Epidem iologia
e Serviços de Saúde
R E V I S T A D O S I S T E M A Ú N I C O D E S A Ú D E D O B R A S I L| Volume 14 - Nº 1 - janeiro / março de 2005 |
ISSN 1679-4974
Epidemiologia
eServiçosdeSaúde
Arevista
EpidemiologiaeServiçosdeSaúde
doSUS
édistribuídagratuitamente.Pararecebê-la,escrevaà
SecretariadeVigilânciaemSaúde-SVS
MinistériodaSaúde
EsplanadadosMinistérios,BlocoG,edifício-sede,1ºandar,sala119
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I SS N1679-4974
R E V I S T A D O S I S T E M A Ú N I C O D E S A Ú D E D O B R A S I L
ISSN1679-4974
EpidemiologiaeServiçosdeSaúde/Secretaria deVigilânciaemSaúde.-Brasília:Ministério
daSaúde,1992-Trimestral
ISSN1679-4974 ISSN0104-1673
ContinuaçãodoInformeEpidemiológico doSUS.Apartirdovolume12número1, passaadenominar-seEpidemiologiae ServiçosdeSaúde
EditorGeral
JarbasBarbosadaSilvaJúnior-SVS/MS
EditoraExecutiva
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EditordeTexto
ErmenegyldoMunhozJunior-SVS/MS
EditorGráfico
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ProjetoEditorial
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ProjetoGráfico
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NormalizaçãoBibliográfica
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EditoraçãoEletrônica
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Tiragem
7
15
33
41
69
Editorial
Perfilepidemiológicodatuberculoseentrecasosnotificados
noMunicípiodePiripiri,EstadodoPiauí,Brasil
EpidemiologicalProfileofTuberculosisamongNotifiedCasesintheMunicipalityofPiripiri,PiauíState,Brazil MárcioDênisMedeirosMascarenhas,LiliamMendesAraújoeKeilaRejaneOliveiraGomes
AvaliaçãodoSistemadeVigilânciadeHantavírusnoBrasil
EvaluationoftheHantavirusSurveillanceSysteminBrazilElizabethDaviddosSantoseDeniseOliveiraGarrett
TétanoacidentalnoEstadodeSantaCatarina,Brasil:aspectosepidemiológicos
Non-NeonatalTetanusinSantaCatarinaState,Brazil:EpidemiologicalAspectsIlseLisianeViertel,LucianaAmorimeUdsonPiazza
AnálisedaEstratégiaGlobalparaAlimentação,AtividadeFísicaeSaúde,da
OrganizaçãoMundialdaSaúde
AnalysisoftheGlobalStrategyonDiet,PhysicalActivityandHealthoftheWorldHealthOrganization SandhiMariaBarreto,AneliseRizzolodeOliveiraPinheiro,RoselySichieri,CarlosAugustoMonteiro,MalaquiasBatistaFilho, MariaInêsSchimidt,PauloLotufo,AnaMarlúciaAssis,ValériaGuimarães,ElisabettaGiocondaIoleGiovannaRecine,CésarGomesVictora, DeniseCoitinhoeValériaMariadeAzeredoPassos
N
estasuaprimeiraediçãode2005,a
EpidemiologiaeServiçosdeSaúde:revistadoSistema
ÚnicodeSaúdedoBrasil
apresentaquatroartigosabordandodiferentesaspectosdasaúde
dapopulaçãoedesuasrelaçõescomaspráticasdosserviçosemodelosdeatençãoàsaúde,que,
emumaprimeiraaproximação,parecemdescreverrealidadesgeográficasesociaismuitodistintas.
Doisdelestratamdedoençasinfecciosas:ocomportamentodotétanoacidentalemumaunidade
federadadaRegiãoSul;
1eascaracterísticasepidemiológicasdatuberculoseemMunicípiodeporte
médiolocalizadonoEstadodoPiauí.
2Naperspectivadomodelodetransiçãoepidemiológica,esses
agravosseriampersistentes–adespeitodosavançosdoconhecimentotécnico-científico–,refletindo
afaltadeeqüidadenoacessoàatençãoàsaúdeeabaixaresolubilidadedosserviçosoferecidospelo
SistemaÚnicodeSaúde(SUS).
OartigosobretétanoapresentaessaquestãoemSantaCatarina,umdosEstadoscommelhoríndicede
desenvolvimentohumanodoPaís,boainfra-estruturadeserviçoseprogramasdeSaúdePúblicaimplan-tados.Émostradoque,nesseEstado,otétano,aocontráriodoquesepoderiaesperar,constituiproblema
predominanteentreaquelesresidentesnascidades,pertencentesaosexomasculinoeidosos.
OartigoqueanalisaatuberculosenoMunicípiodePiripiri,Piauí,mostracomoessaendemia,ca-racterísticadosgrandescentrosurbanos,jáintegraoperfilepidemiológicodeMunicípiosdemenor
porte.ComoacontecenoestudosobreotétanoacidentalemSantaCatarina,oartigosobretuberculose
nacidadedointeriorpiauiensedestacaapredominânciadadoençaemresidentesdasáreasurbanas,
idososedosexomasculino.Outrasimilaridadeentreosdoistrabalhoséaconstataçãodapersistência
dosproblemasqueabordam,apesardosindicadoresoperacionaisdasaçõesprogramáticaspertinentes
serembemmelhoresdoqueosparâmetrosconsideradosadequadospelasnormastécnicasnacionais,
edoqueasmédiasdoPaís.
Ésabidoqueapresençaemagnitudedessesproblemasnãopodeserdetodoexplicadapelasdesi-gualdadesterritoriais,persistênciadebolsõesdemisériaeexclusãodoprocessodedesenvolvimento
emesmoinsuficiênciadecoberturaequalidadedosserviços.Entretanto,osresultadosapresentados
pelosdoisestudosdescritivosrevelamospapeisdogêneroedaurbanizaçãonaproduçãosocialdesses
agravos,apontandoparaoentendimentodequemuitasdoençasinfecciosasexpressamumpadrãore-sultantedodesgasteedaexclusãoaqueforamsubmetidosgrandescontingentesdetrabalhadores,nas
décadasanterioreseatéhoje,porummodelodedesenvolvimentodesigualeintegrado:principalmente
ostrabalhadoresmigrantesdogêneromasculino,procedentesdeáreasrurais,quechegamàidadeadulta
envelhecidos,prematuramente,semhaveremrecebidoaatençãoprioritáriadoEstadonaformulação
depolíticasdesaúde.
OsdoisoutrosartigosenfocamdimensõesdistintasdaSaúde,vinculadasàrecenteintegraçãodoPaís
naeconomiaglobal.
