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Comunicação Organizacional e Economia Criativa: um olhar sobre o Complexo Cultural da Marinha no Rio de Janeiro

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Academic year: 2021

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COMUNICAÇÃO ORGANIZACIONAL E ECONOMIA CRIATIVA: UM OLHAR

SOBRE O COMPLEXO CULTURAL DA MARINHA NO RIO DE JANEIRO

Lorena Fraga Costa Moulin Lucia Santa Cruz

RESUMO

Este artigo objetiva identificar como o Complexo Cultural da Marinha do Brasil (MB), no Rio de Janeiro (RJ), auxilia no desenvolvimento da Economia Criativa na cidade carioca e a sua relação com as estratégias de Comunicação Organizacional da instituição. A pesquisa exploratória empregou o método qualitativo. Foram utilizadas coletas de dados por pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, e duas entrevistas em profundidade, semi-aberta, com roteiro feito a partir de questões semi-estruturadas, com o gerente de visitação do Complexo Cultural da Marinha no RJ e o assessor de comunicação da instituição. Os dados foram interpretados por análise de conteúdo, resultando abordagens categorizadas. Foram analisados o cenário de reestruturação da região do entorno do Complexo; a participação dos militares na economia criativa, a interação da Força Armada com a sociedade civil por meio de equipamentos culturais e as estratégias de Comunicação Organizacional nesse contexto. Concluiu-se que o Complexo auxilia na manutenção de cidadãos naquela região, por meio de seus equipamentos culturais, sendo uma ferramenta de construção de relacionamento como parte da estratégia de Comunicação Organizacional. Ele faz parte da pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional em Gestão da Economia Criativa, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), no Rio de Janeiro.

PALAVRAS-CHAVE

Economia Criativa. Comunicação Organizacional. Patrimônio Cultural. Cidades Criativas. Marinha do Brasil.

1 INTRODUÇÃO

Localizado no Corredor Cultural do centro da cidade do Rio de Janeiro, na região conhecida como Boulevard Olímpico, o Complexo Cultural da Marinha do Brasil (MB) é formado por um circuito de museus, passeios e exposições - o Espaço Cultural, a Ilha Fiscal, o Museu Naval e, atualmente, trabalha para a construção de um novo equipamento cultural no local: o Museu Marítimo (MARINHA DO BRASIL, 2019). Após as obras de reestruturação da região portuária, a demolição do viaduto da Perimetral e a construção da Orla Prefeito Luiz Paulo Conde, as opções culturais da Marinha ficaram mais visíveis à população, já que a

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região, outrora de difícil acesso por conta do elevado fluxo de veículos em dias úteis e por ser um local deserto nos fins de semana, agora se constitui num atrativo circuito de entretenimento local.

Essas obras foram resultado de um dos maiores projetos de reestruturação urbana da cidade, o chamado Porto Maravilha, idealizado para permitir reconexões. Uma delas foi a reaproximação da população com a paisagem marítima da região, conforme retrata publicação da Unesco (RIBEIRO, 2016, p.52) que descreve o Rio como patrimônio mundial: “Com a vista para o mar fechada por um grande viaduto construído nos anos 1960, sua implosão e seu desmanche marcam a volta da valorização da relação dessa parte da cidade com o mar [...]”. Relação essa que aconteceu em determinados trechos da história e demonstra indícios de resgate, incluindo reforços via equipamentos culturais da Marinha na região.

A reestruturação da zona portuária foi concebida, entre outros motivos, para resolver um problema que o Rio carregava desde os anos 70: o esvaziamento do centro da cidade. “O Porto Maravilha tem como objetivo trazer novamente a população para aquela área, pela instalação de novos equipamentos culturais, como museus, pela construção de bulevares para pedestres [...]” (RIBEIRO, 2016 p.52). Tal programa sinaliza o reconhecimento por parte de governantes do papel fundamental de iniciativas abarcadas no guarda-chuva dos conceitos teóricos do campo da Economia Criativa e da formação de cidades com esse viés (REIS, 2011), tendo como impulsionadores espaços culturais, a fim de promover reestruturação urbana.

A ideia segue o direcionamento da Unesco (s/p,2019) ao afirmar que o turismo cultural sustentável, as indústrias culturais e criativas, bem como a reestruturação urbana baseada em seu patrimônio “são poderosos subsetores econômicos que geram empregos verdes, estimulam o desenvolvimento local e incentivam a criatividade”.

O fenômeno de esvaziamento dos centros urbanos foi observado em diversas cidades pelos idos de 1970, não apenas na carioca, mas em outros locais pelo mundo. No caso do Rio, dois fatores principais contribuíram para esse fenômeno. “Em primeiro lugar, à própria legislação municipal que proibiu a construção de novas habitações no Centro, para estimular a ocupação e o crescimento da cidade em direção aos novos bairros [...] e a transferência da capital do Rio de Janeiro para Brasília, que reduz a permanência de pessoas, das funções institucionais, de novos investimentos e ainda de significado”. (FONSECA, 2009, p.37).

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Outro diferencial do Rio é a peculiaridade cultural em relação às opções de lazer e entretenimento. Por ser uma cidade tropical, com belezas naturais indiscutíveis, os cariocas culturalmente fazem atividades ao ar livre, estão nas ruas, gostam de sair, além de receber turistas que buscam justamente essa atmosfera. Virtudes essas reconhecidas mundialmente. Não é à toa que o Rio de Janeiro se tornou a primeira grande cidade do mundo inscrita na Lista de Patrimônio Mundial da Unesco como Paisagem Cultural do Patrimônio Mundial (UNESCO, 2019).

Justamente aí se vislumbra uma oportunidade de Comunicação, com foco nesse público latente, que tem descoberto uma nova forma de se relacionar com aquela região da cidade e a reboque encontra o Complexo Cultural da MB, com diversos equipamentos culturais ao ar livre. Nesse sentido, as estratégias de Comunicação Organizacional do Complexo se apresentam como ferramentas para a interação daquela Força Armada com a sociedade. O fomento à cultura assume um dos papéis desse estreitamento das relações. Grandes marcas corporativas da atualidade foram construídas com relacionamentos consolidados, com o uso de ferramentas de argumentação não-comercial (RIES, 2003). No campo das relações públicas, como destaca Kunsch (2012), enxerga-se cada vez mais nas ações de relacionamento da organização com os diversos públicos uma ferramenta estratégica.

Diante disso, esse artigo objetiva identificar como o Complexo Cultural da Marinha no Rio de Janeiro auxilia no desenvolvimento da Economia Criativa na cidade carioca e a relação com as estratégias de Comunicação Organizacional da instituição. Ele faz parte da pesquisa desenvolvida no Mestrado Profissional em Gestão da Economia Criativa, da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), no Rio de Janeiro.

O argumento central deste trabalho é que o Complexo Cultural da Marinha no RJ, entre os pressupostos da Economia Criativa, configura-se como ator de promoção da reestruturação do espaço onde está localizado, proporciona a valorização do patrimônio histórico, cultural, e o resgate da memória da região, além de contribuir com a interação da Força Armada com a sociedade, de acordo com as estratégias de Comunicação Organizacional.

