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O apoio social no trabalho e o bem-estar dos trabalhadores : a moderação pela profissão

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

O APOIO SOCIAL NO TRABALHO E O BEM-ESTAR DOS TRABALHADORES: A MODERAÇÃO PELA PROFISSÃO

Maria de Deus Mestre Amaro

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações)

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE PSICOLOGIA

O APOIO SOCIAL NO TRABALHO E O BEM-ESTAR DOS TRABALHADORES: A MODERAÇÃO PELA PROFISSÃO

Maria de Deus Mestre Amaro

Dissertação orientada pela Prof. Doutora Maria José Chambel Soares

MESTRADO INTEGRADO EM PSICOLOGIA

(Secção de Psicologia dos Recursos Humanos, do Trabalho e das Organizações)

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i Agradecimentos

Neste espaço que me é gentilmente concedido, desejo dedicar os meus mais sinceros e profundos agradecimentos a todas as pessoas que tornaram possível a realização desta dissertação e as quais contribuíram sobremaneira para uma das fases mais importantes da minha vida.

Muito especialmente, desejo agradecer à minha orientadora Professora Doutora Maria José Chambel Soares, pela disponibilidade, dedicação, cordialidade e profissionalismo. A ela ficarei eternamente grata pela atenção dispensada e pelas sábias palavras de recomendações, o que tornou possível a realização desta tese.

Não obstante, quero também deixar um Muito Obrigado e um grande Bem Haja a todos os professores deste núcleo a quem tive o prazer de conhecer e de me ter sido permitido usufruir dos seus ensinamentos, sendo eles os Professores Doutores Isabel Paredes, Rosário Lima, Manuel Rafael, Maria Eduarda Duarte e Vânia Carvalho.

Ao meu esposo, Nuno Grácio, pelo incentivo e paciência, durante toda esta longa

caminhada e pela compreensão em não poder acompanhá-lo em momentos, alguns deles considerados preciosos, que espero agora conseguir vir a compensar.

À minha família, em particular, aos meus pais que desde logo muito cedo me

encorajaram a aproveitar esta oportunidade de aprendizagem e na crucial demonstração de afeto quando as fases de trabalhos da faculdade eram mais exigentes.

Aos meus grandes amigos, em especial ao Ticas e à Necas, por todo o seu apoio, solidariedade e carinho, e não menos importante à Dona Emília.

Aos meus colegas de mestrado, por todos os momentos partilhados em conjunto, em prole da produtividade.

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ii Índice Resumo iv Abstract iv Introdução 1 Enquadramento Teórico 3

Apoio Social nas Organizações 3

Apoio da Organização Percebido 3

Apoio do Chefe Percebido 5

Apoio dos Colegas Percebido 6

Moderação pela profissão: Informáticos vs. Bancários 7

Setor Informático 8 Setor Bancário 9 Método 10 Procedimento e Participantes 10 Medidas 11 Análise de Resultados 13 Resultados 13 Discussão 15

Limitações e Sugestões para Futuras Investigações 17

Implicações 18

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iii Índice de Quadros

Quadro 1 - Análise Descritiva da Amostra 11

Quadro 2 - Análise de correlações 14

Quadro 3 - Análise das regressões hierárquicas múltiplas do apoio

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iv Resumo

A presente investigação tem como principal objetivo avaliar o apoio social percebido, nomeadamente da organização, do chefe e dos colegas, no bem-estar dos trabalhadores, em dois setores de trabalho distintos, em Portugal. O setor da informática conta com uma amostra de 316 trabalhadores, o setor bancário conta com uma amostra de 426 trabalhadores. Os resultados demonstram que o apoio do chefe percebido é mais importante no setor informático e o apoio da organização percebido é mais importante no setor bancário.

Este estudo contribui para um melhor entendimento do apoio social no trabalho em organizações do setor bancário e do setor informático. Como tal, serão ainda apresentadas limitações e sugestões para futuras investigações, tal como implicações observadas ao longo deste estudo.

Palavras-Chave: Apoio da organização percebido, apoio do chefe percebido, apoio dos colegas percebido, bem-estar geral.

Abstract

The present research has the main objective to evaluate the perceived social support, in particular the organization, the supervisor and the co-workers, in the well-being of the employees, in two different work areas, in Portugal. The IT sector has a sample of 316 workers, the banking sector has a sample of 426 workers. The results demonstrate that perceived supervisor support is more important in the IT industry and the perceived organizational support is more important in the banking sector.

This study contributes to a better understanding of social support in work in organizations of the banking sector and the IT sector. As such, limitations and suggestions for future investigations will be presented, as well as implications observed throughout this study.

Key-Words: Perceived organizational support, perceived supervisor support, perceived

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v

“Dai-me um ponto de apoio

e levantarei o mundo”

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1 Introdução

Para a Organizaç ão Internacional do Trabalho (OIT), os riscos psicossociais no trabalho consistem, por um lado, na interaç ão entre o trabalho, o ambiente, a satisfação no trabalho e as condiç ões da organização e, por outro, nas capacidades do trabalhador, das necessidades, da cultura e situaç ão pessoal fora do trabalho, o que, através de percepç ões e experiências, pode ter influência na saúde e no desempenho do trabalhador (Camelo & Angerami, 2008). Para estes autores, os principais fatores psicossociais considerados como fontes de stress, que podem estar presentes no meio ambiente do trabalho, envolvem aspectos de organização, administração e sistemas de trabalho, englobando ainda a qualidade das relações humanas.

