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ATUTORIA-PERSPECTIVAEORIENTAÇÕESGERAIS

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A. Carita, 2007 1

A TUTORIA: PERSPECTIVA E ORIENTAÇÕES GERAIS

Ana Carita (ESVF; ISPA) 2007

DESTINATÁRIOS DA TUTORIA

Alunos em situação de dificuldades na escolarização e na aprendizagem, associadas a factores de natureza não predominantemente cognitiva. Trata-se, sobretudo de alunos que apresentam:

No domínio académico:

™ pouca motivação e investimento para as aprendizagens e realização das tarefas escolares;

™ dificuldades de organização para o cumprimento das tarefas

™ gestão desajustada do seu papel de estudante (impontualidade, esquecimento de materiais, incumprimento de tarefas, etc.)

™ desajuste relativamente às expectativas da escola e dos professores ™ ameaçados pelos riscos de desorganização do percurso escolar

(absentismo; abandono; saída precoce)

No domínio pessoal e dos relacionamentos:

™ isolamento, retracção social ou outras dificuldades de relacionamento com os adultos e, ou com os pares

™ comportamento depressivo (notória e persistente tristeza)

™ comportamento frequentemente agressivo na relação com os colegas e/ou adultos

™ exibição de comportamentos pré-delinquentes: agressões menores ocultas (mentiras, roubos, ...), danos contra a propriedade, actos delinquentes (roubo por escalada, uso de cheques ilegais, roubo de viaturas, venda de droga, infracções, etc.)

™ desorientados, perdidos, sem perspectiva OBJECTIVOS DA TUTORIA

Em termos gerais, podemos dizer que a tutoria visa diminuir os factores de risco e incrementar os factores de protecção do aluno nos domínios da aprendizagem e das condutas pessoal e social, potenciando, desse modo, o seu bem estar e a sua harmoniosa adaptação às expectativas académicas e

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A. Carita, 2007 2 sociais da escola. Em termos mais específicos colocam-se os objectivos que se seguem.

No Domínio Pessoal

™ Ajudar o aluno a conhecer-se melhor (interesses, motivações, valores, pontos fores, pontos fracos)

™ Informar e apoiar os alunos em problemas relacionados com a sua idade e desenvolvimento, bem como com a sua história pessoal

No Domínio da Socialização

™ Ajudar na integração do aluno na escola, procurando despertar nele atitudes positivas em relação à escola, aos professores e aos pares ™ Fomentar comportamentos de participação na vida da escola

™ Analisar com os alunos os seus comportamentos, procurando promover a adopção de comportamentos favoráveis a uma boa integração na escola, nomeadamente no campo das amizades

No Domínio da Aprendizagem

™ Analisar com o aluno os seus resultados escolares, procurando retirar ilações de tal análise

™ Acompanhar a sua aprendizagem em termos globais, tendo em vista, nomeadamente, detectar áreas bem sucedidas e áreas de dificuldade e mesmo, eventualmente, de necessidades educativas especiais

™ Ajudar o aluno a analisar as suas dificuldades de rendimento escolar, identificando possíveis causas e consequências, bem como formas de superação ou minimização

™ Ajudar os alunos a fazer um melhor uso da escola, a saber usar este recurso a seu favor

™ Ajudar os alunos a perceber quais são as expectativas da escola, do currículo, dos professores e a corresponder a isso

™ Ajudar o aluno a tomar consciência das suas concepções sobre a aprendizagem (O que é aprender? Como se aprende?) e a motivação para o estudo

™ Apoiar o aluno na aquisição de estratégias de aprendizagem e técnicas de organização e estudo

™ Ajudar os alunos a aprender a reconhecer os progressos ™ Ajudar os alunos a definir o seu projecto escolar

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A. Carita, 2007 3 ™ Aconselhar, programar e eventualmente propor ao DT programas de

recuperação, apoio e reforço educativo

ESTRATÉGIA DA TUTORIA

A estratégia a seguir na tutoria pressupõe o estabelecimento (a) de um clima relacional de aceitação e abertura e (b) de uma atitude de disponibilidade e criatividade para a diferenciação das respostas.

