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O enriquecimento do espaço pedagógico com materiais naturais e reciclados: uma abordagem no jardim-de-infância e na creche

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Academic year: 2020

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Fátima Patrícia Ferreira Barbosa

O enriquecimento do espaço pedagógico

com materiais naturais e reciclados: uma

abordagem no jardim-de-infância e na creche

Outubro de 2014

UMinho | 2014

Fátima Patrícia Ferreira Barbosa

O enriquecimento do espaço pedagógico com materiais naturais e reciclados:uma abordagem no jardim-de-infância e na creche

Universidade do Minho

Instituto de Educação

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Fátima Patrícia Ferreira Barbosa

O enriquecimento do espaço pedagógico

com materiais naturais e reciclados: uma

abordagem no jardim-de-infância e na creche

Outubro de 2014

Relatório de Estágio

Mestrado em Educação Pré-Escolar

Trabalho Efetuado sob a orientação do

Professora Doutora Cristina Parente

Universidade do Minho

Instituto de Educação

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DECLARAÇÃO

Nome: Fátima Patrícia Ferreira Barbosa

Endereço electrónico:fpatricia_fp@hotmail.com Telefone:912931680

Número do Bilhete de Identidade: 13732752

Título do Relatório: O enriquecimento do espaço pedagógico com materiais

naturais e reciclados:uma abordagem no jardim-de-infância e na creche

Supervisora: Professora Doutora Cristina Parente

Ano de Conclusão: 2014

Designação do Mestrado: Mestrado em Educação Pré-Escolar

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTE RELATÓRIO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, __/__/___

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Agradecimentos

À Professora Cristina Parente, por ter estado sempre presente, por ter prestado todo o apoio e carinho e por ter sido uma excelente amiga, que ouviu e ajudou todas as suas orientandas nos momentos mais complicados do estágio. Por me ter sempre apoiado e motivado a continuar, valorizando tudo o que ia realizando, o que na verdade me deu imensa força para agir da melhor forma possível.

À professora Fátima Vieira, pelas palavras de apoio e pela preocupação que teve em todo o nosso percurso no Mestrado.

Aos restantes professores da licenciatura e do mestrado que me proporcionaram conhecimentos e me fizeram crescer enquanto futura profissional na área da educação.

Às crianças que da sua forma especial e com o seu sorriso me deram forças para continuar e fazer ainda melhor.

Aos meus pais e irmão por terem sempre acreditado que eu era capaz, e por me terem dado força e carinho para continuar o longo caminho.

Ao meu namorado por ter sido o meu braço direito em toda a minha permanência no estágio e por toda a ajuda na realização de materiais assim como no acompanhamento das noites trabalhosas e mal dormidas.

À melhor amiga que me escutou sempre com um sorriso e sempre disse as palavras certas no momento certo.

Aos meus amigos de sempre e da universidade que acompanharam todas as minhas ideias e prestaram apoio em todas elas, incentivando-me sempre com palavras motivadoras.

À minha grande companheira de estágio, pelas conversas e pela escuta ao longo de todo o percurso.

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Resumo

O presente relatório de estágio surgiu no âmbito da Prática de Ensino Supervisionado do Mestrado em Educação Pré-Escolar na Universidade do Minho. Durante sensivelmente quatro meses imergiu-se na prática pedagógica em contexto de jardim-de-infância e de creche. Este tempo de estágio repartiu-se em farepartiu-ses importantes e impulsionadoras da prática que mais tarde viria a ser desenvolvida. Na verdade foi depois de uma observação atenta e cuidada que se criaram condições para a ação. De facto, depois de serem conhecidas as questões, interesses e necessidades dos grupos, estavam reunidas as condições necessárias para o desenho e implementação do Projeto de Intervenção Pedagógica. É fundamental salientar-se a importância da reflexão no decurso do projeto desenvolvido. O Projeto de Intervenção Pedagógica que se apresenta tem como principal objetivo o enriquecimento do espaço e das respetivas áreas de interesse com materiais estimulantes e desafiadores para as crianças que os exploram. Este objetivo foi concretizado com a participação integral das crianças que agiram ativamente neste enriquecimento das áreas que compõem a sala de atividades. Tanto em creche como em jardim-de-infância o Projeto desenvolveu-se em torno do enriquecimento das áreas, preferencialmente com materiais reciclados, que apresentavam maior necessidade de intervenção e em ambas as valências foram as próprias crianças que construíram todos os materiais que mais tarde foram introduzidos nas diferentes áreas de interesse. A intervenção pedagógica que se apresenta teve em conta a abordagem da metodologia de investigação-ação, pois a partir da observação, ação e reflexão conseguiu-se desenvolver um Projeto adequado ao grupo, nomeadamente aos seus interesses e necessidades. Afinal a observação foi uma peça desencadeadora de toda a ação e esta por si só estimulou também uma reflexão profunda. Afinal um aprendiz só aprende se refletir sobre as suas ações. Todo o estágio serviu para o desenvolvimento de um Projeto de Intervenção Pedagógica que suscitou mudanças e melhorias, concedendo às crianças novas e mais desafiadoras oportunidades de exploração e aprendizagem nos contextos educativos em questão.

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Résumé

Le rapport de stage ici présenté est apparu en vertu de la Pratique de l’Enseignement Supervisée du Master en Éducation Préscolaire à

l'Universidade do Minho. Pendant près de quatre mois, il s’est produit une totale

immersion dans la pratique pédagogique dans le cadre de l'école maternelle, jardin d'enfants et garderie. Toute la durée du stage s'est divisée en plusieurs phases importantes et qui ont stimulées toutes pratiques ensuite développées. En vérité, seulement après une observation attentive et minutieuses ont étés créer toutes les conditions nécessaire pour l’action. En effet, après connaitre les questions, intérêts, et besoins des groupes, toutes les conditions nécessaires

pour la conception et la mise en œuvre du Projet d'Intervention Éducatif ont

étés réunies. Il est fondamental de souligner l'importance de la réflexion au cours du projet développé. Le projet d'intervention pédagogique qui se présente vise principalement à enrichir l'espace et les respectifs secteurs d'intérêt avec des challenges et des matériaux stimulants pour les enfants qui les découvrent. Cet objectif a été atteint avec la pleine participation des enfants qui ont contribués activement à l'enrichissement des secteurs qui composent la salle d'activités. À la maternelle comme à la garderie, le projet s'est développé autour de l'enrichissement des secteurs qui avaient le plus besoin d'intervention, de préférence avec des matériaux recyclés. Dans les deux cas, se sont les enfants eux-mêmes qui ont construit tout le matériel qui, plus tard, a été introduits dans

les différents secteurs d'intérêt de la salle d’activités. L'intervention

pédagogique qui se présente a pris en considération la démarche de la

méthodologie de la recherche-action, car à partir de l'observation, l’action, et la

réflexion, il a été possible de développer un projet approprié pour le groupe, y compris pour leurs intérêts et leurs besoins. Après tout la phase d'observation a été une partie qui a déclencher l'action et ce, par elle-même a stimulée une profonde réflexion. Après tout, un apprenti n'apprend que si il réfléchit sur ces

actions. Tout le stage a servi à développer un Projet d’Intervention pédagogique

qui a incité des changements et des améliorations, en donnant aux enfants de nouvelles opportunités intéressantes de découverte et d'apprentissage dans les contextes éducatifs en question. V

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Índice

Agradecimentos……….III Resumo………..IV Resumé………V Introdução………1

Capítulo 1- O espaço pedagógico e os Materiais……….4

1.1 Organização do espaço como um indicador de qualidade…………...4

1.2 O espaço pedagógico destinado às crianças em ação (entre os 0 e 3 e entre os 3 e 6 anos)……….4

1.3 Organização do espaço pedagógico para crianças na creche………7

1.4 Organização do espaço pedagógico para crianças no jardim-de-infância………12

1.5 O papel do educador na organização do espaço e dos materiais…16 1.6 Qualidades e requisitos dos materiais………17

1.7 Papel do educador na organização dos materiais………...18

Capítulo 2 – Jogo e Brinquedo………..19

2.1 Importância do Jogo e do Brinquedo na vida da criança………19

2.2 Papel do educador no apoio ao Jogo na educação infantil…………20

Capítulo 3 – Importância do contacto com o exterior e com os materiais naturais………..22

