• Nenhum resultado encontrado

Gestão interinstitucional: liderando espaços abertos

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2020

Share "Gestão interinstitucional: liderando espaços abertos"

Copied!
15
0
0

Texto

(1)

RSP

E N S A I O

G

e s t ã o i n t e r i n s t i t u c i o n a l :

liderando espaços

aberfos

Luis R o d r í g u e z - M e n a T r a d u ç ã o : J e a n F r a n ç o l s C l e a v o r T u rb u lê n c ia a m b ie n ta l e s o b r e v iv ê n c ia d a s o r g a n iz a ç õ e s a g ra v a m e n to das dific u l­ d a d e s p r ó p r i a s da to m a d a d e d e c i s õ e s e m c o n t e x t o s d e cre sc e n te com plexidade, como o c o r r e a t u a l m e n t e , é fato rec o n h e c id o p o r todos. É cada vez m enos aprop riad o falar em

soluções para os problemas, na

m e d i d a e m q u e e s s e s g e re m o u tro s problemas, de maior ou m e n o r transcendência, tanto no c a m p o f ís ic o q u a n t o n o ec o n ô m ico , social, cultu ral ou político. Por isso, talvez seja mais a p ro p r ia d o falar em term os de substituição de um problema por outro, o u p o r outros problemas. A complexidade já está chegando a tal nível que os tomadores de decisões devem ter perspicácia para escolher os inconvenientes com os quais p o d e rã o conviver, p o r q u a n t o te m p o e com que intensidade.

A

c r e s c e n te c o m p le x id a d e o r g a n i z a c i o n a l e a s in flu ê n c ia s c r u z a d a s d e a to r e s s o c ia i s c a d a v e z m a i s n u m e r o s o s e i n t e r d e p e n d e n t e s

ob rig a m o g e sto r a u m tra b a lh o c o n s ta n t e d e a v a l i a ç ã o , q u e s ­ tio n a m e n to , r e d e fin iç ã o d e e s ­ tratégias e negociação, o q ue gera n o v o s p a r a d ig m a s g e r e n c ia is e requisitos de p e rso n a lid a d e.

Para d a r u m e x e m p l o , a d e s c o b e r t a d e n o v o s m e d i ­ camentos para combater doenças carenciaisou infecto-contagiosas tende a ampliar a expectativa de vida da população, o q u e p o r sua vez r e d u n d a em a c ré sc im o de do e n ç a s d e g e n era tiv a s, d e c o r ­ r e n t e d o e n v e l h e c i m e n t o d a população. O arsenal tecnológico d e h o j e p e r m i t e r e s o l v e r p r o b l e m a s d e p r o d u ç ã o , d e comunicação, de transporte, etc., mas te n d e s im u l ta n e a m e n te a criar c o n ta m in a ç ã o a m b ie n ta l, exige investimentos econômicos d e vulto p a ra a fo rm a çã o d e recursos hum anos especializados

(2)

RSP

Luis Rodríguez-Mena

e faz até surgir dúvidas a respeito d o d o m í n i o s uscetív el d e ser exercido sobre o homem p or essa tecnologia q u e ele criou.

O b e m - e s ta r e o c re s c im e n to e c o n ô m ic o d e um país p o d e m l e v á - lo a s i t u a ç õ e s c rític a s , d e c o rre n te s dos p ro b le m a s do

progresso. São bem conhecidos

os p ercalço s e n fr e n ta d o s pelo governo japonês em decorrência d e s e u a l t í s s i m o s u p e r á v i t comercial com os Estados Uni­ dos, assim como as controvérsias intern acio nais provocadas pela venda, a preços subsidiados, dos e x c e d e n te s agrícolas d e países desenvolvidos.

Repercutiram sobremaneira, nas últimas décadas, as calamidades e desajustes sofridos pelos países q u e t i n h a m e x p e r i m e n t a d o fortes a um e n to s d e preços dos seus p r o d u to s d e exportação. Ao q u e parece, a abundância tende a e m b o t a r a m o ti v a ç ã o p a r a esforços intensos e prolongados d e i n o v a ç ã o e p r o d u ç ã o . A abundância induz à acomodação e p o d e c h e g a r a i n i b i r a criatividade e abrandar os valores morais, o espírito competitivo e o e s f o r ç o n e c e s s á r i o p a r a alcançar um futuro que seja fruto d o tra b a lh o e da dedicação. É a s s im q u e a q u i l o q u e se considerava solução se converte em problema, para o qual muitas

vezes n ã o se c o n s e g u e d a r

solução perm anente.

T o d a s e s s a s r e a l i d a d e s c o n s t i t u e m d e s a f i o s d e a lta c o m p l e x i d a d e p a r a as organizações m odernas, uma vez q u e é n o â m b i t o d e s s a s q u e o c o r r e m q u a s e t o d o s os fen ô m e n o s da vida h u m a n a . A d e n sific a ç ão da e s t r u t u r a d a s relações interorganizacionais faz surgir tensões c complexidades qu e obrigam, constan tem ente, a q uestionar e repensar a atuação e o perfil do líder/gestor, bem com o o seu p e r m a n e n t e r e c o ­ nhecim ento pelo seu entourage. Essas realidades, p o r sua vez, vão c r ia n d o um q u a d r o d e t a n ta s i n t e r d e p e n d ê n c i a s q u e as instituições são cada vez m enos c a p a z e s d e r e s o l v e r s e u s problemas p o r si mesmas, já q u e isso r e q u e r , s e m p r e m a is , a c o l a b o r a ç ã o d e o u t r a s o r g a ­ nizações. A densa rede d e inter- relações vai ficando mais extensa e complexa, convertendo-se em d e s a f i o p a r a o g e s t o r e n d o - cêntrico , capaz d e p e r c e b e r a complexidade quase unicam ente d e n tr o d e sua p r ó p ria o r g a n i ­ z a ç ã o , e n ã o f o r a d e l a . Ao contrário, o g e sto r exocêntrico r e c o n h e c e a c o m p l e x i d a d e i n t e r n a , m as t a m b é m a v a lia c o r r e ta m e n te a c o m p l e x id a d e externa, atribuindo-lhe crescente