Para a pesquisa exploratória que embasa este artigo, foi utilizado o método qualitativo, de acordo com o objetivo descrito. A escolha do tipo de pesquisa se deve ao fato de que é necessário criar maior familiaridade com o tema escolhido, o qual ainda é pouco

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explorado, com o intuito de torná-lo mais explícito (Gil, 2002), já que os conceitos de Economia Criativa e a sua relação com a Comunicação Organizacional são recentes e permeados de discussões no campo teórico.

A coleta de dados foi feita por pesquisa bibliográfica, pesquisa documental, e duas entrevistas em profundidade, semi-abertas, com o gerente de visitação do Complexo Cultural da Marinha no RJ, Capitão de Fragata RM1 (T) José Marques da Silva Filho, e com o Assessor de Comunicação da Diretoria de Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM) - Organização Militar da Marinha do Brasil responsável pelo Complexo Cultural - Primeiro-Tenente (RM2-T) Rômulo Coelho Lisbôa Bastos.

Foi realizada ainda análise de conteúdo dos dados coletados a partir de livros, artigos científicos, revistas, matérias jornalísticas e conteúdos institucionais do site da Marinha para traçar o marco teórico dos conceitos supracitados, além das entrevistas já citadas. Nessa análise, a referência seguida foi Bardin (1979), pelo rigor metodológico perseguido no intuito de analisar os documentos, as bibliografias e entrevistas.

O marco teórico de referência no campo da Comunicação Organizacional foi a partir de Margarida Kunsch e Jorge Duarte. A propósito, Kunsch (2014), em um artigo intitulado “Comunicação Organizacional: contextos, paradigmas e abrangência conceitual”, ressalta o dinamismo em que a Comunicação se insere nas novas eras sociais e econômicas:

É notável o poder que a comunicação exerce no mundo contemporâneo. Essa comunicação precisa ser considerada não meramente como instrumento de divulgação ou transmissão de informações, mas como processo social básico e como um fenômeno presente na sociedade. Deve ser concebida como um poder transversal que perpassa todo o sistema social global, incluindo neste âmbito as organizações. (KUNSCH, 2014, p. 37)

A autoria reforça a necessidade de as organizações entenderem seu papel social, como partes integrantes do sistema global. São “microssociedades que exercem grande influência no desenvolvimento econômico e social e nas transformações por que passa o mundo contemporâneo” (KUNSCH, 2014, p.2). Nesse sentido, a Comunicação Organizacional deve ser tratada num contexto socioeconômico mais amplo.

Duarte (2011) traz a perspectiva da Comunicação Pública, ao afirmar que essa comunicação deve viabilizar o direito social individual e coletivo à informação, à expressão, ao diálogo e à participação. O desafio da Comunicação Pública é colocar a perspectiva, sobretudo, no interesse público, na sociedade.

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Umas das subáreas da comunicação institucional - a das relações públicas – é abordada por Kunsch (2012, p.23) no contexto da Comunicação Pública, pois “abriga de modo privilegiado a prática da comunicação pública” [...], além de desenvolver “ações estratégicas de relacionamento com públicos específicos ou os atores sociais envolvidos na comunicação”. Dessa forma, Kunsch (2012, p.23) explica que “os princípios e fundamentos das relações públicas na esfera governamental são os mesmos defendidos para a prática da comunicação pública em geral”.

Já no campo da Economia Criativa, o marco teórico de referência foi a partir de Charles Landry em nível internacional e Ana Reis, em nível nacional.

Este trabalho destaca a discussão do conceito de Economia Criativa na perspectiva de “cidades criativas”, de Charles Landry (1998; 2000), autor de “The creative city” (A cidade criativa) e “The creative city: a toolkit for urban innovators” (A cidade criativa: um kit de ferramentas para os inovadores urbanos), quando destaca a singularidade dos espaços, que ganha força por meio de suas manifestações culturais e sua identidade, além de trazer o papel das cidades, e com elas seus bens preciosos, incluindo aí a cultura, como motor de desenvolvimento.

Reis (2012, p.220) corrobora com a idéia de Landry (2000) ao trazer à discussão as nuances da cidade criativa. “A cultura, na cidade criativa, é sua digital, é justamente o que lhe dá singularidade, gerando impactos econômicos, benefícios sociais (autoestima, coesão e engajamento) e favorecendo a construção de um ambiente criativo”.

A seguir, será analisado o cenário de reestruturação da região do entorno do Complexo desde a criação do Corredor Cultural. Na seção seguinte, a participação dos militares na economia criativa por meio do Complexo Cultural. Antes de desenvolver as considerações finais, identificarei a interação da Força Armada com a sociedade civil, a partir das estratégias de Comunicação Organizacional.

2 DESENVOLVIMENTO

Antes de partir para a categorização das três abordagens resultantes da pesquisa, identifica-se a necessidade de uma contextualização, bem como uma discussão teórica nos campos da Comunicação Organizacional e da Economia Criativa, para então permitir o avanço ao objeto de estudo.

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2.1 DISCUSSÃO TEÓRICA

2.1.2 Comunicação Organizacional

Na era da criatividade, do capital cognitivo e da propriedade intelectual, como a Comunicação Organizacional vai se comportar neste contexto e quais contribuições os gestores desses setores serão capazes de produzir às organizações?

Ao se debruçar sobre o enfoque da Comunicação e da Economia Criativa, pesquisas recentes foram encontradas que conectam esses campos. Com uma abordagem da nova era que se vivencia, a qual respinga nas formas de se comunicar da sociedade, se vislumbra a criatividade aparecendo como um importante bem econômico (ZAGANELLI; GANTOS, 2015, p.95). “[...] Houve um boom das redes sociais e mídias alternativas. Nessa nova cadeia produtiva o principal insumo foi o capital cultural, especialmente a criatividade, inaugurando o que se chama de economia criativa”. Dessa forma, a interatividade e a colaboração vão contribuir fundamentalmente para ampliar o acesso às informações. "Quando tratamos de informação, é fundamental destacar seu potencial transformador quando assimilado, capaz de estimular a participação cidadã", conforme pontuam Zaganelle e Gantos (2015, p.95).

Elemento estratégico e cerne de uma organização, a comunicação assume a função de “reforçar e preservar a identidade organizacional” (BALDISSERA, 2000, p.13). É através da interação entre os fluxos de informações que as redes de relações sociais estão em processo de construção e desconstrução.

Nesse viés, Bueno (2003, p. 4), define que a comunicação “é o espelho da cultura empresarial e reflete, necessariamente, os valores das organizações”, trazendo à discussão a interdependência entre comunicação e cultura em uma organização.

A comunicação, como processo social básico e como um fenômeno (KUNSCH, 2014), juntamente com a mídia, continuam a exercer poder na sociedade contemporânea. “A comunicação é um dos mais brilhantes símbolos do século XX; seu ideal de aproximar os homens, os valores e as culturas compensa os horrores e as barbaridades de nossa época” (WOLTON, 2004, p. 27 apud KUNSCH, 2014, p. 39)

Para Castells (2009, p.25 apud KUNSCH, 2014, p.38), o “processo de comunicação opera de acordo com a estrutura, a cultura, a organização e a tecnologia de comunicação de uma determinada sociedade”.

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Duarte e Silva (2007) complementam esse raciocínio ao afirmar que a interação entre sociedade e organizações está cada vez mais complexa. Nesse contexto, a comunicação assume papel fundamental e estratégico para as organizações.