Desde os finais do século XIX que as lesões e os acidentes no local de trabalho, bem como os conflitos e a gestão das relações laborais, suscitaram a preocupação pelo bem-estar dos trabalhadores nas organizações, tornando-se, assim, alvo de atenção e investigação por parte dos psicólogos (Quick, 1999). Para Quick (1999), a Psicologia da Saúde Ocupacional assume-se como um promotor de modelos teóricos compreensivos de saúde, bem como da criação de ferramentas de intervenção no trabalho e nas organizações, que permitem aos seus agentes um maior bem-estar e saúde nestes contextos.

Considerando que o bem-estar e a saúde relacionadas com o trabalho eram vistos como uma responsabilidade do trabalhador a nível individual, a Psicologia da Saúde Ocupacional é uma disciplina que mudou o seu foco para uma visão mais ecológica ou de sistemas, em que as organizações e os seus líderes assumem uma responsabilidade crescente, com os aspectos da saúde e bem-estar dos trabalhadores (Quick & Tetrick, 2003). Deste modo, o bem-estar organizacional é considerado um dos temas centrais da Psicologia da Saúde Ocupacional, ao qual tem sido dado grande ênfase na investigação desde o início do século XX (Chambel, 2016), sendo, mesmo, considerado por Piotrowski (2012) um dos tópicos de topo no ranking das áreas de maior interesse de pesquisa.

A Psicologia da Saúde Ocupacional deve a sua jovem origem à quantidade de estudos que surgem da investigação nesta matéria e à riqueza de conhecimento científico que daí advém, nomeadamente, aos resultados sobre o stress e a questões

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2 organizacionais relacionadas com a saúde do indivíduo, no contexto de trabalho (Houdmont & Leka, 2010).

O estudo das variáveis das organizações que promovem a maior produtividade dos trabalhadores aumentou nos últimos anos (e.g. Quick, 1999), principalmente com a perceção de que o bem-estar dos mesmos seria uma peça fundamental para este objetivo. Neste sentido, surgem diversos estudos sobre o apoio organizacional percebido (e.g. Eisenberger, Huntington, Hutchinson & Sowa, 1986), constructo integrante das variáveis de promoção e proteção da psicologia da saúde ocupacional das organizações. De forma direta, este apoio percebido significa que os trabalhadores cedem a sua confiança aos patamares da alta administração (Webber, Bishop & O’neill, 2012) potenciando os seus resultados na organização pela potenciação das suas capacidades. As pesquisas de Cropanzano, Howes, Grandey e Toth (1997) sugerem que, quando os trabalhadores se sentem apoiados no local de trabalho, tornam-se melhor preparados para lidar com a pressão de trabalho diário que exige maior pressão (Cropanzano et al., 1997). Neste sentido, o apoio da organização percebido (Perceived

Organizational Support; POS) é uma das variáveis mais importantes no estudo do stress

em contexto laboral. Os resultados sugerem que o POS pode servir como moderador contra o impacto adverso do nível alto de trabalho, na saúde mental (Vermeulen & Mustard, 2000).

A presente investigação tem como objetivo central o estudo da relação entre a perceção dos apoios da organização, do chefe e dos colegas e o bem-estar geral dos trabalhadores, utilizando para isso duas amostras distintas, sendo elas os trabalhadores do setor informático e do setor bancário. Além deste, outro objetivo passa por estudar qual dos tipos de apoio percebido poderá ser mais importante no bem-estar geral dos trabalhadores.

Com estes objetivos esperamos contribuir com mais informação sobre a importância do apoio percebido nas organizações e sobre a sua influência no bem-estar geral dos trabalhadores. Além disto, esperamos conseguir pistas que sejam bons indicadores do caminho a seguir pela Psicologia da Saúde Ocupacional no que diz respeito à importância das variáveis em estudo. Por fim, esperamos, com esta investigação, contribuir para o desenvolvimento de modelos atuais de apoio percebido, tornando-os

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3 cada vez mais adaptados e específicos às diversas populações de trabalhadores nas organizações.

Enquadramento Teórico

Apoio Social nas Organizações

A teoria do apoio organizacional (OST; Eisenberger, Huntington, Hutchinson & Sowa, 1986) sustenta que, para atender às necessidades sócio-emocionais dos trabalhadores e para avaliar os benefícios do aumento do esforço de trabalho, os trabalhadores formam uma perceção geral sobre a medida em que a organização valoriza as suas contribuições e cuidados sobre o seu bem-estar.

Com base na revisão de literatura realizada, podemos destacar três tipos fundamentais de apoio percebido nas organizações que têm impacto diário no funcionamento dos trabalhadores para com a empresa, fazendo varia a sua visão da mesma, do seu trabalho e valorização e da sua produtividade e desempenho. São eles o Apoio da Organização Percebido, o Apoio do Chefe Percebido e o Apoio dos Colegas Percebido.

