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LOCAL DE CRIME: ESPAÇO E VÍTIMAS DE EXECUÇÃO NO MUNICÍPIO DE MARITUBA, REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM – PARÁ (2011 A 2013).

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9 977 LOCAL DE CRIME: ESPAÇO E VÍTIMAS DE EXECUÇÃO NO MUNICÍPIO

DE MARITUBA, REGIÃO METROPOLITANA DE BELÉM – PARÁ (2011 A 2013)

Wellington de Pinho ALVAREZ1 João Marcio PALHETA DA SILVA2 Christian NUNES DA SILVA3

Resumo

A violência letal esta presente e propagada por todo território municipal, nos anos de 2011 a 2013 foram registrados mais de 200 homicídios, onde todos os bairros do município de Marituba obtiveram ao menos um registro. O que demostra a complexidade e a volúpia dos conflitos sociais inscritos no espaço, especialmente em sua periferia, como a ponta a representação da superfície de Kernel produzidas em Sistema de Informações Geográficas. Em Marituba verifica-se o predomínio de vitimas jovem quase sempre executadas em via pública, onde se destaca a peculiar característica de sofrerem o ato letal próximo ou nos mesmos locais onde já tiveram ocorrido outros homicídios. Isto aponta a contiguidade e a continuidade da violência homicida na periferia, fazendo desta o principal local de crime.

Palavras-chave: Violência letal; Periferia; Kernel; Sistema de informações Geográficas

Abstract

Lethal violence is present and propagated throughout municipal territory in the years 2011-2013 there were more than 200 murders, where all neighborhoods of Marituba municipality obtained at least one record. What demonstrates the complexity and voluptuousness of social conflicts registered in space, especially in the periphery, as the tip representing the Kernel surface produced in Geographic Information System. In Marituba there is a predominance of young victims almost always run on public roads, which highlights the peculiar characteristic of suffering from the lethal act or near the same locations where they had already been other homicides. This points contiguity and continuity of homicidal violence in the suburbs, making it the primary crime scene.

Key-words: Violence lethal; Periphery; Kernel; Geographical information system

INTRODUÇÃO

A periferia é alvo de ações de ordenamento territorial, de organização espacial e principalmente de controle social. Neste contexto destaca-se a região metropolitana de Belém (RMB), como espaço marcado pela violência homicida e por diversos conflitos sociais, onde os contrastes e conflitos sociais convertem-se em combustível para a manutenção do ciclo local de violência letal. Em consonância, a ocupação da periferia, principalmente pela ação policial, quase sempre impulsiona novos conflitos, exponenciação da letalidade e consequentemente novos usos do espaço urbano.

1 - Mestrando em Geografia pela Universidade Federal do Pará. E-mail: w.alvares@yahoo.com.br

2 - Docente do Programa de Pós-graduação da Universidade Federal do Pará. E-mail: jmarciopalheta@uol.com.br

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Conectado a isso, o município de Marituba, localizado na região metropolitana de Belém apresenta-se como amplo espaço insalubre, marcado pela precariedade da moradia, ilegalidade dos espaços de ocupação e principalmente pela contínua violência homicida.

Referindo-se à letalidade e principalmente ao elevado número de registro de vítimas de violência letal fazem do território municipal uma área de contínua preocupação, consequentemente palco de ações de saturação e incursões policiais. As áreas de maior pressão são as localizadas na periferia, principalmente os bairros com maior precariedade de condições infraestruturais. Estes, são os principais locais de crime. Isto, porque os espaços marcados pela violência letal também são os mesmos descritos como insalubres e ilegais, não por acaso a periferia urbana do município é reconhecida como um grande aglomerado subnormal (IBGE, 2010), e, por conseguinte como o principal local de mortes violentas.

As vítimas de execução formam um conjunto de indivíduos que em geral foram mortas em via pública e com pouca idade, isso quer dizer, são jovens. Justamente por isso, o perfil da vítima é homólogo as condições locais de existência, bem-estar, qualidade de vida e legalidade do espaço periférico. Isto quer dizer, os locais de crime têm características iguais as das vítimas, são espaços de recente ocupação, formados na ilegalidade, onde o subdesenvolvimento é sua principal marca, não por acaso, são áreas de intenso conflito. Nestes espaços a lei local impera sobre as normativas sociais, não há necessidade de justiça ou polícia, pois em geral os conflitos são resolvidos com a eliminação do rival, isto torna a periferia um contíguo local de crime e dos conflitos a fogo.

