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Relatório profissional conducente ao Grau de Mestre em Economia

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Escola de Ciências Humanas e Sociais

Departamento de Economia, Sociologia e Gestão

RELATÓRIO PROFISSIONAL CONDUCENTE

AO GRAU DE MESTRE EM ECONOMIA

Filipe Correia Pinto

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Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro

Escola de Ciências Humanas e Sociais

Departamento de Economia, Sociologia e Gestão

RELATÓRIO PROFISSIONAL CONDUCENTE

AO GRAU DE MESTRE EM ECONOMIA

Filipe Correia Pinto

Elaborado sob a orientação do Prof. Doutor Francisco José Lopes de Sousa Diniz

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o longo da minha vida foram várias as pessoas que me

ajudaram e que

contribuíram para que me tornasse melhor. A todos manifesto o meu agradecimento. Agradeço em especial à minha esposa, filha, pais e irmãos a atenção, a compreensão e o apoio que sempre me deram.

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Resumo

A recomendação de 8 de janeiro de 2011 do Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, na sequência do Processo de Bolonha, deu a possibilidade aos licenciados pré-Bolonha de adquirirem o grau de mestre, apresentando para o efeito candidatura ao crédito da componente letiva e uma dissertação científica ou um relatório profissional.

No sentido de obter o grau de mestre apresentei a minha candidatura e após a creditação da componente letiva iniciei a elaboração deste relatório. O trabalho numa entidade gestora dos sistemas de abastecimento de água, drenagem de águas residuais e gestão de resíduos permitiu-me adquirir competências nas áreas dos fundos comunitários, elaboração de orçamento, prestação de contas, bem como no cálculo e interpretação de vários indicadores de atividade, rendibilidade, de endividamento, etc.

Além da descrição da minha atividade profissional, este relatório inclui uma abordagem à problemática do abastecimento público de água.

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Abstract

The recommendation of January 8, 2011 of the Council of Rectors of Portuguese Universities, in the aftermath of the Bologna Process, gave the pre-Bologna graduates the possibility of attaining a Master’s degree by presenting an application for the accreditation of the academic component and presenting a scientific dissertation or a professional report.

In order to attain my Master’s degree, I submitted my application and after the accreditation of the academic component I started working on this report. Working for the management company responsible for water supply systems, sewerage and waste management has given me the possibility of acquiring skills in the areas of Community funds, budgeting, accounting, and calculating and interpreting various activity indicators, profitability, debt, etc..

In addition to the description of my professional activity, this report includes an approach to the problem of public water supply.

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Índice

ABREVIATURAS 1 INTRODUÇÃO 3 1. ENQUADRAMENTO DO TRABALHO 5 2. ATIVIDADE PROFISSIONAL 7 2.1 Contabilidade 7 2.2 Gestão autárquica 7 2.3 Trabalho na EMARVR 8 2.3.1 Enquadramento do setor 8 2.3.2 Fundos comunitários 18 2.3.3 Financeira 27

3. O ABASTECIMENTO PÚBLICO DE ÁGUA 33

3.1 Importância da água 33

3.2 Evolução do abastecimento de água em Portugal 35

3.3 O mercado do abastecimento de água 38

3.4 Custos de um sistema de abastecimento 40

3.5 Tarifação do abastecimento de água 44

3.6 O preço justo da água 46

3.7 Componentes da formulação dos preços 54

NOTAS FINAIS 57

BIBLIOGRAFIA 59

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Índice de Ilustrações

Ilustração 1 - Evolução da legislação relativa ao setor empresarial do Estado 11

Ilustração 2 – Objetivos estratégicos do PEAASAR 13 Ilustração 3 - Resultados PO Norte 21

Ilustração 4 - Organização do QREN 24

Ilustração 5 - Evolução da população servida por sistemas de abastecimento de água 36

Ilustração 6 - Estrutura das entidades gestoras em Portugal - Fonte ERSAR 40

Ilustração 7 - Componentes da formação de tarifas 46

Ilustração 8 - Encargos com o abastecimento de água 50

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Abreviaturas

CEE – Comunidade Económica Europeia

COICOP - Classificação do Consumo Individual por Objetivo da OCDE CRUP – Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas

EMARVR – Empresa Municipal de Água e Resíduos

ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos IEFP – Instituto do Emprego e Formação Profissional

OCDE – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico

PEAASAR – Plano Estratégico do Abastecimento de Água e Saneamento de Águas Residuais

PERSU – Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos QCA – Quadro Comunitário de Apoio

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Introdução

Este trabalho foi elaborado no âmbito da realização de um mestrado com vista à obtenção do grau de mestre de acordo com a Recomendação do CRUP, de 8 de janeiro de 2011.

O trabalho é constituído por três partes. Na primeira é feito um enquadramento do presente trabalho e da envolvente relacionada com o Processo de Bolonha. Na segunda parte é feita uma análise à minha experiência profissional, decorridos dez anos após o término da licenciatura. Apesar de não muito extensa em termos de entidades patronais, na minha carreira tive a oportunidade de trabalhar em áreas distintas tais como fundos comunitários ou elaboração de um orçamento. Todas as atividades permitiram-me aplicar conhecimentos académicos e obter outros que me ajudaram a enfrentar novos desafios com a confiança de os superar.

Na terceira parte é feita uma abordagem ao abastecimento público de água. A água é um bem essencial à sobrevivência humana, reconhecido inclusivamente pelas Nações Unidas como Direito Humano. Desde sempre os povos procuraram possuir formas de abastecimento que satisfizessem as suas necessidades. Com o evoluir da sociedade e com a concentração das populações em grandes aglomerados, as necessidades e os requisitos dos sistemas de abastecimento de água alteraram-se. Estes sistemas têm custos avultados, cujo financiamento pode ser feito através da cobrança de tarifas ou pela subsidiação com fundos públicos.

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1. Enquadramento do trabalho

A Declaração de Bolonha, assinada em 19 de junho de 1999, pretendeu criar um espaço europeu de ensino superior, através da uniformização dos graus académicos, tornando-os comparáveis e compatíveis nos países subscritores. Deu-se assim início ao denominado “Processo de Bolonha”.

O Decreto-Lei n.º 74/2006, de 24 de março, aprovou o regime jurídico dos graus e diplomas do ensino superior, adaptando o sistema que vigorava em Portugal ao previsto na referida declaração. Com a implementação deste diploma o sistema de ensino superior passou a ter dois ciclos. O primeiro conduz à licenciatura e tem a duração de seis ou oito semestres, conforme os cursos. O segundo conduz ao grau de mestre através da formação com duração de três a quatro semestres.

Esta situação consubstanciava uma desigualdade face aos licenciados pré-Bolonha, uma vez que a sua formação de cinco anos apenas correspondia à licenciatura.

A recomendação do CRUP – Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, de 8 de janeiro de 2011, veio criar a possibilidade de os licenciados pré-Bolonha obterem o grau de mestre na mesma área científica, sendo-lhes creditada nos termos do artigo 45.º do Decreto-lei n.º 74/2006, de 24 de março, alterado e republicado pelo Decreto-lei n.º 107/2008, de 25 de junho, e alterado pelo Decreto-lei n.º 230/2009, de 14 de setembro a parte letiva mediante requerimento e avaliação da escola. De acordo com a referida recomendação, os interessados devem ainda realizar uma dissertação científica ou profissional, de acordo com a legislação em vigor. No caso de

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Enquadramento do trabalho

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possuírem mais de cinco anos de experiência, em alternativa à dissertação foi dada a possibilidade de apresentar um relatório detalhado da sua atividade profissional.