Apoio da Organização Percebido

De acordo com a Organizational Support Theory (OST), o Apoio da Organização Percebido (Perceived Organizational Support; POS) depende fortemente das atribuições dos trabalhadores quanto à intenção da organização prestar tratamento favorável ou desfavorável aos mesmos. O POS é a perceção do trabalho de como é tratado pela sua organização, tendo influência direta na perceção de como a organização se sente para com o trabalhador e para com as suas contribuições e bem-estar (Eisenberger, Armeli, Rexwinkel, Lynch & Rhoades, 2001). Eisenberger, Cummings, Armeli e Lynch (1997) apontam uma responsabilidade direta às organizações no que diz respeito à criação deste ambiente favorável ao trabalhador, não lhe impondo questões relacionadas com regulamentos burocráticos internos mas, sim, o de aumentar os benefícios dos trabalhadores, de condições laborais e de bem-estar, aumentando, também, o seu POS (Gouldner, 1960). Assim, o POS representa o sentimento do trabalhador para com as intenções da organização, no que diz respeito à sua

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4 preocupação pelo trabalhador e pelo seu trabalho, na medida em quanto o admira ou não pela sua produtividade e desempenho (Eisenberger et al., 1986). Os trabalhadores acreditam na evidência de que a organização tem uma orientação geral positiva ou negativa em relação aos mesmos, que engloba o reconhecimento das suas contribuições e a preocupação com o seu bem-estar.

A OST invoca a teoria da troca social onde o emprego é visto como o comércio de esforço e lealdade pelo trabalhador, para benefícios tangíveis e recursos sociais da organização (Cropanzano & Mitchell, 2005). Pode ser explicado pela transação entre trabalhador e organização onde a organização satisfaz as necessidades no trabalhador, atribuindo-lhe apoio socio-económico, enquanto o trabalhador retribui com esforço e lealdade para com a organização (Aselage & Eisenberger, 2003). Danish, Ramzan e Ahmad (2013) acrescentam que quando um trabalhador entra numa organização, o seu contributo depende, quase exclusivamente, no apoio que perceciona da mesma. O POS deve causar a norma de reciprocidade, levando a uma obrigação sentida para ajudar a organização, bem como a expectativa de que o aumento do desempenho em nome da organização seja notado e recompensado. Como resultado, os trabalhadores com elevados níveis de POS devem envolver-se em maiores esforços relacionados com o seu trabalho, resultando em maior desempenho profissional e desempenho extra-papel para a organização. O POS envolve também necessidades sócio-emocionais dos trabalhadores, resultando numa maior identificação e comprometimento com a organização, maior desejo em ajudar no sucesso da organização e maior bem-estar psicológico.

A popularidade que tem sido atribuída ao apoio da organização percebido como um recurso central para os trabalhadores, encontra-se em constante aumento entre administradores e gerentes nesta nova era do mundo corporativo, particularmente no que diz respeito ao setor de serviços (Mowday, 1998). Como referem Webber, Bishop e O’neill (2012), quanto maior a perceção de POS, mais os trabalhadores irão confiar nas suas chefias de topo, o que está relacionado com um aumento da satisfação com o trabalho enquanto diminui os conflitos entre trabalhadores, a intenção de sair da empresa e as dificuldades no trabalho (Harris, Harris & Harvey, 2007).

O estudo de Kurtessis, Eisenberger, Ford, Buffardi, Stewart e Adis (2015), encontram relações claras e consistentes de POS com os antecedentes e consequências

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5 previstas em relação ao compromisso organizacional afetivo, onde os empregados procuram equilíbrio na sua relação com a organização, desenvolvendo atitudes e comportamentos favoráveis consistentes com o POS. Assim, segundo o mesmo estudo, Kurtessis e colaboradores (2015) sugere que o POS aumenta a perceção dos trabalhadores de que serão ajudados quando tiverem essa necessidade, aumenta a necessidade de auto-eficácia, o que resulta numa diminuição do burnout e do stress.

Apoio do Chefe Percebido

O apoio social da organização não se esgota no POS pois, como destacado de forma pioneira pelo modelo Job Demand Control_Support (JDC-S; Johnson & Hall, 1988), o apoio social de colegas e da chefia pode funcionar como moderador da relação entre as exigências psicológicas e as reações ao stress. Neste contexto, os trabalhos caracterizados por altas exigências, baixo controlo e pouco apoio social, são considerados como sendo a situação de trabalho mais nociva (Van der Doef & Maes, 1999).

Da mesma forma, como os trabalhadores formam perceções globais sobre a sua organização, desenvolvem igualmente visões gerais relativas ao grau em que os chefes valorizam as suas contribuições e se preocupam com o seu bem-estar (apoio percebido pelos chefes ou Perceived Supervisor Support (PSS; Kottke & Sharafinski, 1988).

Como os chefes atuam como agentes da organização, que têm a responsabilidade de dirigir e avaliar o desempenho dos subordinados, os trabalhadores consideram a orientação favorável ou desfavorável do seu chefe, como indicativo do apoio da organização (Eisenberger et al., 1986; Levinson, 1965). Além disso, os trabalhadores entendem que as avaliações dos chefes relativamente aos subordinados são frequentemente transmitidas à alta gerência e influenciam os pontos de vista desta, contribuindo ainda mais para a associação dos trabalhadores do chefe com o POS.

Quando a relação entre chefe e subordinado é de nível alto de qualidade, os subordinados têm-na como recíproca, agindo com níveis altos de motivação intrínseca, mostrando mais trabalho (Blau, 1964) e maiores níveis de bem-estar (Wayne, Shore, Bommer & Tetrick, 2002). No estudo de Chambel, Castanheira, Oliveira-Cruz e Lopes (2015) com os soldados portugueses é comprovada uma associação do seu bem-estar com a relação do chefe. Quanto mais os soldados achavam ter uma melhor relação com

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6 o seu chefe, maiores níveis de bem-estar apresentavam, bem como menos burnout e mais engagement.