VIOLÊNCIA LETAL EM MARITUBA

O município de Marituba é parte integrante de um complexo ambiente social de lutas, disputas e estratégias de sobrevivências, isto faz do mesmo, palco de um contínuo e contíguo processo de depredação dos valores sociais, principalmente do respeito aos termos da lei e da valorização da vida.

Isto porque, ano após anos, o município vem apresentando inúmeros registros de violência letal. A continuidade desta fica evidente no relatório anual produzido pelo Mapa da Violência, que em 2014 destacou o município como 8º (oitavo) mais violento

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do Estado do Pará, ocupando nacionalmente a posição 84º (octogésimo quarto) segundo o ranking de 2014 (MAPA DA VIOLÊNCIA, 2014). Por efeito disso, é tangente afirmar que o Município de Marituba tem em sua área urbana extensos conflitos sociais que em geral são resolvidos com uso da violência.

Há de se destacar, os dados do Comado de Policiamento da Região Metropolitana (CPRM) e sua circunscrição operacional, abrangendo os municípios de Ananindeua, Marituba, Benevides e Santa Bárbara do Pará. Os dados apontam a redução da violência letal, porém, com algumas elevações. Sem embrago, as regressões dos casos de violência letal não apontam a paz social, mesmo que os indicadores indiquem decréscimo de homicídios, como descreve a tabela 01 para os atendimentos de homicídios pela policia militar do Pará, de 2011 a 2013.

Circunscrição do CPRM 2011 2012 2013 TOTAL Ananindeua 322 300 274 896

Benevides 28 20 65 113 Marituba 103 89 60 252 Santa Bárbara do Pará 5 3 10 18

Total Geral 458 412 409 1279 Tabela 01: Distribuição dos homicídios por município de 2011 a 2013, na circunscrição do CPRM. Fonte: Boletim de Ocorrências Policial Militar (BOPM), CPRM, 2014.

Mesmo com redução das execuções, o elevado número proporciona temor e implica o surgimento de novos conflitos sociais. Isto porque, cada execução implica em movimentação das roldanas da vingança e das rixas. Por isso, a redução do número de crimes, principalmente em Marituba não significa ampliação e conquista da segurança, da ordem e da paz.

Neste complexo contexto social a violência letal, concentrada na periferia insalubre e subdesenvolvida, principalmente nos aglomerados subnormais (IBGE, 2010). Estas áreas são conhecidas pela ocupação ilegal de terra seja ela pública ou privada, formados por submoradias, apresentando carências de serviços públicos essenciais (IBGE, 2010). Plenamente conectada a isso, Marituba apresenta-se como grande aglomerado subnormal, tendo mais de 70% de sua área urbana com essas características (IBGE, 2010), em que vivem mais de 84.000 pessoas, o que explica a pressão por moradia e “a ocorrência de um grande número de ocupações de terra, fruto

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de ações coletivas que faz surgir novas favelas da noite para o dia.” (MARICATO, 1995, p. 11). Vale destaca que, todos os bairros do município são parcial ou totalmente formados por aglomerados subnormais. O que manifesta a insalubridade geral, marca fundamental da gestão da diferença (CHALOUB, 1996).

Por consequência é na cidade ilegal (MARICATO, 1995), que a vida no limite se desenvolve. Marcado por espaços insalubres, subdesenvolvidos, ilegais e essencialmente desorganizados segundo a lógica do Estado, o que é fundamental para fixação dos mais pobres, pois o custo da moradia e dos acessos é elevado, isto é “uma das razões pelas quais os pobres tendem a não se fixar, sendo levados para localizações sempre mais periféricas, vem do custo dos serviços” (SANTOS, 2009, p. 56).

Agregado e alinhado aos aglomerados subnormais do IBGE e ao Índice de Bem-estar Urbano (IBEU), que “decorre da compreensão daquilo que a cidade deve propiciar às pessoas em termos de condições materiais de vida, a serem providas e utilizadas de forma coletiva” (IBEU, 2013, p. 9). Isto permite a análise e compreensão de conflitos sociais, principalmente a violência na periferia urbana.

Com o menor índice de bem-estar urbano entre os 289 (duzentos e oitenta e nove) municípios pesquisados, com 0,382 (IBEU, 2013. P. 37), significa que o município é um grande aglomerado subnormal, formado por áreas insalubres, ocupadas ilegalmente e que não possibilitam qualidade de vida a seus habitantes.