Estando na situação de licenciado pré-Bolonha, e portanto enquadrável no âmbito da recomendação do CRUP, decidi valorizar o meu Curriculum através da inscrição no Mestrado em Economia, lecionado pela Escola de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.

Nesse sentido, apresentei candidatura ao abrigo da recomendação CRUP. Após apreciação, foi-me concedida a creditação da componente letiva. Relativamente à segunda componente do mestrado, optei por realizar um relatório profissional.

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2. Atividade profissional

2.1 Contabilidade

Após a licenciatura a minha atividade profissional iniciou-se em outubro de 2003 com um estágio num escritório de contabilidade – InforReal. Efetuado no âmbito da admissão à então Câmara dos Técnicos Oficiais de Contas, hoje Ordem. Este estágio foi para mim mais do que o mero cumprimento de uma formalidade. Com a cooperação dos técnicos do escritório pude não só ver a aplicação prática de determinados conceitos, como adquirir outros e sobretudo ficar melhor preparado para procurar emprego e enfrentar as dificuldades do trabalho.

Durante o estágio foi-me proporcionada a possibilidade de percorrer o ciclo da contabilidade de uma empresa, desde o orçamento ao encerramento de contas, acompanhando também o desempenho fiscal.

2.2 Gestão autárquica

Em 2004, fui convidado a frequentar um curso do IEFP, denominado “Gestão, Organização e Funcionamento das Autarquias Locais”, destinado à formação de desempregados qualificados. Este curso era constituído por duas partes distintas: a formação científico-tecnológica e a formação no posto de trabalho. A primeira decorreu no Centro de Formação Profissional, na Zona Industrial de Constantim. Nesta fase adquiri um conjunto importante de conceitos como por exemplo: fontes de financiamento e instrumentos de gestão financeira

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Atividade Profissional

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aplicados ao nível autárquico. A segunda fase decorreu na EMARVR, na qual pode aplicar alguns dos conceitos aprendidos e adquirir outros, em especial ao nível dos fundos comunitários.

A esta formação prática seguiu-se um estágio profissional, que se converteu em contrato de trabalho que perdura até hoje.

2.3 Trabalho na EMARVR

2.3.1 Enquadramento do setor

O setor do abastecimento de água, drenagem de águas residuais e gestão de resíduos urbanos contém em si muitas especificidades. Sendo um monopólio, e prestando serviços essenciais às populações, o Estado procura garantir a prestação de um serviço de qualidade a um preço aceitável através do reforço da legislação e da regulamentação. Toda a atividade de uma entidade gestora tem de ser ponderada em função dos planos estratégicos existentes e no quadro legal em vigor.

Para o contato com os utentes/clientes, fornecedores e outras entidades é necessário um conhecimento sobre a envolvente do setor, nomeadamente legislação relevante, planos estratégicos, regulador, entre outros. Também os pareceres, informações e propostas elaboradas no decorrer da atividade profissional têm de ter esse enquadramento, pelo que foi necessário desenvolver competências nesta área.

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Atividade Profissional

Pág. 9 Setor empresarial local

No quotidiano do desenvolvimento da minha atividade o conhecimento do regime jurídico específico da entidade em que trabalho, foi fundamental para conhecer as suas obrigações e padrões de funcionamento próprios, de acordo com a legislação em vigor e com os próprios estatutos.

O serviço de abastecimento de água no Concelho de Vila Real, foi garantido desde a sua criação pelos Serviços Municipalizados. As crescentes exigências, quer por parte dos clientes, quer as resultantes da própria atividade e da evolução da legislação levaram inicialmente à criação de uma empresa municipal, mais tarde convertida em entidade empresarial municipal e por fim em empresa local.

Apesar de a Lei n.º 79/77, de 25 de outubro já permitir a criação de empresas municipais, mediante autorização da Assembleia Municipal, foi só após a publicação da Lei n.º 58/98, de 18 de agosto que se verificou uma difusão desta forma de organização.

De acordo com este diploma as empresas criadas pelos municípios, associações de municípios e regiões administrativas tinham personalidade jurídica e eram dotadas de autonomia administrativa, financeira e patrimonial. A denominação das entidades criadas deveria ser acompanhada com a indicação da sua natureza municipal (EM), intermunicipal (EIM) ou regional (ER), conforme a entidade participante.

No caso concreto das empresas municipais, a sua criação competia à assembleia municipal, sob proposta da câmara municipal. A câmara municipal exercia depois um poder de superintendência emitindo diretivas e instruções

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Atividade Profissional

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genéricas ao conselho de administração, aprovando os instrumentos de gestão previsional, o relatório, as contas, os preços, as tarifas…

A Lei n.º 53-F/2006, de 29 de dezembro, aprovou o regime jurídico do setor empresarial local, revogando também a referida Lei n.º 58/98. Esta lei veio introduzir mais exigências para a criação de empresas estabelecendo condições obrigatórias a cumprir, nomeadamente a viabilidade económico-financeira e a racionalidade económica. Foram definidas novas formas jurídicas para as entidades a criar e às quais, as entidades já existentes, tiveram de se adaptar. Passaram a existir empresas sob a forma jurídica de sociedades comerciais, portanto pessoas coletivas do direito privado e entidades empresariais locais, pessoas coletivas do direito público.

Além das novas exigências à sua criação, também a atividade diária passou a ser mais regulamentada. Ao nível da relação com as entidades participantes passou a ser obrigatório identificar na contabilidade os fluxos financeiros dessa relação, as contribuições financeiras passaram a ser reguladas por contrato, o endividamento da empresa passou a ter relevância para os limites da capacidade de endividamento dos municípios e as entidades participantes passaram a assumir responsabilidade de manter o equilíbrio financeiro da entidade criada. No relacionamento com o mercado e a economia foi imposta a sujeição às regras da concorrência. Foram também definidos critérios de transparência na contratação, aproximando-se do regime jurídico da contratação pública.

Ao longo dos últimos anos houve pequenas alterações à Lei n.º 53-F/2006, de 29 de dezembro, culminando com a sua revogação em 2012 com a publicação da Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto.

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Atividade Profissional

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Ilustração 1 - Evolução da legislação relativa ao setor empresarial do Estado

Com esta nova lei, as exigências e o controlo do setor empresarial local foi ainda mais apertado. A racionalização e o equilíbrio das contas assumiram uma importância fundamental. Nesse sentido, a Lei prevê a dissolução das empresas que nos últimos três anos tenham vendas e prestações de serviços

Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto

Aprova o regime jurídico da atividade empresarial local e das participações locais e revoga as Leis n.os

53-F/2006, de 29 de dezembro, e 55/2011, de 15 de novembro

Lei n.º 55/2011, de 15 de novembro

Procede à terceira alteração à Lei n.º 53F/2006, de 29 de dezembro, e suspende a possibilidade de criação de novas empresas

Lei n.º 64-A/2008, de 31 de dezembro

Orçamento de Estado para o ano de 2009 (Alterou o artigo 32.º da Lei n.º 53-F/2006, de 29 de dezembro, relativo aos empréstimos, e o artigo 46.º, relativo às comissões de serviço)

Lei n.º 67-A/2007, de 31 de dezembro

Orçamento de Estado para o ano de 2008 (Alterou o artigo 32.º da Lei n.º 53-F/2006, de 29 de dezembro, relativo aos empréstimos)

