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Casa de parto: mudando a forma de nascer

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Academic year: 2021

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CASA DE PARTO

MUDANDO A FORMA DE NASCER

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CTC – CENTRO TECNOLÓGICO

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO

INTRODUÇÃO AO TRABALHO DE GRADUAÇÃO:

CASA DE PARTO

MUDANDO A FORMA DE NASCER

Florianópolis, Março de 2004.

ACADÊMICA: Maíra Queiroz Santos ORIENTADOR: Prof. Américo Ishida COLABORADORA: Prof. Isabel Régis

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INDICE

1. Apresentação ... 4

2. Método... 5

3. Localização: Hospital Universitário da UFSC ... 8

4. Razões para valorização do parto e do nascimento ... 10

5. Entendimento Histórico do Modelo Hegemônico de Assistência ao Parto e Nascimento ... 12

6. Resultados x Modelo ... 15

7. Bases Científicas para a Humanização do Parto e Nascimento: PARA QUE HUMANIZAR? ... 19

7.1) A Formação do Vínculo Afetivo ... 19

7.2) Estudos Observacionais: ... 21

Correlação Entre a Saúde Primal e a Vida Futura do Recém Nascido ... 21

Contribuição da Psiquiatria ... 21

7.3) O cérebro e os hormônios do: amor, do parto e da lactação... 23

Ocitocina ... 24

Prolactina ... 24

Endorfinas ... 24

Período de Transição... 25

Adrenalina ... 26

7.4) Recomendação da Organização Mundial de Saúde... 27

8. A Nova Obstetrícia e as “Maternidades convivais” ... 28

9. A Casa de Parto ... 29

10. Panorama das casas de parto e maternidades ... 33

10.1) Brasil... 34

Casa de Maria, São Paulo ... 34

Casa de parto da Universidade Federal de Juiz de Fora... 35

Casa de parto Sapopemba, São Paulo ... 36

10.2) Japão ... 37

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Birth Center of Orange... 39

10.4) México ... 39

10.5) Argentina ... 39

Casa de parto Acuático ... 39

10.6) Espanha... 40

Maternidad Acuario – Valência ... 40

10.7) Sala Selvagem - França ... 41

11. O Nascimento de uma Nova Arquitetura: A Conceituação Espacial .... 42

12. Estratégias de Projeto ... 43

13. Programa de Necessidades e Pré-Dimensionamento Mínimo Inicial .... 47

14. Fluxograma Primário... 48

15. Lançamento Inicial ... 50

Maquete de estudo... Um primeiro lançamento ... 51

Anexo 1: A Biodança ... 53

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O presente trabalho tem como objeto de estudo uma CASA DE PARTO para o hospital universitário da UFSC, não somente no intuito de possibilitar à população o acesso aos diferentes tipos de parto à população, mas, principalmente, como contribuição à superação do modelo tecnocrático de assistência ao parto hoje hegemônico em nosso país.

A opção pelo tema apresentado se deu de forma natural. A humanização da assitência ao parto e nascimento é um assunto constantemente em pauta nas minhas conversas familiares. A cada nova leitura, cada nova conversa, fico ainda mais apaixonada e convencida do papel fundamental que este projeto ocupa na busca de uma medicina mais humana e respeitosa. Desta forma, a escolha dos orientadores Américo Ishida e Isabel Régis consistiu não só na crença em sua qualificação profissional, mas, basicamente, no nível de envolvimento emocional de cada um com o tema.

Neste trabalho pretendo transmitir não apenas as informações burocráticas de projeto, mas também o porquê de por ele ter me envolvido e percebido sua importância social.

“Para mudar o mundo é preciso

mudar a forma de nascer”. (Odent,1981)

“Quando se observa os antecedentes das pessoas que demonstraram danos na capacidade para amar – seja essa capacidade para o amor por si mesmo ou pelos outros – parece que a capacidade para amar é determinada, em grande extensão, pelas experiências precoces, durante a vida fetal e no período que cerca o nascimento.”

Michel Odent

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O tema abordado já há muito foi definido e estudado por mim. O objeto, o terreno, o programa de necessidades básico e alguns estudos de caso foram concebidos até mesmo anteriormente ao início do semestre letivo. Desta forma houve a oportunidade de fazer uso deste trabalho não somente como exercício burocrático para a obtenção do diploma, mas, lançando mão do processo, utilizá-lo como ferramenta em busca do crescimento pessoal e do prazer de projetar sem me ater ao fator tempo, sempre tão assustador e inibidor.

Exatamente por já ter uma idéia inicial forte e uma imagem de casa de parto consolidada (sempre de acordo com os espaços usuais deste tipo de edificação), percebi a importância de buscar um novo conceito, onde o espaço é mais que um lugar para parir.

Para tanto, junto com a pesquisa bibliográfica (em livros, artigos e na Internet) e com a busca deste conceito, venho trabalhando com materiais onde a forma final é apenas o resultado de um gesto, um movimento. A aquarela e a argila manipuladas sem a busca de uma forma pré-concebida acabam por levar a um objeto fluido, solto, com várias interpretações, a fim de me desprender de qualquer forma racional e usual.

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Acredito ter dado um grande passo ao aceitar o convite feito por minha colaboradora, Isabel Régis (Bel), de participar das aulas de biodança (anexo1) do curso de psicologia da UFSC, como um método de vivenciar emoções e sentimentos até então por mim desconhecidos. A biodança trabalha com a música e movimento em exercícios de comunicação em grupo, permitindo ao participante vivenciar o encontro consigo mesmo, com o outro e com a totalidade. Este é um trabalho que propõe o resgate da originalidade humana, buscando reencontrar a saúde do Ser, através da regulação orgânica integrando e ativando os vários centros cerebrais. Esta prática me auxiliou na compreensão sobre como o comportamento das parturientes é influenciado pela qualidade do ambiente na hora do parto, além, é claro, de enriquecer meu processo de auto-conhecimento. É uma tentativa de viver na prática o que tenho estudado exaustivamente para este trabalho.

O cerne desta pesquisa foi direcionado na busca do entendimento de como o ambiente interfere no processo (antes, durante e depois) do parto, para então ser capaz de propor um espaço propício a este momento. Para tanto o trabalho se estruturou em quatro partes fundamentais:

Entendimento histórico sobre o atual modelo de assistência ao parto e nascimento no Brasil

Contraponto a este modelo

Dados científicos que comprovam a urgência da humanização da assistência ao parto:

Traumas causados pela assistência intervencionista

Entendimento da fisiologia e comportamento da mãe e seu bebê em todo o processo de gestação e nascimento

Quais qualidades ambientais são propícias ao processo Estratégias de projeto na busca destas almejadas qualidades.

