A PRÁTICA TUTELADA E A
SUPERVISÃO CLÍNICA EM
ENFERMAGEM
Marco Menaia 24 de Maio 2011(IFE – Amadora)
SUPERVISÃO CLÍNICA EM ENFERMAGEM:
ESTRATÉGIAS DE SUPERVISÃO
Na construção da identidade profissional assumem particular importância as
relações interpessoais e a forma como são vivenciadas.
A forma como é vivida a relação interpessoal, como e aceite é respeitado o
poder/saber de cada um, é passível de influenciar a construção da identidade
(Collière, 1989).
As relações que os estudantes mantêm durante o processo de formação,
com os diferentes grupos sociais com que tem de interagir, e a forma como é
vivido, nestas relações, o poder/saber de cada um são, portanto, também
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Orientar é um processo que pretende acompanhar os estudantes, esclarecendo-ose encaminhando-os na apropriação de saberes teóricos/práticos, constituindo-se como um forte contributo para que os estudantes adquiram comportamentos que
os vão preparar para, no futuro, serem profissionais competentes. (Rauen, 1974). Orientar Clinicamente pressupõe que o saber esteja investido na acção e que os
conhecimentos resultantes da acçã sejam um ponto de partida para novas aquisições, quer para a elaborações a mobilizar, quer para repensar as já
existentes. Permite, assim, integrar e desenvolver o saber-ser e o saber-estar com o saber do acto educativo e a descoberta da pessoa que se apresenta no processo
como sujeito. A relação ser, saber e fazer é considerada essencial, sendo o estudante o sujeito activo da acção. (Alarcão e Tavares, 1987). 4
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A orientação deve por isso basear-se numa relação interpessoal dinâmica e encorajadora e facilitadora de um processo de desenvolvimento e aprendizagemconsciente , procurando desenvolver os estudantes a capacidade de tomar decisões apropriadas (Alarcão e Tavares, 1987).
A orientação em ensino clínico, num modelo de formação profissionalizante a partir da prática, deve de orientar o estudante de modo a que este seja capaz de
agir em contextos instáveis que exigem a reflexão e atenção dialogante com a própria realidade, numa perspectiva de ser capaz de reflectir na acção e não de agir rotineiramente, dando resposta a situações novas, caracterizando-se por um
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Carvalhal (2003) aponta as seguintes estratégias de orientação para o
desenvolvimento da prática e dos saberes da acção:
Demonstrações,
Simulações de situações reais em sala de aula; Estudos de caso:
Reuniões de estágio;
Formulação de questões reflexivas; Debates e discussões.
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Simões (2004) realizou um estudo com base em narrações de enfermeiros, do qualemergiram diversas estratégias de supervisão, utilizadas em ensino clínico de enfermagem:
Formulação de questões reflexivas: através das quais se pretende validar as
práticas e as teorias. Identificaram-se com questões promotoras da reflexão, a clarificação e interpretação, confronto, reconstrução e avaliação;
Análise de casos: permite a partilha e a discussão de modo aos conhecimentos se
tornarem mais eficazes. Permite a aprendizagem reflexiva através da analise detalhada de situações que se identificam com a profissão e que constituem passagens e realidades críticas para a dimensão humana. Trata-se de problemas que necessitam de uma analise profunda, pois envolvem aspectos que poderão entrar em choque com o senso comum, ou a realidade daqueles que nunca vivenciaram as situações de perto.
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Simões (2004) realizou um estudo com base em narrações de enfermeiros, do qualemergiram diversas estratégias de supervisão, utilizadas em ensino clínico de enfermagem:
Demonstração: é entendida com o ensinar ou explicar, com se faz ou se usa,
exemplificando, podendo envolver já o estudante na acção. A demonstração constitui um processo estratégico bastante rico em ensino clínico, dado que o ensinamento é in-loco, o que significa que os estudantes aprendem colaborando, ou apenas observando e exemplificação do seu supervisor. Na prestação de cuidados, o enfermeiro demonstra como se executa ou como se aborda o doente. Por vezes limita-se a exemplificar, explicando os vários itens antes de atingir o objectivo final, pois, através da demonstração, o estudante vai perceber que existem intervenções diferentes, para alcançar os mesmos objectivos.
