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Ditadura, agricultura e educação : a ESALQ/USP e a modernização conservadora do campo brasileiro (1964 a 1985)

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE EDUCAÇÃO

RODRIGO SARRUGE MOLINA

DITADURA, AGRICULTURA E EDUCAÇÃO:

A ESALQ/USP E A MODERNIZAÇÃO

CONSERVADORA DO CAMPO BRASILEIRO

(1964 A 1985)

CAMPINAS

2016

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RODRIGO SARRUGE MOLINA

DITADURA, AGRICULTURA E EDUCAÇÃO: A

ESALQ/USP E A MODERNIZAÇÃO

CONSERVADORA DO CAMPO BRASILEIRO

(1964 A 1985)

Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas para obtenção do título de Doutor em Educação, na área de concentração de Filosofia e História da Educação.

Supervisor/Orientador: Prof Dr. José Luís Sanfelicer

Co-Supervisor/Coorientador: Prof. Dr. Renê José Trentin Silveira

O ARQUIVO DIGITAL CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO

<RODRIGO SARRUGE MOLINA, E ORIENTADA PELO PROF. DR. JOSÉ LUÍS SANFELICE

CAMPINAS 2016

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TESE DE DOUTORADO

DITADURA, AGRICULTURA E EDUCAÇÃO: A

ESALQ/USP E A MODERNIZAÇÃO

CONSERVADORA DO CAMPO BRASILEIRO

(1964 A 1985)

Autor : Rodrigo Sarruge Molina

COMISSÃO JULGADORA:

Orientador Prof. Dr, José Luís Sanfelice Prof. Dr. Marcos Francisco Martins Prof. Dr. Clifford Andrew Welch Profa. Dra. Olinda Maria Noronha Profa. Dra. Fabiana de Cássia Rodrigues

A Ata da Defesa assinada pelos membros da Comissão Examinadora, consta no processo de vida acadêmica do aluno.

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Ficha catalográfica

Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Educação

Rosemary Passos - CRB 8/5751

Molina, Rodrigo Sarruge,

M733d MolDitadura, agricultura e educação : a ESALQ/USP e a modernização conservadora do campo brasileiro (1964 a 1985) / Rodrigo Sarruge Molina. – Campinas, SP : [s.n.], 2016.

MolOrientador: José Luís Sanfelice.

MolCoorientador: Rêne José Trentin Silveira.

MolTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Educação.

Mol1. Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. 2. Educação Superior. 3. Ruralismo. 4. Modernização. 5. Conservadorismo. 6. Ditadura. I. Sanfelice, José Luís,1949-. II. Silveira, Rêne José Trentin,1963-. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Educação. IV. Título.

Informações para Biblioteca Digital

Título em outro idioma: Dictatorship, agriculture and education : ESALQ/USP and the

conservative modernization of the brazilian countryside (1964 to 1985)

Palavras-chave em inglês:

Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz Higher Education

Ruralism Modernization Conservative Dictatorship

Área de concentração: Filosofia e História da Educação Titulação: Doutor em Educação

Banca examinadora:

José Luís Sanfelice Marcos Francisco Martins Clifford Andrew Welch Olinda Maria Noronha

Fabiana de Cássia Rodrigues

Data de defesa: 14-10-2016

Programa de Pós-Graduação: Educação

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Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

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Dedicado a Luiz Hirata, esalqueano assassinado pela ditadura por ousar lutar pela libertação do Brasil.

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A todos os parceiros, colegas e amigos que estiveram em contato direto com a pesquisa e com meu desenvolvimento enquanto professor e pesquisador, longo trajeto de formação acadêmica e extra acadêmica iniciado em 2003 na Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), passando pela Itália, Bósnia e finalizado em Campinas. Foram 13 anos de uma árdua batalha para compreender a História, a Sociedade e a Educação. Creio que valeram a pena!

Fundamentais foram esses oito anos de formação e trabalhos pela UNICAMP, desde 2008. Tenho especiais agradecimentos aos professores José Luís Sanfelice, orientador e mestre de todos os momentos; Renê José Trentin Silveira, co-orientador desta tese e dos trabalhos desenvolvidos na Itália; Fabiana de Cássia Rodrigues; Olinda Maria Noronha. Também colaboraram José Claudinei Lombardi e Lalo Watanabe Minto que me ensinaram a prática docente por meio do Programa Estágio Docente (PED).

Ainda em Campinas, saudações aos companheiros dos grupos de estudos “História, Sociedade e Educação no Brasil” (HISTEDBR), “Grupo: O Capital”, da Associação dos Pós-graduandos da Faculdade de Educação da UNICAMP (APG/FE) e Paulo Marcomini.

No decorrer dos trabalhos de doutoramento foram fundamentais as leituras atentas e as críticas realizadas pelos avaliadores externos no processo de defesa da tese. Obrigado aos professores Clifford Andrew Welch da UNIFESP-Guarulhos e Marcos Francisco Martins da UFSCar-Sorocaba.

A dedicação exclusiva aos estudos, estágio docente, publicações, pesquisas e participação em eventos nacionais e internacionais que aqui “simbolicamente” se materializam nesta tese de doutorado foram possíveis graças ao financiamento público-estatal por meio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), do Conselho Nacional de desenvolvimento tecnológico (CNPq) e da Universidade Estadual de Campinas.

Dentre essas agências estatais, a CAPES possibilitou os trabalhos realizados entre os anos de 2013 e 2014 na cidade de Turim, na Itália. Foram mais de 12 meses de estudos sob direção do Departamento de Estudos Históricos da Università Degli Studi di Torino por meio da orientação do professor Angelo D’Orsi, onde parte desta tese foi escrita. Na Europa, também gostaria de agradecer a experiência de trabalho na redação da Revista “História Magistra” com as colegas Francesca Chiarotto e Marina Mar. No velho continente, obrigado aos amigos brasileiros do programa “Ciências Sem Fronteiras” que nos dias gelados do inverno e outono da região Piemonte me ajudavam a não desistir. O calor latino-americano foi decisivo para permanecer firme, não regressar ao Brasil e seguir sem desanimo com os trabalhos no estrangeiro.

Em Piracicaba, agradeço a colaboração da professora Vera Choairy, da jornalista Beatriz Vicentini, dos professores e estudantes da ESALQ/USP, principalmente Rodolfo Hoffmann, Oriowaldo Queda e aos estudantes pertencentes ao Centro Acadêmico “Luiz de Queiroz” (CALQ). Não posso

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principalmente Fábio Ismael do protocolo, os funcionários do museu “Luiz de Queiroz e o suporte familiar.

A vida universitária foi realmente rica graças aos amigos republicanos de Barão Geraldo, do Corso Vittorio torinese e da mágica Sarajevo. Seja no Brasil, Itália ou Bósnia, me ensinaram que a arte do conviver, da tolerância e do companheirismo não tem fronteiras e que um planeta internacional, igualitário, socialista e sem fronteiras é a solução para o desenvolvimento racional da humanidade.

Obrigado, funcionários das bibliotecas da FE/UNICAMP, ESALQ/USP, Biblioteca Municipal de Piracicaba, Biblioteca Islâmica Gazi-Husrev-Bey de Sarajevo e da Biblioteca Nazionale Universitaria di Torino, Itália. Sem os trabalhadores destas instituições, a pesquisa não seria possível, especial agradecimento a Angelo Brunero do setor de informática da Universidade de Turim. Destaco ainda, a colaboração dos funcionários do Arquivo do Estado de São Paulo e do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba.

Também é justo dizer que sem Emilia Gemmiti, minha companheira, me faltaria a inspiração necessária para o trabalho solitário nos arquivos e bibliotecas, ou quando trancado vários dias em casa escrevendo os textos.

Enfim, no “exílio”, pensei em agradecer ao povo brasileiro, “norte, centro, sul, inteiro” que com seu suado trabalho sustentou essa pesquisa por meio de seus impostos, sobretudo os pobres trabalhadores, os verdadeiros pagadores de tributos nesse país de gravíssimos desequilíbrios fiscais e desigualdades sociais.