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Contrariando o tradicional método de trabalho adotado por muitos dos docentes da nossa escola, onde o lançamento do projeto só se dá após concluir uma longa e exaustiva pesquisa sobre as condicionantes projetuais, neste trabalho tudo foi sendo realizado conjuntamente, e não seguindo uma ordem lógica. A utilização de maquetes encerrou um método de auxilio à concepção do conceito e não apenas uma ferramenta representativa deste. O programa de necessidades, assim como suas relações espaciais, foi sendo desenvolvido com o apoio de profissionais identificados com a filosofia ecológica a ser apresentada.

No intuito de não tolher a criatividade, temas condicionantes como legislação, fator econômico e linguagem arquitetônica de casas de parto foram postas de lado até o último instante, para só então auxiliar na viabilidade do projeto.

O presente trabalho visa apresentar um primeiro lançamento de projeto, porém em linhas muito gerais.

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A escolha do terreno para a implantação do projeto foi determinada por quatro fatores de extrema relevância:

O HU possui um real interesse em construir uma casa de parto. Iniciativas deste tipo estão alinhadas com as propostas do Ministério da Saúde para a área materno-infantil.

A cultura ocidental encara o parto como um fato patológico e potencialmente perigoso. Desta forma, localizar a casa próxima a um hospital visa “tranqüilizar” as parturientes, os profissionais e os gestores para o caso de uma emergência.

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Hospital escola: Atendimento gratuito

Qualificar o atendimento às mulheres ali assistidas

Por ser parte de um hospital escola torna-se importante lançar mão deste espaço e da filosofia adotada no ensino dos futuros profissionais de saúde, visando modificar o olhar e a atuação destes profissionais. Contudo, fica como opção da mulher a

permissão ou não da entrada e a quantidade de acadêmicos assistindo ao seu parto. Em concordância com o ETUSC (Escritório Técnico Administrativo da Universidade Federal de Santa Catarina) o local foi apontado como a única parcela da área de interesse disponível.

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(William Emerson, 2001)

1. O Nascimento é uma experiência que serve de alicerce para a vida. A forma como nascemos influencia a maneira como viveremos o resto de nossas vidas.

2. A maneira como nascemos nos dá uma importante informação sobre nosso destino. “O nascimento cristaliza o karma. Quando conhecemos nosso karma, podemos negociar e mudá-lo. ”

3. A forma de nascer influencia a forma de morrer. Um dos benefícios que um modelo de atenção ao nascimento, que leve em consideração estes aspectos, é a liberdade de viver e morrer sem ter sofrido as restrições produzidas pelo padrão de nascimento.

4. O trabalho com o

nascimento pode promover uma transformação

espiritual. A concepção e o nascimento são consideradas as interfaces primárias entre a psicologia e a espiritualidade; trabalhar com o nascimento nos coloca frente a frente com questões espirituais

fundamentais.

5. Nascer influencia a forma de parir. Quando uma mulher dá à luz,

freqüentemente (consciente ou inconscientemente) a experiência com o próprio nascimento surge e afeta a forma de parir. A situação não é afetada apenas pela “memória” da mulher, mas também pelo processo de nascimento do seu companheiro.

6. A maneira do nascimento está intimamente ligado com abuso sexual e físico. O psicoterapeuta Michael Irving de Toronto descreve duas formas como eles estão relacionados:

1º. Os limites dos nascidos freqüentemente são violados. Os recém-nascidos podem ser oprimidos de várias formas: intervenções obstétricas; os sentimentos da mãe e ou do pai; luzes; sons; etc.

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Quando as defesas do bebê são suplantadas, isto pode levar, na infância ou na vida adulta, à uma dificuldade de dizer não ou proteger os próprios limites.

2º Abuso sexual está intimamente relacionado a ter sido violentado fisicamente. No nascimento poderá haver bastante dor, seja por contrações inadequadas (drip de ocitocina), instrumentos (fórcipe, agulhas, aspiração), etc.

Isto pode ser considerado como abuso físico! 7. A experiência do nascimento

usualmente reflete a experiência no pré-natal. Quando um bebê nasce ele ou ela já possuem muitas experiências acumuladas durante a gravidez. Algumas vezes o nascimento em si não é

traumático mas vivenciado a partir de experiências traumáticas acumuladas no período pré-natal.

8. O nascimento organiza todas as grandes transições de nossas vidas, tais como a morte, opções pela carreira profissional, casamento, separação, mudanças de trabalho, residência, etc. Quando os indivíduos passam por estes períodos de transição os sentimentos subjacentes são organizados por padrões estabelecidos no processo de nascimento.

O nascimento exerce uma influência poderosa sobre a forma como os indivíduos passam pelos momentos de transição. Em outras palavras, você pode ter dificuldades em passar por períodos de transição de uma forma criativa se não conseguiu resolver o trauma do nascimento.

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Qualquer pessoa que tenha presenciado um mamífero parindo observou que este animal escolheu um lugar seguro, protegido, longe do olhar de curiosos onde o parto pode transcorrer de forma tranqüila. Este típico comportamento (mediado por um complexo coquetel de hormônios) é comum a todos os mamíferos. As mulheres, por definição, também são animais da classe dos mamíferos. Por que trata-las de forma diferente?

O nascimento de um filho é um dos eventos mais importantes na vida de uma família, de uma rede social e, particularmente, de uma mulher. Práticas associadas com o processo de nascimento são importantes para a saúde e o bem estar desta mulher assim como do recém-nato. Como um aspecto da função reprodutiva e do ciclo de vida normal da mulher, a gravidez, o parto e o nascimento sempre fizeram parte do universo feminino. O parto e o nascimento foram — e ainda são, em graus diferenciados — uma experiência extrema, podendo envolver a dor, um árduo trabalho, a possibilidade da morte e/ou da perda do bebê; entretanto o parto e o nascimento em muitas culturas são considerados experiências do dia-a-dia, uma experiência comum na vida desta mulher.(2)

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O parto, que sempre foi considerado como “coisa de mulher”, somente abriu suas portas aos homens em meados do século XVII. Ao entrar neste mundo inerentemente feminino, somente sendo chamado em casos extremos, o homem o fez pela porta da patologia, gradativamente ocupando mais e mais espaço, rechaçando o conhecimento milenar acumulado pelas parteiras, com isto perdendo o fio da fisiologia e, finalmente, expulsando as mulheres e a própria família do recinto.(2)

A antropologia abre um novo universo para o entendimento das forças que contribuíram para a gênese do modelo hegemônico de assistência ao parto e nascimento.

As antropólogas Barbara Katz Rothman (1982) e Robbie Davis-Floyd (1992), entre outros, nos ensinaram que neste modelo o corpo humano é tratado como uma máquina que pode ser dividida em partes cada vez menores e depois reconstruída para seu melhor funcionamento. Em nossa sociedade, sob a influência do catolicismo que colocava a mulher em condição inferior ao homem, mais próxima da natureza e mais frágil, física e intelectualmente, o corpo masculino foi assumido enquanto o protótipo, e o feminino, por se desviar do padrão masculino, foi conseqüentemente abordado como anormal, inerentemente defeituoso e, perigosamente sob a influência da natureza, ou seja, o mais fraco.