Segundo Faragher, Cass e Cooper (2005) há uma indicação clara da forte relação entre a satisfação no trabalho e a saúde mental e física dos trabalhadores. Os relacionamentos entre colegas e chefia, são particularmente significativos para aspectos de saúde mental, esgotamento específico, baixa auto-estima, ansiedade e depressão, onde pode ser confirmado que a insatisfação no trabalho pode ser perigosa para a saúde mental e para o bem-estar dos trabalhadores.

Por exemplo, a pesquisa realizada pelo estudo de Harter, Schmidt e Keyes (2002) menciona que a presença de perceções e sentimentos positivos no local de trabalho por parte dos trabalhadores está associada à maior fidelização de clientes da área de negócios, maior rentabilidade, maior produtividade e menores taxas de rotatividade, concluindo assim que o bem-estar e o desempenho no local de trabalho são partes complementares e dependentes de organizações psicologicamente e financeiramente saudáveis.

Apoio dos Colegas Percebido

Os trabalhadores podem contribuir para moldar e implementar os valores e objetivos da organização, e o fornecimento de recursos instrumentais e sócio-emocionais pela empresa pode representar uma influência significativa no POS. De acordo com essa visão, Ng e Sorensen (2008) sugerem que o apoio dos colegas percebido está relacionado com o POS, concluindo que a negligência tradicional dos colegas de trabalho como fonte de POS deve ser reconsiderada, pois existe a importância de inserir os trabalhadores em redes sociais que envolvam os colegas de trabalho.

Em estudos de Coleman (1988), Granovetter (1985), Uzzi (1999) são encontradas evidências em que uma proporção considerável de trocas sociais de trabalhadores em contexto laboral, incluindo o intercâmbio de recursos de apoio, está inserida em redes de relações sociais estáveis. Em comparação com trocas sociais esporádicas, as trocas sociais incorporadas são mais longas, mais fortes e mais propensas a serem múltiplas, envolvendo recursos instrumentais e sócio-emocionais (Podolny & Baron, 1997). Formas instrumentais de apoio social envolvem recursos que ajudam os trabalhadores a realizar tarefas ou objetivos específicos. Esses recursos incluem informações,

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7 especialização, aconselhamento profissional, acesso e defesa política, equipamentos e abastecimento. As formas expressivas de apoio social incluem aprovação, elogio, intimidade e proximidade emocional, tornando-se assim, importantes para o preenchimento das necessidades emocionais e de identidade social (Ibarra & Smith-Lovin, 1997).

Através do estudo com estudantes universitários (Chambel & Curral, 2005) fica comprovado que pouco suporte por parte dos colegas tem efeitos negativos no bem-estar. Os que apresentam maiores níveis de apoio dos colegas, mostram menores níveis de ansiedade e depressão e mais satisfeitos com o seu trabalho académico (Chambel, 2016).

Apesar da indicação da existência de resultados positivos na maioria dos estudos, na relação entre os trabalhadores e os apoios da chefia e dos colegas, a investigação de Hafner, van Stolk, Saunders, Krapels e Baruch (2015) parece contrariar essa tendência, pois no que diz respeito a estes mesmos apoios não existem associações significativas relativamente ao aumento de produtividade do trabalho. Possivelmente este resultado poderá dever-se à boa relação existente dos trabalhadores, com os colegas e a chefia.

Como tal, formulámos a seguinte hipótese:

Hipótese 1: Quanto maior o grau de apoio percebido, maior o grau de bem-estar geral percebido por parte dos trabalhadores:

Hipótese 1a) Quanto maior o POS maior o bem-estar geral dos trabalhadores; Hipótese 1b) Quanto maior o apoio percebido por parte do chefe maior o bem-estar geral dos trabalhadores;

Hipótese 1c) Quanto maior o apoio percebido por parte dos colegas, maior o bem-estar geral dos trabalhadores.

Moderação pela profissão: Informáticos vs. Bancários

Em diferentes profissões, mais concretamente no setor informático e no setor bancário, o apoio da organização percebido, o apoio do chefe percebido e o apoio dos colegas percebido, podem ter importância distinta, para explicar o bem-estar geral dos profissionais de cada profissão.

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8 Setor Informático

A profissão no setor da informática engloba tarefas e funções dos analistas de sistemas, programadores de software tais como aplicações, web e multimédia, administradores de bases de dados, de sistemas, especialistas em redes informáticas e outros especialistas em base de dados (Classificação Portuguesa das Profissões, 2011).

Os autores Sharp, Baddoo, Beecham, Hall e Robinson (2009)caracterizam a maioria dos profissionais desta área por não necessitarem de grande interação social com os colegas, pois são bastante autónomos na sua forma de trabalhar e particularmente ávidos em adquirir novas competências inerentes à profissão. Segundo estes mesmos autores, a comunicação eficaz do chefe com os trabalhadores destacada como sendo a mais importante para estes últimos, no local de trabalho.

