociar esses temas, sem se comprometer. 22. WTO, Declaração Ministerial de Doha 2001. Sítio da OMC. Disponível em: <https://www.wto.org/spanish/thewto_s/minist_s/min01_s/min01_s.htm >. Acesso em: 03 fev. 2016 23 Ibidem..

(30) 27. com resultados” 24, de modo que a ausência desse compromisso com resultados fez com que a rodada Doha se estendesse até 2013, finalizando-a na 9ª conferência ministerial em Bali. A quinta Conferência Ministerial foi realizada em dezembro de 2003, em Cancun, no México. O momento histórico internacional, do pós-ataque terrorista de 11 de setembro de 2001, retraiu de modo geral as relações internacionais, sendo apresentado pelas nações desenvolvidas um forte incentivo às suas produções internas, o que resultou no fracasso tanto nas questões suscitadas na presente Conferência como nas anteriores. Nesse contexto, eram esperadas duas decisões, conforme aponta Amado Luiz Cervo. O primeiro tema focou no comércio de produtos agrícolas, agendado na rodada DOHA, de 2001, já o segundo tema, previsto na Conferência Ministerial de Singapura de 1996, versa sobre a sujeição de investimentos, concorrência, compras governamentais e facilitações das trocas às regras do próprio comércio internacional 25. Nessa Conferência Ministerial, foi formado o Grupo de 21 países capitaneados pela China, Índia e Brasil, para fazer frente ao discurso dos países desenvolvidos, especialmente à proposta da União Europeia e dos Estados Unidos, de modo que não houve resultados, culminando em um impasse que impediu a conclusão dos trabalhos, o que foi emitido numa nota em meados de 200426. A sexta Conferência Ministerial da OMC ocorreu em Hong Kong, em 2005, e conforme a pauta predefinida, objetivava acordos em questões relativas à agricultura, aos subsídios, ao setor têxtil, às barreiras técnicas ao comércio e às medidas em matéria de investimentos relacionadas com o comércio. Em razão do insucesso da Conferência anterior, em Cancun, a OMC estava passando por um momento decisivo, da mesma forma que o sistema multilateral de comércio, a fim de consolidar-se como foro viável para. 24. NASSER, Rabih Ali. A OMC e os Países em Desenvolvimento. São Paulo: Aduaneiras. 2003. p. 268. 25 CERVO, Amado Luiz. Um balanço da reunião da OMC em Cancun. Meridiano 47 - Journal of Global Studies, [S.l.], v. 4, n. 38-39, p. 1-3, out. 203. ISSN 1518-1219 Disponível em: <http://periodicos.unb.br/index.php/MED/article/view/4271>. Acesso em: 29 fev. 2016. 26 WTO, sítio eletrônico. Disponível em: <https://www.wto.org/spanish/thewto_s/minist_s/min03_s/min03_s.htm >. Acesso em: 29 fev. 2016..