Relação positiva. Requer-se, por um lado, para o sucesso das actividades de

tutoria, que o tutorando se sinta seguro e confiante na relação. Tal quesito supõe que o tutor se preocupe com a criação de um relacionamento não avaliativo da pessoa do aluno, pautado pela aceitação, pelo estímulo e pela activa expectativa de mudança bem sucedida.

Resposta flexível e diversificada. Por outro lado, requer-se para o sucesso

das actividades de tutoria, uma atitude flexível quanto às respostas a mobilizar. Por isso, numa mesma relação de tutoria, o acolhimento e escuta do aluno e dos seus problemas, necessidades, dúvidas, a correspondência às suas solicitações e a ajuda na procura e, ou, aprendizagem de respostas ou soluções, pode coexistir ou alternar com um apoio mais estruturado, com vista à prossecução dos objectivos em cima enunciados.

Responsabilização do aluno. Em qualquer das situações, o tutorando deve ser

estimulado, ensinado e apoiado a assumir a responsabilidade (a) da sua própria mudança, quando for caso disso, ou (b) da aprendizagem do uso dos recursos que a escola, e eventualmente a comunidade, têm ao seu dispor. Requer-se, pois, para o sucesso das actividades de tutoria, que o tutorando seja visto e se veja a si próprio como sujeito activo do processo.

Participação-Negociação. A clarificação entre tutor e tutorando das áreas

de dificuldade e a negociação entre eles sobre os objectivos visados, sobre o caminho a seguir e sobre quem envolver, ajudarão o aluno a assumir responsabilidade pelo seu percurso e a envolver-se activamente no processo de mudança.

Exemplo de Alguns Programas ou Actividades Estruturadas

Como atrás se estabeleceu, o apoio tutorial pode assumir, ou incluir, uma forma estruturada de ajuda, quando tal corresponder às necessidades do aluno. Assim sendo, podem ser utilizados, entre outros, programas de:

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A. Carita, 2007 4 ™ aprendizagem de competências sociais,

™ desenvolvimento do auto-conceito, ™ desenvolvimento da auto-estima,

™ aprendizagem de competências de estudo,

em suma, Programas que visam desenvolver as Competências de Vida do aluno

Para alguns destes programas já existe na ESVF alguma experiência de intervenção e, ou algum material produzido, que poderá servir de base de trabalho aos tutores.

O apoio à aprendizagem de condutas mais ajustadas pode também orientar-se pela organização de Contratos de Mudança de Conduta, firmados entre tutor e tutorando, com vista à modificação sucessivo das condutas não desejadas.

O estabelecimento do contrato supõe que tenha sido criada entre tutor e

tutorando uma relação de positiva confiança. Acresce que o envolvimento e

participação do aluno na definição do programa de mudança é um passo indispensável para a garantia do seu cumprimento.

Nestes contratos cabe ao tutor um papel de assessoria para a mudança e ele deve poder contar com o apoio da equipa docente e da família do aluno, bem como com o apoio de colegas, se for caso disso.

Este tipo de intervenção pode apoiar-se num modelo adaptado das técnicas

de modificação da conduta e supõe, como condição necessária da

intervenção, que o tutor proporcione informação regular aos pais sobre os progressos verificados e que assegure na equipa docente do aluno:

™ Atitude positiva relativamente às suas possibilidades de mudança ™ Realismo nas solicitações que lhe são feitas, tendo em conta as suas

identificadas dificuldades

™ Reconhecer e premiar as melhorias verificadas

Para este formato de tutoria já existe na ESVF alguma experiência de intervenção e, ou algum material produzido, que poderá servir de base de trabalho aos tutores.

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A. Carita, 2007 5 Funções de Mediação do Professor Tutor

A estratégia do tutor não se limita a incidir no aluno. O tutor deve assumir um papel mediador entre o aluno e os professores, ou entre o aluno e os pais ou, ainda, entre estes e os professores. Por isso, a sua capacidade de relacionamento, a sua iniciativa e dinamismo na resolução de problemas são essenciais à prossecução dos objectivos traçados.

