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Verificação da aplicação da Norma Regulamentadora 35 no município de Ijuí

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(1)

GRANDE DO SUL – UNIJUÍ

CAROLINE JACOBOSKI SCHIMANOSKI

VERIFICAÇÃO DA APLICAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA

35 NO MUNICÍPIO DE IJUÍ

Ijuí-RS 2015

(2)

VERIFICAÇÃO DA APLICAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA

35 NO MUNICÍPIO DE IJUÍ

Trabalho de Conclusão de Curso de Engenharia Civil apresentado como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil.

Orientador: Fernando Wypyszynski

Ijuí-RS 2015

(3)

VERIFICAÇÃO DA APLICAÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA

35 NO MUNICÍPIO DE IJUÍ

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado adequado para a obtenção do título de BACHAREL EM ENGENHARIA CIVIL e aprovado em sua forma final pelo professor orientador e pelos membros da banca examinadora.

Ijuí, 9 de novembro de 2015

Prof.Fernando Wypyszinski - Orientador

Prof. Lia Geovana Sala

Coordenadora do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ

BANCA EXAMINADORA

Prof. Lia Geovana Sala

Coordenadora do Curso de Engenharia Civil/UNIJUÍ

Prof.Fernando Wypyszinski – Orientador

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Aos meus pais Rogério e Sueli pelo carinho, dedicação, motivação e exemplo de vida.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, por me guiar e proteger em todos os momentos da minha vida;

Aos meus pais Rogério e Sueli pelo incentivo, por nunca me deixarem faltar nada nesta caminhada, pela confiança depositada em mim, e principalmente pelo carinho;

A minha irmã Julia pelo carinho e compreensão;

Ao professor Fernando Wypyszynski pela orientação, por seu tempo e dedicação tornando possível a realização deste trabalho;

A todos os demais professores, que nestes seis anos dividiram seus conhecimentos conosco e não mediram esforços para ensinar.

Aos amigos que sempre estiveram comigo nesta etapa da minha vida, pela compreensão e companheirismo, pelos momentos de diversão, pelas noites em claro estudando, e por sempre estarem ao meu lado, por tudo isso vocês fazem parte desta conquista também, obrigado.

Obrigado a todos que de alguma forma contribuíram para conclusão desta etapa, mesmo não estando mencionados.

(6)

“Quanto mais nos elevamos, menores parecemos aos olhos daqueles que não sabem voar.”

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SCHIMANOSKI, C. J. Verificação da aplicação da norma regulamentadora 35 no município de Ijuí. 2015. Trabalho de Conclusão de Curso. Curso de Engenharia Civil, Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul – UNIJUÍ, Ijuí, 2015.

Uma das principais causas de mortes de trabalhadores se deve a acidentes envolvendo queda de pessoas e materiais na construção civil. Em grande parte dos casos, devido à falta de cultura, de exigência e de consciência profissional, além da despreocupação com o trabalhador. O risco de queda existe em vários ramos de atividades, devemos intervir nessas situações de risco, regularizando o processo e tornando os trabalhos mais seguros, promovendo assim a capacitação dos trabalhadores que realizam trabalhos em altura, no que diz respeito à prevenção de acidentes no trabalho, análise de risco, uso correto e particularidades do EPI e EPC para trabalho em altura, condutas em situações de emergência, assuntos relacionados e sempre levando em consideração o uso correto das Normas Regulamentadoras. O objetivo deste trabalho é mostrar, através de dados concretos, as condições de uso e segurança dos trabalhadores na realização das suas atividades em obras de médio porte no município de Ijuí, baseando-se em visitas técnicas e no resultado de dados obtidos por meio da aplicação de check

list, objetivando o atendimento à NR35.

Palavras-Chave: Trabalhos em Altura, Acidentes do Trabalho, Segurança do Trabalho, Queda

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One of the main causes of death of employees is due to accidents involving falling of people and materials in civil construction. In most of the cases, due to lack of culture, requirement and professional conscience, as well as abandon with the employee.

The fall risk exists in many business segments, we should intercede in these risk situations, regularizing the process and making work more safe, thus promoting the training of workers that perform work on high heights, with regard to the prevention of work accidents, risk analysis, correct use and particularities on the EPI and EPC towards height works, management in emergency situations, topics related and Always taking into consideration the corret use of the Regulatory Rules. The goal of this work is to show, by concrete data, the use conditions and safety of the work-pepole while doing their activities in medium-sized Works in the city of Ijuí, basing on technical visits and on the results of data by the check list application, aiming to accord with the NR35.

Key words: Work at Height, Work Accidents, Labor Safety, Fall in Height, Individual

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Figura 1: Acidentes de trabalho registrados em 2011, dados percentuais por Macrorregião ... 28

Figura 2: Principais causas de quedas em altura ... 34

Figura 3: Guarda-corpo protegido com tela em andaime suspenso... 36

Figura 4: Trabalhadores em Andaime suspenso envolvendo riscos adicionais... 37

Figura 5: Exemplo de equipamentos de proteção individual para trabalho em cadeira suspensa. ... 42

Figura 6: Cálculo da zona livre de queda ... 42

Figura 7: Fator de queda ... 43

Figura 8: Duplo talabarte com absorvedor de energia e mosquetão... 44

Figura 9: Guarda- corpo de madeira ... 46

Figura 10: Barreira vertical... 46

Figura 11: Barreira de rede ... 46

Figura 12: Proteção para abertura nos pisos ... 46

Figura 13: Proteções para vãos de elevadores ... 47

Figura 14: Proteções para escadas fixas ... 47

Figura 15: Plataforma de proteção... 47

Figura 16: Pontos de ancoragem definitivos ... 48

Figura 17: Cabo guia conectado ao trava quedas de trabalhador em andaime ... 49

Figura 18: Técnicas para prevenção contra queda... 50

Figura 19: Canteiro de obras 1 ... 56

Figura 20: Canteiro de obras 2 ... 57

Figura 21: Canteiro de obras 3 ... 58

Figura 22: Canteiro de obras 4 ... 58

Figura 23: Canteiro de obras 5 ... 59

Figura 24: Canteiro de obras 6 ... 60

Figura 25: Certificado de treinamento ... 61

Figura 26: APR elaborada ... 61

Figura 27: Atestado de saúde ocupacional ... 62

Figura 28: Ausencia de proteçao periférica ... 62

Figura 29: Rede de proteçao ... 62

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Figura 33: Resultado da NR-35 no canteiro de obras 1 ... 64

Figura 34: Documento PCMSO ... 64

Figura 35: Certificado de treinamento frente e verso ... 65

Figura 36: Sistema de proteção com irregularidades... 65

Figura 37: Sistema de proteção periférica conforme ... 66

Figura 38: Plataformas de proteção e abertura no piso com fechamento ... 66

Figura 39: Resultado da NR-35 no canteiro de obras 2 ... 67

Figura 40: Ausência de proteção periférica ... 68

Figura 41: Aberturas no piso sem fechamento ... 68

Figura 42: Escada com proteção ... 68

Figura 43: Desconformidades em plataformas ... 68

Figura 44: Sistema andaime suspenso conforme ... 69

Figura 45: Rede de proteção ... 69

Figura 46: Resultado da NR-35 no canteiro de obras 3 ... 69

Figura 47: Certificado de treinamento NR 35 ... 70

Figura 48: Linha de vida e cinto paraquedista ... 70

Figura 49: Escada com proteção ... 71

Figura 50: Plataformas instaladas corretamente ... 71

Figura 51: Aberturas no piso com fechamento ... 71

Figura 52: Resultado da NR-35 no canteiro de obras 4 ... 72

Figura 53: Documento PCMSO apresentado pela empresa ... 72

Figura 54: Proteção periférica ... 73

Figura 55: Aberturas no piso com fechamento ... 73

Figura 56: Proteção nas escadas ... 74

Figura 57: Inexistência de plataforma principal ... 74

Figura 58: Resultado da NR-35 no canteiro de obras 5 ... 74

Figura 59: Proteção periférica e uso da linha de vida vertical... 75

Figura 60: Sistema de proteção nas escadas ... 75

Figura 61: Plataformas de proteção ... 75

Figura 62: Sistema andaime suspenso conforme ... 76

Figura 63: Rede de proteção ... 76

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(12)