(31) 28. regulamentação do comércio global. Essa foi uma das razões para que os principais atores propusessem passos que serviriam para a retomada de negociações no SMC, razão pela qual foram determinados prazos para demonstrar pragmaticidade e resultado dos acordos firmados durante a Conferência. Ela deu um avanço significativo na questão dos subsídios agrícolas, dando passos concretos para o fim dessa prática e estipulando ações e datas 27. A data prevista para uma redução substancial dos subsídios à exportação de produtos agrícolas era o ano de 2010, sendo o prazo limite para sua completa extinção o ano de 2013. Contudo, não foi o que ocorreu, o que gerou certo descrédito e enfraquecimento da OMC28. A sétima Conferência Ministerial acontecida em Genebra, no ano de 2009, fracassou nas negociações da retomada da pauta da Rodada Doha. Os países desenvolvidos não externaram o compromisso firmado de redução dos subsídios. O contexto histórico da crise econômica que surgiu nos Estados Unidos e atingiu os demais países foi um dos fatores que impediram o cumprimento da agenda da OMC, com uma pauta de liberalização. Sem Declaração Ministerial, não houve progresso na conferência. Analisando-a, Steffen Grammiling afirma: “o principal objetivo da Sétima Conferência Ministerial da OMC foi permitir aos ministros discutir, analisar e fornecer orientações sobre todas as atividades da OMC. Assim, para a Conferência foi dado o amplo título de ‘A OMC, o sistema multilateral de comércio e o ambiente econômico global atual’”29. Muitos membros reafirmaram o seu compromisso de concluírem a rodada Doha em 2010, mas o fato de estarem todos presos às suas posições arraigadas causou impasse na negociação. O Ministro Celso Amorim declarou que seria “irrazoável esperar que a conclusão da Rodada envolveria concessões unilaterais adicionais de países em desenvolvimento” 30. 27. WTO, Declaração Ministerial de Hong Kong, 18/03/2005. Disponível em: <https://www.wto.org/spanish/thewto_s/minist_s/min05_s/final_text_s.htm >. Acesso em: 03 fev. 2016. 28 Ibidem. 29 GRAMMLING, Steffen. The Seventh WTO Ministerial Conference: a “housekeeping” exercise in Dialogue on Globalization; December, 2009. Disponível em: <http://library.fes.de/pdffiles/bueros/genf/06930.pdf>. Acesso em: 11 fev. 2016. p. 2 30 WTO. Sétima Conferência Ministerial. Disponível em: <https://w. ww.wto.org/spanish/thewto_s/minist_s/min09_s/min09_s.htm >. Acesso em: 19 fev. 2016..

(32) 29. A oitava Conferência Ministerial foi realizada na cidade de Genebra, em dezembro de 2011, ainda dentro do contexto histórico de crise econômica, sentida na maioria dos países desenvolvidos, semelhante à conferência anterior. De modo geral, deixa de avançar no Programa de Desenvolvimento de Doha, estando pendente desde 2001. No entanto, a Conferência traz inovação com a aprovação de novas matérias, como propriedade intelectual, comércio eletrônico, revisões de políticas comerciais, havendo ainda a ampliação da moratória sobre o Acordo TRIPS de não violação e situação de queixas; a decisão por um programa de trabalho sobre as pequenas economias; uma ampliação no período de transição para os países menos desenvolvidos; a adesão de países menos desenvolvidos à Organização; e o tratamento preferencial aos serviços e prestadores de serviços de países menos desenvolvidos31. A Conferência admitiu como novos membros da OMC três países, a saber: Rússia, Montenegro e Samoa, destacando-se entre eles a Rússia, a última grande economia que ainda não fazia parte da OMC 32. A nona Conferência Ministerial ocorreu em Bali, na Indonésia. Aprazada para os dias 3 a 5 de dezembro de 2013, foi prorrogada para mais um dia, quando foi finalizado o Programa para o Desenvolvimento firmado em Doha, em 2001. O Ministro das Relações Exteriores Luís Alberto Figueiredo participou como representante do Estado brasileiro e narrou que o impasse do acordo girou em torno da Índia e dos EUA para finalizar o texto do pacote de Bali 33. Com um texto aberto, o denominado Pacote de Bali foi um marco na OMC, posto que finalizou o primeiro grande acordo desde a sua inauguração em 1995. Tal fato foi possível devido ao tripé formado pelo Diretor-geral, Roberto Azevedo, pelo país anfitrião e pelo presidente da conferência, Gita Wirjawan, Ministro do Comércio da Indonésia. O ambiente onde se instalou a conferência trouxe o renascimento da política econômica multilateral e o crédito de que, quanto aos países em desenvolvimento, vale a pena participar e praticar as normas acordadas no. 31. WTO. Oitava Conferência Ministerial. Disponível em: <https://www.wto.org/spanish/thewto_s /minist_s/min11_s/min11_s.htm>. Acesso em: 19 fev. 2016. 32 Ibidem. 33 BRASIL. ITAMARATY. Disponível em: <www.itamaraty.gov.br>. Acesso em: 29 fev. 2016..

