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Tendências evolutivas da dinâmica tática em Futebol de alto rendimento. Estudo da fase ofensiva nos Campeonatos da Europa e do Mundo, entre 1982 e 2010

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(1)Tendências evolutivas da dinâmica tática em Futebol de alto rendimento Estudo da fase ofensiva nos Campeonatos da Europa e do Mundo, entre 1982 e 2010. Daniel Barreira. Porto, 2013. I.

(2) . II.

(3) . Tendências evolutivas da dinâmica tática em Futebol de alto rendimento Estudo da fase ofensiva nos Campeonatos da Europa e do Mundo, entre 1982 e 2010. Daniel Barreira. Tese apresentada com vista à obtenção do grau de Doutor no âmbito do Programa Doutoral em Ciências do Desporto, organizado pelo Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em Desporto (CIFI2D), da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, nos termos do Decreto – Lei n.º 74/2006 de 24 de Março.. Orientador: Professor Doutor Júlio Manuel Garganta da Silva Co-orientadora: Professora Doutora Maria Teresa Anguera Argilaga. Porto, 2013 III.

(4) . Barreira, D. (2013). Tendências evolutivas da dinâmica tática em Futebol de alto rendimento. Estudo da fase ofensiva nos Campeonatos da Europa e do Mundo, entre 1982 e 2010. Porto: D. Barreira. Tese de Doutoramento em Ciências do Desporto apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do Porto.. Palavras-chave: FUTEBOL; FASE OFENSIVA; TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS; VARIÁVEIS SITUACIONAIS; METODOLOGIA OBSERVACIONAL.. IV.

(5) . Financiamento. O candidato foi financiado através de uma bolsa de doutoramento concedida pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia: SFRH / BD / 48558 / 2008. Este trabalho desenvolveu-se com o apoio do projeto Observación de la interacción en deporte y actividad física: Avances técnicos y metodológicos en registros automatizados cualitativos-cuantitativos (Secretaría de Estado de Investigación, Desarrollo e Innovación del Ministerio de Educación y Ciencia), financiado pelo governo de Espanha, bolsa DEP2012-32124. Realizou-se no Centro de Investigação, Formação, Inovação e Intervenção em Desporto (CIFI2D), Universidade do Porto, Portugal, e na Universidade de Barcelona, Espanha.. . V.

(6) . VI.

(7) . Dedicatória. À minha família. Por estarem sempre perto.. Ao Miguel e à Inês, que cresceram rápido. Sem mim. Pelo afeto.. VII.

(8) . VIII.

(9) . Agradecimentos. O caminho percorrido, longo, que nos conduziu à realização deste trabalho de doutoramento deixa-nos um conjunto de marcas, de vivências, mas sobretudo de pessoas, que nos permitiram esta viagem. Que ficarão. Por isso, sentimos a necessidade de lhes prestar o nosso sincero agradecimento:. Ao Professor Júlio Garganta, pela amizade, competência e orientação. Por num dia recente ao falar-nos de um Sábio, percebermos que ele mesmo é um Sábio. Por construir, por conhecer, por ser positivo, por ser presente, por ser justo, por dar oportunidade. Por, genuinamente, revelar que “ser” é o único caminho. À Professora Maria Teresa Anguera, coorientadora do trabalho, por nos ensinar que o mais importante são as pessoas. Por acreditar no nosso desempenho, por nos transmitir que sermos exigentes é o ponto de partida. Por nos receber. Ao CIFI2D, por ter acolhido a nossa investigação e, em particular, ao Professor António Fonseca, por cuidar em situações em que o caminho era estreito. Ao Julen Castellano, por nos ajudar a desenvolver competências científicas relevantes para a realização dos diferentes artigos científicos. Por nos encaminhar com prontidão e com entusiasmo. “Seguimos trabajando!”. Ao João Brito, pela amizade. Por ser atento. Ao Professor Ricardo Fernandes, Professor Amândio Graça e André Seabra, por serem solícitos e cuidadosos com as nossas preocupações. Aos Treinadores, pela simplicidade e pela atenção com que nos receberam e com que colaboraram. Aos colegas do Gabinete de Futebol, Professor Júlio Garganta, Professor António Natal, José Guilherme, João Brito, Filipe Casanova e Pedro Silva, pelo apoio e incentivo. Ao Professor Jorge Pinto e ao Professor Pina de Morais, pelo respeito.. IX.

(10) . Aos coautores dos trabalhos desenvolvidos, Professor João Prudente, Julen Castellano, João Cláudio Machado, Tiago Pinto, João Valente e Pedro Guimarães. Aos revisores. Aos alunos da Faculdade de Desporto, Dante Chung, Pedro Oliveira, Tiago Pinto e Vítor Neves, que se dedicaram no processo de recolha dos dados. Por, em equipa, todos nos terem assistido na procura e eleição do caminho. À Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, aos Professores e colegas, por ser a nossa “casa” desde 2000, por nos formarem e darem a oportunidade de fazermos o que gostamos num contexto de excelência. Aos meus amigos, Pedro Carneiro, Ivo Campos, Tiago Pinto, João Araújo, Jorge Roque, Eva Martins e Luís Diogo, por compreenderem que o tempo que dispunha era o possível. Pela estima com que me tratam. Ao meu irmão, Sérgio, por ser para mim uma referência. Pelo silêncio vigilante com que me cuida. Aos meus pais, por se preocuparem. Por sentirem e cuidarem, por permitirem e compreenderem que persigo as minhas ambições. À Bete, por estar sempre comigo. Pelo seu carácter, sentido de justiça e preocupação. Por consentir que não tivesse tempo. Por me ouvir. Por criar todas as condições necessárias para que conseguisse realizar este trabalho.. A Ela.. X.

(11) . Índice Índice de figuras. XV. Índice de quadros. XX. Índice de anexos. XXV. Resumo. XXVII. Abstract. XXIX. Capítulo I. 1. Introdução. 3 19. Capítulo II Estrutura da tese. 21. Objetivos. 23. Lista de estudos. 25 27. Capítulo III . Estudo I. Avaliação da Performance em Jogos Desportivos. 29. Coletivos: Futebol . Estudo II. Desenvolvimento e validação de um sistema de observação. aplicado. à. fase. ofensiva. em. 111. Futebol:. SoccerEye . Estudo III. SoccerEye: A Software Solution to Observe and. 149. Record Behaviours in Sport Settings . Estudo IV. Ball recovery patterns as a performance. 173. indicator in elite soccer . Estudo V. Effects of ball recovery in top-level Soccer. 205. attacking patterns of play . Estudo VI. Do attacking game patterns differ between first. 227. and second halves of soccer matches in the 2010 FIFA World Cup? . Estudo VII. How elite-level soccer dynamics has evolved. XI. 241.

(12) . over the last three decades: Input from generalizability theory . Estudo VIII. Evolución del ataque en el fútbol de élite entre. 267. 1982 y 2010: aplicación del análisis secuencial de retardos 291. Capítulo IV Discussão. 293 313. Capítulo V Conclusões. 315 319. Capítulo VI Referências. 321 333. Anexos I.. 335 . SoccerEye: sistema de observação aplicado à fase. XXXI. ofensiva em Futebol . SoccerEye software (versão 3.2, Março 2013):. LIX. Manual de Utilização . Estudo exploratório. XCVII. . Estudos suplementares. CXI. 1.. CXI. 2.. CXXVI. II. Artigos originais . CXLVI. Estudo I. Avaliação da Performance em Jogos. CXLVIII. Desportivos Coletivos: Futebol . Estudo III. SoccerEye: A Software Solution to Observe. CLXXXIX. and Record Behaviours in Sport Settings . Estudo IV. Ball recovery patterns as a performance. CCI. indicator in elite soccer. XII.

(13) . . Estudo V. Effects of ball recovery on top-level soccer. CCXV. attacking patterns of play . Estudo VI. Do attacking game patterns differ between. CCXXIX. first and second halves of soccer matches in the 2010 FIFA World Cup?  Estudo VIII. Evolución del ataque en el fútbol de élite. CCXXXVII. entre 1982 y 2010: aplicación del análisis secuencial de retardos. XIII.