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Esta tese de doutorado foi desenvolvida na linha de pesquisa História de Instituições Escolares no Grupo de Pesquisa História, Sociedade e Educação no Brasil. É o resultado de uma década de estudos acerca da História da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” localizada na cidade de Piracicaba, instituição projetada em 1881, inaugurada em 1901 e integrada pela Universidade de São Paulo desde 1934. Apesar de realizarmos um histórico dos 115 anos da escola instituída, nosso principal foco de investigação é concentrado no período histórico da “Ditadura Civil-Militar” de 1964 a 1985. Sob inspiração do materialismo histórico-dialético, nossa investigação foi baseada principalmente em fontes primárias do acervo das unidades da ESALQ e do Arquivo Público do Estado de São Paulo, em especial, o fundo DEOPS. No geral, foram examinados jornais, dossiês, relatórios, revistas, cartas, fotografias, mapas e atas da congregação. Também foram aplicados questionários, realizadas entrevistas e vivencia antropológica no meio institucional, seja dentro ou fora de seus muros. No decorrer de nossa pesquisa procuramos relacionar a Ditadura, a Agricultura e a Educação Superior Agrícola como fatores articulados ao projeto político e econômico dos militares, dos empresários e do imperialismo que objetivou a modernização do campo, mesmo que o “moderno” estivesse acompanhado do “arcaico”, um fenômeno estrutural do capitalismo desenvolvido no Brasil. Neste percurso investigativo nos interrogamos: “quem são os esalqueanos e quais foram suas contribuições e resistências ao projeto da ditadura para o meio rural? Assim, analisamos o período pré-golpe de 1964, quando ocorreram movimentações de funcionários do governo dos EUA e da extrema direita brasileira dentro da escola, auxiliares na deposição do presidente João Goulart e perseguidores da esquerda esalqueana. Após o golpe, analisamos o período ditatorial, quando o campus USP de Piracicaba passou por um grande plano de intervenção estadunidense via USAID, que pretendeu implantar o sistema de Land Grant College System no Brasil. Foi neste período que os professores estrangeiros e os esalqueanos criaram novos cursos de graduação e a pós-graduação, com especial destaque para a área da energia nuclear aplicada ao campo (CENA). Tratou-se de um projeto de Estado a serviço dos empresários nacionais e internacionais, quando a ESALQ aprofundou a prática do ensino e da pesquisa em benefício da agroindústria, especialmente a mutação genética de sementes, animais e o desenvolvimento de tecnologias rurais financiadas com dinheiro público, embora o povo estivesse marginalizado deste processo. Nesse sentido procuramos compreender o papel da ESALQ como centro estratégico da classe dominante na formação de intelectuais orgânicos do ruralismo, sujeitos que atuam no interior da sociedade civil e política em cargos de direção empresarial ou estatal. Seja fora da escola com o genocídio dos “povos da terra” ou dentro da “Luiz de Queiroz” com a perseguição e prisão de esalqueanos contrários ao regime, concluímos que a modernização capitalista do campo brasileiro foi resultado da aliança do imperialismo com as classes hegemônicas do movimento civil-militar de 1964.

Palavras-chave: ESALQ/USP; Movimento Civil-Militar de 1964; Ruralismo; Modernização Conservadora; Questão agrária; Educação Superior Agrícola; intelectuais orgânicos; Ciências Agrárias.

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This PhD thesis has been developed in the line of research History of School Institutions from the Research Group in History, Society and Education in Brazil. It is the result of a decade of studies on the history of the Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” in the city of Piracicaba, an institution designed in 1881, opened in 1901 and integrated by the University of São Paulo since 1934. Although we conducted an historical survey of the 115 years of the school, our main research focus is focused on the historical period of the “Civil-Military Dictatorship” from 1964 to 1985. Rooted on dialectical and historical materialism, our research was mainly based on primary sources from the ESALQ units’ collections and the Public Archives of the State of São Paulo, in particular the DEOPS foundation. Overall, we examined newspapers, files, reports, magazines, letters, photographs, maps and meeting minutes. We also applied questionnaires and conducted interviews and anthropological experiences in the institutional environment, both inside or outside its grounds. In the course of our research we tried to relate Dictatorship, Agriculture and Higher Agricultural Education as articulated factors for the political and economic project of the military, entrepreneurs and imperialism aimed at modernizing the rural area, even if “modern” was accompanied by “archaic”, a structural phenomenon of the capitalism developed in Brazil. In this investigative journey, our question was: “who are the esalqueanos and what were their contributions and resistance to the dictatorship’s rural area project? Thus, we analyzed the 1964 pre-coup period, when there were movements of US government officials and Brazilian extreme right in the school, which aided to the deposition of President João Goulart and persecuted the esalquean left. After the coup, we analyzed the dictatorial period, when the USP campus of Piracicaba underwent a major US intervention plan via USAID, intending to deploy the Land Grant College System in Brazil. It was in this period that foreign teachers and esalqueanos created new undergraduate and graduate courses, with special emphasis on the area of nuclear energy applied to the field (CENA). This was a state project at the service of national and international entrepreneurs in which the ESALQ deepened the teaching and research practice for the benefit of agroindustry, especially the genetic mutation of seeds and animals and the development of rural technologies, funded with public money, although the Brazilian people were marginalized in this process. In this sense we attempted to understand the role of the ESALQ as a strategic center of the ruling class in the formation of organic intellectuals of ruralism, subjects who work within civil and political society in business or state management positions. Either outside the school, with the genocide of the “people of the earth”, or within the “Luiz de Queiroz”, with the persecution and prison of the esalqueanos contrary to the regime, we conclude that the capitalist modernization of the Brazilian rural area was the result of an alliance of imperialism with the hegemonic classes of the 1964 civil-military movement.

Keywords: ESALQ/USP; 1964 Civil-Military Movement; Ruralism Conservative Modernization; Agrarian Question; Higher Agricultural Education; Organic Intellectuals; Agricultural Sciences

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Questa tesi di Dottorato è stata redatta nell’ambito degli Studi di Storia delle Istituzioni Scolastiche gruppo di ricerca “Storia, Società e Educazione in Brasile”. Il risultato é un decennio di studi effettuato relativamente alla storia dell’Università di São Paulo (USP) e al suo dipartimento Scuola di Agricoltura “Luiz de Queiroz” (ESALQ) della città di Piracicaba. Il nostro studio, parte da un’analisi storica di quest’ultima (1901-2016), concentrandosi poi particolarmente sul periodo storico relativo alla “Ditattura Civile-Militare” (1964-1985). Traendo ispirazione dal materialismo storico dialettico, l’indagine si basa principalmente su fonti appartenenti alla raccolta dell’Archivio Pubblico dello Stato di São Paulo (DEOPS) e dei Dipartimenti della USP/ESALQ. Ad una prima fase, relativa ad un esame dettagliato di giornali, dossier, relazioni, riviste, lettere, fotografie, mappe e reports, segue la formulazione/applicazione di questionari, quindi la presentazione dei dati relativi alle esperienze antropologiche interne al contesto universitário di riferimento.La nostra indagine cosí condotta mira a rilevare e porre l’interazione tra Dittatura, Agricoltura e Educazione Universitaria Agraria, come fattore determinante lo scopo politico ed economico di militari e imprenditori, sia nazionali che internazionali. Un imperialismo caratterizzato dalla cosiddetta modernizzazione conservatrice della campagna, risulta essere un fenomeno strutturale del capitalismo radicatosi in Brasile. La nostra analisi sceglie di orientare la ricerca attraverso un quesito fondamentale: “chi sono i laureati nella USP/ESALQ e quali erano i loro contributi e resistenze alla dittatura per la campagna brasiliana? Il contesto storico di partenza, fa riferimento al periodo pre-colpo di stato del 1964, quando i funzionari del governo degli Stati Uniti e dell’estrema destra del campus, furono attori nella deposizione del presidente João Goulart e nella persecuzione della sinistra a Piracicaba. Sucessivamente analizzeremo il periodo dittatoriale, quando la Scuola Universitaria di Agricultura ricevette un sostanzioso piano d’intervento economico da parte degli USA tramite US/AID, i quali imposero come clausola il sistema Land Grant College System. Fu proprio in questa epoca che professori stranieri e locali fondarono nuovi corsi di laurea e post-laurea, dedicandosi particolarmente allo svilippo di innovazioni energetico-nucleari applicate al settore (CENA), microbiologia/mutazione genetica e tecnologie rurali; di tali iniziative, nonostante vennero finanziate tramite risorse pubbliche, ne beneficiarono unicamente magnati privati e grandi industrie. In questo senso abbiamo compreso quanto la USP/ESALQ sia il centro strategico della classe dominante nella formazione di intellettuali organici ruralisti: soggetti che lavorano all'interno della società civile e politica in posizioni di gestione aziendale o statale. Storicamente nel periodo dittatoriale, sia fuori dell'Università, con il genocidio di indiani, afrobrasiliani (quilombolas) o contadini, sia all’interno, con le persecuzioni, reclusioni e uccisioni di oppositori politici della dittatura, notiamo come la modernizzazione capitalistica della realtá rurale-agricola brasiliana sia stata, oltre che sanguinosa, il risultato dell'alleanza dell'imperialismo con le classi sociali dominanti del movimento civile-militare del 1964.