Este artigo foi baseado na pesquisa que tem como enfoque a delimitação do objeto, que é a comunicação a partir de um órgão público federal. Por isso o destaque para a análise das estratégias de Comunicação no contexto governamental.

A Comunicação Organizacional, para Kunsch (2016), pode ser definida como:

(...) a disciplina que estuda como se processa o fenômeno comunicacional dentro das organizações no âmbito da sociedade global. Ela analisa o sistema, o funcionamento e o processo de comunicação entre a organização e seus diversos públicos. (…) Fenômeno inerente aos agrupamentos de pessoas que integram uma organização ou a ela se ligam, a Comunicação Organizacional configura as diferentes modalidades comunicacionais que permeiam sua atividade. (KUNSCH, 2016, p.149)

Kunsch (2012, p.20) identifica a interseção entre Comunicação Organizacional e Comunicação Pública ao afirmar que “a prática eficaz da comunicação pública nos três segmentos – Estado, mercado e sociedade civil organizada – dependerá, imprescindivelmente, de um trabalho integrado das diversas áreas da comunicação”. Ao se referir à Comunicação Organizacional, Kunsch (2012, p.21) considera que ela “abrange todos os tipos de organizações – públicas, privadas ou do terceiro setor. Ela lida com tudo que está implicado no contexto comunicacional das organizações”. Portanto, autora conclui que a Comunicação Organizacional está presente em todo esse contexto da Comunicação Pública. A expressão Comunicação Pública é um conceito que tem origem na noção de comunicação governamental, porém Duarte (2011) deixa explícitas as delimitações. “Comunicação governamental trata dos fluxos de informação e padrões de relacionamento envolvendo o executivo e a sociedade”. Quanto à Comunicação Pública, essa “se refere à interação e ao fluxo de informação vinculados a temas de interesse coletivo” (DUARTE, 2011, p.126).

Na Comunicação Pública, o enfoque do processo de comunicação é o cidadão, o interesse público, a transparência (DUARTE, 2009, p.61). “O uso da expressão está associado ao esforço de melhorar a vida das pessoas pela comunicação”. [...] “Praticar comunicação pública implica assumir espírito público e privilegiar o interesse coletivo em detrimento de perspectivas pessoais e corporativas”.

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Encarada como algo fundamental e uma área estratégica na atualidade, “o verdadeiro sentido da Comunicação Pública estatal é o do interesse público” (KUNSCH, 2012, p.15). Zémor (1995) também traz a Comunicação Pública como aquela legitimada pelo interesse público, centrada no cidadão.

Para Baldissera (2008a, p. 168-169), “Comunicação Organizacional é o processo de construção e disputa de sentidos no âmbito das relações organizacionais [...]. É na e através da comunicação que se materializam seus processos organizadores, tornando a organização comunicante e comunicada”.

Norteado pelo “paradigma da complexidade” (MORIN, 2005), Baldissera (2009) reflete que o conceito de Comunicação Organizacional é mais heterogêneo do que comumente se discute, por isso o divide em três dimensões. O autor argumenta que não se deve restringir o termo somente àquela comunicação planejada (ou não), em que a organização pratica cotidianamente, à comunicação oficial da organização, aos processos formais da fala autorizada. Essa dimensão da Comunicação Organizacional é chamada pelo autor de organização comunicada.

A segunda dimensão da Comunicação Organizacional para Baldissera (2009, p.118) diz respeito à organização comunicante, que corresponde ao “processo comunicacional que se atualiza quando, de alguma forma e em algum nível, qualquer sujeito (pessoa, público) estabelece relação com a organização”. Incluem nessa dimensão, além dos processos planejados, os informais, inclusive os que a organização nem tenha conhecimento.

E, a terceira dimensão é a “organização falada”, que são os “processos de comunicação informal indiretos; aqueles que se realizam fora do âmbito organizacional e que dizem respeito à organização[...]”. (BALDISSERA, 2009, p. 119). Em síntese, o autor descreve que a Comunicação Organizacional

não se restringe ao âmbito do organizado, à fala autorizada, aos processos formais, à comunicação da e/ou na organização. Exige olhar para além das manifestações organizadas, aparentemente coerentes, de modo a atentar para, entre outras coisas: a dinamicidade organizacional; os processos que mantêm a organização distante do equilíbrio; o estado de incerteza e de permanente desorganização/(re)organização (tensões, disputas, perturbações); a necessária interdependência ecossistêmica (BALDISSERA, 2009, p.117).

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A atividade de Relações Públicas no campo da Comunicação Organizacional é vista e inserida como estratégica nos relacionamentos com os diversos públicos de uma organização. No contexto de produção cultural, é importante destacar que existem duas perspectivas quando se fala dessa atividade enquanto estratégica (SILVA; MARTINS, 2015): a atividade de relações públicas propriamente dita, com suas interfaces e ações do dia a dia, a fim de divulgar e promover a produção cultural da organização. E, no outro entendimento, a produção cultural sendo a estratégia de relações públicas.

No primeiro aspecto, estratégias de relações públicas na produção cultural (SILVA; MARTINS, 2015, p. 21), estão, por exemplo, as

ações de comunicação e relacionamento [...] em projetos e espaços culturais como museus, casas de espetáculos, galerias, etc. Estratégias de fidelização e formação de plateia estão dentro desse componente, ou atividades de sensibilização e conservação do patrimônio.

O segundo aspecto - quando a produção cultural de uma instituição se enquadra como atividade estratégica dentro das relações públicas - corresponde às ações racionalmente elaboradas dentro de diferentes domínios culturais para servir como estratégia de comunicação e relacionamento com os diversos públicos de uma organização, conforme discorre Silva e Martins (2015):

“Como diz Max Weber, a busca por sua legitimidade perante aos públicos fará a organização desenvolver ações de cultivo das crenças em sua existência. [...] Práticas de fomento e apoio à cultura são vistas como mecanismos que cultivam a crença nas boas práticas empreendidas pela organização, proporcionando argumentos estratégicos válidos à legitimação organizacional. A tradução dessa ideia pode ser vista nas ações de marketing cultural. (SILVA; MARTINS, 2015, p. 23-24).

No caso das relações públicas, o marketing cultural é percebido como uma atividade contida na comunicação institucional. Neste contexto, ele é empregado pelas organizações por meio de ações culturais como uma estratégia de comunicação que visa à valorização da cultura e bens simbólicos da sociedade (KUNSCH, 2003).

A abordagem acima reforça a ótica de que os museus podem ser considerados sistemas de comunicação e informação. Segundo a definição do International Council of Museums (ICOM), uma das funções primordiais das instituições museológicas é a comunicação. Efetivamente, os museus, além de conservarem e produzirem conhecimento,

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“comunicam e expõem o patrimônio material e imaterial da humanidade” (ICOM, 2007). A linha Comunicacional dos museus é também apresentada pela Declaração de Caracas de 1992 (REMELGADO, 2014, p. 117), segundo a qual afirma que “a função museológica é, fundamentalmente, um processo de comunicação que explica e orienta as atividades específicas do museu, tais como a coleção, a conservação e a exibição do patrimônio cultural e natural”.