Aanálisedomodelodeinformaçãodahantavirose,
3umadasdoençasclassificadascomoemergentese
demaiorrelevância,destacaaimportânciadainvestigaçãodecampolocaledeumsistemadeinformação
denívelnacionalparaavigilânciadeumnovoproblemaglobal–associadoàsmudançasambientais
decorrentesdastransformaçõesnosprocessosprodutivosnocampo–,queimpõeaarticulaçãoentre
asáreasdaSaúdeedoMeioAmbienteeasvigilânciasepidemiológicaeambiental.
Oquartoestudo,talvezomaisinstigante,discuteafundamentaçãocientíficadapropostadaOrganização
cuidadosadequados,deverálevaraumgrandeaumentodamorbidadeedamortalidadeparaumimpor-tanteconjuntodeagravos,refletindo-seemincapacitaçãoprecoce,sofrimentoecrescentescustospara
aSaúde.Osproblemasdescritosnesseartigonãopodemsercompreendidosouequacionadosapartir
deumacompreensãolimitadadoconceitodesaúdeedemodelosassistenciaisorientadosapenasparao
atendimentomédico-hospitalar.Somadosaosagravosporcausasexternas,elesconstituemumconjunto
quepode,muitobem,serdescritocomodeagravosdecorrentesdedistúrbiosdoconsumo.
Asquestõesdaarticulaçãodosníveislocal,nacionaleglobal,bemcomodasdimensõesdodesgaste
noprocessodetrabalhoedaproduçãoampliadadeagravosresultantesdedistúrbiosdoconsumo,se
nãoseencontramexplicitadasnessestrabalhos,ressaltamdosseusdadoseanálisesapresentadose
mostramanecessidadedenovosmodelosconceituaisquesuperemaquelescentradosnaconcepção
simplificadoradatransiçãoepidemiológicacomoprojetohistórico.
PauloChagastellesSabroza MembrodoComitêEditorial
Referênciasbibliográficas
1. ViertelIL,AmorimL,PiazzaU.TétanoacidentalnoEstadodeSantaCatarina,Brasil:aspectosepidemiológicos. EpidemiologiaeServiçosdeSaúde2005;(14)1:33-40.
2. MascarenhasMDM,AraújoLM,GomesKRO.Perfilepidemiológicodatuberculoseentrecasosnotificadosno MunicípiodePiripiri,EstadodoPiauí,Brasil.EpidemiologiaeServiçosdeSaúde2005;(14)1:7-14.
3. SantosED,GarrettDO.AvaliaçãodoSistemadeVigilânciadeHantavírusnoBrasil.EpidemiologiaeServiçosdeSaúde 2005;(14)1:15-31.
Resumo
EmboraconhecidadesdeaAntiguidade,atuberculosecontinuapreocupandoasautoridadessanitáriasatéosdiasdehoje. OpresenteestudodescreveoperfilclínicoeepidemiológicodadoençaentrecasosnotificadosàSecretariaMunicipalde SaúdedePiripiri,EstadodoPiauí,noperíododejunhode1997aoutubrode2000.Osdadosforamcoletadosapartirdas FichasdeInvestigaçãoIndividualdadoençaedoLivrodeRegistroeControledeTratamentodosCasosdeTuberculosee,a seguir,processadospelosoftwareEpiInfo6.04b.Verificou-sepredomíniodadoençaempessoasdosexomasculino(61,4%), adultosjovens(40,2%)eanalfabetos(68,4%).Aincidênciafoide82,4e80,2casospor100.000habitantes,respectivamente, nosanosde1998e1999.Comrelaçãoaosaspectosclínicos,93,1%dosdoentesapresentaramtuberculosepulmonar.De todososcasos,abaciloscopiafoirealizadaem93,1%;destes,75,5%apresentaramresultadopositivo.Aradiologiatorácica foiempregadaem34,5%dosenfermos.Quantoàevoluçãodoscasos,91,7%foramcurados,ocorreramdezcasosdeóbito (6,9%)eapenasumcasodeabandono(0,7%)doProgramadeControledeTuberculose(PCT)doMunicípio.Ainvestigação possibilitouconhecercaracterísticasdatuberculosenapopulaçãoestudada,alémdeavaliar,indiretamente,oserviçode saúdedirigidoaocontroledadoençaemPiripiri-PI.
Palavras-chave:tuberculose;epidemiologia;estudosdeavaliação.
Summary
Althoughknownsinceancienttimes,tuberculosiscontinuestopreoccupymedicalauthoritiesnowadays.Thiswork describestheclinicalandepidemiologicalprofileoftuberculosiscasesnotifiedtothehealthdepartmentintheMuni-cipalityofPiripiri,PiauíState,fromJune1997toOctober2000.DatafromindividualTuberculosisInvestigationFiles andTuberculosisCaseRegistrywerecompiled.DatawereprocessedusingEpiInfo6.04bsoftware.Diseaseoccurred predominantlyinmales(64.4%),youngadults(40.2%),andilliteratepersons(68.4%).Theincidencewas82.4and 80.2per100,000inhabitantsin1998and1999,respectively.Inregardtotheclinicalpresentation,93.1%ofpatients hadpulmonarytuberculosis.Bacilluscopywasdonein93.1%ofthepatients,ofwhich75.5%hadapositiveresult. Chestx-rayswereperformedin34.5%ofpatients.AmongcasestreatedbytheMunicipalTuberculosisControlProgram
(PCT),91.7%werecured,6.9%diedand0.7%(1case)abandonedtreatment.Thisinvestigationpermitsanimproved understandingofthecharacteristicsoftuberculosisinthestudypopulationandenablesanindirectevaluationof healthservicetreatmentofthisdiseaseinPiripiri,Piauí.
Keywords:tuberculosis;epidemiology;evaluationstudies.