Tabela 1: Fatores do não cumprimento dos requisitos mínimos sobre SST ... 20

Tabela 2: Ocorrência de acidentes do trabalho no Brasil ... 27

Tabela 3: Ocorrências de acidentes do trabalho no estado do Rio Grande do Sul ... 27

Tabela 4: Distribuição dos óbitos por acidente do trabalho, segundo grupos da CBO (versão 1994), analisados pela SEGUR/RS, agosto de 2001 a dezembro de 2007 ... 28

Tabela 5: Distribuição dos óbitos por acidente do trabalho segundo o tempo de serviço dos trabalhadores, analisados pela SEGUR/RS, agosto de 2001 a dezembro de 2007 ... 29

Tabela 6: Classificação ao atendimento das normas ... 51

Tabela 7: Check List NR 35 ... 52

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LISTA DE SIGLAS

ABPA Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes

AEPS Anuário Estatístico da Previdência Social

CAT Comunicação de Acidentes do Trabalho

CBO Cadastro Brasileiro de Ocupações

EPI Equipamento de Proteção Individual

EPP Equipamento de Proteção Pessoal

INSS Instituto Nacional do Seguro Social

MTE Ministério do Trabalho e Emprego

NR Norma Regulamentadora

OIT Organização Internacional do Trabalho

OSHA Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho

PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional

PT Permissão de Trabalho

SESMT Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho

SST Segurança e Saúde no Trabalho

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1 INTRODUÇÃO ... 16 2 OBJETIVOS ... 17 2.1 Objetivo Geral ... 17 2.2 Objetivo Específico ... 17 2.3 Justificativa ... 17 3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ... 18

3.1 Breve histórico da segurança do trabalho ... 18

3.2 Segurança e acidente do trabalho ... 20

3.2.1 Segurança do Trabalho ... 20

3.2.2 Acidente de trabalho ... 21

3.2.2.1 Definição e considerações sobre acidente do trabalho ... 21

3.2.3 Dados sobre acidentes do trabalho e medidas de precauções a serem adotadas. 23 3.2.3.1 Medidas de controle relativas a elementos e operações da construção ... 25

3.2.3.2 Medidas de controle relativas ao trabalho ... 25

3.2.4 Causas de Acidentes ... 30

3.2.5 O custo dos acidentes de trabalho ... 31

3.2.6 Análise Preliminar de Risco ... 32

3.2.7 Permissão de Trabalho ... 33

3.3 Acidentes de trabalho em altura ... 33

3.4 Legislação brasileira vigente (NR 35 – Trabalho em Altura) ... 34

3.4.1 Organização e gerenciamento do trabalho em altura ... 36

3.4.2 Equipe de resgate e resposta a emergências em altura ... 38

3.4.3 Capacitação para o trabalho em altura ... 39

3.4.4 Avaliando a saúde para trabalho em altura ... 40

3.4.5 Equipamentos de proteção individual e acessórios ... 41

(15)

3.4.8 Equipamentos de proteção coletiva e sistemas de ancoragem ... 44

3.4.9 Cabo guia ... 49

3.5 Técnicas de trabalho e prevenção contra queda ... 49

4 METODOLOGIA ... 51

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS CANTEIROS ... 54

4.1.1 Canteiro de obras 1 ... 54 4.1.2 Canteiro de obras 2 ... 54 4.1.3 Canteiro de obras 3 ... 55 4.1.4 Canteiro de obras 4 ... 56 4.1.5 Canteiro de obras 5 ... 57 4.1.6 Canteiro de obras 6 ... 57 4 RESULTADOS ... 58 4.1 CANTEIRO DE OBRAS 1 ... 58 4.2 CANTEIRO DE OBRAS 2 ... 62 4.3 CANTEIRO DE OBRAS 3 ... 65 4.4 CANTEIRO DE OBRAS 4 ... 68 4.5 CANTEIRO DE OBRAS 5 ... 70 4.6 CANTEIRO DE OBRAS 6 ... 72 5 DISCUSSÃO ... 75 REFERÊNCIAS ... 78

(16)

1 INTRODUÇÃO

O setor da construção civil apresentou crescimento significativo em todo o Brasil e vem se consolidando como a principal empregadora de mão de obra no setor econômico brasileiro.

A construção civil é nacionalmente caracterizada por apresentar um elevado índice de acidentes de trabalho, e segundo ARAÚJO (1998), está em segundo lugar na frequência de acidentes registrados em todo o país.

Esse perfil pode ser traduzido como gerador de inúmeras perdas de recursos humanos e financeiro no setor. Até o início de 2012, no Brasil, as normas que regulamentavam os trabalhos em altura eram muito genéricas, com foco limitado apenas na utilização de equipamentos de proteção individual e coletiva, sem questionamentos a respeito da gestão da segurança (REVISTA PROTEÇÃO, Ed. 247 de Julho de 2012) e restritas à construção civil e à indústria naval, respectivamente, por meio da NR-18 e da NR-34. (PROTEÇÃO, 2012)

A partir da publicação da nova norma regulamentadora NR 35, os trabalhos em altura passaram a possuir requisitos básicos para a prevenção de acidentes, tais como o planejamento, a organização e a execução por meio da análise de risco, o estabelecimento de procedimentos seguros, a qualificação e autorização do trabalhador, a utilização de sistemas adequados para proteção, a existência de plano de emergência etc. (REVISTA PROTEÇÃO, Ed. 247 de Julho de 2012)

A queda em altura está associada com aproximadamente 40% dos acidentes de trabalho registrados no Brasil, (REVISTA PROTEÇÃO, Ed. 280 de Abril de 2015) e com cerca de 25% das causas de morte decorrentes de acidentes. (PREVIDÊNCIA SOCIAL, 2011).

Acidentes fatais por queda de altura ocorrem principalmente: durante a montagem de estruturas, em obras e reformas, nos serviços de manutenção e reforma de telhados, nos serviços em postes elétricos e em linhas de transmissão, nos trabalhos em torres de telecomunicações etc. (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2013)

Portanto, a prevenção dos riscos no local de trabalho é o principal foco das normas regulamentadoras (NR) do ministério do trabalho, cabendo a todos os envolvidos no setor da construção a garantia de segurança aos seus trabalhadores em suas funções, de forma a garantir o bem estar e a integridade física dos mesmos. É importante também o cumprimento de todas as normas referentes às atividades específicas envolvidas nas etapas da construção civil, bem como a busca pela prevenção dos acidentes, de forma a atenuá-los e até mesmo evitá-los, sempre que possível, já que se sabe que esta atividade destaca-se entre as áreas líderes de acidentes.

(17)

A Norma Regulamentadora n° 35 determina, portanto, os requisitos mínimos para atividades executadas acima de 2,0 metros e recomenda a realização das tarefas ao nível do chão, ou seja, não expor o trabalhador ao risco de queda por meio da busca de alternativas. (REVISTA PROTEÇÃO, Ed. 247 de Julho de 2012) Caso não existam alternativas a norma obriga que sejam tomadas ações para eliminar o risco, como por exemplo, através de prevenções ao local onde possa ocorrer a queda, ou então para minimizar as consequências dos efeitos em caso de queda. (HONEYWELL, 2013)

Portanto, qualquer empresa que tenha atividades executadas acima de 2,0 metros, deve seguir as regulamentações estabelecidas na NR-35 para garantir a segurança de todos e para evitar possíveis empecilhos em suas atividades econômicas.

Baseado nestes fatos buscou-se realizar estudos de casos em obras da construção civil nas quais está presente o trabalho em altura, de forma a analisar suas condições bem como o cumprimento das normas vigentes e associadas aos mesmos.

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é analisar a utilização dos equipamentos de proteção referentes ao trabalho em altura, em obras da construção civil de diferentes construtoras, verificando o atendimento às normas e as não conformidades baseado na NR-35, referente ao correto uso dos mesmos.