(3)

Gestão interinstitucionol: liderando espaços abertos i m p o r t â n c i a n a t o m a d a d c decisões. O d isc u rs o tr a n s p a r a d ig m á tic o O d e b a te científico e n tr e as p e r s p e c ti v a s m o d e r n a e pós- m o d e r n a o f e r e c e à a ti v id a d e g e r e n c ia l um t e r r e n o rico d e subsídios para a abordagem da g e s t ã o i n t e r i n s t i t u c i o n a l cm am bientes diversos c complexos. O m odelo racionalista não traz, em si, elem entos suficientes para c o m p r e e n d e r p l e n a m e n t e a interação de relações d e poder, i n f l u ê n c i a e r e d e s d e c o m u ­ nicação, próprias das estruturas m ú l t i p l a s d e o r g a n i z a ç õ e s públicas e privadas. Por isso, é preciso q u e o conhecim ento e a tecnologia, alem d c atravessarem as f r o n t e i r a s i n s t i t u c i o n a i s , e x t r a p o l e m os l im i t e s d o c o n h e c i m e n t o d a s d i v e r s a s d i s c i p l i n a s e, d e n t r o d e s sa s , e x p l o r e m as r i q u e z a s d e um c o n h e c i m e n t o tr a n s p a r a - d ig m á tic o 1. Este e n fo q u e visa

c o n s e g u i r u m a f e r t i l i z a ç ã o

c r u z a d a , q u e d e s lo q u e a fronteira do conhecim ento para um a análise integrada, capaz dc c o n f e r i r m a i o r a m p l i t u d e e p r o f u n d i d a d e às p e s q u i s a s , f a c i li ta r a c o m p r e e n s ã o d a t e x t u r a i n t e r o r g a n i z a c i o n a l , p r o m o v e r a f o r m a ç ã o d e c o a li z õ e s e r e d e s p ú b l i c a s , p r i v a d a s e m is t a s , a lé m d c f o r t a le c e r a c a p a c i d a d e o r g a ­ nizacional de delinear e executar estratégias e program as voltados para a consecução dc objetivos e metas.

A longa e in te n sa controv érsia entre o funcionalismo e a teoria dos sistemas, d e um a parte, e as t e o r i a s q u e f a v o r e c e m os enfoques culturais e políticos, de o u tra p arte, fornece com to d a c e r t e z a a p o s s i b i l i d a d e d e harm onizar conceitos, e n riq u e ­ c e n d o o c o n h e c i m e n t o e p e rm itin d o desvelar realidades qu e cada disciplina, p o r si só, é incapaz de descobrir.

O esforço d e reconciliacão ou integração de posturas científicas consideradas, p o r m uito tem po, antagônicas e irreconciliáveis é algo que, na América Latina, tem adeptos. Este vínculo entre vários enfoques, foi explorado p o r em trabalho relativamente re c e n te 2. Através do que o a u to r denom ina

enfoque p lu rip a ra d ig m á tic o , as

classes sociais venezuelanas e a

1 - P ara u m a a n á lis e d e ta lh a d a d e s te e n f o q u e , v id e M ichael R e ed c M ic h acl H u g h e s , e d s .: R c th in k in g O rg a n iz a tio n s : N e w D ire c tio n s in O rg a n iz a tio n .il T h e o ry a n d A nalysis, S a g e , L o n d re s 1992.

2 - R o b e rto B ric e n o -L e ó n : V e n e z u e la : C lases so c ia le s e in d iv íd u o s. F o n d o E d ito ria l A cia C ie n tífic a V c n e z o la n a e C o n s o rc io d e E d ic io n c s C a p rile s , C a ra c a s, 1992.

(4)

RSP

Luis Rodríguez-Mena

s o c i e d a d e v e n e z u e la n a foram e s t u d a d a s d e s d e d iv e r s o s p a r a d i g m a s t e ó r i c o s . As pesq u isas abrang eram d e sd e o estu d o das formas de produção cam ponesa até histórias de vida d e m e m b r o s da c o m u n i d a d e , realizadas com assessoram ento psicanalítico.

A s e s t r a t é g ia s co n te x tu a is

^ ^ L s o r g a n i z a ç õ e s m o d e r n a s estão às voltas com o imperativo d e p l a n e j a r n ã o a p e n a s os m e c a n i s m o s i n t e r n o s d e sua a t u a ç ã o , c o m o t a m b é m s u a s e s t r a t é g i a s e tá tic a s d e r e l a ­ cionam ento e de interferência no seu e n to rn o imediato e remoto. As ações de relacionamento com o e n t o r n o n ã o se lim ita m a a p r o v e i t a r o p o r t u n i d a d e s , enfre nta r e neutralizar ameaças e o b te r vantagens e posições de força. Devem concretizar-se no m anejo d e atores individuais ou c o le tiv o s : t r a t o c om a lia d o s , d i s s u a s ã o , m e d i a t i z a ç ã o ou d e rro ta de opo n e n te s, conven­ cim ento de indiferentes3.

A gestão das relações com grupos d e i n t e r e s s e e x t e r n o s à o r g a n i z a ç ã o s u p õ e q u e se r e s p o n d a a u m a s é r i e d e indagações, tais com o4:

♦ Qual a expectativa d e c a d a u m a d a s i n s ­ t i t u i ç õ e s / g r u p o s d e nosso organismo? ♦ Qual o valor a trib u íd o

p o r e s s e s g r u p o s à imagem e aos executivos de nossa instituição? ♦ Q u a l a s u a c o n d u t a atual? Em q u e p o n t o s n o s apóiam ? A q u e se opõem? Q u e benefícios e s ta m o s t e n d o n e s sa s relações? ♦ Quais as possibilidades de m elhorarm os nossas relações com cada um desses grupos?