Lei n.º 53-F/2006, de 29 de dezembro

Aprova o regime jurídico do setor empresarial local, revogando a Lei n.º 58/98, de 18 de Agosto

Lei n.º 58/98, de 18 de agosto

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Atividade Profissional

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inferiores a pelo menos 50% dos gastos totais, tenham valores dos subsídios à exploração superiores a 50% das suas receitas, tenham um resultado operacional negativo quando deduzido das amortizações e depreciações ou apresentem resultado líquido negativo nesse período. No caso de as empresas apresentarem resultados líquidos antes de impostos negativos, passa a ser obrigatória a transferência financeira por parte dos sócios de forma a equilibrar os resultados. As empresas ou entidades empresariais passaram a denominar-se empresas locais e os denominar-serviços municipalizados passaram a integrar o denominar-setor empresarial local

PEAASAR 2007-2013

O Plano Estratégico de Abastecimento de Água e de Saneamento de Águas Residuais 2007-2013 foi elaborado na sequência do primeiro PEAASAR, que vigorou ente 2000 e 2006. Este novo plano continha as orientações para o setor para o período 2007-2013.

Neste plano foram definidos 3 objetivos estratégicos:

 Universalidade, continuidade e a qualidade do serviço: é objetivo do PEAASAR a conclusão das infraestruturas necessárias para levar os serviços à totalidade dos portugueses conciliando este propósito com a qualidade do serviço, a preços socialmente aceitáveis e suportáveis;

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Atividade Profissional

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 Sustentabilidade do setor: pretende-se assegurar a sustentabilidade através da implementação do princípio da recuperação de custos. Para que esse ajustamento não se faça unicamente pelo aumento de preços, foram propostas medidas para aumentar a eficiência do setor;

 Proteção dos valores ambientais: através do cumprimento dos requisitos necessários ao desenvolvimento sustentável, da implementação de boas práticas ambientais e pelo incentivo ao setor empresarial a adotar medidas nesse sentido.

Universalidade,

continuidade e

qualidade

Servir cerca de 95% da população total do País com

sistemas públicos de abastecimento de água

Servir cerca de 90% da população total do País com

sistemas públicos de saneamento de águas residuais urbanas. em cada sistema integrado o nível de atendimento desejável deve ser de pelo menos 70% da

população abrangida

Sustentabilidade

do setor

Garantir a recuperação integral dos custos incorridos

dos serviços, num prazo razoável

Optimizar a gestão opercional

Contribuir para a criação de emprego sustentável

Preservação dos

valores

ambientais

Cumprir os objetivos decorrentes da legislação nacional e comunitária Prevenção e controlo da poluição Optimização da gestão operacional do setor

Ilustração 2 – Objetivos estratégicos do PEAASAR Fonte: PEAASAR 2007-2013

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Os objetivos estratégicos incorporam um conjunto de objetivos operacionais e medidas destinadas à sua concretização.

O PEAASAR 2007-2013 contém um conjunto vasto de indicações para o setor, desde os modelos de gestão a critérios para a fixação de preços, pelo que o conhecimento deste documento é essencial para todos os que trabalham neste domínio.

PERSU

O Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU) 2007-2016 é o documento que contém a estratégia, orientações e metas a cumprir para o período de referência, no domínio dos resíduos sólidos urbanos.

Este plano surge na sequência do primeiro PERSU que vigorou entre 1997 e 2006 e da revisão exigida pelo QREN. Este documento dá continuidade à política de gestão de resíduos que vinha sendo seguida. Após o grande avanço em termos de encerramento de lixeiras, criação de sistemas municipais de gestão de RSU e de infraestruturas de valorização e eliminação de resíduos, colocou a ênfase na redução, reciclagem e reutilização.

Os objetivos neste setor estão diretamente ligados às Diretivas Comunitárias:

 Diretiva 94/62/CE do Parlamento e do Conselho de 20 de dezembro de 1994, alterada pela Diretiva 2004/12/CE, relativa às embalagens e transposta para o direito nacional pelo Decreto-Lei 366-A/97, de 20 de dezembro (alterado pelo Decreto-Lei n.º 162/2000, de 27 de julho e pelo Decreto-Lei 92/2006, de 25 de maio). O PERSU define como metas específicas para a reciclagem de resíduos de embalagens (55-80% para

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2011) e valorização total dos resíduos de embalagens (>60% para 2011);

 Diretiva n.º 1999/31/CE do Conselho de 26 de abril de 1999, transposta para o direito nacional pelo Decreto-Lei n.º 152/2002, de 23 de maio, relativa à deposição de resíduos em aterros. Foram definidas metas específicas prevendo a redução da deposição em aterro dos resíduos urbanos biodegradáveis em 2016 para 35% da quantidade produzida em 1995.

A execução deste plano segue os três pilares do desenvolvimento sustentável definido na estratégia de Lisboa: sustentabilidade social, sustentabilidade ambiental e sustentabilidade económica e financeira.

Lei da água

A Lei da Água (Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro), decorrente da transposição para o direito nacional da Diretiva n.º 2000/60/CE do Parlamento Europeu e Conselho, de 23 de outubro, estabelece as bases e o quadro institucional para a gestão sustentável das águas e sua proteção.

Esta lei foi alterada pelo Decreto-Lei n.º 245/2009, de 22 de setembro, pelo Decreto-Lei n.º 77/2006, de 30 de março (alterado pelo Decreto-Lei n.º 103/2010, de 24 de setembro) e pelo Decreto-Lei n.º 130/2012, de 22 de julho. Neste diploma foram definidas as atividades que têm impacto significativo nos recursos hídricos e estabeleceu a obrigatoriedade de possuírem títulos de utilização. Foram também definidos os requisitos a cumprir, bem como as prioridades na atribuição desses títulos.

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Atividade Profissional

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Outro aspeto importante da lei diz respeito à definição do regime económico e financeiro dos recursos hídricos. Neste âmbito criou a taxa de recursos hídricos e definiu os princípios a aplicar pelos serviços de água na definição de tarifas.

ERSAR

A ERSAR – Entidade Reguladora dos Serviços de Águas e Resíduos surgiu da restruturação do IRAR (Instituto Regulador de Águas e Resíduos), operada pelo Decreto-Lei n.º 277/2009, de 2 de outubro e tem por missão a defesa dos princípios de universalidade no acesso, de continuidade e qualidade do serviço, de eficiência e equidade nos preços.

De um regulador de um mercado tão sensível espera-se que consiga promover a eficácia e eficiência das entidades gestoras, a sua sustentabilidade, a preservação do ambiente e a salvaguarda dos interesses dos utilizadores. A ação reguladora abrange atualmente quase todas as áreas do setor. Com a implementação do sistema de avaliação da qualidade dos serviços de águas e resíduos prestados aos utilizadores espera-se venha a contribuir para a melhoria da eficiência das entidades gestoras. Este sistema avalia o desempenho das entidades gestoras em três pilares fundamentais: interface com o utilizador, sustentabilidade da gestão do serviço e sustentabilidade ambiental.

Salienta-se também a regulação económica que vai desde o orçamento até à aprovação de contas. As entidades que exercem a sua atividade por concessão, delegação ou pareceria, devem solicitar emissão de parecer para a sua proposta de atualização tarifária e após a sua aprovação submeter o

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tarifário no portal indicado. Também a prestação de contas deve ser reportada ao regulador.