(14) . XIV.

(15) . Índice de figuras. Capítulo III . Estudo I. Figura 1. Publicações por década de subtemas de estudo do jogo de Futebol (Perea, 2008a, p.56) Figura 2. Número de referências em Futebol por décadas, desde 1880 até 2006, na base de dados Sportdiscus, utilizando-se as palavraschave “football”, “fútbol” ou “soccer” (Perea, 2008a, p.38) Figura 3. Classificação dos estudos realizados em Futebol Figura 4. Campograma correspondente à divisão topográfica do terreno de jogo em 12 zonas a partir da justaposição de 4 setores e 3 corredores longitudinais (Garganta, 1997,p.103) Figura 5. Campograma correspondente à divisão topográfica do terreno de jogo em 12 zonas (Barreira, Garganta, & Anguera, 2011a, p. 38) Figura 6. Espaço de Jogo Efetivo de uma equipa de Futebol em dois instantes t diferentes – indicado pela zona sombreada (Castellano, 2000, p.135) Figura 7. Quadrantes para a Análise de Coordenadas Polares: Quadrante I - (0º-90º) - Conduta critério (CC) e conduta objeto (CO) mutuamente excitatórias; Quadrante II - (90º-180º) - CC inibitória e CO excitatória; Quadrante III - (180º-270º) - CC e CO mutuamente inibitórias; Quadrante IV - (270º-360º) - CC excitatória e CO inibitória (Egaña, 2000; Perea, 2008a, p. 93) Figura 8. Interações positivas e significativas entre os jogadores do Real Club Deportivo de La Coruña (Lago & Anguera, 2003, p. 6) Figura 9. Sistema de observação SOCCAF simplificado (Castellano, Perea, et al., 2007, p. 96, 97). XV.

(16) . Figura 10. Subdivisão dos espaços para o critério Zonas (Perea, 2008a, p. 116) Figura 11. Evolução da média de golos marcados por jogo ao longo da história dos Campeonatos do Mundo de Futebol, desde Uruguai 1930 até Alemanha 2006 (Castellano, 2009, p. 3) Figura 12. Média de golos marcados por cada 1000 posses de bola nos Mundiais 1990 e 1994 (Hughes & Franks, 2005, p. 511) Figura 13. Categoria RAC: a equipa observada continua a posse de bola na zona atrasada por uma transmissão, tendo toda a equipa adversária pela frente (Perea, 2008b, p. 74) Figura 14. Categoria RMC: a equipa observada continua a posse de bola na zona atrasada por uma transmissão, tendo a zona média e atrasada da equipa adversária pela frente (Perea, 2008b, p. 74) . Estudo II. Figura 1. Etapas percorridas no desenho e validação do sistema de observação da fase ofensiva em Futebol: SoccerEye Figura 2. Exemplo de uma questão da parte 4 do questionário: grau de importância de uma categoria Figura 3. Exemplo de uma questão da parte 5 do questionário: indicação da categoria exibida em vídeo Figura 4. Caracterização dos inquiridos da etapa de pré-peritagem do sistema SoccerEye Figura 5. Respostas de grau 4 e 5 obtidas para os contextos de interação (critério 6: centro do jogo; critério 7: configuração espacial de interação entre as equipas) que integram o instrumento de observação SoccerEye Figura 6. Modelo de organização do jogo de Futebol Figura 7. Fiabilidade inter-observadores (15 análises de pares) calculada através do coeficiente Kappa de Cohen (. XVI. . ) para a.

(17) . totalidade dos critérios (. . total) e para cada critério do instrumento. de observação SoccerEye . Estudo III. Figure 1. SoccerEye v3.2 user interface. A screenshot of the free restricted recording design (i-b) is shown (see Table 1) Figure 2. SoccerEye v3.2 user interface. A screenshot of the restricted predefined recording design (i-a) is shown Figure 3. SoccerEye v3.2 user interface. A screenshot of the restricted free recording design (i-b) is shown. The “Free input” option is highlighted Figure 4. SoccerEye v3.2 user interface. A screenshot of the open free recording design (ii-b) is shown. The “Edit buttons” and “Free input” options are highlighted Figure 5. SoccerEye v3.2 user interface. The “Edit buttons” pop-up window is shown Figure 6. SoccerEye v3.2 user interface layout. A screenshot of the predefined recording design is shown. a) Menu bar; b) Media player; c) Situational variables; d) Time information; e) Observational criteria and their respective categories; f) Special characters; g) Data editing tools; and h) Recording window Figure 7. Data were obtained with SoccerEye v3.2 software and exported in columns to an Excel sheet Figure 8. Data were obtained with SoccerEye v3.2 software and exported in rows to an Excel sheet Figure 9. Recording design characteristics according to a more restricted or more open configuration . Estudo IV. Figure 1. Updated version of the Organizational Model of Soccer. XVII.

(18) . Figure 2. SoccerEye recording software (v3.0, October 2012) Figure 3. Frequency and mean number of attacks performed during the 2010 FIFA World Cup according to competition stage and the semifinalists Figure 4. Mean frequency for the types of ball recovery and their relationship to the competition stages (group and play-off) of 2010 FIFA World Cup Figure 5. Relationship between the types of ball recovery and successful teams in 2010 FIFA World Cup. Values are means . Estudo V. Figure 1. Significant associations between the direct types of ball recovery and the pitch zones (from 1 to 12, see Figure 2) in which they occurred at the point the ball is recovered, i.e. lag 0. Results refer to 2010 FIFA World Cup. Values are adjusted residuals (z), applying a p value  0.01 and according to a prospective perspective Figure 2. Patterns of pitch space position divided into twelve zones19 and including the significant associations between the types of ball recovery and the pitch zones in which they occurred at the point the ball is recovered, comparing the group and play-off stages of 2010 FIFA World Cup. Values are adjusted residuals (z), applying a p value  0.01 and according to a prospective perspective Figure 3. Significant associations between the direct types of ball recovery and the final attacking events in the following lag the ball is recovered, i.e. lag 1. Results refer to 2010 FIFA World Cup. Values are adjusted residuals (z), applying a p value  0.01 and according to a prospective perspective Figure 4. Ball recovery (a) by a defensive behaviour followed by a pass; (b) by tackle; (c) by interception; and (d) by intervention of the goalkeeper in the defensive phase. Each part of the figure 4 shows the resulting pattern of attacking play according to a prospective. XVIII.

(19) . perspective of the five lags following the ball recovery event. Results refer to 2010 FIFA World Cup . Estudo VII. Figure 1. Soccer dynamics variance explained by decade, competition stage, halves of the match, and match status variables as per criteria of SoccerEye observational instrument Figure 2. Evolution of the centre of the game across the last three decades. Values are mean±SD . Estudo VIII. Figura 1. Participaciones por década y competición de las selecciones nacionales de elite de Fútbol entre 1982 y 2010 Figura 2. Asociaciones significativas entre categorías estructurales e interactivas del SoccerEye y el gol a favor, en el momento de ejecución (retardo 0), en 1982-2010 Figura 3. Análisis retrospectivo de 5 retardos (-5 a 0) que preceden al Fgl, en décadas (A) 1982-1990, (B) 1992-2000 y (C) 2002-2010 Capítulo IV . Discussão. Figura 1. Relação entre os componentes do sistema de observação SoccerEye (Barreira, Garganta, Prudente, & Anguera, 2012 [Estudo II]) Figura 2. Percentagem de variância explicada: A) por variável situacional; e B) por variável situacional em cada critério (Barreira, Garganta, Guimarães, et al., 2013 [Estudo IV]). XIX.

