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FUNDAMENTOS, POLÍTICAS E LEGISLAÇÃO EM EAD

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Academic year: 2019

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FUNDAMENTOS,

POLÍTICAS E

LEGISLAÇÃO EM EAD

PÓS-GRADUAÇÃO 2011

LEITURA FUNDAMENTAL

AULA 2

PROF. DR. JOSÉ MANUEL MORAN

© DIREITOS RESERVADOS

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DIRETRIZES

DA

EDUCAÇÃO

A

DISTÂNCIA: MODELOS EDUCACIONAIS

PÓS-GRADUAÇÃO 2011

LEITURA FUNDAMENTAL AULA 2 PROF. DR. JOSÉ MANUEL MORAN

PARA CITAR ESTE TEXTO:

MORAN, José Manuel. Fundamentos, Políticas e Legislação em EaD. Departamento de Extensão e Pós-Graduação. Anhanguera Educacional, 2011.

© DIREITOS RESERVADOS

Proibida a reprodução total ou parcial desta publicação sem o prévio consentimento, por escrito, da Anhanguera Educacional.

Publicação: Junho de 2011.

DIRETORIA DE EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO

Silvio Cecchi

Correspondência/Contato

Alameda Maria Tereza, 2000, Valinhos, São Paulo CEP. 13.278-181, Tel.: 19 3512-1700

PREPARAÇÃO GRÁFICA

Lusana Veríssimo

Renata Galdino PARECER TÉCNICO

Cláudia Benedetti

REVISÃO GRAMATICAL

Lilian Mendes

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AULA 2

DIRETRIZES DA EDUCAÇÃO A

DISTÂNCIA: MODELOS EDUCACIONAIS

Objetivos

Olá, pronto para mais uma aula sobre Educação a Distância? Em nossa aula anterior, vimos os principais conceitos e definições sobre EaD. Já nesta segunda aula, falaremos primeiramente sobre os modelos educacionais que encontramos na EaD e sobre o histórico da modalidade, já abrindo as portas para tratarmos, em nossa próxima aula, sobre a legislação da EaD no Brasil.

Nosso objetivo principal é apresentar um panorama que permita a posterior reflexão sobre as políticas e a legislação da Educação a Distância no Brasil.

1. EDUCAÇÃO E VIRTUALIDADE: MODELOS DE

APRENDIZAGEM

Durante as leituras da primeira aula você deve ter pensado: “quantos conceitos para uma única modalidade?”, não é mesmo?! São realmente muitas definições, pois, como já destacamos, estamos falando em Educação, o que amplifica as possibilidades de métodos e teorias. E, para a EaD, isso não acontece de maneira diferente. Tal qual vemos nos processos de ensino presenciais, a EaD também possui métodos e modelos de ensino diferenciados, que podem ser utilizados em diversos contextos e comunidades educacionais, em níveis de ensino variados.

Este primeiro tópico é destinado à análise de alguns modelos de ensino na educação a distância, baseados na vasta literatura sobre comunidades de aprendizagem, sobre a aprendizagem em rede, principalmente sobre aprendizagem informal.

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grupos virtuais e redes sociais, isso porque a sociedade conectada em rede aprende de forma muito mais flexível, através de grupos de interesse (listas de discussão), de programas de comunicação instantânea e pesquisando nos grandes portais.

Enquanto a escola mantém rígidos programas de organização do ensino e aprendizagem, inúmeros grupos profissionais trocam experiências de forma muito mais constante e aberta. Há milhares de redes de colaboração, por exemplo, em medicina, divididas por especialidades e por temas, e o mesmo acontece em todas as áreas de conhecimento. É ainda muito incipiente o fenômeno para podermos avaliar até onde a aprendizagem efetiva acontece nestes ambientes informais mais do que nos formais.

Ao mesmo tempo, as organizações formais de ensino estão utilizando mais intensamente estes ambientes para motivar os alunos, para estabelecer vínculos, para discutir temas relevantes, para aprofundar em grupo leituras feitas individualmente, tanto nos cursos presenciais como nos a distância.

Nesta fase de transição em que nos encontramos, ainda predomina nas escolas o modelo disciplinar, centrado no professor, enquanto que as comunidades de aprendizagem exigem mais interdisciplinaridade e foco no aluno, para aproveitar todo o potencial participativo. Até agora, predomina o uso dos ambientes virtuais em situações pontuais, como, por exemplo, em fóruns, para discussão de tópicos específicos. O conceito de comunidade implica em compromissos mais amplos e constantes do que os de realizar tarefas isoladas. Por isso, as comunidades virtuais

Título: Redes Sociais na Educação

http://www.youtube.com/watch?v=pc vppM1Xin8

Fonte: Salto para o futuro – TV Escola

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de aprendizagem, para cursos semipresenciais ou a distância, pressupõem modelos educacionais mais centrados nos alunos e na aprendizagem flexível pessoal e grupal.

A EaD em rede está contribuindo para superar a imagem de individualismo, de que o aluno tem que ser um ser solitário, isolado em um mundo de leitura e atividades distantes do mundo e dos outros. A Internet traz a flexibilidade de acesso junto com a possibilidade de interação e participação. Combina o melhor do off-line, do acesso quando a pessoa quiser, com o on-line, a possibilidade de conexão, de estar junto, de orientar, de tirar dúvidas, de trocar resultados. É fundamental o papel do professor-orientador na criação de laços afetivos. Os cursos que obtêm sucesso, que tem menos evasão, dão muita ênfase ao atendimento do aluno e à criação de vínculos.

1.1 MODELOS EDUCACIONAIS EM EAD

Neste tópico,

apresentaremos alguns modelos de educação a distância. Isso porque precisamos conhecer os modelos existentes para, posteriormente, podermos comparar a prática das universidades e faculdades que oferecem o ensino a distância com a legislação vigente para a Educação a Distância. Além disso, será possível traçarmos um panorama das experiências existentes. Isso nos vale como fundamento para as disciplinas e módulos que estão por vir. Pronto para conhecer um pouquinho mais?

O modelo de EAD que mais cresce no Brasil combina a aula com o atendimento on-line: teleaulas ao vivo por satélite, tutoria presencial e apoio da Internet. Aulas ao vivo para dezenas ou centenas de telessalas, simultaneamente, onde em cada uma há uma turma de até cinquenta alunos, que assiste a essas aulas

SAIBA MAIS

Tutor: O tutor é definido pelos instrumentos de avaliação do Ministério da Educação, separado entre tutor a distância e tutor presencial, seu principal papel é de auxiliar os alunos no processo de aprendizagem.

Saiba mais sobre a definição na página 25 do instrumento, que você pode acessar em:

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sob a supervisão de um tutor local e realiza algumas atividades complementares na sala. Há alguma interação entre alunos e professores através de perguntas mandadas via chat e que podem ser respondidas ao vivo via teleconferência, depois de passarem por um filtro de professores auxiliares ou tutores. Essas aulas são complementadas nas salas, com atividades supervisionadas por um tutor presencial e outras, ao longo da semana, orientadas por um tutor on-line.

O modelo apresentado é muito atraente, porque combina mobilidade com a tradição de aprender com o especialista. Principalmente para pessoas mais simples, acostumadas à ideia do modelo presencial tradicional, assusta menos e induz a pensar que educação a distância depende ainda da informação do professor. As atividades a distância, se bem feitas, conferem autonomia aos alunos, e se combinadas com atividades colaborativas, podem compor um conjunto de estratégias combinadas muito interessantes e dinâmicas. O problema está na massificação, na manutenção de tutores generalistas mal pagos e tutores on-line sobrecarregados.