DL 194/2009, de 20 de agosto

O Decreto-Lei 194/2009, de 20 de agosto, estabelece o regime jurídico dos serviços municipais de abastecimento público de água, de saneamento de águas residuais urbanas e de gestão de resíduos urbanos. Este diploma permitiu resolver uma série de questões:

 Agrupar legislação dispersa;

 Adaptar o regime jurídico à nova lei do setor empresarial;

 Estabelecer normas específicas para os serviços municipais de águas e resíduos;

 Garantir condições de igualdade e transparência no acesso aos serviços;

 Extensão da regulação a todas as entidades gestoras.

O artigo 5.ºdefiniu os princípios gerais dos serviços, que se transcrevem:

 “A promoção tendencial da sua universalidade e a garantia da igualdade no acesso;

 A garantia da qualidade do serviço e da proteção dos interesses dos utilizadores;

 O desenvolvimento da transparência na prestação dos serviços;

 A proteção da saúde pública e do ambiente;

 A garantia da eficiência e melhoria contínua na utilização dos recursos afetos, respondendo à evolução das exigências técnicas e às melhores técnicas ambientais disponíveis;

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 A promoção da solidariedade económica e social, do correto ordenamento do território e do desenvolvimento regional”.

Com este diploma foi estabelecida a obrigatoriedade de as entidades promoverem e manterem os seguintes sistemas:

 Garantia de qualidade do serviço prestado aos utilizadores;

 Gestão patrimonial de infraestruturas;

 Gestão de segurança;

 Gestão ambiental;

 Gestão da segurança e saúde no trabalho

Foi também regulamentada a relação entre os utilizadores e as entidades gestoras. Dos direitos dos utilizadores fazem parte a prestação e continuidade do serviço, o acesso a informação relevante sobre o serviço e sobre a entidade.

2.3.2 Fundos comunitários

Um dos principais fatores responsáveis pelo avanço no desenvolvimento do país nas últimas décadas está relacionado com o aproveitamento dos fundos comunitários. Essa alavanca foi ainda mais visível ao nível das infraestruturas. Durante a minha atividade, trabalhei com dois quadros de apoio diferentes, quer conceptualmente quer operacionalmente. Iniciei a atividade nesta área com o QCA III, posteriormente substituído pelo QREN.

O QCA III, surgiu na sequência dos dois primeiros quadros comunitários e vigorou nos anos de 2000 a 2006. Apesar do sucesso ao nível da convergência obtido nos dois primeiros quadros, reconhecia-se que o crescimento económico português deveria ser assente em novos fatores de competitividade que

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garantissem a sua sustentabilidade. O crescimento registado havia sido feito principalmente em setores com baixa necessidade de qualificação e de produtividade.

O QCA III estava organizado em quatro eixos:

O Eixo I - Elevar o nível de qualificação dos portugueses, promover o emprego e a coesão social - tinha como objetivos primordiais minimizar o risco de desemprego, promover a aprendizagem ao longo da vida, promover a inserção social dos sectores expostos ao desemprego de longa duração, promover uma cultura científica e tecnológica, promover o desenvolvimento da sociedade da informação e do conhecimento, promover a inovação, promover a divulgação da cultura, melhorar os níveis de eficiência da saúde e assegurar a todos os cidadãos o acesso a cuidados de saúde de qualidade;

Eixo II – Alterar o perfil produtivo em direção às atividades de futuro – tinha como objetivos reforçar a competitividade das empresas e estimular a inovação, promover a interação entre o desenvolvimento dos produtos agrícolas e o desenvolvimento dos espaços rurais nas suas vertentes económicas, sociais, ambientais e culturais.

Eixo III – Afirmar o valor do território e da posição geoeconómica do País - tinha como objetivo conciliar o aproveitamento das vantagens competitivas resultantes da posição geográfica do país, com as exigências impostas por um processo de integração territorial equilibrado, tendo sempre em conta o princípio do desenvolvimento sustentável, procurando a correção das assimetrias regionais;

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Eixo IV – Promover o desenvolvimento sustentável das regiões e a coesão nacional – tinha como objetivos principais reduzir as diferenças nas condições de vida, na densidade e qualidade do tecido empresarial entre as diferentes regiões do país bem como combater a elevada concentração da população portuguesa no litoral do país.

No âmbito da atividade desenvolvida pela entidade em que me encontro a trabalhar, assumiram principal relevo as questões relacionadas com o ambiente. Neste setor os objetivos a atingir estavam relacionados com a disponibilização de infraestruturas de saneamento básico, gestão racional dos recursos naturais e gestão do ordenamento do território. Os setores do abastecimento de água, drenagem de águas residuais e o tratamento de resíduos foram definidos como setores de intervenção prioritária.

Estes objetivos e a estratégia para a sua obtenção ficaram definidos no Programa Operacional do Ambiente, inserido no eixo III - Afirmar o Valor do Território e da Posição Geoeconómica do País.

As operações relacionadas com o abastecimento e drenagem de esgotos no concelho de Vila Real, na vertente “em baixa”1

,foram abrangidas pelo Programa Operacional Regional do Norte. Os investimentos em infraestruturas assumiram particular importância, neste programa devido aos baixos níveis de atendimento das redes públicas de saneamento básico.

As operações no âmbito do saneamento básico ficaram enquadradas na Medida 1.1 – Sistemas Ambientais Locais. Esta medida destinava-se à promoção da melhoria dos níveis e da qualidade de atendimento em redes de abastecimento de água, drenagem e tratamento de águas residuais e recolha

1 A vertente em “baixa” inclui o armazenamento e a distribuição de água para consumo humano

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Atividade Profissional

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de resíduos sólidos urbanos, a conservação dos distintos ecossistemas e a valorização dos recursos naturais. Em 2004, na sequência da avaliação intercalar verificou-se que as verbas destinadas a esta medida eram insuficientes. Além de um reforço das verbas, foi criada uma nova medida 1.9 – Saneamento Básico – Zonas de Intervenção Prioritárias de forma a cumprir os indicadores de população servida em termos de drenagem de águas residuais e melhorar os níveis de atendimento público em matéria de saneamento básico.

O acesso aos fundos comunitários foi feito através de candidatura apresentada a entidade gestora do programa, no caso a CCDR-N. As candidaturas envolviam um conjunto vasto de conhecimentos. Além dos conhecimentos ao nível financeiro, uma candidatura, os pedidos de pagamento e relatórios subjacentes, envolvem questões ligadas com a contratação pública e questões técnicas relacionadas com as infraestruturas previstas.

Ilustração 3 - Resultados PO Norte

Redes de abastecimento de água Redes de águas residuais Setor 3.350 km 3.200 km Previsto 4.510 km 3.471 km Executado

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Atividade Profissional

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Além das inúmeras infraestruturas cofinanciadas, o PO Norte teve um contributo significativo para a economia da região, nomeadamente, no valor acrescentado bruto e na criação de emprego. A criação do emprego verificou-se sobretudo na construção e na indústria transformadora.

No setor do ambiente, os objetivos foram na generalidade alcançados, no entanto, os níveis de atendimento em termos de abastecimento de água e de drenagem e tratamento de águas residuais manteve-se abaixo da média nacional. Foi definido um conjunto de indicadores para avaliar cada uma das medidas que constituem o programa.