Capítulo 4 – Contexto de Intervenção e Investigação………23

4.1 Caraterização Global do Contexto………..23

4.2 Contexto de Jardim-de-Infância………..23

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4.2.1 Caraterização do Grupo de Crianças e Recursos

Humanos...23

4.2.2 Caraterização do espaço………..24

4.2.3 Caraterização da Rotina Diária………26

4.3 Contexto de Creche………..28

4.3.1 Caraterização do Grupo de Crianças e Recursos Humanos………...28

4.3.2 Caraterização do espaço………..29

4.3.3 Caraterização da Rotina Diária………32

Capítulo 5 – Projeto de Intervenção Pedagógica………33

5.1 Como Surgiu?...33

Capítulo 6 – Plano de Intervenção Pedagógica………..35

6.1 Projeto de Intervenção Pedagógica em Jardim-de-Infância………...35

6.1.1 Avaliação da Intervenção Pedagógica em Jardim-de-Infância……….………….42

6.2 Projeto de Intervenção Pedagógica em Creche………...48

6.2.1 Avaliação da Intervenção Pedagógica em Creche………...54

Capítulo 7 – Considerações Finais………57

Referências Bibliográficas………..64

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Índice de Figuras

Figura 1 – Contexto de Intervenção………..23

Figura 2 – Sala de Atividades de Jardim-de-Infância……….24

Figura 3 – Rotina Diária da Sala dos 3 anos………...27

Figura 4 – Sala de Atividades da Creche……….29

Figura 5 – Rotina Diária da Sala de 1 ano………...32

Figura 6 – Exploração do exterior……….36

Figura 7 – Materiais naturais………..37

Figura 8 – Conversa e exposição de imagens ao grupo………...37

Figura 9 – Decoração do Jogo da Reciclagem………...39

Figura 10 – Momento da utilização e partilha do Jogo da Reciclagem………...39

Figura 11 – Leitura da história: “Todos no Sofá” de Luísa Ducla Soares…...…39

Figura 12 – Decoração dos Fantoches……….40

Figura 13 e 14 – Exposição de brinquedos construídos com materiais reciclados………..41

Figura 15 – Consulta do álbum………..43

Figura 16 – Jogo do faz-de-conta na Área da Biblioteca………..43

Figura 17 – Espetáculo musical com Fantoches………45

Figura 18 à 21 – Exploração dos materiais naturais na Área da Expressão Plástica………..48

Figura 22 – Página do Livro – “Animais da Quinta” (galinha)………...50

Figura 23 – Página do Livro – “Animais da Quinta” (cão)……….50

Figura 24 – Capa do Livro – “Animais da Quinta”………..50

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Figura 25 – Cenário da história: “ A que sabe a Lua”………51

Figura 26 e 27 – Exploração do tapete de texturas………52

Figura 28 – Observação e exploração do aquário………..52

Figura 29 – Associação dos animais de plástico às imagens reais……….53

Figura 30 – Máscaras dos animais aquáticos……….53

Figura 31 – Observação de um cartaz……….54

Figura 32 – Exploração do livro: “Animais da Quinta”………55

Figura 33 – Exploração de uma maraca………..55

Figura 34 – Observação das máscaras no momento do lanche………..56

Figura 35 – “Condicionantes de la organización de los espacios” Zabalza (1996, pág.248)……….57

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Introdução

O presente relatório de estágio surgiu no âmbito da Prática de Ensino Supervisionado do Mestrado em Educação Pré-escolar na Universidade do Minho. A prática pedagógica realizou-se, durante quatro meses, em contexto de jardim-de-infância e em contexto de creche. A observação cuidadosa das crianças e do contexto e o diálogo com as educadoras tornou possível desenhar um Projeto de Intervenção Pedagógica para cada grupo de crianças.

Para a reunião de todas essas informações, foi necessário partir de uma observação atenta e pormenorizada, afinal segundo o Ministério da Educação “a intencionalidade do processo educativo que carateriza a intervenção profissional do educador passa por diferentes etapas interligadas que se vão sucedendo e aprofundando o que pressupõe: observar, planear, agir, avaliar, comunicar e articular” (1997, p:25-28). Posto isto, é importante que o educador observe para ter o conhecimento da criança, analise e reflita, tenha uma base para o planeamento e avaliação e assim seja também capaz de atender a diferenciação pedagógica. Assentando nesta ideia e num momento inicial, a observação foi bastante importante para a intervenção, e por isso do modo como iria desenvolver a minha prática.

Foi a partir do registo de observações, fotografias, conversas e situações que me despertaram interesse e curiosidade, que refleti e tirei algumas ilações, construi também diversas aprendizagens, quer relativamente às crianças e ao espaço mas também em relação à ação das educadoras. A observação tornou possível um conhecimento mais profundo sobre os mais variados aspetos relacionados com a criança e o espaço envolvente.

É nesta perspetiva que surge o Projeto de Intervenção Pedagógica, no

âmbito da intervenção sobre o espaço que “deve incluir objetos e materiais que

estimulem as capacidades de exploração e criatividade das crianças” (2007 p: 160).

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O Projeto teve na sua índole, como um dos principais objetivos o enriquecimento de algumas áreas de interesse estando sempre presente e sendo valorizada, a aprendizagem ativa. Pois Hohmann & Weikart argumentam que “num contexto de aprendizagem ativa as crianças necessitam de espaços que sejam planeados e equipados de forma a que essa aprendizagem seja efetuada.” (2007, p:161).

Com base em tudo o que foi referido anteriormente, expõe-se a estrutura do relatório de estágio iniciando-se com o primeiro capítulo sobre o espaço e onde se reflete sobre este como um indicador de qualidade. Debruça-se também sobre as caraterísticas do espaço pedagógico destinado às crianças em ação nas diferentes faixas etárias (entre os 0 e 3 anos e os 3 e 6 anos de idade), abordando igualmente a forma como deve estar organizado em ambas as valências e o papel que o educador deve desempenhar nessa mesma organização. Outro dos temas abordado neste capítulo, e que se relaciona inteiramente com os tópicos assinalados anteriormente, refere-se aos materiais pedagógicos, nomeadamente, as qualidades e requisitos de devem abarcar assim como o papel do educador na organização dos mesmos.

No segundo capítulo reflete-se sobre a importância que a representação criativa, o jogo e o brinquedo têm para a criança e por conseguinte o papel que o educador deve desempenhar para o apoio dos mesmos.

É feita uma breve alusão da importância que o contato com o exterior e os elementos naturais têm para a criança no terceiro capítulo.

E assim depois de terminada esta primeira parte do relatório que será mais teórica é tempo de expôr o contexto onde toda a ação se desenrola, apresentada no quarto capítulo. É neste, que é caraterizado o Contexto de Intervenção, em que tanto em creche como em jardim-de-infância, debruça-se sobre tópicos como: a caraterização do grupo de crianças, dos recursos humanos, do espaço e da rotina diária.

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No quinto capítulo retrata-se a forma como o Projeto de Investigação Pedagógica surgiu e no seguinte (sexto capítulo) descreve-se o Projeto de Intervenção Pedagógica realizado em creche e jardim-de-infância. Neste capítulo descreve-se a intervenção e a avaliação da mesma. Com o suporte de fotografias, dar-se-á a conhecer algumas estratégias utilizadas para a realização do Projeto.