Outro modelo a distância predominante é via redes, mais conhecido como educação on-line, onde o aluno se conecta a uma plataforma virtual e lá encontra materiais, tutoria e colegas, para aprender com diferentes formas de organização da aprendizagem: umas mais focadas em conteúdos prontos e atividades, até chegarmos a outras mais focadas em pesquisa, projetos e atividades colaborativas, onde há alguns conteúdos, mas o centro é o desenvolvimento de uma aprendizagem ativa e compartilhada.

O foco em projetos colaborativos se desenvolve com rapidez e traz um dinamismo novo para a EaD. Há cursos que se apoiam em cases, em análise de situações concretas ou em jogos, o que lhes conferem muito dinamismo, participação e grande ligação com o mercado. Muitas das dificuldades do on-line é que ele é confundido com o modelo

assíncrono em que cada aluno começa em um período diferente, estuda sozinho e tem pouca orientação.

Título: O Sucesso da Educação a Distância no Brasil

http://www.youtube.com/watch?v=2Kjqp F2PFgk

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Hoje, há muitas opções diferentes de estudos on-line e caminhamos para termos ainda o on-line com muitas mais opções audiovisuais, interativas, fáceis de acessar e gerenciar e a custos bastante baixos. Temos os cursos on-line assíncronos, baseados em conteúdos prontos e algum grau de tutoria, em que os alunos se inscrevem a qualquer momento. Temos o mesmo tipo de cursos, com mais interação. Os alunos participam de grupos, de debates como parte das estratégias de aprendizagem. Combinam atividades individuais e de grupo e têm também uma orientação mais permanente.

Assista à reportagem sobre Educação a Distância que apresenta o grande potencial desta modalidade.

Um outro tipo de curso on-line têm períodos pré-estabelecidos. Começam em datas previstas e vão até o final com a mesma turma, como acontece em muitos cursos presenciais atualmente. Dentro desse formato, há dois modelos básicos, com variáveis.

O modelo centrado em conteúdos, em que o importante é a compreensão de textos, a capacidade de selecionar, de comparar e de interpretar ideias, a análise de situações. Esses conteúdos podem estar disponíveis no ambiente virtual do curso e também em textos impressos ou em CD-s que os alunos recebem. Geralmente, há tutores para tirar dúvidas e alguma ferramenta de comunicação assíncrona, como o fórum.

E há um segundo modelo em que se combinam leituras, atividades de compreensão individuais, produção de textos individuais, discussões em grupo, pesquisas e projetos em grupo, produção de grupo e tutoria bastante intensa. Nos cursos on-line que começam em períodos certos, com tempos pré-determinados, é mais fácil formar grupos, trabalhar com módulos.

O conteúdo do curso e as atividades em parte estão preparados, mas dependem muito da qualidade e integração do grupo, da colaboração. É mais focado em colaboração do que em leitura de textos. O importante, neste grupo, são as discussões, o desenvolvimento de projetos e atividades colaborativas. O curso em parte está pronto e em parte é construído por cada grupo.

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conectar como seres humanos. Logo eles passam a se conhecer e a sentir que estão juntos em alguma coisa. Eles estão trabalhando com um fim comum, juntos. (PALLOFF, R. M.; PRATT, K., 2002).

Uma variável deste modelo inclui alguns encontros ao vivo, que podem ser para aulas expositivas, ou para tirar dúvidas ou para apresentação de pesquisas. É um on-line mais semipresencial.

Os modelos híbridos on-line, que têm atividades síncronas e assíncronas, parecem mais adequados para estudantes iniciantes, em fase de formação e, progressivamente, se podem diminuir os tempos síncronos, na medida em que os alunos vão adquirindo maior autonomia.

Os cursos mais individualizados e assíncronos, nos quais o aluno se inscreve quando acha conveniente e segue o ritmo que lhe parecer melhor (dentro de certos limites), são mais indicados para alunos mais adultos e com bastante experiência profissional. O on-line atual, mais assíncrono e personalizado, é para pessoas mais adultas, com experiência e que precisam de flexibilidade, e têm motivação e autodisciplina. Como pessoas mais adultas e motivadas, estão acostumados a enfrentar desafios e a gerenciar o tempo, qualidades indispensáveis para a educação on-line assíncrona.

Caminhamos para o on-line mais audiovisual. Teremos plataformas com todos os recursos integrados, audiovisuais e interativos. O on-line mais colaborativo pode ajudar a alunos que têm dificuldade de concentração e de gerenciamento do tempo, com a criação de grupos para pesquisa, atividades colaborativas e também com o acompanhamento de professores orientadores de aprendizagem. Se cada aluno tem seu orientador, se sentirá mais seguro, terá a quem recorrer. A combinação de atividades em grupo e de orientação personalizada é um dos caminhos para que realmente a educação on-line avance.

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No Brasil, não temos cursos certificados totalmente on-line, por imposição do Ministério da Educação, que exige ao menos as avaliações feitas de modo presencial. Também os grupos estrangeiros têm dificuldade em se instalar plenamente, pela necessidade de as instituições que atuarem aqui terem capital nacional e reconhecimento no MEC.

Se os cursos feitos on-line em instituições estrangeiras tivessem uma aprovação mais fácil pelo MEC, teríamos uma competição muito mais forte do que a que existe atualmente.

1.2 MODELOS EDUCACIONAIS PARA OS PRÓXIMOS ANOS

Diante dos modelos que acabamos de ver, o que podemos prever para o futuro da Educação a Distância?

Temos basicamente duas direções para a educação, uma mais centrada na transmissão de informações e outra mais focada na aprendizagem e em projetos. Ambas terão muita interferência das tecnologias e formatos diferentes dos que conhecemos, principalmente no presencial.

Modelo 1: A multiplicação do ensino centrado no professor, na transmissão da informação, de conteúdo e na avaliação de conteúdos aprendidos. Esse modelo terá diversos formatos, tanto no ensino presencial como no a distância.

Haverá multiplicação de aulas de transmissão em tempo real (teleaulas), com acesso, às vezes, em uma telessala e, em outros, de qualquer lugar, onde estiverem os alunos. Depois, haverá atividades de leitura, pesquisa, compreensão de textos e avaliação de conteúdo.

Título: A diferença entre EaD e Educação Presencial

Descrição: Professor João Vianney e os alunos da região Nordeste falam sobre a diferença entre EaD e Educação Presencial.

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Algumas aulas serão simultâneas para várias salas (vários campi), com um professor principal e professores assistentes locais, combinadas com atividades on-line, em plataformas digitais.

Outras aulas serão gravadas e acessadas, a qualquer tempo e de qualquer lugar, através da Internet ou da TV digital, focando conteúdo, compreensão e avaliação dessa compreensão. Os alunos poderão tirar dúvidas em determinados períodos da semana.

Os cursos presenciais se tornarão progressivamente semipresenciais. Exigirão alguns momentos de encontro físico, mais frequentes no primeiro ano do curso, diminuindo essa frequência posteriormente. O restante do tempo será dedicado a atividades de aprendizagem baseadas em leituras, compreensão de textos, esclarecimento dúvidas e realização de processos de avaliação de compreensão de conteúdo.