(33) 30. âmbito da OMC. Atualmente, o pacote de Bali já foi ratificado por três países: Estados Unidos, Indonésia e Singapura. No Brasil, foi encaminhado pela Presidente da República ao Congresso o projeto de Lei que incorpora ao estatuto da OMC o acordo firmado em Bali. O processo foi aprovado no plenário da Câmara, tendo sido encaminhado para o Senado, que aguarda a votação34. O Pacote de Bali é um acordo abrangente de facilitação do comércio global por meio da redução das barreiras comerciais. Nele, incluem-se temas sensíveis, como a agricultura, e temas gerais relacionados ao comércio e ao desenvolvimento. Em relação ao tema de facilitação de comércio, o foco é simplificar procedimentos aduaneiros (incluindo liberação, despacho e trânsito de mercadorias) através da redução de custos, maximização de eficiência e velocidade, abrangendo praticamente todos os produtos, desde matérias-primas a serviços financeiros e telecomunicações. No que concerne à assistência a países em desenvolvimento, avançou-se em prospectos de medidas voltadas para a melhoria na infraestrutura, treinamento de funcionários alfandegários, além de previsão de ajudas de custo na implementação de acordos 35. A décima Conferência Ministerial aconteceu em Nairóbi, no Quênia, em dezembro de 2015, avançando na liberalização do comércio. A revista Valor Econômico aponta que a OMC vinha sendo pouco prestigiada em razão da proliferação de acordos bilaterais e da iniciativa dos mega acordos transregionais. Visando manter-se influente no cenário do comércio internacional e fugir da insignificância, as decisões serviram para revigorar a organização36. A delegação brasileira, chefiada pelo Ministro Mauro Vieira, externa que foram positivos para o país os resultados 37. Segundo a Declaração Ministerial da. 34. Brasil. Projeto de Decreto Legislativo n. 244/2015. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=2017939>. Acesso em: 19 fev. 2016 35 WTO. Pacote de Bali. Disponível em: <https://www.wto.org/spanish/thewto_s/minist_s/mc9_s/balipackage_s.htm>. Acesso em: 19 fev. 2016. 36 VALOR ECONÔMICO. Opinião. Rota da diplomacia comercial brasileira começa a mudar. Disponível em: <http://www.valor.com.br/opiniao/4368516/rota-da-diplomacia-comercialbrasileira-comeca-mudar>. Acesso em: 23 dez. 2015. 37 BRASIL. Itamaraty. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br/index.php?option=com_ content&view=article&id=12765:resultados-da-x-conferencia-ministerial-da-organizacaomundial-do-comercio-nairobi-15-a-18-de-dezembro-de-2015&catid=42&lang=ptBR&Itemid=280>. Acesso em: 20 fev. de 2016..

Referências

Documentos relacionados

É fe ito um planejam ento do processo de elaboração, com a definição das etapas, agentês7esponsáveís7cro^hõgTãrnã~e instruções necessárias, para, em seguida,

A seguir são apresentados os diferentes aspectos relacionados ao arquivista no Brasil: histórico da profissão; os marcos legais existentes para exercí- cio da profissão; o código

/PT TPMPT SJDPT FN BMVNÎOJP F ferro, como os argilosos, o fosforo é absorvido no solo tornando se indispo nível para a planta. Em relação ao solo arenoso, os níveis

• Princípio 5) Proibições de restrições quantitativas a importações: proíbe limitar a quantidade que ingressará no país de determinado produto. • Princípio

Em verdade, o controle da aplicação do direito internacional pelo Poder Judiciário brasileiro concerne a todas as suas normas interna- cionais, quer convencionais, costumeiras

O andamento deste artigo está dividido em quatro eixos temáticos, elencados a seguir: Os princípios fundamentais da constituição brasileira de 1988; conceituação acerca do

O cigarro é produto altamente perigoso, não só aos fumantes como também aos não-fumantes (fumantes passivos ou bystanders), caracterizando-se como defeituoso, uma vez que

Apesar do aumento do erro observado entre a análise realizada com 60% das amostras que construíram o modelo (25,21%) em relação aos 40% que testaram o modelo (38%), os