Desta forma, os obstetras alicerçaram seus conhecimentos em uma visão mecanicista do universo, que segue leis previsíveis, as quais podem ser descobertas através da ciência e manipuladas pela tecnologia, com o intuito de diminuir a dependência do homem em relação à natureza e, em última instância, controlá-la.(3)

Os obstetras, ao basearem seus conhecimentos nesta visão mecanicista, assumem que os procedimentos obstétricos são fundamentados pela ciência e baseados na fisiologia da gestação, parto e nascimento. Ao contrário, podemos sugerir que a transferência da atenção ao parto e nascimento para o hospital e, conseqüentemente para o controle dos médicos, resultou em uma proliferação de rituais em torno desse processo fisiológico, muito mais elaborados do que se conhecia até então no “mundo primitivo”.(3)

Ao observar os rituais em torno do parto conclui-se que a visão de mundo que forma a base filosófica tanto da biomedicina quanto da sociedade ocidental é a tecnocracia. Esta visão de mundo fundamentada em um sistema

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de organização política e social baseada na predominância dos técnicos, em uma sociedade que os supervaloriza e é organizada nos termos de sua tecnologia, é burocrática, autocrática e hierarquizada.(4)

O hospital foi transformado em um “fábrica” detentora de sofisticada tecnologia (representada pelas ferramentas construídas ou mesmo pelas máquinas que substituem muitas vezes a presença humana). Quanto mais sofisticada for a tecnologia disponível, melhor tem sido o conceito do hospital. Logo, em nossa sociedade, espera-se que o processo do parto deva preencher as necessidades desta instituição e não da família, que tem sido recorrentemente obrigada a se adaptar às rotinas e procedimentos hospitalares. Isto tem justificado a crescente padronização da assistência, que não leva em conta a individualidade, as necessidades pessoais e a diversidade de nossa cultura.(2).

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No Brasil a maioria das mulheres é hospitalizada (após freqüente romaria em busca de vagas), é separada da família antes e do bebê logo após o parto, recebe rotineiramente uma episiotomia1, é submetida à condução2 do parto, dá à luz deitada de costas e em 40% dos partos é submetida à cesariana! E tudo isto em um ambiente altamente inibidor e propenso à infecção, na medida em que pessoas (realmente) doentes circulam nos

corredores ao lado. “(...) morrem aproximadamente

5.000 mulheres a cada ano no Brasil, por problemas ligados à gravidez, parto e puerpério. Estima-se ainda que 98% dessas mortes poderiam ser evitadas, ou seja, 4.900 perdas não deveriam estar ocorrendo, se as condições de vida dessas mulheres e os serviços de atenção à saúde fossem melhores. Esse número de mortes corresponde à um risco igual a 141 óbitos maternos para cada 100.000 nascidos vivos, aproximadamente 30 vezes maior do que o observado nos países desenvolvidos. No Canadá, por exemplo, o risco é de 4 por 100.000.” (1)

Apesar disto, há um crescente questionamento a respeito dos resultados apresentados por este modelo de atenção. Santos (2002) aponta uma contradição entre o alto percentual de hospitalização associado a um uso inapropriado de tecnologia e o coeficiente de mortalidade materna considerado como vergonhoso.(2)

O Coeficiente de Mortalidade Materna3 é um indicador de saúde importante, pois sintetiza as condições de vida e saúde das mulheres, além de expressar a desvalorização e o desrespeito à vida dessas cidadãs, assim como sublinha a incompetência do atual modelo em fornecer uma resposta adequada ao problema. Sugere, ainda, uma das contradições deste modelo de atenção, que não está preparado para atender às grávidas saudáveis e se mostra incapaz de dar resposta adequada às situações de risco materno.

Os estudiosos do assunto são unânimes em afirmar que a maioria destas mortes é evitável. Concordam que as principais causas e fatores que as determinam são universalmente conhecidos e, os métodos diagnósticos, profiláticos e terapêuticos já são por demais desenvolvidos.(5)

Quando abordada em conjunto com indicadores maternos e fetais, esse coeficiente demonstra inequivocamente que nos países onde

1 Corte realizado no períneo com a pretensão de auxiliar o processo de nascimento, protegendo-o contra lacerações e o bebê de truamatismos.

2 Utilização de ocitocina com o intuito de acelerar o parto

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há a associação de um modelo de atenção ao parto sustentado por parteiras e onde a mulher exerce um maior nível de cidadania são observadas as menores taxas de mortalidade materna e perinatal e menores taxas de intervenções obstétricas, incluindo as menores taxas de cesariana, como poderá ser observado com o exemplo da Holanda.(6)

O tipo de parto é um dos fatores que contribuem para a morte materna. Hoje se sabe que o parto por cesariana expõe a mulher a um maior risco de complicações e de morte.

Este modelo de assistência, além de contribuir para a piora na saúde reprodutiva apresenta um custo-benefício desfavorável. Assumindo-se que não haja qualquer complicação, o gasto com uma cesariana é pelo menos o dobro daquele com parto normal. No Brasil, segundo o Banco Mundial em seu World Development Report de 1993, foi estimado um gasto anual de US$60.000.000,00 com cesáreas desnecessárias,(7) recursos estes, que se bem aplicados, poderiam estar ajudando a melhorar a vergonhosa situação do setor público em nosso país.

A Holanda, por outro lado, é um dos poucos países industrializados onde uma percentagem significativa dos partos ocorre em domicílio. Em 1994 aproximadamente 31% de todos os partos ocorreram em ambiente doméstico e sob a supervisão de uma parteira ou médico de família. A atenção prestada às gestantes durante o período pré-natal é realizada predominantemente por parteiras e médicos de família em unidades fora do hospital.(8)

Para entender este modelo de assistência é preciso fazer referência aos cinco pilares que o sustentam:

A situação da parteira, que é privilegiada e protegida pelo Estado;(9)

Um sistema rigoroso de diagnóstico das gestações de alto-risco universalmente aceito;(9)

Um sistema de referência e contra-referência bem organizado4;(9) É hegemônico o paradigma onde a gravidez, o parto e o nascimento são considerados como eventos naturais e fisiológicos, sujeitos à menor taxa de intervenção possível sem comprometimento da segurança.(10)

O aborto é legalizado e o sistema público garante o acesso de forma universal. Toda gestação, portanto, é a princípio, uma gestação desejada. {Jordan, 1993 #369]}

Assim como na Dinamarca e na Suécia, na Holanda a atenção à saúde é de total responsabilidade do Estado. As parteiras são remuneradas pelo governo ao prestar seus serviços, seja no setor público ou privado. São também remuneradas pelos seguros de saúde privados (30% da população). Nestes países as parteiras são responsáveis pela primeira linha de atendimento às grávidas saudáveis e é de aceitação geral o fato de que elas são essenciais para a obtenção dos excelentes resultados maternos e perinatais

4 As gestantes com alguma patologia são encaminhadas para um nível de atenção mais complexo (hospital), e uma vez resolvido o problema são contra-referenciadas ao nível de atenção primário (casa de parto).