Nos cursos a distância, haverá modelos pela TV digital ou plataformas multimídias WEB, com alguns momentos de aulas ao vivo ou gravadas, atividades de leitura e pesquisa, com momentos de orientação dos professores e avaliação de compreensão de conteúdo. E teremos cursos totalmente prontos, disponibilizados ao ritmo de cada aluno, com uma mistura de materiais audiovisuais e impressos, combinados com tutoria on-line. Caminharemos para realizar avaliações on-line, sem a obrigatoriedade da presença física.

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A maior parte das instituições fará um mix de conteúdo e pesquisa, de algumas aulas informativas e de orientação de pesquisa, de disciplinas e projetos interdisciplinares integrados.

A formatação destes modelos centrados no aluno e na aprendizagem incluirá o uso frequente de tecnologias conectadas, móveis e multimídia, para grupos pequenos e grandes.

Os modelos serão semipresenciais ou on-line, com muita ênfase no planejamento, desenvolvimento e avaliação de atividades de pesquisa e de projetos. As aulas presenciais servirão para planejar as etapas da pesquisa. Depois, acontece a pesquisa através do acompanhamento virtual e, ao final, os alunos voltam ao presencial para avaliação e para organizar novas propostas de temas de pesquisa, e assim sucessivamente.

Os cursos a distância, deste modelo focado no aluno, utilizam mais as ferramentas colaborativas, a pesquisa individual e grupal, a publicação compartilhada, o conceito de portfólio individual e grupal, construído ao longo do processo.

Haverá cada vez mais o uso de tecnologias de comunicação em tempo real. No primeiro modelo pedagógico, mais para ouvir o professor; no segundo, mais para interagir, orientar e colaborar. Nos cursos a distância, teremos os que focam a transmissão via teleaula, com alguma interação para perguntas e dúvidas, e os que são oferecidos pela rede, a partir de aulas gravadas ou ao vivo, com alguma interação para dúvidas.

O modelo centrado na transmissão da informação tende a ser mais barato, a ganhar mais em escala, a ter um efeito multiplicador maior. Por isso, será adotado por mais instituições, nos próximos anos, pela sua maior relação custo-benefício e por reforçar os padrões já conhecidos de ensino.

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A partir desses dois modelos básicos, teremos inúmeras variações: modelos híbridos, que procurarão equilibrar transmissão de informação e colaboração, conteúdo e pesquisa, informação pronta e conhecimento construído. O que parece certo é que teremos cada vez menos aulas presenciais, fisicamente juntos, e mais compartilhamento virtual das experiências de aprender com alguém mais preparado (os professores) e de aprender juntos, em rede.

Tanto a educação presencial como a virtual caminham para modelos diferentes dos que estamos habituados. O presencial se flexibiliza com o virtual e aumenta a utilização de ambientes de aprendizagem com atividades de discussão individuais e em grupo. A educação a distância, na medida em que a sociedade se conecta mais, utiliza mais os mesmos ambientes virtuais para acesso à informação e para compartilhamento de

discussões e

experiências.

A aprendizagem on-line é uma constante no dia a dia, no trabalho, em casa, na vida. A educação formal precisa incorporar muito mais profundamente todas as possibilidades destes novos ambientes, principalmente focando o aluno e a participação

como eixos de uma educação ativa e transformadora. É possível combinar, quando necessário, teleaulas para milhares de alunos e atividades colaborativas em grupos, que construam situações vivas de aprendizagem compartilhadas. Podemos aproveitar o melhor do modelo de transmissão com as vantagens do modelo de colaboração. Podemos avançar muito mais na integração dos modelos focados na transmissão, no conteúdo e no professor com os modelos colaborativos de efetiva pesquisa, colaboração e compartilhamento. Teremos inúmeras possibilidades de aprendizagem que combinarão o melhor do presencial (quando possível) com as facilidades do virtual. O importante é que os alunos aprendam de verdade no presencial e no on-line.

A TV Escola é um site interessante, desenvolvido pelo MEC, para dar suporte aos docentes em todas as áreas, com vídeos, textos, informações e ambiente colaborativo, em que professores de todo o Brasil trocam experiências. São professores presenciais, qualificando-se virtualmente!

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Você já deve ter percebido que a Educação a Distância é algo inevitável. Hoje, caminhamos para ter as cidades digitais, conectadas, o acesso podendo ser feito de qualquer lugar e a qualquer hora e com equipamentos acessíveis. Quanto mais acesso, mais necessidade de mediação, de pessoas que inspirem confiança e que sejam competentes para ajudar os alunos a encontrar os melhores lugares, os melhores autores e saber compreendê-los e incorporá-los à nossa realidade. Quanto mais conectada a sociedade, mais importante é termos pessoas afetivas, acolhedoras, que saibam mediar as diferenças, facilitar os caminhos, aproximar as pessoas.

Sendo assim, a Educação a Distância e a educação para se educar a distância é mais do que essencial neste momento de grande desenvolvimento, sistematização e regulamentação da modalidade no Brasil. Por isso, nosso próximo tópico apresenta um breve histórico da EaD, para que você possa ter um panorama da educação a distância antes de falarmos propriamente de sua regulamentação. Pronto para mais esse desafio?

2. O QUE É UM BOM CURSO A DISTÂNCIA

Os referenciais, elaborados por equipes vinculadas a vários momentos da Secretaria de Educação a distância, nos dão elementos importantes para a avaliação. Participei da criação desses referenciais, em diferentes momentos, a partir da primeira elaboração, feita pela Professora Carmen Neves, em 1998. Os principais itens de avaliação de um projeto são: Compromisso Institucional; Sistemas de Comunicação; Material Didático; Avaliação; Equipe Multidisciplinar; Infraestrutura de Apoio; Gestão Acadêmico-Administrativa; e Sustentabilidade Financeira.

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ensino, de aprendizagem e de perfil do estudante que deseja formar; com definição, partir dessa opção, de como se desenvolverão os processos de produção do material didático, de tutoria, de comunicação e de avaliação, delineando princípios e diretrizes que alicerçarão o desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem.

A opção epistemológica é que norteará, também, toda a proposta de organização do currículo e seu desenvolvimento. A organização em disciplina, módulo, tema e área reflete a escolha feita pelos sujeitos envolvidos no projeto. A compreensão de avaliação, os instrumentos a serem utilizados, as concepções de tutor, de estudante e de professor devem ter coerência com a opção teórico-metodológica definida no projeto pedagógico.

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É importante que as instituições elaborem seus materiais para uso a distância, buscando integrar as diferentes mídias, explorando a convergência e integração entre materiais impressos, radiofônicos, televisivos, de informática, de videoconferências e teleconferências, dentre outros, sempre na perspectiva da construção do conhecimento e favorecendo a interação entre os múltiplos atores. Assim como informar, de maneira clara e precisa, que materiais serão colocados à disposição do estudante (livros-texto, cadernos de atividades, leituras complementares, roteiros, obras de referência, CD-rom, websites, vídeos, ou seja, um conjunto - impresso e/ou disponível na rede - que se articula com outras tecnologias de comunicação e informação para garantir flexibilidade e diversidade.

