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0 Nordeste e a Constituinte - As Frustrações e Esperanças do Nordeste

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Academic year: 2020

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DEBATE

0 Nordeste e a Constituinte

As Frustrações e Esperanças do Nordeste

A lu íz io A lv es

A o a b rir o sem in ário “ O N ordeste e a C o n stitu in te ”, o M inistro-chefe d a Secre­ ta r ia de A d m in istração P ú b lica d a P resi­ d ên cia d a R epública, A luízio A lves, a fir­ m o u q u e “estava ali p a ra c u m p rir o seu destino, sen d o fiel a o d estin o d o seu E s­ tad o , o R io G ran d e d o N orte, nas lutas e c o n q u istas d o N ordeste.

O M in istro A lu ízio Alves disse que q u a n d o chegou à A ssem bléia N acio n al C o n stitu in te em 1946, en tão o m ais jovem co n stitu in te d o país, ele j á levava o c o m ­ prom isso d o R io G ran d e d o N o rte de ser, sobretudo, u m a voz em defesa d o N ordes­ te. “ Foi a q u i, em 1903 — disse o m inistro — qu e se co n q u isto u através d o S en ad o r Eloy de S ousa, o p rim eiro o rganism o p ú ­ blico federal especificam ente dedicado ao Nordeste, hoje d en o m in ad o D ep artam en ­ to N acio n al de O bras C o n tra as S ecas”.

A seguir, a íntegra do discurso p ro n u n ­ ciad o pelo m inistro-chefe d a SEDA P.

O Plano Epitácio Pessoa

E p itácio P essoa, n o rd estin o d a P a ra í­ ba, depois P residente, te n to u resg atar o a b a n d o n o crônico do N ordeste. Sob a ins­ piração de técnicos d a época, d eterm in o u o p la n e ja m e n to de vários sistem as de aproveitam ento d as águas, n a co n stru ção de açudes, p ro g ra m a lim itad o aos efeitos im ediatos d a seca, m as que, m esm o assim p o d e ria ter alterado, co m sua execução, a v id a ru ra l d a região, acrescen tan d o o b ras de p o rto s e e strad as que, de certa m aneira, abriam novas perspectivas de de­ senvolvim ento.

M as, o p ro g ra m a era o so n h o de um n o rd e stin o que, p o r c ircu n stâ n cias p o lí­ ticas especiais e in esp erad as, ch eg ara à P resid ên cia d a R epública. N ão era o es­ pírito, a decisão, a vontade política d o G o ­ verno, d o m in a d o p ela inércia e p ela b u ­ rocracia, inim igas d as ações eficazes e rá ­ pid as, e pelo p o d e rio político d o centro- sul qu e m o n o p o lizav a há decênios a fo r­ ça d as posições.

T ã o logo E p itácio desceu as escadas d o poder, to d a essa co nspiração paralisou as o b ras iniciadas, e an o s inteiros ficaram os esqueletos e as ru ín a s d o m alo g ro re­ gional.

E m 1932, a seca b ateu de novo nas ter­ ras n o rd estin as. E nem m esm o a co in ci­ dência feliz de José A m érico o c u p a r o M i­

n istério d a V iação, m u d o u m u ito as coi­ sas. As vítim as do flagelo foram so c o rri­ d as com obras públicas im provisadas. As obras dos açudes e das estrad as a b a n d o ­ n ad as foram reiniciadas, e até algum as concluídas. E m esm o essa parcial e p re­ cária fó rm u la de solução h id ráu lica n ão gerou conseqüências fecundas, porque em si m esm as eram insuficientes, e tã o logo o gran d e líder n ordestino deixou o M inis­ tério e as verbas foram c o rta d a s o u re d u ­ zidas, e de novo o n o rd e stin o vo lto u a ser o cam p o triste das esm olas disfarçad as.

N ovas secas, novas enchentes, o d ra ­ m a cíclico, o desespero renovado, a d es­ crença subsistente e crescente. Ficaram al­ g u m as o b ras e algum as frases: “ O N o r­ deste é um so p ro de trag éd ia” — Jo sé A m érico. “ O s h o m en s n ão são hom ens, são restos de um p esadelo de D eu s” — F rancisco C arvalho, poeta.

M as, o N ordeste não p o d e c o n tin u a r a ser u m a coleção de frases d ram áticas, m esm o sinceras, m as sem conseqüências, c o m o aq u e la d o velho Im p e ra d o r P edro

II, n u m a explosão sentim ental: “ V ende­

rei as últim as pedras da m inha coroa, m as n ão deixarei m orrer um n o rd estin o de fo ­ m e”. A s p ed ras term in aram bem g u a rd a ­ das no M useu de Petrópolis, a despeito de in ten ção im p erial g enerosa, e, d ep o is na R epública, q u ase sem m aiores diferenças, c o n tin u o u a m o rta n d a d e d as m u ltidões.

E m 1952, m ais u m a seca, se de m e n o r extensão d o q u e a de 30, 32, co m os m es­

m os efeitos, até pela fragilidade eco n ô m i­ ca a c u m u la d a das p o p u laçõ e s atin g id as. C o n v o cad o de novo pelo segundo gover­ n o Vargas, Jo sé A m érico licenciou-se do G overno d a P araíb a, e reassu m iu o c o ­ m an d o das ações co n tra as conseqüências do flagelo.