♦ Com que tipo de ações tê m r e a g i d o , o u p o ­ de rã o reagir, caso não se sintam satisfeitos com nossa execução?

• L u is R o d r í g u e z - M c n a : P l a n i f i c a c i ó n E s t r a t é g i c a e n E n t i d a d e s G u b c r n a m c n t a i e s - P a r t e I. I n : I n v c s t i g a c i ó n y G e r e n c i a , V ol. III, N ° 3 6 , M a io / J u n h o 1 9 9 1 , p . 128.

- L u is R o d r í g u e z - M c n a : P l a n i f i c a c i ó n E s t r a t é g i c a e n E n t i d a d e s G u b e r n a m e n t a l e s • P a r te II. In : In v c s tig a c ió n y G e r e n c ia , Vol. VIII, N ° 3 7 , J u l h o / A g o s to 1 9 9 1 , p . 168.

(5)

RSP

Gestão interinstitucional: liderando espaços abertos

♦ O q u e e s p e r a m o s d e cada um desses grupos? ♦ De q u e e l e m e n t o s

f u n d a m e n t a i s d e v e ria c o m p o r - s e a n o s s a m is s ã o , se q u i s e r m o s m a n t e r c o m e le s um relacionam ento estável, profícuo e harmonioso? ♦ Q u e b e n e f í c i o s c o n ­ cretos poderíam os tirar d e s s e r e l a c i o n a m e n t o e s tá v e l, p r o f í c u o e harmonioso? ♦ Q u a l o n ív e l d e influência ou de po d er d e q u e d i s p õ e c a d a i n s t i t u i ç ã o / g r u p o n o a m b i e n t e em q u e estamos atuando? ♦ C o m q u e r e c u r s o s institucionais podem os c o n t a r p a r a c o n t r a ­ balançar q ua lqu e r ação qu e não seja condizente com nossos objetivos e metas?

♦ Até q u e p o n t o seriam efetivos esses recursos institucionais?

A s n o v a s f r o n t e ir a s te c n o ló g ic a s .

A s „ o v M d e s c o b e r i a s c ie n tíf ic o - té c n ic a s tê m i n d i s ­ cutível incidência, não apenas na fo rm a d e e n t e n d e r a g e s tã o , p ú b l ic a ou p r iv a d a , c o m o na maneira de concebê-la e adaptá- la às n o vas r e a l i d a d e s s o c io - econômicas.

Aparecem casos em q u e novas investigações científicas a b re m áreas de p ro d u çã o com m odelos de operação inusitados que, além de serem diferentes dos m odelos anteriores, se fundam entam em um conceito totalm ente o posto à p r á t i c a a t u a l . É o c a s o d a i n d ú s t r i a d e p e r f u m e s , p o r e xem plo, em q u e as essências têm marcada origem vegetal (as f lo r e s ) . L a n ç a n d o m ã o d a b io te c n o lo g ia , o P ro gram a d e C iê n c ia e T e c n o l o g i a p a r a o Desenvolvimento (CYTED), p a ­ t r o c i n a d o p e la Agência E sp a ­ n hola d e C o o p e ra ç ã o I n t e r n a ­ c io n a l , e o INDO TEC d a R e p ú b lic a D o m i n i c a n a e s t ã o patrocinando um projeto para a u tiliz a ç ã o d o lixo p a r a o b t e r ácido prop iônico , c o m p o n e n te i m p o r t a n t e da p r o d u ç ã o d e perfumes5.

- El D iá rio d e C a ra c a s, S ex ia -fc ira 15 d e ju lh o d e 1994, p . 11

(6)

RSP

Lu is Rodríguez-Mena

C

om o sc poderá notar, isso

eqüivale a passar dc uma n o ç ã o d e c u n h o h o m e o ­

p á tic o , d c pro dução a partir de

insum os afins ao p ro d u to (flores e perfum e, respectivamente), a u m a n o ç ã o a l o p á ti c a , d e p r o d u ç ã o a p a rtir de in sum os o p o s t o s aos p r o d u t o s (lixo e p e r f u m e ) . Esta nova situ a ç ã o a c a r r e t a r á sem d ú v i d a u m r e m a n e j a m e n t o g e r e n c ia l d o abastecimento empresarial, o que p o r s u a vez f o r ç a r á a u m a r e d e f i n i ç ã o d a s r e l a ç õ e s in- tc r i n s t it u c io n a i s c à busca dc n o v o s m o d e l o s d e a t u a ç ã o , derivados dos avanços científicos. Tais avanços têm aparecido com r e l a t i v a r a p i d e z n o â m b i t o internacional.

A g e s tã o deve agora tornar-se inovadora, com ênfase em um c a p i t a l h u m a n o d e d i c a d o à pro d u çã o e à adaptação, usando intensivam ente a tecnologia de softwares, tecnologia essa qu e está ab rin d o a nova fronteira do d e s e n v o l v i m e n t o c ic n tíf ic o - t e c n o l ó g ic o da p r o d u ç ã o . Os n o v o s i n v e s t i m e n t o s e s t ã o b a s i c a m e n t e v o l t a d o s p a r a materiais mais leves e resistentes à corrosão e ao desgaste, como o são os c o m p o sto s metálicos, a cerâm ica ind ustrial, a fibra de vidro c a liga de resinas. O novo

processo produtivo está travando batalhas para fabricar p ro d u to s m ais e f i c i e n t e s e m e n o s intensivos em insum os materiais