As avaliações da aprendizagem do estudante devem ser compostas de avaliações a distância e avaliações presenciais, sendo estas últimas cercadas das precauções de segurança e controle de frequência, zelando pela confiabilidade e credibilidade dos resultados. Neste ponto, é importante destacar o disposto no Decreto 5.622, de 19/12/2005, que estabelece obrigatoriedade e prevalência das avaliações presenciais sobre outras formas de avaliação.

As instituições devem planejar e implementar sistemas de avaliação institucional, incluindo ouvidoria, que produzam efetivas melhorias de qualidade nas condições de oferta dos cursos e no processo pedagógico. Esta avaliação deve configurar-se em um processo permanente e consequente, de forma a subsidiar o aperfeiçoamento dos sistemas de gestão e pedagógico, produzindo, efetivamente, correções na direção da melhoria de qualidade do processo pedagógico, coerentemente com o Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (SINAES). Para ter sucesso, essa avaliação precisa envolver os diversos atores: estudantes, professores, tutores, e quadro técnico-administrativo.

Em educação a distância, há uma diversidade de modelos, que resulta em possibilidades diferenciadas de composição dos recursos humanos necessários à estruturação e funcionamento de cursos nessa modalidade. No entanto, qualquer que seja a opção estabelecida, os recursos humanos devem configurar uma equipe multidisciplinar com funções de planejamento, implementação e gestão dos cursos a distância, onde três categorias profissionais, que devem estar em constante qualificação, são essenciais para uma oferta de qualidade: docentes, tutores e pessoal técnico-administrativo.

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tecnológicos envolvidos e à extensão de território a ser alcançada, o que representa um significativo investimento para a instituição.

A infraestrutura material refere-se aos equipamentos de televisão, DVDs, videocassetes, audiocassetes, fotografia, impressoras, linhas telefônicas (inclusive dedicadas para Internet e serviços 0800), fax, equipamentos para produção audiovisual e para videoconferência, computadores ligados em rede ou não, e outros, dependendo da proposta do curso.

Deve-se atentar ao fato de que um curso a distância não exime a instituição de dispor de centros de documentação e informação ou midiatecas (que articulam bibliotecas, videotecas, audiotecas, hemerotecas e infotecas etc.), para prover suporte a estudantes, tutores e professores.

A gestão acadêmica de um projeto de curso de educação a distância deve estar integrada aos demais processos da instituição, ou seja, é de fundamental importância que o estudante de um curso a distancia tenha as mesmas condições e suporte que o presencial. E o sistema acadêmico deve priorizar isso, no sentido de oferecer ao estudante, geograficamente distante, o acesso aos mesmos serviços disponíveis ao do ensino tradicional, como: matrícula, inscrições, requisições, acesso às informações institucionais, secretaria, tesouraria etc.

Em particular, a logística que envolve um projeto de educação a distancia - os processos de tutoria, produção e distribuição de material didático, acompanhamento e avaliação do estudante - precisa ser rigorosamente gerenciada e supervisionada, sob pena de desestimular o estudante, levando-o ao abandono do curso, ou de não permitir, devidamente, os registros necessários para a convalidação do processo de aprendizagem.

Para garantir a continuidade de médio prazo, inerente a um curso superior, em especial de graduação, a instituição deve montar a planilha de custos do projeto, como um todo, em consonância com o projeto político-pedagógico e a previsão de seus recursos, mostrando, em particular, os seguintes elementos:

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b) Custeio (equipe docente): coordenador do curso, coordenadores de disciplinas, coordenador de tutoria e professores responsáveis pelo conteúdo; equipe de tutores para atividades de tutoria; equipe multidisciplinar; equipe de gestão do sistema; recursos de comunicação; distribuição de material didático; sistema de avaliação.

Como parte desse item, a instituição deve apresentar uma planilha de oferta de vagas, especificando claramente a evolução da oferta ao longo do tempo. O número de estudantes para cada curso deve apresentar-se em completa consistência com o projeto político-pedagógico; com os meios que estarão disponibilizados pela instituição; com o quadro de professores, de tutores e da equipe técnico-administrativa, que irão trabalhar no atendimento aos estudantes; com o investimento e custeio a serem feitos; e com outros aspectos indicados nesse documento.

Quando olhamos para nossa experiência de alunos em sala de aula, um bom curso é aquele que nos empolga, nos surpreende, nos faz pensar, nos envolve ativamente, traz contribuições significativas e nos põe em contato com pessoas, experiências e ideias interessantes. Às vezes, um curso promete muito, tem tudo para dar certo e nada acontece. Em contraposição, outro, que parecia servir só para preencher uma lacuna, se torna decisivo.

Um bom curso depende de um conjunto de fatores previsíveis e de uma "química", uma forma de juntar os ingredientes que faz a diferença. No essencial, um bom curso, presencial ou a distância, possui os mesmos ingredientes:

 Um bom curso, presencial ou a distância, depende, em primeiro lugar, de termos educadores maduros intelectual e emocionalmente, pessoas curiosas, entusiasmadas, abertas, que saibam motivar e dialogar. Pessoas com as quais valha a pena entrar em contato, porque dele saímos enriquecidos. O grande educador atrai não só pelas suas ideias, mas pelo contato pessoal. Há sempre algo surpreendente e diferente no que diz, nas relações que estabelece, na sua forma de olhar, na forma de comunicar-se e de agir.

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qualidades do professor, tornam-se interlocutores lúcidos e parceiros de caminhada do professor-educador.

 Um bom curso depende também de termos administradores, diretores e coordenadores mais abertos, que entendam todas as dimensões que estão envolvidas no processo pedagógico, além das empresariais ligadas ao lucro; que apoiem os professores inovadores; e que equilibrem o gerenciamento empresarial, tecnológico e o humano, contribuindo para que haja um ambiente de maior inovação, intercâmbio e comunicação.

 Um bom curso depende, finalmente, de ambientes ricos de aprendizagem, de ter uma boa infraestrutura física: salas, tecnologias, bibliotecas... A aprendizagem não se faz só na sala de aula, mas nos inúmeros espaços de encontro, de pesquisa e produção que as grandes instituições propiciam a seus professores e alunos. Em educação a distância, um dos grandes problemas é o ambiente, ainda reduzido a um lugar onde se procuram textos, conteúdo. Um bom curso é mais do que conteúdo, é pesquisa, troca e produção conjunta. Para suprir a menor disponibilidade ao vivo do professor, é importante ter materiais mais elaborados, mais autoexplicativos, com mais desdobramentos (links, textos de apoio, glossário, atividades etc). Isso implica em montar uma equipe interdisciplinar, com pessoas da área técnica e pedagógica, que saibam trabalhar juntas, cumprir prazos e dar contribuições significativas.

 Um bom curso depende muito da possibilidade de uma boa interação entre os seus participantes, do estabelecimento de vínculos e de fomentar ações de intercâmbio. Quanto mais interação, mais horas de atendimento são necessárias. Uma interação efetiva precisa de ter monitores capacitados, com um número equilibrado de alunos. Em educação a distância, não se pode só "passar" uma aula pela TV ou disponibilizá-la num site na Internet e dar alguns exercícios.