De forma complementar ao contexto laboral dos informáticos, Zain, Mohd, El-Qawasmeh (2011) sugerem que estes têm uma profissão orientada para o conhecimento. Logo a intenção do trabalhador em sair da organização para a qual trabalha, implica que esse conhecimento desapareça juntamente com o seu detentor, o que pode ser prejudicial para o sucesso organizacional. Nesta linha, o apoio do chefe, como referido anteriormente, é o que melhor prevê o sentimento de pertença dos trabalhadores, enquanto diminui a tentativa de abandonar a organização.

Neste sentido, parece-nos que o apoio do chefe percebido é o mais importante para estes trabalhadores e que poderá ter maior implicação nas metas de trabalho a atingir, o que consequentemente contribui para o seu bem-estar no local de trabalho.

Acresce a isto a não evidência em termos da literatura de que o apoio da organização ou dos colegas percebido poderia ser central para os trabalhadores deste setor.

Tendo em consideração a revisão de literatura realizada, formulou-se a seguinte hipótese:

Hipótese 2: O grau de apoio do chefe percebido pelos Informáticos é mais importante na sua perceção de bem-estar geral do que os apoios da organização e do chefe;

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9 Setor Bancário

A profissão de bancário compreende várias tarefas as quais consistem no processamento de depósitos em dinheiro, cheques, títulos, transferências, pagamentos com cartão de crédito, vales postais e outras transações de clientes. Podem ainda realizar o câmbio de moeda a pedido dos clientes, registar todas as transações e fazer o cruzamento com o saldo de caixa, ativar e solicitar meios de pagamento como cartões, cheques e prestar informações aos clientes (Classificação Portuguesa das Profissões, 2011). Para além destas tarefas podem ainda ter funções como gestão de contas individuais e ou coletivas, simulação, atribuição e gestão de empréstimos, bem como a gestão e planeamento de diversos projetos a título individual ou organizacional.

No estudo de Giorgi, Dubin e Perez (2016), com trabalhadores italianos do setor bancário, é constatado que o apoio organizacional percebido pelos trabalhadores resulta da combinação de condições de trabalho, como por exemplo, proporcionar aos trabalhadores formação profissional e relatórios de avaliação, podendo causar implicações importantes para originar uma orientação favorável relativamente à organização ao estimular o envolvimento das atividades de bem-estar, podendo desta forma desempenhar um papel fundamental no aumento de POS.

A pesquisa realizada por Khan, Mahmood, Kanwal e Latif (2015) foi de extrema importância para a análise de que o apoio da organização percebido em trabalhadores no setor bancário do Paquistão fornece evidências necessárias de que a má conduta dos trabalhadores deriva da falta de incentivos proporcionais às suas realizações de trabalho e que os trabalhadores da linha da frente são considerados os mais importantes, pois são eles que se encontram em interação direta com os clientes e desta forma trazer os benefícios à organização.

Afzali, Motahari e Hatami-Shirkouhi (2014), num estudo realizado com uma amostra de bancários iranianos, concluiu que o apoio da organização percebido influencia de forma positiva a capacidade psicológica, a aprendizagem na organização e o desempenho no trabalho.

Num outro estudo, realizado por Kafeel, Kausar e Rana (2017) numa amostra de bancários paquistaneses, foram encontradas evidências de que o apoio da organização percebido aumenta a satisfação com o trabalho bem como com os seus níveis de

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10 desempenho. Os autores acrescentam, ainda, que este tipo de apoio é essencial para a melhor produtividade e satisfação dos trabalhadores do setor bancário.

Assim, o apoio percebido mostra-se como o tipo de apoio mais relevante para o bem-estar dos trabalhadores no setor bancário, pois, por um lado, provoca um aumento da satisfação no trabalho, enquanto que por outro lado diminui o conflito de funções, a intenção de abandonar a organização e a pressão no trabalho (Harris, Bishop & O’neill, 2007). Além disto, a literatura evidencia que o apoio do chefe poderá ser importante, mas sem sustentação empírica. Do tipo de apoio dos colegas, não foram encontradas evidências na literatura.

Assim, no sentido de investigar a relação entre estas variáveis, postulámos a seguinte hipótese:

Hipótese 3: O grau de apoio da organização percebido pelos Bancários é mais importante na sua perceção de bem-estar geral do que os apoios do chefe e dos colegas;

Método

Procedimento e Participantes

O presente estudo encontra-se integrado numa investigação tendo em conta a temática dos riscos psicossociais em trabalhadores de duas empresas em contexto laboral diferente. Uma empresa do setor informático e outra empresa do setor bancário. Os dados foram recolhidos on-line a colaboradores de uma empresa de informática, numa sucursal em Portugal, e a colaboradores de um banco português. A todos os colaboradores participantes no estudo de ambas as entidades, foi garantido o anonimato das respostas.

O número total de participantes considerados pelo presente estudo da empresa do setor informático foi de 316 trabalhadores, sendo que 86 são do sexo feminino e 230 do sexo masculino, o que corresponde, respetivamente, a 27,2% e 72,8% da amostra total (Quadro 1). Verifica-se que a maioria dos participantes estão na faixa etária dos 36 aos 45 anos (57,7%). O número total de participantes considerados pelo presente estudo da empresa do setor bancário foi de 426 trabalhadores, sendo que 171 são do sexo

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11 feminino e 255 do sexo masculino, o que corresponde, respetivamente a 40,1% e 59,9% da amostra total. Verifica-se que a maioria dos participantes estão na faixa etária dos 36 aos 45 anos (57,7%).