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Simões (2004) realizou um estudo com base em narrações de enfermeiros,
do qual emergiram diversas estratégias de supervisão, utilizadas em ensino
clínico de enfermagem:
Auto-Supervisão: foi definida como a estratégia pela qual, através da
introspecção metacognitiva, da auto-análise e da auto-reflexão, o individuo adquire conhecimentos de si próprio e da sua actuação. Esse saber ajuda-o a consciencializar-se até onde pode ir no desenvolvimento das suas actividades, de modo a não cometer erros, a sentir-se seguro e a saber agir em futuras situações,
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Simões e Garrido (2006) identificaram diversas finalidades das estratégias de
supervisão, aquando da analise de relatos de supervisores de ensino clínico
em enfermagem.
Prestar atenção: quando o supervisor atende ao que o estudante lhe diz e
exprime a sua atenção;
Clarificar: quando o supervisor interroga e faz afirmações que ajudam a
clarificar e compreender o pensamento do estudante, como por exemplo quando se diz: refere-se a …? É capaz de me explicar melhor…? Não estou a
compreender… espere aí..volte um pouco atrás…estava a dizer…?
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Simões e Garrido (2006) identificaram diversas finalidades das estratégias de
supervisão, aquando da analise de relatos de supervisores de ensino clínico
em enfermagem.
Encorajar: quando o supervisor manifesta interesse em que o estudante
continue a falar ou a pensar em voz alta, como por exemplo: vá, vá continue
…, estou a gostar…, e depois…, e daí…?
Servir de Espelho: quando o supervisor parafraseia ou resume o que o
estudante disse, a fim de verificar se entendeu bem, como por exemplo: …
parece-me que, … na sua opinião, …se eu entendi bem, … portanto, a
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Simões e Garrido (2006) identificaram diversas finalidades das estratégias de
supervisão, aquando da analise de relatos de supervisores de ensino clínico
em enfermagem.
Dar opinião: quando o supervisor dá a sua opinião e apresenta as suas
ideias sobre o assunto que está a ser discutido, como por exemplo: na
minha opinião, eu acho que, eu penso que, podia…
Ajudar a encontrar soluções para os problemas: quando o supervisor depois
de o assunto ter sido discutido, toma a iniciativa e pede sugestões para possíveis soluções: …o que é que se pode fazer? … como é que vai resolver
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Simões e Garrido (2006) identificaram diversas finalidades das estratégias de
supervisão, aquando da analise de relatos de supervisores de ensino clínico
em enfermagem.
Negociar: quando o supervisor desloca o foco de atenção do estudo das
soluções possiveis para as soluções prováveis e ajuda a ponderar os prós e contras das soluções apresentadas: o que vai acontecer se tomar esta
atitude?... quais as vantagens desta estratégia; e as desvantagens?… que solução será melhor, X ou Y?
Orientar: quando o supervisor diz ao estudante o que deve fazer, como por
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Simões e Garrido (2006) identificaram diversas finalidades das estratégias de
supervisão, aquando da analise de relatos de supervisores de ensino clínico
em enfermagem.
Estabelecer critérios: quando concretiza os planos de acção, põe limites
temporais para a sua execução, como por exemplo: na próxima semana
quero ver…, na proxima intervenção tem que reduzir o seu tempo para…
Condicionar: quando o supervisor explica as consequências do cumprimento
ou não cumprimento e limita as actuações, como por exemplo: se não tomar
esta atitude imediatamente, depois será tarde, olhe que não há tempo a
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Considerações Finais
Para supervisionar estudantes em ensino clínico, tendo por base uma
formação reflexiva é necessário:
ocupar mais tempo para a reflexão
permitir a discussão e análise das actividades desenvolvidas no decurso
da prática clínica
A ausência de participação do estudante, ao longo do processo de
formação, reduz a sua iniciativa, marginalizando ao cuidados directos e
imediatos aos utentes de todo o contexto global dos serviços.