EpidemiologicalProfileofTuberculosisamongNotifiedCases
intheMunicipalityofPiripiri,PiauíState,Brazil
MárcioDênisMedeirosMascarenhas
CentrodeCiênciasdaSaúde,UniversidadeFederaldoPiauí,Teresina-PI LiliamMendesAraújo
CoordenaçãodeDoençasSexualmenteTransmissíveis,SecretariadeEstadodaSaúdedoPiauí,Teresina-PI KeilaRejaneOliveiraGomes
CentrodeCiênciasdaSaúde,UniversidadeFederaldoPiauí,Teresina-PI
entrecasosnotificadosnoMunicípiodePiripiri,
EstadodoPiauí,Brasil
Introdução
Atuberculoseéumadoençainfecciosacrônicaque acompanhaaespéciehumanadesdeosprimórdios da História. Hoje, ela se apresenta como um dos problemasquemaistêmpreocupadoasautoridades sanitáriasdetodoomundo,devidoàsuacrescente incidênciaemdiferentesgrupospopulacionais.1,2
SegundoestimativasdaOrganizaçãoMundialda Saúde(OMS),umterçodapopulaçãomundialestá infectadapeloMycobacteriumtuberculosisque,a cadaano,fazadoecer8milhõesdepessoasematar 2,9 milhões. Dos 8 milhões de casos anuais, 95% ocorrem em países em desenvolvimento. A tuber-culose é um problema social resultante de vários elementos intervenientes como renda familiar bai-xa, educação precária, habitação ruim/inexistente, famílias numerosas, adensamentos comunitários, desnutrição alimentar, alcoolismo, doenças infec-ciosasassociadas.3,4
Figuram,ainda,comocoroláriosdoaumentoda morbimortalidadedatuberculose,adeterioraçãodo serviçopúblicodesaúde,afalhanadistribuiçãode drogasantituberculosaseafaltadepessoaltreinado paraodiagnóstico,anotificaçãoeoacompanhamento dopacientecomtuberculose.5
Diversosestudos6-9comprovamqueasdificuldades
paracontrolaratuberculoseaumentaramcomoadven-todasíndromedaimunodeficiênciaadquirida(aids), pormeiodaco-infecçãoM.tuberculosis/HIV,tantonos paísesdesenvolvidosquantonaquelesemdesenvolvi-mento.AinfecçãopeloHIV,ovírusdaimunodeficiência humana,constituiomaiorfatorderiscoparaadoecer portuberculoseemindivíduospreviamenteinfectados pelobacilo.Poroutrolado,atuberculoseéumadas primeirascomplicaçõesentreosinfectadospeloHIV, surgindoantesdeoutrasinfecçõesfreqüentes,emrazão damaiorvirulênciadobacilo.3
Entreospaísescommaiornúmerodecasosdetu-berculose,oBrasilocupao15olugar,apresentando,a
cadaano,cercade90.000novosinfectadospelobacilo deKoch.10,11Deacordocomosresultadosdaúltima
avaliaçãodoProgramadeControledaTuberculose, doMinistériodaSaúde,aincidênciadadoençavem-semantendoelevadanopaís(48casospor100.000 habitantes,em1999).12-14
A Região Nordeste ocupa o segundo lugar em
númerodecasosnoBrasil,comcercade22.244no-tificaçõesparaoanode2002,perdendoapenaspara aRegiãoSudeste,que,nomesmoano,apresentava 36.227casosnotificados.EntreosEstadosnordesti-nos,oPiauíapareceemsextolugar,com1.263casos registradosdadoença.11
Comafinalidadedecorrigirou,pelomenos,mi-noraressasituação,foilançado,em1999,oPlano Nacional de Controle da Tuberculose (PNCT), defi-nindo a doença como questão de prioridade entre as políticas governamentais de Saúde Pública. Um conjuntodeaçõesdescentralizadas,sobresponsabi-lidadedediferentessetoresdoMinistériodaSaúde edasSecretariasdeEstadoeMunicipaisdeSaúde, estabeleceu diretrizes e fixou metas para o alcance dosobjetivosdoPlano:
a) ImplementaracoberturadoPNCTem100%dos Municípios.
b)Diagnosticarpelomenos92%doscasosesperados etratar,comsucesso,aomenos85%deles. c) Reduziraincidênciadadoençaem50%easua
mortalidadeemdoisterços.15,16
Paraconhecermelhorasituaçãogeraldatuber- culosenoMunicípiodePiripiri,EstadodoPiauí,de-cidiu-serealizaropresenteestudocomoobjetivode caracterizar,clínicaeepidemiologicamente,oscasos detuberculosenotificadosàSecretariaMunicipalde Saúde(SMS),pormeiodasuaDivisãodeVigilância Epidemiológica,noperíododejunhode1997aou-tubrode2000.
Metodologia
OMunicípiodePiripirisitua-seaonortedoEstado doPiauí,maisprecisamentenamicrorregiãodoBaixo Parnaíba,distante168kmdacapitaldoEstado.Sua populaçãoéestimadaem61.045habitantes,dosquais 73%sãoresidentesnazonaurbana.17Essecontingente
populacionaldispõedosserviçosdesaúdeoferecidos porumhospitalcom90leitos,umcentrodesaúdee
13postosdesaúde,seisnazonaurbanaesetenazona rural.Atualmente,oProgramaSaúdedaFamília(PSF), implantadonoMunicípio,contacom14Equipesde SaúdedaFamília(ESF),representandoumacobertura de74,08%dapopulaçãolocal.18
Ospacientescomsuspeitadetuberculosesãoen-caminhadosaoCentrodeSaúdeDr.AdautoCoelhode RezendepelosAgentesComunitáriosdeSaúde(ACS), demaismembrosdasESFeoutrosprofissionaisda rededesaúdelocal,pararealizaçãodeexamediag-nóstico (baciloscopia – pesquisa de BAAR – e/ou raioXdetórax).Havendoconfirmaçãodiagnóstica, o paciente é inscrito no Programa de Controle da Tuberculose(PCT),sendoocasodevidamenteno-tificadoàDivisãodeVigilânciaEpidemiológica/SMS. Então, inicia-se o tratamento padronizado, que, segundo normas do Ministério da Saúde,16 tem
duraçãomínimadeseismeses,fornecendo-se,para cada paciente inscrito, medicação tuberculostática suficiente para um mês, a cada consulta realizada mensalmente. Durante todo o tratamento, a admi-nistraçãodetuberculostáticosésupervisionadapelos ACS,implementando-seaestratégiaDOTS(Directly ObservedTherapyShortCourse).19
Compõemapopulaçãodeestudotodasaspessoas inscritasnoPCTdePiripiri,noperíododejunhode 1997aoutubrode2000.Oscasosdetuberculoseem acompanhamentovêmsendorelacionadosnoLivrode RegistroeControledeTratamentodosCasosdeTuber-culosee,desdejunhode1997,investigadospormeio daFichaIndividualdeInvestigação(FII)doSistemade InformaçõesdeAgravosdeNotificação(Sinan).Dessa forma,oLivrodeRegistroeasFIIconstituíram-seem fontesdosdadosdesteestudo.
Aseleçãoinicialdoscasosfoifeitautilizando-seas FIIdepacientesinscritosnoPCTapartirdejunhode
1997,mêsdeiníciodautilizaçãodasFIIpelocentro desaúdedoMunicípio.Apósocumprimentodessa etapa,paracadacasoselecionado,opacientefoiiden-tificadonoLivrodeRegistro,observando-seadatado términodotratamento.Comooperíodomínimode tratamentodadoençaduraseismeses,asinformações disponíveisacercadoscasosconcluídosàépocada coletadosdados(maiode2001)correspondiamaos pacientesinscritosatéoutubrode2000,justificando-seoperíodoinvestigadocomoaquelecompreendido entrejunhode1997eoutubrode2000.Logo,foram definidasasseguintesvariáveisdeinclusãonacoorte: datadeinscriçãonoPCT(apartirde1ºdejunhode 1997);edatadotérminodotratamento(até31de outubrode2000).