Medida Indicador Situação de partida Meta prevista Realização Me d ida 1.1 S is tem as A m bi e nta is Lo c a is

% de população servida por

abastecimento de água 63,66% 95% 98%

% de população servida por recolha e tratamento de efluentes 42,88% 90% 72% Km de rede de abastecimento de água executados (remodelados, requalificados, construídos de raiz) 1,700 km 3.100 km 4.227 Km de rede de drenagem executados (remodelados, requalificados, construídos de raiz) 936 km 2.600 2.734 1.9 – S a ne a me nto B ás ic o – Z on as de In terv en ç ão P ri ori tári as Km de rede de abastecimento de água executados (remodelados, requalificados, construídos de raiz) Não aplicável 250 km 283 km Km de rede de drenagem executados (remodelados, requalificados, construídos de raiz) Não aplicável 600 km 737 km

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No final do período de vigência do QCA III foi feita uma avaliação da situação vigente e do impacto das verbas disponibilizadas, que serviu de diagnóstico para a definição das prioridades e domínios de intervenção do novo quadro comunitário de apoio.

Num contexto de globalização e de aceleração do comércio a nível mundial, a economia portuguesa tinha perdido competitividade ao nível dos produtos de baixo valor acrescentado e de utilização intensiva do fator trabalho, para os países emergentes da América do Sul e da Ásia. Por outro lado, nas economias mais desenvolvidas, conceitos como conhecimento e tecnologias inovadoras tinham particular importância. A economia portuguesa encontrava-se à entrada do novo quadro comunitário de apoio, perante o desafio de alterar a estrutura e organização do seu tecido produtivo, que lhe permitisse competir com produtos de mais elevado valor acrescentado, incorporando os referidos conceitos.

Com a perda da definição das políticas monetária e cambial, e a limitação das políticas fiscal e orçamental, reduziu-se a capacidade de influenciar o crescimento económico através das políticas macroeconómicas.

Partindo desta análise foi definido o Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN), onde estão definidas as prioridades e as regras pelas quais se gerem os fundos comunitários atribuídos ao nosso país para o período de 2007 a 2013. As principais preocupações e prioridades inscritas no documento estão relacionadas com a qualificação dos portugueses, o crescimento sustentado, a coesão social, a qualificação das cidades e do território e a eficiência da governação. As orientações e princípios que foram considerados para a superação das necessidades detetadas na análise de diagnóstico foram

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agrupados em três grandes agendas temáticas: agenda para o potencial humano, agenda para os fatores de competitividade, agenda para a valorização do território.

Na fase da operacionalização estas agendas deram origem à criação dos Programas Operacionais Temáticos Potencial Humano, Fatores de Competitividade e Valorização do Território. Foram também definidos Programas Operacionais Regionais para o Continente, Programas Operacionais das Regiões Autónomas, Programas Operacionais de Cooperação Territorial e Programas Operacionais de Assistência Técnica. O financiamento do QREN advém dos fundos europeus: FEDER, FSE e Fundo de Coesão. Estes fundos desempenham um dos papéis principais no objetivo fundamental da União Europeia – “a coesão económica e social”. Cada um tem uma vertente específica. O FEDER pretende contribuir para o objetivo referido

QREN

P. O. Temáticos Co mp ete PO PH PO V T P. O. Regionais do Continente O N 2 Mai s Ce n tr o Po r Li sb o a In A le n te jo A lg arve 21 P. O. das Regiões Autónomas Pro co n ve rg ên ci a A ço re s Pro -e mp re go In te rvi r + Tu mo s P. O. Assistência Técnica Po at FS E PO A T Fe d er P. O. Cooperação Territorial ...

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através da correção dos desequilíbrios regionais, ajudando as regiões mais desfavorecidas. O FSE promove melhorias no emprego e nas possibilidades de emprego, no âmbito da estratégia europeia para o emprego. O Fundo de Coesão é destinado a países com um PIB médio por habitante inferior a 90% da média comunitária, comparticipa projetos nas áreas das redes transeuropeias de transporte e do ambiente.

Tal como já tinha acontecido no QCA III, o meu trabalho incidiu sobre os fundos destinados ao ambiente e mais especificamente ao saneamento básico, através do PO Norte e do POVT.

Após a reprogramação ocorrida em 2012, o POVT ficou organizado nos seguintes eixos prioritários:

 Eixo I - Redes e equipamentos estruturantes nacionais de transportes e mobilidade sustentável;

 Eixo II – Sistemas ambientais e de prevenção, gestão e monitorização de riscos;

 Eixo III – Redes e equipamentos estruturantes da Região Autónoma dos Açores;

 Eixo IV – Redes e equipamentos estruturantes da Região Autónoma da Madeira;

 Eixo V – Infraestruturas e equipamentos para a valorização territorial e o desenvolvimento urbano;

 Eixo VI – Assistência técnica

O processo de acesso aos fundos comunitários teve algumas alterações face ao anterior quadro comunitário de apoio. As candidaturas são submetidas após a divulgação dos respetivos avisos de candidatura, os quais contém indicações

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sobre a elegibilidade das operações, das entidades, critérios para apuramento do mérito, entre outros.

O processo de elaboração das candidaturas tornou-se mais complexo, sendo necessários conhecimentos aprofundados nomeadamente ao nível da contratação pública, licenciamentos, entre outros. Uma candidatura envolve a recolha de vários documentos que permitam o seu enquadramento quer no Programa Operacional quer no eixo, bem como os regulamentos geral e específico aplicável. Para as candidaturas geradoras de fundos é necessária a elaboração de análise de viabilidade e aplicação do método do funding gap O trabalho com fundos comunitários permitiu-me pôr em prática vários conhecimentos adquiridos durante a licenciatura e adquirir novos. Foi também importante para desenvolver competências, ao nível da legislação relativa à contratação pública e ao nível das componentes técnicas das redes de abastecimento e drenagem de águas residuais.

Dos conhecimentos adquiridos ao longo da minha formação académica e necessários ao meu desempenho no trabalho com fundos comunitários destaco:

 Instituições europeias e direito comunitário, para conhecimento do funcionamento, estruturas, procedimentos e regras da comunidade europeia;

 Políticas da União Europeia, para enquadramento das candidaturas apresentadas nos objetivos da União;

 Análise de projetos, para a elaboração dos estudos financeiros subjacentes às candidaturas;

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 Informática para economistas, o conhecimento de programas de processamento de texto, de cálculo e de navegação na internet é essencial para a elaboração e submissão de candidaturas e pedidos de financiamento.

2.3.3 Financeira

A sustentabilidade da entidade gestora requer uma atenção especial na medida em que é importante garantir a continuidade do serviço no longo prazo. A forma como são geridas as entidades gestoras tem influência no serviço prestado. Nesse sentido a Lei n.º 50/2012, de 31 de agosto estabelece que as empresas municipais deverão deter um controlo financeiro para averiguar a eficiência e eficácia da sua gestão, devendo apresentar resultados equilibrados.

De forma a ter um conhecimento efetivo da situação real da empresa, é necessária manter de um conjunto de indicadores financeiros e económicos atualizados, analisar a sua evolução e prever o impacto que determinadas decisões poderão ter. As decisões tomadas nas restantes áreas acabam sempre por ter reflexos ao nível financeiro.