Como forma de conclusão de todo o relatório, no sétimo capítulo serão apresentadas as considerações finais onde estará incluída uma reflexão pessoal sobre a intervenção pedagógica em ambas as valências. Serão também detalhadas algumas das diversas aprendizagens construídas nos dois contextos relativamente a vários factores como: o espaço, os materiais, o papel do educador, o modelo pedagógico e algumas concepções prévias que tinha construídas e que mudaram com o realizar de todo o projeto interventivo.

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Capítulo 1. O Espaço Pedagógico e os Materiais

1.1. Organização do espaço como um indicador de qualidade

Antes de delinear e explicitar como estão organizados os espaços destinados a crianças na faixa etária dos 0 aos 3 anos e dos 3 aos 6 anos é essencial salientar que faz parte dos indicadores de qualidade da educação infantil, a organização dos espaços pedagógicos (Zabalza, 1996). Esta organização espacial traz bastantes benefícios para a criança, pois como refere

Zabalza “A necessidade do aluno viver num ambiente favorável para o seu

crescimento, incluí também, e de uma maneira preferível, um marco para o seu desenvolvimento. O estado de espírito, o interesse e a motivação são influenciados pelo envolvimento na escola. Criar um clima e um ambiente estético e de convivência que favoreça os aprendizes chega a ser uma necessidade de aprendizagem e por sua vez um objetivo de ensino (Zabalza,1995 citado por Martin, 2005, p:187). Assim este indicador de qualidade torna-se importante para o desenvolvimento da criança, sendo necessário ter em conta, alguns critérios que devem ser seguidos para a criação de um espaço de qualidade. Pensar no espaço tendo sempre em mente as crianças e as condições do ambiente físico como: a luz, a visibilidade, a comunicação/ligação para o exterior, a temperatura, os odores e os ruídos são alguns dos critérios a seguir. A flexibilidade, a segurança, a acessibilidade e um espaço que evoque o prazer sensorial são outros dos critérios básicos de qualidade (Martin 2005).

1.2. O Espaço pedagógico destinado às crianças em ação:

Um dos objetivos fundamentais do currículo High Scope é o de criar oportunidades para que as crianças possam encontrar respostas para os seus interesses num contexto de aprendizagem ativa. Segundo Brickman & Taylor a

aprendizagem ativa “é uma abordagem para a infância que permite às crianças

o pleno uso das competências que estão a despertar. Além disso os professores podem aprender mais sobre cada uma das crianças em situações de aprendizagem ativa; em atividades totalmente dirigidas pelos professores, tudo o que os adultos podem descobrir é a competência das crianças

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para seguirem instruções” (1991, p:12). Nesta linha de ideias, penso que será fundamental que a prática do educador assente na aprendizagem ativa, pois quando é levada a cabo, tem aliados a si alguns benefícios. Se o educador for sensível aos interesses das crianças irá conseguir suscitar nelas, um maior empenhamento e prazer na realização das diferentes atividades e assim a criança em ação, poderá ganhar confiança e capacidade de tomar decisões e resolver problemas (Brickman & Taylor, 1991). Uma das formas que os adultos, no programa High Scope, têm de orientar e apoiar as crianças passa, como já tinha referido anteriormente, pela atenção aos seus interesses mas também pelo planeamento cuidado do ambiente educativo. Portanto como refere

Rogers citado por Brickman & Taylor “uma das responsabilidades mais

importantes dos adultos que ensinam as crianças é criar e manter um ambiente físico que encoraje as brincadeiras ativas” (1991, p:151).De seguida, debruçar-me-ei pormenorizadamente sobre o ambiente para a aprendizagem ativa entre os 0 e 3 anos e entre os 3 e 6 anos:

 Entre os 0 e 3 anos:

Para que seja construído um ambiente de aprendizagem ativa para bebés e crianças até aos três anos é necessário ter em conta as suas necessidades, que nesta faixa etária que segundo Post & Hohmann (2011), passam por: necessidades sociais e emocionais de segurança, cuidados relativos à higiene, nutrição, descanso, movimento e proteção e necessidades cognitivas e de comunicação.

No entanto para que tudo isto seja possível é necessário que os educadores organizem o espaço, estabeleçam horários e rotinas, observem as crianças e planifiquem de acordo com os conhecimentos que têm sobre elas mas também de acordo com os seus interesses e necessidades.

Para além do importante papel do educador na promoção da aprendizagem ativa, as crianças até aos três anos, aprendem aquilo que querem, com todo o

seucorpo e sentidos, num contexto de confiança, comunicando aquilo que

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sabem. (2011).

Assim de acordo com Post & Hohmann (2011), os bebés agem e aprendem sobre o mundo através de ações como: mexer, pontapear, agarrar, empurrar, e também pelo seu próprio desejo e motivação de exploração. Nessa mesma exploração utilizam todo o seu corpo: mãos, pés, boca, olhos, etc. e muitas das vezes comunicam como sabem, quer gestualmente ou verbalmente. E isto tudo só se torna possível num contexto de confiança, onde as crianças se sintam seguras.

 Entre os 3 e 6 anos:

Segundo Hohmann & Weikart (2007) o planeamento e equipamento dos espaços são fundamentais para que se desenvolva a aprendizagem ativa da criança. Para que esta aprendizagem seja efetivamente realizada é necessário que nestes espaços sejam incluídos objetos e materiais que estimulem as capacidades de exploração e criatividade das crianças. (p:160-161).

Os objetos e materiais mas também a manipulação, decisões, linguagem

da criança e apoio dos adultos são para Hohmann & Weikart os “ingredientes

da aprendizagem ativa”. (2007, p:162). Para Carneiro, Leite & Malpique “o espaço é, portanto, e fundamentalmente relação. E a relação é ação. Aprender é agir” (1983, p:190). Neste sentido, o espaço pedagógico é então muito mais que o mobiliário e materiais que o envolve, pois é nele que surgem diversas aprendizagens não só relativamente aos objetos mas também às interações com outras crianças e adultos, rotinas, decisões, etc.

De uma forma simples e concreta e refletindo um pouco sobre esses “ingredientes da aprendizagem ativa”, o que se pretende para um espaço-sala que favoreça a aprendizagem ativa, é a presença de uma grande variedade de objetos e materiais que estejam devidamente organizados para que haja a possibilidade por parte das crianças da sua manipulação. É igualmente importante que a sala esteja dividida por diferentes áreas de interesse para que as crianças possam escolher e tomar decisões no próprio espaço de ensino-

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aprendizagem e por isso possam ser motivadas a expressar as suas ideias e sentimentos. O apoio dos adultos terá de ser permanente, tendo estes o importante papel de observar, apoiar e desafiar as crianças nas suas brincadeiras (2007, p:162).

1.3. Organização do espaço pedagógico para as crianças na creche

Para as crianças dos zero aos três anos de idade, o espaço pedagógico deve ser pensado e organizado para que lhes sejam proporcionados conforto, segurança, entre outros aspetos importantes. Para tal é igualmente importante

que as crianças possam ter a oportunidadede seguir os seus interesses. Assim

se houver uma correta organização e planificação do espaço estarão reunidas fortes condições de desenvolvimento ao nível físico, cognitivo, social e ao nível da comunicação das crianças. Para o apoio e promoção da aprendizagem ativa da criança e também para a organização dos espaços da sala de aprendizagem existem três grandes critérios que o currículo High Scope (Post & Hohmann, 2011) segue e evidencia.