(20) . Índice de quadros Capítulo I . Introdução. Quadro 1. Alterações ao regulamento da FIFA entre 1982 e 2006 (Lafuente & Castellano, 2008) Capítulo II . Estrutura da tese. Quadro 1. Estrutura e conteúdo da tese . Lista de estudos. Quadro 2. Artigos científicos originais Capítulo III . Estudo I. Quadro 1. Modelos de análise dos jogos desportivos coletivos e respetivos indicadores (García, 2005, p. 26) Quadro 2. Estudos referência da investigação do comportamento estratégico nos jogos desportivos coletivos (adaptado de Garay & Hernández, 2007) Quadro 3. Análise Tática do jogo de Futebol. Estudos anteriores a 2010 desenvolvidos na Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, que utilizaram a Observação e Análise do Jogo Quadro 4. Nível de análise, dimensão privilegiada e indicadores utilizados. na. modelação. tático-técnica. do. jogo. de. Futebol. (redesenhado de Garganta, 1997, p. 198). XX.

(21) . Quadro 5. Indicadores Táticos utilizados em estudos de Mestrado e Doutoramento na Faculdade de Desporto, Universidade do Porto, tendo por base a observação e análise de jogo de Futebol Quadro 6. Instrumento ad hoc utilizado para o estudo do Processo Ofensivo em Futebol (Lago & Anguera, 2002b, p. 10) Quadro 7. SOF-5 versão modificada (adaptado de Blanco et al., 2005) Quadro 8. Instrumento ad hoc Formato de campo – Sistema de categorias (Ardá, 1998) Quadro 9. Resumo dos padrões encontrados mediante a Análise Sequencial de Retardos (adaptado de Castellano, 2000) Quadro 10. Valores dos indicadores para as Seleções Nacionais da França e da Holanda nos jogos disputados contra Brasil e Argentina no Mundial 1998, respetivamente (adaptado de Castellano, 2000) Quadro 11. Instrumento de Observação AD HOC adaptado de Silva et al. (2005, p. 67) Quadro 12. Instrumento de observação SoccerEye (Barreira, Garganta & Anguera, 2011, p. 231) Quadro 13. Amostra observacional utilizada no estudo de Castellano (2009, p. 6) Quadro 14. Análise dos componentes de variância para o modelo de 4 facetas: Mundial*Resultado*Zona*Contexto (Castellano, Perea, & Hernández, 2008, p. 930) Quadro 15. Padrões relativos ao final de fase ofensiva eficaz para as condutas de Espaço e de Configuração Espacial de Interação entre as equipas (Barreira, et al., 2009b) . Estudo II. Quadro 1. Trabalhos científicos produzidos no período exploratório do sistema SoccerEye. XXI.

(22) . Quadro 2. Categorias sem consensualidade entre os respondentes (<80%) na etapa de pré-peritagem Quadro 3. Caracterização da amostra da etapa de peritagem do sistema SoccerEye Quadro 4. Categorias do instrumento de observação SoccerEye consideradas pelos respondentes como irrelevantes para a análise da fase ofensiva em Futebol: quantidade de respostas de grau 4 e 5 Quadro 5. Consensualidade (≥75%) entre os inquiridos acerca das questões (n=6) relativas à parte 5 do questionário na etapa de peritagem do SoccerEye. . Estudo III. Table 1. SoccerEye recording designs Table 2. SoccerEye observational instrument: field formats combined with systems of categories . Estudo IV. Table 1. Adapted version of SoccerEye observational instrument Table 2. Types of ball recovery during the 2010 FIFA World Cup according to competition stage and the semi-finalist team. Values are mean±SD Table 3. Zones of ball recovery (from 1 to 12, see Table 1) during FIFA World Cup 2010 (WC2010) according to competition stage and each of the successful teams. Results are shown by stage and for the competition as a whole. Values are mean±SD Table 4. Association between patterns of ball recovery and the final attacking events Table 5. Association between patterns of ball recovery and the efficacy of the attack. XXII.

(23) . . Estudo VI. Table 1. Comparison between 1st and 2nd halves of WC 2010 play-off matches according to the types of finishing the attack; and between EURO 20081 and WC 2010 play-off matches regarding 1st and 2nd halves and the types of finishing the attack. Values are mean±SD Table 2. Obtained adjusted residuals (z), to a p-value<0.05 according a retrospective perspective, World Cup 2010 . Estudo VII. Table 1. Significant differences across the last three decades concerning to SoccerEye behavioural and structural categories. Values are means ± SD Supplementary Table 1 Attacking drills recorded per competition and per decade from 1982 to 2010 Supplementary Table 2 SoccerEye observational instrument distribution of categories (per criterion and sub-criterion) Supplementary Table 3. Analysis of the variance components to each of the SoccerEye observational instrument criterion, according to five factors model: decade*competition stage*halves of the match*match status*criteria . Estudo VIII. Tabla 1. Criterios y respectivas categorías del instrumento de observación SoccerEye. XXIII.

(24) . Capítulo IV . Discussão. Quadro 1. Estudos sobre as tendências evolutivas da dinâmica tática em campeonatos da Europa e do Mundo de Futebol. XXIV.

(25) . Índice de anexos Anexo I. SoccerEye: Sistema de observação aplicado à fase ofensiva em Futebol SoccerEye software (versão 3.2): Manual de Utilização Estudo exploratório In search of nexus between attacking game-patterns, match status and type of ball recovery in European Soccer Championship 2008 Estudos suplementares 1. Eficácia ofensiva e variabilidade de padrões de jogo em futebol 2. Serão os padrões ofensivos em Futebol influenciados pelo resultado momentâneo do jogo?. Anexo II. Estudo I. Avaliação da Performance em Jogos Desportivos Coletivos: Futebol Estudo III. SoccerEye: A Software Solution to Observe and Record Behaviours in Sport Settings Estudo IV. Ball recovery patterns as a performance indicator in elite soccer Estudo V. Effects of ball recovery on top-level soccer attacking patterns of play Estudo VI. Do attacking game patterns differ between first and second halves of soccer matches in the 2010 FIFA World Cup? Estudo VIII. Evolución del ataque en el fútbol de élite entre 1982 y 2010: aplicación del análisis secuencial de retardos. XXV.

(26) . XXVI.

(27) . Resumo A presente tese teve como objetivo indagar as tendências evolutivas da dinâmica tática em Futebol de elite. Foram indagados padrões comportamentais, estruturais e interacionais da fase ofensiva das seleções nacionais de Futebol que atingiram as meias-finais e as finais dos Campeonatos da Europa UEFA e do Mundo FIFA entre 1982 e 2010, tendo em consideração a influência das variáveis situacionais “parte do jogo”, “resultado momentâneo” e “fase da competição”. Neste sentido, foi definido um modelo de organização do jogo de Futebol que alicerçou o desenvolvimento de um sistema de observação aplicado à fase ofensiva, denominado SoccerEye. Esta ferramenta compatibiliza os indicadores de observação elegidos para o estudo, com os referenciais teóricos disponíveis na literatura que versa a temática da metodologia observacional (estudo I), tendo sido validada através do consenso (≥ 75%) obtido entre oito peritos em Futebol (estudo II). Para se efetuar um registo de dados fiável e válido em relação ao instrumento de observação e à sintaxe do software de análise estatística SDISGSEQ, desenvolveu-se um software de registo (SoccerEye, versão 3.2, Março, 2013) (estudo III). Posteriormente, foram realizados cinco estudos, tendo por base a metodologia observacional e o recurso aos seguintes procedimentos estatísticos: análise da variância (ANOVA); testes não paramétricos de Mann-Whitney e Wilcoxon; regressão logística binária e multinomial; análise sequencial de retardos; e teoria da generabilidade. Constatou-se que no Mundial 2010 as equipas de sucesso iniciaram o ataque na zona central média-defensiva, sendo as zonas laterais do setor defensivo e o setor ofensivo menos utilizadas (p≤0.05). Verificou-se que a recuperação direta da bola foi mais frequente (77.3%) do que a indireta, induzindo a criação de oportunidades de golo (p≤0.05). Ainda no Campeonato do Mundo FIFA 2010, apesar de terem sido encontrados padrões quantitativos de ataque semelhantes entre a 1ª e 2ª partes, a utilização da análise sequencial mostrou diferenças significativas (z≥1.96). De 1982 até 2010 verificou-se um aumento da utilização do passe, em relação ao drible e à condução de bola, o que parece dever-se à prevalência de contextos de inferioridade numérica no centro do jogo. As equipas privilegiaram o ataque pelos corredores laterais na década 20022010, aumentando a frequência de lançamentos de linha lateral (p≤0.05). No que respeita aos padrões ofensivos propiciadores de remate, na última década verificou-se um aumento da quantidade de comportamentos realizados em transição-estado defesa/ataque. O ataque concluído com obtenção de golo distingue-se do que termina com remate sem concretização de golo, pela capacidade das equipas para criarem situações de oposição direta entre o(s) atacante(s) e o guarda-redes adversário. O conhecimento das alterações nos padrões ofensivos entre 1982 e 2010 poderá ser utilizado para prever as tendências evolutivas do jogo a curto e médio prazo, bem como para desenvolver metodologias de treino adequadas e indagar os efeitos da aplicação de inovadoras tecnologias de análise de jogo. PALAVRAS-CHAVE: FUTEBOL; FASE OFENSIVA; TENDÊNCIAS EVOLUTIVAS; VARIÁVEIS SITUACIONAIS; METODOLOGIA OBSERVACIONAL. XXVII.