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prever a interação dos alunos. Precisamos aprender a equilibrar o planejamento e a flexibilidade (que está ligada ao conceito de liberdade, de criatividade). Nem planejamento fechado, nem criatividade desorganizada, que vira só improvisação. Avançaremos mais se soubermos adaptar os programas previstos às necessidades dos alunos, criando conexões com o cotidiano, com o inesperado, se conseguirmos transformar o curso em uma comunidade viva de investigação, com atividades de pesquisa e de comunicação. Com a flexibilidade, procuramos adaptar-nos às diferenças individuais, respeitar os diversos ritmos de aprendizagem, integrar as diferenças locais e os contextos culturais. Com a organização, buscamos gerenciar as divergências, os tempos, os conteúdos, os custos, estabelecemos os

parâmetros fundamentais.

 Um bom curso a distância não valoriza só os materiais feitos com antecedência, mas como eles são pesquisados, trabalhados, apropriados e avaliados. Traça linhas de ação pedagógica maiores (gerais), que norteiam as ações individuais sem sufocá-las. Respeita os estilos de aprendizagem e as diferenças de estilo de professores e alunos. Personaliza os processos de ensino-aprendizagem, sem descuidar o coletivo. Permite que cada professor ou monitor encontre seu estilo pessoal de dar aula, onde ele se sinta confortável e consiga realizar melhor os objetivos, com avaliação contínua, aberta e coerente.

 Um bom curso, presencial ou a distância, sempre será caro, porque envolve qualidade pedagógica e tecnológica. E a qualidade não se improvisa. Ela tem um alto custo, direto ou indireto. Mas vale a pena. Só

assim podemos avançar de verdade.

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alunos precisamos estar atentos para valorizar as oportunidades que vamos tendo de participar de experiências significativas de ensino/aprendizagem presenciais e virtuais. Elas nos mostram que estamos no caminho certo e contribuem para nossa maior realização profissional e pessoal.

3. QUESTÕES PARA AS INSTITUIÇÕES QUE QUEREM

ATUAR EM EAD

Por que entrar em EaD? Só porque está na moda? Porque os demais estão entrando? Todas as instituições devem atuar em EaD? Na minha opinião, aos poucos, sim, mas sem açodamento nem loucuras. Se a instituição é pequena, é melhor pensar em projetos complementares aos que têm no presencial, combinando a flexibilização do presencial (projetos semipresenciais) com alguns cursos a distância onde a instituição é forte, podendo atender, na região, pessoas que teriam dificuldade de vir todos os dias à sede e grupos com demandas específicas.

Qual é o conhecimento institucional que temos de EaD? Onde e como vamos competir? Já vi instituições que criaram o mesmo curso em EaD e presencial, concorrendo com elas próprias, na mesma cidade, nas duas modalidades.

Vale a pena começar perto da sede e ampliar o domínio para o Estado e outros lugares mais distantes, pouco a pouco ou é melhor já atuar fortemente em diversos lugares? Há projetos que são para crescimento lento e seguro e outros para ocupação rápida de mercado.

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consistentes de má qualidade ou mau gerenciamento. Algumas instituições pagarão um preço pesado pelo açodamento, por crescer de qualquer jeito, sem qualidade comprovada. Depois dos maus resultados, será muito difícil reverter a má imagem.

É melhor fazer EaD de forma isolada ou em parceria? Depende das características de cada instituição. Quando há identidade com alguns parceiros, a EaD se torna mais viável. Exemplos parcerias entre instituições da mesma denominação confessional: universidades católicas ou evangélicas. Mas há dificuldades que tornam as parcerias mais difíceis do que parecem: diferenças culturais entre instituições, vaidades dos mantenedores, falta de prática de parcerias reais.

Projetos de EaD para cursos de graduação de alunos mais jovens ou de pessoas já mais experientes – Há cursos para pessoas mais experientes, que estão fazendo especialização, mestrado ou doutorado. Cursos para pessoas já com vivência profissional e outros para estudantes jovens, sem nenhum contato profissional prévio.

Cursos certificados pelo MEC, por associações de classe ou cursos mais livres – Quem certifica exige determinados requisitos para a sua aprovação. O MEC, por exemplo, vem formalizando progressivamente as exigências de qualidade dos cursos de graduação, dando muita ênfase ao acompanhamento local, na forma de polos, o que não acontecia no começo.

Modelos focados em transmissão (teleaulas), texto e Internet e modelos focados em texto e Internet – A avaliação de um projeto deve levar em consideração a complexidade de ter estúdios de gravação, satélite, parceria local, atendimento local e remoto.

Cursos com muita interação e com pouca interação – Alguns cursos se preocupam mais com a produção do conteúdo, adaptando-o aos alunos, tornando-o autoexplicativo, exigindo pouca interação. Para outros, a interação é importante, e são previstas, no projeto, pessoas para atendimento personalizado e em grupo, em tempo real e off-line.

Cursos com forte apoio presencial e outros com mais apoio on-line – Existem cursos que privilegiam alguns momentos de comunicação em tempo real (teleaulas ao vivo) ou momentos de discussão com um professor num chat. Outros se preocupam mais com o acompanhamento off-line, via fórum, e-mail ou recursos semelhantes.

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presencial atua também a distância. Já outros projetos visam atingir milhares de alunos simultaneamente, em centenas de cidades diferentes.

Cursos com datas de entrada e saída definidas e cursos mais flexíveis – Temos cursos que seguem um calendário fechado, previsto e que lembram mais as situações da educação presencial. Há outros que têm estruturas mais flexíveis, em geral modulares, com entradas possíveis em módulos diferentes ou com datas mais personalizadas de início e término de cada módulo e curso.

Cursos de abrangência nacional/internacional e outros de abrangência regional.

Cursos para alunos de bom poder aquisitivo e cursos para alunos de baixo poder aquisitivo – Os primeiros preveem um acompanhamento mais personalizado. Os outros, em geral, têm pouco acompanhamento personalizado e maior número de alunos para cada professor ou tutor.

Cursos focados em módulos e competências e cursos focados em disciplinas e conteúdos.

Cursos com formatos tradicionais e cursos inovadores (como os focados em resolução de problemas).

4. MELHORAR OS MODELOS DE GESTÃO

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As universidades públicas têm muita dificuldade em sair do modelo individualizado de gestão, tanto no presencial como nos cursos a distância. Em nome da autonomia, cada uma faz seu projeto pedagógico, sua construção do material, a gestão individual dos cursos. É um modelo compreensível no começo, quando se está aprendendo. No Brasil, quem sabia um pouco ensinou a quem estava começando e, ainda, muitas instituições se encontram na etapa de conhecer pela primeira vez o processo da EaD.

Estamos entrando numa fase de grande expansão, amadurecimento e consolidação. E para otimizar recursos, melhorar a qualidade e atingir mais alunos, as instituições públicas podem repensar o modelo de gestão individual e passar para uma gestão mais compartilhada e integrada. Há um certo nível de compartilhamento atual: a maioria adota o ambiente digital Moodle, com bastante intercâmbio de conteúdos, de cursos similares, por algumas instituições. Mas ainda prevalece a ideia de que os materiais de terceiros servem como ponto de partida, mas precisam ser adaptados, customizados para cada região. Isso, às vezes, é necessário. Em outras, é um desperdício de recursos. Por que todos têm que elaborar seus materiais nos cursos de formação de professores? Não seria melhor estabelecer um acordo, de forma que as instituições mais reconhecidas em uma área se encarreguem da elaboração desses materiais e atividades e que as demais façam pequenas adaptações, postadas na WEB, para baratear os custos?