As funções desempenhadas nesta área permitiram-me aplicar vários conhecimentos adquiridos, nomeadamente:

 Gestão financeira, na elaboração e análise dos indicadores económicos;

 Contabilidade, na interpretação dos dados contabilísticos, conhecimento do plano de contas, colaboração nas funções comerciais, na elaboração de relatórios, entre outros;

 Contabilidade de custos, na elaboração de relatórios por atividades, resposta a inquéritos;

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 Informática para economistas, na elaboração de relatórios, cálculo de indicadores, entre outros;

 Fiscalidade da empresa, na preparação dos documentos obrigatórios;

 Auditoria, no desenvolvimento de ações de controlo interno.

Rendibilidade

A recente legislação, as recomendações da ERSAR e de instituições internacionais vão no sentido da necessidade de se procurar tornar mais eficientes os sistemas de saneamento básico, de forma a ser possível conjugar preços acessíveis com a sustentabilidade da entidade gestora.

No caso específico, além dos valores globais da entidade, importa também conhecer os valores por sistema, identificando problemas que afetem a rendibilidade dos sistemas, como sejam, perdas elevadas no sistema de abastecimento, taxas de adesão baixas, volumes elevados de água não faturada, deteção de volumes elevados de infiltrações ou de ligações indevidas nas redes de drenagem.

Endividamento/liquidez/equilíbrio financeiro

O endividamento é analisado em termos de evolução e em termos de dimensão. Igualmente é analisada a capacidade de endividamento em conjunto com os rácios de solvabilidade e de autonomia financeira.

O equilíbrio financeiro na atividade em causa exige um volume importante de capitais permanentes, dada a utilização intensiva de infraestruturas.

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São também analisados os rácios de liquidez e o prazo médio de pagamento. Este último é revestido de especial importância devido ao peso das compras da entidade na economia local.

Contabilidade analítica

De forma a evitar a subsidiação cruzada entre serviços, tem vindo a ser solicitado pelo regulador a distinção dos recursos afetos a cada uma das atividades. A cobertura dos gastos totais de cada atividade faz parte dos indicadores recolhidos no âmbito do reporte de contas e da avaliação da qualidade do serviço.

Cortes de fornecimento e desligações

As preocupações sociais estão sempre presentes no desenrolar da atividade num setor tão sensível. Além disso a acessibilidade faz parte dos princípios básicos do setor. Nesse sentido, são analisados mensalmente os cortes efetuados por falta de pagamento e as faturas em dívida, tanto em termos de valor, como em termos de evolução.

Estatísticas operacionais

Na gestão de um sistema de abastecimento de água, drenagem de águas residuais e gestão de resíduos urbanos é necessária a análise contínua de uma série de dados operacionais que possibilitem a tomada de decisões.

Uma das preocupações principais da empresa está relacionada com o nível de cobertura dos serviços prestados. Existem várias formas de analisar este

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indicador. O ERSAR propõe que a análise se faça através da percentagem do número total de alojamentos localizados na área de intervenção da entidade gestora para os quais as infraestruturas do serviço de distribuição de água se encontram disponíveis.

O conhecimento dos consumos dos clientes e o seu padrão é essencial para a definição da capacidade de reserva necessária para a garantia de continuidade do fornecimento, principalmente em períodos e locais com maior escassez. Ao longo do ano existe uma evolução do número de clientes, existindo picos de novos clientes e de desligações, relacionados por exemplo com o calendário escolar.

O consumo de água, a utilização dos serviços de drenagem de águas residuais e de recolha de resíduos são essenciais ao bem-estar das populações. No entanto, não são insensíveis a alterações de preços. Com base na definição de consumos essenciais, têm vindo a ser agravados os consumos dos escalões mais elevados com reflexos muito significativos, em especial no período do verão e nas aldeias, provavelmente pela utilização da água para rega de jardins e pequenas hortas. Tal também se verifica ao nível da produção de resíduos, embora de forma menos evidente.

Preparação dos instrumentos de gestão previsional

No final de cada ano prepara-se o orçamento para o ano seguinte. O Orçamento envolve o plano plurianual de atividades, orçamento anual de investimento, balanço previsional, orçamento anual de exploração e orçamento anual de tesouraria, conforme disposto na legislação aplicável e nos próprios estatutos da empresa. O orçamento, após aprovado em reunião do Conselho

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de Administração segue para a Câmara Municipal para aprovação. Atualmente o envio deve ser acompanhado do parecer solicitado à ERSAR sobre a atualização de tarifas propostas

A elaboração do orçamento é complexa na medida em que envolve um conjunto importante de opções, com implicações significativas no quotidiano das populações e da empresa. A elaboração do plano de investimentos leva em conta os planos diretores municipais, os objetivos estratégicos definidos pela administração, os meios financeiros e os fundos comunitários disponíveis. Antes da definição das tarifas necessárias é feito um orçamento das despesas essenciais a suportar, utilizando-se o conceito de “orçamento de base zero” para tentar eliminar todos gastos dispensáveis. Posteriormente definem-se as tarifas com base nos princípios estabelecidos, de acordo com o recomendado pela ERSAR e legislação vigente.

Preparação dos documentos de prestação de contas

Tal como as restantes empresas, no final de cada exercício é elaborado um documento de prestação de contas. Este documento contém as atividades relevantes levadas a efeito durante o exercício, uma análise da situação financeira e as demonstrações financeiras legalmente previstas.

Este é um documento importante onde se podem ver e analisar a evolução da entidade, o cumprimento dos objetivos e a sua situação financeira. Após aprovação no Conselho de Administração é apresentado na Câmara Municipal para aprovação, nos termos da legislação e dos estatutos. Posteriormente e uma vez que integra a regulação económica da ERSAR, deverá ser submetido à sua apreciação através do reporte de contas.

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O relatório e contas é ainda enviado ao Tribunal de Contas, divulgado no Diário da República, num jornal da região e no sitio da internet da empresa.

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3. O abastecimento público de

água

3.1 Importância da água

A água é indispensável à sobrevivência humana, desde sempre a sua disponibilidade foi uma das principais preocupações dos povos. Foram vários os conflitos gerados pela posse deste bem, alguns deles bem recentes e ainda na nossa memória, como sejam os relacionados com a água do rio Nilo, com o Lago Chade, rio Jordão, rio Colorado e no rio Danúbio. A água é essencial para vários fins, agricultura, indústria e o abastecimento humano, entre outros. Nos próximos capítulos analisarei alguns aspetos relacionados com o abastecimento para consumo humano.

A ONU tem desempenhado um papel muito importante na divulgação e sensibilização do mundo para a importância da existência de sistemas de abastecimento de água para todos e para a preservação deste recurso.

Em março de 1977, organizou uma conferência sobre a água em Mar da Prata, declarando pela primeira vez que a água é um direito dos povos.

Em janeiro de 1992 realizou a conferência sobre a água e o desenvolvimento sustentável, em Dublin, na qual foi reconhecido o direito básico de todos os seres humanos a terem acesso a água limpa.

Na Cimeira do Milénio, em setembro de 2000, foram definidos oito objetivos a cumprir até 2015, reunidos numa declaração assinada pelos 189 Estados-Membro, entre os quais Portugal. Uma das metas que compõe o objetivo relativo à sustentabilidade ambiental diz respeito ao abastecimento de água.

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Abastecimento público de água

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Essa meta consistia na redução para metade a população que em 1990 não tinha acesso permanente a água. De acordo como o relatório “Progress on Drinking Water 2012 UPDATE” da UNICEF foram realizados grandes progressos, uma vez em 2010 já se tinha atingido uma taxa de atendimento em termos de abastecimento de água de 89%, correspondente ao valor previsto para 2015. No entanto, chama-se também à atenção para o facto de ainda existirem 780 milhões de pessoas sem sistema de abastecimento de água disponível e para as elevadas disparidades entre as várias regiões de um mesmo país.