2.2 Objetivo Específico

Tem-se como objetivo específico deste trabalho de conclusão de curso constatar a presença de um profissional qualificado no canteiro de obra e a elaboração de um check list referente à NR-35 para aplicação em obras em que exista a execução do trabalho em altura. Serão coletadas impressões fotográficas de tal forma que se possa avaliar a situação da segurança do trabalho nas obras acompanhadas, fazendo um comparativo entre as mesmas, de modo a apontar as principais falhas no cumprimento da NR.

2.3 Justificativa

A norma regulamentadora NR-35, estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura, envolvendo o planejamento, a organização e a execução, de

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forma a garantir a segurança e a saúde dos trabalhadores envolvidos direta ou indiretamente com esta atividade.

A construção civil responde por cerca de 49% dos acidentes relacionados com o trabalho em altura e inclui não somente a queda dos trabalhadores assim como a queda de objetos e materiais sobre os trabalhadores. (SINDICATO NACIONAL DOS AUDITORES FISCAIS DO TRABALHO, 2012)

Considerando-se que o cumprimento das normas de segurança é de responsabilidade integral das empresas contratantes e seguindo-se os propósitos acima descritos e regulamentados, a realização deste trabalho visa identificar os principais pontos chave para o acontecimento de possíveis acidentes no setor da construção e especificamente no trabalho em altura, de modo a gerar resultados dos estudos de caso observados.

Portanto, será possível contextualizar o tema proposto à atualidade vivenciada nos canteiros de obra na cidade de Ijuí, verificando as principais faltas cometidas pelos contratantes e contratados no desempenho de suas funções.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Breve histórico da segurança do trabalho

Com o inicio da revolução industrial na Inglaterra, na segunda metade do século XVIII, surgiram novas formas de trabalho que expunham o trabalhador a uma série de riscos. Além disso, as péssimas condições físicas destes trabalhadores, decorrentes da má alimentação, e a falta de higiene existente nos barracões onde viviam, provocou uma epidemia que se alastrou por diversas indústrias do país (Histórico da Evolução dos Conceitos de Segurança, 2008).

Este fato abalou a opinião publica e o parlamento inglês viu se obrigado a ordenar oficialmente a publicação de uma lei que regulamentasse a utilização dessa Mao de obra. Assim em 1802 surge na Inglaterra a primeira lei cujo objetivo foi a segurança do homem no trabalho, a “lei de saúde e moral dos aprendizes’, que estabeleceu o limite de 12 horas de trabalhos diários, vedava o trabalho noturno e tornava obrigatória a ventilação das fabricas. Porém essas medidas não foram eficazes no que diz respeito á redução do numero de acidentes de trabalho (Histórico da Evolução dos Conceitos de Segurança, 2008).

O trabalho deixou de ser individual ou restrito a pequenos grupos, deixou de ser artesanal e passou a ser desenvolvido por contingentes cada vez maiores de trabalhadores assalariados,

(19)

começaram a aparecer os problemas que hoje identificamos como sendo de Segurança e Medicina do Trabalho (Histórico da Evolução dos Conceitos de Segurança, 2008).

Segundo Cruz (1996), a segurança do trabalho é uma conquista relativamente recente da sociedade, pois ela só começou a se desenvolver modernamente, ou como a entendemos hoje, no período entre as duas grandes guerras mundiais.

A preocupação com a segurança no trabalho começou a surgir em 1919 no Brasil quando Rui Barbosa, em sua campanha eleitoral, preconizou leis em função do bem estar social e segurança do trabalhador. Em 1941 foi fundada a ABPA (Associação Brasileira para Prevenção de Acidentes) e essa preocupação com a segurança do trabalho se tornou maior quando em 1943 acontece a publicação do Decreto Lei nº 5452, que aprovou a consolidação das Leis do Trabalho, cujo capitulo V, refere-se à Segurança e Medicina do Trabalho (Histórico da Evolução dos Conceitos de Segurança, 2008).

A nova concepção desse assunto no país só ocorreu em 1967, quando se destacou a necessidade de organização das empresas com a criação do SESMT (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Trabalho). O grande salto qualitativo da legislação brasileira em segurança do trabalho ocorreu em 8 de 1978 pela Portaria nº3.214, com a introdução das vinte e oito normas regulamentadoras (NR) do Ministério do Trabalho que abordam vários problemas relacionados ao ambiente de trabalho e a saúde do trabalhador. Nos anos 70 surgiu o Engenheiro de Segurança do Trabalho nas empresas, devido à exigência governamental, objetivando reduzir o numero de acidentes. Este atuou apenas como um fiscal dentro das empresas e sua relação aos acidentes era apenas corretiva.

Com a implantação das Normas Regulamentadoras, o papel do Engenheiro de Segurança deixou de ser apenas fiscal e passou a ter a visão não apenas corretivas, mas também preventiva, tendo que planejar e desenvolver técnicas relativas ao gerenciamento e controle de riscos.

Segundo o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil, as causas mais comuns para acidentes nas obras são as quedas de pessoas e materiais, seguidas de soterramento e o mau uso de maquinas. A grande maioria ocorre em pequenas construtoras, pois estas em grande parte não possuem um profissional de segurança especializado e tampouco se preocupam com a prevenção de acidentes. Isso se deve, principalmente, ao fato de que em canteiro de obra com menos de 50 empregados a Norma Regulamentadora 4 (NR) Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho (SESMT) não estabelece a obrigatoriedade daqueles profissionais no canteiro de obras.

(20)

Andrade (2003) apresenta alguns fatores sobre o não cumprimento dos requisitos mínimos sobre Segurança e Saúde no Trabalho (SST), dentre os quais os mais significativos para o foco deste estudo estão na tabela 1 a seguir.

Tabela 1: Fatores do não cumprimento dos requisitos mínimos sobre SST

Desconhecimento sobre legislação e recomendações técnicas associadas, muitas vezes complexas e de difícil compressão.

Infra-estrutura física precária, com escassez de pessoal qualificado e equipamentos. Enfoque reativo dado as questões de saúde e segurança do trabalho, ou seja, quando e se ocorrer serão tomadas as providências.

Trabalhadores pouco capacitados somados a escassez de recursos para capacitá-los. Alta rotatividade de pessoal

Fonte: O Desafio da Saúde e Segurança do Trabalho em Pequenas Empresas, 2003.

A segurança de Trabalho é parte integrante do processo de produção e um dos objetivos permanentes de uma empresa. Visa a preservar o seu patrimônio humano e material, de clientes e de terceiros e a continuidade das atividades em padrões adequados de produtividade com qualidade de serviço.

3.2 Segurança e acidente do trabalho

3.2.1 Segurança do Trabalho

Saliba (2004, p. 19) define segurança do trabalho como “a ciência que atua na prevenção dos acidentes do trabalho decorrentes dos fatores de riscos operacionais”. O princípio básico da segurança do trabalho é prevenir que o acidente ocorra. De acordo com o dicionário (2014), o significado de prevenir é “impedir que aconteça, ver com antecedência, evitar”.

A prevenção de acidentes é o propósito principal de um programa de segurança, permitindo a continuidade das operações e a redução dos custos de produção. Neste sentido, a prevenção de acidentes industrial, não só é um imperativo social e humano, senão também um bom negócio. Como prevenir, significa impedir um evento, tomando medidas antecipadas, a análise causal dos acidentes é o mais importante passo na

prevenção dos mesmos (MACHER, 1981, p. 6).

A segurança do trabalho tem como objetivo prevenir os acidentes de trabalho que ocorrem devido aos variados riscos operacionais presentes nos ambientes de trabalho. Desse modo, as providências adotadas na prevenção ou eliminação dos acidentes muitas vezes reduzem a exposição aos agentes ambientais. Portanto, um programa de segurança do trabalho deverá integrar, também, o controle dos riscos ambientais (SALIBA, 2006 apud ARRUDA, 2013). A segurança e saúde do trabalho é definida por normas e leis.