Primeira mudança: O Crédito de Emergência

D a tr ib u n a d a C â m a ra , den u n ciei o q u a d ro d ram ático . E pedi, defendi, exigi definições p erm an en tes, soluções d e fin i­ tivas, projetos coerentes que substituíssem as m ed id as de em ergência, q u e passavam q u an d o a seca passava, que sum iam q u a n ­ do as águas secavam. As providências n ão vieram e o M in istro fru stra d o e d esilu d i­ do, v o lto u à P rovíncia, vencido p ela in ­ d iferen ça n acio n a l m ais fo rte do q u e a violência d a n a tu re z a esto rricad a.

E m 1958, nova seca, e en tão , d a tr ib u ­ n a d a C â m a ra com o vice-líder d a O p o si­ ção, e n a presidência d a C om issão do P o ­ lígono d as Secas, voltei a d enunciar, e a ped ir q u e o P residente Ju scelin o K ubits- chek, com seu esp írito criativ o e c o ra jo ­ so, enfrentasse o problem a secular, que ne­ n h u m o u tro fizera — salvo a ten tativ a de E p itácio P essoa — a p e sa r das secas que h á dois séculos m atav am seus p atrício s.

Fiz um teste p a ra sen tir a d isp o sição de m u d an ça : apresentei p ro je to de lei, c ria n d o o “crédito de em ergência” q u e su b stitu ía as “ frentes de tra b a lh o ” pela concessão de crédito especial a a g ric u lto ­ res e criadores, n a p ro p o rç ã o d a p o sição eco n ô m ica de cad a um . O bjetivo: n o p e ­ río d o seco, m an teriam seus em p reg ad o s c o n stru in d o peq u en o s açudes, p e rfu ra n ­ d o poços tubulares, refazendo cercas, etc. com d in h eiro em p resta d o , sem ju ro s, p o r cinco anos, pelos B ancos d o Brasil e do N ordeste, e os encargos financeiros seriam ressarcidos pelo G overno Federal, à cu s­ ta d o F u n d o das Secas, c ria d o n a C o n sti­ tu iç ã o de 1946, n a seg u n d a v in cu lação co n stitu cio n al de recursos p ara o N o rd es­ te, co m o se fizera n a C a rta de 1934. D ia e noite a rtic u la n d o , falando, a b rin d o es­ p aços na im prensa, consegui sensibilizar a C â m a ra e o S enado, que, pela p rim eira vez, no regime constitucional de 46, a p ro ­ varam um projeto, p ela u n a n im id a d e de suas com issões técnicas e de seus p le n á ­ rios.

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DEBATE

O s B ancos d o Brasil e d o N ordeste e o M inistério d a Fazenda pediram veto p a ­ ra o p rojeto. Fui ao P residente e expus a situação! N ão era possível e n g an ar m ais a região com “ frentes de tra b a lh o ” que, a c ab ad a a seca, m anteriam a m esm a frus­ tração, a m esm a secular inviabilidade eco­ nôm ica. Invoquei o alto senso histórico d o P residente qu e se d isp u n h a a m u d a r a capital do país, construindo-a no deserto e n ão so co rria um a região de grandes p o ­ tencialidades com quase um terço d a p o ­ p u lação d o país, e discrim inada ante o es­ forço do crescim ento nacional. N a m inha presença, o P residente telefo n o u ao M i­ nistro da Fazenda, Lucas Lopes, recom en­ d a n d o q u e reunisse a direção dos dois B ancos oficiais p ara o u v ir as m in h as ra­ zões sobre a posição assum ida p o r eles fa­ vorável a o veto ao p ro jeto de “crédito de em ergência”.

R eunim o-nos no M inistério da Fazen­ da. M ais forte do que o apelo do N ordeste falaram o m edo d o risco b an cário , a d es­ c o n fia n ç a n a cap acid ad e d o hom em r u ­ ral nordestino, a insensibilidade diante do a b a n d o n o d a região.

N ão m e con fo rm ei. E , vice-líder d a O p o sição — h o n ra seja feita à m em ó ria de Ju scelin o K ubitschek — voltei à-su a presença e obtive do Presidente o com pro­ m isso de sa n c io n a r o p ro je to e convocar reu n ião de técnicos d o G overno com a C o m issão P a rla m e n ta r d o P o líg o n o das Secas a fim de fazerm os ju n to s u m a a n á ­ lise nova do N ordeste.

O p ro je to to rn o u -se lei e te n h o a ale­ g ria de registrar, m ais u m a vez: c o n fo r­ m e d o c u m e n to q u e obtive, n a ép o ca, dos B ancos d o Brasil e d o N ordeste, qu e ta n ­ to insistiram pelo veto, n ã o tiveram p re­ ju íz o de um centavo. Todos os em p résti­ m os d o crédito de em ergência foram res­ g atad o s.