Parole chiave: ESALQ/USP; Movimento Civile-Militare de 1964.; Ruralismo; Modernizzazione conservatrice ; Educacione Universitària Agricola; intellettuali organici; Ciências Agrárias, Scienze agricole

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ABEAS: Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior ABCAR: Associação Brasileira de Crédito e Assistência Rural ACA: Associação Cristã Acadêmica

ADEALQ: Associação dos Ex-Alunos da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” AEAVB: Associação das Escolas de Agronomia e Veterinária do Brasil

AID: Agency for International Development

AIA: American International Association for Economic and Social Development AIEA: Agência Internacional de Energia Atômica

AGIPLAN: Programa de “Apoio Governamental à implantação do Plano Nacional de Sementes (Ministério da Agricultura)

ANDA: Associação Nacional de Desenvolvimento de Adubação ARD: Associate Regional Director

BADESP: Banco de Desenvolvimento do Estado de São Paulo BASA: Banco da Amazônia S/A

BNDE: Banco Nacional de Desenvolvimento do desenvolvimento BNDES: Banco Nacional do Desenvolvimento

CAPES: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior CATI: Coordenadoria de Assistência Técnica Integral

CEBRAP: Centro Brasileiro de Análise e Planejamento CENA: Centro de Energia Nuclear na Agricultura CESP: Companhia Energética de São Paulo CETREC: Centro de Treinamento de Campinas

CETESB: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CIA: Central Intelligence Agency

CNEN: Comissão Nacional de Energia Nuclear

CNPq: Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

CODEVASF: Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba COMASP: Companhia Metropolitana de Água de São Paulo

CONDEVASF: Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba COPERSUCAR: Cooperativa de Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Álcool

COPPE/UFRJ: Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro

DATE: Divisão de Assistência Técnica Especializada

DNPEA: Departamento Nacional de Pesquisa e Experimentação Agropecuárias

DOI-CODI: Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna

EAPA: Econômica e Política Agrícola EEP: Escola de Engenharia de Piracicaba EMBRACAL: Empresa Brasileira de Calcário

EMBRAPA: Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

EMBRATER: Empresa Brasileira de Assistência Técnica e Extensão Rural ETA: Escritório Técnico de Agricultura Brasil – Estados Unidos

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FBCN: Fundação brasileira para conservação da natureza

FEA/USP: Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo

FEPASA: Ferrovia Paulista S/A

FINEP: Financiadora de Estudos e Projetos

FIPEC: Fundação de Previdência Complementar dos Empregados ou Servidores da FINEP FUNTEC: Fundo Tecnológico

GAO: Government Accountability Office

GERCA: Grupo executivo de racionalização da cafeicultura

IAA: Instituto do Açúcar e do Álcool

IBAD: Instituto Brasileiro de Ação Democrática IBC: Instituto Brasileiro do Café

IBEC: International Basic Economy Co. ICA: International Copper Association

IICA-OEA: Instituto Interamericano de Ciências Agrárias da Organização dos Estados Americanos (OEA)

IES: Instituições de Ensino Superior

INCRA: Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária INDA: Instituto Nacional de Desenvolvimento Agrário

INPA: Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia INPE: Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais IPEA: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada IPES: Instituto de Pesquisas e Estudos Sociais IPT: Instituto de Pesquisas tecnológicas

IUPERJ: Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro JUC: Juventude Universitária Católica

MEC: Ministério da Educação

MIC: Ministério da Indústria e Comércio

NITROFÉRTIL: Fertilizantes Nitrogenados do Nordeste S.A OAS: Interamerican Institute of Agricultural Sciense

OEA: Organização dos Estados Americanos OSU: Ohio State University

OTAN: Organização do Tratado do Atlântico Norte PETROBRAS: Petróleo Brasileiro S.A.

PETROFÉRTIL: Petrobras Fertilizantes S.A.

PLANALSUCAR: Programa Nacional de Melhoramento da Cana-de-Açúcar PLANFAP: Plano de Formação e Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior PROAGRI: Programa Nacional de Desenvolvimento Agrário

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SUDAM: Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia SUDENE: Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste

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Tabela 1: Residência dos formados na ESALQ - Cidades ... 110

Tabela 2: _____________________________. - Regiões ... 111

Tabela 3:______________________________ - Regiões 2. ... 111

Tabela 4: Naturalidade dos formados na ESALQ/USP (1938-1987). ... 112

Tabela 5: Escolarização dos pais dos graduados na ESALQ/USP (1938-1970). ... 113

Tabela 6: ____________________________________________(1970-1987). ... 113

Tabela 7: ____________________________________________(1938-1987). ... 113

Tabela 8: Escolarização das mães dos graduados na ESALQ/USP (1938-1970) ... 114

Tabela 9: _____________________________________________(1970-1987). ... 114

Tabela 10: ____________________________________________(1938-1987). ... 114

Tabela 11: Profissão dos pais dos graduados na ESALQ/USP (1938-1987). ... 116

Tabela 12: __________________________________________________(Resumo). ... 116

Tabela 13: Ensino Fundamental dos graduados na ESALQ/USP (1938-1970). ... 117

Tabela 14: ___________________________________________(1970-1987). ... 117

Tabela 15: ___________________________________________(1938-1987) ... 117

Tabela 16: Ensino Médio dos graduados na ESQLQ/USP (1938-1970). ... 118

Tabela 17: _____________________________________(1970-1987). ... 118

Tabela 18: _____________________________________(1938-1987). ... 118

Tabela 19: Onde os esalqueanos trabalham?. ... 119

Tabela 20: Empresas onde os esalqueanos trabalham. ... 120

Tabela 21: Cargos ocupados por esalqueanos. ... 120

Tabela 22: Área profissional dos graduados na ESALQ/USP (1938-1987). ... 121

Tabela 23: Empresas de esalqueanos. ... 123

Tabela 24: Graduados na “Luiz de Queiroz” por gênero (1901-1985). ... 124

Tabela 25: Professores da “Luiz de Queiroz” por gênero (1901-2008). ... 124

Tabela 26: O capital estrangeiro que comprou nossa terra com nosso dinheiro. ... 173

Tabela 27: Índice de utilização de insumos na agricultura (1967-1975) ... 251

Tabela 28: Ensino agrícola superior, inaugurações e falências ... 251

Tabela 29: Estrangeiros matrículados na pós-graduação da ESALQ/USP (1979-2004) ... 286

Tabela 30: Mestrados e doutorados concluídos na ESALQ/USP ... 287

Tabela 32: Pesquisas e acordos firmados pelo departamento de Genética (1975) ... 316

Tabela 33: _______________________________________________________(1976) ... 317

Tabela 34: _______________________________________________________(1977) ... 317

Tabela 35: _______________________________________________________(1979). ... 317

Tabela 36: _______________________________________________________(1980). ... 317

Tabela 37: Idem ... 317

Tabela 38: Pesquisas e acordos firmados pelo departamento de Química (1966). ... 319

Tabela 39: _________________________________________________(1969, 1972 e 1974). .... 319

Tabela 40: _________________________________________________(1975) ... 320

Tabela 41: _________________________________________________(1976) ... 320

Tabela 42: _________________________________________________(1979) ... 320

Tabela 43: _________________________________________________(1980) ... 320

Tabela 44: Pesquisas firmados pelo Dep. de Física e Meteorologia (1966,1967 e 1974) ... 321

Tabela 45: Idem (1975) ... 321

Tabela 46: Idem (1976,1977 e 1979) ... 321

Tabela 47: Idem (1979 e 1980) ... 321

Tabela 48: Pesquisas e acordos firmados pelos Deps. de Economia Rural; Ciências Sociais Aplicadas e Economia Sociologia Rural (1969;1973) ... 322

Tabela 49: ________________________________(1974). ... 322

(16)

16

Tabela 51: ________________________________(1976) ... 323

Tabela 52: ________________________________(1977) ... 323

Tabela 53: ________________________________(1979) ... 323

Tabela 54: ________________________________(1980) ... 323

Tabela 55: Pesquisas e acordos firmados pelo CENA (1969) ... 324

Tabela 56: __________________________________(1974) ... 324

Tabela 57: __________________________________(1975) ... 324

Tabela 58: __________________________________(1976) ... 325

Tabela 59: __________________________________(1977) ... 325

Tabela 60: __________________________________(1978) ... 325

Tabela 61: Pesquisas e acordos firmados pelo Centro de Estudos do Solo; Departamento de Solos, Geologia e Fertilizantes (1969) ... 327

Tabela 62: __________(1975 e 1976) ... 327

Tabela 63:________________(1979) ... 327

Tabela 64: ________________(1980). ... 327

Tabela 65: Pesquisas e acordos firmados pelo Dep de Matemática e Estatística (1969) ... 328

Tabela 66: ______________________________________________________(1977).. ... 328

Tabela 67: ______________________________________________________(1979) ... 328

Tabela 68: ______________________________________________________(1980) ... 328

Tabela 69: Pesquisas e acordos firmados pelo Dep de Fitopatologia (1974, 1979 e 1980) ... 329