2.1.2 Economia Criativa

A criatividade não é um termo novo nem desconhecido, assim como o conceito de economia. A novidade está na relação entre elas e como elas se combinam para gerar valor e riqueza. Na economia criativa, o motor principal fica a cargo do talento humano, da criatividade, conforme defende Howkins (2013, p. 105), pois “é a matéria-prima mais importante e o produto econômico mais valioso”.

Reis (2006, p.198) destaca o diferencial dessa nova economia, bem como sua finalidade: “a economia criativa tem despertado atenção por seu potencial de união da economia e da cultura em prol do desenvolvimento sustentável”.

Nesse caminho, não se pode falar de Economia Criativa sem apresentar a abordagem sobre cultura e atividades culturais, denominada, conforme Throsby (2001), como aquelas que reúnem criatividade, certo grau de propriedade intelectual e transmitem valor simbólico. E ainda, a relação entre cultura e economia na geração de desenvolvimento.

Os economistas têm dedicado pouca atenção ao papel da cultura no desenvolvimento econômico, seja ao contextualizar o processo de crescimento no mundo em desenvolvimento ou ao influir mais diretamente nos resultados econômicos dos países desenvolvidos. Há provas de que esses paradigmas tradicionais estão mudando. Em anos recentes despertou-se interesse considerável pela noção de que, longe de ser periférica ao desenvolvimento econômico, a cultura é inextricável e central a ele, oferecendo tanto o contexto no qual o progresso econômico ocorre, quanto o próprio objeto de desenvolvimento, quando vista sob a perspectiva das necessidades individuais (THROSBY, 2001, p.164).

Segundo a Unesco (2019, s/p), até recentemente a cultura não estava incluída na equação de desenvolvimento. Por isso o órgão tem defendido essa ideia ao demonstrar que “a revitalização urbana baseada em seu patrimônio são poderosos subsetores econômicos que geram empregos verdes, estimulam o desenvolvimento local e incentivam a criatividade” [...]. Com isso, o órgão recomenda a inserção da política cultural como

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fomentadora do desenvolvimento, “de forma a garantir que a cultura ocupe um lugar legítimo nas estratégias e nos processos de desenvolvimento” (UNESCO, 2019, s/p).

Apesar da globalização – que força a qualquer custo equalizar mercadorias – principalmente devido à quase extinção da barreira tempo-espaço de McLuhan (1964), a cidade constitui-se como núcleo da aldeia global, onde está guardada a riqueza das nações – parafraseando a obra de Adam Smith (1776).

O conceito de cidade criativa foi considerado inicialmente por Landry (2011) como um lugar onde a imaginação definia os traços e o espírito da cidade.

Para aproveitar ao máximo a criatividade [de uma cidade], é preciso considerar seus recursos de modo mais amplo e nos basear na história dos lugares e na evolução de sua cultura. Levar a cultura em consideração nos ajuda a entender de onde um lugar vem, por que ele está como está e como pode criar seu futuro, por meio de seu potencial. Esses recursos culturais são a matéria-prima da cidade e sua base de valores; seus ativos, substituindo o carvão, o aço ou o ouro. Criatividade é o método para explorar esses recursos e ajudá-los a crescer (LANDRY, 2011, p.15)

Economia Criativa é caracterizada, ainda, como uma saída ao clamor social, muito além da lacuna econômica, por uma maneira diferente de viver, de trabalhar, de se relacionar como o outro e com o meio ambiente. A rede da tecnologia perpassa as correntes elétricas e os códigos binários e alcança as pessoas, uma a uma, na sua identidade, ao mesmo tempo em que todos juntos, numa rede de colaboração. Reis (2008) salienta que o novo paradigma em que a sociedade vivencia traz oportunidades vislumbradas diante desse ciclo, tendo a cultura como protagonista.

Landry (2000, p.7) reverencia a singularidade dos espaços, trazendo como vitamina para fortalecer essa dinâmica a criação de identidade e manifestações culturais: “Cultura e criatividade estão interligadas. Cultura é a panóplia de recursos que mostram que um lugar é único e distinto [...]”.

Desde a década de 1970 as narrativas de patrimônios culturais referentes ao passado e à tradição perdem espaço no Brasil, ao mesmo tempo em que vão sendo utilizados cada vez mais o termo bens culturais (GONÇALVES, 2002), com destaque para a individualidade da experiência e a valorização do presente e auxiliadores para um futuro melhor, com foco em desenvolvimento. Interessante esse recorte, pois observa-se que no Brasil de meados do século XX já se discutia o que os teóricos americanos e europeus trariam nas literaturas de

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anos correlatos sobre cidade e desenvolvimento, atrelando o termo “cidades criativas”, de Landry (1998).

2.2 RESULTADOS, ANÁLISE E DISCUSSÃO

O resultado da pesquisa culminou em três abordagens categorizadas da seguinte forma:

2.2.1 “Das cidades se deveria tombar a atmosfera”: reestruturação da região com espaços criativos

O clima e a alma cultural do Rio de Janeiro – inserido na lista da Unesco (2019) como patrimônio mundial - já haviam sido poetizados pelo escritor Mário de Andrade, quando descreveu a abrangência do patrimônio e o potencial que uma cidade pode ter ao valorizar suas riquezas intangíveis: “Das cidades se deveria tombar a atmosfera” (PINHEIRO, 2002a, p.147), numa referência ao que deveria ser preservado e que perpassa o material.

Mário de Andrade, um dos intelectuais responsáveis pela legislação de patrimônio no país, ressaltava que essa política visava à construção da memória nacional. Mudanças nas políticas de patrimônio trouxeram novas perspectivas do que deveria ser preservado, o que resultou no Corredor Cultural do Rio de Janeiro.

Corredor Cultural. A Lei nº 506, de Preservação Paisagística e Ambiental do Centro da Cidade do Rio de Janeiro, conhecida como a Lei do Corredor Cultural, foi aprovada em 17 de Janeiro de 1984 e depois revista e ampliada pela Lei nº 1.139, de 16 de dezembro de 1987.

Iniciado como Projeto Corredor Cultural, ainda em 1979, foi uma iniciativa da prefeitura do Rio para proteger um importante acervo arquitetônico, histórico e ambiental do Centro da cidade, num contexto em que a maioria das pessoas pensava que a antiga capital não guardava mais nenhum patrimônio, além do que já havia sido tombado pelos órgãos federal e estadual. Fonseca (2009) aborda outro motivo de criação do Corredor ao enfatizar que o Projeto ajudou a comerciantes e moradores locais que temiam as demolições ou renovações e queriam preservação do espaço ameaçado.

Na década de 70, naquele contexto de esvaziamento dos centros das cidades, iniciaram-se estudos em diversos países sobre como trazer as pessoas de volta aos centros. Augusto Ivan de Freitas Pinheiro (2002a), arquiteto, urbanista e coordenador do Projeto

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Corredor Cultural, além de ter sido um dos protagonistas na elaboração da política de preservação cultural do Centro do Rio, foi para a Holanda em 1974 estudar e voltou interessado na questão da preservação e em conhecer uma nova maneira de lidar com a cidade. Pinheiro (2002b) pontua que a ideia do nome “Corredor Cultural” foi do então Superintendente de Planejamento da Prefeitura, Armando Mendes, que também contribuiu para a implantação do trabalho. “A explicação dele era simples: se existe a figura do corredor de tráfego, por que não poderia existir um corredor cultural?”(PINHEIRO, 2002b, p.207).