Os prim órdios da Sudene

A re u n iã o com o P resid en te realizou- se, dias depois, no P alácio Rio N egro, em P etrópolis, com a p resença d o C hefe d a C a sa Civil, em b aix ad o r Sette C â m a ra , E m b a ix a d o r H u g o G o u th ier, C elso F u r­ tad o , d ire to r d o B N D E , a q u em n aq u ela h o ra, p assaríam o s a co n h ecer e m em bros d a C o m issão d o P o lig ó n o d as Secas.

N a q u alid ad e de Presidente d a C o m is­ são, fiz u m a exposição h istó rica d a o c o r­ rência e co n seq ü ên cias d as secas d o N o r­ deste, d as in u n d a ç õ e s eventuais (24 secas e 26 inundações em 220 anos), a deficiente ação do G overno Federal no Im pério e na República, os esforços m alogrados d o G o ­ v erno E p itá c io P essoa, o esfo rço m in is­

terial de José A m érico, a criação do B an­ co do N ordeste e d a C o m p a n h ia H id ro e ­ létrica de São Francisco, e to d o o q u a d ro de m iséria, de a b a n d o n o , de descrença que, desde criança, assistíam os n o sertão do R io G ran d e do N orte, p a ra concluir nesses term o s que registrei, em discurso p o sterio rm en te p ro ferid o em N atal:

“ E ste é o cen ário d a v id a sertan eja neste 1958. Serviços públicos há, nas estrad as q u e alistam os h o m en s p a ra q u e eles n ão m o rram de fom e. E p a ­ g am , com a tra so de meses, o salário de c a d a dia, e n q u a n to são retidas, nos canais b u ro crático s, ou desv iad as pe­ la c o rru p ç ã o po lítica e fu n cio n al, ou m a lb aratad o s pela dispersão e pela in ­ co m p etên cia, as verbas qu e a C o n sti­ tu iç ã o reservou p ara a tarefa d a nossa recu p eração e c o n ô m ic a ”

O nordestino quer

dizer à Nação que

não é o peso morto.

A administração

pública brasileira

cometeu sempre o

erro de tratar o

Nordeste como a

terra perdida.

“ O pão de um m om ento é sempre um pão amargo, porque, não

recuperando, hum ilha”

A adm in istração brasileira com eteu sem pre o erro de tra ta r o N o rd este c o ­ m o a te rra perd id a, e os n o rd estin o s com o filhos de Deus, aos quais n ão se- p o d e n eg ar u m a esm ola, na h o ra da calam idade.

O p ã o de um m o m e n to é sem pre um p ã o am argo, porque, n ã o recu p e­ ran d o , h u m ilh a.

C a d a vez com m ais intensidade, o n o rd e stin o com eçou a dizer, e já co­ m eça a dizê-lo ao s gritos, q u e não pre­ cisa de auxílio, q u e n ão é o peso-m orto d a N ação. Prestem aten ção os hom ens p úblicos deste país: os q u e pedem , es­ ten d em as m ão s súplices. O povo, já a g o ra , está u s a n d o as m ão s p a ra a ti­ ra r p edras, n o s “ q u e b ra -q u e b ra s” q u e

se m u ltiplicam , com o ensaios, talvez inconscientes, de u m a g ran d e e inevi­ tável revolução social.

D u ran te longo tem po, pen saram m u ito s q u e a u n id a d e n a c io n a l estava preservada pela id en tid ad e de língua, religião, tradições. Euclides d a C u n h a fixou a u n id a d e brasileira pelo curso de um rio.

E ssa u n id a d e tem qu e ser tam b ém u m a in teg ração econôm ica, u m a ú n i­ ca superfície de produtividade, um a fa­ se só de riq u eza. O c o n trá rio é a in ­ ju stiç a . E os povos n ão resistem m ais, p o r m u ito tem po, às injustiças sociais. R ebentam , sem direção, d e te rio ra n d o os laços religiosos ou trad icio n ais. A língua, expressão de c o m u n h ã o fam i­ liar, pode tornar-se palavra de ódio ge­ lado, grito de d o r irreconhecível, dicio­ n á rio de desespero e de luta.

A p o lítica g o v ern am en tal, falsa­ m ente d ed ica d a ao c o m b a te d o nosso subdesenvolvim ento, o q u e tem feito é a u m e n ta r c a d a dia o fosso q u e separa E stados brasileiros. H á os que p ro sp e­ ram c a d a vez mais, c o n tra sta n d o com os qu e cad a vez m ais regridem . U m a p la n ificação m an ca e a p ressad a, su b ­ m etid a a caprichos regionais, a interes­ ses eco n ô m ico s de g ru p o s o u a h ege­ m o n ias políticas, divide, de co n sciên ­ cia fech ad a às advertências e ao s a p e ­ los, o B rasil e os brasileiros, através de um regim e cam b ial de esp o liação dos m ais fracos, das restrições de crédito m al d irig id as, d o s investim entos c o n ­ d u zid o s sem sen tid o n acio n al.