(21)

No Brasil a legislação se dá a partir das normas regulamentadoras, determinadas pela Portaria n° 3.214/78 do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), por leis complementares e também pelas conferências da OIT que foram validadas pelo país (AREASEG, 2014).

3.2.2 Acidente de trabalho

3.2.2.1 Definição e considerações sobre acidente do trabalho

São várias as definições sobre acidente do trabalho, pode se notar que seu conceito é amplo, e defende o trabalhador de uma forma muito completa.

O acidente de trabalho é definido no art. 19 da Lei 8.213/91 como aquele que resulta em lesão corporal ou perturbação funcional, que cause perda ou morte, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho e que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa. A doença profissional e a doença do trabalho também são consideradas acidentes de trabalho para fins legais e de concessão de benefício. (BRASIL, 1991)

O art. 21 da referida lei também equipara ao acidente de trabalho: acidente ligado ao trabalho que tenha contribuído diretamente para ocorrência de lesão, determinadas ocorrências no local e no horário de trabalho, doença proveniente de contaminação acidental no exercício da atividade do empregado e acidente sofrido a serviço da empresa ou no deslocamento entre a residência e o local de trabalho (e vice-versa). (BRASIL, 1991)

É importante salientar que, nesta equiparação, são incluídas as seguintes: agressão, sabotagem ou terrorismo, praticados por terceiros ou não, ofensas físicas, imprudências, imperícias, negligências, desabamentos, incêndios, inundações, e acidentes ocorridos nos períodos de descanso ou para satisfação de necessidades fisiológicas. (BRASIL, 1991)

Tal conceito tem como proposição a ocorrência de lesão para caracterizar um acidente. No entanto deve-se considerar um acidente aquele que pode “resultar em lesões, danos materiais e quase acidentes (evento ou fato negativo com potencialidade de provocar dano).” (SALIBA, 2011, p.34) Fica então evidenciado, que tais eventos devem ser analisados e investigados com o objetivo de amenizar o número de lesões e mortes.

O Ministério da Previdência Social considera acidente do trabalho como sendo acidente ligado ao trabalho que, embora não tenha sido a causa única, haja contribuído diretamente para a ocorrência da lesão; certos acidentes sofridos pelo segurado no local e no horário de trabalho; a doença proveniente de contaminação acidental do empregado no exercício de sua atividade; e o acidente sofrido a serviço da empresa ou no trajeto entre a residência e o local de trabalho do segurado e vice-versa (MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL).

(22)

Os principais conceitos são apresentados a seguir:

Acidentes com CAT registrada – corresponde ao número de acidentes cuja

Comunicação de Acidentes do Trabalho – CAT foi cadastrada no INSS. Não são contabilizados o reinício de tratamento ou afastamento por agravamento de lesão de acidente do trabalho ou doença do trabalho, já comunicados anteriormente ao INSS;

Acidentes sem CAT registrada – corresponde ao número de acidentes cuja

Comunicação de Acidentes do Trabalho – CAT não foi cadastrada no INSS. O acidente é identificado por meio de um dos possíveis nexos: Nexo Técnico Profissional/Trabalho, Nexo Técnico Epidemiológico Previdenciário – NTEP ou Nexo Técnico por Doença Equiparada a Acidente do Trabalho. Esta identificação é feita pela nova forma de concessão de benefícios acidentários;

Acidentes típicos – são os acidentes decorrentes da característica da atividade

profissional desempenhada pelo acidentado;

Acidentes de trajeto – são os acidentes ocorridos no trajeto entre a residência e o local

de trabalho do segurado e vice-versa;

Acidentes devidos à doença do trabalho – são os acidentes ocasionados por qualquer

tipo de doença profissional peculiar a determinado ramo de atividade constante na tabela da Previdência Social;

Acidentes liquidados – corresponde ao número de acidentes cujos processos foram

encerrados administrativamente pelo INSS, depois de completado o tratamento e indenizadas as sequelas;

Assistência médica – corresponde aos segurados que receberam apenas atendimentos

médicos para sua recuperação para o exercício da atividade laborativa;

Incapacidade temporária – compreende os segurados que ficaram temporariamente

incapacitados para exercer sua atividade em função de acidente ou doenças do trabalho. Nos primeiros 15 dias consecutivos ao do afastamento da atividade, caberá à empresa pagar ao segurado empregado o seu salário integral. Após este período, o segurado deverá ser encaminhado à perícia médica da Previdência Social para requerimento do auxílio-doença acidentário – espécie 91. No caso de trabalhador avulso e segurado especial, o auxílio-doença acidentário é pago a partir da data do acidente.

Incapacidade permanente – refere-se aos segurados que ficaram permanentemente

incapacitados para o exercício laboral. A incapacidade permanente pode ser de dois tipos: parcial e total. Entende-se por incapacidade permanente parcial o fato do acidentado em exercício laboral, após o devido tratamento psicofísico-social, apresentar sequela definitiva que implique

(23)

em redução da capacidade. O outro tipo ocorre quando o acidentado em exercício laboral apresentar incapacidade permanente e total para o exercício de qualquer atividade laborativa. Esta informação é captada a partir da concessão do benefício aposentadoria por invalidez por acidente do trabalho, espécie 92;

Óbitos – corresponde a quantidade de segurados que faleceram em função do acidente

do trabalho;

Gonçalves (2003, p. 973), destaca que o acidente de trabalho “pode ser estudado a partir de dois conceitos básicos: o Legal e o Prevencionista”. Sob a ótica legal, o acidente do trabalho é classificado como:

O acidente que ocorre pelo exercício do trabalho a serviço da empresa ou pelo exercício do trabalho dos segurados referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, provocando lesão corporal ou perturbação funcional que cause a morte ou a perda ou redução, permanente ou temporária, da capacidade para o trabalho (GONÇALVES, 2003).

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (2008, apud ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO) acidente de trabalho é todo o acontecimento inesperado e imprevisto, incluindo os atos de violência, proveniente do trabalho ou com ele relacionado, do qual resulta uma lesão corporal, uma doença ou a morte, de um ou vários trabalhadores. Ainda, de acordo a OIT, para fins de avaliação, uma lesão profissional mortal é uma lesão corporal, doença ou morte gerada por acidente do trabalho que determinou a morte da vítima até um ano após o dia em que o mesmo ocorreu.

Entende-se por trabalho em altura aquele realizado em níveis diferentes os quais sejam acima de 2m (dois metros) de altura, onde haja risco de queda capaz de causar lesão ao trabalhador. As atividades são inúmeras, entre elas: manutenção e limpeza em fachadas, instalações elétricas em postes, manutenção e limpeza de reservatórios elevados, torres de transmissão ou torres de comunicação, cortes e podas de arvores, atividades em obras na construção civil, acesso a locais específicos, ou ainda em maquinas e equipamentos, construção e manutenção de telhados, trabalho em espaços confinados, realizados em locais subterrâneos, dentre outros.

3.2.3 Dados sobre acidentes do trabalho e medidas de precauções a serem adotadas

Entre os anos de 2010 a 2011 houve um crescimento de 4,7% no número de registros de acidentes fatais relacionados ao ambiente de trabalho. Esta informação fora divulgada através do Ministério da Previdência Social, por meio de seu Anuário Estatístico, publicado no dia 24 de outubro. Conforme AEPS, no último ano foram registradas 2.884 mortes de trabalhadores durante suas atividades profissionais, enquanto que em 2010 foram notificadas 2.753 mortes no trabalho (PROTEÇÃO, 2013).

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O Ministério da Previdência Social também destaca um crescimento no número de acidentes de trabalho. Em 2011 foram registrados 711.164 acidentes laborais, enquanto que em 2010 foram contabilizados 709.474 registros no ambiente de trabalho, o que representa uma elevação de 0,2% no percentual de acidentes de trabalho.