(d e sm a teria liza ç ã o do fa b ric o ),

e m irr e v e r s ív e l p r o c e s s o d e a v a n ç o c i c n t í f i c o - t é c n i c o . O c obre, o a lu m ín io , o zin c o , o c h u m b o , o e s ta n h o e o ferro, típicos insumos dc p rod u çã o das zonas s u bdesenvolvidas, e stã o s o fr e n d o fo rte c o m p e tiç ã o dc e l e m e n t o s n o v o s e m ais e f i c ie n t e s , p r o v e n i e n t e s d o s laboratórios de universidades e grandes empresas. Assim com o o p e t r ó l e o , c o m o e l e m e n t o s i n t é t i c o , t o m o u o l u g a r d a borracha e das fibras naturais, as n o v a s t e c n o l o g i a s e s t ã o s u b s t i t u i n d o , e m r i t m o acelerado, as matérias-primas d e exp o rtação da América Latina. S atélites d e c i n q ü e n t a q u i lo s estão faz e n d o u m tra b a lh o d e comunicações intercontinentais e q u i v a l e n t e a o d e 1 5 0 .0 0 0 t o n e l a d a s d e c a b o s d e c o b r e s u b m e r s o s n o A tlân tic o , e as fibras óticas estão su b stitu in d o c o m é x i t o e s s e m e t a l n a s in s t a la ç õ e s te le fô n ic a s . Além disso, as técnicas dc reciclagem c onseguiram reutilizar 48% d o chumbo, 38% d o cobre, 27% do alumínio, 24% do zinco e 18% do estanho.6

- L u is R o d r íg u e z - M e n a : R e to s A c tu a le s d e la G e r e n c i a E m p r e s a r i a l L a tin o - A m e ric a n a , In: In v e stig a c ió n y G e re n c ia . Vol VI, N °3, 1989.

(7)

Gestão interinstitucional: liderando espaços abertos

A r e la ç ã o s im b ió tic a : q u a n d o o

po n to d e p a r t id a e d e d e stin o o cu p a m a m e s m a p o siçã o

O s novos ventos ideológicos q u e estão s o p ra n d o no m u n d o i n t e i r o o b r ig a r a m a r e p e n s a r m u i t a s d a s i d é i a s e x i s t e n t e s s o b r e o f u n c i o n a m e n t o e a c o n d u ç ã o das sociedades, q u e c o n s titu ía m p ara m u ito s p e n ­ s a d o re s da América Latina, há vários d e c ê n io s , c o n c e ito s d e a c e ita ç ã o g e n e ra liz a d a . Atual­ m e n t e , n a v e lh a - h o je e x a ­ cerbada - luta en tre economia de m e r c a d o e i n t e r v e n c i o n i s m o e s t a t a l p a r a c o n s e g u i r as p r e f e r ê n c ia s s o c io p o litic a s , a p r i m e i r a p a r e c e e s t a r p r e v a ­ lecendo sobre a segunda, ainda q u e com muitos contratem pos e inconvenientes em sua aplicação. No entanto, pelo menos a curto prazo, a aplicação de políticas e c o n ô m i c a s n e o l i b e r a i s vem su rtin d o , a p a r d o reequilíbrio d a s c o n ta s m ac ro e c o n ô m ic a s , s u b s t a n c i a l r e t r o c e s s o em matéria d e distribuição da renda e da riqueza. Talvez p o r isso, a CEPAL a d o t o u a i d é i a d e

tra n s fo r m a ç ã o p r o d u tiv a com e q ü id a d e , n u m a te n ta tiv a d e

c o n c i l i a r o s r e q u i s i t o s e c o ­ n ô m i c o s d e u m a p r o d u ç ã o competitiva no m ercado interno

e e x te rn o com u m a re p a rtiç ão mais equilibrada dos benefícios da atividade produtiva.7

Sem e n t r a r n o m é r i t o d a s prem issas d e sta teoria, a nova i d é i a s u p õ e u m a r e la ç ã o

s im b ió t i c a q u e p a r t e d a t r a n s f o r m a ç ã o p r o d u t i v a e tam bém leva a ela. S e g u n d o a CEPAL, p a r a c o n s e g u i r e s sa t r a n s f o r m a ç ã o é p r e c i s o q u e e x is ta , p r e v i a m e n t e , c o e s ã o social, a fim d e q u e e s fo r ç o s u n i d o s p e r m i t a m r e a l i z a r eficiente e eficazmente as tarefas de produção. E a coesão social, p o r sua vez, só p o d e atingir seu m elhor nível se houver equid a d e s o c ia l, o u s e ja , u m a a ç ã o e q u itativ a e s o lid á ria d e c ada camada social para com as outras. Ocorre q u e essa e q ü id a d e social também tem seu condicionante: o crescimento econômico, fonte q u e a l i m e n t a a r e p a r t i ç ã o s ó c ioeco n ôm ica n o â m b ito da s o c ie d a d e e q u e , p o r sua vez, r e q u e r u m a t r a n s f o r m a ç ã o produtiva.

C o m o se p o d e r á n o t a r , n e s t e m o d elo da CEPAL o p o n t o de partida e o de de stino o cupam a mesma posição, o q u e com porta uma relação de causação circular d e n t r o d e u m a r e l a ç ã o simbiótica: os elem entos q u e a

7 - V id e a r t i g o p u b l i c a d o p o r G e r i R o s c n th a l, S e c r e lá r io - E x e c u tiv o d a CEPAL: Í Q u é p ie n s a Ia CEPAL hoy? In : E c o n o m ia Hoy, C a ra c a s, 2 d e a b ril d e 1 9 9 ‘i. p p . 8-9.

(8)

RSP

Luis Rodríguez-Mena

integram formam uma relação de d e p e n d ên c ia em cadeia fechada, na qual a relação causai começa e t e r m i n a n o m e s m o p o n t o , c o n f o r m a n d o a lg o q u e , a p a ­ rentem ente, se assemelha a um

círculo vicioso.