Tabela 70: Pesquisas e acordos firmados pelo Dep de Agricultura e Horticultura (1974, 1975 e 1977) ... 330

Tabela 71: Idem (1979). ... 330

Tabela 72: Idem (1980) ... 330

Tabela 73: Pesquisas e acordos firmados pelo Departamento de Silvicultura (1974) ... 331

Tabela 74: ____________________________________________________(1975 e 1976) ... 331

Tabela 75: _______________________________________________(1978, 1979 e 1980) ... 332

Tabela 76: Pesquisas e acordos firmados pelo Departamentos de Zoologia e Zootecnia (1974, 1975, 1976 e 1977). ... 333

Tabela 77: Idem (1979 e 1980) ... 333

Tabela 78: Pesquisas e acordos firmados pela Diretoria da ESALQ/USP (1966) ... 334

Tabela 79: _________________________________________________(1967). ... 335 Tabela 80: _________________________________________________(1967). ... 335 Tabela 81: _________________________________________________(1968). ... 335 Tabela 82: _________________________________________________(1969) ... 336 Tabela 83: _________________________________________________(1972) ... 336 Tabela 84: _________________________________________________(1973) ... 336 Tabela 85: _________________________________________________(1974) ... 336 Tabela 86: _________________________________________________(1975) ... 337 Tabela 87: _________________________________________________(1979) ... 337

Tabela 88: Pesquisas e acordos firmados pela Diretoria da ESALQ/USP (1980). ... 337

Tabela 89: Setor da Mineração e os Índios. ... 353

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17

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Nelson Rockefeller homenageado pelos formandos de 1941 e patrono da turma de

1964...82

Figura 2: Juscelino Kubitschek e Jânio quadros na ESALQ/USP. ... 84

Figura 3: Treinamento militar de alunos da “Luiz de Queiroz” ... 89

Figura 4: Departamento de Aeronáutica do CALQ ... 90

Figura 5: Passeata dos calouros (“bichos”) de 1978 em frente à antiga sede do CALQ ... 94

Figura 6: O futebol praticado pelos alunos dentro do campus “Luiz de Queiroz” ... 98

Figura 7: Lula, Dilma e Alckmin na ESALQ/USP...105

Figura 7b: “Typus esalqueanos” ... 109

Figura 8: Pré-golpe: Reunião entre a diretoria da ESALQ/USP e a comitiva do Departamento de Agricultura do governo dos Estados Unidos (U.S.D.A). ... 131

Figura 9: Hugo de Almeida Leme , Roberto Cano, Consul dos EUA e Professor Dunli Ometto .. 132

Figura 10: Consul dos EUA e comitiva estadunidense juntamente com os esalqueanos. ... 132

Figura 11: Diretoria da ESALQ/USP junto dos membros do Departamento de Agricultura do governo dos Estados Unidos (U.S.D.A)... 132

Figura 12: Documento oficial do Consulado dos EUA convidando o CALQ ... 133

Figura 13: Materiais aprendidos de Paulo Marcomini. (ALUNO COMUNISTA) ... 148

Figura 14: – Paulo Marcomini ... 153

Figura 15:Idem ... 153

Figura 16: Material didático formulado pelo governo dos EUA e utilizado na ESALQ ... 190

Figura 17:Idem ... 191

Figura 18: Professores (“Técnicos”) da Ohio University (OSU-USAID) e suas famílias nas dependências do “campus de Piracicaba” (ESALQ-USP). ... 194

Figura 19: Esalqueanos na Universidade Estadual de Ohio – Estados Unidos (OSU). ... 220

Figura 20: Ampliação do selo da USAID presente na fonte de tensão...222

Figura 21: Equipamento denominado addressograph com selo da USAID ... 222

Figura 22: Caixa de Ferramentas com a inscrição: United States of America. ... 223

Figura 23: Conjunto de ferramentas “SNAP-ON” fabricadas nos Estados Unidos ... 223

Figura 24: Um dos primeiros computadores da ESALQ/USP ... 225

Figura 25: Orçamento necessário para financiar os projetos de pesquisa ... 226

Figura 26: Professor do convênio OSU-USAID lecionando em inglês no campus na ESALQ...231

Figura 27: Exposição “Agroindustrial” de 1976 na ESALQ/USP ... 246

Figura 28: ___________________________________________empresas dos Estados Unidos .. 247

Figura 29:Idem ... 248

Figura 30:Idem ... 249

Figura 31: Autoridades e burocratas portando as urnas funerárias com os restos mortais do casal “Queiroz” para os caminhões dos bombeiros. ... 265

Figura 32: Idem ... 266

Figura 33: Mausoléu construído para receber os corpos do casal Queiroz ...266

Figura 34: Convite dos eng. agrônomos de 1971 que escolheram Médici como paraninfo ... 268

Figura 35: A imprensa piracicabana e a visita do ditador Médici. ... 269

Figura 36: Sessão solene da turma de 1971 e Jarbas Passarinho. ... 269

Figura 37: Ditador Médici inspecionando o campus “Luiz de Queiroz” ... 270

Figura 38: Médici cumprimentando burocratas e professores esalqueanos ... 271

(18)

18

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Figura 40: Médici discursando no salão nobre da ESALQ ...273

Figura 41: Sessão solene da turma de 1971. ... 275

Figura 42: Reprodução da edição do Jornal Folha de S. Paulo (30/07/1971)... 276

Figura 43: Selecionador de cartões perfurados IBM ... 288

Figura 44: Presidente Médici inspecionando o setor de Genética da ESALQ/USP em 1971. ... 291

Figura 45: Ditador Médici inspecionando as instalações do CENA-USP ... 297

Figura 46: Microscópio eletrônico – Centro de Energia Nuclear, USP. ... 298

Figura 47: Apresentação didática para Geisel no interior da ESALQ. ... 308

Figura 48: “cafezinho festivo” o general na mansão do diretor ... 309

Figura 49: Atrocidades contra a tribo Cinta Larga f ... 358

Figura 50: A felicidade do branco rindo, e a tristeza dos índios assustados. ... 359

Figura 51: Luiz Hirata, esalqueano assassinado ... 365

Figura 52: Idem. ... 367

Figura 53: Excursão dos alunos da ESALQ ... 375

Figura 54: Telegrama do Itamaraty ordenando a exclusão dos educadores cubanos em um evento latino americano sobre educação agrícola superior realizado na ESALQ/USP...383

Figura 55: Vigilância da ditadura contra esalqueanos ... 398

Figura 56: Estudantes “vermelhos” contra a ditadura ... 400

Figura 57: Abertura do congresso da UNE no estádio municipal de Piracicaba. ... 407

Figura 58: Alunos ingressantes ridicularizados com “fantasias” de escravos... 433

Figura 59: Documento oficial do CALQ em repúdio a morte do jornalista Herzog. ... 434

Figura 60: CALQ louvando a escolha de chefe da SUDENE por Castelo Branco ... 435

Figura 61: Laudo de exame de corpo de delito do esalqueano Luiz Hirata ... 436

Figura 62: Continuação do Laudo de exame de corpo de delito do esalqueano Luiz Hirata ... 437

Figura 63: Empresários e o diretor da ESALQ/USP, Hugo de Almeida Leme ... 438

Figura 64: Paralização dos estudantes contra a repressão militar em 1975 ... 439

Figura 65: Telex entre o CALQ e o sindicato de jornalistas ... 440

Figura 66: Telex entre campus USP de Piracicaba e São Carlos contra a violência ditatorial...441

Figura 67: O famoso “bondinho” ... 442

Figura 68: CALQ integrando a luta em defesa ao Petróleo Brasileiro (PETROBRAS)... 443

Figura 69: Estudantes da UNICAMP cumprimentando o CALQ pela escolha de Médici ...444

Figura 70: Estágios concedido aos sócios do CALQ para trabalharem no IBC... 445

Figura 71: Sobre o Banco Agronômico “Luiz de Queiroz” do CALQ ... 446

Figura 72: ESALQ/USP na abertura democrática: Plínio de Arruda Sampaio ... 447

Figura 73: Esalq da abertura democrática com Paulo Freire, ... 448

Figura 74: República da ESALQ “Sobradão” e a sede alugada do CALQ ... 449

Figura 75: Presença de Lula no Congresso da UNE em Piracicaba. ... 450

Figura 76: Prefeito de Piracicaba e ex-presidente do CALQ, João Herrmann ...451

Figura 77: Certificado do esalqueano assassinado, “Luiz Hirata” ... 452

Figura 78: O refeitório dos alunos e funcionários. ... 453

Figura 79: Prédio Central “original”, sem a construção do atual segundo pavimento. ... 454