Em julho de 2005 foi definido o projeto de diretrizes para a concretização do direito a água potável.

Em agosto de 2007, num relatório do Alto Comissário é definida a possibilidade de se considerar o acesso a água potável um direito humano. Tal aconteceu em julho de 2010, através da resolução A/RES/64/292, reconhecendo-se formalmente como Direito Humano o acesso a água potável limpa. Em setembro desse ano o acesso a água passa a fazer parte do mesmo do direito internacional, vinculativo para os Estados.

O abastecimento de água é um serviço essencial ao bem-estar das populações, sem o qual não é possível falar em desenvolvimento Sendo um bem importante e escasso é necessária uma atenção especial à sua preservação, principalmente através do controlo e redução da poluição, racionalização do seu consumo e gestão dos sistemas com vista à sua sustentabilidade no longo prazo.

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3.2 Evolução do abastecimento de água em Portugal

Sendo a água essencial à sobrevivência das populações, desde sempre os governantes se preocuparam com o seu fornecimento, dotando as cidades de chafarizes e fontes, entre outros equipamentos necessários. Uma das infraestruturas mais conhecidas é o Aqueduto das Águas Livres. Construído entre 1740 e 1744, permitiu abastecer a cidade de Lisboa e colmatar a escassez de água potável existente. Este sistema foi sendo ampliado, atingindo o comprimento de 58.135m mantendo-se em funcionamento até 1967.

Apesar de já existirem estruturas de abastecimento de água, principalmente nas grandes cidades, a perceção da necessidade de construção de sistemas de abastecimento, controlado por análises laboratoriais fiáveis ocorreu nos finais do século XIX como forma de se combater o contágio de doenças. A relação existente e comprovada cientificamente, entre as inúmeras doenças infeciosas existentes e a inexistência de sistemas de abastecimento de água potável e de drenagem de águas residuais, fez despertar a atenção dos países mais desenvolvidos da Europa e América para a necessidade de criação dos referidos sistemas. Também em Portugal, se decidiu dotar os aglomerados populacionais desses sistemas que lhes permitisse garantir o fornecimento de água potável e condições de higiene. A sua criação seria acompanhada do reforço do controlo da qualidade da água pelos laboratórios estatais. No entanto, a condição financeira do país era muito débil não havendo as verbas necessárias para a construção em larga escala das infraestruturas.

Durante as três primeiras décadas do século XX os investimentos no setor são diminutos, salientando-se alguns inquéritos de diagnóstico, pois além das

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dificuldades, o desenvolvimento do setor não estava entre as prioridades dos governos.

Em 1944 foi apresentado o Plano de Abastecimento de Águas às Sedes dos Concelhos e em 1960, o Plano de Abastecimento às Populações Rurais. Com este novo impulso a população com acesso a abastecimento de água passou de 26% em 1940 para 40% em 1972, ficando ainda assim muito aquém do esperado e mantendo-se o atraso face ao verificado na Europa.

Foi após a revolução de 1974 que as condições sanitárias ganharam maior relevância, tendo-se colocado a ênfase no processo de criação de infraestruturas com resultados muito relevantes ao nível da cobertura de

Ilustração 5 - Evolução da população servida por sistemas de abastecimento de água

Fonte: INE, INSAAR e ERSAR

0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100% 1941 1972 1975 1980 1985 1991 1995 2000 2005 2009

População servida

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serviço, pois em 1990 estava servida 80% da população. A adesão à CEE e os fundos comunitários subjacentes foram fundamentais para a evolução registada em termos de infraestruturas ligadas ao abastecimento de água, acompanhadas pelo desenvolvimento de laboratórios e da crescente preocupação pela qualidade da água fornecida.

A preocupação com o abastecimento permanece até aos dias de hoje, no entanto, após se atingirem valores próximos dos 100% em termos de cobertura, as atenções viram-se para a qualidade da água e para a qualidade do serviço prestado. Nesse sentido tem vindo a ser criada legislação cada vez mais restritiva e os poderes da entidade reguladora reforçados.

O progresso ocorrido nas últimas três décadas no setor do saneamento básico foi notável e reconhecido internacionalmente. Na cerimónia de assinatura do Protocolo Executivo relativo à realização do Congresso e Exposição Mundial da Água em Lisboa em setembro de 2014, Paul Reiter, Director-Executivo da IWA, afirmou que “mesmo na Europa, os problemas de falta de água são uma realidade. Por isso temos de pensar em formas diferentes de fazer as coisas, em novas soluções que passam não só pela tecnologia mas também pela gestão dos sistemas. Portugal é um grande exemplo no setor da água, aliás, quando falo de Portugal refiro-me sempre ao “milagre” de Portugal. Isto tendo em conta as taxas de cobertura que conseguiram atingir e à rapidez da infraestruturação no abastecimento de água e saneamento de águas residuais, mas também aos sistemas de tratamento instalados, qualidade e know-how das empresas do sector, entre outros. Portugal tem uma história especial neste domínio”.

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3.3 O mercado do abastecimento de água

A prestação de um serviço de abastecimento exige um conjunto vasto de infraestruturas. Barragens, estações de tratamento, reservatórios, elevatórias, condutas, entre outros, traduzem-se num elevado volume de investimentos que constituem um entrave para que novos operadores surjam para prestar serviço na mesma área geográfica. Trata-se assim de um monopólio natural.

Uma vez que não existe a “mão invisível” para regular este mercado e dada a importância do bem fornecido, torna-se essencial uma regulação que garanta a universalidade do serviço, a equidade, a acessibilidade, a continuidade e a transparência da atuação das entidades gestoras.

Com a publicação em 20 de agosto do Decreto-Lei n.º 194/2009, as entidades dos sistemas de abastecimento de água em Portugal ficaram sujeitas ao controlo da ERSAR. Esta entidade exerce a regulação a três níveis:

 Estrutural: procurando contribuir para uma melhoria da organização do setor;

 Comportamental: acompanhando o desempenho e a atividade das entidades gestoras nas vertentes da regulação económica (análise de orçamentos, tarifas e prestação de contas), da qualidade do serviço prestado (indicadores de desempenho), da qualidade da água (definição e verificação do cumprimento dos programas de controlo da qualidade da água) e da relação com os utilizadores (análise de reclamações).

 Divulgação de informação e apoio técnico, através publicação e divulgação de documentos com dados do setor para conhecimento do público e de documentos técnicos de apoio às entidades gestoras.

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De forma a criar um mercado concorrencial fictício a ERSAR desenvolveu um sistema de indicadores para a avaliação da qualidade dos serviços prestados por cada uma das entidades gestoras, cuja publicação dos resultados espera venha a incentivá-las a iniciar um processo de melhoria contínua. Este sistema é baseado em três pilares:

 Interface com o utilizador: em que se analisa a entidade relativamente à acessibilidade e à qualidade do serviço prestado;

 Sustentabilidade da gestão do serviço: em que se analisam os critérios relacionados com a sustentabilidade económica, infraestrutural da entidade gestora e a produtividade dos seus colaboradores;

 Sustentabilidade ambiental: no qual se analisa uma entidade gestora com base na eficiência na utilização de recursos naturais e na prevenção da poluição.

Em Portugal a competência sobre os sistemas de abastecimento está maioritariamente confiada aos Municípios que exercem esse poder de diversas formas.