Os acidentes de trajeto foram responsáveis por grande parte deste crescimento da acidentalidade no trabalho, tendo respondido por 14% dos acidentes notificados no último ano. Os agravos ocorridos durante o deslocamento dos trabalhadores, que pode ser tanto de casa para o serviço, quanto do local de refeição para o trabalho, e vice-versa, independentemente do meio de locomoção, apresentaram um aumento de 5,1% em comparação às ocorrências registradas em 2010 (foram 100.230 acidentes de trajeto em 2011 contra 95.321 em 2010), que, por sua vez, tiveram um crescimento semelhante em relação a 2009 (90.180), quando houve um acréscimo de 5,7%. O número de registros de doenças do trabalho também apresentou significativa redução de 2010 para 2011. O percentual de adoecimento ocupacional diminuiu 12,1% entre os dois últimos anos, passando de 17.177 para 15.083. Já as ocorrências típicas tiveram uma elevação de 1,4% (de 417.295 registros em 2010, passou para 423.167 no último ano) (PROTEÇÃO, 2013).

Segundo Santana (2011 apud, SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.32) as quedas de altura são a segunda causa de mortes fatais na Indústria da Construção e, portanto, receber atenção especial para que possam ser prevenidas. No Brasil, não se dispõe

de dados específicos para a Indústria da Construção (Declaração de Óbito não se registra o ramo da atividade econômica). As quedas ocupam o segundo lugar dentre as causas imediatas de morte por acidente do trabalho em todos os ramos, entre homens (17,6%) e mulheres (7,6%). Entre as causas de óbitos por acidente do trabalho devida a quedas ocorridas em todos os trabalhadores, cerca de 35,5% foram decorrentes de quedas de lajes de edificações, e 25% de andaimes, entre os casos do sexo masculino. Utilizando estes percentuais aplicados ao número de óbitos na indústria da construção, em 2009 (n=395), pode se estimar que, desses seriam 70 óbitos por quedas provenientes de acidentes do trabalho.

Segurança e Saúde na Indústria da Construção no Brasil (2013) ressalta que:

Além das ações específicas na prevenção de acidentes, os organismos internacionais recomendam desenvolver, implementar e aplicar Programas de Prevenção de Quedas segundo requerimentos da OSHA. Esses programas devem abordar, além dos aspectos gerais já mencionados, a identificação de todos os fatores/situações de riscos de queda, e realizar uma análise de risco para cada tarefa a ser executada fornecendo treinamento para o reconhecimento e prevenção de situações de insegurança, o uso adequado de equipamentos de proteção contra a queda, e a realização de inspeções programadas e não programadas de segurança do sítio de trabalho. Devem se considerar as condições ambientais, diferenças de linguagens, métodos e equipamentos alternativos para desenvolver as tarefas desenhadas, o estabelecimento de programas médicos e de resgate, como o incentivo aos trabalhadores a participarem ativamente na segurança do trabalho (SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.33).

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3.2.3.1 Medidas de controle relativas a elementos e operações da construção

São medidas as quais servem para evitar quedas e limitar os seus efeitos. Podem ser coletivas (medidas primárias) ou pessoais (secundárias), mas as coletivas devem ter preferência e devem ser complementares. As medidas devem ser planejadas de acordo com as necessidades, e requer a inclusão de vistorias para checar o status de conformidade com as normas vigentes (SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.33).

3.2.3.2 Medidas de controle relativas ao trabalho

Comporta regulamentações específicas de cada país sobre o uso de Equipamento de Proteção Pessoal (EPP ou EPI). Os equipamentos devem ser usados quando houver riscos e perigos que não podem ser evitados por medidas de precaução coletiva, mantidos em condições de acessibilidade e controle de uso pelos empregados, com avisos sobre os maiores riscos, as áreas mais perigosas, e onde o equipamento é de uso permanente, etc.

Em relação ao uso adequado dos equipamentos de proteção contra quedas, deve ser aplicado um treinamento adequado aos trabalhadores, compreendendo as normas de proteção federais e locais, os papéis e responsabilidades dos empregados nesses regulamentos, os programas existentes nas empresas, e os procedimentos de emergência pós-queda. Deve ser documentado o treinamento do trabalhador, sendo mantidos os registros e colocados à disposição quando solicitados pelos inspetores do Ministério do Trabalho. O treinamento contínuo e atualizado é chave para manter um elevado grau de consciência de segurança entre os funcionários. Devem ser adotadas medidas que visam à vigilância dos aspectos que envolvem aspectos de saúde como os que envolvem consumo de álcool e drogas entre (SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.33).

3.2.3.3 Medidas de controle relativas aos equipamentos de SST

Segundo Spagenberger (2003, apud SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.33) se deve assegurar que todo o equipamento de SST esteja em boas condições e seja checado periodicamente.

Eashw (2010, apud SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.33) indica que é recomendável planejamento adequado do processo de construção visando à minimização do risco de quedas. Durante o planejamento da atividade em altura, é necessário considerar qual tipo de trabalho será executado, e desenvolver uma

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abordagem sensível e específica com base nas precauções mais adequadas. Existe uma hierarquia de medidas de controle sobre o modo de desenvolver com segurança o trabalho em altura tendo de ser adotado de modo sistemático. Deve estar disponível no local um plano de emergência, conjuntamente com procedimentos e equipamentos para o resgate para cada fator de risco de queda.

Deve ser garantido o acesso seguro a todas as áreas do ambiente de trabalho, com a instalação segura de equipamentos, os quais devem ser regularmente inspecionados e operados por profissionais treinados. Recomenda- se levar em consideração as condições e alterações meteorológicas, que podem aumentar significativamente o risco de acidentes com quedas OIT (2001, apud SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.34).

É preciso observar a prevenção para evitar a queda de ferramentas e materiais, especialmente quando a altura da estrutura, ou a sua inclinação, sejam maiores às fixadas pela legislação nacional. Os perigos e locais de maior risco para acidentes por esmagamento devem ser adequadamente informados. Trabalhadores que atuam em áreas perigosas devem receber treinamento específico, supervisão e normas de procedimentos. Operadores devem manter certificados de operação das máquinas e equipamentos válidos, atendendo aos requisitos de certificação, incluindo competência para a operação. Recomenda-se colocar rótulos de advertência nos equipamentos para a identificação clara das áreas de maior risco de AT. Comandos devem ser identificados para lembrar aos operadores suas funções evitando erros no acionamento, com a instalação ou planejamento de salvaguardas destinadas a evitar os movimentos involuntários ou acidentais de partes do equipamento (SEGURANÇA E SAÚDE NA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO NO BRASIL, 2013, p.34).

Segundo Debarba (2012) os acidentes de trabalho ocorridos no Rio Grande do Sul entre os anos de 2001 e 2007 revelaram as quedas de altura como a causa mais frequente de óbitos, correspondendo a 31,8 % dos acidentes fatais (SEGUR, 2008).

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (2008) este comportamento se deve: A dinâmica da construção civil, onde o risco de acidente por quedas está presente nas várias etapas de um canteiro de obras. Entre as etapas mais críticas estão contempladas a instalação das formas para a concretagem dos pilares da periferia da obra, das formas para a concretagem de vigas e a posterior desforma, situações nas quais o trabalhador encontra-se acima do piso de trabalho, necessitando de medidas especiais para evitar o acidente por queda. Desta forma, a utilização de sistemas de proteção contra quedas é uma ferramenta importante para a prevenção de acidente de trabalho envolvendo atividades em altura (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2008).

De acordo com o Ministério do Trabalho e Emprego (2008 apud, PIRES, 2010, p. 19) a Tabela 2 apresenta estatísticas previdenciárias do período de 2001 a 2007 no Brasil. As colunas referentes às taxas de mortalidade (número de óbitos/ população segurada) e letalidade (número de óbitos/população segurada acidentada) referem-se a todos os motivos de acidentes (típicos, doenças, trajeto) e ao conjunto de todas as atividades econômicas.

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Nesse período ocorreram 3.263.797 acidentes do trabalho, sendo 19.602 mortes. No ano de 2007 foram 653.786 casos, sendo 2.804 com óbito o que significa, aproximadamente, uma morte a cada três horas.