Figura 80: Diretoria da ESALQ/USP em Reunião com os técnicos da USAID...455

Figura 81: Reunião da diretoria da ESALQ/USP com o grupo executivo ... 456

Figura 82: Diretoria da ESALQ/USP em visita ao governador de São Paulo ... 457

Figura 83: Direção da ESALQ/USP com delegação do Estado japonês ... 458

Figura 84: Comitiva de professores dos Estados Unidos analisando a bibliografia usada na ESALQ/USP com o professor Malavolta. ... 459

Figura 85: Conferência Latino-americana de educação agrícola superior na ESALQ/USP ... 460

(19)

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Figura 87: Alunos da ESALQ/USP ... 462

Figura 88: Missa católica no prédio central da ESALQ/USP ... 463

Figura 89: Casa do diretor, hoje comporta o museu “Luiz de Queiroz” ... 464

Figura 90: Concurso de docência-livre do departamento de Fitotecnia ... 465

Figura 91: Alunos no anfiteatro (Maracanã) ... 466

Figura 92: Revista do CALQ criticando a ditadura Militar (1978) ... 467

Figura 93: Revista do CALQ: crítica à ditadura Militar (1979) ... 468

Figura 94: Time de Futebol da ESALQ/USP em Jaboticabal/SP ... 469

Figura 95: Passeata de libertação e pequenas transgressões ... 470

Figura 96: Geisel em visita à ESALQ em 1973 ... 471

Figura 97: Médici saindo do Departamento de Genética em 1971 ... 472

(20)

20 SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - QUESTÕES TEORICO-METODOLÓGICAS E BREVE DEBATE

HISTORIGRÁFICO ... 23

1.1 – Algumas considerações essenciais da teoria e método ... 24

1.2 – Considerações subjetivas do autor... 24

1.3 - Historiografia e fontes de pesquisa. ... 26

1.4 – Sobre as fontes históricas ... 33

1.5 – A Particularidade do Capitalismo brasileiro ... 37

1.6- Ditadura militar: Revolução Passiva e Modernização Conservadora ... 45

1.7 - Estado, hegemonia e intelectuais orgânicos ... 49

1.8 - Instituições escolares, porque estudar? ... 59

1.9 - Instituições escolares: o método de investigação materialista histórico e dialético ... 60

CAPÍTULO 2 - A “LUIZ DE QUEIROZ”: BREVE HISTÓRICO DOS 115 ANOS DA INSTITUIÇÃO. ... 66

2.1 - Luiz Vicente de Souza Queiroz e o projeto de escola agrícola, 1881 e 1884... 68

2.2 - Brazilian Gentleman: o projeto coletivo do ruralismo paulista para a educação agrícola, 1891 a 1892 ... 69

2.3 - O Projeto Estatal Paulista de Educação Agrícola (1893 a 1899) ... 72

2.4 - A lei do serviço agronômico de 1899 ... 74

2.5 - A inauguração improvisada da “Luiz de Queiroz”, 1901 ... 75

2.6 - Anos Posteriores, a “Luiz de Queiroz” no breve século XX ... 78

2.7 - O Centro Acadêmico “Luiz de Queiroz” (CALQ), desde 1909 ... 86

2.8 – A “Luiz de Queiroz” na contemporaneidade ... 99

2.9 - A privatização na ESALQ/USP ... 105

2.10 “Typus esalqueanus”: quem são os esalqueanos? ... 108

CAPITULO 3 - PRÉ-GOLPE E OS PRIMEIROS DIAS DE ABRIL: A ESALQ/USP NA MIRA DOS FUZIS ... 126

3.1- Reforma Agrária e tensão social ... 137

3.2- O caso “Marcomini”: um esalqueano “vermelho” perseguido por golpistas ... 147

3.3 – Movimento estudantil: o Centro Acadêmico “Luiz de Queiroz” e o golpe de 1964 ... 158

CAPÍTULO 4 - ESALQ, DITADURA E A MODERNIZAÇÃO CONSERVADORA DO CAMPO: O AVANÇO CAPITALISTA E IMPERIALISTA NO BRASIL E AS CONSEQUÊNCIAS SOBRE O CAMPUS USP DE PIRACICABA ... 164

4.1 - O Sistema Nacional de Crédito Rural ... 167

4.2 - O Imperialismo nos campos do Brasil ... 170

4.3- As intervenções do governo dos Estados Unidos e outras agências na USP/ESALQ: breve histórico ... 176

4.4- A USAID e a Ohio State University no campus USP de Piracicaba ... 184

4.4.1 - O “Relatório Semestral do convênio US-AID-OSU-ESALQ de 1964” ... 185

4.4.2- A Elaboração do Projeto OSU/USAID e ESALQ/USP ... 192

4.4.3 – Relatórios Individuais dos Agentes Estadunidenses (1964) ... 196

4.4.4 - Fitopatologia por Dr. Clyde Allison ... 197

4.4.5- Nutrição dos Animais por Dr. Alvin Moxon ... 199

4.4.6 – Forragens e Pastagens por Dr. John I. Parsons ... 202

4.4.7 – Economia Agrícola por Dr. John Sitterley (Chefe do grupo) ... 203

4.4.8- Entomologia por Charles Triplehorn ... 206

4.4.9 – Extensão e Métodos por Clair W. Young ... 207

4.4.10 - Dr. Walter Harvey - Mutação Genética Animal ... 211

4.5 – Plano Geral de Trabalho, pós-1964, entre a OSU/USAID e a ESALQ/USP ... 212

(21)

21

4.5.2 – Plano 2: Coordenar a expansão, operação e aperfeiçoamento da organização do

programa de pós-graduação ... 214

4.5.3 – Plano 3: “Estabelecimento e Desenvolvimento de uma Escola de Economia Doméstica.” ... 215

4.5.4 – Plano 4: Interferências nos Planejamentos de Pesquisas no Setor de Ciências Sociais Rurais ... 217

4.5.5 –Plano 5: Influenciar e coordenar agências estaduais e federais do Brasil ... 218

4.5.6 – Plano 6: Capacitar os Profissionais que trabalham nos vários campos da Agricultura 219 4.5.7 – Plano 7: Programa de Intercâmbio ... 220

4.5.8 - Plano 8: Aquisição de equipamentos ... 221

4.5.9 – Plano 9: Pesquisa e programa de desenvolvimento ... 226

4.5.10 - Plano 10: Transformar o programa de graduação da ESALQ-USP ... 230

4.5.11 - Plano 11: Introduzir o sistema Land Grant College System dos EUA para a ESALQ e da ESALQ para São Paulo ... 232

4.5.12 – Plano 12: Desenvolver na ESALQ/USP um conceito amplo de serviços para os cidadãos de todo o Brasil, especialmente de São Paulo, com atenção para as menos afortunadas instituições congêneres de ensino superior ... 235

4.6 - A modernização dependente do Estado ... 236

4.8 - Êxodo rural/concentração fundiária/concentração geográfica ... 252

CAPÍTULO 5: A ESALQ/USP E A DITADURA CIVIL-MILITAR: CONIVÊNCIA POLÍTICA, PÓS-GRADUAÇÃO E GRADUAÇÃO ... 260

5.1 - 1964 e a “reinvenção” de um herói, Luiz de Queiroz volta para Piracicaba ... 263

5.2 - “A turma do presidente”: quando Médici foi o paraninfo dos esalqueanos de 1971 ... 267

5.3 - A criação da Pós-Graduação em 1964 ... 279

5.4 - O estratégico departamento de Genética ... 291

5.5 - A “paixão atômica da ditadura”: Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), 1966 ... 294

5.6 - A visita de Médici ao Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) ... 297

5.7- Diversificação da graduação e a Reforma Universitária na ESALQ ... 300

5.8 - O futuro presidente do Brasil na ESALQ/USP: a visita do general Ernesto Geisel ao campus de Piracicaba em 1973 ... 306

5.9 - Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz” (FEALQ) - 1976 ... 311

5.10 - O Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (CEPEA) – 1982 ... 315

5.11 - Os Relatórios anuais da ESALQ/USP: os financiadores das pesquisas, os objetos de estudo e sua relação com o modo-de-produção ... 316

5.11.1 - Principais pesquisas e acordos firmados diretamente no departamento de Genética (1966-1980) ... 316

5.11.2 - Principais pesquisas e acordos firmados diretamente pelo departamento de Química (1966-1980) ... 319

5.11.3 - _________________________________________dep. Meteorologia...321

5.11.4 - Principais pesquisas e acordos firmados diretamente pela Economia Rural, Departamento de Ciências Sociais Aplicadas e Departamento de Economia Sociologia Rural (1966-1980) ... 322

5.11.5 - Principais pesquisas e acordos firmados diretamente pelo Centro de Energia Nuclear na agricultura (1966-1977) ... 324

5.11.6 - Centro de Estudos do Solo e Departamento de Solos, Geologia e Fertilizantes (1969-1980) ... 327

5.11.7 - Principais pesquisas e acordos firmados diretamente pelo Departamento de Matemática e Estatística (1969-1980) ... 328