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observados. O que distingue a Holanda de outros países é o uso ampliado dos serviços das parteiras que atuam de forma autônoma nas comunidades e o estímulo governamental para o parto domiciliar.(10)

Essas parteiras, após completarem o ensino fundamental, são treinadas durante três anos nos cursos de midwifery. Elas não são enfermeiras e não estão sob supervisão de médicos.

A Holanda apresenta uma média anual de 200.000 partos, dos quais 43% são supervisionados por parteiras autônomas, 14% por médicos de família e 43% por obstetras.

Este modelo é responsável por uma das menores taxas de cesariana conhecida – 7,9% em 1993. Além disso, a Holanda possui uma das menores taxas de perimortalidade5 – 9,6/1.000 NV.(8)

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A importância do conhecimento sobre o modelo de atenção na Holanda Sua importância repousa na:

Qualidade dos resultados obtidos. Particularmente se comparamos estes resultados com os obtidos pelos EUA.

Alerta contra o preconceito existente em nosso meio sobre as parteiras (6). Na Holanda, assim como na Suécia e Dinamarca, as parteiras são autônomas, ou seja, não são subordinadas aos médicos, embora somente na Holanda essas mulheres também atuem na prática privada.

Visão prevalente nestes países sobre a gravidez como um processo fisiológico e natural(10) ao contrário do Brasil e EUA onde se teme o risco imanente deste processo.

O cuidado é individualizado e personalizado de acordo com as

necessidades de cada mulher e sua família(10), o que contrasta fortemente com as rotinas padronizadas do Brasil e EUA.

Incentiva-se a autonomia e a auto-regulação do processo de parto e nascimento, com a responsabilidade sobre as escolhas tanto do local onde ocorrerá o parto quanto do profissional que irá assisti-lo inerente à mulher e à família(10).

Esta família é sempre incluída no processo de parto e nascimento, não havendo a separação observada no Brasil e EUA(10), onde o companheiro, ou outra pessoa importante para esta mulher, é alijado do processo.

A privacidade é valorizada, pessoas estranhas à mulher e à família não são admitidas durante o parto, como acontece rotineiramente nos EUA e no Brasil.(10)

6 “A Obstetrícia progrediu mui lentamente, em comparação às outras especialidades médicas, e palmilhando caminhos quase impérvios fê-lo guiada pela ignorância e pouco discernimento das parteiras, a transmitirem, de geração a geração, práticas desarrazoadas, feitiços e crendices, bebidas repugnantes e flagelações, que complicavam a parturição, dilaceravam a genitália, infectavam-na e ao ôvo, condicionando e propiciando sua morte no claustro materno ou da própria gestante.” Rezende (1962-1998)

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Em seu importante trabalho, Ashley Montagu (1986) afirmou que nós, ocidentais, estamos começando a descobrir nossos negligenciados sentidos e que estamos tomando, de forma crescente, consciência da dolorosa privação de experiências sensoriais que sofremos em nossa sociedade tecnológica.

7.1) A Formação do Vínculo Afetivo

A Etologia (estudo dos hábitos dos animais e da sua acomodação às condições do ambiente) contribuiu enormemente para que se admitisse a importância dos acontecimentos, do contexto relacional que acompanha ou segue o nascimento.

Eugene Marais

Uso de clorofórmio durante o parto leva à rejeição dos filhotes de cervos. Konrad Lorenz (1930)

Experiência com patos

Introdução da noção de “Período Sensível” no processo de formação do vínculo afetivo

Se a rata é perturbada durante o parto, tanto o parto será mais demorado, quanto o relacionamento com as crias sofrerão alterações, principalmente se forem impedidas de lambê-las. Aquelas que lambem seus filhotes podem ser separadas deles, e então, depois de 25 dias, estarão mais receptivas a eles do que aquelas mães que não os lamberam.

Bridges RS. Parturition: its role in the the long-term retention of maternal behavior in the rat. Physiol Behav 1977; 18:487-90.

Se os filhotes de hamster são deixados com as mães que pariram recentemente por 4 a 6 horas após o parto, as mães vão apresentar comportamento maternal após uma separação de 25 dias.

Siegel HJ & Greenwald MS. Effects of mother-litter separation on later maternal responsivness in the hamster. Physiol Behav. 1978; 21:147-9.

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“Etologistas que observam os comportamentos de animais e seres humanos, consideram o vínculo entre mãe e bebê como sendo o protótipo de todas as formas de amor. Não importando a espécie, imediatamente após o parto há um curto e crítico período de tempo que tem conseqüências a longo prazo”.

(Odent, M. 2.000)

Klaus & Kennell :Parent-Infant Bonding (1ª ed 1976)

Apontam a existência de um período sensível imediatamente após o parto durante o qual o apego entre a mãe e o bebê parece estar mais facilitado:

“As primeiras horas após o nascimento são especiais, é um período de maior sensibilidade para as mães, por isso é muito importante para a promoção da aproximação mãe-filho.”

“A separação do recém-nascido da mãe perturba este período de sensibilidade e pode ter repercussões negativas sobre o estado emocional da mãe, sobre o apego e cuidados da mãe com o seu bebê, e sobre o aleitamento materno.”

“Nós acreditamos que existem fortes evidências de que pelo menos 30-60 minutos de contato precoce, respeitando-se a privacidade, deve ser oferecido a todos os pais e crianças para estimular a experiência do apego.”

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7.2) Estudos Observacionais:

Correlação Entre a Saúde Primal e a Vida Futura do Recém Nascido Contribuição da Psiquiatria

Criminalidade Juvenil

4.269 sujeitos masculinos acompanhados até completarem 18 anos de idade:

Correlação fortemente positiva entre complicações no parto e rejeição e/ou separação precoce no parto

Separação e/ou rejeição precoce, por si só, não era um fator de risco na ausência das complicações no parto

Raine A, Brennan P, Medink AS. Birth complications combined with early maternal rejection at 1 year predispose to violent crime at 18 years. Arch. Gen. Psychiatry. 1994; 51:984-88.

Comportamentos auto-destrutivos (suicídio na adolescência):

Lee Salk em NY pesquisou os antecedentes de 52 vítimas de suicídio e compararam com 102 controles:

Correlação positiva com necessidade de manobras de ressuscitação no parto Salk L et al. Relationship of maternal and perinatal conditions to eventual adolescent soicide. Lancet. 1985:624-27.

Bertil Jacobson (Suécia) pesquisou os métodos utilizados para se suicidar:

Pesquisou os dados do parto de 412 casos forenses abrangendo vítimas de suicídio e os comparou com 2901 controles:

Suicídios por asfixia correlacionavam-se com asfixia no parto;

Suicídios através de meios violentos correlacionavam-se com algum tipo de tocotraumatismo;

Pesquisou os dados do parto de 242 casos forenses abrangendo vítimas de suicídio usando arma de fogo, ou pulando de algum lugar alto, ou se jogando na frente de um

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trem, etc e os comparou com 403 irmãos nascidos no mesmo período e no mesmo grupo de hospitais:

Mesmo resultado, mesmo tendo controlado vários fatores de confundimento.