Conforme o Decreto nº 4141, de 14 de julho de 1983, Art. 3º, o Corredor foi criado tendo em vista “o interesse de preservar e revitalizar áreas no Centro da Cidade levando em consideração os elementos ambientais que representam valores culturais, históricos, arquitetônicos e tradicionais para a população” (RIO DE JANEIRO, 2019).

O Complexo Cultural da Marinha encontra-se na área abrangida pelo Corredor Cultural do centro do Rio, de acordo com o descrito no Decreto nº 4141, de 14 de julho de 1983, Art. 3º: “[...] seguindo por esta até o Cais Pharoux (todo incluído) [atual cais da Praça Quinze], seguindo por este até encontrar a linha de prolongamento da Avenida Presidente Vargas e por esta seguindo até o seu reinício” (RIO DE JANEIRO, 2019).

Desde a sua concepção em 20 de janeiro de 1996, ainda como um projeto, o Espaço Cultural da Marinha - um dos três equipamentos culturais que formam o Complexo Cultural da MB no Rio – já fazia parte do Corredor Cultural do Centro, conforme está registrado na Revista Marítima Brasileira (1996, p.301): “A primeira etapa do Projeto Espaço Cultural da Marinha visa à expansão das instalações do Museu Naval e Oceanográfico, integrando-o ao Corredor Cultural da cidade”.

Boulevard Olímpico. Desde a proposta pioneira de reestruturação do centro histórico do Rio de Janeiro com o Corredor Cultural até as iniciativas recentes para a região do Boulevard Olímpico com o Porto Maravilha, é claro o foco nos equipamentos culturais como vetores de desenvolvimento, conforme delineado por Pio (2014, p. 58-60) ao mostrar que enquanto o Projeto Corredor Cultural se estrutura a partir da contenção de modernização para a preservação, vista como ameaça ao patrimônio da cidade, “a zona portuária é interpretada como ‘novo vetor de crescimento’ urbano. O patrimônio - histórico, paisagístico e cultural – é transformado em ‘vocação do espaço’”.

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Nesse mesmo sentido observa-se que o Espaço Cultural da Marinha, fechado por dois anos, foi reaberto pouco antes dos Jogos Olímpicos, em agosto de 2016, e em 2017 foi lançado o projeto conceitual de um novo museu no mesmo Espaço - o Museu Marítimo (MuMa) – que contará com estudos para se adequar ao patrimônio histórico, naval e urbano do seu entorno:

O novo museu, localizado na orla histórica em frente à Igreja da Candelária e à antiga Alfândega do Rio de Janeiro (hoje a Casa França-Brasil), a meio caminho entre a Praça Mauá e a Praça XV, que, depois da reforma estão interligadas por trajeto pedestre que margeia as águas da Baía de Guanabara, passará a constituir parte de um complexo de museus e centros culturais que já desloca para a região milhares de turistas, estudantes e consumidores de arte e cultura (MATHIAS, 2017, p. 9).

As palavras do Diretor de Patrimônio Histórico e Documentação da Marinha (DPHDM), reforçando o papel do futuro Museu, corroboram com o que os teóricos acentuam a respeito do papel da cultura para o desenvolvimento de cidades. Verifica-se que esses aparelhos culturais se tornam eixos de auxílio à reestruturação da zona portuária da cidade como pólo cultural.

No caso em foco, o argumento dos autores Landry (1998; 2000) e Reis (2008; 1012) se confirmam diante das iniciativas da Marinha no que tange à manutenção e criação de equipamentos culturais, pois esses se somam à atmosfera cultural/criativa da cidade.

Para que os equipamentos culturais da Marinha sejam de fato usufruídos pela sociedade e cumpram o papel de auxiliar na manutenção de cidadãos na região, é necessário, antes, que sejam conhecidos pelo público, e que existam estratégias para atrair a população.

Nesse sentido, o argumento teórico de Kunsch (2003, p.95) sobre a importância da comunicação estratégica organizacional e seu papel na sociedade corrobora com o que foi identificado como realizações da Comunicação Organizacional da instituição, quando descreve sobre as relações públicas exercerem função essencial nas organizações.

Identificam os públicos, suas reações, percepções e pensam em estratégias comunicacionais de relacionamentos de acordo com as demandas sociais e o ambiente organizacional; supervisionam e coordenam programas de comunicação com públicos; prevêem e gerenciam conflitos e crises que porventura passam as organizações (KUNSCH,2003, p.95).

De acordo com o Assessor de Comunicação da DPHDM - Organização Militar da Marinha do Brasil responsável pelo Complexo Cultural - Primeiro-Tenente (RM2-T) Rômulo

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Coelho Lisbôa Bastos, por se tratar de organização de atendimento ao publico, é essencial que os produtos culturais sejam divulgados, tenham publicidade. “Mostramos à população o que podemos oferecer em termos de cultura e história. A Marinha está de portas abertas para poder mostrar esse tipo de opção de entretenimento” (LISBÔA BASTOS, informação oral1)

Tenente Lisbôa afirma que o papel da comunicação é identificar esses produtos e dar publicidade a eles.

Fazemos divulgação por meio das mídias existentes - matérias, releases para imprensa, especialmente assessoria de imprensa para TV, cobertura jornalística, publicação no site da MB, na intranet, divulgação nas mídias sociais da Marinha - nessa parte de mídia social o canal oficial de comunicação é o da Marinha, seja facebook, instagram e twitter (LISBÔA BASTOS, 2019, informação oral2).

Em síntese, o argumento de Kunsch (2003) relacionado ao sistema de comunicação das organizações, por meio das redes formal e informal, se confirma nas ações de comunicação da DPHDM no Complexo Cultual Marinha, também chamada de organização comunicada por Baldissera (2009) ou de estratégias de relações públicas na produção cultural por Silva e Martins (2015).

É necessário ir além da comunicação formal. Deve-se ter uma atitude de organização comunicante, agir na rede informal (BALDISSERA, 2009; KUNSCH, 2003), ou seja, focar, entre outras ações, na comunicação interna. Nessa perspectiva, a ideia dos autores corrobora com a prática comunicacional do Complexo, já que para nortear estrategicamente esse tipo de relação, foi publicado este ano o Plano de Comunicação Interna da DPHDM, com o objetivo de:

Fortalecer, dentro da área histórico-cultural em que atua esta diretoria, a convicção e a coesão do público interno por meio de ações que primam por zelar pela imagem e pela reputação da MB; ressaltar a importância da salvaguarda da memória da Força Naval; e fazer deste público um agente multiplicador de conhecimento qualificado, de credibilidade, de viés positivo e agregador sobre as atividades realizadas [...] (DPHDM, 2019, p.5).