Q u a l o s e n t i d o d i s s o p a r a a G estão Interinstitucional? Este m o d e l o d a CEPAL, q u e tem a v i r t u d e d e e n s a i a r u m a a p ro x im a ç ã o e n tr e te n d ê n c ia s a tu alm ente cm luta na América L a tin a , e q ü iv a l e a i n t r o d u z i r elem entos d e alta complexidade nas relações e n tre instituições, ta n to p ú blicas co m o privadas. C o n s e g u i r a t r a n s f o r m a ç ã o p r o d u ti v a da Região com um m odelo como o proposto exige uma com plexizaçã o qualitativa e q u a n tita tiv a d o s in te rcâ m b io s hu m an os que habitualm ente se realizam através de organizações ou in stitu iç õ e s . Para citar um e x e m p l o , a c h a m a d a c o e sã o

social, como requisito imediato

p a r a a l c a n ç a r a a lm e ja d a transformação produtiva, supõe a intensificação e a afinação dos intercâm bios interinstitucionais em toda a extensão da sociedade, cm suas esferas sociais, políticas, econômicas e culturais. Só assim h a v e rá p e r s p e c tiv a s d e d e c o ­

d ifica r e superar o círculo vicioso

da superação da América Latina.

G lo b a liz a ç ã o e b lo co s e c o n ô m ic o s

A P,„gressl„

e c o n o m i a s n a c i o n a i s e a i n t e n s i f i c a ç ã o d o c o m é r c i o internacional, com relativamente poucas barreiras tarifárias, é um sinal dos tempos. Paralelamente a isso, a form ação d e g r a n d e s blocos comerciais, form ados p o r g ru p o s d e países d e sejo sos d e p r o t e g e r s u a s e c o n o m i a s d a concorrência de o u tro s blocos, p a r e c e e s t a r s i t u a n d o a c o m p e tiç ã o i n t e r n a c i o n a l cm nível su p erio r ao das econom ias n a c io n a is . A c o m p e t i t i v i d a d e parece estar deslocando-se dos s i s t e m a s n a c i o n a i s p a r a as comunidades ou conglom erados de países que formam blocos. À g e s tã o i n t e r i n s t i t u c i o n a l n e ­ cessária dentro de cada país, viria agregar-se uma gestão intrabloco e u m a g e s tã o in te r b lo c o s . Na p r i m e i r a , os f i o s g e r e n c i a i s estendem-se fu nd am entalm ente até os lim ite s d o s p a ís e s q u e form am a c o m u n i d a d e e c o n ô ­ mica, en q u a n to que na segunda atingem os confins d o planeta, i n t e g r a n d o a s sim t o d a s as associações de países. Por isso se fala cm gestor global, q u e seria e s t r e i t a m e n t e v i n c u l a d o a o s gestores nacionais ou regionais e aos gestores funcionais a nível m undial, fo rm a n d o assim um a

(9)

RSP

G estão interinstitucional: liderando espaços abertos

v a s ta r e d e d c e s p e c i a l i s t a s / generalistas que lidariam com a a d m i n i s t r a ç ã o em t o d o s seu s escalões.

No caso da economia japonesa, p r o d u z i u - s e um c a p ita lis m o

p a r tic ip a tiv o m ediante o qual:

«são promovidos arranjos e com pro m issos en tre as empresas {cooperativas dc pesquisa, p o r exemplo) e la b o r a tó r io s (exploração c o n j u n t a d c p a t e n t e s , f i n a n c i a m e n t o c o m p a r ­ t i l h a d o d c p r o j e t o s d e p e s q u i s a , e t c . ) , e n t r e e m p r e s a s n a c i o n a i s e lab o ra tó rios estrangeiros ( c o n t r a t o s d e p e s q u is a , f o r n e c i m e n t o d e i n f o r ­ mação, etc.), entre e m pre­ sa s, l a b o r a t ó r i o s e i n s t i t u i ç õ e s d e c r é d i t o ( c a p i t a i s d c r is c o p a ra d e s e n v o l v e r e c o m e r ­ cializar inovações ou para a d o ta r e assim ilar novos s i s t e m a s t e c n o l ó g i c o s , etc.), e n tr e e m p re s a s dc bens de c onsum o e firmas d e e n g e n h a r i a ( p a r a i d e n t i f i c a r e a v a lia r t e c n o l o g i a s , p a r a d e s a ­ g r e g a r p a c o te s t e c n o l ó ­ g i c o s , e t c . ) , e n t r e fa ­ bricantes dc maquinaria e

equip am ento s e em presas u s u á r i a s d e s s e s ( p a r a estabelecer program as de d e s e n v o l v i m e n t o d e f o r n e c e d o r e s ) , e o u t r a s t a n t a s m o d a l i d a d e s d e aliança e n tr e a g e n te s d e inovação».8 «A c o m p e t i t i v i d a d e te m um caráter sis tê m ic o : p o r iss o , a e m p r e s a b e m - sucedida é aquela q u e faz p a r t e d e u m a r e d e i n s t i t u c i o n a l r e u n i n d o um a infinidade de atores p r o d u t i v o s . Assim , a competitividade é um fato q u e d e p e n d e c a d a vez m e n o s d a s d e c i s õ e s concernentes às em presas individuais, e mais de um p r o c e s s o d e r e l a c i o n a ­ m e n to d e c ada e m p r e s a com seu am bien te (outras empresas similares, forne­ c e d o r a s d e m a t é r i a s - primas, usuários, fabrican­ t e s d e e q u i p a m e n t o s , f irm a s d e e n g e n h a r i a , c e n t r o s d c p e s q u i s a ) , a tr a v é s d e p l a n o s q u e a s s o c i a m i n t e r e s s e s e integram esforços».9 No â m b i t o d o c o m é r c i o i n te r n a c i o n a l , as n o v a s r e a l i ­ d a d e s o b r ig a r a m a a m p l i a r a

• - Ig n a c io Avalos G .: El S isie m a N a c io n a l d e In n o v a c ió n . In : El D iá rio d c C a ra c a s. 10 d e m a io d e 1993, p . 4.

9 - I g n a c io A valos G ., El D ia rio d e C a ra c a s, 19 d c ju lh o d c 1993, p . 4.