Mesmo conflituoso e desconexo, “o espaço social é o da sociedade” (LEFEBVRE, 2006, p. 16), porém as áreas continuamente marcadas pela violência homicida encontram-se desalinhadas de outras já desenvolvidas ou em pleno desenvolvimento, isto, pois, “A cidade constitui, em si mesma, o lugar de um processo de valorização seletivo” (SANTOS, 2009, p. 125). Não por acaso a valorização seletiva não se traduz em valorização do corpo social, em seus direitos e deveres, e que possibilite desenvolvimento espacial com justiça social (SOUZA, 2008). Destarte, a violência homicida, ou melhor, os registros de execução estão espacialmente concentrados na periferia urbana do município.

A periferia segregada é proporcionalmente a mais vigiada. Constitui espaço marcado pela violência, particularizada nas aglomerações de registros de homicídio. Isto corrobora, para continuidade dos conflitos e ampliação da segregação, pois:

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Estas aglomerações são os lugares aonde não se vai jamais, a não ser quando se mora lá ou quando há razões imperiosas (…). A violência volta-se contra aqueles que dividem o mesmo habitat, a mesma comunidade de destino. E, forçosamente, ela transborda para o exterior de maneira errática, não política, ela faz as famílias implodirem (KOWARICK, 2009 apud MURAD, 1995, p. 217).

A continuidade da prática criminosa, principalmente homicida faz do espaço periférico local de temor, antipatia e vigilância. Por isso, as atividades policiais, em especial do policiamento ostensivo e fardado ocupam seus recursos, homens e esforços com intuito de decrementar a violência homicida nos espaços periféricos urbanos do município.

Pois a violência homicida que se estabelece e que vitimiza as comunidades ocorre de habitante para habitante dos bairros marginalizados, se tratando de Marituba todos os bairros são marginalizados, subdesenvolvidos e violentos.

A violência letal atinge diretamente os menos favorecidos, trabalhadores com ocupações simples, legais ou ilegais, que por estarem habitando nos espaços marcados pelo crime e seu circuito de atividades ilegais, ficam expostos a conflitos e rixas afins, onde em geral são resolvidos com a eliminação do opositor. Consequentemente, a violência injeta energia para manutenção do ciclo de execuções na periferia, tornando a periferia e seu espaço sinônimo de perigo e morte.

Destarte, as execuções neste espaço marcam as vidas e as relações sociais, além de deflagrar a insegurança, sociabilidade violenta (MACHADO, 2004) e principalmente uso e acesso restrito ao espaço. É este medo que se espraiara para além da periferia e que fomenta especulações.

Os crimes com características de execução, em geral os homicídios assim descritos, são os principais alvos das ações operacionais do Sistema de Segurança Pública Paraense (SSPP), a fim de que novos crimes não aconteçam as periferias sofrem diariamente pressões, saturações diversas e incursões a título de operações policias com diversos focos, principalmente retirar menores das ruas, fechamento de bares, abordagens para apreensão de armas e drogas.

Sobre a mortandade e espacialidade dos homicídios, destaca-se a tabela 02, que apresenta as ocorrências registradas nos anos de 2011 a 2013 na base de dados do Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP), em que se verifica a continuidade da prática homicida e a dispersão dos registros em todos os bairros do município.

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Bairro 2011 2012 2013 Total Geral Almir Gabriel 12 7 2 21

Bairro Novo 5 6 3 14 Centro de Marituba 20 12 12 44 Comunidade Japão 1 0 1 2 Comunidade Santa Lúcia I 0 2 1 3 Comunidade Santa Lúcia II 5 0 2 7 Comunidade São Pedro 1 1 0 2 Decouville 17 27 29 73 Dom Aristides 4 2 7 13 Mirizal 2 2 3 7 Nova União 10 13 5 28 Novo Horizonte 6 7 3 16 Parque Verde 2 0 1 3 Pato Macho 0 0 2 2 Pedreirinha 2 1 3 6 Santa Clara 1 0 1 2 São Francisco 20 9 11 40 São João 1 1 2 4 Uriboca 0 1 1 2 Total 109 91 89 289 Tabela 02: Registro de vítimas de homicídio por bairro no município de Marituba de 2011 a 2013.

Fonte: Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP) – Pará, 2014. Modificado por: ALVAREZ, W.P.

(2014).

A tabela 02 aponta a expansividade das ações contra a vida, pois, todos os bairros do referido município apresentam ao menos um registro de homicídio em algum dos anos da série pesquisada.