5.11.8 - Principais pesquisas e acordos firmados diretamente pelo Departamento de Fitopatologia(1969-1980)...328

5.11.9 - Principais pesquisas e acordos firmados diretamente pelo Departamento de Agricultura e Horticultura (1974-1980) ... 330

5.11.10 - Principais pesquisas e acordos firmados diretamente pelo Departamento de Silvicultura (1974-1980) ... 331

(22)

22

5.11.11 - Principais pesquisas e acordos firmados diretamente pelos Departamentos de

Zoologia e Zootecnia (1974-1980) ... 333 5.11.12 - Principais acordos, convênios e doações firmados pela diretoria da ESALQ/USP (1966 a 1980). ... 334 5.11.13 - Conclusão dos Relatórios de 1966 a 1980 ... 340 5.11.14 - Conclusão dos Relatórios de 1966 a 1980: estatais brasileiras ... 342 5.11.15 - Conclusão dos Relatórios de 1966 a 1980: Agências Internacionais ... 343 5.11.16 - Conclusão dos Relatórios de 1966 a 1980: iniciativa privada nacional ... 344 5.11.17 - Conclusão dos Relatórios de 1966 a 1980: iniciativa privada internacional ... 344 5.11.18 - Conclusão dos Relatórios de 1966 a 1980: principais objetos de estudo ... 344

CAPÍTULO 6 - A MODERNIZAÇÃO CRUCIANTE: OS EFEITOS DA POLÍTICA AGRÁRIA DA DITADURA NO BRASIL E SEUS REFLEXOS NA ESALQ/USP ... 348

6.1 - As consequências da política agrária da ditadura para os índios, quilombolas e

camponeses ... 349 6.2 - A resistência esalqueana contra a ditadura: delações, perseguições e assassinatos ... 361 6.3 - Luiz Hirata – um esalqueano torturado e assassinado pela ditadura ... 363 6.4 - Rodolfo Hoffmann, uma vida entre o cárcere e a vigilância ... 370 6.5 – Pós-graduandos fichados e perseguidos ... 377 6.6 - A censura prévia na ESALQ/USP... 380 6.7 - O “entreguismo” de professores e alunos da ESALQ e UNIMEP ao DEOPS ... 384 6.8 - A entrega de esalqueanos por esalqueanos, quando o perigo morava ao lado ... 388 6.9 - O movimento estudantil de Piracicaba contra a ditadura ... 396 6.10 - Os Congressos da UNE: estudantes de Piracicaba na vanguarda pela democracia ... 404

CONCLUSÃO (SÍNTESE/TESE) ... 411 ANEXOS...432 FONTES PRIMÁRIAS...474 BIBLIOGRAFIA...476

(23)

CAPÍTULO 1

QUESTÕES TEORICO-METODOLÓGICAS E BREVE DEBATE HISTORIGRÁFICO

“Historiador: Veio para ressuscitar o tempo e escalpelar os mortos, as condecorações, as liturgias, as espadas, o espectro das fazendas submergidas, o muro de pedra entre membros da família, o ardido queixume das solteironas, os negócios de trapaça, as ilusões jamais confirmadas nem desfeitas. Veio para contar o que não faz jus a ser glorificado e se deposita, grânulo, no poço vazio da memória. É importuno, sabe-se importuno e insiste, rancoroso, fiel.” Carlos Drummond de Andrade, 1980. (ANDRADE, 2002, p. 45) “O papel da escola não é mostrar a face visível da lua, isto é, reiterar o cotidiano, mas mostrar a face oculta, ou seja, revelar os aspectos essenciais das relações sociais que se ocultam sob os fenômenos que se mostram à nossa percepção imediata” (SAVIANI, 2011, p. 201) Da economia brasileira, (...)o que se destaca e lhe serve de característica fundamental é: de um lado, na estrutura, um organismo meramente produtor, e constituído só para isso: um pequeno número de empresários e dirigentes que senhoreiam tudo, e a grande massa da população que lhe serve de mão-de-obra. Doutro lado, no funcionamento, um fornecedor do comércio internacional, dos gêneros que este reclama e de que ela dispõe. Finalmente, na sua evolução, e como consequência daquelas feições, a exploração extensiva e simplesmente especuladora, instável no tempo e no espaço, dos recursos naturais do país. (PRADO JR, 1987, pp. 10-11) É possível ir mais adiante e argumentar (com Marx) que, apesar da inseparabilidade essencial do econômico e do social na sociedade humana, a base analítica de uma investigação histórica da evolução da sociedade humana deve ser o processo de produção social. (HOBSBAWM, 1999, p. 85)

(24)

1 – Algumas considerações essenciais da teoria e método

Antecipamos nossa discussão teórico-metodológica fazendo algumas advertências. Este não será um capítulo “teórico-metodológico1”, que visa a antecipar o leitor do restante do trabalho, supostamente não teórico, mas será uma introdução fundamental para a compreensão das ideias e principais referenciais do conjunto do trabalho.

Também não é propósito desse capítulo examinar a totalidade das particularidades do capitalismo no Brasil ou fazer um trabalho sobre historiografia, mas somente destacar algumas ideias que incidiram sobre a produção dessa tese, ou seja, somente encontraremos os fundamentos teóricos e metodológicos em uma análise da totalidade da tese, principalmente na medida que formos avançando em nossas análises com o objeto de estudo e contextualizando-o historicamente por meio de fontes primárias e bibliográficas.

Portanto, a discussão teórico-metodológica deste capítulo não implica mecanicamente sua aplicação no decorrer desta tese. Livres de “camisas de força” pretendemos debater a seguir algumas questões introdutórias ao objeto estudado, ou seja, as relações entre a ditadura civil-militar, a modernização capitalista da Agricultura e a educação superior agrícola.

Nesse sentido, percorrendo algumas estradas traçadas pela tradição teórica do materialismo dialético da história, explicitaremos nossas orientações acerca da historiografia, da particularidade do capitalismo brasileiro, a questão da Revolução Passiva, a Modernização Conservadora e as instituições educacionais.

1.2 – Considerações subjetivas do autor

Antes de adentrarmos ao trabalho, o autor acredita ser pertinente esclarecer o leitor sobre algumas condições subjetivas que foram fundamentais para o desenvolvimento desta tese.

Como afirmamos na introdução, a gênese da atual tese sobre a ESALQ/USP se encontra cronologicamente no ano de 2003, quando o autor era um estagiário de História no museu “Luiz de Queiroz” e cursava História na Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP). Os resultados dos trabalhos realizados na UNIMEP deram as bases para novos estudos, que se aprofundaram dentro da Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP). O resultado campineiro foi concretizado com a publicação da dissertação de mestrado, que

1 Usa-se o termo “teórico-metodológico” pois, compreendemos que o método é um conjunto de princípios que sempre estão coligados à teoria.

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procurou analisar a gênese e os primeiros projetos da classe ruralista paulista para o ensino agrícola secundário e a inauguração da então “Luiz de Queiroz” em 1901.

Mas onde entra a ditadura em tudo isso?

A ideia de pesquisar a ditadura na ESALQ/USP sempre esteve no pensamento do autor, desde quando era um adolescente e teve acesso a uma revista da ADUSP (2004a) com denúncias de perseguição contra esalqueanos durante o regime instaurado em 1964, até mesmo no grande número de fontes primárias encontradas na época em que foi historiador do museu “Luiz de Queiroz”, principalmente no dia em que encontrou, “escondida”, uma pasta escrita: “ALUNO COMUNISTA”, e que analisaremos adiante.

O autor sempre se interessou em estudar esse período ditatorial e entender os motivos de tanta barbaridade, repressão e censura. Além disso, também foi influenciado pela onda de pesquisas e publicações na imprensa e mídia sobre a ditadura em decorrência da comissão da verdade (2011) e também um desejo “militante” de examinar o passado e revelar as vozes que foram silenciadas “a ferro e fogo”.

Sobre a escolha da ditadura (1964 a 1985) como período analítico, partimos do princípio de que é fundamental a revisão de nosso passado para evitarmos que regimes ditatoriais, autoritários ou ilegítimos voltem a se instalar em nossa sociedade.2 Para o Brasil pós-ditadura empresarial-militar, o marco simbólico da redemocratização pode ter sido a constituição de 1988, no entanto, ainda existem em nossa sociedade muitas “heranças” da ditadura, como por exemplo o monopólio dos meios de comunicação, a polícia militar, a desigualdade social e até mesmo o capitalismo dependente e subordinado, sem qualquer projeto autônomo e democrático de nação.