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Tudo isso pressupõe discussão, amadurecimento, acordos e leis. Se foi possível implementar um consórcio de universidades públicas federais e estaduais no Estado do Rio de Janeiro, quando ainda estávamos engatinhando na EaD no ensino superior, muito mais necessário e eficaz será pensar, agora, em uma estrutura mais consistente que organize as ações, ultrapasse o gerenciamento individual, para atuar de forma integrada, proativa e avançada, pedagógica e gerencialmente, equilibrando o regional e o nacional.

5. REPENSANDO A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Podemos avançar muito na personalização das propostas, mais abertas, com forte aprendizagem colaborativa, em redes flexíveis e com respeito ao caminho de cada um. Na EaD, o aluno poderia ter seu orientador, como acontece na pós-graduação. Esse orientador seria o principal interlocutor responsável pelo percurso do aluno. Com ele, o aluno definiria as disciplinas mais adequadas, as atividades mais pertinentes, os projetos mais relevantes. Teremos cursos mais síncronos e outros mais assíncronos, alguns com muita interação e outros com roteiros predeterminados, uns com mais momentos presenciais e outros acontecem na web. Essa flexibilidade de processos e modelos é fundamental para avançar mais, para adequar-nos às inúmeras possibilidades e necessidades de formação contínua de todos.

Precisamos, sim, de alguns parâmetros de qualidade para afastar os grupos inescrupulosos, mas sem a asfixia de uma regulação tão detalhista, que termina padronizando e asfixiando iniciativas que seriam muito bem vindas e úteis.

Diante da dificuldade de muitos alunos em adaptar-se ao processo de aprendizagem a distância, vale a pena pensar em propostas que implantem a metodologia da EaD de forma mais progressiva. Cursos a distância com alunos com maiores dificuldades (em média) de autonomia – ex: EJA, cursos técnicos, tecnológicos, graduação de cursos com alunos com pouca fluência de leitura, escrita e pouca independência pessoal – poderiam ter um processo de entrada mais suave na EaD. Começar com uma ambientação técnico-pedagógica para a EaD mais forte, feita presencialmente em parte, em laboratórios, com bastante mediação tutorial.

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junto com as demais atividades online, só que em quantidade menor, nesse primeiro ano.

Com esse ano de transição entre o modelo presencial e o a distância, o aluno estaria mais bem preparado para enfrentar os desafios de caminhar para uma maior autonomia, para poder gerenciar melhor o seu tempo, para trabalhar mais virtualmente. Assim, a partir do segundo ano, aumentaria a virtualização do curso, com menos encontros e tutoria presenciais, e mais orientação e atividades pela web.

No primeiro ano, as aulas seriam mais informativas, ao vivo ou por videoaulas fáceis, com histórias, representações, entrevistas, como acontece, por exemplo, no Telecurso 2000 ou no Teletec, da Fundação Roberto Marinho. As atividades poderiam ser feitas em pequenos grupos, presencial e virtualmente, para aprender juntos, dar-se apoio, manter vínculos, não desistir. Progressivamente, haveria mais leituras, atividades mais complexas, individuais e em grupo, pela WEB.

Cursos de formação de professores, que hoje utilizam mais a web, poderiam incorporar videoaulas ou teleaulas interessantes e motivadoras, como elementos enriquecedores da experiência de aprender on-line. Os cursos que se baseiam em textos na web, mesmo que bem produzidos e em tom dialógico, exigem um salto cultural grande demais, num primeiro momento, para alunos vindos de escolas pouco exigentes e que não desenvolveram o hábito da pesquisa contínua e produção autônoma.

É interessante a organização de aulas produzidas de forma mais inteligente e econômica, principalmente na formação de professores. As universidades públicas, através da gestão da UAB – Universidade Aberta do Brasil – poderiam criar materiais, principalmente os audiovisuais, de forma integrada, gastando menos recursos na produção e concentrado-os mais na tutoria e na adaptação à realidade regional. Universidades com mais competência reconhecida em algumas áreas fariam essas produções de videoaulas e do material de apoio básico (livros etc) que serviriam de base para os cursos semelhantes de outras instituições, e que poderiam ter algumas adaptações regionais, aproveitando a maior parte da produção já feita.

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só conteúdo pronto, mas conhecimento construído a partir de leituras, discussões, vivências, práticas, orientações, atividades. Disponibilizaríamos os materiais básicos e cada instituição os adaptaria ao seu projeto pedagógico. Por que todos temos que fazer os mesmos materiais sempre de forma isolada, principalmente na formação de professores?

Nos cursos presenciais, poderíamos, também, flexibilizar a relação presencial-digital de forma progressiva. No primeiro ano, as atividades aconteceriam mais na sala de aula. Haveria uma ênfase maior na aprendizagem do uso das tecnologias digitais, feita no laboratório, até o aluno ter o domínio do virtual e poder fazê-lo a distância. Algumas disciplinas teriam, no máximo, nesse primeiro ano, vinte por cento de atividades a distância. Do segundo ano em diante, a porcentagem de EaD poderia aumentar, até chegar a metade em sala de aula e metade a distância (sem ultrapassar a carga total de vinte por cento a distância, enquanto não mudar a legislação vigente).

Nos modelos web, é importante utilizar mais a videoaula, a teleaula, a web-conferência e, também, o uso de tecnologias móveis.

Nos modelos teleaula, convém ter menos aulas expositivas e melhorar a produção, combinada com atividades significativas em sala e na web. Nestes modelos, precisamos aproveitar melhor os recursos da web e as tecnologias móveis.

6. A EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA NOS CURSOS

PRESENCIAIS

Estamos caminhando para uma etapa de integração muito maior entre o presencial e o virtual. Algumas instituições já perceberam que a flexibilidade é inevitável. Elas propõem cursos que podem ser feitos presencialmente ou a distância, com maior integração e, às vezes, sem que o aluno perceba que é um curso a distância. Os cursos presenciais terão cada vez mais atividades a distância, em proporção superior à atual, de forma que perderá sentido a separação entre o presencial e o a distância, como acontece até agora.

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colaboração. Todas as universidades e organizações educacionais, em todos os níveis, precisam experimentar novas soluções para cada situação, curso e grupo, e os legisladores precisam ser cautelosos na normatização, para não inviabilizar os avanços necessários na EaD.

Dependendo do projeto pedagógico do curso, da instituição e da idade do aluno, haverá diferentes formatos de curso, níveis de flexibilidade e de orientação. Mas todos terão muito menos presença física do que há hoje, menos horários rígidos do que acontece atualmente.

O semipresencial avançará, porque se adapta muito mais à nova sociedade aprendente e conectada, porque as crianças e jovens já têm uma relação com a Internet, as redes, o celular e a multimídia muito mais familiar do que os adultos. Para eles, o semipresencial já é uma experiência vivida em muitas outras situações. A escola é que não os está acompanhando. O semipresencial avançará, também, porque, para os mantenedores das escolas, reduzirá custos de utilização de infraestrutura, de ocupação de espaço e de horas de aula de professores. E a legislação precisa possibilitar esta flexibilidade das formas de ensino e aprendizagem que mais se adaptem às necessidades de cada pessoa e grupo, em todos os níveis de ensino.