Quadro 1. Análise Descritiva da Amostra

Informáticos (N=316) Bancários (N=426) % N % N Género Homem 72.8 230 59.9 171 Mulher 27.2 86 40.1 255 Idade <25 8.5 27 2.1 9 [26-30] 22.2 70 - - [26-35] - - 12 51 [31-35] 18.4 58 - - [36-45] 41.5 131 57.7 246 >45 9.5 30 - - >46 - - 28.2 120 Medidas

A apresentação das medidas utilizadas nesta investigação é feita de forma conjunta para ambas as populações de Informáticos e Bancários pois, como era propósito desta investigação, as variáveis utilizadas foram as mesmas, bem como os instrumentos.

No entanto, o número de itens aplicado a cada população foi diferente devido a restrições de tempo por parte da população dos Informáticos que, manifestando menor disponibilidade temporal para o preenchimento dos instrumentos, levou-nos a realizar uma seleção dos itens a aplicar. Essa seleção foi realizada com base nos índices de consistência interna item-item, sendo selecionados e aplicados os itens com maior índice.

Apesar desta diferença de itens aplicados poder representar uma limitação deste estudo, o índice de consistência interna das aplicações realizadas, mesmo com número de itens diferente, é elevado e semelhante entre si.

Apoio da Organização (POS). Para a medição desta variável foi utilizada uma versão

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12 Eisenberger, Huntingon, Hutchison e Sowa (1986). Esta medida utiliza uma escala de tipo Likert de 7 pontos variáveis entre (1) “discordo totalmente” e (7) “concordo totalmente” e tem, como itens exemplo, “A empresa esquece pequenas falhas da parte

dos seus trabalhadores” ou “A empresa disponibiliza-se para me ajudar quando tenho um problema”. Para a população de Informáticos, foram utilizados 5 itens, com um

índice de consistência interna de α = .92. Já nos Bancários, foram utilizados 7 itens, com um índice de consistência interna de α = .93.

Apoio do Chefe. Para medir esta variável foi utilizada uma sub-escala do Job Content Questionnaire (Karasek, 1985), segundo uma escala de tipo Likert de 7 pontos entre (1)

discordo totalmente e (7) concordo totalmente e tem, como itens exemplo, "A minha

hierarquia direta consegue que as pessoas se deem bem umas com as outras” ou “A minha hierarquia direta ajuda na realização direta do meu trabalho". Para a população

de Informáticos, foram utilizados 3 itens, obtendo um índice de consistência interna de α = .93 e, para a população de Bancários, foram utilizados 5 itens da mesma subescala, com um índice de consistência interna relativo à dimensão em questão é de α = .92.

Apoio dos Colegas. A dimensão do apoio fornecido por parte dos colegas foi medida

através de uma sub-escala do questionário Job Content Questionnaire de Karasek (1985). Este instrumento utiliza uma escala de tipo Likert de 7 pontos variáveis entre (1) “discordo totalmente” e (7) “concordo totalmente” e tem, como itens exemplo "Os meus

colegas ajudam na realização do trabalho” ou “Damo-nos bem entre colegas". Para a

população de Informáticos, foram utilizados 3 itens, com um índice de consistência interna de α = .88. Na população de Bancários foram utilizados 6 itens, com um índice de consistência interna é de α = .90.

Bem-Estar Geral. Por forma a medir a variável dependente “bem-estar geral” foi

utilizado o General Health Questionnaire (GHQ) de Goldberg e Williams (1988), validado para a população portuguesa por Laranjeira (2008). O questionário utilizado nesta variável é constituído por 12 itens, através da resposta a uma escala de tipo Likert de 4 pontos em que: (1) “Pior do que habitualmente”, (2) “Como habitualmente”, (3) “Melhor do que o habitual” e (4) “Muito melhor do que o habitual” e tem, como itens exemplo, “Tem pensado em si próprio como uma pessoa com valor?” ou “Tem sentido

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que é capaz de tomar decisões?”. Neste estudo foi utilizada a dimensão de bem-estar

geral positivo, avaliada por 6 itens para a população de Informáticos, a qual apresentou um α = .83, e de 7 itens para a população de Bancários, a qual apresentou um α = .87.

Variáveis de Controlo. As variáveis sexo (0 = Masculino; 1 = Feminino) e idade (1 =

Menos de 25 anos; 2 = Entre 25 e 30 anos; 3 = Entre 31 e 35 anos; 4 = Entre 36 e 45 anos; 5 = Mais de 45 anos, para os Informáticos e 1 = Menos de 25 anos; 2 = Entre 26 e 35 anos; 3 = Entre 36 e 45 anos; 4 = Mais de 46 anos, para os Bancários) são identificadas como potenciais influenciadoras da relação entre os apoios da organização, do chefe e dos colegas e o bem-estar geral do trabalhador. Desta forma, o seu impacto foi controlado estatisticamente por forma a eliminar explicações alternativas para a relação supracitada.

Análise de Dados

Para realizar a análise estatística do presente estudo foi utilizado o programa estatístico IBM Statistical Package for the Social Sciences (SPSS 24.0). Em primeiro lugar, foi realizada uma caracterização da amostra, para ambas as populações, no que diz respeito ao género e a idade. De seguida, procedeu-se à análise de correlações das variáveis em estudo, finalizando com a análise das regressões hierárquicas múltiplas.