“A língua, expressão de com unhão familiar, palavra de

ód io gelado, grito de dor irreconhecível, dicionário de

desespero e de luta”

N ão se faz recu p eração eco n ô m ica de um país com m o n o p ó lio ou p riv i­ légio de u m a área sobre o u tras. O s cri­ térios técnicos e financeiros têm de ser subordinados às condições de desigual­ d a d e de várias regiões, o q u e vale d i­ zer, às exigências d o bem co m u m . U m povo deve p a g a r o p reço p o lítico d a su a u n id a d e p a ra c o n stru ir e c o n so li­ d a r u m a N ação feliz”.

D ali saím os com a in cu m b ên cia d a d a pelo P resid en te K ubitschek a C elso F u r­ ta d o p ara e la b o ra r um p la n o novo p ara o N ordeste.

N ão co b ro direitos, m as valh o -m e das m em órias d o E m baixador H ugo G outhier (L ivro “ P resen ça” - pág. 214) p a ra regis­ tra r um lance dessa luta q u e sustentei: “A

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DEBATE

respeito d o assunto, nova o rganização p a ­ ra o N ordeste, — m an ifesto u -se tam b ém o Aluízio Alves. D efendia o ex-governador a tese de q u e os g overnadores d o N o rd es­ te deveriam te r assen to n o novo ó rg ão a ser criado, o q u e lhes facilitariam a vida n o p la n o ad m in istrativ o e n o p la n o p o lí­ tico.

“A su g estão de A luízio A lves — c o n tin u a o em b aix ad o r — gerou o C onselho de desenvolvim ento d o N o r­ deste — C O D E N O , o n d e to d o s os g o ­ vern ad o res d a área tin h a m p a rtic ip a ­ ç ão e p o ssib ilid ad e de d iscu tirem suas idéias e exporem seus pro b lem as. D aí, n a tu ra lm e n te surgiu a S U D E N E — S u p erin ten d ên cia do D esenvolvim en­ to d o N o rd este”.

A s responsabilidades da Sudene

A S U D E N E nasceu com a im ensa ta ­ refa de resg atar to d o o acervo de erros a c u m u la d o s desde o m o m e n to em q u e o G overno R odrigues Alves, p o r inspiração de Eloy de Souza, to m o u as prim eiras p ro ­ vidências p ara e n fre n ta r com os efeitos das secas. E rro s de co ncepção, red u zin ­ d o as m ed id as a p aliativos em ergenciais; erro s de execução, in ician d o o b ras q u e se eternizavam , p o r falta de verbas, e m es­ m o q u a n d o c o n clu íd as — co m o a c o n te ­ ceu com alg u n s açudes, — n ão co m p le­ tavam as tarefas de irrig aç ão p lan ejad as; erro s de n a tu re z a a d m in istrativ a e m o ral, en se ja n d o q u e as verbas das “ frentes de em ergência” se transform assem em m eras esm olas p ara m ultidões esfom eadas e p ro ­ cesso de e n riq u ecim en to c o rru p to p a ra políticos e fu n cio n ário s desonestos; erros de n atu reza política tran sfo rm an d o -se em in stru m e n to de d o m in a ç ã o m u n icip al e estadual, a serviço de políticos que faziam das repartições e seus recursos in stru m en ­ tos de clientela eleitoral; erros, so bretudo, de d e fo rm a ç ã o d a m e n ta lid a d e d o povo, pela descrença n a D em ocracia, q u e id e n ­ tificava com todos esses espetáculos d a ex­ p loração e abuso do seu patrim ônio, o n a ­ cional, p o d e r q u e ele p ró p rio , de q u a tro em q u atro anos, q u a n d o podia, constituía com o seu vo to vendido o u subm isso.

N ão se p o d e r.egar o eno rm e potencial q u e a S U D E N E c o n stru iu n a alm a d es­ crente d as p o p u la ç õ e s n o rd estin as. N em esquecer o seu esforço em id en tificar p ro ­ blem as, b u sc a r soluções, p la n e ja r a eco ­ nom ia em term o s m ais globais e d u ra d o u ­ ros, c o lo c a n d o o N ordeste, p ela p rim eira vez, nas p reo cu p açõ es d o P ro je to N acio ­ nal de D esenvolvim ento.

A o lad o dessa c o n stru ç ã o p o lítico - a d m in is tra tiv a valiosa e irreversível, nas

suas conseqüências, assinalam os, n ão p a ­ ra dim in u í-la, m as, p o r dever de h istó ria, o equívoco de p reo cu p açõ es exclusiva­ m ente in d u strializan tes, d eix an d o a área ru ra l p a ra etap a s conseqüentes; o erro de n ão haver aproveitado, p o r em ulações in ­ justificáveis, a participação oferecida, p o r breve prazo, d a A lian ça p a ra o P ro g res­ so, e a fu n esta m u d a n ç a de ru m o s in tro ­ d u z id a pelo violento a fa sta m e n to de seu fu n d a d o r executivo C elso F urtado, abriu- se, n a S U D E N E , a p a rtir dessa época, sal­ vo em p eq u en o s p erío d o s de a d m in is tra ­ ções tra n sitó ria s e em b o ra nem sem pre p restig iad as, um p erío d o de m edíocre es­ g o ta m e n to até d o seu m o d elo estatizan te e industrializante, que, acrescido m ais ta r­ de de p ro jeto s ag ro p ecu ário s, encheu a á re a d as cidades e d o s cam p o s de esq u e­ letos de fábricas e de excessos au d acio so s de incentivos a g ru p o s m ais espertos.