No contexto de comunicação interna, norteados o Plano, o Complexo realiza ações de engajamento tanto com o público interno da Diretoria quanto o público interno da Marinha do Brasil como um todo. Para isso, utiliza ferramentas de comunicação como a Intranet, boletins internos de notícias, além de diversos projetos da Divisão de Educação em

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Museus, do Departamento de Museologia da DPHDM, e de projetos de outros departamentos da Organização, para os filhos dos militares e servidores civis. A título de exemplo, em 2019, setor de Comunicação da Diretoria teve a iniciativa de criar um jogo de perguntas e a competição envolveu os militares e servidores civis internos da Diretoria. A ação foi avaliada como positiva para o objetivo proposto de engajamento. “O quiz foi um sucesso, muita gente gostou da iniciativa, disseram que foi bom para conhecer o trabalho de outro setores, ter noção da atuação global da instituição, uma forma de confraternização e envolvimento do público interno” (LISBÔA BASTOS, 2019, informação oral3).

O Plano de Comunicação Interna da DPHDM corrobora com a ideia de Kunsch (2003) referente ao fluxo transversal da comunicação nas organizações, ou comunicação transversal, que perpassa todos os setores e níveis da instituição. Além de na prática todos setores da Diretoria terem sua parcela de atuação na comunicação do Complexo com a sociedade. Como exemplos, a cargo da Divisão de Educação em Museus, existem projetos específicos com mediação, para diversos públicos.

A comunicação “deve perpassar — e emanar de — todos os setores. As ações comunicativas, em última instância, não são verticais, tampouco horizontais, mas tranversais a toda organização e feitas por todos que a compõem, em maior ou menor grau, e não apenas — no que cabe pontualidade e técnica — à Assessoria de Comunicação Social. Tirante tais especificidades, os diferentes estratos de uma instituição são tão agentes de divulgação quanto. Nestes casos, compete ao(s) profissional(is) de Comunicação Social assessorar ou trabalhar sinergicamente, visando sempre a manutenção da boa imagem e reputação institucionais (DPHDM, 2019, p.6)

2.2.2 Participação dos militares na economia criativa: Complexo Cultural do RJ

A Marinha do Brasil é uma das Forças Armadas do Brasil destinada, entre outras missões, a contribuir com a “defesa da Pátria”, conforme preconiza a Constituição Federal, no Art. nº 142 (BRASIL, 1988). Ao comparar a etimologia de “Pátria” e “Patrimônio” (SILVA, 2003), ambas originadas do vocábulo latim pater (pai) - no sentido que pontua Santana (2011, p. 4), “o Patrimônio [...] já demonstrava desde a antiguidade sua relação com a ideia de Pátria”. Visualiza-se aqui, não por acaso, o papel da Marinha em preservar e valorizar a tradição, o patrimônio cultural e histórico e os seus bens culturais.

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A proposta dos aparelhos culturais da Marinha no Corredor Cultural é a de um embarque pela história do Brasil e da navegação. Nesse sentido de resgate da memória e valorização do patrimônio histórico, Chauí (2005, p. 138) retrata que "memória é uma evocação do passado. É a capacidade humana para reter e guardar o tempo que se foi, salvando-o da perda total. A lembrança conserva aquilo que se foi e não retornará jamais".

De acordo com o gerente de visitação do Complexo Cultural da Marinha no RJ, Capitão de Fragata RM1 (T) José Marques da Silva Filho, “mais que equipamentos culturais da Marinha, eles são a materialização da história”. (SILVA FILHO, 2019, informação oral4).

Além disso, o Complexo Cultural da Marinha no Rio “compõe o polo cultural da Praça XV, juntamente com outros museus da região” (SILVA FILHO, 2019, informação oral5). Corresponde aos seguintes equipamentos culturais: o Museu Naval, onde funciona a sede da DPHDM; o Espaço Cultural, que abrange os passeios marítimos (Baía de Guanabara e Ilha Fiscal), a Nau dos Descobrimentos, o Helicóptero Sea King, o Submarino “Riachuelo”, o navio museu Contratorpedeiro “Bauru” e o carro de combate Cascavel; além da Ilha Fiscal (DPHDM, 2019).

Diante do exposto, pode-se afirmar que por meio dos equipamentos do Complexo Cultural é possível resgatar a memória e a identidade e fomentar a consolidação de uma mentalidade marítima.

Os aparelhos culturais da área do Porto Maravilha, como o Museu do Amanhã e o MAR (Museu de Arte do Rio) foram concebidos para serem “âncoras culturais do que seria o ‘resgate’ da região portuária” (SANTA CRUZ, 2017, p.189). Nessa “maré” está o Complexo Cultural da Marinha, com destaque para o futuro Museu Marítimo, o qual, diante do exposto, é nítido o papel dos equipamentos culturais nele compreendidos no desenvolvimento da economia criativa, na perspectiva da valorização do patrimônio histórico e no resgate da memória da região.

No ponto de vista da Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje, 2012), “a memória empresarial é ferramenta de suporte à gestão estratégica de comunicação e de relacionamento” (ABERJE, 2012 apud SANTA CRUZ, 2014, p.182). O uso da memória na comunicação da identidade organizacional reside na sua capacidade de

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transmitir, além do conceito da marca, elementos intangíveis como orgulho, tradição, valores e, claro, história (COSTA, 2006 apud SANTA CRUZ, 2014).

O Complexo Cultural, e por consequência a comunicação da organização, – à semelhança do que Duarte e Silva (2007) e Wilson (2003) retratam sobre cultura organizacional e comunicação - atua na preservação e divulgação do patrimônio histórico e cultural da Marinha do Brasil (MB). “Trabalhamos para mostrar que as Forças Armadas, além de zelar pela defesa da pátria, tem em seus museus e espaços musealizados, locais que contam a história do nosso país e inspira o patriotismo” (LISBÔA BASTOS, 2019, informação oral6).

O viés da Comunicação Pública (DUARTE, 2011, KUNSCH, 2012) é identificado nos projetos de inclusão realizados no Complexo, com foco na sociedade, seguindo o propósito de facilitar o acesso do público aos serviços disponíveis, em consonância com o divulgado em matéria no site da Marinha do Brasil (2018).

Agente catalisador de uma ação de cidadania, inclusão e resgate da autoestima, a visitação guiada promovida pela DPHDM [...] ao Submarino-Museu Riachuelo, no Espaço Cultural da Marinha, para pacientes da Associação Fluminense de Amparo aos Cegos (AFAC) — instituição filantrópica, fundada em 1931, que atua na reabilitação de pessoas com deficiência visual e intelectual, com ou sem espectro autista. [...] Antes de entrar no Riachuelo, os deficientes visuais tiveram a oportunidade de tocar em um modelo do submarino, em escala 1:100, para conhecer, por meio do tato, sua forma e estruturas, como cabeços, hélices, escotilhas e periscópio. (MARINHA DO BRASIL, 2018)

“O patrimônio cultural é de fundamental importância para a memória, a identidade e a criatividade dos povos e a riqueza das culturas” (UNESCO, 2019). Bokova (2012) reforça o argumento descrito no site do órgão das Nações Unidas, reiterando o papel da valorização do patrimônio cultural no desenvolvimento.

Cultura é, por excelência, um recurso renovável, constituindo-se assim numa importante dimensão do desenvolvimento sustentável. É uma força que promove inclusão social e mobilização coletiva. A experiência tem provado que o reconhecimento da importância do patrimônio cultural na criação e implementação de políticas de desenvolvimento é um fator que estimula a participação ativa das comunidades e potencializa a eficácia de programas a longo prazo (BOKOVA, 2012, p. 5).