(28) . XXVIII.

(29) . Abstract This dissertation examines the evolution of playing tactical patterns in elite-soccer. Behavioural, structural and interactional attacking patterns of play performed by the national teams that reached the semi-finals and finals of UEFA European and FIFA World Championships, between 1982 and 2010 were investigated, taking into account situational variables, such as “game period”, “match status” and “competition stage”. An organizational model of soccer was developed in order to frame a tool named SoccerEye, used along the study. The configuration of this system attends to the observational indicators elected for the study and the theoretical references regarding the framework of observational methodology (study I), and has been validated by the consensus (≥ 75%) of eight soccer experts (study II). An updated version of SoccerEye (version 3.2, March, 2013) was carried out to observe and to record tactical behaviours with adequate reliability and validity according to the observational instrument and syntax of the statistical analysis software SDIS-GSEQ (study III). Five studies were held with the support of the observational methodology and statistical procedures, including analysis of variance (ANOVA), Mann-Whitney and Wilcoxon nonparametric tests, binomial and multinomial logistic regression, lag sequential analysis and generalizability theory. During FIFA World Cup 2010, successful teams tended to start the attack in the central mid-defensive zone, with a smaller amount of ball recoveries in lateral defensive and offensive zones (p≤0.05). Direct ball recovery was the most frequent (77.3%), inducing more goal attempts (p≤0.05). Still in the FIFA World Cup 2010, quantitative attacking patterns of play performed by the semi-finalists during the 1st and 2nd halves of the match were similar. Nevertheless, the use of sequential analysis showed significant differences (z≥1.96), evidencing that this statistical procedure probably improves the knowledge about tactical performance in soccer. From 1982 to 2010 the passing rate increased compared with the dribble or running with the ball actions, probably due to the numerical disadvantage in the centre of the game. Moreover, lateral wings were the most used pitch zones to perform the attack during 2002-2010, inducing the increasing of throw-ins (p≤0.05). Concerning to the attacking patterns of play that induced shots, during the last decade we noticed an increase of behaviours occurred during defence/attack transition-state. The tactical differences between attacks finished with a goal and those ended with shot on target but not scored, should be assigned to the particular configurations of direct opposition between the attacker(s) and the opponent goalkeeper. The knowledge about the progress of attacking tactical dynamics of play between 1982 and 2010 can be used to forecast evolutionary trends. Furthermore it should benefit the development of adequate training methodologies and better understanding of novel match analysis technologies.. KEY WORDS: SOCCER; ATTACKING PHASE; TACTICAL EVOLUTION; SITUATIONAL VARIABLES; OBSERVATIONAL METHODOLOGY. XXIX.

(30) . XXX.

(31) . Capítulo I Introdução. 1.

(32) . 2.

(33) . Introdução O jogo de Futebol representa um sistema complexo especializado fortemente dominado por competências estratégicas e heurísticas (Garganta, 2005), que se organiza em torno de lógicas particulares. Neste, os jogadores e as equipas exibem comportamentos interativos de elevada variabilidade contextual, que se sustentam numa isonomia de princípios, movendo-se entre o vínculo, que corresponde ao estabelecido, às regras, aos princípios; e a possibilidade de criar novos cenários no jogo (Garganta, 2008). O comportamento coletivo expressa-se assim pela harmonização das interações dos elementos que constituem a equipa e que se alicerça, por um lado, num conhecimento tático convergente e, por outro lado, em opções divergentes que podem desviar-se do rumo previamente definido (Duarte, Araújo, Correia, & Davids, 2012). Concomitantemente, torna-se indispensável conhecer o modo como os jogadores gerem o seu comportamento em função das alterações sucessivas que emergem no contexto de jogo, tendo em conta variáveis situacionais ou contextuais, tais como a “fase da competição”, o “local do jogo”, o “resultado momentâneo”, o “tempo de jogo” ou a “qualidade da oposição” (Pratas, Volossovitch, & Ferreira, 2012). As equipas de Futebol procuram manter-se fiéis aos seus princípios, mesmo quando lidam com a novidade, recorrendo para tal a processos que promovam a sua identidade e salvaguardem a sua integridade enquanto macroestrutura (Garganta, 2013). Esta busca permanente do equilíbrio, recuperando ou reconstruindo a estrutura antiga, ou conduzindo à emergência de uma nova estrutura, confere às equipas de Futebol propriedades inerentes aos sistemas complexos adaptáveis (Holland, 1998). Acresce que enquanto sistemas dinâmicos auto-organizados, as equipas de Futebol são constituídas por indivíduos que não raramente optam por percursos divergentes, orientando-se pelas regras do coletivo e participando nas decisões de forma consensual (Conradt & Roper, 2005). Torna-se assim imprescindível que, antecipadamente, os agentes do jogo estejam identificados com padrões ou configurações típicos, resultantes. 3.

(34) . das interações dos jogadores e das equipas (Garganta, 2005), considerando as escalas individual, grupal, setorial, intersetorial e coletiva (Oliveira, 2004), para também estarem melhor capacitados para lidarem com a novidade e o inesperado. Neste contexto, o conhecimento lato e preciso dos padrões resultantes da interação dos jogadores nos diferentes domínios de atuação viabiliza o controlo dos mecanismos de auto-organização e de auto-regulação na variabilidade e na incerteza (Lago & Martín, 2007), tornando possível agir eficazmente em situações de instabilidade (Garganta, 2005). Como tal, não se afigura adequado que o jogo de Futebol seja explorado ou explicado através da compreensão restrita do comportamento individual dos jogadores que integram as equipas (McGarry, Anderson, Wallace, Hughes, & Franks, 2002). Assim, na ótica de Garganta (2013), o maior desafio para observadores e investigadores em desporto passa por descortinar o modo como as equipas geram e gerem os respetivos comportamentos, i.e., qual a gramática da ação que cada equipa ou conjunto de equipas, numa ou em várias competições, tende a operacionalizar, configurando padrões que, com probabilidade superior ao acaso, induzem performances desportivas de sucesso. Daí a importância de que os eventos táticos que ocorrem durante as partidas de Futebol sejam apreendidos na sua globalidade, embora sem que se perca de vista o impacto que as ações realizadas individual e localmente têm na expressão da totalidade que o jogo representa. Paralelamente, importa não descurar as repercussões do comportamento coletivo na expressão individual e local dos jogadores.. Análise da performance em Futebol A natureza dinâmica do jogo de Futebol é suscetível de acarretar uma incompleta e imprecisa recolha e análise de diversos indicadores inerentes ao jogo, dado que os observadores se encontram impossibilitados de ver e assimilar a totalidade das ações que ocorrem no terreno de jogo (Carling &. 4.