Mesmo apresentando quadro geral de violência letal, os bairros São Francisco, Almir Gabriel, Nova União, Dom Aristides, Novo Horizonte, Bairro Novo, Centro e Decouville, concentram ocorrências de homicídios, totalizando 230 (duzentos e trinta) execuções, ou 79,58% de todas os registros. Tudo isto, demostra em números a presença de conflitos, rixas e principalmente inobservância da lei e o temor da punição ou mesmo da repressão pelas forças públicas de segurança.

PERIFERIA MARIUARA, LOCAL DE CRIME

Os crimes de homicídios ocorrem em qualquer parte do território municipal de Marituba, porém é inegável que as ocorrências sejam concentradas nos bairros mais suborganizados. Isto se alinha aos apontamentos e aos números apresentados na tabela

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02. Onde se destaca a espacialização do crime em todo território municipal, isso concorre para o espraiamento da violência, para o surgimento de novas conexões e conflitos na periferia urbana.

No contexto da violência homicida, verifica-se a necessidade de especializar a fim de identificar e analisar a espacialidade dos homicídios, em decorrência disso, constatou-se a necessidade de utilizar ferramentas tecnológicas que pudessem facilitar a verificação espacial da violência letal. Para realização dessa tarefa, nos apropriamos de ferramentas de geoprocessamento e cartografia digital para espacialização de ocorrências. Com este fim, foi utilizado Sistema de Informações Geográficas (SIG) para realização de processamento e espacialização dos homicídios.

Os Sistemas de Informações Geográficas permitem segundo sua taxonomia a representação espacial de elementos pontuais possíveis de espacialização. Sendo os homicídios ocorrências pontuais, eles enquadram-se como ”Eventos ou padrões pontuais – fenômenos expressos através de ocorrências identificadas como pontos localizados no espaço, denominados processos pontuais. (CAMARA, 2015, p. 3).

Os SIG, com sua interface amigável, que alinha banco de dados a ferramentas de geoprocessamento. Isto facilita a sobreposição e cálculos de dados espaciais, pois permitem a “ligação entre os dados geográficos e as funções de processamento” (DAVIS; CÂMARA, 2016).

O que permite criar uma matriz espacial com linhas e colunas, que representem de forma espacial a concentração das ocorrências, neste sentido, utilizamos “kernel estimators, ou estimadores de densidade não-paramétricos” (CAMARGO, 2015, p. 6), que permitem criar superfícies suaves e sem picos de ocorrências, destacando apenas a concentração do fenômeno de pesquisa.

A representação computacional das ocorrências permite a espacialização do crime, bem como, a identificação dos núcleos de concentração de homicídios. Assim a utilização de um Kernel estimador é essencial para criação da matriz a partir de dados pontuais, os “parâmetros básicos são: (a) um raio de influência que define a vizinhança do ponto a ser interpolado; (b) uma função de estimação com propriedades “convenientes” de suavização do fenômeno (CAMARGO, 2015, p.6).”

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As superfícies interpoladas são suaves e aproximam muitos fenômenos naturais e socioeconômicos. As desvantagens destes estimadores são a forte dependência no raio de busca e a excessiva suavização da superfície, que pode em alguns casos esconder variações locais importantes (CAMARGO, 2015, p.7).

Espacializamos as ocorrências de homicídios mantendo a característica da escala a nível local, ou seja, conservando a representação computacional do espaço para uma escala nunca superior a 35.000 Km², mantendo um raio de abrangência de até 150 m² do local onde a vítima foi socorrida ou encontrada sem vida. Isto para que a superfície de Kernel não problematize a espacialização dos homicídios e distorça a real dimensão das execuções na periferia de Marituba.

Desta feita foi possível mapear os 289 (duzentos e oitenta e nove) homicídios ocorridos no município nos anos de 2011, 2012 e 2013, tal que tornou possível a visualização imediata dos principais locais de ocorrências de violência letal. Como destaca o mapa 01 (Aglomerados de Execução no município de Marituba – PARÁ, 2011 A 2013).

Mapa 01: Aglomerados de execução no município de Marituba – Pará, 2011 A 2013.

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O mapa 01 apresenta diversas concentrações de registros de homicídios, porém ratifica a mortandade homicida nos bairros Almir Gabriel, União, São Francisco e Centro, em todos os anos pesquisados. Além disso, destaca-se a aglomeração de vítimas e a contínua incidência de violência letal nos bairros já destacados, como é visível na representação da concentração de homicídios, a partir da combinação das interpolações de Kernel. Nesta agregação, as áreas esbranquiçadas correspondem a concentrações e continuidade de vítimas nos três anos pesquisados, as demais cores significam permanências de execuções em dois anos, representados nas cores Lilás, Amarelo e Rosa, ao passo que Vermelho, Verde e Azul correspondem a homicídios em um dos três anos pesquisados.