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A Unesco defende o poder da cultura de transformar as sociedades. Ao relacionar cultura e desenvolvimento sustentável, recomendou a inserção da política cultural como fomentadora do desenvolvimento.

Tanto o patrimônio cultural quanto a criatividade lançam suas bases para a construção de sociedades do conhecimento vibrantes, inovadoras e prósperas. O patrimônio cultural constitui uma fonte de identidade e coesão para as comunidades conturbadas por mudanças desorientadoras e instabilidade econômica. A criatividade contribui para a construção de sociedades abertas, inclusivas e pluralistas (UNESCO, 2019).

2.2.3 A interação da Marinha com a sociedade civil

O entendimento de Remelgado (2014) e de Silva e Martins (2015) acerca dos museus serem considerados sistemas de comunicação e informação corresponde ao que Lisbôa Bastos (2019, informação oral7) defende. “Entendo que o Complexo é uma estratégia de comunicação, pois é um lugar para divulgar a história da força e paralelamente é uma estratégia de aproximar o público da MB e gerar engajamento positivo em relação à Força”.

O Complexo Cultural da Marinha é um espaço que, além de contar a história do Brasil e da Marinha, mostra os meios operativos os quais os marinheiros trabalham: aéreo, de superfície, submerso e os de terra – resumem um pouco do que a Marinha faz.

Isso tudo faz com que os visitantes e os que transitam pela região sejam atraídos pela curiosidade em conhecer os meios navais, tenham maior contato com a memória e o patrimônio cultural da Força. “São oportunidades da Marinha se aproximar do cidadão e se posicionar diante da sociedade (SILVA FILHO, 2019, informação oral8).

A abordagem dos aparelhos culturais abrange vários perfis de visitantes. Desde os gostam de história, ou os que são atraídos pelas atividades militares, até estudantes ou sociedade de modo geral para vivenciarem um momento cultural. “Em geral todos que vão ao local experimentam uma amostra do trabalho diário feito pela Marinha” (SILVA FILHO, 2019, informação oral9).

O valor simbólico do Complexo e a sua importância para o aumento da interação entre a sociedade e a Marinha também foi destacada pelo Comandante Marques (2019): “É

7 LISBÔA BASTOS, R.C. Entrevista à autora pessoalmente em 22/11/19. 8 SILVA FILHO, J.M. Entrevista à autora por telefone em 14/6/2019.

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o único no país com a característica de interligar a cultura e a interatividade e cumprir a missão de preservar o patrimônio cultural, resgatar a história e auxiliar o desenvolvimento da região” (SILVA FILHO, 2019, informação oral10).

O argumento de Silva e Martins (2015) a respeito da produção cultural de uma instituição se enquadrar como atividade estratégica dentro das relações públicas é evidenciada quando se analisa Complexo. Fica perceptível que esse conjunto de equipamentos culturais pode ser resultante de estratégias de relacionamento e de comunicação da Marinha do Brasil para com os seus diversos públicos. A evidência encontrada é que esse papel cultural que a Marinha cumpre reflete a imagem que a sociedade tem da Força Armada em lide. Pesquisa de opinião realizada pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) em 2014 constatou que entre as atividades específicas da Força listadas na pesquisa, as relacionadas à cultura somaram 12% - o maior índice – em relação aos serviços conhecidos pela população. A pesquisa foi encomendada pelo Centro de Comunicação Social da Marinha e teve o objetivo de avaliar a imagem da MB perante a sociedade brasileira (MARINHA DO BRASIL, 2016).

A visitação pública é aberta diariamente, em que se oferece experiência marinheira aos visitantes. As exposições nos meios navais musealizados são autoexplicativas. No navio museu Bauru, que participou da Segunda Guerra, por exemplo, existe uma tela de interatividade para acompanhar a história dele na guerra.

Além disso, a DPHDM cria Projetos específicos no Complexo Cultural da MB, com mediação, para intensificar esse relacionamento com o público e comunicar os serviços disponíveis à sociedade, em consonância com o que diz Kunsch (2003) e Duarte (2011) discorrem sobre Comunicação Pública ser aquela que existe para melhorar a vida do cidadão. Alguns dos quais já foram abordados anteriormente, e outros a seguir:

O Projeto Escola, o mais longo da DPHDM, existe há 21 anos e já atendeu cerca de 66 mil estudantes do ensino público, conforme matéria publicada (DPHM, 2019):

Visa fomentar a visitação a espaços culturais, em paralelo ao estímulo ao desenvolvimento da consciência marítima e ao resgate da memória nacional [...]. Conjugando aprendizagem e entretenimento por meio de visitas mediadas, esta ação de educação e cidadania — destinada a escolas da rede pública previamente agendadas e localizadas a uma distância de até 60 km do Complexo Cultural da

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Marinha — oferece, de maneira gratuita, transporte escolar e lanche, além de uma foto da turma, como recordação, enviada por e-mail.

Outra Iniciativa de relacionamento com a sociedade, conforme explica o Assessor de Comunicação da DPHDM, é o Projeto de Cantata de Natal, iniciado ano passado, nas janelas do Museu Naval, no formato de cantatas tradicionais conhecidas pelo país:

Foi criado para aproximar a população do meio militar, porque as vezes as pessoas tem algum bloqueio com a Força Armada, mas temos uma variedade enorme de coisas para oferecer à população, em termos de cultura, entretenimento, lazer, história, conhecimento, é uma forma de divulgar esse acervo gigantesco que temos” (LISBÔA, com informação oral11)

Umas das ações recentes divulgada foi o evento “Pequeno Marinheiro”, na data do dia das crianças, em outubro de 2019. A comemoração recebeu cerca de 1.900 pessoas nos equipamentos culturais da Marinha do Brasil. A estratégia de comunicação com engajamento na mídia social Instagram fica clara na matéria divulgada sobre o evento no site da MB:

O Espaço Cultural da Marinha (ECM) foi o porto de partida para uma programação repleta de atrações para toda a família: brinquedos infláveis; jogos infantis aludindo a temas navais; área baby, com passatempos para crianças de até 4 anos; distribuição de lanches, balões e gibis; literatura em destaque no “Cantinho da Leitura”; impressão de fotos, postadas no Instagram com a hashtag #criançanaMB; visitação ao carro de combate Piranha, do Batalhão de Blindados de Fuzileiros Navais (BtlBLDFUZNAV), e a meios navais musealizados do ECM, como o Navio-Museu Bauru e o Submarino-Navio-Museu Riachuelo. (MARINHA DO BRASIL, 2019).

Já o projeto “Visitando a História” tem como público-alvo os militares e servidores civis das Forças Armadas e Forças Auxiliares, em especial, alunos dos centros de formação, instituições de Ensino Superior, públicas e privadas. Promove visitas mediadas ao Museu Naval, os visitantes percorreram a exposição “O Poder Naval na formação do Brasil”, bem como realiza palestras nas Organizações Militares e em instituições solicitantes. Criado em setembro de 2010, o projeto já atendeu em torno de 5.700 visitantes. (MARINHA DO BRASIL, 2019)

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A fim de aproximar a sociedade por meios dos atrativos culturais foi identificado ainda uma programação criativa e cultural voltada para todos os públicos, com destaque para o infantil, em homenagem a uma data tradicional da Marinha, 11 de junho, em memória à Batalha Naval do Ricahuelo (DPHDM, 2019).