(35) . Court, 2013). No sentido de ultrapassar esta limitação, a observação sistemática e a análise do jogo, ferramentas que concorrem para o estudo do jogo a partir da observação da atividade dos jogadores e das equipas (Garganta, 2001a, 2008), permitem descrever a performance evidenciada nas partidas e propiciar o acesso à informação relevante acerca do confronto desportivo, em vários âmbitos da performance como o físico, o técnico e o tático (Carling & Court, 2013). Através da observação sistemática e da análise de jogo procura-se uma aproximação ao objeto que se pretende conhecer (Contreras & Pino, 2000), o que requer lentes potentes e refinadas que possam, também, auxiliar na modelação ou no prognóstico de tendências (Garganta, 2008). Incidindo nos primórdios sobre aspetos predominantemente físicos, a análise de jogo atualmente inclui também o estudo do desempenho dos jogadores e das equipas numa panóplia que abarca os âmbitos, técnico, tático, fisiológico e psicológico (Júlio & Araújo, 2005). Todavia, convém ter presente que existem tantas formas e metodologias para analisar o jogo quantas as conceções e entendimentos que subjazem à sua realização (Bacconi & Marella, 1995). Não obstante, de acordo com Hughes e Bartlett (2008), é possível delimitar cinco grandes áreas de aplicação da análise de jogo: i.. Avaliação tática: descrição das interações comportamentais que. explicam o sucesso e o insucesso em competição; ii.. Avaliação técnica: identificação dos fatores de execução das. ações técnicas, nomeadamente no que concerne às respetivas eficiência e eficácia; iii.. Análise do movimento: identificação das condicionantes de. natureza fisiológica, quantificação do trabalho produzido e energia despendida pelos jogadores; iv.. Desenvolvimento de bases e modelação: reconhecimento de. indicadores de desempenho desportivo, com o intuito de predizer a evolução do desempenho, tanto em processos de treino como em competição; v.. Formação. de. treinadores. e. de. jogadores:. aplicação. do. conhecimento disponível às práticas de ensino e treino.. 5.

(36) . O estudo do jogo de Futebol reclama o contributo de várias áreas de conhecimento e permite abordagens baseadas em perspetivas teóricas, níveis de análise e métodos diferentes, como é exemplo a necessidade de se compreender a interação que ocorre entre os jogadores durante as partidas (Carvalho & Araújo, 2013). Porém, estas perspetivas teóricas têm dado maior enfâse aos comportamentos avulsos e ao produto do desempenho, em detrimento de uma focagem nos processos que conduzem a determinados desfechos e que podem levar à compreensão holística do jogo (Garganta, 2001b). De facto, os métodos tradicionais utilizados para a análise do rendimento em Futebol tendem a escorar-se na análise da frequência de eventos (dados acumulados) de diferentes indicadores de rendimento (Hughes & Bartlett, 2002). Verifica-se que na avaliação do rendimento em competições de elite de Futebol se recorre a indicadores de resultado tais como o número de golos (Jinshan, Xiakone, Yakamaka, & Matsumoto, 1993), a eficácia dos remates (Ali et al., 2007), a relação entre vencedores e erros cometidos ou entre remates realizados e golos marcados (Lago & Lago-Ballesteros, 2011); e noutro sentido, através de indicadores de performance como o tipo (Ali et al., 2007) e o número de passes (Hughes & Franks, 2005), a posse de bola (Lago, Lago-Ballesteros, Dellal, & Gómez, 2010) e a entrada em zonas de finalização (Ruiz-Ruiz, Fradua, Fernandez-Garcia, & Zubillaga, 2011). Contudo, considerando-se a performance em Futebol dependente de um conjunto complexo de variáveis interrelacionadas, a obtenção de informação e respetiva análise deverão atender aos diversos fatores intrínsecos e extrínsecos que afetam o desempenho dos jogadores em competição (Carling & Court, 2013). Deste modo, a utilização de frequências simples não conseguirá, certamente, capturar a essência da performance desportiva (Borrie, Jonsson, & Magnusson, 2002). Ou seja, apesar da valiosa informação que este tipo de métodos facultam para o entendimento do jogo de Futebol, a inclusão do aspeto temporal / ordem de ocorrência dos eventos na análise da. 6.

(37) . performance parece revelar-se imprescindível para a compreensão do processo e do produto das ações táticas em Futebol. Pretende-se, em última análise, transpor a obtenção de conhecimento isolado e que comummente emerge destas linhas de investigação, tornando o jogo pouco inteligível (Garganta, 2001b). Ou seja, as distintas perspetivas devem ser assumidas de forma conjunta e complementar, a fim de evitar o incompleto acesso a informação que possibilite a compreensão eclética do jogo. Objetiva-se, portanto, afinar e contrastar as distintas perspetivas para indagar a necessidade de se inovar ou alterar as existentes, permitindo uma compreensão mais apropriada da dinâmica comportamental dos jogadores e das equipas de Futebol. Métodos observacionais utilizados na análise contextual do jogo de Futebol O comportamento dos jogadores e das equipas nos jogos de Futebol vem sendo investigado através de diferentes abordagens metodológicas. No que se reporta a métodos observacionais utilizados para indagar a expressão do comportamento humano em diferentes contextos, Cronbach (1975) refere-se a uma perspetiva dicotómica-experimental versus não experimental, enquanto mais recentemente Arnau (1989) reporta-se à diversificação em três metodologias específicas: observacional, seletiva e quase-experimental/experimental, perspetivadas de acordo com o nível de controlo interno do observador sobre o(s) participante(s), o contexto em que o estudo é desenvolvido e o tipo de instrumento(s) utilizado(s). A metodologia observacional, procedimento científico utilizado há cerca de três décadas (Anguera, 1979; Sackett, 1978), é aplicável em contextos habituais em que se destaca a ocorrência de comportamentos percetíveis e espontâneos. Este procedimento possibilita o registo sistematizado do comportamento e a sua análise quali-quantitativa mediante a utilização de instrumentos válidos e específicos para se conseguirem relações diacrónicas e sincrónicas, i.e., aferindo-se de relações sequenciais entre os acontecimentos observados (Anguera, Blanco, Losada, & Hernández-Mendo, 2000).. 7.

(38) . De. facto,. como. não. existem. fenómenos,. factos,. ações. ou. comportamentos de natureza exclusivamente quantitativa ou qualitativa (Sánchez-Algarra & Anguera, 2013), a abordagem metodológica a utilizar para o seu estudo deverá, ressalvando a respetiva abrangência, assumir uma relação de complementaridade entre ambas. Acresce que a distinção entre quantitativo e qualitativo não é precisa (Pope & Mays, 1999), principalmente porque a heterogeneidade da abordagem qualitativa, expressa na opinião divergente de diferentes autores, por exemplo em relação à utilização da estatística (Strauss & Corbin, 1998) ou pelo facto de se realizar em contexto natural (Denzin & Lincoln, 1998), tende a invadir os pressupostos dos métodos quantitativos. Como tal, os métodos qualitativos são ainda heterogéneos quanto à abrangência de perspetivas sobre a possibilidade e conveniência de generalização dos resultados de uma pesquisa para outros lugares, tempos e categorias. Godik e Popov (1993) acrescentam que a obtenção de um profundo e minucioso conhecimento do jogo de Futebol requer procedimentos de análise quantitativos e qualitativos, pelo que apenas com a utilização complementar de ambos os métodos se conseguirá informação objetiva, fidedigna e útil. Neste sentido, a metodologia observacional, enquanto método misto, tem vindo a contribuir para suavizar a dicotomia entre as abordagens qualitativas e quantitativas, enfatizando a importância da complementaridade destas no plano científico. Heyvaert, Maes e Onghena (2011) acrescentam que os métodos mistos têm o potencial para produzir um entendimento mais robusto dos fenómenos complexos, o que se torna inalcançável para as abordagens qualitativa ou quantitativa, quando tomadas de forma isolada.. Tendências evolutivas do jogo de Futebol Em 1952, Winterbottom referia que o jogo de Futebol contempla uma elevada variedade de ações, estilos, preferências táticas e estratégicas dos treinadores e jogadores, que mudam rapidamente em função de cada episódio. 8.