(10)

RSP

Luis Rodríguez-Mena

visão e o alcance do qu e se possa c onsid erar n a c io n a l e in te rn a ­

c io n a l . A g l o b a l i z a ç ã o d e u

margem a q u e instrum entos de política in te rn a d os países (as p o l ít ic a s i n d u s t r i a i s , d e c o n ­ c o rr ê n c ia e d e versões) sejam o b jeto de negociações in te rn a ­ c i o n a i s . Q u a n t o às p o l ít ic a s a m b i e n t a i s , a s s im c o m o as políticas sociais e trabalhistas, n ã o são d e exclusiva c o m p e ­ tência interna e, além disso, têm a g o ra i m p o r t a n t e significação i n t e r n a c i o n a l . T u d o isso, s e g u n d o , Evelyn H o r o w i t z , r e q u e r um marco institucional a p r o p r i a d o e «a integração do p r o c e s s o d e t o m a d a d e decisões.»10 A d m in is t ra n d o s is t e m a s em c o - g e s t ã o : a lid e r a n ç a c o m p a r t ilh a d a

J á sabem os que, em geral, os problem as não p ertencem a uma ú n i c a d i s c i p l i n a d o c o n h e ­ c im e n to . A c re s c e n te c o m p l e ­ x i d a d e d a vida soc ia l d o s e r h u m a n o a d q u i r e c a d a d ia com p lex idades inusitadas, cuja abordagem req uer instrumentos provenientes de várias fontes do conhecim ento. Assim, a análise a p r o f u n d a d a d e d e t e r m i n a d o p r o b le m a s o c io e c o n ô m ic o vai

revelando interfaces que, além d e e x ig i r e m u m t r a t a m e n t o multidisciplinar - n o qual várias disciplinas diagnosticam separa­ d am ente um problem a - im põem um enfoque interdisciplinar, cm q u e v á ria s e s p e c i a l i d a d e s p r o f i s s i o n a i s c o n c o r r e m , s i ­ m ultan eam ente, para exam inar um p r o b l e m a e p r o d u z i r u m diagnóstico único e integrado. A m u l t i d i s c i p l i n a r i d a d c e a interdisciplinaridade científicas têm seu equivalente institucional na liderança compartilhada, ou g e stã o in te r in s titu c io n a l. Se a análise d e problem as exige que se r e c o r r a a um e n f o q u e c o n c e itu a i v a ria d o , o m a n e jo gerencial dos mesmos problem as t a m b é m d e v e i n t e g r a r u m a perspectiva múltipla, expressada em u m a espécie d e colegiação d e c i s i o n a l , q u e i n t e g r e as m ú ltip la s d e te r m i n a ç õ e s ex is­ t e n t e s em u m c o n t e x t o burocrático. C o n s i d e r e m o s o c a so d e um problem a d e gestão pública: o trâ n s ito a u to m o b ilís tic o . Uma vez que muitos fatores influem n a s s i t u a ç õ e s l i g a d a s à p r o b l e m á t i c a d o t r â n s i t o d e v eícu lo s d e um país, e x is te m várias instituições e organizações com r e s p o n s a b i l i d a d e s n e s s a

10 - Evelyn H o ro w itz : U n a N u e v a P olítica C o m e rc ia l. In : El N a c io n a l. C a ra c a s , 1° d e ju lh o d e 199-í, p . A-4.

(11)

G estão interinstitucional: liderando espaços abertos

á re a . O c o n g e s t i o n a m e n to do t r â n s i t o p o d e d e c o r r e r d e p r o b l e m a s d e d e s e n h o viário urbano, ou seja, d e um traçado d e vias q u e tolhe a circulação em vez d e facilitá-la. Isto é da alçada das Prefeituras e dos Ministérios dos Tranportcs e Comunicações, d a s O b r a s P ú b l ic a s e d o D e s e n v o l v i m e n t o U r b a n o . O n ú m e r o e a q u a l i d a d e d o s guardas de trânsito também são d e t e r m i n a n t e s d o c o n g e s t i o ­ n a m e n t o , a s s im c o m o as e n t i d a d e s p r iv a d a s c h a m a d a s

a u to -e s c o la s . O M inistério da

Justiça e a Polícia têm muito a ver com a d e te n ç ã o , a g u a rd a e o j u l g a m e n t o d e i n f r a t o r e s e r e s p o n s á v e i s p o r a c i d e n t e s g rav e s. Os s e rv iç o s d e s a ú d e c o m p a r t i l h a m d a r e s p o n s a ­ b i l i d a d e d e a t e n d e r e c u r a r feridos. O cidadão proprietário d o v e íc u l o e as o f ic in a s mecânicas são responsáveis pela m a n u t e n ç ã o d e s s e em b o m estado, a fim de evitar avarias na via, possíveis atropelam entos e a d e s t r u i ç ã o d e b e n s . Isso n ã o im pede q u e o proprietário tenha o b r i g a ç ã o d e m a n t e r a b o a ap arên cia d o veículo, para não ate n tar co ntra a estética pública. As montadoras e fabricantes, bem co m o as distribuidoras, devem velar pelas norm as de segurança n a fab ricação. Os o rg a n is m o s p ú b l i c o s e p r i v a d o s q u e t r a b a l h a m c o m a s a ú d e d a

com unidade devem, p o r sua vez, d e s e n v o l v e r c a m p a n h a s d e p r e v e n ç ã o d o s a c i d e n t e s d e t r â n s i t o o c a s i o n a d o s p e l a