A criação de ordem e flexibilidade no ambiente físico é um dos critérios a seguir para a organização do espaço no contexto de creche e constitui uma forma de dar resposta aos interesses da criança que por muitas razões podem divergir. Neste critério assenta a necessidade da existência de áreas distintas de cuidados e brincadeira. Por assim dizer, deve fazer parte da sala de atividades o fraldário onde são prestados os cuidados de higiene, o dormitório onde as crianças podem descansar depois de uma manhã agitada e ainda uma zona para a preparação e realização das refeições. As áreas de brincar devem

ser amplas e conter por isso um espaço central vazio para que as crianças se

movimentem e brinquem livremente, afinal se for proporcionado um espaço amplo e agradável para a criança desenvolver a sua brincadeira, esta terá a oportunidade de se desenvolver a vários níveis: quer da linguagem, das interações com os outros e por isso ao nível social, e também terá a oportunidade de se desenvolver cognitivamente, pois terá ao seu dispôr um

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espaço com as condições necessárias para desenvolver e explorar os variados jogos que compõem a sala de atividades. Para além disso, a criança através da

brincadeira “restabelece o seu controle interior, sua auto-estima e desenvolve

relações de confiança consigo mesma e com os outros” (Garbarino 1992 citado por Bomtempo 2001 p:69) No que se refere ao mobiliário que deve compor uma sala de atividades para bebés e crianças mais pequenas, todo ele deve ser da maior segurança possível, sendo composto por esquinas arredondadas e estando sempre que possível fixo ao chão.

O acesso fácil ao exterior é imprescindível visto que os bebés e crianças mais pequenas precisam todos os dias de brincar no exterior, porque é nele

que pode existir: uma vasta gama de superfícies (relva, areia, madeira), um

variado número de brinquedos (utensílios de escavação, carros, etc), uma grande diversidade de superfícies e texturas (pedras, relva, areia, plantas), e ainda a luz natural que propicia às crianças infinitas oportunidades de exploração sensório-motoras (Post & Hohmann, 2011).

Para proporcionar conforto e segurança a crianças e adultos é importante que o mobiliário se apresente à medida das crianças, pois segundo

Post & Hohmann “dá-lhes um sentido de pertença e de controlo” (2011, p:109).

No entanto é igualmente necessária a presença de mobiliário à escala do

adulto pois segundo os autores citados anteriormente “proporcionam um local

confortável para as crianças e adultos!” (2007, p:110). Quanto às paredes, tetos e chãos estes devem-se apesentar sempre limpos, com boa temperatura e confortáveis. Para esse conforto é necessária a existência de superfícies/objetos semelhantes a alcatifas, tapetes, almofadas e mantas pois

segundo Post & Hohmann “um tapete, uma manta e uma

almofada…proporcionam suavidade ao espaço” (2007, p:108). O espaço poderá ainda incluir elementos familiares das crianças, pois é uma forma de

ajudar “as crianças a lidar mais calmamente com os altos e baixos da vida

quotidiana longe de casa” (2011, p:112).

A última linha orientadora para a organização do espaço pedagógico na creche assenta no apoio à abordagem sensório-motora das crianças

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à aprendizagem. Nestas idades as crianças aprendem muito através da exploração sensorial dos diferentes objetos que as rodeiam, explorando-os visualmente, tocando-lhes, levando-os à boca, cheirando-os, etc. E por tal razão é importante que o adulto crie um ambiente dinâmico com as pessoas, materiais e objetos desafiantes e estimuladores para as crianças mais pequenas. Assim, para apelar aos sentidos das crianças é importante que na sala de atividades exista uma grande variedade de materiais naturais, versáteis e de diferentes texturas. Este tipo de materiais podem ser utilizados pelas crianças de diferentes maneiras tendo assim a possibilidade de os manipular de forma adequada ao nível de desenvolvimento individual em que se encontra (Post & Hohmann, 2011).

No que diz respeito às áreas específicas que compõem a sala de atividades de creche podemos constatar a existência de: área de refeições e preparação dos alimentos, área de dormir, área de higiene, espaços interiores- destinados às brincadeiras das crianças e espaços exteriores. Debruçando-me pormenorizadamente sobre as distintas áreas de brincadeira propõe-se a existência da: área do movimento, a área de areia e de água, a área dos livros, a área das artes, a área dos blocos, a casinha e a área dos brinquedos (Post & Hohmann, 2011).

Post & Hohmann defendem, também, algumas ideias de como deverá estar organizado o espaço e os diversos materiais na creche. Segundo os autores referidos, a área do movimento deve traduzir-se num espaço amplo de fácil movimentação, onde as crianças possam fazer grandes movimentos sem se sentirem confinados ao espaço. Como a todo o tempo há bastante movimento, esta área deverá ser inteiramente ampla e aberta para o resto do espaço. Assim as crianças terão a oportunidade de correr e andar. A introdução, neste espaço, de objetos e plataformas que lhes concedam a liberdade de trepar, rebolar, gatinhar, saltar, escorregar, empurrar e puxar terão impacto nas crianças e no seu desenvolvimento. Relativamente à área de areia e água esta propicia diversas explorações significativas às crianças porque através destes materiais poderão desenvolver inúmeras atividades como:

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encher, esvaziar, molhar, chapinhar, etc. No que diz respeito à área dos livros esta deverá encontrar-se num lugar acolhedor, porque é neste local que as crianças poderão apreciar os livros e “contar histórias”. Para que isso seja possível, é importante e aconselhado que esta área não seja fortemente delimitada, concedendo a liberdade às crianças de se movimentarem e incluírem outros objetos nele, por exemplo: a inclusão de uma boneca neste espaço para que as crianças lhes possam ler uma história. Quanto aos livros propriamente ditos, estes deverão ser de uma grande diversidade em tamanhos, cores e texturas para apelar à sua exploração. Além dos livros convencionais, poderão ser introduzidos outros formatos para suscitar a surpresa entre o grupo e também será aconselhado que sejam introduzidas, neste espaço, imagens e fotografias das crianças, da família, animais, flores, locais, para que possam observar atentamente toda a realidade do mundo que os rodeia. Para se tornar num ambiente calmo e aconchegante é importante que este espaço contenha superfícies macias, como: colchões e almofadas e que também se situe longe das áreas que invocam maior movimento e agitação. A área das artes é um local que prima pela exploração e experimentação de materiais da expressão artística. A experimentação destes materiais é feita através de movimentos que deixam marca, como: espalhar a tinta com as mãos, experimentar o barro e a plasticina, etc. E é através destas experiências sensório-motoras que as crianças começam a compreender as propriedades dos materiais artísticos. Quanto à sua localização, esta deverá estar perto de janelas que lhes conceda claridade e também de um ponto de água, para a fácil limpeza dos diversos materiais artísticos. O papel, a plasticina, o barro e os materiais de pintura e desenho são os materiais que devem estar sempre incluídos na área das artes. A área dos blocos é um espaço onde as crianças podem começar a construir um entendimento das relações espaciais através da exploração de blocos e formas básicas. Como

Post & Hohmann referem “a brincadeira com os blocos oferece às crianças

uma experiência satisfatória que envolve todo o seu corpo” (2011, p:156). Este espaço, por evocar muita atividade e movimento, deverá ficar situado longe da

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área dos livros e num local alargado onde haja espaço para a exploração dos blocos. Os blocos devem ser grandes, leves e de fácil manipulação. Podendo ser compostos: por plástico, espuma, madeira e devendo estes estar arrumados em estantes baixas e por isso de fácil acesso às crianças. Para além dos blocos, nesta área estão ainda incluídos animais, carrinhos e pequenos bonecos de plástico. Já relativamente à área da casinha, nela são incluídos todo o tipo de materiais que invoquem a vida familiar como: peças de vestuário, utensílios de cozinha, etc.Com estes objetos as crianças envolvem-se inteiramente no jogo do faz-de-conta, levando a cabo ações como: encher, esvaziar e imitar. Como neste espaço há bastante imitação da vida quotidiana, é importante que esta área se encontre perto da zona de preparação dos alimentos, e para que seja incentivado e promovido este jogo do faz-de-conta é importante que nesta área estejam contidos materiais como: electrodomésticos e mobílias próprias da vida quotidiana. Os utensílios de cozinha, as bonecas, uma cama, um carrinho de bebés e alguns adereços (máscaras, chapéus, bolsas) também devem fazer parte desta área que se caracteriza por ser um lugar de simbolismo, representação e imaginário. Para finalizar as áreas interiores, temos então a área dos jogos que é o lugar onde as crianças podem manipular, explorar e brincar com diversos objetos. Objetos esses que podem ser de: encaixar, separar, juntar, enfiar, ligar/desligar e abrir/fechar. Este espaço, por se caracterizar por um jogo mais calmo, pode-se situar perto da área dos livros.