Tabela 2: Ocorrência de acidentes do trabalho no Brasil

Fonte: Previdência Social (2007)

A Tabela 3 mostra as estatísticas de acidentes do trabalho no estado do Rio Grande do Sul. De 2001 até 2007 ocorreram 300.014 acidentes. Os casos fatais contabilizaram 997 no período e 151 no último ano desse intervalo.

Tabela 3: Ocorrências de acidentes do trabalho no estado do Rio Grande do Sul

Fonte: Previdência Social (2007)

Segundo o Ministério da Previdência social (2011 PROGRAMA NACIONAL DE PREVENÇÃO DE ACIDENTES DO TRABALHO, 2011) analisando as 5 macrorregiões demográficas, a região Sudeste conta com maior numero de acidentes do trabalho, com um total de 387.142 ocorrências, cerca de 70% do total nacional. Em seguida, a região Sul registra 153.329 casos, a região Nordeste 91725, região Centro Oeste 47.884, e por fim, região Norte, com 31.084 acidentes (Figura 1).

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Figura 1: Acidentes de trabalho registrados em 2011, dados percentuais por Macrorregião

Fonte: Adaptado de Programa Nacional de prevenção de acidentes do trabalho (2011)

A distribuição dos óbitos por acidente do trabalho fatal de acordo com a ocupação registrada, conforme a classificação do Cadastro Brasileiro de Ocupações – CBO, versão de 1994, é a mostrada na

Tabela 4 (O Ministério do Trabalho e Emprego (2008)).

Tabela 4: Distribuição dos óbitos por acidente do trabalho, segundo grupos da CBO (versão 1994), analisados pela SEGUR/RS, agosto de 2001 a dezembro de 2007

Fonte: SFIT Nota. A versão da CBO (1994) utilizada é a disponível no SFIT, que não foi atualizado em 2002, quando do lançamento de nova versão

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Através destes dados, o Ministério do Trabalho e Emprego (2008) indica que:

As ocupações relacionadas à indústria da Construção Civil representam o grupo que mais contribuiu para a morte de trabalhadores na amostra analisada, com 33,63% dos casos. Isso não reflete exatamente o grau de mortalidade do setor, que é ainda maior, considerando-se que várias ocupações diretamente envolvidas nessa atividade econômica podem encontrar inserção em outros grupos da CBO, como o 87, que engloba os montadores de estruturas metálicas, encanadores e soldadores, e o grupo 97, que engloba os operadores de máquinas de terraplanagem e de preparação de terrenos e fundações, bem como também um percentual de pintores descritos no grupo 93. No grupo 85, relativo a Eletricistas, Eletrônicos e Trabalhadores Assemelhados, constata-se a sobreposição dos riscos decorrentes do trabalho na proximidade das linhas elétricas energizadas com os do trabalho em altura, especialmente nas operações de instalação e reparação de linhas elétricas e de telecomunicações. Essas combinações de situações de risco auxiliam a explicar a elevada mortalidade dos trabalhadores desse grupo, decorrente de choque elétrico e queda (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO 2008).

A Tabela 5 apresenta o tempo de serviço das vítimas de acidentes fatais nas empresas. Percebe-se que cerca de 31% dos trabalhadores se acidentam nos primeiros 60 dias na função, e que esta percentagem sobe para praticamente 50% até o sexto mês (Ministério do Trabalho e Emprego (2008)).

Tabela 5: Distribuição dos óbitos por acidente do trabalho segundo o tempo de serviço dos trabalhadores, analisados pela SEGUR/RS, agosto de 2001 a dezembro de 2007

Fonte: SFIT (2008)

Com base nesses dados o Ministério do trabalho e Emprego (2008) atribui:

A ocorrência do acidente fatal à inexperiência do trabalhador na função. No entanto, deve ser considerado que o trabalhador deve ser informado sobre os riscos ocupacionais e as medidas de prevenção. E, acima de tudo, antes mesmo da contratação do trabalhador “para conviver com os riscos”, as empresas devem procurar eliminá-los, mediante a implementação de políticas e sistemas de gestão preventivos. Considerando-se que no SFIT não Considerando-se registra o perfil de tempo na função da totalidade de trabalhadores em cada um dos estabelecimentos em que o acidente ocorreu, torna-se impraticável uma

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comparação; assim, não se pode afastar a possibilidade de que o conjunto dos trabalhadores sob o risco de se acidentar nos estabelecimentos também tenha pouco tempo na função, e não apenas os acidentados. Como exemplo, citamos o setor econômico da construção civil, cujas obras geralmente têm curta duração, com alta rotatividade de mão-de-obra e elevada taxa de mortalidade por acidente do trabalho. Para evitar os óbitos em trabalhadores com pouco tempo de serviço na função, devem ser traçadas estratégias de prevenção com ênfase na melhoria dos ambientes e processos, buscando torná-los intrinsecamente seguros. As “armadilhas” existentes, independentemente do conhecimento prévio dos riscos pelos trabalhadores, deveriam ser eliminadas antes do início das atividades. Tais medidas de prevenção são particularmente importantes quando envolvem máquinas perigosas, equipamentos defeituosos, processos com substâncias tóxicas, espaços confinados, risco de queda de altura, choque elétrico, entre outros (MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO, 2008).

3.2.4 Causas de Acidentes

Macher (1981) e Michel (2000) concordam que as principais causas de acidentes de trabalho são:

1. Condições Inseguras; 2. Atos inseguros;

Segundo Michel (2000), condição insegura são as falhas, defeitos ou irregularidades técnicas do local de trabalho, prejudicando as condições de segurança do trabalhador. Exemplo: a ausência do sistema de guarda-corpo em uma laje a ser concretada.

Michel (2000), ainda ressalta que o ato inseguro é a conduta do trabalhador que o leva a exposição ao risco de acidente, podendo ser de forma consciente ou não. Exemplo: a não utilização dos EPI´s necessários nos trabalhos em altura.

Complementando o conceito acima, Cocharero (2007, apud ROCHA, 2013, p. 21) salienta que condições inseguras são aquelas que “podem causar acidentes pessoais ou materiais e incidentes, colocando em risco a integridade física e a saúde das pessoas e a segurança dos equipamentos e instalações”.

Para a eliminação de acidentes ou neutralização é necessário conhecer suas causas, isso é possível por meio de estudos, facilitando aplicação de medidas preventivas, impedindo assim que os acidentes ocorram.

Os atos inseguros, segundo Michel (2000) podem ser extintos através da escolha de profissionais capacitados, exames médicos, educação e treinamento. Quanto às condições inseguras, estas devem conter medidas de engenharia que garantam um ambiente de trabalho seguro.

A segurança do trabalho não é somente um problema de pessoal, mas envolve uma engenharia, um conhecimento de legislação específica, cujo sucesso é função direta da habilidade de vencer o programa à gerencia e aos trabalhadores (MICHEL, 2000, p. 64).

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Segundo Rocha (2013), alguns fatores que se convertem em acidentes de trabalho são de difícil classificação. Por exemplo, um trabalhador que, devido ao cronograma apertado, executa a alvenaria externa de uma obra, sem a instalação da linha de vida para essa atividade e se acidenta. O fato de o trabalhador não utilizar a proteção adequada para o trabalho a ser realizado constitui-se num ato inseguro.

Sendo assim, gestão de Segurança e Saúde no Trabalho tem o dever de apontar as causas dos acidentes e conscientizar os trabalhadores a não cometerem atos inseguros, e informar qualquer circunstância insegura existente no ambiente de trabalho. É necessário que se dê a mesma importância à eliminação de atos e condições inseguras, pois essas são constantes causas de acidentes (BENITE, 2004).

3.2.5 O custo dos acidentes de trabalho

Saad (1981) evidencia que todos os acidentes de trabalho trazem perdas econômicas aos envolvidos, seja ao acidentado, ao empregador e, até mesmo, ao país, uma vez que direta e indiretamente poderá acarretar despesas relacionadas a cuidados médicos,benefícios e outros fatores ao acidentado.