A Sudene nasceu com

a imensa tarefa de

resgatar todo um

acervo de erros

que foram acumulados

desde que o governo

Rodrigues Alves,

nos primeiros tempos

da República,

tentou pela primeira

vez acabar com a seca.

A Nova República

E n c o n tra m o s assim o N ordeste. P ri­ m eiro, in u n d açõ e s. U m a n o de á g u as ex­ cessivas e in o p o rtu n a s, d e stru in d o p la n ­ tações, salinas, casas. D epois, a seca. U m a n o de sol e pó.

O m o d elo d a S U D E N E n ã o a ten d ia m ais às sin g u larid ad es de u m a eco n o m ia p erm a n e n te m e n te am e a ç a d a pela crise, q u a n d o n ã o pela tragédia. E dentro de um q u a d ro n acio n a l tam bém em crise, com en o rm es cifras de dívida ex tern a e dívida interna, taxas inflacionárias insuportáveis, um ap arelh o burocrático caótico, crescen­ te e im pacientes reivindicações salariais, e m p re sa ria d o a c o m o d a d o a p rejuízos o p eracio n ais co m p en sad o s pela c iran d a fin an ceira. Tüdo isto d e n tro de um d ra ­ m a que, em 40 dias, levou à m o rte o P re ­ sid en te d a R epública eleito — o in e sq u e ­

cível Tancredo Neves — transferindo-se às m ã o s d o vice-presidente Jo s é S arney to ­ d o esse leg ad o de p ro b lem as n a á re a fe­ deral, a c u m u la d o s aos d o s E sta d o s e M u ­ nicípios em situ ação p re-falim en tar, com dív id as q u e n ã o p o d em re sg a ta r e reivin­ dicações q u e n ã o p o d em atender.

E n o N ordeste, em p a rtic u la r? V ín h a­ m os d a m ais p ro lo n g a d a seca destes dois séculos, — 5 anos consecutivos — prevista pelo In stitu to A ero-E spacial d a A ero n áu ­ tica, co m u n icad a às au to rid ad es, federais e estad u ais, q u e n ã o to m a ra m q u a lq u e r pro v id ên cia preventiva. E p o stas d ian te dos cam pos a b a n d o n a d o s, das m ultidões in v ad in d o cidades, tiveram q u e v o ltar às “ frentes de em ergência” — d esta vez de m an eira m ais c o rru p ta — p o rq u e através de sinistro m ecanism o que funcionava nas m ãos de au to rid ad es e can d id ato s d o p a r­ tido governam ental, p ara financiá-los, p a ­ ra enriquecê-los, o u p a ra as d u as coisas ju n ta s, com o u tra s conseqüências q u e le­ varem os a n o s p a ra elim inar: os tra b a lh a - dorès d o cam p o já n ão q uerem receber di­ nheiro em tro ca de trabalho, qu alq u er que seja, pelo h áb ito d as secas — 78-83. Q u e­ rem receber sim plesm ente diárias, que co­ m o se fosse o G overno o b rig a d o a fornecê-las pelo m ero tra b a lh o de alistar- se: os agricultores, a c o stu m a d o s à p ro r­ ro g ação de suas dívidas p o r 5 an o s, n ão querem pagá-las, ou n ão p o d em pagá-las. E lideranças políticas — sobretudo as que se beneficiaram com d in h eiro ou com vo­ to, nesse p erío d o de seca, su sp eitam en te reclam am e lu tam p o r q u e volte o N o r­ deste a o esp etácu lo das m u ltid õ es a lista ­ d as pelos p refeitos e vereadores, e p agas pelo governo federal, à revelia d o gover­ n o e stad u al, em n o m e d a fom e, e n ã o em tro c a d a re c o n stru ç ã o d a e c o n o m ia p er­ d id a.

N úm eros Sinistros

M as, n ã o estam os a q u i a p e n a s p a ra o velório de decênios de erros e crimes. Nem m esm o p ara u m a au tó p sia , q u e a rig o r já foi feita. M as, o dever p ú b lico n o s im põe relem brar, repetir, d id a tic a m e n te rep isar n ú m ero s q u e explodem n u m a realid ad e inaceitável, intolerável, in su p o rtáv el, e c o n tra a q u al lu tam o s a v id a to d a , m es­ m o q u an d o , p roscrito d a vida p o lítica, só n o s restava, em alg u n s p erío d o s, o exer­ cício jo rn a lístic o .

Estes n ú m ero s, tã o d o lo ro so s, são do IB G E , d a S U D E N E , d o B anco M u n d ial, d o IB A SE. E stão , to d o s, em d o c u m e n to s oficiais. S ão o re tra to exato, provado, co m p ro v ad o , de u m p ed aço d o País, do País q u e q u a n d o dele se lem bra cai em

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DEBATE

m osos, m as acab a esp eran d o a próxim a seca, a nova in u n d açã o , p a ra de novo em ocionar-se, im ag in ar soluções, b u scar saídas, te n ta r o fim d o pesadelo.