Resultados

Os resultados deste estudo contribuíram para a compreensão das relações entre os apoios da organização, do chefe e dos colegas para a promoção do bem-estar dos trabalhadores em dois contextos de trabalho diferentes.

Tendo em conta as hipóteses previamente estabelecidas, realizou-se uma análise de correlações entre as variáveis em estudo (Quadro 2) bem como uma análise das regressões hierárquicas múltiplas (Quadro 3).

Desta forma, quanto à primeira hipótese desta investigação, podemos afirmar que a hipótese 1 é parcialmente suportada: 1 a) é suportada porque o suporte por parte da organização é um preditor significativo do bem-estar ; 1 b) é suportada no caso da informática porque o apoio do chefe é significativo do bem-estar neste sector, mas é

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14 refutada no banco, porque não é um preditor significativo do bem-estar dos trabalhadores; 1 c) é suportada no caso do banco, porque o suporte dos colegas é um preditor significativo do bem-estar dos trabalhadores, mas é refutada no sector informático porque não é um preditor significativo do bem-estar dos trabalhadores.

No que diz respeito à segunda hipótese, esta é suportada, pois verifica-se como previsto que o apoio do chefe é o preditor mais forte do bem-estar dos trabalhadores do sector informático, quando comparado com o apoio da organização e o apoio dos colegas.

No que diz respeito à terceira hipótese, esta é suportada, pois verifica-se como esperado que o suporte por parte da organização é o preditor mais forte do bem-estar dos trabalhadores do banco, quando comparado com o apoio por parte do chefe e o apoio por parte dos colegas.

Quadro 2. Análise de correlações

N Apoio da Organização Apoio do Chefe Apoio dos Colegas I B I B I B I B Bem-Estar Geral 308 413 .403** .333** .434** .311** .250** .282** Apoio da Organização 316 426 .669** .533** .342** .327** Apoio do Chefe 316 426 .462** .566 ** Apoio dos Colegas 316 426 **p=<.01

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15 Discussão

A presente investigação teve como principal objetivo contribuir para um melhor entendimento da relação existente entre os diversos tipos de apoio percebido, da organização, do chefe e dos colegas, com o bem-estar geral dos trabalhadores. Para este estudo, recorreu-se a duas amostras de trabalhadores, do sector informático e do sector bancário, realizando comparações entre si no que diz respeito ao peso de cada um destes apios na explicaçãoo do bem-estar dos trabalhadores.

Pretendemos, com esta investigação, acrescentar informação relativa à Teoria do Suporte Organizacional, com desenvolvimentos da relação entre os diversos tipos de apoio percebido pelos trabalhadores e o seu bem-estar, acentuando, também, a importância da especificação de determinados apoios em diferentes contextos de trabalho. Além disto, são encontradas diversas pistas sobre o bem-estar dos trabalhadores destas duas amostras, que nos remetem para a potenciação e promoção dos diversos tipos de apoio percebido por parte das organizações em causa.

Quadro 3. Análise das regressões hierárquicas múltiplas do apoio organizacional Informática (N = 316) Banco (N = 426) B β B β 1º passo - - - - Idade -.07 -.07 -.07 -.08 Género .08 .13 .04 .08 2º passo - - - - POS - .20* - .23** Chefe - .29** - .11 Colegas - .05 - .15* F 1.78 29.37** 1.01 24.66** Adj. R-Sq. .01 .22 .00 .15 R-Sq. Change .01 .22 .01 .15 *: p < .01 **: p < .001

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16 No que diz respeito à primeira hipótese, a mesma mostra ser suportada parcialmente pelos resultados encontradas. Como previsto o apoio por parte da organização é um com preditor relevante para explicar o bem-estar geral dos trabalhadores, mostrando a sua influência nos trabalhadores de ambas as populações, de informáticos e nos bancários. Este seria um resultado previsto tendo em conta a literatura realizada (e.g. Chambel, 2016; Eisenberger et al., 1986), tendo em conta a importância das variáveis da saúde ocupacional para as organizações e os novos objetivos de focar no bem-estar geral dos trabalhadores, sendo os níveis de apoio percebido parte central desta experiência. Além disto, a perceção dos trabalhadores de que o seu esforço para com os bons resultados da empresa será posteriormente recompensado em termos materiais e simbólicos (Eisenberger, Hungtington, Hutchison & Sowa,1986), poderá influenciar este resultado, criando o simbolismo do ciclo de reciprocidade. No entanto e ao contrário do previsto, verificamos que o apoio do chefe e o apoio dos colegas não são inevitavelmente relevantes na explicação do bem-estar, tendo nós verificado que o primeiro era significativo para o sector informático, mas não para o bancário e no caso do apoio dos colegas, verificamos o contrário porque mostrou-se significativo para o sector bancário, mas irrelevante no sector informático. Este resultado reforça a importância de se analisar o bem-estar e seus preditores tendo em atenção o contexto especifico que se está a estudar.

No que diz respeito à saliência do apoio do chefe para explicar o bem-estar dos trabalhadores no sector informático, os nossos resultados suportam esta ideia porque este é o preditor mais forte neste sector. Este dado vai ao encontro da literatura realizada (Sharp, Baddoo, Beecham, Hall & Robinson, 2009), que salientaram a necessidade destes trabalhadores sentirem apoio do chefe para a obtenção de melhores resultados. Como Lee (2004) sugere, o apoio do chefe junto dos informáticos representa uma peça fundamental na diminuição da sua intenção de sair da empresa, contribuindo para a sua identificação com a mesma, contribuindo, assim, para o bem-estar dos trabalhadores.