Para além dos espaços interiores já falados, existem outros igualmente importantes para as crianças, os espaços exteriores. É nele que as crianças evocam as diversas sensações e estímulos que podem vivenciar, nomeadamente com os elementos e animais que envolvem este meio. Todo ele é rico em texturas, cheiros cores e oportunidades de movimento, alargando

assim “o reportório das experiências sensório motoras das crianças (Post &

Hohmann,2011). O recreio deverá estar diretamente acessível e quando isso não acontecer os bebés poderão ser transportados com o apoio de cadeiras ou carros. Os materiais que podem estar presentes durante o contacto da criança com o exterior são: materiais para o movimento (banco-baloiço, troncos),

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superfícies para gatinhar (relva, areia e folhas), objetos para trepar e materiais de exterior (escorregas, árvores, arbustos, hortas), materiais para brincar com areia e com água (pás, colheres, baldes), espaços para arrumação e casas-de-banho (com sanitas e lavatórios apropriados á altura das crianças).

1.4. Organização do espaço pedagógico para crianças no jardim-de-infância

Tal como na valência de creche, também na de jardim-de-infância existem linhas orientadoras de ação para a organização do espaço pedagógico (Post & Hohmann, 2011). De uma forma geral, o espaço deverá ser atraente, dividido pelas diversas áreas de interesse, bem organizado, deverá ainda conter objetos variados que reflitam as vivências familiares das crianças e que estejam devidamente arrumados de forma simples para que a criança possa também participar no ciclo de “encontra-brinca-arruma” (Post & Hohmann, 2011). Abordando todas estas linhas orientadoras pode-se afirmar que o educador tem um importante papel na organização do espaço pedagógico, pois terá que atuar a vários níveis, demonstrando sempre curiosidade, interesse e motivação para proporcionar às crianças um espaço agradável e estimulante. Este deverá ser atraente, e para que isso seja possível é necessário que a sala de atividades contenha cores e texturas agradáveis, sítios tranquilos, mobiliário e objetos que suscitem suavidade, segurança e naturalidade. Neste espaço deverá reinar a tranquilidade e o conforto para que as crianças se sintam bem e em segurança. Relativamente às áreas de interesse, estas deverão estar bem distintas de modo a ser apoiado todo o tipo de brincadeiras. Fazem parte destas áreas: a área de areia e água, a área dos blocos, a área da casa, a área das atividades artísticas, a área dos brinquedos, a área da carpintaria, a área do movimento e da música, a área dos livros e da escrita e a área dos computadores.

A área da areia e da água tem muita importância para as crianças porque lá elas levam a cabo múltiplas atividades estimulantes como: encher, esvaziar, moldar, escavar, alisar e além de todas estas ações podem ainda brincar ao faz-de-conta. Mas para que todas estas atividades possam ser

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desenvolvidas, nesta área, deverão estar incluídos alguns materiais como: baldes, caixas, ferramentas, que lhes permitam assim dar asas às suas brincadeiras. A área dos blocos é conhecida pelo seu sucesso e popularidade onde as crianças sentem prazer em explorar os diversos materiais que envolvem este espaço, podendo assim: amontoar, encaixar, empilhar, despejar e arrumar blocos e outros materiais como animais de plástico, carrinhos, pessoas, fotografias de referência e materiais naturais. Ao conjugarem todos estes materiais, em grande parte das vezes, dão origem a brincadeiras prazerosas de simulação/faz-de-conta. Essas brincadeiras, por vezes, são bastante vigorosas e por isso necessitam de um espaço amplo e calmo longe de locais de passagem. Como muitas das vezes as brincadeiras de faz-de-conta estendem-se para a área da casa, é importante que estes dois espaços se situem próximos um do outro. Na área da casa as crianças têm a oportunidade de imitarem atividades de cozinha e outras situações relativas às suas vivências familiares. Esta é uma das áreas onde reina a brincadeira do faz-de-conta e em que muitas das vezes esses momentos de exploração se estendem para a área dos blocos, daí a importância de se situarem perto uma da outra. Relativamente aos materiais que esta área deve incluir, estes passam por todo o tipo de materiais para a brincadeira do faz-de-conta e instrumentos de cozinha como: equipamentos para cozinhar e comer, recipientes para cozinhar, utensílios de culinária, instrumentos de padaria, pratos, toalhas, esponjas, objetos para cozinhar e servir, recipientes de alimentos, materiais de faz-de-conta e representação, materiais de casa, instrumentos de cozinhar verdadeiros e fotografias e livros de receitas (Hohmann & Weikart 2011). A área das atividades artísticas é um lugar de exploração e descoberta de materiais onde levam a cabo ações como: misturar, enrolar, cortar, virar, dobrar, alisar, furar, marcar, juntar, separar, combinar e transformar e a partir delas podem realizar as suas próprias criações. Para que haja um bom funcionamento deste espaço é necessário que além dos diversos materiais artísticos (papel, materiais: de pintura, colagem, impressão, modelagem, moldagem e desenho e corte) estejam presentes também: água, várias superfícies de trabalho assim como espaço de secagem e exposição dos

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mesmos e ainda uma boa luminosidade da área. Para a dinamização e sucesso desta área é importante que as crianças sejam envolvidas em atividades diferentes das que realizam habitualmente, porque uma simples pintura em papel de cenário, a decoração de grandes cartões/caixas ou ainda a realização de atividades artísticas no exterior, são exemplos de tarefas que estimulam e envolvem ativamente as crianças. A área dos brinquedos, como

sugere Hohmann & Weikart, “é um local onde as crianças brincam com jogos

simples, puzzles e conjuntos de materiais lúdicos que podem ser manipulados e usados de diversas maneiras” (2011, p:199). Nesta área podem encaixar, montar e desmontar, encher e esvaziar e ainda utilizar os materiais para o jogo do faz-de-conta. Para as atividades realizadas nesta área é necessário que esta seja ampla e esteja separada dos espaços onde se realizam brincadeiras vigorosas como a área da casa e dos blocos. Para que seja proporcionado o devido conforto à criança é conveniente que este espaço reúna algumas condições como: a existência de prateleiras baixas e por isso de fácil acesso, cadeiras e uma mesa. Já relativamente aos materiais, estes de uma forma geral são de tamanhos pequenos mas de grande variedade como: materiais de construção, de brincar ao faz-de-conta, jogos e de montar e desmontar (Hohmann & Weikart, 2011). A área da leitura e da escrita proporciona às crianças um primeiro contacto com o código escrito. Assim os livros, as revistas, os jornais entre outros, são observados e explorados à maneira de cada uma. Este espaço deverá estar situado numa zona calma e relaxante onde possa assim reinar a tranquilidade. Para que aconteça, será importante que esta área se situe longe das outras mais ativas e perto da área das atividades artísticas, pois assim será mais fácil para as crianças recorrerem aos materiais de escrita. Na área da carpintaria as crianças podem contactar com ferramentas, madeira, materiais de construção e materiais de junção e assim podem fazer as suas próprias criações ou tirar apenas prazer de exercer a sua força, martelando e serrando. Relativamente à área da música e do movimento, nesta as crianças podem: cantar, tocar, dançar e ouvir variadas músicas. De facto, a educação musical deve acompanhar a criança em todo o seu processo de crescimento, desde a creche até aos níveis de educação superior

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adaptando-se, em cada momento às suas capacidades e interesses. Como

refere Perry “a música está entre as primeiras experiências sociais da criança”

e está presente na vida delas em variados momentos como “experiências em família, contacto com a rádio e a televisão, a participação em serviços religiosos, as disciplinas de música do currículo escolar, e o jogo e atividades recreativas organizadas (2002, p:461). Esta área é importante, porque nela as crianças podem criar música através da experimentação de vários instrumentos. Devido ao carater ativo e sonoro que ela possui, é fundamental que esta esteja localizada perto de outras áreas mais barulhentas como: a da casa, dos blocos e da carpintaria. Instrumentos de percussão, de sopro simples, de gravação e de dança são tipos de materiais que devem estar incluídos na área da música e movimento. A área dos computadores deve ser ampla de modo a integrar um a três computadores onde as crianças possam participar em jogos de adequação, comparação, contagem e memória, elaborar padrões, fazer experiências com letras e escrever as suas próprias histórias (Hohmann & Weikart, 2011). Esta área deverá estar localizada fora de um local de passagem e perto da área das atividades artísticas. Para além dos

computadores existem outros materiais que esta área pode albergar como:cd’s,

impressoras, máquinas de escrever, etc.