Observaram, ainda, correlação entre uso de opiáceos no parto com vício em drogas na fase adulta.

Jacobson B, Bygdeman M. Obstetric care and proneness of offspring to suicide as adult: case control study. BMJ. 1990; 301:1067-70.

“Quando se observa os antecedentes das pessoas que demonstraram danos na capacidade para amar – seja essa capacidade para o amor por si mesmo ou pelos outros – parece que a capacidade para amar é determinada, em grande extensão, pelas experiências precoces, durante a vida fetal e no período que cerca o nascimento.”

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7.3) O cérebro e os hormônios do: amor, do parto e da lactação

Neste trabalho falar-se-á demasiadamente na importância em proporcionar às mulheres um espaço que atenda às suas necessidades fisiológicas, o que facilitaria uma perfeita liberação dos hormônios envolvidos com o parto e nascimento. Para tanto se faz necessário compreender este mecanismo hormonal e como o ambiente é capaz de intervir diretamente sobre ele.

O entendimento do papel dos diferentes hormônios relacionados à sexualidade feminina é muito recente. Mais recente ainda são os estudos sobre o papel destes hormônios no parto e nascimento.

Um parto ativo é um processo natural e fisiológico, no qual a continuidade das fases (artificialmente divididas por nós) desde o início do trabalho de parto até algum tempo depois da liberação da placenta ocorre de forma espontânea e sem intervenções. Foi observado que esta situação favorece o aleitamento materno e a formação do vínculo afetivo.

Para parir, uma mulher precisa liberar um certo coquetel de hormônios. A questão crucial é perceber que todos se originam na mesma glândula – o cérebro. Hoje o entendimento tradicional que separa o sistema nervoso do endócrino, está obsoleto. Só há uma rede, e o cérebro também é uma glândula endócrina.

A parte do cérebro que controla a secreção dos hormônios do parto e nascimento é considerada como a parte mais primitiva, fora da massa cinzenta (neocórtex): o Hipotálamo.

Enquanto que a neocórtex está envolvida com o pensamento lógico e com as atividades intelectuais, o hipotálamo está correlacionado a atividades e funções biológicas involuntárias tais como as contrações uterinas, dilatação do colo do útero e expulsão da placenta.

Enquanto o hipotálamo torna-se mais ativo, no final da gestação a neocórtex diminui sua atividade. É comum as grávidas diminuírem o interesse por atividades intelectuais e estarem mais interessadas, p. ex. na “construção do ninho”.

Especialmente nos dias que antecedem o parto as mulheres estão mais esquecidas, necessitando ficar mais em casa. Aproveitam para arrumar as coisas que faltaram para a chegada do bebê...

Esta é a forma fisiológica de preparo para a mudança de consciência e voltar sua atenção para “dentro”, condição necessária para o parto e para a maternagem.

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Durante o processo de parto há um período em que a mãe se comporta como se estivesse em “outro planeta”, se desvinculando de nosso mundo do dia-a-dia, e embarcando em um tipo de “viagem” interior. Esta mudança em seu nível de consciência pode ser interpretada como uma redução da atividade neocortical. Pessoas que atendem ao parto, e que entendem este aspecto essencial da fisiologia do trabalho de parto e do nascimento, não cometeriam o erro de “tentar traze-las de volta aos seus sentidos”. Elas facilmente compreendem que qualquer estimulação neocortical em geral, e do intelecto em particular, pode interferir no progresso do trabalho de parto.

Desta forma, observa-se que diminuir atividades intelectuais, e procurar passar as últimas semanas em ambiente calmo e acolhedor parece favorecer a fisiologia do parto e do nascimento.

Algumas mulheres podem atingir tais picos de secreção de hormônio, e reduzir de tal forma sua atividade neocortical, que elas comparam os últimos segundos do parto com um orgasmo!

Ocitocina

Em 1992 a Academia de Ciência de Nova Iorque publicou um livro (500 pg - 52 trabalhos) avaliando os efeitos comportamentais da ocitocina. A Ocitocina é considerada o hormônio do amor! Qualquer que seja a faceta do amor ela está envolvida.

Prolactina

Quando há um nível elevado de Prolactina circulante a tendência é direcionar os efeitos da ocitocina para os bebês Æ amor materno!

Reduz o desejo sexual e a predisposição para conceber Mediador dos cuidados com a prole:

Construção do ninho...

Comportamento agressivo defensivo, típico de mães lactantes. Endorfinas

O hipotálamo também controla a secreção das endorfinas, que são considerados analgésicos naturais, além de serem responsáveis por mudanças positivas no humor.

O papel das endorfinas foi estabelecido em 1979, e, em 1980 aprendeu-se que os bebês também liberam suas próprias endorfinas durante o nascimento.

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Na medida em que a intensidade das contrações aumenta, também aumenta a liberação de endorfinas, atingindo o pico de liberação durante o período expulsivo.

Desta forma tanto a mulher quanto o bebê encontram-se impregnados de endorfina logo após o parto.

O aumento da liberação pulsátil de ocitocina seguido pelo aumento da liberação de endorfina, além de estimular as contrações, contribuem para a alteração do estado de consciência da mulher.

A mulher impregnada por estes hormônios parece “esquecer” de tudo em sua volta dirigindo sua consciência pra dentro de si própria, focando inteiramente no que está acontecendo com o seu corpo.

São bem conhecidas as propriedades dos opiáceos de induzir estados de dependência.

Contribuem para a formação do vínculo: A endorfina é considerada o hormônio da gratificação!

Período de Transição

No final do período de dilatação existe um período extremamente sensível que alguns autores chamam de “período de transição”.

O colo está totalmente dilatado;

A cabeça do bebê profundamente encaixada na bacia; Tudo pronto para o nascimento.

Odent sugere que neste momento a mulher começa a liberar adrenalina.

Durante o Trabalho de Parto a adrenalina exerce uma função de inibição, neste ponto parece ter um papel fundamental na expulsão do bebê.

Odent sugere que este reflexo será mais eficaz e mais rápido se a mulher não sofrer nenhuma perturbação - como p. ex. estímulos desnecessários, orientações, luzes, barulhos, etc. A necessidade de privacidade parece ser fundamental nesta ocasião. Uma mulher em trabalho de parto, antes de mais nada, deve sentir-se segura! Este estado de segurança é um pré-requisito para a mudança do nível de consciência que caracteriza o processo do parto

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Adrenalina

Geralmente vista como hormônio de defesa-agressão Pico de liberação imediatamente antes do parto

Com o início do reflexo de Ferguson as mulheres tendem a adotar a posição vertical, cheias de energia!

Contudo, qualquer situação que libere adrenalina também tende a estimular o neocórtex.