M as, p o r q u e é assim ? Será que não p o d ia deixar de ser assim ? G overnar é fa­ zer opções. G o v ern ar é c o m a n d a r recur­ sos. É h á um n ú m ero q u e só ele m o stra com o o Nordeste, quase 40 m ilhões de h a ­ bitantes, n u n c a foi real o p ção p rio ritá ria d o p o d e r no Brasil: de 1909 até 1984, o G overno Federal g asto u com o N ordeste a p en as 10% d o q u e cu sto u a U sina de Itaipu!

Segundo o Banco M undial, os seis p ro ­ g ram as especiais criad o s pelo G overno, a p a rtir de 1974, p ara a ten d e r a 3 m ilhões de fam ílias, “ fracassaram nos seus o b je ­ tiv o s”. E p o rq u e fracassaram o N ordeste é, cad a d ia m ais, u m a terra de fugitivos, de retirantes, de im igrantes. Em um ano, 375 mil brasileiros saíram d o N o rte e um m ilhão foi p ara o N orte. 6 m ilhões saíram do S udeste e 9 m ilhões foram p ara o S u ­ deste. 2 m ilhões e m eio saíram d o Sul e 2 m ilhões e m eio foram p a ra o Sul. 700 m il saíram d o C en tro -O este e 2 m ilhões e m eio foram p a ra o C entro-O este. E o N ordeste? É o único de o n d e sai m u ito m ais gente do que entra. E m um ano, che­ garam 2 m ilhões e saíram quase 8 milhões. N ão é u m a em igração. E u m a fuga em m assa. U m êxodo bíblico.

“A taxa anual de crescim ento da população encolheu de 2,5% ,

na década de 60, para 2%. N ão por falta de nascim ento, mas

por excesso de m ortes”

S om os 40 m ilhões. Q uase 30% d a p o ­ p ulação do país. 18% da superfície. E ren­ da per capita de apenas 40% da m édia n a ­ cio n al e m enos de 25% d a d o E stad o de São Paulo. Q u ase a m etade d a p o p u laçã o em condições de pobreza absoluta. A p a r­ ticipação do N ordeste na renda interna do país, em 1940, era de 16%. Em 1950, 14 e m eio p o r cento. Em 1960, 14%. Em 1980, 9% . E vem descendo, a n o após ano. S o m o s um terço do país. E tem os ap en as 10% das transferências e subsídios d o G o ­ v ern o Federal.

54% d o s a ssa la ria d o s g a n h a m até um sa lá rio m ínim o. E só m eio p o r cento re­ cebe m ais de 20 salários m ínim os. N o S u­ deste, 21% recebem sa lá rio m ín im o e 4% g a n h am m ais de 20 salários m ínim os. N o N ordeste, 11% n ão têm re n d im e n to a l­ gum . N o Sudeste, só 4% não têm nenhum rendim ento.

A taxa a n u a l de crescim ento d a p o ­ p u la ç ã o encolheu de 2 e m eio p o r cento

n a d écad a de 60 p a ra 2% . E n ão p o r fal­ ta de nascim ento, m as p o r excesso de m or­ tes.

O co nsum o diário de p roteínas é de 57 gram as p o r habitantes. E m São Paulo, 67. N o Rio, 70. O consum o d iá rio de ca lo ­ rias aqui é de 1.713. Em São Paulo, 2.091. N o Rio, 2.130.

94% dos em pregados ag ríco las n ão têm carteira profissional assinada. E 43% d os u rb a n o s tam b ém não.

4 m ilhões estão atacad o s de esquistos­ som ose, 3 m ilhões com do en ças de C h a ­ gas, 250 crian ças, entre m il, m o rrem até um a n o de vida, n u m p la n e ja m e n to fa­ m iliar pela m o rte e n ão pela vida.

68% das p ro p ried ad es agrícolas, de m enos de 10 hectares, têm m enos de 5% das terras. 0,4% das propriedades, de mais de mil hectares, têm 37% das terras.

Os 20% m ais pobres do N ordeste, que em 1970 tin h am 5% do to tal d a renda, só tin h am 4 % em 1980. N o m esm o período,

O Nordeste é a única

região do país de

onde sai muito mais

gente do que entra.

Em um ano, chegaram

dois milhões e saíram

quase oito milhões.

Não é uma emigração.

É uma fuga em massa.

o 1% m ais rico, que tin h a 10% d a renda em 1970, p asso u a 29% em 1980.

A ren d a per capita de 20% d o s tra b a ­ lh ad o res ru rais é de 20 d ó lares p o r ano, cifra in ferio r a o nível universal d a p o b re ­ za ab so lu ta. E m ais baixa d o q u e a renda

per capita de q u a lq u e r o u tro país d o p la ­

neta.

68 mil professores d a zona rural, na úl­ tim a seca, preferiram tra b a lh a r nas fren ­ tes de trab alh o , o n d e gan h av am 15 mil cru z a d o s p o r mês, p a ra n ã o co n tin u a re m lecio n an d o p o r salários que, em alguns m unicípios, não passavam de 900 mensais.

57% d a p o p u laçã o n ão sabem ler nem escrever. 61% das casas n ã o têm luz elé­ trica. 58% n ã o têm esgoto nem in s ta la ­ ções san itárias.