Os acidentes de trabalho, segundo Benite (2004, p. 20) geram prejuízos significativos, mesmo os que não resultam em lesões aos trabalhadores. Todos os custos diretos e indiretos da não segurança são somados aos custos da produção, resultando em ônus para a empresa e todas as partes interessadas. Deve-se ressaltar que além dos custos financeiros, as consequências que a falta de segurança traz aos trabalhadores são inúmeras, como sofrimento físico e psicológico e danos na qualidade de vida.

Segundo Saad (1981 apud SOUZA, 2012), os principais custos decorrentes de acidentes são:

 Salário pago ao trabalhador acidentado sem cobertura do (INSS);

 Salários pagos a outros colaboradores que prestaram socorro ao acidentado e que não sofreram acidente;

 Horas extras pagas aos trabalhadores, pois acidentes atrasam a realização das obras, requerendo horas extraordinárias;

 Salários pagos a colaboradores durante intervalo para investigação do acidente, caso seja necessário interditar o local;

 Diminuição da produtividade do colaborador acidentado quando regressar ao trabalho;

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 Multas contratuais, resultantes de retardamentos no empreendimento de produtos ou serviços, graças à perda de produção por causa de acidentes;

 Contratação e capacitação de suplente, em caso de afastamento prorrogado;

 Dano à imagem da empresa.

Porém, cabe aqui ressaltar que os custos de segurança são de acordo com o tipo de obra, do tempo empregado na sua execução, do número de trabalhadores, da correta utilização dos sistemas de gestão de SST, entre outros (BENITE, 2004).

Além disso, o custo social em consequência de um acidente que, muitas vezes, não pode sequer ser mensurado. Portanto, pode ser extremamente difícil dizer quanto realmente pode custar um acidente (SAAD, 1981 apud SOUZA, 2012).

3.2.6 Análise Preliminar de Risco

A Análise Preliminar de Risco tem sido usada em muitos tipos de indústrias. A mesma tem como objetivo identificar os elementos causadores de riscos no sistema avaliado. Em seguida, cada elemento causador é analisado deforma, a saber, como um incidente possa ser gerado ou um futuro acidente. (MAZOUNI et al., 2007)

A APR é uma análise utilizada para: a) identificar todos os riscos potenciais existentes causadores de possíveis acidentes; b) classificar os riscos identificados de acordo com seu grau de severidade; c) propor medidas de controle e realizar ações para neutralização. (RAUSAND, 2005).

Esta é normalmente uma revisão de problemas gerais de segurança; no estágio em que é desenvolvida, podem existir ainda poucos detalhes finais do projeto, sendo ainda maior a carência de informações quanto aos procedimentos, normalmente definidos mais tarde. Para análises detalhadas e específicas, necessárias posteriormente, deverão ser usados outros métodos de análises. Uma descrição sistemática da técnica é apresentada a seguir:

a) Nome: Análise Preliminar de Riscos (APR); b) Tipo: Análise inicial, qualitativa;

c) Aplicação: Fase de projeto ou desenvolvimento de qualquer novo processo, produto ou sistema;

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e) Princípios/Metodologia: Revisão geral de aspectos de segurança através de um formato padrão, levantando-se causas e efeitos de cada risco, medidas de prevenção ou correção e categorizando os riscos para priorização de ações;

f) Benefícios e resultados: Elenco de medidas de controle de riscos desde o início operacional do sistema. Permite revisões de projeto em tempo hábil no sentido de dar maior segurança. Definição de responsabilidade no controle de riscos;

g) Observações: De grande importância para novos sistemas.

3.2.7 Permissão de Trabalho

De acordo com a Norma Regulamentadora nº 35, a Permissão de Trabalho – PT é um documento escrito contendo conjunto de medidas visando o desenvolvimento de trabalho seguro, além de medidas de emergência e resgate.

Ao trabalhador, cabe cumprir as disposições legais e regulamentares sobre trabalho em altura, inclusive os procedimentos expedidos pelo empregador, além da possibilidade de interromper as atividades, quando percebido riscos a sua segurança e saúde e de outras pessoas que possam ser afetadas por suas ações. (INTELIGÊNCIA AMBIENTAL, 2012).

3.3 Acidentes de trabalho em altura

De acordo com Firetti (2013), a NR 35 traz os requisitos mínimos para trabalhos executados acima de dois metros de altura, e tem como fundamento a prevenção do trabalhador. Na falta de alternativas, devem-se tomar providências para eliminar o risco.

Roque (2011) explica que os principais motivos de quedas na indústria da construção civil são:

 Perda de equilíbrio do trabalhador em espaço sem proteção (Figura 2-a).

 Falta de proteção: inexistência de guarda-corpo, etc. (Figura 2-b).

 Falha de dispositivo de proteção (Figura 2-c).

 Método incorreto de trabalho (Figura 2-d).

 Contato acidental com rede de alta tensão (Figura 2-e).

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Figura 2: Principais causas de quedas em altura

Fonte: www.saudeetrabalho.com.br

De Acordo com Gribeler (2012), para prevenir quedas, é necessário aplicar os seguintes procedimentos:

a) Redução do tempo em atividade perigosa: deslocar todo serviço que possa ser executado no solo. Exemplo: peças pré-montadas;

b) Impedir a queda: extinguir o risco, organizando o trabalho na obra. Exemplo: guarda-corpo;

c) Limitar a queda: se a queda for inevitável, é necessário empregar proteções que a limitem. Exemplo: redes de proteção;

d) Proteção individual: se não for possível adotar as medidas anteriores, deve-se aplicar equipamentos de proteção individual. Exemplo: cinto de segurança.

Firetti (2013) salienta que os riscos de queda podem ser diminuídos ou até mesmo anulados através de proteções coletivas ou individuais.

3.4 Legislação brasileira vigente (NR 35 – Trabalho em Altura)

A normativa do Ministério do Trabalho e Emprego estabelece os requisitos mínimos e as medidas de proteção para o trabalho em altura envolvendo o planejamento, a organização e a

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execução, de forma a zelar a segurança dos trabalhadores envolvidos com essa atividade (BRASIL, 2012). A norma adotou como definição específica sobre trabalho em altura, aquele trabalho realizado acima de 2 metros do plano de referência e que ofereça risco de queda, contudo, ressalta que trabalhos realizados abaixo desse patamar, mas que tragam riscos de queda devem ter também suas medidas próprias tomadas para prevenção de acidentes.

A norma trata do quesito que mais chama atenção na legislação, sendo a linha que trás maior eficácia na redução de acidentes com quedas no setor da construção em países que tem tecnologia e processos mais aprimorados de construção. Como ela exige planejamento à atividade isso implica na antecipação de boa parte dos riscos, e nas soluções para estes, antes mesmo de ser iniciada a tarefa, trazendo assim maiores níveis de segurança na execução de serviços com maior nível de risco como os trabalhos com altura como, por exemplo, os realizados em andaimes suspensos.

A normativa então propõe que, na etapa do planejamento, seja levada em conta uma hierarquização da escolha na forma de execução da atividade, do ponto de vista da segurança do trabalhador. De forma que, a primeira opção será o questionamento se há outra forma de execução do trabalho que não exponha o trabalhador a altura, caso exista e seja factível, então, esse deve ser adotado. Caso o trabalho em altura não possa ser excluído deve-se reduzir o tempo de exposição desse trabalhador, como, por exemplo, executando parte do serviço ao nível do solo, quando isso for possível. Caso não seja possível eliminar nem reduzir a exposição dever-se-á tomar “medidas que eliminem o risco de queda” (BRASIL, 2012), como, por exemplo, na utilização de sistemas de proteção coletiva ou ainda sistemas que limitam o acesso do trabalhador a áreas de risco de queda.

Quando o risco da queda não puder ser eliminada da atividade “medidas que minimizem as consequências da queda” (BRASIL, 2012), serão implementadas, o uso de sistemas de proteção como o uso de equipamentos de proteção individuais associados que irão proteger o trabalhador em caso de queda.