Origem comum para problemas diversos: Baixo apetite sexual

Dificuldades na amamentação Problemas no parto

Mais do que nunca fica evidente a influência que o ambiente do parto exerce sobre o bom ou mau andamento deste:

A luz e o barulho estimulam o neocórtex

A sensação de estar sendo observada é um tipo de estimulação neocortical.

O cérebro fica mais ativo em temperaturas mais frias que quentes. Um afluxo de adrenalina possibilita ao feto se adaptar à privação fisiológica de oxigênio.

Estado de alerta, o bebê apresenta os olhos bem abertos, a pupila dilatada. As mães ficam fascinadas com este olhar!

O olhar é a porta para a alma!

Parece que este contato, olho-a-olho, é uma importante característica do início do relacionamento mãe-bebê em humanos.

“Período crítico”: Os diferentes hormônios que são liberados pela mãe e bebê durante o trabalho de parto e nascimento não são imediatamente eliminados após o parto e todos têm um papel específico na interação entre mãe e bebê.

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Curiosamente o papel desempenhado pelo complexo coquetel de hormônios em todo o processo de parto e nascimento foi e tem sido completamente “esquecido” no desenvolvimento da obstetrícia moderna e, consequentemente, pelos arquitetos. Este tópico certamente não vem sendo considerado no treinamento dos profissionais de saúde envolvidos com a atenção ao parto e nascimento, na formulação das rotinas hospitalares, ou mesmo ao se desenhar as modernas maternidades em nosso país.

Apesar de já identificarmos em algumas maternidades uma maior mobilidade e possibilidades de escolha para as mulheres ainda prevalece um profundo desconhecimento das necessidades fisiológicas destas mulheres, o que facilitaria uma perfeita liberação dos hormônios envolvidos com o parto e nascimento.

7.4) Recomendação da Organização Mundial de Saúde “Dê o bebê à sua mãe!”

“Todos os profissionais que trabalham na assistência ao parto devem estar conscientes do fato que o RN (recém nascido) é capaz de ver, de sentir (dor, calor ou frio), de chorar (de alegria ou tristeza), tem olfato e paladar.

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A nova obstetrícia está inscrita em uma nova cultura, uma contra-cultura que alguns gostam de chamar de sociedade pós-histórica e outros de sociedade ecológica. Esta nova obstetrícia está inscrita em uma sociedade onde o ser humano, ou os grupos humanos, na medida em que seguem a

sua evolução, sua progressão, sua história, podem guardar um contato com as suas raízes desde as mais profundas, comuns a todas as formas de vida, até as mais superficiais, que pertencem à história individual. Esta nova obstetrícia, nós chamaremos eco-obstetrícia. Esta obstetrícia pode ser evocada, abordada, podemos penetrá-la, podemos explorá-la, mas não podemos analisá-la ou estudá-la metodicamente. Porque ela exclui tudo o que se assemelha a um método, porque ela aceita a improvisação e a escolha.

Esta obstetrícia pode ser explorada e

compreendida a partir de algumas experiências concretas, isto é, a partir de algumas experiências nas “maternidades convivais” que, em alguns pontos do mundo ocidental, começam a se individualizar.

As maternidades convivais são essencialmente dominadas pela diretriz em que o parto, como a mamada, são situações que pertencem à vida emocional, à vida afetiva e à vida sexual, isto é, a importância do ambiente humano, a importância do ambiente material e do mobiliário, a compreensão de que o primeiro fator de uma maternidade é uma atmosfera que facilite os partos, a compreensão de que está muito próximo o limite além do qual a invasão pela máquina, pela instituição e pela medicina será mais nefasta que inútil.

É por isso que escolhi guiar a exploração desta casa de parto a partir de detalhes materiais que aparecem desde a visita mais sumária, como a presença de um piano na grande sala de encontro, como a existência de uma sala de parto diferente de uma sala de parto habitual.

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“Perderam-se a visão, o som, o gosto e o olfato, e com eles foram-se também a sensibilidade estética e ética, os valores, a qualidade, a forma, todos os sentimentos, motivos, intenções, a alma, a consciência, o espírito. A experiência como tal foi expulsa do domínio do discurso científico.” R. D. Laing, apud Capra (1991) Ao compreendermos o parto como uma etapa da vida sexual de uma mulher, e que fisiologicamente é a única situação, além do aleitamento, em que a secreção hormonal equivale-se à do orgasmo, fica fácil entender e visualizar um ambiente propício à sua realização plena e harmônica. Como conceber um orgasmo em um ambiente frio e opressor como o hospital? Não deveria ele ser escuro, silencioso, tranqüilo, com privacidade, familiar e com o menor número possível de pessoas ao redor?!

Odent fala que o melhor lugar para se ter um filho é exatamente aonde ele foi concebido, ou seja, no lar. Seria um sonho se, um dia, abandonarmos o meio hospitalar para participarmos de uma rede de vigilância de partos em casa. Contudo, a sociedade ocidental ainda é extremamente influenciada pelo pensamento tecnocrático. A certeza de que o ter seu filho no hospital é muito mais vantajoso e seguro para ambos é um paradigma difícil de ser quebrado bruscamente. Hoje, convencer uma mulher de que ter seu parto em casa, longe dos aparatos médicos, não só é seguro, mas como pode trazer muitos benefícios tanto para o parto em si como para a relação afetiva entre ela e seu filho, parece estar longe de se alcançar. Assim a criação de uma casa de parto visa oferecer um meio termo entre o lógico e o desejável, seria a adaptação do parto domiciliar ao contexto do século XXI.

O conceito de casa de parto é uma forma de voltar às raízes. É mais velho que o conceito de parto domiciliar. Nas sociedades tradicionais, as mulheres não davam à luz em casa. Elas normalmente davam à luz em cabanas específicas, onde muitas vezes também podiam ficar durante a menstruação. Em determinadas culturas o lugar do parto era o curral, ou o lugar em que as mulheres podiam tomar banho. (Odent,2003)

A casa de parto é um local onde as grávidas são orientadas tanto no pré-natal como nos partos apenas por parteiras ou enfermeiras obstétricas, não subordinadas aos médicos; segundo a Organização Mundial de Saúde são as pessoas mais indicadas e capacitadas a atender nos partos normais, pela sua cultura menos intervencionista. Devido a isso, o direito das enfermeiras atenderem nos partos é garantido por lei! A Casa de Parto faz o acompanhamento da gestante até o parto, em encontros semanais, ou mais amiúde, conforme a situação. Nestes encontros, ela e sua família recebem informações sobre o processo fisiológico do nascimento, o reconhecimento dos sinais e sintomas do trabalho de parto, as posições e ações que favorecem a boa evolução do parto, a importância de uma postura ativa da parturiente durante todo o processo de dar à luz.

Ainda durante os encontros, confirma-se a normalidade da gestação através de exame físico especializado, e avaliação do bem-estar fetal.