A c a d a seca os flag elad o s se m u ltip li­ cam . E m 1950, eram um m ilhão. E m 58,

qu ase 2 m ilhões. E m 70, 3 m ilhões. N a últim a g ran d e seca, m ais de 5 m ilhões.

O crédito ru ral n acio n a l é d istrib u íd o com u m a evidente c o n cen tração privile­ g ian d o o Sul e o Sudeste. P ara o N o rd es­ te, que representa 30% d o país, 11%, em 70. Em 75, 13%. E m 80, 17%. Em 84, 14%. N o Sul, 31% em 70, 38% em 75, 35% em 80, 38% em 84. N o Sudeste, 50% em 70, 38% em 75,34% em 80,35% em 84.

Duas oportunidades da História

E p o r q u e este sem inário? A p en as p a ­ ra repetir estas verdades sinistras, c o n ta ­ bilizar esses n ú m ero s vergonhosos, c o n ­ fessar essas culpas de ta n to s em ta n to s an o s de Im p ério e d a R epública?

N ão. Seria u m a in o cu id ad e, o u até um a crueldade.

Pensam os n a cid ad e de N a ta l, p o rq u e aq u i o G overno E stad u al, su rp reen d id o pela seca verde, im aginou soluções novas de em ergência e executa, n a S ecretaria da A gricultura com o a p o io d o M inistério de Irrigação, experiências rá p id a s e o u sad as de irrigação.

E p o rq u e o N ordeste n ão p o d e perder, de u m a só vez, so b retu d o pela in c a p a c i­ d a d e de suas elites, duas raras e c o in ci­ dentes o p o rtu n id a d e s d a H istó ria:

1. a presença, no G overno, de um P re ­ sidente, nascido no N ordeste, fiel às suas origens telúricas, disposto a u m a o b ra re­ novadora em nossa região, e n fren tan d o as resistências de o u tras regiões m ais reivin- dicantes, a ind iferen ça, q u a n d o n ão h o s­ tilidade, de setores d a o p in ião pública n a ­ cional; a inércia da m á q u in a a d m in is tra ­ tiva com m eio século de desp rep aração , esta é e será, pelo restan te d o seu m a n d a ­ to, a lu ta d o P residente José Sarney.

2. a elab o ração de u m a C o n stitu iç ã o d o País na q u al devem ser fixadas as d i­ retrizes in stitu cio n ais d a e c o n o m ia do País, e nestas, se p o d e e deve resgatar, o a b a n d o n o e a d iscrim in ação d o N o rd e s­ te.

“Jam ais outro governo cuidou tanto dos nossos problem as. Qual

o governo, no passado, que deu ao Nordeste seis M inistérios e num erosos outros

postos no segundo escalão adm inistrativo?”

Q u e assistim os, neste m o m en to ? P o r m o tiv o s m e ra m e n te p o lític o - eleitorais, q u a n d o n ã o p o r interesses p es­ soais, vem os representantes d o N ordeste v in cu lad o s à c o n sp iração d a re d u ção do

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DEBATE

m a n d a to d o a tu a l P residente d a R epúbli­ ca. Por q uê? P or q u e seu G o v ern o n ão q u er a ju d a r o N ordeste? N ão é verdade. Jam ais o u tro G o v ern o c u id o u ta n to de nossos problem as. Porque, em nova elei­ ção, o N o rd este terá o p o rtu n id a d e de es­ co lh er o u tro n o rd estin o p a ra a alta fu n ­ ção? Por q u e o u tro P residente, o riu n d o d o sul d o país, fará m ais pelo N ordeste do qu e o a tu a l Presidente?

P o d eria u sa r núm eros e fatos que des- troem to d as essas hipóteses. A quad ru p li- cação dos recursos d a S U D E N E , o a u ­ m en to de ca p ita l d o B anco d o N ordeste, o P rogram a de Irrigação com recursos p a ­ ra 1 m ilhão de hectares, outros program as m enores, co m o o d o crédito S ão Vicente, para p equenos agricultores e criadores o r­ g an iza d o s, a c o m p le m e n ta ç â o d a U sina X ingó, os m aiores p ro jeto s d o p ro g ra m a de energia, a q u a d ru p lic a ç ã o d o s recu r­ sos da Legião B rasileira de A ssistência, o P ro g ram a de D istrib u ição de Leite, a m ­ bos com p rio rid a d e p ara o N ordeste, e a l­ guns o u tro s. N ão estão fu n cio n a n d o com a rapidez e a eficácia desejadas e recom en­ d a d a s? É possível. M as, p rovidências se­ rão to m a d a s to d a vez q u e essa v erific a­ ção se fizer, m u ito em b o ra se reconheça q u e a m á q u in a b u ro c rá tic a é em p e rra d a , e to d a ela tem an o s de preco n ceito s e in ­ d iferen ça pelos p ro b lem as d o N ordeste.

Q u al o G overno, no p assad o , q u e deu a o N o rd este seis m in istério s e n u m ero so s o u tro s p o sto s d o segundo escalão a d m i­ nistrativo?