(39) . do. jogo,. conferindo-lhe. extrema. dificuldade. de. estudo.. Mais. tarde,. Winterbottom (1954) acrescentava que em Futebol os ataques frequentemente fracassam, os passes e os cruzamentos são interceptados, golos que são claros são perdidos, remates que esbarram no adversário, o que exige do jogador a necessidade de responder eficazmente em contextos aleatórios e variáveis. Todavia, passados mais de 50 anos em relação à publicação do trabalho seminal de Reep e Benjamin (1968)1, parece não ter-se conseguido lograr meios e métodos suficientemente robustos e replicáveis que permitam um entendimento sistematizado, no que às diferentes formas de jogar e às respetivas lógicas diz respeito. Portanto, e sobrepujando as convicções e conjeturas subjacentes a grande parte das abordagens quantitativas, importa perceber que para aceder à essência do jogo de Futebol, se torna conveniente que o estudo das quantidades de ações e o recurso aos métodos estatísticos se efetivem em estreita complementaridade com aproximações de natureza qualitativa. Contudo, diversas considerações sobre a evolução do jogo são convergentes quanto às alterações na sua lógica interna ao longo do tempo, por exemplo quanto ao aumento do número de passes (Kuhn, 2005), da velocidade da bola e da densidade de jogadores no centro do jogo (Wallace & Norton, in press). Torna-se, portanto, fundamental não só perceber como a evolução ocorre, ou seja, conhecer o passado e ter um entendimento do presente, para indagar para onde o jogo se dirige, criando assim a possibilidade de aproveitar a mudança para retirar vantagem no futuro. Neste sentido,. afigura-se. conveniente. que. os. fatores. que. influenciam. significativamente as transformações do jogo ao longo do tempo sejam conhecidos e compreendidos.. 1. Reep e Benjamin, em 1968, através da obra intitulada “Skill and chance in association. football”, realizaram a análise dos comportamentos dos jogadores e das equipas relativizados ao espaço e ao tempo de jogo recorrendo a indicadores quantitativos, tendo-se tornado referência e influenciado a forma de jogar Futebol em Inglaterra, nas décadas de 70, 80 e 90.. 9.

(40) . Segundo Palacios-Huerta (2004), as leis do jogo de Futebol, apesar de serem anualmente revistas pela FIFA, nas últimas três décadas têm vindo a induzir menor impacto nas alterações observadas na forma como as equipas e jogadores se dispõem e atuam no terreno de jogo comparativamente com períodos anteriores. No Quadro 1 encontram-se elencadas as alterações regulamentares realizadas no período entre 1982 e 2006. Quadro 1. Alterações ao regulamento da FIFA entre 1982 e 2006 (Lafuente & Castellano, 2008). Data 1982. Descrição da alteração O guarda-redes pode efetuar no máximo 4 passos com a bola na mão.. 1984. O reinício do jogo através de bola ao solo acontece no local onde a bola se encontrava no momento da interrupção, mesmo que ocorra dentro da área de grande penalidade. O reinício do jogo através de livre indireto dá-se no local onde a infração é cometida quando ocorre dentro da área de grande penalidade da equipa adversária.. 1986. Uma substituição é considerada concretizada quando o jogador suplente entra no terreno de jogo e o substituído sai. O jogador que converte o pontapé de grande penalidade deve ser previamente identificado.. 1987. O tempo que foi perdido durante cada parte do jogo devido a situações como a assistência médica a um jogador lesionado, substituições, entre outras, deve ser jogado no final da mesma, em função do critério do árbitro. Um lançamento de linha lateral que não seja realizado a partir do local onde a bola saiu do terreno de jogo é considerado incorreto.. 1988. Os postes das balizas devem ser de cor branca. Em jogos oficiais FIFA, confederações ou associações nacionais, os clubes podem realizar duas substituições de entre os 5 jogadores presentes no banco de suplentes.. 1990. Obrigatoriedade de utilizar caneleiras. Relativamente à lei de fora-de-jogo, considera-se que um jogador que se encontra em linha com o penúltimo jogador ou com os últimos dois defesas adversários não se encontra em situação irregular. Um jogador que impeça o adversário de concretizar uma oportunidade clara de golo será expulso do terreno de jogo.. 1991. Um jogador que intencionalmente toque com a mão na bola dentro da área de grande penalidade, com exceção para o guarda-redes da equipa em fase defensiva, impedindo o adversário de concretizar uma oportunidade clara de golo, será expulso do terreno de jogo.. 10.

(41) . 1992. O guarda-redes encontra-se impedido de jogar a bola com a mão dentro da área de grande penalidade quando esta é passada intencionalmente por um colega de equipa. A equipa adversária recomeçará o jogo através de um livre indireto no local da infração. Um pontapé-livre concedido à equipa na sua área de grande penalidade poderá ser realizado em qualquer local da mesma e por qualquer jogador da respetiva equipa.. 1993. Possibilidade de um jogador passar a bola ao guarda-redes da sua equipa com a cabeça, peito, joelho e canela. Não obstante, se um jogador utiliza deliberadamente, na opinião do árbitro, uma estratégia para adulterar esta regra, será culpado de conduta imprópria e um livre indireto será assinalado. Delimitação de uma área técnica, quem pode transmitir instruções técnicas aos jogadores e o regulamento das pessoas que circulam na referida área. Criação da figura de 4º árbitro em competições nacionais.. 1995. São permitidas três substituições no decorrer do jogo, sem restrições. A vitória passa a valer 3 pontos. O tempo de intervalo não deverá ultrapassar os 15 minutos Clarificação do conceito de “jogo ativo” na consideração da lei de fora-dejogo. O jogador intervém ativamente no jogo quando: (i) interfere na jogada; (ii) interfere com um jogador adversário; e (iii) consegue vantagem por ocupar a posição.. 1996. “Lei da vantagem”: o árbitro deve permitir que a situação prossiga caso a vantagem seja para o jogador e equipa que sofreu a infração. O árbitro poderá assinalar a infração posteriormente. Os “juízes de linha” passam a designar-se por “árbitros assistentes”.. 1997. Os calções térmicos utilizado pelos jogadores devem ser da mesma cor que os calções do equipamento. Qualquer jogador que esteja a sangrar deve abandonar o terreno de jogo para ser assistido. A equipa que ganha o sorteio inicial realizado pelo árbitro pode escolher a baliza que atacará na primeira parte do jogo, enquanto a outra realizará o pontapé de saída. A expressão “conduta antidesportiva” substitui a “comportamento impróprio para cavalheiros”. O comportamento de atrasar o reinício do jogo ou não conceder a distância regulamentada é motivo para sanção disciplinar. Será assinalado um livre indireto quando o guarda-redes mantém a bola em sua posse (mãos) mais de 5 segundos. No pontapé de grande penalidade, o guarda-redes permanece na linha de baliza, entre os postes, em frente da marca de grande penalidade. Elimina-se a expressão “sem mover os pés”. Os jogadores que entrem na área de grande penalidade antes que o jogo tenha sido reiniciado não recebem sanção disciplinar, exceto se forem reincidentes. É permitido marcar golo a partir do pontapé de saída. A bola encontra-se em jogo quando é jogada para a frente.. 1998. As ações defensivas perigosas para a segurança do adversário deve ser punida. 11.