Tal como todas as áreas interiores também a área exterior tem importância para a criança e o seu desenvolvimento. Como refere Hohmann & Weikart “ o recreio é uma área maravilhosa…” onde as crianças podem “correr, andar em brinquedos com rodas, empurrar e puxar carrinhos de mão, atirar bolas, descer montes a rolar, cavar, andar de baloiço, subir escorregas e fazer todas as outras coisas que os adultos avisam para não fazer quando estão dentro de casa” (2011, p:212). Esta área deverá ser separada por duas áreas distintas: a área para brincadeiras intensas e a área de brincadeira focalizadas. Quanto aos materiais que devem incluir este espaço exterior estes serão diversos: estruturas fixas (baloiços, escorregas, estruturas de equilíbrio e

lugares altos), brinquedos com rodas (como por exemplo – carrinhos de mão,

triciclos, etc) e materiais soltos (equipamentos para: saltar, atirar, pontapear e

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atingir, de construção, para brincar com a areia e água, de jardinagem, para brincar ao faz-de-conta, para atividades artísticas e instrumentos musicais. (Hohmann & Weikart, 2011).

1.5. O papel do educador na organização do espaço e dos materiais

A organização do ambiente educativo é importante nos contextos de creche e jardim-de- infância porque ele influencia as crianças e também é por

elas influenciado. Segundo o Ministério da Educação “os espaços de educação

pré-escolar podem ser diversos, mas o tipo de equipamento, os materiais existentes e a forma como estão dispostos condicionam, em grande medida, o que as crianças podem fazer e aprender” (1997, p:37). Já para Yawkey, Melizzi

& Jones “a primeira coisa a ter em consideração no espaço, não é quantidade

mas sim a delineação e flexibilidade do espaço disponível” (2002, p:692) Nesta linha de ideias, o educador tem o importante papel de planear e organizar o ambiente educativo de acordo com as necessidades e evolução do grupo e devendo ainda ter em conta os diferentes critérios de qualidade. Pois para

Dempsey & Frost “uma melhor organização dos espaços leva a

comportamentos desejáveis em contextos de educação de infância” (2002, p:692).

Além do espaço interior, o exterior não deverá ser esquecido pelo educador que terá também a importante tarefa de planear e proporcionar momentos educativos nesse mesmo espaço (Ministério da Educação, 1997). Partindo destas ideias, o educador deverá ser atento e interventivo relativamente a tudo o que acontece no espaço de ensino-apendizagem. Assim será importante que este aprecie e tome notas acerca do seu ambiente educativo, sempre que seja necessário. A partir da documentação que faz, poderá refletir e cruzar as anotações com algumas indicações teóricas e só assim poderá intervir com maior conhecimento e segurança.

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Depois de todo o planeamento, será tempo de agir e perceber o efeito que as mudanças tiveram nas crianças. Para tal será importante, como refere

Post & Hohmann “começar com simplicidade…e identificar apenas uma ou

duas coisas que se querem alterar ou mudar…” (2011, p:169). A junção de novos materiais ou a reorganização de alguns já existentes é outra das tarefas que o educador pode levar a cabo para a organização do espaço. Esta deverá ser desempenhada com calma e de forma gradual, visto que as crianças já estão habituadas aos equipamentos antigos e que por isso lhes confiam um ambiente previsível. Para além disso, o educador também deverá ter em conta que os materiais/brinquedos não terão, obrigatoriamente, de ter um lugar

marcado para ser utilizado, pois segundo Post & Hohmann “quando os

materiais estão consistentemente acessíveis às crianças diariamente, as crianças do grupo infantil aprendem depressa que, por exemplo, os materiais que sujam como a tinta têm que ficar em área pré-determinada onde a limpeza é fácil, ao passo que os materiais como os blocos, os livros ou os bonecos bebés podem ser levados para onde lhes apetece brincar” (2011, p:170). Depois com o ciclo: escolher-brincar-arrumar os materiais que saíram do lugar predestinado poderão voltar ao mesmo.

Como refere Post & Hohmann “proporcionar uma área e materiais

adequados para todas as crianças que utilizam o espaço para brincar” (2011, p: 170) também faz parte do importante papel do educador na perspetiva da organização do ambiente educativo. Este deverá ser pensado e planeado de acordo com aspetos como: os interesses, necessidades, características, feitios e motivações do grupo em geral e particular. A arrumação do espaço também é preciso ter em conta, porque não deve ser criado ruído visual, aquando o contacto da criança com o ambiente físico, e por isso é tão importante a arrumação e acessibilidade aos diferentes materiais e áreas.

1.6. Qualidades e requisitos dos materiais

Para além dos espaços, também os materiais deverão ser organizados e responder a uma série de requisitos. Só assim poderão ser considerados de qualidade e ser introduzidos no espaço de ensino-aprendizagem.

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A higiene e segurança dos materiais é um dos primeiros requisitos que o educador deverá ter em conta, pois fatores como: o peso, a forma e o tamanho dos objetos poderão causar danos nas crianças. As qualidades estéticas e sensoriais fazem parte de outro dos requisitos pensados para os materiais, pois a cor, a qualidade e a forma jogam a favor da beleza do objeto e portanto torna-o mais apelativo para quem o manipula. Os materiais naturais também deverão fazer parte das escolhas dos adultos para a introdução nas áreas, pois

segundo Martin, estes “interessam muito às crianças porque evocam odores,

sabores, sons, texturas, cores, pesos… muitíssimo mais variados…e são dadas aos meninos e meninas muitas mais oportunidades de explorar qualidades e desenvolver os sentidos” (2005, p:204). O educador poderá também construir e introduzir na sala de atividades, alguns objetos compostos por materiais reutilizados (Martin, 2005).

1.7. Papel do educador na organização dos materiais

O educador tem o importante papel de escolher os materiais que acha que devem fazer parte do espaço de ensino-aprendizagem e é ele que deve decidir quem, como e quando utiliza os mesmos, de acordo com as planificações que elabora diariamente. É importante que o educador tenha em conta que estes têm de estar organizados e devidamente etiquetados para que as crianças tenham fácil acesso aos mesmos. No entanto, relativamente à acessibilidade das crianças aos materiais, só deverão estar ao seu alcance aqueles que estas poderem usar sozinhas e em segurança, não evidenciando por isso algum perigo (Freeman & Brunson, 1991). Quanto à quantidade, estes não deverão estar concentrados em excesso no espaço de aprendizagem, para não causar confusão e desarrumação e deverão ser renovados constantemente, pois estes têm que se adequar às necessidades e novos interesses que suscitam nas crianças (Martin, 2005).