Paraacoletadedados,umformulário-padrão,pré- codificadoepré-testado,levantouinformaçõesclínico-epidemiológicaspertinentesaoscasosestudados.
Antesdeseiniciaracoletadosdados,foisolicitado oconsentimentoesclarecidodogestordocentrode saúde,sendo,paratanto,garantidooanonimatodos pacientes.
OsdadosforamprocessadosnosoftwareEpiInfo, versão6.04b20eanalisados,posteriormente,mediante
distribuiçãodasfreqüências,médiaecomparaçãodos resultadoscomaliteraturaespecífica.
Resultados
Duranteoperíododejunhode1997aoutubrode 2000,foramnotificados145casosdetuberculoseà SecretariaMunicipaldeSaúdedePiripiri.Pelaanálise daTabela1,constata-seque,doscasosestudados,89 (61,4%)eramdosexomasculino.Aidademédiada populaçãofoide42,6anos(excluídos7casos–4,8% –,comidadeinferiora15anos).Paraoshomens,a médiadeidadefoide42,3anos;eparaasmulheres, 43,0anos.Observou-sequeoadultojovem,naidade produtivade21e40anos(40,2%),foiomaisatingido pelatuberculose.Observe-se,também,quepredomi-naram indivíduos analfabetos (68,4%) e residentes emPiripiri(84,8%),principalmentedazonaurbana (79,3%).
Em1998,oCentrodeSaúdeDr.AdautoCoelhode Rezendenotificou49casosdetuberculose,obtendo-se,paraaqueleano,coeficientedeincidênciade82,4 por100.000habitantes.Ocoeficientedeincidência paraoanode1999foide80,2casosdetuberculose
Tabela1- CaracterísticasdemográficasdoscasosnotificadosdetuberculosenoMunicípiodePiripiri, EstadodoPiauí.Brasil,1997-2000
Características Freqüênciadoscasos N % Sexo
Masculino Feminino
Idade(emanoscompletos)
01-10 11-20 21-30 31-40 41-50 51-60 61-70 71e+
Escolaridadea
Analfabeto Ensinofundamental Ensinomédio
ResidenteemPiripiri
Sim Não
Áreaderesidência
Zonaurbana Zonarural
89 56
4 15 28 30 20 19 17 12
91 35 7
123 22
115 30
61,4 38,6
2,8 10,3 19,3 20,7 13,8 13,1 11,7 6,3
68,4 26,3 5,3
84,8 15,2
79,3 20,7
a)Excluídos12casoscominformaçãonãoregistrada,ignoradaousemaplicação.
Fonte:MinistériodaSaúde,SistemadeInformaçãodeAgravosdeNotificação;SecretariaMunicipaldeSaúdedePiripiri,DivisãodeVigilânciaEpidemiológica.
por100.000habitantesdePiripiri.Observe-se,ainda, queonúmerodecasosnotificadosemPiripiricor-respondeuamenosde4%doscasosdetuberculose notificadosnoEstadodoPiauí(Tabela2).
A Tabela 3 apresenta a distribuição dos casos notificadossegundoaformaclínicadatuberculose. Independentementedafaixaetáriaanalisada,aforma pulmonarestevepresentenaquasetotalidadedoscasos (93,1%),enquantoosrestantes(6,9%)apresentaram asformasextrapulmonaresdadoença.
Abaciloscopia,importanteinstrumentodiagnóstico paraatuberculose,foirealizadaem93,1%dos145 casos notificados da doença nos anos pesquisados. Segundoadistribuiçãodosachadosradiológicosna populaçãodeestudo,verifica-sequeoresultadoda radiologiadotóraxfoide“Suspeitodetuberculose pulmonar”em50pacientes(34,5%),enquantonos outros95pacientes(65,5%)oestudoradiológicodo tóraxnãofoirealizado.Éinteressanterelacionaresse achadocomonúmerodepessoasqueapresentaram aformapulmonardetuberculose(Tabela4).
Quantoàcondiçãodesaídadopacienteinscrito noProgramadeControledaTuberculose,detodosos casosdetuberculosenotificadosemPiripirieconstan-tesdopresenteestudo,ataxadecurafoide91,7%. Ocorreuóbitoem6,9%dospacientes,havendoapenas um caso de abandono (0,7%) e uma transferência (0,7%)paratratamentoemoutroMunicípio.
Discussão
EmPiripiri,atuberculoseafetoumaisindivíduosdo sexomasculino,comidadeentre21e40anos,dados semelhantesaosachadosdepesquisarealizadaemnível nacional.21
Abaixaescolaridadedapopulação,princi-palmentecompostaporanalfabetos,revela-secomoum fatorimportante,poisaprevalênciadadoençarelacio-na-secomobaixograudeescolaridade,umdosfatores deriscoquemaisconcorremparaanão-aderênciaao tratamentodatuberculose.4,12Abaixaescolaridadeé
Tabela2-Distribuiçãodoscasosnotificadosdetuberculosesegundoano,localecoeficientesdeincidência (por100.000habitantes)noMunicípiodePiripirienoEstadodoPiauí.Brasil,1998e1999
Ano Piauí Piripiri
Notificação Incidência Notificação Incidência 1998
1999
1.397
1.360
51,4
49,7
49
48
82,4
80,2
Fonte:MinistériodaSaúde,SistemadeInformaçãodeAgravosdeNotificação;SecretariaMunicipaldeSaúdedePiripiri,DivisãodeVigilânciaEpidemiológica.
Tabela3-Distribuiçãodoscasosnotificadosdetuberculosesegundoaformaclínica,noMunicípiodePiripiri, EstadodoPiauí.Brasil,1997-2000
Formaclínica Freqüênciadoscasos N % Pulmonar
Pleural Ganglionar Miliar Outras
135
4
2
1
3
93,1
2,8
1,4
0,6
2,1
TOTAL 145 100,0
Fonte:MinistériodaSaúde,SistemadeInformaçãodeAgravosdeNotificação;SecretariaMunicipaldeSaúdedePiripiri,DivisãodeVigilânciaEpidemiológica.
Tabela4-Distribuiçãodoscasosnotificadosdetuberculosesegundooresultadodabaciloscopia,noMunicípio dePiripiri,EstadodoPiauí.Brasil,1997-2000
Baciloscopia Freqüênciadoscasos N % Positiva
Negativa Nãorealizada
102
33
10
70,3
22,8
6,9
TOTAL 145 100,0
tuberculoseesãoresponsáveispelamaiorincidência daenfermidadeepelamenoraderênciaaorespectivo tratamento.