MORTANDADE JUVENIL

Segundo os dados do Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP) o município de Marituba registrou um total de 289 execuções nos anos de 2011 a 2013. O mesmo SISP aponta uma ligeira vitimização da população jovem, executada principalmente em via pública, isto é o que aponta o Relatório descritivo de homicídios para o município de Marituba da Secretária de Segurança Pública e Defesa Social do Estado do Pará (SEGUP). A ação de violência letal ocorre principalmente em espaços de grande circulação de pessoas, isto porque, são nestes locais que se espera encontrar a vítima. Isto conduz ao raciocínio de que executar conhecer a rotina de seu alvo. Assim acontece na periferia de Marituba, como aponta a tabela 03.

Local De Ocorrência 2011 2012 2013 Total Geral Via Pública 93 70 70 233 Residência Particular 11 10 12 33

Outros 5 11 7 23

Total Geral 109 91 89 289 Tabela 03: Local de ocorrência dos homicídios no município de Marituba em 2011 – 2013.

Fonte: Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP) – Pará, 2014. Modificado por: ALVAREZ, W.P. (2014).

A tabela 03 apresenta a concentração de registros de homicídios nos espaços de livre circulação. As ruas, vias públicas por excelência constituem na periferia de Marituba local comum para cometimento de crimes, principalmente execuções. Em

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espaço público como demostra a tabela 03, ocorreu 80,90% do total de homicídios registrados nos três anos de pesquisa, o que indica uma acentuada circulação de armas de fogo, bem como a ineficácia preventiva do sistema de segurança pública. Também, destaca-se o elevado número de execuções em residência, somando 33 (trinta e três) registros, o que ratifica o perigo geral de viver no limite.

De forma geral a vida na periferia é conflituosa. Os mais jovens por sua natureza intempestiva, envolvem-se em conflitos e ou em atividades ilícitas, e são as principais vítimas da violência letal, como ratifica a tabela 04.

Ano

Criança Adolescente Adulto I Adulto II,

III, IV Idoso Não Informado 0 a 11 anos 12 a 17 anos 18 a 24 anos 25 a 64 anos 65 anos ou mais // 2011 0 14 43 48 1 3 2012 0 21 35 33 1 1 2013 1 16 32 38 2 0 Total Geral 1 51 110 119 4 4 Tabela 04: Vítimas por faixa etária no município de Marituba, 2011 a 2013.

Fonte: Sistema Integrado de Segurança Pública (SISP) – Pará, 2014. Modificado por: ALVAREZ, W.P.

(2014).

A tabela 04 apresenta elevado número de homicídios sofridos por indivíduos com até 24 anos correspondendo um total de 162 vítimas. As vítimas de 0 a 24, concentram aproximadamente 56,05% do total. Os adolescentes e os adultos proporcionalmente são as principais vítimas de homicídios, isto porque, mesmo indivíduos de 25 a 64 anos serem numericamente mais vitimadas, porém os jovens pela curta idade são qualitativamente e proporcionalmente os principais alvos de violência letal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A violência homicida ocorre em todos os cantos do território do município de Marituba, por se formado por uma agregação de áreas de ocupação ilegal, onde preponderantemente destaca-se a submoradia e a ausência de serviços públicos essenciais, onde predomina indicares negativos para qualidade de vida e justiça social. A periferia, ou melhor, o espaço municipal abriga incontáveis conflitos sociais, frutos do desalinho público enraizado na subcidadania e na consequente inanição politica. O

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que torna o espaço periférico complexo, mergulhado em conflitos sociais onde a violência letal é mecanismos para resolução e atemorização.

Em fim, a periferia do munícipio é por consequência local de crime, espaço de continua e contigua ação violenta, onde pessoas são continuamente executados em espaços e em condições de conflitos homologas as vitimas anteriores. Assim no calculo dos corpos pelo menos um elemento não é variável, o local do crime.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Imagem

Tabela 01: Distribuição dos homicídios por município de 2011 a 2013, na circunscrição do CPRM
Tabela 02: Registro de vítimas de homicídio por bairro no município de Marituba de 2011 a 2013
Tabela 03: Local de ocorrência dos homicídios no município de Marituba em 2011 – 2013
Tabela 04: Vítimas por faixa etária no município de Marituba, 2011 a 2013.

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