A escolha an tecip ad a de um novo P re­ sidente, c e rta m e n te d o sul, pela d eso b e­ diência a o m a n d a to fixado na C o n s titu i­ ção vigente, ou m esm o pela recusa a o ato de ren ú n cia de um a n o a n u n c ia d o pelo p róprio Presidente titular, aju d aria o N or­ deste a ter, no p róxim o p erío d o g o v ern a­ m en tal, m ais força e m ais aten ção ?

N inguém p o d e resp o n d er a firm a tiv a ­ m ente, tã o claras são as lições da H istó ­

ria neste q u ase século de vida rep u b lica­ na.

M as, a in d a assim , d ep u tad o s e sen a­ d ores d o N ordeste querem tira r a resp o n ­ sab ilid ad e de G overno da região. E não são a p en as os d ep u ta d o s e senadores dos p a rtid o s op o sicio n istas, q u e p o d eriam ap re se n ta r arg u m en to de interesses p o lí­ ticos. N ão. São d ep u tad o s e senadores de p a rtid o s qu e a p ó ia m o G overno.

Pergunto aos nordestinos, independen­ tem ente de q u aisq u er interesses político- p a rtid á rio s: essa a titu d e é p a ra a ju d a r o N ordeste, é p ara d a r a o N ordeste m ais o p o rtu n id a d e de poder, de força, de in ­ fluência nas decisões q u e interessam ao nosso povo? Não. É a explosão de ressen­ tim en to s pessoais, regionais, locais, m u ­ nicipais, tã o p e q u en in o s q u e n ã o podem ter sequer o respeito do povo.

N a e la b o ra ç ã o d a C o n stitu ição , esp e­ ram os que, em m eio a ta n ta s e controver­ tidas sugestões e p ro jeto s, seja possível a u n id a d e de p o n to s de vista em to rn o de soluções coerentes, viáveis, aplicáveis.

A Nova Federação

E d e n tro dessa solução, possam refa­ zer a co n cep ção de um a F ederação que não seja ap en as um a figura de retórica ju ­ rídica e de desigual distribuição d o poder, m as, um sistem a racional, qu e assegure aos E stad o s u m a a u to n o m ia realista.

E dois exem plos po sso d a r d a re a lid a ­ de trib u tá ria de hoje:

1. o E stad o de São Paulo arrecada, em dois anos, tu d o qu e o E stad o do Acre a r ­ recad o u desde o n ascim en to de C risto ;

2. nas d u as h oras desta reu n ião o E s­ tad o de São Paulo está arrecad an d o o que o E sta d o d o Acre a rre c a d a em um ano.

É em to rn o de q uestões dessa n a tu re ­ za e dessa o rd em qu e esp eram o s q u e se

u n am os co n stitu in tes, e, em p articu lar, os constituintes do N ordeste, a fim dê que a unidade nacional, dividida jurid icam en ­ te em E stados e M unicípios, n ã o seja a p e ­ nas o hin o n acio n al c a n ta d o nas escolas e nos q u artéis, ou a b a n d eira n acio n al h a ste a d a nas repartições públicas, m as, u m a N ação consciente d as resp o n sab ili­ d ad es d o seu futuro, no m u n d o c o n tu r­ bado, e com o povo m obilizado para servi- la, h o n rá-la e dela orgulhar-se pelo exem ­ plo de paz e pela igualdade de direitos, li­ berdade, educação, saúde e trab alh o .

É esta discussão que vam os iniciar, in ­ dep en d en tem en te da posição ideológica e p a rtid á ria de cad a um dos que aq u i vie­ ram , nestes dois dias de d eb ate sobre “ O N ordeste e a C onstituinte”, prom ovido pe­ lo G ru p o de Políticas Públicas e pela F u n ­ d a ç ã o d o S ervidor P úblico — F U N C E P, en tid ad es d a Secretaria de A dm inistração P ú b lica d a P residência d a R epública.

Ao d ecla rar in au g u rad o este sem in á­ rio, saú d o , o G overno d o R io G ran d e do N orte, os G overnos estad u ais d a região, os Prefeitos do Estado, na pessoa do chefe da m u n icip alid ad e de N atal, senadores e d e p u ta d o s federais e estad u ais n o rd e sti­ nos, conTerencistas, debatedores, os m eios de c o m u n ic a ç ã o q u e a c o m p a n h a rã o os trabalhos, saú d o o povo. E não ten h o fór­ m u la m ais sim ples de fazê-lo d o qu e d i­ zer a to d o s e a cad a um .

— Luto, assim , no G overno, p o r todas as fo rm as de discussão, de co nvencim en­ to, de fiscalização, de c o n stru ç ã o , com a m esm a co erência e a m esm a fidelidade com que, a vida inteira, na trib u n a p a rla ­ m e n ta r d a oposição, n o jo rn a lism o , na iniciativa priv ad a, q u a n d o p ro scrito p e ­ las intrigas p alac ian as e pela violência re­ volucionária, discuti, resisti, reclamei, sem ó d io e sem m edo, m as com a sag ra d a ira d a lu ta qu e era m e lh o r e m ais d ig n a do q u e a cu m p licid ad e a c o m o d a d a ou a p a s­ sividade d o s vencidos!’

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