Com a evolução acelerada das tecnologias de comunicação audiovisual e o seu custo proporcional menor, podemos repensar a organização dos cursos presenciais. Com a evolução da comunicação audiovisual em tempo real, via teleaula, videoconferência ou pela Internet banda larga, podemos pensar em professores atendendo a várias turmas/salas ao mesmo tempo, interagindo com elas ao vivo e organizando atividades a distância, com ajuda de assistentes.

O sistema bimodal, semipresencial – parte presencial e parte a distância –, se mostra o mais promissor para o ensino nos diversos níveis. Combina o melhor da presença física com situações em que a distância pode ser mais útil, na relação custo-benefício.

Um dos principais desafios de hoje, nas universidades e escolas, é tornar mais flexível o currículo de cada curso, integrando e inovando as atividades presenciais e a distância. O sistema bi-modal ou blended se mostra o mais promissor para o ensino nos diversos níveis, principalmente no superior.

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material, leve, atraente e comunicativo, pode servir de base para a informação necessária do aluno, para que o aluno o acesse pessoalmente, antes de realizar algumas atividades. Essas disciplinas com o material na web podem ser compartilhadas por mais de um professor ou tutor, quando são muitos os alunos. Isso permite que essas disciplinas possam ser oferecidas quase integralmente a distância.

Vale a pena rediscutir o limite de 20% de disciplinas online, imposto pelo MEC. Por que 20 e não 30 ou 50? As universidades poderiam flexibilizar seus currículos até chegar a uma carga horária média de 50% para aulas presenciais e 50% a distância. Cada instituição terá de definir qual é o ponto de equilíbrio entre o presencial e o virtual, de acordo com cada área do conhecimento. Isso porque há disciplinas que necessitam mais da presença física, como as que utilizam laboratório ou interação corporal (dança, teatro etc.). O importante é experimentar várias soluções nos diversos cursos. Todos estamos aprendendo e nenhuma instituição está, ainda, muito à frente na inovadora educação on-line.

Manter os alunos por menos tempo em salas de aula convencionais também permite uma maior rotatividade de alunos nos mesmos espaços físicos. Dessa forma, a necessidade de construir e ampliar salas e prédios diminui e torna-se possível otimizar os espaços já existentes. Com 25% de um curso feito a distância, é possível criar grades de três horas diárias por turma, o que permite organizar duas turmas diferentes por período e duplicar o uso de cada sala. Se aplicarmos este raciocínio em uma escola com muitas turmas, é possível baratear o custo final da mensalidade de cada aluno sem perder qualidade.

Com todas as cautelas e problemas que este tema tem por trás, é importante que as universidades reorganizem seus currículos e projetos pedagógicos. As universidades, que têm mais autonomia, podem flexibilizar os currículos de acordo com cada área de conhecimento, experimentando modelos diferentes. Instituições multicampi podem organizar modelos, combinando videoconferência ou web conferencia, para determinadas aulas, com professores especialistas; tutoria, com professores assistentes; e atividades a distância, via Internet.

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7. HISTÓRICO DA EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

Veremos, agora, o quanto a história da EaD no Brasil e no mundo é interessante. Conhecendo sua história, pode-se também perceber melhor a sua utilidade. Veja abaixo:

No mundo atual, em que muito se fala de globalização, não só econômica, mas também cultural e educacional, a educação a distância, na sua dupla vertente tradicional e virtual, apresenta-se como o ensino do futuro e para um futuro que se perspectiva de grande investimento na educação ao longo da vida, centrado no aprendiz, e em que o docente é mais um orientador de percursos de aprendizagens autogeridas por cada um dos estudantes do que um professor ex cathedra perante uma turma de estudantes que o seguem. É por isto que a educação a distância se distingue do ensino presencial: pela sua flexibilidade curricular, pela existência de unidades creditáveis – quer estejam integradas num curso de graduação ou de pós-graduação, quer disponibilizadas em disciplinas singulares. (TAVARES, 2001).

A Educação a Distância (EaD) é conhecida desde o século XIX. Entretanto, somente nas últimas décadas passou a fazer parte das atenções pedagógicas. A EaD surgiu da necessidade do preparo profissional e cultural de milhões de pessoas que, por vários motivos, não podiam frequentar um estabelecimento

de ensino presencial, e evoluiu com as tecnologias disponíveis em cada momento histórico, as quais influenciam o ambiente educativo e a sociedade.

Inicialmente na Grécia, e depois em Roma, existia uma rede de comunicação que permitia o desenvolvimento significativo da correspondência. As cartas comunicando informações científicas inauguraram uma nova era na arte de ensinar. Segundo Lobo Neto, um primeiro marco da educação a distância foi o anúncio publicado na Gazeta de Boston, no dia 20 de março de 1728, pelo professor de taquigrafia Cauleb Phillips: “Toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte,

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pode receber em sua casa várias lições semanalmente e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston”. (LOBO NETO, 1995).

Em 1833, um anúncio publicado na Suécia já se referia ao ensino por correspondência. E na Inglaterra, em 1840, Isaac Pitman sintetizou os princípios da taquigrafia em cartões postais que trocava com seus estudantes.

No entanto, o desenvolvimento de uma ação institucionalizada de educação a distância teve início a partir da metade do século XIX.

Em 1856, em Berlim, Charles Toussaint e Gustav Langenscheidt fundaram a primeira escola por correspondência destinada ao ensino de línguas. Posteriormente, em 1873, em Boston, Anna Eliot Ticknor criou a Society to Encourage Study at Home. Em 1891, Thomas J. Foster, em Scarnton (Pennsylvania), iniciou o International Correspondence Institute com um curso sobre medidas de segurança no trabalho de mineração.

Em 1891, a administração da Universidade de Wisconsin aceitou a proposta de seus professores para organizar cursos por correspondência nos serviços de extensão universitária.

Um ano depois, em 1892, o reitor da Universidade de Chicago, William R. Harper, que já havia experimentado a utilização da correspondência na formação de docentes para as escolas dominicais, criou uma Divisão de Ensino por Correspondência no Departamento de Extensão daquela universidade.

Por volta de 1895, em Oxford, Joseph W. Knipe, após experiência bem-sucedida preparando por correspondência duas turmas de estudantes, a primeira com seis e a segunda com trinta alunos, para o Certificated Teacher’s Examination, iniciou os cursos de Wolsey Hall utilizando o mesmo método de ensino.

Em 1898, em Malmoe, na Suécia, Hans Hermod, diretor de uma escola que ministrava cursos de línguas e cursos comerciais, ofereceu o primeiro curso por correspondência, dando início ao famoso Instituto Hermod.

No final da Primeira Guerra Mundial, surgiram novas iniciativas de ensino a distância, em virtude de um considerável aumento da demanda social por educação, confirmando, de certo modo, as palavras de William Harper, escritas em 1886:

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O aperfeiçoamento dos serviços de correio, a agilização dos meios de transporte e, sobretudo, o desenvolvimento tecnológico aplicado ao campo da

comunicação e da

informação influíram decisivamente nos destinos da educação a distância. Em 1922, a antiga União

Soviética organizou um sistema de ensino por correspondência que, em dois anos, passou a atender 350.000 usuários. A França criou, em 1939, um serviço de ensino por via postal para a clientela de estudantes deslocados pelo êxodo.

A partir daí, começou a utilização de um novo meio de comunicação, o rádio, que penetra também no ensino formal. O rádio alcançou muito sucesso em experiências nacionais e internacionais, tendo sido bastante explorado na América Latina, nos programas de educação a distância do Brasil, Colômbia, México, Venezuela, dentre outros.