OMinistériodaSaúde22assinalaque,nopaís,15%
doscasosdetuberculosepoderiamocorrernafaixa etária de zero a 14 anos. No Município de Piripiri, esse percentual foi de apenas 4,8%, observando-se discrepânciaentreospercentuaispressupostoseos encontradosparaosmenoresde15anos.Amesma divergênciaderesultadosfoidetectadaquandosein-vestigouasituaçãoepidemiológicadatuberculoseno MunicípiodoRiodeJaneiro,comparando-seaincidên-ciadadoençanosgruposde0-14anosedemaioresde 14anos.Aspossíveisexplicaçõesparaessasituação, segundoestesautores,encontram-senaeficiênciado serviçomunicipaldesaúde,noefeitocumulativodos programasdevacinaçãoemmassacomBCGouemum possívelequívoconapressuposiçãoministerial.23
Sobreaprocedênciadospacientesemtratamento, embora o PCT esteja funcionando em Municípios circunvizinhosaPiripiri,aindasãonotificadosetra-tados,nesteMunicípio,doentesprocedentesdeoutros, comoosMunicípiosdeBrasileira,CapitãodeCampos, PiracurucaeCampoMaior.Talocorrênciapodeser explicadapelofatodeatuberculoseserumadoença estigmatizada,fazendocomqueosinfectadosprocu-remassistênciaemserviçosdistantesdoseuMunicípio deresidência,natentativadeesconder,atémesmoda própriafamília,acondiçãode“tuberculoso”.
Apredominânciadaformapulmonarentreoscasos doestudocoincidecomadistribuiçãoestimadapara oBrasilpeloMinistériodaSaúde22(90%)ecomos
resultadosobtidosemSantaCruz,Bolívia,24enaRegião
doMunicípiodeBauru,EstadodeSãoPaulo,7ondefoi
detectadaaformapulmonardatuberculoseem,respec-tivamente,92,2%e88,8%dosdoentesestudados.Por outrolado,comfreqüênciamenor,aformapulmonar datuberculoseocorreuem66,7%doscasosestudados noMunicípiodeLondrina,EstadodoParaná.13
Pode-se justificar a maior incidência da forma pulmonardetuberculose,detectadanamaioriados estudos,7,22,24pelofatodeospulmõesseremórgãos
comaltasconcentraçõesdeoxigênio,tornando-seo localpreferencialparaainstalaçãodoMycobacterium tuberculosis,bactériaaeróbicaestrita.25
Outras possíveis explicações para os resultados encontrados em Piripiri seriam: a) falta de meios diagnósticos para a forma extrapulmonar da
tuber-culose,associadaàausênciademédicosespecialistas noMunicípio;b)eficiênciadodiagnósticodaforma pulmonar; c) procura sistemática de sintomáticos respiratóriospelasESF;ou,ainda,d)boacobertura vacinalcomBCG.18
Comreferênciaaosrecursosdiagnósticos,abacilos- copiaapresentouresultadopositivoem70,3%dosca-sos,valorpraticamenteigualaos70%estimadosparao paíspeloMinistériodaSaúde,22considerandoamaioria
dapopulaçãoestudadacomopessoascomidadesupe-riora14anos.Abaciloscopiaconsistenapesquisade bacilosálcool-ácido-resistentes(BAAR),comoéocaso doM.tuberculosis,noescarroouaspiradopulmonar, apóscoloraçãopelatécnicadeZiehl-Nielsen.Éoexame maisdifundido,rápidoecomavantagemdepoderser executadoemlocaisdepoucosrecursos.26
Concernenteaoestudoradiológicodotórax,embo-raamaioriadapopulaçãodeestudotenhaapresentado aformapulmonar,apenas1/3dessecontingentese submeteuaoestudoradiológicodasestruturastorá-cicas.Trata-sedeumasituaçãoaceitável,apartirda premissadequeumcasodetuberculosepulmonar pode ser confirmado quando o paciente apresenta, aomenos,duasbaciloscopiaspositivas,anulando-se, nesse caso, a necessidade de um diagnóstico por imagemradiológica.22
Comtaxadecuramaiorque90%,oPCTdePiripiri mostrou-seefetivo,pois,segundoocritériopreconiza-dopelaOMSparaocontrolemundialdatuberculose, espera-sedeumprogramadecontroleeficienteque, minimamente,85%doscasosdiagnosticadosdadoença sejamcurados.Aefetividadedoserviçotambémfoicon-firmadapelataxadeabandonodetratamentodeapenas 0,7%,muitoinferioraos10%toleradospeloMinistério daSaúde.22
Essesresultadosparecemindicarumgran-decomprometimentodosprofissionaisqueorientam emantêmaterapêuticaantituberculoseemnívellocal, participandodasatividadesdeenfrentamentodadoen-ça,desdeaprevençãoaotratamentoecura.
Opercentualdeóbitos(6,9%)entreospacientes estudadosfoiinferioraos9%encontradosnainves-tigaçãodosaspectosepidemiológicosdatuberculose naRegiãodeBauru-SP.7EmPiripiri-PI,contudo,não
mortalidadeportuberculosenapopulaçãodoMunicí-pio,serianecessárioinvestigaracausabásicadecada óbitoeincluircasossuspeitos,oquenãoseaplicaaos objetivosdestetrabalho.
Finalmente, os resultados obtidos possibilitaram conhecerascaracterísticasdoscasosnotificadosde
tuberculoseeavaliar,deformaindireta,aqualidade doProgramadeControledaTuberculosecoordenado peloserviçomunicipaldesaúdedePiripiri,expressa nasuaaltataxadecuraemínimoíndicedeabandono dotratamentoparaadoença.
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Resumo
Asíndromecardiopulmonarporhantavírus(SCPH),umaformagravedeinfecçãoporhantavírus,foiidentificadano continenteamericanoem1993,nosEstadosUnidosdaAmérica(EUA).Nomesmoano,umsurtodeSCPHocorreunoBrasil, noMunicípiopaulistadeJuquitiba.Comosobjetivosdedescreveroscomponenteseanalisarosatributos,autilidadeeos recursosnecessáriosparaoperaçãodoSistemadeVigilânciadeHantavírusnoBrasil(SVH),umaavaliaçãofoirealizada.A metodologiautilizadafoibaseadanasDiretrizesparaaAvaliaçãodeSistemasdeVigilância,dosCentersforDiseaseControl andPrevention(CDC,EUA).OsresultadosevidenciaramqueoSVHécomplexo,poucoflexível,instável,combaixaaceita-bilidade,sensibilidade,valorpreditivopositivoerepresentatividade,alémdainsatisfatóriaqualidadedosdados.Ademais,o sistemacarecedegrandesquantidadesderecursos.Entretanto,mostrouserdegrandeutilidadeparadetectarcasosdeSCPH eidentificarsurtos,orientarmedidasdeprevençãoecontroleegerarmudançasnaspráticasclínicasedevigilância.Com basenessesresultados,recomenda-seaosEstadoseMunicípiosque:implementem,deformaplena,açõesdevigilânciada doençaedecapacitaçãodosprofissionaisdesaúde;definamserviçosdereferênciaparanotificação,diagnósticoetratamento; equepromovamousodosdadosdavigilância,adivulgaçãodasinformaçõesparaprofissionaisdesaúdeeainformaçãoà populaçãosobrecomoprevenirasíndrome.