Dentro desses primeiros esclarecimentos, acreditamos oportuno deixar claro aos nossos leitores que essa pesquisa não é uma disputa entre a UNICAMP e USP ou um revanchismo contra os esalqueanos, supostamente “brutos agricolões”, que são conhecidos nacionalmente por praticar os atos mais irracionais e bárbaros de violência contra os calouros em ritos trotistas (ALMEIDA; QUEDA, 2013). Na realidade, esse autor jamais pretendeu praticar qualquer injúria contra a ESALQ, instituição que fez e faz parte de sua vida, seja quando era uma criança que frequentava seus parques para empinar pipa, seja adolescente quando ia estudar matemática no antigo departamento de Engenharia Agrícola, ou mesmo, quando se transformou em estudante universitário, trabalhando três anos no museu, vivendo dentro de seus arquivos empoeirados, escavando por trás dos ácaros a busca da fonte primária

2 Por exemplo, os recentes golpes de Estado de Honduras, em 2009, no Paraguai em 2012 e o processo de

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reveladora, como uma criança que busca um tesouro perdido. Depor contra a ESALQ seria, como se o autor depusesse contra si mesmo, sua família e amigos. Portanto, acima de tudo, essa pesquisa objetiva a produção de conhecimento crítico que auxilie a revisão e superação de problemas do passado que ainda influenciam o presente.

1.3 - Historiografia e fontes de pesquisa.

Inspirados em Dermeval Saviani, acreditamos que o papel desta tese não é mostrar a face visível dos acontecimentos, isto é, reiterar a História oficial, as memórias e folclores da instituição estudada, mas por tratar-se de um estudo científico baseado no materialismo histórico-dialético, procuraremos avançar e “revelar os aspectos essenciais das relações sociais que se ocultam sob fenômenos que se mostram à nossa percepção imediata” (SAVIANI, 2011, p. 201), ou seja, trataremos de analisar e publicar aspectos não visíveis do cotidiano, “revelar a face invisível da lua” (Idem).

Portanto, esta pesquisa é incompatível com as perspectivas históricas tradicionalistas, como o presentismo e o positivismo (cf. SCHAFF, 1987), memorialismo, irracionalismo, pós-modernismo e das “histórias” feitas para vender que, por serem interessadas em agradar seus leitores, realizam escritos místicos e fantasiosos da realidade, tudo para fomentar a indústria do entretenimento, como se consumir “história” fosse a mesma coisa que consumir revistas sensacionalistas, que aliás, para além de um grande nicho mercadológico, também operam como verdadeiros partidos políticos. (c.f DOSSE, 2003)

Para além de um mercado lucrativo, a “história” fabricada também tem uso político-eleitoral em regimes supostamente “democráticos” ou é usada para a manutenção de ditaduras. Geralmente, estas manipulações restabelecem ou recriam um passado que não possui relevância com o momento presente e por isso são forjadas, restauradas ou ressuscitadas por meio de um passado real ou imaginário. Por conseguinte, não iremos fabricar esse tipo de “história”, que cria um passado que não existiu, ou existiu, mas foi distorcido, como foi, por exemplo, “a pretensão sionista de retornar à pré-diáspora passada na terra de Israel que era, na prática, a negação da história real do povo judeu por mais de 2 mil anos” (HOBSBAWM, 1999, p. 28) ou os diferentes mitos fundadores do Brasil, uma das sociedades mais violentas do planeta que é propagandeada como fraterna, cordial e pacífica, país abençoado por Deus, onde não existiriam problemas com o racismo, pois seríamos o país da democracia racial, território de fusão de raças que vivem em grande harmonia, mesmo

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que o genocídio de índios e negros ainda esteja ocorrendo, passados mais de 500 anos de invasão portuguesa3. (CHAUI, 2000)

Apesar de nossa proposta estar longe da industrialização ou fabricação da história, enquanto campo das ciências humanas, estamos cientes de que não existe neutralidade de ideia no ofício do historiador, todo texto é em última instância um texto ideológico ou político. Nesse sentido, gostaríamos de deixar claro aos nossos leitores que nosso compromisso nesse trabalho é com a “verdade revolucionária” e por isso, não estamos interessados em agradar nossos “seletos” clientes ou “possíveis” eleitores. Nosso objetivo é utilizar a ciência da História para auxiliar na interpretação e transformação dessa sociedade imersa na barbárie.

Explicando melhor, apesar de a História não ter poderes “sobrenaturais” de antever o futuro, pode ser uma grande ferramenta para sua projeção por meio da compreensão de padrões e dinâmicas de transformação material da história, especialmente por meio do método materialista e dialético.

Seguindo a linha de Antônio Gramsci, acreditamos que “dizer a verdade é revolucionário”4 pois, a ação de compreender historicamente (práxis) o que as classes dominantes forjam das classes oprimidas e exploradas para manter-se no poder pode auxiliar na transformação da realidade, portanto, a verdade é palpável, ela é real e é um combustível para a mudança. Historicizando a ideia, podemos melhor compreendê-la: o que os intelectuais da burguesia francesa revelavam no período revolucionário (1789-1799) foi fundamental para a derrubada da monarquia absolutista, assim como os ensinamentos de Lenin na Revolução Russa em 1917 auxiliaram as forças revolucionárias na derrubada da monarquia Czarista. “À cada época é a classe revolucionária que representa o máximo de consciência possível; este privilégio, que era no passado da burguesia revolucionária (filosofia do iluminismo, economia política clássica e outras) pertence agora à classe revolucionária de nossa época: o proletariado" (LOWY, 1987, p. 197)

3 A própria ideia de que o país foi “descoberto” por portugueses guiados por Deus foi uma ideia ideologicamente construída, já que as terras que chamamos Brasil já eram habitadas por milhões de indígenas. (CHAUÍ, 2000)

4 Em 1919, ao lado de Palmiro Togliatti, Umberto Terracini e Angelo Tasca, Gramsci fundou o semanário L’Ordine Nuovo, cujo subtítulo era “Resenha semanal de cultura socialista”. Tendo Gramsci como editor-chefe, L’Ordine Nuovo circulou de 1º de maio de 1919 a 24 de dezembro de 1920. Em 1º de janeiro de 1921, o jornal passou a ser diário, sob o lema “Dizer a verdade é revolucionário”. Vinte dias depois, passou a ser o órgão central do Partido Comunista Italiano (PCI), que acabara de ser fundado. Gramsci foi seu redator-chefe e articulista até 1924, quando L’Ordine Nuovo acabou substituído por L’Unità (“Diário dos operários e dos camponeses”). (MORAES, 2013)

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O proletariado [...] classe universal cujo interesse coincide com o da grande maioria da humanidade e cujo objetivo é a abolição de toda dominação de classe, não é obrigada a ocultar o conteúdo de toda dominação de classe, não é obrigada a ocultar o conteúdo histórico de sua luta. [...]Ele é, por consequência, a primeira classe revolucionária cuja visão social de mundo (utópica) tem a possibilidade objetiva de ser transparente" [...]O proletariado [...] não pode tomar o poder, transformar a sociedade e construir o socialismo senão por uma série de ações deliberadas e conscientes. O conhecimento objetivo da realidade, da estrutura econômica e social, da relação de forças e da conjuntura política é, portanto, uma condição necessária de sua prática revolucionária; em outras palavras: a verdade é uma arma de seu combate, que corresponde a seu interesse de classe e sem a qual ele não pode prosseguir. Como escrevia Gramsci no lema de seu jornal Ordine Nuovo, "somente a verdade é revolucionária" (LOWY, 1987, p. 199-200)

No entanto, produzir ciência do ponto de vista dos interesses dos explorados, não significa estar preso a “guetos” e dogmatismos ou como fazem alguns intelectuais, limitar-se ao estudo apenas de obras comprometidas com a revolução.

"De outro lado, a proposição segundo a qual o ponto de vista do proletariado é o que oferece a melhor possibilidade objetiva de um conhecimento da verdade não significa absolutamente que é suficiente se situar deste ponto de vista para obter resultados científicos relativamente verdadeiros ou mais objetivos. Estas duas reservas designam uma problemática decisiva para a sociologia diferencial (marxista-historicista) do conhecimento: a articulação entre o condicionamento social e a autonomia relativa da ciência" (LOWY, 1987, p. 203)

Certos corolários importantes decorrem desta autonomia: 1) inicialmente, que o dogmatismo do tipo reducionista (pretensamente marxista), que limita a ciência do ponto de vista de classe, é incapaz de dar conta do processo real de produção do conhecimento 2) Em seguida, que a história da ciência social desenvolve com um certo nível de continuidade: Marx continua-critica-supera Ricardo, e o mesmo tipo de relação dialética (Aufhebung) define a ligação entre Lukács e Max Weber. Apresentar (como faz o marxismo positivista) o marxismo como ciência da sociedade (ou da história) simplesmente, face à qual as outras teorias não seriam senão `ideologias´, é uma pretensão arrogante que (como vimos) Marx não partilha absolutamente e que torna incompreensível o tipo de relação que existe entre elas depois de um século de cientistas marxistas e não-marxistas. 3) Enfim, que a ciência situada na perspectiva mais vasta e mais totalizante - isto é, aquela vinculada à visão proletária de mundo - pode e deve ser capaz de integrar em seu `quadro´ da paisagem as verdades parciais produzidas pela ciência dos níveis inferiores e mais limitados. Esta incorporação ou absorção de elementos da verdade em um conjunto estruturado e `engajado´ não tem nada a ver com o ecletismo e não significa que as oposições irredutíveis entre visões de mundo antagônicas desapareceram. Ao integrar em sua análise certas críticas de Sismondi ao capitalismo, Marx e Rosa Luxemburgo não se tornaram mais ecléticos, e não encobriram as divergências fundamentais que os separavam deste

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economista que sonhava com um retorno ao passado (LOWY, 1987, p. 207-208)

Portanto, em nosso trabalho, procuramos incorporar-superar as análises e contribuições da “Escola dos Annales” (BURKE, 1997) e acrescentar a esse debate o materialismo histórico-dialético tal como Marx e Engels pensaram. Avançando no século XX, procuraremos incluir em nossas análises as originais contribuições de Gramsci e Hobsbawm.