Em busca de uma maior eficiência e acompanhando a evolução da legislação tem vindo a crescer o número de entidades empresariais, seja por atribuição de concessões ou por delegação de competências. Segundo dados da ERSAR, em 2011, apenas 31% da população servida tem como entidade gestora do sistema de abastecimento a Câmara Municipal.

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Em Inglaterra e EUA apesar de a maioria ser concessão, reconhece-se a utilidade pública do serviço e existe a preocupação de dar a conhecer o destino das verbas cobradas pelo serviço de abastecimento de água, assim é comum encontrar-se nos sítios da internet de cada uma das entidades gestoras uma página referente a “para onde vão os € pagos”

3.4 Custos de um sistema de abastecimento

A construção de um sistema de abastecimento de água exige verbas avultadas dadas a extensão e a complexidade das infraestruturas que lhe estão subjacentes.

A primeira componente do sistema é a captação. Esta pode ser feita através de barragens nos rios, albufeiras, poços, furos, minas e outros. Atualmente a

Câmaras Municipais 31% Concessionárias municipais e multimunicipais 21% Empresas/Parecerias municipais e intermunicipais 25% Junta de freguesia/Associação de utilizadores/Outras 0% Serviços municipalizados 23%

População servida por modelos de gestão

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maioria da água provém de captações superficiais devido à redução do número de origens e criação de grandes sistemas.

Para efetuar a distribuição por gravidade é necessária a elevação da água. Tal exige sistemas de bombagem potentes e grandes consumos de energia. Este consumo é muito relevante e por isso a ERSAR incluiu um indicador para

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classificar a eficiência energética das instalações elevatórias no seu sistema de avaliação da qualidade do serviço prestado aos utilizadores.

Posteriormente a água segue para uma estação de tratamento onde, através de um conjunto de procedimentos, se garante que a potabilidade da mesma, não representando qualquer risco para a saúde pública. Estes tratamentos são complexos e, além do elevado investimento inicial, a garantia de qualidade da água exige custos de operação e manutenção elevados.

Após o tratamento a água segue através de condutas adutoras para os reservatórios, normalmente situados em pontos elevados. De acordo com um estudo da ERSAR, Portugal dispõe de uma capacidade de reserva de cerca de cinco milhões de m3, o que permitiria abastecer as populações durante pelo menos dois dias, caso acontecesse algum problema a jusante dos depósitos. A água armazenada é depois distribuída pelas habitações através de uma rede de condutas e ramais.

Este conjunto de infraestruturas necessita de manutenção preventiva, reparações e reabilitações de forma a garantir elevados níveis de qualidade na prestação do serviço. Além disso, tendo em conta que o recente processo de infraestruturação ficou a dever-se em grande parte às transferências comunitárias, as quais tendem a diminuir ou a acabar, é necessário rentabilizar e maximizar a vida útil das componentes de um sistema de abastecimento. Pelo exposto pode-se concluir que ao financiamento dos investimentos se junta um conjunto de custos de exploração e manutenção que têm de ser suportados, seja através da cobrança de tarifas aos utilizadores seja através da subsidiação com fundos públicos.

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Pág. 43 Eficiência na gestão da água – redução de perdas

As perdas de água correspondem basicamente à diferença entre a água entrada no sistema e o consumo autorizado. O seu cálculo pode ser feito para o conjunto do sistema ou apenas para partes dele.

As perdas de água dividem-se em perdas reais e perdas aparentes. As primeiras referem-se ao volume de água perdida em fissuras ou roturas nas tubagens, as segundas dizem respeito aos erros de medição e ao consumo não autorizado, por furtos ou uso ilícito.

As perdas reais de água são influenciadas pelo estado dos componentes (condutas, reservatórios, ramais, …), pela pressão média do serviço, pela densidade e comprimento dos ramais e pelo comprimento total das condutas. As perdas aparentes referentes aos consumos não autorizados estão sobretudo ligadas às ligações ilícitas e à utilização indevida dos marcos de incêndio. As relacionadas com erros de medição advêm de erros de leitura, de avaria ou violação dos contadores e com leituras em falta por impossibilidade de acesso aos referidos instrumentos.

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As perdas de água tratada têm custos económicos elevados, constituindo uma ineficiência dos sistemas de abastecimento. O facto de em Portugal atingirem valores muito elevados, tem levado as entidades responsáveis do setor a dedicarem-lhe uma especial atenção. O PEAASAR 2007-2013 regista que a “maioria dos municípios com perdas de 50% nos seus sistemas de distribuição de água”. O Plano Nacional da Água, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 112/2012, de 17 de abril, estabelece como objetivo “promover a redução progressiva das perdas nos sistemas públicos de abastecimento de água com os seguintes critérios: no caso de perdas atuais superiores a 50% uma evolução para 35% até 2006 e para 30% até 2012, no caso de perdas atuais entre 30% e 50%, uma evolução para 30%, com um limite máximo a atingir de 15% de fugas Acrescem ainda as questões ambientais, pois sendo a água um recurso escasso devemos procurar preservá-lo. O Plano Nacional da Água reconhece que “é insustentável aumentar a pressão sobre os recursos hídricos pela instalação de novas captações para servir sistemas onde as perdas podem atingir os 60% em sistemas urbanos ou agrícolas de regadio”.

3.5 Tarifação do abastecimento de água

Conforme foi realçado nos capítulos anteriores, um sistema de abastecimento de água exige avultados investimentos e é gerador de vários custos de operação e manutenção. Importa por isso saber como se deverá proceder ao seu financiamento. Existem várias correntes de opinião sobre esta problemática.

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O facto de numa primeira fase os governos terem procedido à infraestruturação dos sistemas, sem que os beneficiários fossem chamados a colaborar financeiramente, contribuiu para a generalização da ideia de gratuitidade do abastecimento de água.

Por outro lado, o acesso à água é um direito de todos, consagrado pelas Nações Unidas como Direito Humano. Nesse sentido existem defensores da gratuitidade da prestação deste serviço. Esta seria a forma mais fácil de no presente se garantir a universalidade e acessibilidade económica. No entanto, teria efeitos indesejáveis ao nível da utilização e valorização da água, além de sobrecarregar os erários públicos, e consequentemente todos os contribuintes, com despesas que pertenciam a um grupo identificado. Uma utilização racional dos recursos só é possível se os benefícios resultantes dessa utilização tiverem um custo associado.

A Declaração de Dublin da Conferência Internacional da Água e do Ambiente, promovida pela ONU em 1992, refere que a “água tem um valor económico em todos os seus usos, devendo ser reconhecido como um bem económico”. Também a Diretiva Quadro da Água, transposta para o Direito Nacional pela Lei n.º 58/2005, de 29 de dezembro, defende a gestão da água subjacente ao princípio “do valor económico da água, por força do qual se consagra o reconhecimento da escassez atual ou potencial deste recurso e a necessidade de garantir a sua utilização economicamente eficiente, com a recuperação de custos dos serviços das águas”.

É atualmente aceite que os custos do abastecimento público de água devem ser recuperados através da cobrança de tarifas aos utilizadores. Essa cobrança

Imagem

Ilustração 2 – Objetivos estratégicos do PEAASAR  Fonte: PEAASAR 2007-2013
Ilustração 3 - Resultados PO Norte
Ilustração 4 - Organização do QREN
Ilustração  5  -  Evolução  da  população  servida  por  sistemas  de  abastecimento  de  água
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