Palavras-chaves:avaliaçãodesistemadevigilância;hantavirose;síndromecardiopulmonarporhantavírus.
Summary
Hantaviruspulmonarysyndrome(HPS),aseriouscomplicationofhantavirusinfection,wasfirstidentifiedon theAmericancontinentin1993,intheUnitedStatesofAmérica(USA).Duringthesameyear,HPSwasalsoidentified inBrazil,intheMunicipalityofJuquitiba,SãoPauloState.Anevaluationwiththeobjectivesofdescribethesystem´s components,analyzeitsattributesandutility,anddescribecostsandresourcesoftheSurveillanceSystemforHanta-virusinBrazil(SVH)wasconductedusingthemethodologydefinedin“GuidelinesforEvaluationofofSurveillance Systems”,CentersforDiseaseControlandPrevention(CDC,USA).Theresultsdemonstratedthatthesurveillancesystem iscomplex,relativelyinflexibleandunstable,anddataquality,acceptability,sensitivity,predictivevaluepositiveand representativenesswerelow,requiringsubstantialresourcestomaintainthesystem.Nevertheless,thesystemwasuse-fultodetectcasesofHPS,toidentifyoutbreaks,toassistpreventionandcontrolmeasures,andtoprovideimportant informationtoguideclinicalpracticeandsurveillance.Basedontheseresultstheauthorsrecommendthatstatesand municipalitiesimplementsurveillanceofhantavirusinfection,strengthenhealtheducationofprofessionals,define notifyingunitsandreferencecentersforclinicalassistanceandpromotetheuseofsurveillancedata.Usefulinfor-mationalsoshouldbedisseminatedinatimelymannertohealthprofessionals,andtothepopulationaboutbetter preventionstrategies.
Keywords:surveillancesystemevaluation;hantavirus;hantaviruspulmonarysyndrome.
EvaluationoftheHantavirusSurveillanceSysteminBrazil
ElizabethDaviddosSantos
ProgramadeTreinamentoemEpidemiologiaAplicadadoSistemaÚnicodeSaúde
GerênciadeDoençasEmergenteseReemergentes,Coordenação-GeraldeDoençasTransmissíveis,
DepartamentodeVigilânciaEpidemiológica,SecretariadeVigilânciaemSaúde,MinistériodaSaúde,Brasília-DF DeniseOliveiraGarrett
CentersforDiseaseControlandPrevention(CDC)Foundation,Atlanta,Georgia,EstadosUnidosdaAmérica Coordenação-GeraldePneumologiaSanitária,SecretariadeVigilânciaemSaúde,MinistériodaSaúde,Brasília-DF
VigilânciadeHantavírusnoBrasil
Endereçoparacorrespondência:
SecretariadeVigilânciaemSaúde,EsplanadadosMinistérios,BlocoG,Sala125,Brasília-DF.CEP:70058-900
Introdução
Asíndromecardiopulmonarporhantavírus,uma formagravedeinfecção,éoprincipalalvodosistema devigilânciadehantavírus(SVH).Essadoençaassume importânciatranscendente,porsuaseveridade,alta taxadeletalidadeecustosocioeconômico.
Ashantavirosespodemsemanifestarsobvariadas formas,desdeumasíndromefebrilatéquadrosmais característicos,comofebrehemorrágicacomsíndro-merenal(FHSR),queocorrenoterritórioeurasiático, easíndromecardiopulmonarporhantavírus(SCPH), presentenocontinenteamericano.1-3
Os vírus causadores das hantaviroses pertencem ao gênero Hantavírus, famíliaBunyaviridae, sendo reconhecidoscincogênerose250espéciesvirais.Es-sesvírustêmcomohospedeiroereservatórioanimal roedorespertencentesàfamíliaMuridae.
OsvírusassociadosàFHSRsãotransmitidospor roedoresdasubfamíliaMurinae.Osvíruscausadores daSCPHsãotransmitidospelosroedoresdasubfamília Sigmodontinae.1-3
Ainfecçãoporhantavírusnossereshumanosacon-tece,maisfreqüentemente,pelainalaçãodepartículas viraisprovenientesdeaerossóisformadosapartirda urina, fezes e secreções contaminadas de roedores silvestres.Supõe-sequeatransmissãotambémocorra pelo contato com mucosas e ferimentos.O período
médiodeincubaçãoéde14dias,variandodedoisa42 dias.Operíododetransmissibilidadenãoéconhecido. Todasaspessoasparecemsersuscetíveis,uniforme-mente.Aproteçãoeaduraçãodaimunidadeconferida pelainfecçãopréviasãodesconhecidas;reinfecções nãotêmsidoobservadas.4
A SCPH foi identificada pela primeira vez, nas Américas,nosEstadosUnidosdaAmérica(EUA),em 1993.2 No mesmo ano, no Município de Juquitiba,
interiordeSãoPaulo,umsurtodadoençaacometeu trêspessoasdeumamesmafamília,comtaxadele-talidadede67,0%.5
De1993a2002,umtotalde1.598casosdadoença foramnotificadosemváriospaísesdocontinenteame-ricano:530(33,0%)naArgentina;344(17,6%)nos EUA;271(17,0%)noChile;254(16,0%)noBrasil; 95(6,0%)noParaguai;38(2,4%)noUruguai;30no Canadá(2,0%);29(1,9%)noPanamá;19(1,0%)na Bolívia;edois(0,1%)naVenezuela.Nesseperíodo, nenhumcasodadoençafoiregistradonoMéxicoe demaispaísesdocontinente.6
NoBrasil,os254casosconfirmadosdeSCPHocor-reramnosseguintesEstados:Paraná,77(30,0%);São Paulo,44(17,0%);MinasGerais,33(13%);Santa Catarina,33(13,0%);RioGrandedoSul,31(11,8%); Mato Grosso, 28 (11,0%); Maranhão, três (1,2%); Pará,dois(0,8%);eGoiás,BahiaeRioGrandedo Norte,comumcasocadaum(0,4%).