No exercício das suas funções o professor tutor desempenha uma destacada função de mediação na relação entre as necessidades dos alunos que acompanha e a resposta que outros adultos ou estruturas podem assegurar e, ou, em que podem colaborar. Além da intervenção directa junto dos alunos, o tutor é um gestor de recursos, que pode ter a iniciativa de proposição de medidas a serem executadas por outros, só, ou em colaboração.

Assim:

Na relação com os pais/encarregados de educação compete ao professor tutor:

™ Informar os pais/encarregados de educação de alunos sinalizados sobre as finalidades e modo de funcionamento da tutoria na escola ™ Informar os pais/encarregados de educação sobre os objectivos

visados pela tutoria no apoio ao seu filho/a ou educando/a, bem como sobre o previsto horário de funcionamento

™ Promover o envolvimento dos pais/encarregados de educação na prossecução dos objectivos da tutoria, escutando as suas opiniões, solicitando a sua colaboração e especificando e registando o modo de concretização da mesma

™ Reunir com os pais/encarregados de educação a seu pedido ou quando o tutor considere necessário, com vista a uma avaliação contínua e conjunta das estratégias e recursos mobilizados na escola e na família, bem como da evolução do aluno

Na relação com os outros professores e estruturas da escola compete ao professor tutor:

™ Acertar com o DT do/a ou dos/as alunos/as sinalizados/as os objectivos e o funcionamento de cada apoio tutorial

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A. Carita, 2007 6 ™ Acertar com o DT e, ou, com a equipa docente, em colaboração com o

professor de EE, quando for caso disso, medidas de apoio ao aluno a desenvolver na aula, quer no domínio das aprendizagens académicas, quer dos relacionamentos e conduta social

™ Promover, em colaboração com o DT, a integração do/a aluno/a nas Actividades de Enriquecimento Curricular e/ou de Apoio Educativo disponíveis na escola, quando for caso disso

™ Desenvolver a acção de tutoria de forma articulada com os Serviços Especializados de Apoio Educativo (NEE; SPO), quando a colaboração destas estruturas se apresentar necessária.

™ Facilitar a cooperação entre os docentes da(s) turma(s) e os pais/encarregados de educação do/a(s) aluno/a(s).

ORGANIZAÇÃO DA TUTORIA

™ Cabe ao CT propor um aluno para apoio tutorial, justificando, simultaneamente, o seu pedido e apresentando as suas expectativas sobre a solução proposta

™ Cabe ao DT auscultar o aluno e a sua família sobre tal proposta e consensualizar com eles o seguimento da proposta do CT

™ Cabe ao DT apresentar a proposta à Comissão de Acompanhamento dos Apoios Educativos (CAAE), a quem cabe gerir, em colaboração com o CE, a distribuição dos pedidos de apoio educativo suplementar ™ Cada professor envolvido em actividades de tutoria acompanha de

forma individualizada o processo educativo de um grupo restrito de alunos, num registo de continuidade e de preferência ao longo do seu percurso escolar.

™ Cabe ao professor envolvido em actividades de tutoria a estabilização quanto às estratégia a seguir, tendo em conta orientações já definidas em secções anteriores deste documento

™ Cabe ao professor envolvido em actividades de tutoria avaliar estas, tendo em conta o quadro de avaliação estabelecido na ESVF para as restantes actividades de apoio educativo suplementar.

™ O professor envolvido em actividades de tutoria atribui no seu horário uma hora semanal ou quinzenal para estar com o tutorando, independentemente da disponibilidade para contactos ocasionais e informais de que o aluno sinta necessidade ou que o professor veja como necessários

™ Os professores envolvidos em actividades de tutoria constituem-se em grupo de trabalho (Grupo de Trabalho das Tutorias/GTT), de funcionamento regular e com o objectivo de mutuamente se ajudarem

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A. Carita, 2007 7 (a) na análise e compreensão dos casos,

(b) na definição das estratégias de intervenção ou sua revisão (c) na identificação dos obstáculos ao sucesso das tutorias,

(d) na identificação dos recursos ou medidas necessárias ao seu sucesso

(e) na implementação daqueles/as que, com realismo, deles depender

Referências

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