Após as décadas de 1960 e 1970, a educação a distância, embora mantendo os materiais escritos como base, passou a incorporar, articulada e integradamente, o áudio e o videocassete, as transmissões de rádio e televisão, o videotexto, o computador e, mais recentemente, a tecnologia de multimeios, que combina textos, sons, imagens, assim como mecanismos de geração de caminhos alternativos de aprendizagem (hipertextos, diferentes linguagens) e instrumentos para fixação de aprendizagem com feedback

imediato (programas tutoriais informatizados) etc.

Atualmente, o ensino não presencial mobiliza os meios pedagógicos de quase todo o mundo, tanto em nações industrializadas quanto em países em desenvolvimento. Novos e mais complexos cursos são

Título: História da EaD (Parte 2)

http://www.youtube.com/watch?v=5A_Q1C-gfEY&feature=related

Fonte: CEAD – Universidade de Brasília

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desenvolvidos, tanto no âmbito dos sistemas de ensino formal quanto nas áreas de treinamento profissional. Podem-se ver inúmeros exemplos visitando-se os sites de universidades.

Seja um desafio, uma necessidade imperiosa dos tempos modernos ou uma imposição de que não se pode fugir, a educação a distância é uma das soluções para os tempos atuais. As novas tecnologias de comunicação e informação, como a televisão, o vídeo, a informática – com a Internet ganhando espaços cada vez maiores –, sem desprezar os meios tradicionais de correio, telefone e postos pedagógicos organizacionais, convidam, se é que não exigem, a um aproveitamento amplo de suas possibilidades em benefício da educação.

De fato, em função de fatores como o modelo de EaD seguido, os apoios políticos e sociais disponíveis, as necessidades educativas da população, o desenvolvimento das tecnologias de comunicação e informação, há grande diversidade de formas metodológicas, estruturais e projetos de aplicação para essa modalidade de educação.

A educação a distância foi utilizada, inicialmente, como recurso para superação de deficiências educacionais, para a qualificação profissional e aperfeiçoamento ou atualização de conhecimentos. Hoje, cada vez mais, é também usada em programas que complementam outras formas tradicionais, face a face, de interação, e é vista por muitos como uma modalidade de ensino alternativo que pode complementar parte do sistema regular de ensino presencial. A Open University, por exemplo, oferece comercialmente somente cursos a distância, sejam cursos regulares ou profissionalizantes. A Virtual University oferece cursos gratuitos.

7.1 O CASO BRASILEIRO

No Brasil, desde a fundação do Instituto Rádio-Monitor, em 1939, e depois do Instituto Universal Brasileiro, em 1941, várias experiências de educação a distância foram iniciadas e levadas a termo com relativo sucesso. As experiências brasileiras, governamentais e privadas, foram muitas e representaram, nas últimas décadas, a mobilização de grandes contingentes de

SAIBA MAIS

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recursos. Os resultados do passado não foram suficientes para gerar um processo de aceitação governamental e social da modalidade de educação a distância no Brasil, porém, a realidade brasileira já mudou e nosso governo criou leis e estabeleceu normas para a modalidade de educação a distância em nosso país.

Abaixo, destacamos vários projetos que contribuíram para a disseminação da educação a distância.

Em 1904: escolas internacionais, que eram instituições privadas,

ofereciam cursos pagos, por correspondência;

Em 1934: Edgard Roquete-Pinto instalou a Rádio-Escola Municipal no

Rio de Janeiro. Estudantes tinham acesso prévio a folhetos e esquemas de

aulas. Utilizava também correspondência para contato com estudantes;

Em 1939: surgiu o Instituto Universal Brasileiro, em São Paulo;

Em 1941: primeira Universidade do Ar, que durou dois anos;

Em 1947: Nova Universidade do Ar, patrocinada pelo SENAC, SESC e

por emissoras associadas;

Em 1961/65: Movimento de Educação de Base (MEB) – Igreja Católica

e Governo Federal utilizavam um sistema radioeducativo: educação,

conscientização, politização, educação sindicalista etc;

Em 1970: Projeto Minerva – convênio entre Fundação Padre Landell de Moura e Fundação Padre Anchieta para produção de textos e programas;

Em 1972: o Governo Federal enviou à Inglaterra um grupo de

educadores, tendo à frente o conselheiro Newton Sucupira – o relatório final

marcou uma posição reacionária às mudanças no sistema educacional

brasileiro, colocando um grande obstáculo à implantação da Universidade

Aberta e a Distância no Brasil;

Na década de 70: Fundação Roberto Marinho – programa de

educação supletiva a distância, para 1º e 2º graus;

Em 1992: foi criada a Universidade Aberta de Brasília (Lei 403/92),

podendo atingir três campos distintos:

a) Ampliação do conhecimento cultural: organização de cursos

específicos de acesso a todos;

b) Educação continuada: reciclagem profissional às diversas

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c) Ensino superior: englobando tanto a graduação como a pós-graduação.

A história da educação brasileira mostra que, até o final do século XX, a maioria das Instituições de Ensino Superior não tinha envolvimento com educação a distância. A primeira iniciativa de EaD, como vimos anteriormente, surgiu no país em 1904, com o ensino por correspondência: instituições privadas ofertando iniciação profissional em áreas técnicas, sem exigência de escolarização anterior. Esse modelo consagrou-se na metade do século, com a criação do Instituto Monitor (1939), do Instituto Universal Brasileiro (1941) e de outras organizações similares, responsáveis pelo atendimento de mais de três milhões de estudantes em cursos abertos de iniciação profissionalizante pela modalidade de ensino por correspondência.

Nas décadas de 1970 e 1980, fundações privadas e organizações não-governamentais iniciaram a oferta de cursos supletivos a distância, no modelo de teleducação, com aulas via satélite complementadas por kits de materiais impressos, demarcando a chegada da segunda geração de EaD no país. A maior parte das IES brasileiras mobiliou-se para a EaD, com o uso de novas tecnologias da comunicação e da informação, somente na década de 1990. Em 1994, teve início a expansão da Internet no ambiente universitário. Dois anos depois, surgiu a primeira legislação específica para educação a distância no ensino superior.

Do ponto de vista legal, teve-se, em 1996, a consolidação da última reforma educacional brasileira, instaurada pela Lei n° 9.394/96, que oficializou, na política nacional, a era normativa da educação a distância no país, como modalidade válida e equivalente para todos os níveis de ensino1.

Vimos então que a EaD não é algo novo no mundo, porém, no Brasil, foi regulamentada há pouco tempo e ainda está em fase de estruturação, com muitas questões a resolver. No entanto, várias políticas já foram implantadas e uma legislação cada vez mais consolidada se apresenta para direcionar e reger a oferta de cursos a distância. Vamos saber como em nossa próxima aula?

1 Parte do texto provém da Revista Nexus Ciência & Tecnologia UFSC, Florianópolis, n.7, ano IV, 2002. Material

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8. VAMOS PENSAR?

Elabore uma breve resenha, relacionando o desenvolvimento tecnológico com o desenvolvimento dos meios técnico-informacionais.

9 . PONTUANDO

Nesta aula, abordamos os seguintes assuntos:

 A relação entre educação e virtualidade.  Os modelos de educação a distância.

 A história da educação a distância no mundo e no Brasil.

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Referências

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