Não é permitida por lei a execução de qualquer espécie de atividade cirúrgica. Desta forma, para evitar que haja algum tipo de imprevisto ou complicação os quais as

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enfermeiras não estejam habilitadas a efetuar, é realizada uma avaliação de risco das grávidas antes de autorizar sua internação; apenas as parturientes que consumaram um pré-natal interrupto, de qualidade (confiável) e apontadas, junto a seu bebê, como perfeitamente saudáveis e sem risco de complicação são aceitas nas casas de parto, caso contrário são imediatamente encaminhadas para a maternidade mais próxima.

A admissão da gestante é feita quando em franco trabalho de parto. A presença de um acompanhante é prática garantida e em acordo com os desejos das parturientes. Banhos prolongados, deambulação e massagens constituem o cerne do cuidado na Casa do Parto, aliada a uma postura otimista e de encorajamento por parte dos “cuidadores”.

Os eventos que ocorrem durante o trabalho de parto são comunicados à mulher e sua família, bem como os seus significados.

Após o parto, e quando as condições fisiológicas se mantêm, a mulher recebe alta em período de tempo menor que o de uma internação hospitalar. A liberação ocorre e média após 12 horas do parto.

Ao dizer que a casa de parto é o meio termo entre casa e hospital, para compreender a natureza deste espaço viu-se necessário uma análise comparativa das qualidades ambientais da casa, do hospital e da casa de parto. Os quadro abaixo pretendem esboçar com maior clareza os atributos comuns e os conflitantes entre os três.

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Diferenças

Casa Casa de Parto

Privativo Público Permanência; Passagem Cotidiano Provisório Expressão da personalidade do morador Arquitetura como expressão de uma filosofia Passado, presente e futuro Presente

Lar Pousada Materiais de qualquer natureza Materiais de fácil limpeza

Semelhanças Proteção Individualidade Mobilidade Intimidade Ambiente acolhedor Privacidade

Familiaridade com o espaço Diferenças

Hospital Casa de Parto

Doença Vida Impessoal Familiar

Hierarquia:

Instituição Médico Enfermeira Mulher Hierarquia: Mulher

Frio Quente

Sem privacidade Privacidade, intimidade

Padronização Individualidade Especialistas Multidisciplinar Parto patológico e potencialmente perigoso Parto fisiológico e natural

Ambiente austero Acolhedor

Grandes leitos Pequenos quartos

Artificial Natural

Escala monumental Escala humana

Grande fluxo de pessoas Pequeno fluxo

Equipamentos expostos Equipamentos camuflados

Médico Enfermeira obstétrica / Parteira

Ar microbiano Ar puro

Semelhanças

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As conseqüências desastrosas da generalização do parto em hospitais são tão inúmeras que é possível ressaltar os efeitos negativos do “ambiente hospitalar” sobre a dinâmica do parto, a evidenciar o meio ambiente microbiano “selecionado”, o meio ambiente em alergênios muito diferentes dos alergênios próprios ao quadro de vida habitual, ou a multiplicidade de substitutos da mãe nas horas ou nos dias subseqüentes ao nascimento (berçário). Não resta dúvida que a existência de uma sala de encontros é um elemento positivo suficiente para contrabalançar alguns destes efeitos negativos.

É importante ressaltar que há uma diferença fundamental entre o hospital-casa de parto-residência – o grau de autonomia da mulher. Nenhuma mulher vai estar no controle da situação em ambiente hospitalar. Do mesmo modo, nenhum profissional estará no “comando” em um parto domiciliar. O desafio na casa de parto é exatamente proporcionar, através da arquitetura e da filosofia de atenção, a autonomia desta mulher .

A partir daí é possível perceber a espécie de ambiente almejado para nossa casa de parto: deve ser um local que transmita toda segurança e tranqüilidade possível, e que, no entanto, a pessoa esqueça que está na área de um hospital. A intimidade do lar, onde a mulher detém total liberdade, privacidade e, consequentemente, toda a segurança psíquica necessária para a realização de um processo de parto fisiológico torna-se o ponto de partida da proposta conceitual do projeto a ser elaborado.

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Infelizmente, ao pesquisar as tipologias das casas de parto existentes pelo mundo deparei-me com um modelo de forma totalmente racional e interior excessivamente aparamentado, muito semelhante a um hotel. Nada que, para mim, refletisse a busca das nossas raízes animais. É, porém, válida a condição de todas tentarem se assemelhar a residências, com suas áreas de convivência comum, cozinha, banheiro, e muitos quartos.

Todavia é de grande valia apresentar neste momento uma amostra de algumas casas de parto nacionais e internacionais, a fim de demonstrar o caminho adotado tradicionalmente.

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10.1) Brasil

Casa de Maria, São Paulo

A Casa de Maria é a maior casa de parto do país: com oito quartos e uma sala ampla, pode atender 200 mulheres por mês, com direito a banheira de hidromassagem e fonte no jardim. Tudo pelo SUS. Tive a oportunidade de visitá-la em Julho último, o que consistiu em uma experiência inspiradora. Apesar de não concordar com as formas rígidas de sua arquitetura, vivenciar este tipo de ambiente me fez compreender a magnitude de um momento como o pato.

Se algo ocorrer durante o parto, a mulher estará no centro cirúrgico em menos de três minutos. "Isso derruba o questionamento que a classe médica faz em relação à segurança nas casas de parto", diz Marcos Ymayo, coordenador da área de saúde da Mulher do Hospital Geral Santa Marcelina.

A primeira casa de parto de São Paulo funcionou por quase dez anos na favela Monte Azul, na zona sul. Seu modelo foi seguido pela casa de Sapopemba (zona leste), aberta em 1998 no meio de uma região com mais de 100 mil habitantes e quase nenhum leito de maternidade. A casa está integrada ao Projeto Qualis, em parceria com o governo do Estado.

As mulheres contam com acompanhante e a companhia de uma "doula"7, voluntária treinada que passa todo o tempo com ela. Na casa de parto, as mulheres terão massagens numa banheira e, além da "doula",

Fonte:http://www.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0903200223.htm

7 Do Grego: mulher que cuida de mulher

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Casa de parto da Universidade Federal de Juiz de Fora O projeto foi viabilizado pela

Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), sob a coordenação da Faculdade de Enfermagem. Definida como um dos maiores complexos do Brasil, que dedica-se exclusivamente à prática do parto normal, o espaço é conveniado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e tem capacidade para atender, simultaneamente, até três futuras mamães.

Sua concretização contou com o investimento de R$ 369 mi

lém de dedicar-se à pratica do parto normal entre gestant

Parto é a prova de que um serviço do SUS po

nte: www.ufjf.edu.br

l, sendo que parte dos recursos, R$ 122 mil, foram disponibilizados pelo Ministério da Saúde, para compra de equipamentos e móveis. São mais de 20 cômodos onde trabalha uma equipe de enfermeiras obstetras, auxiliares de enfermagem, auxiliares de serviços gerais, assistente social e alunos da UFJF.