Já na população de trabalhadores bancários, o apoio da organização surge como o preditor mais saliente do bem-estar geral destes trabalhadores. Este resultado vai ao

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17 encontro da literatura (Afzali, Motahari & Hatami-Shirkouhi, 2014) que afirma ser o apoio percebido por parte da organização o mais importante para a perceção de bem-estar geral dos trabalhadores bancários, potenciando as suas qualidades e melhores contributos para a empresa. Apesar do apoio dos colegas também mostrar ter um papel importante para o setor bancário (Mansor, Waib, Mohamed & Shah, 2012) no que diz respeito às tarefas base que lhe são pedidas, o apoio da organização mostra ser o mais influente noutras capacidades do trabalhador, bem como no aumento do seu bem-estar.

Com estes resultados, podemos afirmar que o apoio percebido é uma chave central para o bem-estar geral dos trabalhadores e que representa um potenciador do seu desempenho na organização. De salientar que, cada setor organizacional, pelas suas diferenças, terão, necessariamente, um tipo de apoio mais proeminente do que outros, devendo caber à organização perceber, de acordo com as tarefas que são pedidas aos trabalhadores, em qual apostar e incentivar para obter melhores resultados.

Limitações e Sugestões para Futuras Investigações

Uma das limitações a considerar na presente investigação é o facto de o estudo apresentar uma estrutura transversal, com dados recolhidos num único momento temporal. Devido a esta limitação, não é possível realizar inferências no que diz respeito a relações de causalidade, entre as variáveis estudadas, dado os resultados serem apenas indicativos da natureza, positiva ou negativa, da relação. Desta forma, parece-nos interessante a realização de estudos longitudinais em pesquisas futuras, com o propósito de colmatar esta limitação.

Outra limitação que podemos considerar é relativamente aos instrumentos utilizados. Tendo em consideração os instrumentos utilizados para a realização da análise deste estudo, os mesmos compreendiam diversas medidas de autoavaliação e autorrelato, permitindo que os indivíduos respondam mediante o seu julgamento pessoal, tornando-se assim suscetível a existência de respostas subestimadas e ou sobrestimadas, devido ao efeito de desejabilidade social. Neste sentido, a ausência de escalas de validade poderá, também, ser um ponto a repensar em futuras investigações na área.

Por motivos de disponibilidade de aplicação, na amostra de trabalhadores do setor informático, as escalas tiveram de ser diminuídas. Apenas de terem sido escolhidos os

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18 itens com melhores valores de consistência interna, as aplicações às duas populações não deixam de ser diferentes.

Por último, esta investigação foi aplicada a trabalhadores portugueses de duas organizações diferenciadas, mais especificamente do setor informático e do setor bancário, o que origina uma influência na generalização dos resultados sobre a maior importância de um dos apoios (organização, chefe e colegas). A fim de ser possível entender qual o apoio social percebido mais preditor no grau de bem-estar dos trabalhadores, em vários setores organizacionais, cremos ser interessante realizar investigações nesse âmbito, alargando os setores organizacionais a serem investigados, bem como as variáveis em estudo que possam ser potenciadoras ou não dos apoios percebidos.

Implicações

Os resultados analisados apresentam implicações práticas na Gestão de Recursos Humanos, bem como acrescenta conhecimento à Psicologia da Saúde Ocupacional.

Neste estudo é reconhecida a importância do apoio do chefe percebido para o bem-estar geral dos trabalhadores do setor informático, bem como a importância do apoio da organização percebido para o bem-estar geral dos trabalhadores do setor bancário.

De acordo com Afzali, Motahari e Hatami-Shirkouhi (2014) as organizações devem compreender qual a motivação dos seus trabalhadores, competências, o seu compromisso com a organização e o seu apoio organizacional percebido, de forma a melhorar o seu desempenho. Neste sentido, as organizações ganham, cada vez mais, um maior peso na gestão psicológica dos seus trabalhadores, sendo que investigações desta índole atribuem e acrescentam valor a essa responsabilidade.

Os dados deste estudo permitem às organizações destes dois setores entender qual o apoio que pode determinar o bem-estar geral dos seus trabalhadores e assim otimizar situações em prole dos benefícios psicossociais dos mesmos.

As organizações ainda devem providenciar um ambiente organizacional em que o apoio social seja percebido para que os trabalhadores realizem um melhor desempenho e produtividade para a organização (Kafeel, Kausar & Rana, 2017).

Em suma, esta investigação demonstra que o apoio social percebido é de extrema importância, tanto para o bem-estar geral dos trabalhadores, como para as próprias

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19 organizações. A relação entre o trabalhador e os apoios da organização e do chefe percebidos são os mais importantes para o nível de bem-estar dos mesmos. A perceção dos trabalhadores ao sentirem esse apoio vão por sua vez atuar reciprocamente em relação à fonte do apoio percebido que, em última instância, permitirá à organização atingir os seus objetivos esperados.

No que diz respeito à Psicologia da Saúde Ocupacional, esta investigação potencia a valorização do apoio social percebido como forma de colmatar e atenuar o papel dos riscos psicossociais nas organizações.

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