(42) . com cartão vermelho e, consequentemente, a expulsão do terreno de jogo. 1999. O 4º árbitro tem as funções de zelar pelo equipamento dos jogadores suplentes, informar o árbitro principal do comportamento incorreto dos elementos que ocupam a área técnica. Toda a simulação do jogador que pretenda enganar o árbitro do jogo deve ser sancionada como conduta antidesportiva e, consequentemente, com cartão amarelo.. 2000. Os árbitros assistentes podem entrar no terreno de jogo para auxiliar a medir os 9,15 metros de distância ao local onde se encontra a bola. Será assinalado um livre indireto quando o guarda-redes mantém a bola em sua posse (mãos) 6 ou mais segundos. O 4º árbitro deve informar o árbitro principal de algum erro que este tenha cometido (e.g. expulsão indevida de um jogador), ou outros comportamentos que os restantes elementos da equipa de arbitragem não viram.. 2004. Um jogador será admoestado na celebração de um golo se, na perspetiva do árbitro, realiza gestos provocadores ou exaltados; se sobe as estruturas do estádio; se tira a camisola ou a coloca na cabeça e se cobre a cabeça com uma máscara ou artigos similares. Não se mostram cartões a treinadores e a outros oficiais intervenientes no jogo. 2005. No lançamento de linha lateral os adversários devem estar a pelo menos 2 metros de distância do local onde o lançamento será executado.. 2006. A “lei da vantagem” não é aplicada à infração que origina o pontapé de grande penalidade Se um jogador entra no terreno de jogo sem prévia autorização do árbitro, será assinalada uma infração e o jogo reinicia-se com uma bola ao solo no local onde esta se encontrava quando o jogo foi interrompido. Os equipamentos dos jogadores não devem incluir publicidade, mensagens políticas, religiosas ou pessoais. As partes que constituem o equipamento, i.e., a camisola e o calção, não devem constituir-se como uma peça única, devendo estar separadas. Apenas um elemento pode dar instruções táticas aos jogadores na área técnica, que não tem forçosamente de ser o treinador.. Nota: A negrito encontram-se assinaladas as alterações às leis do jogo que parecem ter induzido maior impacto na evolução do jogo de Futebol entre 1982 e 2006.. De acordo com a literatura, as mudanças introduzidas no regulamento têm como objetivo provocar alterações na dinâmica das equipas no terreno de jogo (Lafuente & Castellano, 2008; Palacios-Huerta, 2004). Por exemplo, o aumento do número de pontos por vitória, de dois para três, em 1995, visou fomentar o aumento do número de golos obtidos, esperando-se que daí adviesse um acréscimo significativo do pendor ofensivo das equipas. No. 12.

(43) . entanto, verificou-se o oposto do pretendido, ou seja, grande parte das equipas centrou a sua atenção no reforço da fase defensiva. No entanto, sabe-se que o jogo já existia antes do regulamento. Neste sentido, Lafuente e Castellano (2008) referem que os fatores que mais parecem influir na evolução da lógica interna do jogo de Futebol decorrem sobretudo da evolução dos interesses sociais e das repercussões do jogo no Mundo, dos avanços médicos e tecnológicos, das características dos desportistas e das metodologias de treino, entre outros. Através do estudo de campeonatos do Mundo de Futebol FIFA, Kuhn (2005) refere que o crescimento da performance nos últimos 50 anos tem beneficiado do crescimento da análise do jogo enquanto instrumento progressivamente objectivo e capaz de extrair dados relevantes do jogo e de os traduzir em informação clara que retorne ao seu contexto natural. Ou seja, desde os anos 50 que são utilizados distintos níveis de análise em Futebol em campeonatos da Europa UEFA e do Mundo FIFA de Futebol por nestes estarem representados os melhores jogadores e treinadores, os traços específicos do Futebol de cada cultura, o máximo empenho devido à valorização do triunfo, a aplicação das melhores estratégias de jogo e decorrerem com um intervalo de tempo que permite observar evoluções significativas (Ramos & Oliveira, 2008). No entanto, o estudo das tendências evolutivas da dinâmica tática em Futebol de elite tem sido frequentemente desenvolvido através da avaliação de indicadores de rendimento que incidem em parâmetros discretos do jogo (Castellano, Casamichana, & Lago, 2012), i.e., recorrendo-se a métodos quantitativos de análise (e.g. Palacios-Huerta, 2004; Pollard, 1995; Wallace & Norton, in press). Por outro lado, investigações recentes (Castellano, Perea, & Blanco, 2009; Castellano, Perea, & Hernández-Mendo, 2008) têm utilizado a teoria da generabilidade2 para perceber qual a influência de diferentes variáveis contextuais. (e.g.. “resultado. momentâneo”,. “parte. do. jogo”,. “tipo. de. 2. A “teoria da generabilidade” estima a variância que cada variável categórica, ou a interação. entre as variáveis categóricas que constituem o modelo adotado para a investigação, induzem na variância total observada através de um procedimento de medida (Mushquash & O’Connor).. 13.

(44) . competição”) na evolução do jogo. Assim, se na primeira perspetiva se percebe que ao longo dos campeonatos do Mundo de Futebol FIFA é notória a alteração de vários indicadores táticos, o que reflete a evolução do jogo de Futebol, na segunda, a variável “competição” isoladamente explica apenas 1% da variância, enquanto que em interação com as demais variáveis do modelo aplicado (“resultado momentâneo do jogo”, “zona do terreno de jogo” e “contextos de interação”) explica até 15%, evidenciando que a evolução do jogo na última década é reduzida (Castellano et al., 2008). Segundo Hughes e Franks (2005), é importante que um sentido mais eclético e ecológico de abordar a problemática da evolução do jogo de Futebol seja utilizado. Ou seja, embora a investigação acerca das tendências evolutivas do jogo de Futebol seja atualmente realizada, a quantidade de estudos parece ser ainda insuficiente (Wallace & Norton, in press). Outras limitações encontradas em estudos sobre esta temática reportam-se à utilização de métodos que conduzem a uma análise das variáveis do jogo de Futebol de forma descontextualizada e separada, negligenciando a natureza complexa e dinâmica da performance em Futebol (Reed & O'Donoghue, 2005), à consideração de períodos de análise demasiado restritos (Castellano, 2009; Castellano et al., 2008), de entre outras limitações que estão mencionadas no Quadro 1, inserto mais adiante, no capítulo de Discussão. Concomitantemente,. estas. dificuldades. são. acrescidas. com. as. limitações relativas às pesquisas levadas a acabo no âmbito da observação e análise tática do jogo de Futebol (Carling, Wright, Nelson, & Bradley, 2013; Mackenzie & Cushion, 2012), nomeadamente: . Inexistência de um léxico consensual entre analistas, investigadores e treinadores: as múltiplas definições operacionais e classificações de eventos coincidentes inibem uma inteligível, replicável e generalizável observação e análise da performance.. . Os dados recolhidos por entidades colaborantes com clubes de Futebol raramente acompanhados são por definições operacionais das variáveis utilizadas e de um entendimento do jogo que permita legitimá-las. Desconhece-se, ainda, o processo de validação formal. 14.

(45) . destes instrumentos, assim como a qualidade dos dados obtidos, na medida que os critérios de seleção, treino e acompanhamento dos observadores e a consequente fiabilidade dos dados não são reportadas. O incumprimento destes pressupostos poderá acarretar erros graves de medida, uma vez que o observador, de acordo com Landis e Koch (1977), pode constituir uma importante fonte de erro em estudos de âmbito observacional. . Ausência de consenso entre os auditores científicos relativamente a critérios para a determinação do tamanho e da qualidade de uma amostra para ser considerada como suficiente.. . Estudos que pretendem predizer os resultados requerem grandes amostras de dados, o que reduz a sua aplicabilidade em tempo útil.. . Desconhecimento sobre a aplicabilidade da informação obtida na investigação nas tarefas de planeamento e condução do processo e análise de treino e de jogo.. . Análise isolada e descontextualizada dos efeitos das variáveis situacionais nos eventos do jogo.. . Localização das ações desenvolvidas pelos jogadores e pelas equipas no terreno de jogo através de diferentes campogramas e, por conseguinte, com distintas delimitações das suas áreas funcionais.. . Reduzido transfere entre o conhecimento acerca dos indicadores de performance e o que os jogadores e equipas deverão realizar no terreno de jogo (padrões de conduta).. . Omissão ou secundarização dos fatores de interação com o adversário. O conhecimento dos contextos de interação, seja com o adversário, seja com os colegas de equipa, afigura-se fundamental para ascender a uma compreensão sistémica do jogo.. . Atenção centrada no produto, em vez de estar focada no processo. Tendência para procurar a parte visível e imediata do ataque (o golo, o remate, etc.), desconsiderando-se a análise dos acontecimentos que o precedem e que induzem as perturbações ou momentos. 15.