n e u ro se c o le tiv a q u e t e n d e a

p r o d u z i r - s e n a s m e t r ó p o l e s , afetando igualmente m otoristas e pedestres. A corrupção também te m f o r t e i n f l u ê n c i a n e s s a m a t é r i a , d e v á ria s f o r m a s : a c o n c e s s ã o i n d e v i d a d e h a b i l i t a ç õ e s a p e s s o a s n ã o c a p a z e s , p o r a u t o - e s c o la s e fiscais d e vistoria d e veículos; as c o n h e c id a s p r o p i n a s e x ig id a s p o r g u a r d a s , g a r a n t i n d o a i m p u n i d a d e d e i n f r a t o r e s ; a comercialização ilícita d e carros e a u t o p e ç a s r o u b a d o s p o r empresas especializadas que, não raro, ta m b é m b u r la m a lei ao o f e r e c e r e m s e u s s e r v i ç o s d e

lo c a l iz a ç ã o d e v e í c u l o s desaparecidos. Por último, e para m e n c io n a r só mais um p o n t o , citaremos a tarefa d e educação d o c i d a d ã o q u e d e v e m e m ­ p ree n d e r organismos públicos e privados para reforçar c o nd utas de prevenção d e proble m as de trâ n s ito : o b e d e c e r s e m á fo ro s, n ã o d i r i g i r cm e x c e s s o d e velocidade, não ingerir bebidas alcoólicas q u a n d o se dirige, etc. O e x e m p l o c i t a d o p e r m i t e enfatizar o grau de complexidade d e m u i t o s d o s p r o b l e m a s enfrentados pelas organizações, e a necessidade de concebê-los

(12)

RSP

Luis Rodríguez-Mena

c o m o o q u e s ã o d e fato: problem as interorganizacionais, qu e requerem um a visão e uma análise alargadas e perspicazes. O s p r o b l e m a s s u b s t a n t i v o s costum am estar interligados e a cargo de num erosas instituições, q u e fo rm a m u m a c o n s te la ç ã o organizacional. Daí que a solução d e s s e s p r o b l e m a s d e v a s e r buscada, também, através de um e n fo q u e global, q u e abranja o conjunto.

C o n c lu s ã o : o g e sto r p lu ra l

série de considerações teci­ d a s n e s t e t r a b a l h o p e r m i t e reg istra r cm a lg u n s p o n to s os traços fundam entais da Gestão I n t e r i n s t i t u c i o n a l , be m co m o e s b o ç a r o p e rfil id ea l d e um G e s t o r P lu ra l c a p a z d e d e s i n c u m b i r - s e d e s u a s atribuições.

1. A forte tendência de expansão das fronteiras organizacionais e a complexização das estruturas das relações entre instituições; 2. o surgim ento de novos atores, a m u ltip lic a ç ão do s estilos de liderança e a gestação d e fortes tendências ao confronto, assim c o m o ao su rg im e n to d e novas o p o r t u n i d a d e s de c o o p e ra ç ã o produtiva entre organizações;

3. a globalização dos processos e c o n ô m i c o s e a f o r m a ç ã o d e blocos internacionais requerem , c o m o c o n t r a p a r t i d a , a a b o r ­ d a g e m m u l t i d i s c i p l i n a r e interdisciplinardos problemas, a q ue c o rre s p o n d e m as p e rs p e c ­ tivas multiinstitucional (em que concorrem várias instituições), interinstitucional (em q u e várias i n s titu iç õ e s c o m p a r ti lh a m da c o n c o r r ê n c i a ) e t r a n s i n s t i - tucional (em que a concorrência é c o m p a r t i l h a d a m e d i a n t e im b r ic a ç ã o d e e q u i p a m e n t o s comuns de trabalho para realizar tarefas d e interesse comum);

4. a f o r m a ç ã o d e r e d e s in-

t e r i n s t i t u c i o n a i s p o d e a b r i r c a m i n h o p a r a a s o l u ç ã o d e p r o b l e m a s c o m p l e x o s q u e ab rangem várias organizações. Com isso, o qua dro de vantagens e fra q u e z as d e c a d a e n t i d a d e pode ser substituído p o r efeitos s in é rg ic o s q u e r e d u n d a m em benefícios para todas elas: o todo

é m a io r que a so m a d a s partes-,

5. c u m p re a d m itir q u e a i n te ­ gração ou acoplamento sinérgico s u p õ e a lg o m ais q u e u m a tentativa de s u p e r a r a clássica

r e s is tê n c ia à m u d a n ç a : a d c

v e n c e r u m d o s i n s t i n t o s q u e caracterizam animais inferiores c s u p e r i o r e s , i s t o é, a d e f e s a renhida do próprio território (no caso, o território organizacional);

(13)

Gestão interinstitucional: liderando espaços abertos

6. e m u m m u n d o d e d e p e n ­ dências m útuas, o exercício da s o b e r a n i a e d o s e n c a r g o s inerentes só pode ser conseguido p o r u m a in s titu iç ã o c a paz de com partilhar essa soberania com o u t r a s o r g a n i z a ç õ e s q u e , d e alguma maneira, têm algo a ver com esses encargos ou objetivos. Sem p r e t e n d e r e sg o ta r o tema d o s r e q u i s i t o s p e s s o a i s e profissionais a serem cum pridos p o r u m g e r e n t e d e a m p la a b r a n g ê n c i a , n e c e s s á r i a p a ra a d m i n i s t r a r u m a r e d e in- terinstitucional com boas chan­ ces de êxito, indicamos a seguir os a tr ib u to s básicos desejáveis p a r a u m G e r e n t e P lural, q u e dev e ria p o s s u ir c a p ac id ad e s e habilidades para:

♦ desenvolver uma visão ampla e perspicaz, que lhe p e rm ita s itu a r os p ro b le m a s i n s titu c io ­ n a is em u m m a rc o

onicotnpreensivo, alem

das fro n te ira s d e sua p r ó p r i a o r g a n iz a ç ã o . Deverá e n t e n d e r q u e g r a n d e p a r t e d o s c h a m a d o s p r o b le m a s in te r n o s nascem e se reso lvem n o e n t o r n o próximo ou rem oto da i n s t i t u i ç ã o q u e e le dirige;