O Complexo da Marinha recebeu no último ano 154 mil visitantes. Somente a Ilha Fiscal soma 34 mil visitas, e os passeios marítimos reuniram 35.920 pessoas (DPHM, 2019).

3 CONCLUSÃO

Ações de comunicação por meio de demonstração da tradição militar, ao mesmo tempo em que bens culturais marinheiros são difundidos e mais acessíveis a um número cada vez maior de visitantes, permitem cada vez mais que a sociedade conheça o papel da Força Armada no País.

Portanto, nessa perspectiva, é possível observar que o argumento central deste artigo foi corroborado totalmente. Os aparelhos culturais contribuem com a relação da Marinha do Brasil e a sociedade na área do Corredor Cultural do Rio de Janeiro e a comunicação da organização se constitui em estratégica para cumprir esse papel difusor dos serviços oferecidos à população. Além disso, o Complexo auxilia na manutenção de cidadãos naquela região, com possibilidade de viver as experiências no passeio marítimo e ser reconectar com o mar, ou embarcar pela história do país na Ilha Fiscal, ou nas embarcações utilizadas pela Marinha ao longo de sua história, acessíveis a todos os públicos.

O retorno das conexões da população carioca com o mar, destacado em obra publicada pela Unesco (RIBEIRO, 2016), nesse espaço da cidade criativa que se reconfigura na região, marcado pelo lazer, diante da paisagem marítima, moldado pela história e pelo patrimônio cultural, é uma atmosfera que merece ser tombada, como já dizia Maria de Andrade, e vem permeado de potencial a ser explorado pelo Complexo no campo da Comunicação Organizacional.

Por meio de pesquisas futuras, será notório aprofundar a análise sobre Comunicação Organizacional e a Comunicação Pública do Complexo. Esses desdobramentos justificam-se ao encontrar nesse público antes distante daquela região central da cidade uma oportunidade de potencializar a divulgação da história naval brasileira, de fomentar a

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mentalidade marítima, ou, em outras palavras, de comunicar aos brasileiros o que a Marinha tem a mostrar - e se mostrar - por meio do patrimônio.

Conclui-se que os patrimônios culturais e históricos abordados neste artigo estão incluídos na economia criativa por se tratarem de valores simbólicos intangíveis de um povo, melhor dizendo, de uma nação.

O Complexo Cultural da Marinha preserva, valoriza e difunde o patrimônio histórico tanto da Força Armada quanto do Brasil, estímulo esse fornecido à Economia Criativa na cidade carioca, e, por consequência, ao desenvolvimento da região. “A economia criativa tem o poder de influenciar e inspirar as gerações presentes e futuras, proteger nosso planeta, pessoas, culturas e recursos naturais e, portanto, contribuir para um caminho de desenvolvimento mais sustentável” (UNESCO, 2019).

Foi identificada a propagação da memória organizacional como estratégia de comunicação, à medida que a utiliza como ferramenta de disseminação dos valores da organização e como meio de ampliar o seu reconhecimento perante a sociedade.

Os museus, além de serem equipamentos que preservam a história e o patrimônio, que transmitem informação e são instrumentos de educação (REMELGADO, 2014, p. 118), ainda cumprem o papel de “meios de comunicação que servem ao estabelecimento da interação da comunidade com o processo e com os produtos culturais”.

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Organizational Communication and Creative Economy: a look at the Cultural Complex of Navy in Rio de Janeiro

ABSTRACT

This paper objective to identify how the Cultural Complex of the Brazilian Navy, in downtown Rio de Janeiro, stimulates the development of the Rio de Janeiro Creative Economy its relationship with the Organizational Communication strategies of the institution. Exploratory research employed the qualitative method. Data were collected through bibliographic research, documentary research, and two in-depth, semi-open interviews, with script made from semi-structured questions, with the visitation manager of the Navy Cultural Complex in RJ and the communication advisor of the institution. Data were interpreted by content analysis, resulting categorized approaches. The restructuring scenario of the region surrounding the Complex was analyzed; the participation of the military in the creative economy, the interaction of the Armed Forces with civil society through cultural equipment and the strategies of Organizational Communication in this context. It was concluded that the Complex assists in the maintenance of citizens in that region through its cultural facilities, being a relationship building tool as part of the Organizational Communication strategy. He is part of the research developed at the Professional Master's Degree in Creative Economy Management, at the School of Advertising and Marketing (ESPM), in Rio de Janeiro.

Keywords: Creative Economy. Organizational Communication. Creative Cities. Cultural Heritage. Brazilian Navy.

Comunicación Organizativa y Economía Creativa: Una Mirada al Complejo Cultural de la Armada en Río de Janeiro

RESUMEN

El objetivo de este documento es identificar cómo el Complejo Cultural de la Armada de Brasil, en el centro de Río de Janeiro, estimula el desarrollo de la Economía Creativa de Río de Janeiro y su relación con las estrategias de Comunicación Organizacional de la institución. La investigación exploratoria empleó el método cualitativo. Los datos fueron recolectados a través de investigación bibliográfica, investigación documental y dos entrevistas en

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profundidad, semiabiertas, con guión hecho de preguntas semi-estructuradas, con el gerente de visitas del Complejo Cultural de la Marina en RJ y el asesor de comunicación de la institución. Los datos fueron interpretados por análisis de contenido, resultando en enfoques categorizados. Se analizó el escenario de reestructuración de la región que rodea el Complejo; la participación de los militares en la economía creativa, la interacción de las Fuerzas Armadas con la sociedad civil a través del equipamiento cultural y las estrategias de Comunicación Organizacional en este contexto. Se concluyó que el Complejo ayuda al mantenimiento de los ciudadanos en esa región a través de sus instalaciones culturales, siendo una herramienta de construcción de relaciones como parte de la estrategia de Comunicación Organizacional. Forma parte de la investigación desarrollada en el Máster Profesional en Gestión de la Economía Creativa, en la Escuela de Publicidad y Marketing (ESPM), en Río de Janeiro.

Palabras clave: Economía creativa. Comunicación organizacional. Ciudades creativas Patrimonio cultural. Armada brasileña.

Recebido em: dia/mês/ano Aceite em: dia/mês/ano Autoras:

-Lorena Fraga – Jornalista, mestranda em Gestão da Economia Criativa (ESPM-Rio). Integrante do Laboratório de Estudos de Memória Brasileira e Representação do Mestrado Profissional em Gestão da Economia Criativa ((LEMBRAR/MPGEC). Especialista em Gestão de Assessoria de Comunicação (FAESA-ES). Assessora de Comunicação na Marinha do Brasil. lorenafragacosta@gmail.com.

-Lucia Santa Cruz – Jornalista, mestre e doutora em Comunicação e Cultura (UFRJ).

Professora da ESPM Rio nas graduações de Jornalismo, Cinema e no Mestrado Profissional em Gestão da Economia Criativa (MPGEC). Coordena o Laboratório de Estudos de Memória Brasileira e Representação (LEMBRAR/MPGEC). Uma das fundadoras da Rede de Estudos de Memória e Comunicação (Rememora). Membro da The International Media and Nostalgia Network (IMNN). Pesquisadora de mídia, memória, consumo e economia criativa.

Referências

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