(46) . críticos responsáveis pelas alterações das diacronias do jogo (Hughes, Robertson, & Nicholson, 1988). Através da utilização da metodologia observacional e em particular através da técnica de análise sequencial de retardos3 (Castellano, 2000), tornase viável reunir caraterísticas que permitem o estudo científico do comportamento humano, nomeadamente no que respeita ao jogo de Futebol (Anguera et al., 2004), destacando-se como reforço aos sistemas de análise mais frequentemente utilizados. Admite-se, deste modo, a possibilidade de identificação de padrões comportamentais com maior probabilidade de ocorrência, em comparação com o acaso, considerando-se as diferentes categorias formuladas para representar o fluxo do jogo (Hernández-Mendo & Castellano, 2002), bem como da emergência de certas condutas em função da ocorrência de outras (Anguera et al., 2000). Neste sentido, através da utilização da metodologia observacional, especificamente através da técnica de análise sequencial de retardos, viabiliza-se a possibilidade de desvendar algumas lógicas sequenciais do jogo de Futebol (Arana, Lapresa, Anguera, & Garzón, 2012; Barreira, Garganta, Machado, & Anguera, 2013; Castellano, 2009; Lapresa, Arana, Anguera, & Garzón, 2013). Mais recentemente, a utilização de abordagens da eco-dinâmica nos jogos desportivos coletivos e no jogo de Futebol em particular, tem permitido explicar como a interação entre os jogadores e a informação do envolvimento influenciam a emergência de padrões de jogo, e como estes evoluem (Vilar, Araújo, Davids, & Button, 2012). Ou seja, a perspetiva dos sistemas dinâmicos apresenta um modo de identificar propriedades dinâmicas dos sistemas e derivar as equações que as captem, permitindo, quando aplicado ao comportamento humano, descrevê-lo, explicá-lo e predizê-lo (Duarte, Araújo, & 3. A “Análise Sequencial de Retardos” consiste em técnicas que permitem estimar a. probabilidade de ocorrência de um comportamento de um reportório (conduta objeto) em função de um comportamento critério identificado (conduta critério). A probabilidade de ocorrência é encontrada através de uma análise estatística binomial, que compara a probabilidade do retardo observado ocorrer (ser “ativado” ou “inibido”) em função da conduta critério, segundo duas formas: prospetiva ou retrospetiva (Quera & Estany, 1984).. 16.

(47) . Travassos, 2013). De acordo com esta perspetiva, as equipas enquanto sistemas complexos e dinâmicos, têm nos seus jogadores elementos que decidem de acordo com a informação que percecionam do contexto onde se encontram, por exemplo sobre a sua posição relativa, a direção do movimento ou a mudança de direção do movimento de outros que operam nesse sistema, fazendo com que a resposta seja iminentemente coletiva. Neste sentido, compreende-se que os padrões comportamentais de jogadores e de equipas derivam da relação entre a perceção, a ação e as intenções dos indivíduos operando num sistema, com o objetivo de coordenar os seus padrões de atuação (Duarte, Araújo, Correia, & Davids, 2012). Em suma, torna-se fundamental que os treinadores disponham de informação válida e precisa, que lhes permita conhecer o estado atual do conhecimento acerca do jogo de Futebol, bem como a evolução experimentada por esta modalidade nos últimos anos. Deste modo, promove-se o desenho e aplicação de metodologias de treino ajustadas que promovam práticas eficazes e ajudem a melhorar e combinar conhecimentos. Deste modo, procura minimizar-se a ação do acaso e releva-se a importância do treino orientado por ideias e intenções.. 17.

(48) . 18.

(49) . Capítulo II Estrutura da tese Objetivos Lista de estudos. 19.

(50) . 20.

(51) . Estrutura da tese A presente tese encontra-se elaborada de acordo com as normas e orientações da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto para a redação e apresentação de dissertações e relatórios (FADEUP, 2009). Consiste na compilação, devidamente enquadrada, de um conjunto coerente e relevante de trabalhos de investigação, já objecto de publicação ou cuja aceitação para publicação tenha sido confirmada, em revistas com comités de selecção de reconhecido mérito internacional. A tese encontra-se organizada em seis capítulos, incluindo anexos (Quadro 1). Do primeiro capítulo consta uma introdução geral da problemática em estudo, nomeadamente o estado da arte e a pertinência da investigação; no segundo capítulo descrevem-se a estrutura da tese, os objetivos, assim como a lista dos estudos efetuados. No capítulo três expõem-se os estudos originais desenvolvidos, enquanto a discussão geral dos resultados e dos aspetos metodológicos operacionalizados ocorrem no capítulo quatro. O capítulo cinco evidencia as principais conclusões do trabalho e o capítulo seis envolve as referências gerais. A secção de anexos encontra-se dividida em dois capítulos, nos quais se incluem os respetivos trabalhos. No capítulo 1 incluem-se o documento de apoio ao Estudo II - SoccerEye: sistema de observação aplicado à fase ofensiva em Futebol; o documento de apoio ao Estudo III - SoccerEye software:. manual. de. utilização. de. uma. ferramenta. especificamente. desenvolvida para o registo dos dados; um estudo exploratório e dois estudos suplementares; enquanto no capítulo 2 figuram os artigos originais no formato em que se encontram publicados ou aceites para publicação.. 21.

(52) . Quadro 1. Estrutura e conteúdo da tese CAPÍTULO I. Introdução. CAPÍTULO II. Estrutura Objetivos Lista de estudos. CAPÍTULO III. Estudo I. Avaliação da Performance em Jogos Desportivos Coletivos: Futebol Estudo II. Desenvolvimento e validação de um sistema de observação aplicado à fase ofensiva em Futebol: SoccerEye Estudo III. SoccerEye: A Software Solution to Observe and Record Behaviours in Sport Settings Estudo IV. Ball recovery patterns as a performance indicator in elite soccer Estudo V. Effects of ball recovery in top-level Soccer attacking patterns of play Estudo VI. Do attacking game patterns differ between first and second halves of soccer matches in the 2010 FIFA World Cup? Estudo VII. How elite-level soccer dynamics has evolved over the last three decades: Input from generalizability theory Estudo VIII. Evolución del ataque del ataque en el fútbol de élite entre 1982 y 2010: aplicación del análisis secuencial de retardos. CAPÍTULO IV. Discussão. CAPÍTULO V. Conclusões. CAPÍTULO VI. Referências. ANEXOS 1.. 2.. . SoccerEye: Sistema de observação em Futebol. . SoccerEye software (versão 3.2): Manual de Utilização. . Estudo exploratório. . Estudos suplementares. . Artigos Originais. 22.

(53) . Objetivos. Através do presente trabalho visou-se investigar as tendências evolutivas da dinâmica tática do Futebol de elite através da utilização da metodologia observacional. No sentido de concretizar este objetivo geral, numa primeira etapa perseguiram-se três objetivos específicos, que por sua vez resultaram em três artigos originais: 1.. Rever os indicadores de performance utilizados para a análise. tática do jogo de Futebol através da metodologia observacional; 2.. Desenhar e validar um modelo de organização do jogo de. Futebol, que legitime e suporte um instrumento de observação aplicado à análise da dinâmica tática atacante em Futebol, assente na metodologia observacional. 3.. Criar um software de registo específico do sistema de observação. SoccerEye, que abarque uma multiplicidade abrangente de sintaxes de software de análise estatística (e.g. SDIS-GSEQ).. Posteriormente, foram desenvolvidos cinco estudos originais (Quadro 2) que objetivaram a análise da dinâmica tática atacante de equipas de Futebol de elite em Campeonato da Europa UEFA e do Mundo FIFA de Futebol entre 1982 e 2010. Neste âmbito, procurou-se compreender os padrões atacantes e indagá-los em função de diferentes variáveis situacionais, a saber: “tempo de jogo”, “resultado momentâneo” e “fase da competição”. Por último, pretendeuse perfilar as tendências evolutivas da dinâmica tática em Futebol de elite nas últimas três décadas, com recurso à teoria da generabilidade e à análise sequencial de retardos.. 23.

(54) . 24.

Referências

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