♦ m a n e ja r rela çõ e s n ã o hierárquicas em grande escala. Boa p a rte d o s organismos que circun­ d a m sua o r g a n iz a ç ã o não têm com ela um a r e l a ç ã o d e s u b o r ­ d i n a ç ã o . Em a l g u n s casos h á r e la ç õ e s d e

s u p r a -o r d in a ç ã o , nas

q u a is u m o r g a n i s m o contribui para d a r vida a o utro organismo, que se c o n v e r t e e m s e u

s u p e r io r h ie r á r q u ic o

(o Congresso Nacional, po r exemplo);

♦ g e ra r estra té gia s c ria ­ tivas e d i n â m i c a s em e s p a ç o s b u r o ­ c r á t i c o s a b e r t o s . Os s i s t e m a s c o m p l e x o s r e q u e r e m c o n s t a n t e rev isã o , a d a p t a ç ã o e m u d a n ç a d e e s t r a ­ tégias, para q u e essas se adaptem da m elhor m a n e i r a p o s s ív e l à dinâm ica e às tensões d o am biente. Daí q u e deva o G e re n te Plural ser um autêntico p ilo to

de to r m e n ta ; ♦ g e r i r a d i v e r s i d a d e c o m p le x a. Os macro- e n t o r n o s s ã o c o n s t i ­ tuídos p or constelações d e e n t i d a d e s c o m

(14)

RSP

Luis Rodríguez-Mena g r a n d e v a r ie d a d e de estru tu ra s, interesses, p r o d u t o s fin a is, e s ­ tra tég ia s, etc., o q u e o b r i g a a p r o d u z i r respostas c o n dizentes com a profundidade, a extensão e a variedade d a s s itu a ç õ es e n f r e n ­ tadas; ♦ a r t i c u l a r i n t e r e s s e s , f o r m a r a li a n ç a s e c o n s t r u i r c o n s e n s o s , necessários para supor­ t a r a t a q u e s d e o p o ­ n e n t e s , s o b r e v iv e r e p r o g r e d i r em m eio a forças e contraforças do a m b i e n t e , f r u t o d a s relações de p o d e r e da tensão gerada p or elas; ♦ gerar em si mesmo um

estilo gerencial dúctil, q u e se c o n t r a i a , se expanda e diversifique seu c onteúdo, para dar r e s p o s t a s o p o r tu n a s , i n o v ad o ra s e eficazes aos múltiplos desafios da extensa e complexa variedade ambiental; ♦ r e f l e t i r em p r o f u n ­

didade, com coragem c s e m p r e c o n c e i t o s , s o b r e os e v e n to s d e q u e p a r t i c i p a , assim como sobre si mesmo e

s u a a t u a ç ã o , s u a s vantagens e limitações pessoais, seus êxitos e s u a s d e r r o t a s , s e u presente e seu futuro.

R e su m e n LA GERENCIA INTERINSTITUCIONAL: EL LIDERAZGO DE ESPACIOS ABIERTOS La c r e c i e n t e c o m p l e d i d a d organizacional y el e ntrejuego d e a c to res sociales c a d a vez m ás n um erosos e in te rd ep e n d ien te s obligan al g e re n te a u n a lab o r c o n s t a n t e d e e v a l u a c i ó n , r e p l a n t e a m i e n t o , r e d i s e n o estratégico y negociación, lo cual g e n e r a n u e v o s p a r a d i g m a s g e r e n c i a l e s y r e q u i s i t o s d e personalidad. A b stra c t CROSS-INSTITUTIONAL MANAGEMENT: LEADERSHIP IN OPEN SPACES T h e g r o w i n g o r g a n i z a t i o n a l c o m p l e x i t y a n d t h e c r o s s e d influences of the social actores, d a ily m o r e n u m e r o u s a n d i n t e r d e p e n d e t , o b l i g e t h e

(15)

G estão interinstitucional: liderando espaços abertos

m annagcr to constantly work on th c e v a lu a tio n , q u c s ti o n n in g , r e d e f in i ti o n o f s tr a te g ic s and n e g o c i a t i o n , w h ic h g c n c r a t e ncw mannagerial paradigms and personality requirem ents.

T ítu lo o rig in a l: La G e r e n c ia Interinstitucional: el liderazgo de espacios abiertos. Publicado em janeiro d e 1995 na Revista do CLAD - Reforma y Democracia, n°. 3, pp. 115-128.

Traduzido com autorização dos editores.

Luis Rodríguez-Mena é mestre em C iên cia P olítica p e la Universidade Simón Bolivar.

Referências

Documentos relacionados

A antracnose, causada pelo fungo Colletotrichum graminicola, é a mais importante doença da cultura do sorgo (Sorghum bicolor) no Brasil.. O fungo Colletotrichum graminicola

Therefore, the main goal of this study was to test pairwise variants from metabolism, trafficking and endocytosis of lipid (rs429358 and rs7412 APOE, rs744373 BIN1, rs3764650 ABCA7

No mês de agosto muitos consumidores estão com uma menor renda disponível para o pagamento das dívidas anteriores, tendo em vista os gastos com viagens e passeios nas

O arquivo de hash é uma representação do sistema de arquivos, contendo, ao invés dos blocos de dados de 4096 bytes, blocos de assinaturas digitais de 20 bytes, e

Ficam os participantes, cientes, desde já, que não poderão utilizar de meios escusos para adquirir as notas/cupons fiscais ou comprovantes de compra para participar desta promoção

Como é do nosso conhecimento, lá pelos meados de 1995 ocorreu a intervenção do Banco Central no Banco Econômico. Àquela época os correntistas e investidores em produtos

 O RM CoolClamp deve ser operado somente na orientação e na posição de instalação específica para isso..  Deve-se assegurar que nenhum líquido entre

Por outro lado, instrumentos de gestão, como o enquadramento dos corpos hídricos, necessitam de ferramentas que indiquem o comportamento e o atendimento das