AhantavirosenaformadeSCPHéconsideradauma doençaemergente,comváriascaracterísticasbiológi- cas,ambientais,epidemiológicaseclínicasqueneces-sitamsermaisinvestigadas,como,porexemplo: a) período de transmissão da doença, atualmente
desconhecido;
b) comportamentodadoençanotocanteaendemi-cidade,potencialepidêmicoesazonalidade; c) fatoresambientaisqueinfluenciamnoaumentoda
freqüênciadadoença;
d) proteçãoeduraçãodaimunidadeconferidapela doença;
e) ocorrênciadetransmissãopessoaapessoarelacio- nadaaovírusAndes,que,atéomomentodaconclu-sãodesteestudo,sófoiobservadanaArgentina;e f) viabilidade de desenvolvimento de uma vacina
parapreveniraformapulmonardadoença,entre outras.
Normalmente,aocorrênciadeumcasodeSCPH, sobretudoemumnovoMunicípio,gerarepercussão nosmeiosdecomunicaçãodemassaepreocupação napopulaçãogeral.
UmadasprincipaisformasdeprevençãodaSCPH consistenaeducaçãodapopulaçãoedosprofissionais desaúdepara:
a) Evitarcontatohumanocomroedores–prevenção primária.
b) Buscarassistênciamédicanoiníciodoquadro, permitindoodiagnósticoprecoce,principalmente emáreasondeocorreramoutroscasos–preven-çãosecundária.
Osvíruscausadoresdas
c) Implementarterapiaprecoceeficaz,comoobjetivo deevitaraevoluçãodadoençaparainsuficiência respiratóriaechoque,diminuindoaletalidadedos casos–prevençãoterciária.7,8
Comopropósitodeanalisarcomooscomponentes eatributosdoSVHestavamestruturadosefunciona-vam,asuautilidade,osrecursosnecessáriosparaa sua operação e se os seus objetivos estavam sendo alcançados,umaavaliaçãofoiconduzida.
Metodologia
Estaavaliaçãofoirealizadaconsiderandoosistema devigilânciadehantavíruscomopartedoSistemaNa-cionaldeVigilânciaEpidemiológica(SNVE),bemcomo doSistemadeInformaçãodeAgravosdeNotificação (Sinan).9
Critériosdeavaliação: ametodologiadaavalia-çãofoibaseadanasdiretrizesdosCentersforDisease ControlandPreventiondosEUA(CDC),contemplando adescriçãodosistemaeseuscomponentesespecíficos, aavaliaçãodosseusatributosqualitativos(simplicida-de,flexibilidade,qualidadedosdadoseaceitabilidade) equantitativos(sensibilidade,valorpreditivopositivo, representatividade,oportunidadeeestabilidade),bem comoasuautilidadeerecursosdisponíveisparaope-ração.10-12
Ademais,foirealizadaeincluída,nestaavaliação, umaanálisedescritivadetodososcasosconfirmados deSCHPnoBrasil,noperíodode1993a2002.
Fontededados:osdadosreferentesaoscasos confirmados foram obtidos a partir das fichas de investigação epidemiológica de hantavírus (FIEH), recebidasdasSecretariasdeEstadodaSaúde.Esses dados foram digitados em um banco específico do Sinan,noformatoWindows,criadoportécnicosdo nívelfederalpararesgatarasinformaçõesdisponíveis
deanosanteriores,contidasnasFIEH,umavezque ahantavirosepassouaintegrarobancodedadosdo Sinannacionalapartirdoanode2001.
Períododeavaliação:aavaliaçãofoirealizadano períodode1993e2002.Paraalgumasanálisesrefe-rentesàqualidadedosdados,foramconsideradosdois períodosdeavaliação:oprimeiro,de1993a2000, anterioràimplantaçãodafichapadronizadadoSinan; eosegundo,de2001e2002,apósasuaimplantação. Os dados do banco específico do Sinan, referentes aosanosde2001e2002,foramcomparadoscomos dadosdisponíveisnobancodoSinannacional,para omesmoperíodo.
Análise dos dados:as variáveis demográficas, epidemiológicas,ambientais,clínicas,laboratoriaise deconclusãodocaso,comunsatodasasFIEH,foram selecionadasparacomporaavaliaçãodosatributos doSVH.
Os programas computacionais utilizados para consolidareanalisarosdadosforamoTabwineo EpiInfo6.4d.13,14
Resultados
OsobjetivosdoSistemadeVigilânciadeHantavirose noBrasil(SVH)eadefiniçãodecaso,descritosno Guia de Vigilância Epidemiológica do Ministério da Saúde,4sãoosseguintes:
a) Detectarprecocementecasose/ousurtos b) ConhecerahistórianaturaldaSCPHnoBrasil c) Identificarfatoresderiscoassociadosàdoença d) Identificarasespéciesderoedoresreservatórios e) IdentificarosvíruscirculantesnoBrasil
f) Conheceradistribuiçãogeográficadoshantavírus noBrasil
g) Recomendareexecutarmedidasdeprevençãoe decontrole
h) Estudaratendênciadadoença
Definiçãodecaso
1)CasoSuspeito
a) pacientecomdoençafebril,geralmenteacimade 38°C,emialgia.Essequadrotambéméacompanha-dodeumoumaisdosseguintessinaisesintomas: calafrio,astenia,dorabdominal,náusea,vômitoe cefaléiaintensa,insuficiênciarespiratóriaagudade
etiologianãodeterminadaouedemapulmonarnão cardiogêniconaprimeirasemanadadoença;ou b)pacientecomenfermidadeaguda,apresentando
quadrodeedemapulmonarnãocardiogênicocom evoluçãoparaóbito;ou
c) pacientecomhistóriadedoençafebrileexposição àmesmafontedeinfecçãodeumoumaiscaso(s) deSCPHconfirmado(s)laboratorialmente.
2)CasoConfirmado
Critério laboratorial – caso suspeito com os seguintesresultadosdeexamelaboratorial:
a) sorologiareagente/positivaparaanticorposséricos específicoscontrahantavírusdaclassedeimuno-globulinasM-IgM;ou
b)soroconversãoparaanticorposséricosespecíficos daclassedeimunoglobulinasG-IgG(aumentode quatrovezesoumaisnotítulodeIgGentreapri-meiraeasegundaamostras);ou
c) imunohistoquímicadetecidospositiva(identifica-çãodeantígenosespecíficoscontrahantavírus); ou
d)reação em cadeia da polimerase-transcriptase reversa–RT-PCRpositivo.
Critérioclínico-epidemiológico–Indivíduoque tenhafreqüentadoáreasconhecidasdetransmissãode hantavírusoutenhasidoexpostoàmesmasituação deriscodepacientesconfirmadoslaboratorialmente, apresentando,obrigatoriamente,asseguintesaltera-ções:
a) raioXdetóraxcominfiltradointersticialbilateral noscampospulmonares,comousemapresença dederramepleural–quepode,quandopresente, serunioubilateral;
b)hematócritomaiorque45%;e
c) trombocitopenia(númerodeplaquetasmenorque 150mil/mm³).