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Capítulo 2

– Jogo e Brinquedo

2.1. Importância do jogo e do brinquedo na vida da criança

Nos contextos de jardim-de-infância e creche, assistimos na maior parte

das vezes, à realização de brincadeiras que recriam e simbolizam a vida e por isso o quotidiano das pessoas. É através de brincadeiras de faz-de-conta que,

para Hohmann & Weikart, “as crianças mais novas expressam uma

compreensão do seu mundo” (2007, p:474). Assim os adultos têm o importante

papel de apoiar e encorajar as crianças a “experimentar os materiais de arte e

a brincar ao faz-de-conta para criar os seus próprios símbolos e textos narrativos. Estes apoiam a jocosidade das crianças e as necessidades em manter o controlo sobre as suas criações” (2007, p:480).

Para Kishimoto “há uma forte presença da situação imaginária” no

faz-de-conta (2001, p:13), e por isso é também considerado como um jogo. A presença do jogo em geral e também da representação criativa na educação

infantil é fundamental, pois na visão de Bomtempo “a simulação ou

faz-de-conta” promove o desenvolvimento cognitivo e afetivo-social da criança (2001, p:58).

Outro recurso que promove esse desenvolvimento é o próprio jogo/brinquedo educativo que está inteiramente presente na educação infantil.

Este, para Kishimoto “ensina, desenvolve e educa de forma prazerosa” (2001,

p:36) materializando-se por exemplo em “brinquedos de encaixe…brincadeiras

que envolvam música, danças, expressão motora, gráfica e simbólica” (2001, p:36).

Perante todas estas vantagens que o jogo/brinquedo traz para o desenvolvimento infantil saliento a riqueza e importância que este tem para a

criança e como refere Kishimoto o jogo “contempla várias formas de

representação da criança ou suas múltiplas inteligências” (2001, p:36).

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A utilização do jogo na educação infantil “potencializa a exploração e a construção do conhecimento, por contar com a motivação interna, típica do lúdico, mas o trabalho pedagógico requer a oferta de estímulos externos e a influência de parceiros bem como a sistematização de conceitos em outras situações que não jogos” (2001, p:37-38).

2.2. Papel do educador no apoio ao jogo na educação infantil

Para apoiar a representação criativa, é importante que o educador seja atento e desafiador e como Hohmann & Weikart referem este, deve fornecer materiais com aspetos sensoriais diversos como: partes de coisas (folhas, paus, sementes, etc), coberturas e coisas para esconder, objetos com texturas diferentes (cascas de árvore, pedras, bolas de algodão, lã, etc), coisas aromáticas (flores, animais, alimentos, etc), objetos que façam barulho, etc. (2007, p:483).

A realização de desenhos com fricção é outra das tarefas que podem apoiar a representação criativa pois fazerem impressões, desenhos ou pinturas que usem o atrito ou a fricção são formas de incentivar a exploração sensorial utilizando os próprios objetos (2001, p:484). Nesta perspetiva o educador pode promover oportunidades de trabalho ricas e significativas para a criança proporcionando oportunidades de realização de marcas/carimbagens com os vários materiais que rodeiam a criança e que estão por isso presentes no seu dia-a-dia.

A criação de oportunidades para a imitação na rotina diária é outra das formas de apoiar e incentivar a representação criativa. Pois à medida que o adulto vai desafiando as crianças a brincar ao faz-de-conta, estas desenvolverão mais a sua criatividade, raciocínio e compreensão do mundo à sua volta. Como Hohmann & Weikart defendem, nos tempos de pequeno e grande grupo, existem várias oportunidades de incentivar o faz-de-conta, pois por exemplo: quando o adulto lê uma história pode incentivar o grupo a imitar

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as personagens da mesma e ao cantar canções pode sempre alterar a letra de acordo com ações que as crianças realizem no dia-a-dia incentivando, assim, o jogo simbólico (2007, p:487).

As imagens, fotografias e ilustrações são objetos que devem estar sempre presentes na sala de atividades nas diferentes áreas de interesse. Como refere Hohmann & Weikart as crianças gostam de brincar com

reproduções e devem ser “encorajadas a comparar os modelos que estão a

usar aos objetos que representam…” (2007, p:491).

O adulto deve também fornecer “materiais e adereços para a

representação de papéis e para o faz-de-conta" (2007, p:495) assim como deve proporcionar uma grande diversidade de materiais que possibilitem

reproduções, como por exemplo: “materiais naturais e de desperdício” (2007, p:

506).

Relativamente às crianças mais pequenas e que por isso frequentam a valência de creche, é igualmente importante que o educador/adulto esteja

atento e desafie a criança. No entanto, como refere Post & Hohmann “desde o

ínicio das explorações sensório-motoras, os bebés e as crianças acumulam um conjunto considerável de experiência direta” (2011, p:42), por isso a criança representa de variadas formas agindo diretamente, com as várias partes do seu corpo, sobre os objetos que deseja explorar. Assim pode-se concluir que a representação criativa, nestas idades é ainda feita através das sensações sendo que o apoio do adulto não é tanto afincado como se consta na valência de jardim-de-infância.

Em ambas as valências, quer a representação criativa, quer o jogo deve ser sempre motivado e incentivado pelo educador, sendo estas consideradas “atividades lúdicas…” onde o mais importante, “é a forma como é dirigida e como é vivenciada, e o porquê de estar sendo realizada. Toda criança que participa de atividades lúdicas, adquire novos conhecimentos e desenvolve habilidades de forma natural e agradável, que gera um forte interesse em aprender e garante o prazer” (2011, p:1).

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Contudo é importante salientar que durante este apoio prestado pelo adulto, é fundamental que este desempenhe um papel de observador mas ao mesmo tempo comente também as produções/representações das crianças, porque só assim as pode motivar e desafiar.

Capítulo 3 - Importância do contacto com o exterior e os

materiais naturais

No espaço exterior as crianças podem explorar os diversos sentidos, pois nele têm a possibilidade de ouvir, cheirar, sentir o vento e diferentes temperaturas assim como ver árvores, nuvens e as diferentes tonalidades de luz (Post & Hohmann, 2011). Neste espaço as crianças sentem-se livres podendo dar asas ao movimento, tendo assim a possibilidade de correr, atirar, espernear, trepar, baloiçar, cavar e explorar tudo minuciosamente. É importante que nos contextos de creche e jardim-de-infância seja incluído nas rotinas um momento de recreio ou exploração exterior, porque segundo

Hohmann & Weikart, este momento é “essencial para o crescimento e

desenvolvimento das crianças…” (2011, p:212). No exterior, as crianças podem deparar-se com diferentes tipos de vegetação, animais, texturas, sons, cheiros e por isso vêm a oportunidade de alargar, em muito, o reportório das experiências sensório-motoras (Hohmann & Weikart, 2011). Existe cada vez mais a necessidade de planear e ter em conta os materiais existentes neste espaço, porque cada vez mais estes se tornam importantes para o desenvolvimento da criança. Assim o desenho destes recreios exteriores são

papel do adulto e em certo sentido é, como refere Dempsey & Frost, “a

aplicação mais pura dos conhecimentos existentes acerca do jogo e dos ambientes lúdicos (1993, p:707). Estes autores referem ainda que o desenho dos recreios exteriores é importante pois é uma forma de acomodarem o jogo e através dele se relacionarem com o espaço que o rodeia.

(34)

Capítulo 4

– Contexto de Intervenção e Investigação

4.1. Caraterização Global do Contexto

A instituição cooperante onde foi realizado e implementado o Projeto de Intervenção Pedagógica, quer em creche como em jardim-de-infância, é uma instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) sem fundos lucrativos. Presta à comunidade os serviços de Creche, Jardim-de-Infância e CATL (Centro de Atividades e Tempos Livres). Situa-se no centro urbano mas ao mesmo tempo é isolada do mesmo. O seu espaço exterior é bastante denso, sendo este composto por três parques infantis, uma horta, a mata, um campo de futebol e vários jardins repletos de diversos tipos de vegetação. Quanto ao espaço interior ele é igualmente abrangente, sendo composto por quatro salas de jardim-de-infância, quatro salas de creche, duas cozinhas, um berçário, dois dormitórios, uma secretaria, uma sala para as educadoras, três refeitórios, um ginásio, um salão e cinco balneários.