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es de baixo risco, a Casa do Parto também oferece atendimento educativo às mulheres, oficina de preparação do casal, atendimento ao recém-nascido e incentivo ao aleitamento materno. A Casa com grupos com gestantes e casais em que se trabalha de forma educativa conteúdos informativos, através de dinâmicas grupais, dramatizações. Há também grupo de Yoga e a shantala, um tipo de massagem para os bebês.

“A Casa de

de ser prestado com qualidade técnica, de forma humanizada, com conforto, carinho e utilização racional dos recursos”, disse o secretário executivo do Ministério da Saúde, Gastão Wagner, durante sua visita à UFJF. Encantado com o projeto, ele ressaltou que a Casa de Parto é um exemplo da “desmedicalização”, da “desospitalização e de que não é necessário uma série de intervenções para eficácia do atendimento. “Temos que ter outras formas de atendimento”, frisou. Segundo Gastão, o SUS está procurando novos modelos de atenção, o que o projeto da UFJF já faz.

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Casa de parto Sapopemba, São Paulo

A Casa completou cinco anos de funcionamento em setembro. Os resultados maternos e perinatais foram bastante encorajadores, tanto em relação à segurança, quanto à qualidade da experiência para a mulher e sua família.

Quando se aborda a modalidade de atendimento "Casa do Parto", costuma-se associá-la à locais desprovidos de assistência médico-hospitalar, longe das grandes metrópoles.

A comunidade onde o serviço foi implantado dispõe de vários serviços que prestam atendimento obstétrico, mesmo que à alguma distância da região. A opção pela Casa do Parto, em Sapopemba, não resultou da falta de leitos hospitalares, mas de uma escolha deliberada da mulher e sua família por um serviço diferenciado. O serviço preserva as características de um parto domiciliar, tornando o nascimento mais que um ato

fisiológico ou médico, e restituindo-lhe sua dimensão social.

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10.2) Japão

O Japão encerra um modelo de assistência ao parto bastante peculiar. Sua cultura infere um comportamento no qual as mulheres são altamente submetidas à vontade masculina, sua função é cuidar da família. Desta forma, a japonesa se vê obrigada a ser capaz de realizar um parto natural, sem interferências médicas ou medicamentosas (apenas com auxilio de

parteiras); é uma questão de honra.

Este fato implica em uma das menores taxas de cesariana e “índice de mortalidade perinatal”

(número de bebês que passam mais de seis meses no útero e morreram com menos de uma semana de nascidos) do mundo. É triste dizer que apesar destes resultados fabulosos este país está fazendo o processo contrário da maioria mundial: devido a uma drástica ocidentalização, a hospitalização do parto tem sido inevitável. O número de casas de parto se reduz cada vez mais. Ao menos a repulsa por cesáreas desnecessárias sobrevive.

É tão acentuado o temor de certos órgãos não governamentais em perder no tempo as técnicas desenvolvidas a milênios, que tem sido feito um sério trabalho de intercâmbio com parteiras e enfermeiras de diversos países, inclusive da nossa universidade, a fim de instruí-las e difundir tais conhecimentos. Assim, no futuro alguém poderá ensina-los de volta esta rica arte.

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1. Grupo de grávidas 2. Grupo de grávidas 3. Sala de convivência 4.Quarto de parto 5.Quarto de parto 6.Quarto de parto 7 . F a c h a d a s Casa de parto 8 . S í m b o l o d e proteção das casas de parto japonesas

9. Jardins

10. Um item que reflete o respeito que os orientais

têm pelo corpo humano: os cobaias não são vivos, e

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10.3) Estados Unidos Birth Center of Orange Fonte:www.birthcenteroforange.us

As casas de parto americanas, geralmente, são casas comuns adaptadas posteriormente para atender aos partos.

10.4) México

Fonte:Acervo Marcos Leite

10.5) Argentina Casa de parto Acuático

e Fonte:Acervo Marcos Leit

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10.6) Espanha

Maternidad Acuario – Valência

“A maternidade Acuario foi fundada em 1976 pelo Dr. Pedro Enguix. Ginecologista- obstetra, abandonou a medicina pública e inaugurou em Valência um dos primeiros centros de Planejamento Familiar do estado espanhol, ao redor da saúde da mulher, de suas necessidades em torno da reprodução, da gravidez e do parto. Formou uma ampla equipe de profissionais que trabalharam, ainda hoje, com critérios alternativos em torno da cobertura destas necessidades de saúde das mulheres. Em meados da década dos noventa, incorporou-se ao Grupo Aquário o Dr. Henk Egbert Landa, com uma ampla experiência profissional em medicina de família e em coordenação de equipes de especialistas médicos. Os critérios que tinham guiado ao grupo em relação à saúde da mulher, estendem-se a uma colocação da saúde mais ampla, dirigido a todos os grupos de idades e sexos. O Grupo Aquário vai ampliando suas prestações médicas em diversas especialidades, coordenando grupos interdisciplinares para tratar a saúde de um ponto de vista global.

Hoje em dia o Grupo conta com três centros próprios, duas oliclínicas e um Hospital e Maternidade. Oferecem-se os serviços em

com uma equipe humana de aproximadamente cem pessoas,

entre profissionais da saúde e pessoal de apoio.

O esforço e a provocação comum dos profissionais de Aquário vai dirigido a oferecer um serviço de

alta qualidade apoiado em uma concepção humanista da medicina.”

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25 especialidades médicas e conta

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10.7) Sala Selvagem - França

A sala selvagem surgiu como uma experiência de um notório cirurgião francês, Michel Odent, e sua equipe, em uma maternidade convival a partir de 1974. A alusão ao nascimento em casa é uma transição útil antes da apresentação da sala de nascimento “selvagem”. Esta sala foi indiscutivelmente a proposta mais próxima do que acredito refletir a filosofia do parto fisiológico, tornando-se a referência de ambiente propício ao processo de regressão e entrega.

“O adjetivo “selvagem” indica um lugar que favorece os comportamentos regressivos, que permite aceitar que se ultrapasse tudo o que foi adquirido por nossa memória cultural, que permite a expressão de uma memória inscrita nas estruturas cerebrais mais profundas, quer dizer, a expressão de uma memória pré-cultural, ou mesmo animal.

Deve ser compreendido em seu sentido etimológico; ele qualifica um cômodo onde se teve a preocupação de não colocar nada, principalmente nenhum aparelho médico, nem retirar nada do que geralmente se encontra em um “cômodo onde se vive”. A comparação com uma sala de estar é, aliás, freqüente. As paredes onde domina o marrom são pintadas de maneira inesperada no meio hospitalar. As cortinas são laranjas. A luz é indireta. Não há cama, mas um estrado baixo e espaçoso coberto por almofadas coloridas que ocupa a metade do cômodo e uma cadeira obstétrica que constituem o mobiliário. Um aparelho de som, discos disponíveis. Esta sala foi totalmente arrumada por antigas parturientes após discussão e criação do projeto durante os encontros dos grupos.”

Michel Odent Gênese do Homem Ecológico(1981)

Referências

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