Nesse sentido, acreditamos que esses procedimentos teóricos e metodológicos poderão auxiliar na construção de uma sociedade melhor, mais democrática em todos os sentidos. No entanto, devemos estar alertas para não “forçar” nossas fontes a “falarem” de acordo com nossos desejos, interesses, crenças ou paixões.

Os historiadores, como os demais seres humanos, tem o direito de idearem um futuro desejável para a humanidade, lutarem por ele e ficarem animados quando descobrem que a história parece estar seguindo o caminho que eles imaginaram, como por vezes acontece. Em todo o caso, não é um bom sinal do caminho que o mundo vai seguindo quando os homens perdem a confiança no futuro, e cenários de Götterdämmerung tomam o lugar das utopias. Porém, o trabalho do historiador de descobrir de onde viemos e para onde estamos indo não deve ser afetado enquanto trabalho pelo fato de gostarmos ou não dos resultados prospectivos. (HOBSBAWM, 1999, p. 66)

Esse fenômeno retratado por Hobsbawm é historicamente visível na burguesia que, enquanto classe revolucionária, produziu o desenvolvimento científico objetivo da economia, dos clássicos dos fins do século XVIII e início do século XIX. A partir do momento em que a burguesia se transformou em classe dominante, sobretudo a partir de 1830, concomitantemente que se deparou com surgimento de uma nova classe expressa em um movimento operário organizado que ameaçava os interesses particulares baseados na propriedade privada, ela não pôde mais se dar ao luxo desse desinteresse, dessa objetividade científica, necessitou, após conquistar o poder de uma apologética, de uma legitimação pura e simples de seus interesses, de uma ideologia a serviço de sua posição de classe. “Nesse momento, declina, e morre, a economia política científica e é substituída pela economia política vulgar", uma ideologia que se preciso, manipula a verdade objetiva para a manutenção do status quo da classe burguesa5. (LOWY, 1998, p. 98-99).

5 Esse fenômeno também ocorreu no regime burocrático-stalinista da ex-URSS quando a ciência política e econômica foram radicalmente instrumentalizadas e ideologizadas, abolindo qualquer autonomia relativa da história. Essa ideologização total também era presente nas ciências da natureza. “A ideia de que as ciências naturais existentes teriam um caráter burguês é estranha ao pensamento dos clássicos do marxismo; trata-se

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Nas palavras de Karl Marx em 1873:

A burguesia, em França e Inglaterra, tinha conquistado o poder político. Daí em diante a luta de classes ganhou, praticamente e teoricamente, formas mais e mais declaradas e ameaçadoras. Dobrou a finados pela Economia burguesa científica. Não mais se tratava agora [de saber] se este ou aquele teorema era verdadeiro, mas de se era útil ou prejudicial ao capital, cómodo ou incómodo, de se era ilegal ou não. Para o lugar da pesquisa desinteressada passou o pugilato profissional pago, para o lugar da investigação científica imparcial a má consciência e a má intenção da apologética (MARX, 2007)6.

No entanto, é delicado falar sobre a verdade e a manipulação do conhecimento na contemporaneidade, especialmente por conta da hegemonia cultural pós-moderna/irracionalista na maior parte da sociedade. No Brasil, especialmente na década de 1990, do ponto de vista da teoria histórica, ocorreu um grande avanço de abordagens não comprometidas com a compreensão da sociedade, por meio de um pluralismo epistemológico e temático, análises mais concretas, sociais e que visam a compreender a totalidade foram abandonadas para a adoção de abordagens mais subjetivas e pessoais, os objetos agora eram singulares. Esse fenômeno foi conhecido como “crise dos paradigmas” e teve seus pontos positivos e negativos. O positivo foi representado “pela ampliação das linhas de investigação, diversidade teórico-metodológica e utilização das mais variadas fontes de pesquisa” (BUFFA; NOSELLA, 2009, p. 16-17). Já os pontos negativos foram as fragmentações epistemológicas e temáticas que tem dificultado a compreensão da totalidade” dos fenômenos históricos e educacionais sendo que muitos negam a possibilidade de existência da verdade, pois tudo é subjetivo, fragmentado e portanto, irracional. (Idem, p. 16-17)

Para os autores pós-modernos “existe”: a recusa da análise dos “processos históricos” e seus determinantes gerais; negação do trabalho com as metanarrativas e defesa da compreensão do singular e subjetivo dissociado do universal, ou seja, do conjunto de relações sociais historicamente determinadas; interpretação de um mundo irracionalmente compreendido, isto é, uma realidade não material, “impalpável”, impossibilitada de ser transformada e por fim, rejeição de analises marxistas, “como intervenção consciente dos

de uma inovação teórica do estalinismo, que se poderia designar positivismo ao inverso: enquanto o positivismo quer naturalizar as ciências sociais e políticas, o estalinismo pretende `politizar´ as ciências da natureza; os dois têm em comum a incompreensão da especificidade das ciências humanas e de sua distinção metodológica com relação às ciências naturais" (LOWY, 1987, p. 161)

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homens sobre o processo histórico, como indivíduos dispostos em classes sociais e não autodeterminados” (MINTO, 2014, p. 13)

Esse fenômeno novidadeiro baseado na irracionalidade não é restrito somente ao campo da história, mas abrange o conjunto das ciências humanas, desde a psicanalise até a antropologia ou qualquer “outra disciplina que possa ajudar credenciar os jovens a uma reputação pelo lançamento de uma nova moda ou pela formação de algo que ninguém disse antes” (HOBSBAWM, 1999, p. 78).

Ter a novidade como etiqueta ajuda a vender a história entre os profissionais, tal como ajuda a vender detergentes entre um público mais amplo. Naturalmente minha objeção não é quanto aos historiadores tomarem de empréstimo técnicas e ideias de outras ciências sociais e incorporarem a seu próprio trabalho os mais recentes desenvolvimentos nessas ciências, desde que sejam úteis e pertinentes. É quanto à distribuição da bagagem histórica em uma série de vasos não comunicantes. Não existe uma coisa do tipo história econômica, social, antropológica ou história psicanalítica: existe apenas história. (HOBSBAWM, 1999, p.78)

Apesar de respeitar a opção dos sujeitos pós-modernos não acreditarem na possibilidade de criar conhecimento científico, pois em suas acepções, não existe a verdade, somos adeptos da opção contrária. Acreditamos que sim, é possível encontrar a verdade na produção do conhecimento científico. De acordo com o historiador britânico, defendemos vigorosamente:

[...]a opinião de que aquilo que os historiadores investigam é real. O ponto do qual os historiadores devem partir, por mais longe dele que possam chegar, é a distinção fundamental e, para eles, absolutamente central, entre o fato comprovável e ficção, entre declarações históricas baseadas em evidencias e sujeitas a evidenciação e aquelas que não o são [...] Em resumo, acredito que sem a distinção entre o que é e o que não é assim, não pode haver história. Roma derrotou e destruiu Cartago nas Guerras Púnicas, e não o contrário. O modo como montamos e interpretamos nossa amostra escolhida de dados verificáveis (que pode incluir não só o que aconteceu mas o que as pessoas pensaram a respeito) é outra questão. (HOBSBAWM, 1999, p. 8)

No entanto, ainda utilizando os ensinamentos do historiador inglês, o nosso papel nesta tese não será alimentar fanatismos, estamos cientes nesse trabalho da perigosa manipulação e irresponsabilidade que alguns historiadores comentem ao “forçar” suas fontes a “falarem” seus desejos ocultos, fazendo de seus trabalhos perigosas armas incendiárias para a intolerância fascista, especialmente contra minorias e as classes exploradas-dominadas.

Referências

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