4.2. Contexto de Jardim-de-Infância

4.2.1. Caraterização do Grupo de crianças e Recursos humanos

O grupo é constituído por 26 crianças, com idades compreendidas entre os 2 e 3 anos. Relativamente ao género do grupo, este divide-se em 14 crianças do sexo feminino e 12 do sexo masculino, 11 ingressaram pela

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primeira vez. O agregado familiar é constituído na generalidade por pai, mãe e um ou dois filhos, vivendo estes no concelho de Braga. No que concerne às habilitações académicas estas estão compreendidas entre o quarto ano de escolaridade e o bacharelato. Fazem parte dos Recursos Humanos do grupo observado: uma Educadora, uma Ajudante da Ação Educativa e uma Trabalhadora Auxiliar na hora de almoço. As crianças deste grupo são bastante ativas e curiosas, precisando de estar constantemente ocupadas pois é desta forma que se mostram disponíveis para trabalhar e brincar com entusiasmo. Na sala as crianças trabalham em todas as áreas encontrando estratégias que as motivem a trabalhar em todas elas. Gostam de participar em atividades de todas as áreas de conteúdo e demonstram os seus interesses através da manifestação das suas ideias e sugestões.

4.2.2. Caraterização do espaço:

A Sala de Atividades dos 3 anos está composta por distintas Áreas de interesse que abarcam mobiliários e materiais adequados. Em termos gerais, o espaço revela-se flexível, organizado, limpo, centrado na criança e bem iluminado.

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Neste espaço percebi a inexistência de superfícies suaves, como por exemplo: tapetes, almofadas, etc. Quanto ao mobiliário, todo ele é composto por esquinas arredondadas concedendo segurança às crianças. Observei atentadamente os materiais que envolvem as diferentes áreas de interesse, pois acredito que na maior parte das vezes estes ditam um pouco o “sucesso” das áreas. Isto é, na minha opinião, se uma área estiver bem pensada, posicionada e planeada tem tudo para dar certo e ser escolhida mais vezes pelas crianças. Na área das construções/blocos, as crianças dão aso à imaginação, descobrindo coisas interessantes para fazer com o material. Neste espaço, em geral, gostam de cooperar e participar umas com as outras, fazendo construções, amontoando peças e despejando objetos das caixas. Quanto à sua localização e segundo o Modelo High Scope esta encontra-se num espaço amplo, onde as crianças podem facilmente alargar as suas explorações e brincadeiras. Faz parte deste espaço, materiais de construção (blocos de diversas dimensões e ferramentas de plástico); separar e encaixar (carros e camionetas de plástico, linhas de comboio e legos); encher e esvaziar (caixas, cestos, baldes, pequenos blocos e veículos) e faz-de-conta (carros e camiões). A área dos jogos é um local onde as crianças exploram brinquedos simples como puzzles e outros materiais lúdicos. Constatei que nesta área já conseguem fazer sem dificuldades os encaixes e que gostavam imenso de encher e esvaziar as caixas dos jogos. Para além das funcionalidades que estes materiais têm, as crianças dão-lhes muitas outras. Faz parte deste espaço: materiais de montar e desmontar (brinquedos de madeira, figuras de encaixe, puzzles, conjuntos de classificação de formas) e dominós (com imagens de animais). No entanto, apesar de rica em jogos, é nesta área que se observam muitos conflitos. A área da biblioteca apesar de ser a menos escolhida tem uma boa localização, estando situada perto da janela. Relativamente à cozinha e ao quarto, estas são duas áreas que estão em contacto e em que muitas das vezes há o prolongamento da brincadeira entre os dois espaços. No quarto percecionei a existência de bonecos de diferentes etnias. Na minha perspetiva este fator, torna-se interessante porque é essencial a presença destes objetos nos contextos de educação infantil, pois

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constitui uma forma de trabalhar o respeito pela diversidade, contribuindo para que as crianças não criem preconceitos e estereótipos. Ao brincarem livremente com diferentes tipos de bonecos, têm a oportunidade de se

preparem para a vida em sociedade. Já segundo Hohmann & Weikart “devem

existir bonecos e bonecas multirraciais, com diversas cores de pele e texturas de cabelo” (2007). Já na Área da Expressão Plástica as crianças, sobretudo, realizam: desenhos e fichas. A observação realizada permitiu constatar que, por vezes, as crianças manifestavam o seu desagrado, não prestando muito atenção à tarefa que era proposta e desviavam o olhar para as brincadeiras que iam surgindo nas áreas. Esta situação sucedia-se porque estas fichas eram realizadas na hora da exploração das áreas, sendo fichas extensas e tendo na sua índole o objetivo principal de alfabetização. Pelo que pude constatar com a observação realizada neste espaço, muitas das vezes as crianças sentem-se saturadas não prestando atenção à tarefa e desviando sempre o olhar para as brincadeiras que decorrem nas outras áreas. Esta área seria mais rica e bem recebida pelas crianças se nela fossem incluídos outro tipo de materiais como: telas, materiais e formas diversificadas (botões, feijões, fitas, tecidos), caixas de madeira e papel. A área onde percebi que as crianças descarregavam todas as energias e que eram verdadeiramente felizes nas

suas explorações, era na área exterior. Hohmann & Weikart defendem que “é

essencial para o crescimento e desenvolvimento das crianças pequenas a brincadeira num recreio exterior seguro. No exterior estão em maior contacto com a natureza e com tudo aquilo que ela lhes pode oferecer, como: os cheiros, as texturas, os sons, etc (2007, p:212). No que diz respeito ao espaço para as produções criativas das crianças, este é ocupado apenas por um placard que não se encontra ao nível das mesmas.

4.2.3. Caraterização da Rotina Diária

No contexto de jardim-de-infância, percebi que a Rotina é organizada e previamente estabelecida pela Educadora, desenvolvendo-se da seguinte forma:

(38)

Todos os dias é seguida a Rotina descrita anteriormente, sendo que há quarta-feira esta sofre uma mudança pois o grupo tem Sessão de Expressão Musical e Sessão de Expressão Motora. Os dias são iniciados, sempre, pelo acolhimento sendo este realizado numa sala situada no piso inferior. Esta é destinada à receção dos dois grupos de três anos. Um dos factos bastante percetíveis, nos tempos de transição, é a centralização no bem-estar das crianças e dos pais. Pois todos os momentos de acolhimento e separação são desenvolvidos de forma calma. Depois do Acolhimento matinal, o grupo ruma à sala onde se inicia o dia com um momento musical, cantando uma música de bons-dias. Depois de saudarem os colegas, partilham as novidades que têm do dia anterior. Segue-se o tempo de grande grupo, que segundo Hohmann &

Post “é um tempo que constrói nas crianças um sentido de comunidade” (2007,

p:231).

É de salientar que neste tempo de grande grupo, sente-se a satisfação das crianças em participar nas atividades. Estas oferecem novas ideias e mostram-se felizes por permanecerem num momento de reunião.

Depois do Reforço Alimentar segue-se o tempo que a educadora nomeou

27

Rotina Diária  Acolhimento

 Tempo de Grande Grupo  Reforço alimentar

 Tempo de Atividades Livres  Tempo de Pequeno Grupo  Atividades no Exterior  Higiene  Almoço  Higiene  Descanso  Lanche  Higiene  Atividade no exterior

Imagem

Figura 1 - Contexto de Intervenção
Figura 2 - Sala de Atividades de Jardim-de-Infância
Figura 4 - Sala de Atividades de Creche
Figura 1 - Rotina Diária da sala de 1 ano
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