3)CasoDescartado
Todo caso suspeito que, durante a investigação, tenha diagnóstico confirmado, laboratorialmente, paraoutradoençaouquenãopreenchaoscritérios deconfirmaçãoacimadefinidos.4
Descriçãodoscomponentese operaçãodosistemadevigilância
OtermoVigilânciafoiobjetodeváriasdiscussões defóruminternacional,especialmentedaOrganização
MundialdaSaúde(OMS),tendosofridoalgumasmodi- ficaçõesaolongodosanosesendo,atualmente,defini-docomo“umprocessocontínuodecoleta,análise, interpretação de dados e disseminação imediata àspessoasquedevemconhecê-los,especialmente aquelasqueestãoemposiçãodeagir.”15
NoBrasil,aLeinº8.080,de19desetembrode 1990,queinstituioSistemaÚnicodeSaúde(SUS), conceituavigilânciaepidemiológicacomo“oconjunto deaçõesqueproporcionaoconhecimento,adetec-çãoouprevençãodequalquermudançanosfatores determinantesecondicionantesdesaúdeindividual oucoletiva,comafinalidadederecomendareado-tarasmedidasdeprevençãoecontrolededoençase agravos.”4Portanto,emnossopaís,tambémcompete
àvigilânciaepidemiológicaaadoçãodasmedidasde prevençãoecontrole.
AestruturadoSistemaNacionaldeVigilânciaEpi-demiológica(SNVE)éformadaporumconjuntode instituiçõesdosetorpúblicoedosetorprivadoque, diretaouindiretamente,notificamdoençaseagravos, prestamserviçosagrupospopulacionaisouorientam acondutaasertomadaparaoseucontrole.4
Asdoençasdenotificaçãocompulsóriacapturadas pelosistemadevigilânciaepidemiológicasãoregistra-dasnoSinan,umdospilaresdoSNVE.OSinantempor objetivoregistrareprocessarosdadossobreagravos denotificaçãoemtodooterritórionacional,ofere-cendoinformaçõesnecessáriasàanálisedoperfilda morbidadeecontribuindoparaatomadadedecisões nos níveis municipal, estadual e nacional.4 Embora
o Sinan esteja operando desde 1994, a hantavirose passouaintegrá-loapenasnoanode2001.
OutroimportantepilardoSVHsãooslaboratórios dereferência,definidospelaCoordenação-GeraldeLa-boratóriosdeSaúdePública,daSecretariadeVigilância emSaúdedoMinistériodaSaúde(CGLAB/SVS/MS). ASVS/MSfoicriadapeloDecretonº4.726,de9de junho de 2003, formada a partir do extinto Centro NacionaldeEpidemiologiadaFundaçãoNacionalde Saúde(Cenepi/Funasa).16
(IEC/SVS/MS),deBelémdoPará,eoLaboratóriode HantaviroseeRiquetsiosedaFundaçãoOswaldoCruz (Fiocruz),doRiodeJaneiro-RJ,sãolaboratóriosde referênciaregionalparahantavírus,conformeespe-cificadonaFigura1.
Nossereshumanos,odiagnósticolaboratorialde rotinaéfeitopelastécnicasdeensaioimunoenzimático (ELISAIgMe/ouIgG),apartirdosorodopaciente.Ou-tratécnicautilizadaéaimunohistoquímica,geralmente paraodiagnósticodecasosfatais,quandosedispõe defragmentosdeórgãosoutecidos(pulmões,baço, fígadoelinfonodos).Maisraramente,tem-seutilizado aRT-PCR,técnicadediagnósticomoleculardirigidaa regiõesespecíficasdogenomaviral,apartirdesoroe tecidos.4Nosroedores,sãoutilizadosométodoELISA,
paradetecçãodeanticorposespecíficoscontrahanta-vírusdaclasseIgG,eométodoRT-PCR.4
Normalmente,sãoostécnicosdoslaboratóriosde referência,principalmentedolaboratóriodereferên- cianacional,queconduzemasaçõesdecampo–vigi-lânciaeco-epidemiológicadoshantavírus–,dasquais fazemparteasatividadesdeinvestigaçãoambiental, captura e identificação das espécies de roedores e potenciais reservatórios, bem como a identificação dosvíruscirculantesnoBrasil.
ComponentesbásicosdoSVH
Como parte do SNVE, os componentes do SVH, especificadosaseguir,visamdescreveraorganização easetapasdasatividadesdesenvolvidasnostrêsníveis hierárquicosdegestãodaSaúde,ouseja,municipal, estadualenacional:
1)População-alvo
Todos os indivíduos são susceptíveis à infecção porhantavírus.Portanto,todaapopulaçãobrasileira, particularmenteaquelaexpostaàzonarural,éconsi-deradapeloSVH.
2)Notificação
Anotificaçãoéumaatribuiçãoinerenteaosprofis-sionaisdaáreadaSaúde,especialmenteaosmédicos responsáveispelasuspeitaclínica.Aformadenotifica-çãodoSVHé,essencialmente,passiva,cominvestigação ativadecadacasoapartirdanotificação.Noperíodo de1993a2000,asnotificaçõeseramregistradasem formuláriosespecíficos,porémnãopadronizadosenão informatizados.Apartirdoanode2001,anotificação passouaserregistradanoformuláriopadronizadodo Sinan,disponívelnasSecretariasdeEstadodaSaúde (SES),cujaatribuiçãoédisponibilizá-loàsSecretarias MunicipaisdeSaúde(SMS).
3)Investigaçãoepidemiológica
Todocasonotificadodeveserinvestigadodeime-diato. A investigação de casos é uma atribuição da equipe de vigilância epidemiológica das Secretarias MunicipaisdeSaúdeoudasDiretoriasRegionaisde Saúde,conformeoníveldeorganizaçãodosistema estadual de vigilância epidemiológica. O processo deinvestigaçãotemporobjetivocoletarinformações sobredadosdemográficos,antecedentesepidemiológi-cos,dadosclínicoselaboratoriaisdoscasos.Ademais, incluiumaavaliaçãodetalhadadelocaisonde,prova-velmente,ocorreuainfecção,paraorientarmedidasde
Laboratóriodereferência Estadosdeabrangência InstitutoAdolfoLutz,daSecretariadeEstadodaSaúdedeSão
Paulo,SãoPaulo-SP
InstitutoEvandroChagas,daSecretariadeVigilânciaemSaúde doMinistériodaSaúde,Belém-PA
FundaçãoOswaldoCruz(Fiocruz),doMinistériodaSaúde,Rio deJaneiro-RJ
SãoPaulo,Paraná,SantaCatarina,RioGrandedoSul,Goiás,Distrito FederaleMatoGrossodoSul
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