No entanto na eliminação do risco de queda para o uso de sistemas de proteção coletiva pode ser citado como exemplo o uso de um sistema guarda corpo rodapé como podemos ver na figura 3, que são proteções ativas, ou seja, não exigem uma ação do trabalhador para protegê-lo.

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Figura 3: Guarda-corpo protegido com tela em andaime suspenso

Fonte: Repositório Digital da UTFPR

3.4.1 Organização e gerenciamento do trabalho em altura

A legislação exige que seja realizado um planejamento que anteceda a atividade. Três ferramentas de gestão da atividade são fundamentais na realização de trabalhos que envolvam altura, a saber, a Análise de Risco (AR) e quando aplicável a Permissão e Trabalho (PT) e o Procedimento Operacional (PO). Essas análises têm como objetivo a antecipação dos possíveis riscos existentes na tarefa que será executada, suas causas, consequências e medidas de prevenção necessárias para realização segura.

A diferença entre elas se dá no fato de que a AR é obrigatória em todas as atividades que executam trabalho em altura. A PT se faz obrigatória em atividades não rotineiras com trabalho em altura, e o PO deve ser elaborado para atividades de rotina de trabalho em altura, sendo que tanto a PT como o PO deverão conter a AR como sua parte integrante.

O item 35.4.5.1 da NR35 resalta que a análise de risco deve considerar: a) o local em que os serviços serão executados e seu entorno;

b) o isolamento e a sinalização no entorno da área de trabalho; c) o estabelecimento dos sistemas e pontos de ancoragem; d) as condições meteorológicas adversas;

e) a seleção, inspeção, forma de utilização e limitação de uso dos sistemas de proteção coletiva e individual, atendendo às normas técnicas vigentes, às orientações dos fabricantes e aos princípios da redução do impacto e dos fatores de queda;

f) o risco de queda de materiais e ferramentas;

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h) o atendimento aos requisitos de segurança e saúde contidos nas demais normas regulamentadoras;

i) os riscos adicionais; j) as condições impeditivas;

k) as situações de emergência e o planejamento do resgate e primeiros socorros, de forma a reduzir o tempo da suspensão inerte do trabalhador;

l) a necessidade de sistema de comunicação; m) a forma de supervisão.

A norma exige em seu item 35.4.5.1 item “i” que seja considerado na análise de risco além dos riscos de queda, outros riscos adicionais relacionados à atividade realizada, além do item 35.5 prescrever que “Na seleção dos EPIs devem ser considerados, além dos riscos a que o trabalhador está exposto, os riscos adicionais.” Ou seja, por exemplo, para execução de uma atividade de trabalho em altura com uso de andaime do tipo suspenso e corte em parede de alvenaria onde há geração de poeira, ruído e possível projeção de partículas, o operário deve fazer o uso de respirador para que tenha proteção contra a poeira gerada, protetor auditivo devido ao ruído do equipamento em operação, óculos de segurança que protege os olhos do operador da poeira e de partículas que possam lhe atingir e por fim as luvas de látex devido o contato com concreto por parte do operador (Figura 4).

Figura 4: Trabalhadores em Andaime suspenso envolvendo riscos adicionais

Fonte: Repositório Digital da UTFPR

A norma exige que a empresa deva manter arquivada a documentação comprovando a aplicação dos procedimentos de AR, PO, e PT para apresentação a fiscalização.

Outra exigência que faz a nova normativa em seu item 3.2.1 item “i” é a de que se estabeleça “uma sistemática de autorização” (BRASIL, 2012) para trabalhos em altura, cabendo à empresa definir uma forma própria, mas que evite que qualquer trabalho que traga o risco de

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queda, possa ser iniciado sem uma vistoria inicial e sem a passagem por uma avaliação da segurança para execução dos trabalhos.

A liberação desse tipo de atividade de maior risco geralmente se dá, com o acompanhamento da atividade por parte de supervisores, técnicos de segurança do trabalho ou engenheiros de segurança juntamente com responsáveis pelos setores ou pela atividade específica a ser realizada. Tudo isso dependendo, obviamente, do grau de complexidade da atividade, do(s) riscos(s) associados e do número de pessoas envolvidas.

Outra exigência é também a supervisão das atividades com trabalho em altura e que poderá ser exercida conforme avaliação da equipe de saúde e segurança. Tal supervisão poderá ser durante toda atividade, para um trabalho de risco maior com maior grau de complexidade e várias pessoas envolvidas. Poderá ser também um acompanhamento para liberação com orientações no início da atividade, ou ainda de modo intermitente com inspeções ao longo do desenvolvimento da atividade.

A liberação e acompanhamento dos trabalhos em altura será estabelecida por cada empresa de acordo com os parâmetros citamos anteriormente, contudo caberá a cada empresa comprovar sua realização com emissão de AR, PO ou PT assinadas pelos responsáveis e dessa forma contribuir para execução de uma atividade com os riscos de queda minimizados e execução com parâmetros mínimos de segurança.

3.4.2 Equipe de resgate e resposta a emergências em altura

De acordo com Moraes (PROTEÇAO, 2012) o planejamento em caso de emergências é colocado em segundo plano pelas empresas e sendo que quando esse é bem planejado e implantado pode ser a diferença entre leves ou graves acidentes, a mutilação ou a minimização da perda ou ainda entre a vida e a morte.

Na NR 35 no item 35.3 que fala sobre capacitação e treinamento, é exigido que faça parte do conteúdo programático da capacitação obrigatória dos trabalhadores de atividade em altura “noções de técnicas de resgate e primeiros socorros” (BRASIL, 2012).

A norma descreve em um dos seus itens que deverá fazer parte da análise de risco “situações de emergência e o planejamento do resgate e primeiro socorros, de forma a reduzir o tempo de suspensão inerte do trabalhador” (BRASIL, 2012). Isso se deve ao fato de que em situações em que há o uso do cinto de segurança pelo trabalhador significa a existência do risco de queda, e ela ocorrendo o trabalhador precisará ser resgatado. Caso o resgate seja demorado e

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o trabalhador fique durante muito tempo em suspensão o cinto que o suspende causa pressão sobre veias e artérias que com a circulação do sangue restrita poderá causar problemas de saúde posteriores ao trabalhador.

Segundo Moraes (PROTEÇAO, 2012) é comum nas empresas por parte de equipes de saúde e segurança usarem como recurso apenas corpo de bombeiros em caso de emergência com trabalho em altura. Ocorre que em diversas localidades onde trabalhos envolvendo altura são realizados não há corpo de bombeiros, ou se há é a uma grande distancia para prestação de um atendimento em tempo necessário que não comprometa a saúde do operador da atividade.

Moraes (PROTEÇAO, 2012) salienta que planos simplificados, de entendimento e execução, a previsão de recursos para a realização do resgate, pessoas treinadas, equipamentos e a remoção para local “que favoreça a recuperação e a minimização dos danos”, como para centros especializados e evitando locais onde o atendimento pode ser precário e demorado são elementos chave no planejamento e execução de um plano de emergência para atividades com altura.

3.4.3 Capacitação para o trabalho em altura

A NR 35 frisa que todos os trabalhadores que executam atividades acima de 2,0 metros de altura com risco de queda tem que passar por treinamento obrigatório com carga mínima de 8 horas como requisito para ser considerado um trabalhador qualificado para execução de trabalhos em altura.

O treinamento para trabalhadores que executam trabalho com risco de queda deverá conter conteúdo mínimo, a saber:

a) análise de risco e condições impeditivas;

b) normas e regulamentos aplicáveis ao trabalho em altura;

c) riscos potenciais inerentes ao trabalho em altura e medidas de prevenção e controle; d) sistemas, equipamentos e procedimentos de proteção coletiva;

e) acidentes típicos em trabalhos em altura;

f) equipamentos de Proteção Individual para trabalho em altura: seleção, inspeção, conservação e limitação de uso;

g) condutas em situações de emergência, incluindo noções de técnicas de resgate e de primeiros socorros.

Tal capacitação deverá ser bienal, ou ainda, sempre que houver alguma das seguintes situações:

Referências

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