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AMBULATÓRIO DO IMIGRANTE: O ACOLHIMENTO EM SAÚDE COMO ATIVIDADE DE EXTENSÃO

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Academic year: 2021

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AMBULATÓRIO DO IMIGRANTE: O ACOLHIMENTO EM SAÚDE COMO ATIVIDADE DE EXTENSÃO

Saúde Coordenador da atividade: Adelmir FIABANI 1 Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS)

Autores: Adelmir FIABANI 2; Leandro TUZZIN 3; Camila Vieira VIANA 4

Resumo

Este projeto de extensão - "Ambulatórios de acolhimento em saúde aos imigrantes contemporâneos" - visa atender às principais demandas em saúde trazidas pelos os imigrantes contemporâneos, representados pela Sociedade Beneficente Muçulmana de Passo Fundo. A Universidade Federal da Fronteira Sul apresenta-se como parceira, a fim de equacionar os principais problemas enfrentados pelos imigrantes no tocante ao atendimento ambulatorial. As ações ocorrerão a partir da demanda apresentada pela entidade representativa dos imigrantes e que estão ao alcance da Universidade. Este projeto tem duração de um ano, sendo avaliado periodicamente, após cada ação realizada, podendo ser reeditado, se for do interesse das partes. Após elencadas as demandas, a coordenação deste projeto contatará com os profissionais médicos para atendimento em ambulatório e encaminhamento para entidade hospitalar, se for necessário. Com este projeto, a UFFS pretende cumprir seu papel de promotora do desenvolvimento social, sobretudo aos imigrantes que enfrentam muitas barreiras, como a comunicação, por exemplo. Será proporcionado a eles um ambulatório de fluxo contínuo.

Palavra-chave: imigrante; acolhimento; saúde.

Introdução

Não temos uma data precisa de quando iniciou a imigração senegalesa para a América do Sul. O Senegal conquista a liberdade do domínio francês em 1960. As 1 Adelmir Fiabani, professor, Curso de Medicina.

2 Adelmir Fiabani, professor, Curso de Medicina.

3 Leandro Tuzin, professor, Curso de Medicina.

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condições em que se deu a emancipação foram adversas e muitos senegaleses passaram a buscar a França como lugar para trabalhar. A França impôs restrições à imigração, fato que determinou a mudança de rota para a América. Outro elemento propulsor das migrações senegalesas é o religioso (a maioria segue o Islã). Os preceitos religiosos reforçam o apego e responsabilidade com o núcleo familiar, por este motivo, uma parte dos ganhos com o trabalho fora do Senegal, vai para as famílias que ficaram na pátria-mãe.

Os haitianos decidiram pela imigração a partir das crises políticas e das catástrofes naturais. O ano de 2010 marcou a entrada de imigrantes do Haiti, sobretudo, após o violento terremoto que praticamente destruiu da capital Porto Príncipe. Entram pela fronteira com o Peru, deslocam-se para a cidade de Brasiléia, no Acre. No Brasil, dirigem-se para regiões promissoras em termos de emprego. Em 2014, 59,2% encontravam-dirigem-se na região Sul.

Os imigrantes vindos do Bangladesh deixaram o seu país, principalmente, por motivos econômicos. A cidade de Passo Fundo acolheu expressivo número de bengaleses e foram incorporados como mão de obra nos frigoríficos, constução civil, comércio e serviços gerais.

Em agosto de 2018, a Universidade Federal da Fronteira Sul, institucionalizou o projeto "Ambulatórios de Acolhimento em Saúde do Imigrante" com o objetivo de acolher os imigrantes contemporâneos (senegaleses, bengaleses, haitianos, venezuelanos) nos ambulatórios atendidos pela UFFS. Através da extensão, a Universidade constitui-se como parceira empenhada em superar os entraves no campo da saúde, visto que os imigrantes apresentam-se com documentação incompleta e dificuldades na comunicação.

O município de Passo Fundo, local do Curso de Medicina da UFFS, tem aproximadamente 200 mil habitantes, entre eles, mais de 800 imigrantes, que trabalham em diversas atividades. Muitos imigrantes, sobretudo muçulmanos, estão empregados nos frigoríficos, pois as empresas exportadoras para os países do Oriente Médio e da África, que seguem a religião muçulmana, devem atender aos preceitos islâmicos de produção Halal, exigência cumprida pelo Brasil desde meados da década de 70, quando a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef) foi criada, em 1976. Por conta desta exigência religiosa, os imigrantes que seguem o islã têm mais possibilidade de trabalhar no Brasil. Também encontramos comerciantes, pedreiros, eletricistas, gesseiros,

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Igualmente às demais pessoas, os imigrantes também adoecem. Neste sentido, enfrentam as burocracias relacionadas ao Sistema Único de Saúde, poucos recursos financeiros, barreiras com a língua, deslocamentos constantes e, por conta disso, alterações no local de residência, sofrendo também com a distância dos familiares. Não raro, na condição de imigrantes, têm dificuldades com a documentação que garante a permanência no Brasil.

A Universidade Federal da Fronteira Sul decidiu por projetos de extensão, pois entende que a sociedade precisa estabelecer pautas para a academia. Geralmente, o fluxo se dá de forma inversa - a Instituição Superior vai à comunidade para aplicar o conhecimento. Era do nosso conhecimento que havia uma associação de senegaleses e um local religioso de culto islâmico. Contatamos então com estes dois locais e construímos o projeto de extensão voltado às demandas do referido grupo.

Metodologia

a) Elaboração do projeto: A elaboração do projeto ocorreu a partir das demandas dos representantes da comunidade senengalesa e muçulmana de Passo Fundo;

b) Institucionalização do projeto: O projeto foi institucionalizado após contato com os médicos, hospital e servidores. Optou-se por um ano de projeto como experiência;

c) Demandas: Disponibilização de uma médica ginecologista (sexo feminino) para atendimento do público feminino; realização da circuncisão em crianças e adolescentes; permissão de um tradutor nas consultas; definir de uma unidade básica de saúde como referência;

d) Público-alvo: Imigrantes senegaleses, haitianos, bengaleses, venezuelanos;

e) Atividade desenvolvida: Ficha cadastral com dados, a fim de inseri-los no Sistema de Regulação (SisReg);

f) Local das atividades: Mesquita, Ambulatório da UFFS/Hospital São Vicente de Paulo e Bloco Cirúrgico do HSVP;

g) Materiais utilizados:

Material cirúrgico, luvas, espátulas (exame ginecológico);

h) Universo abordado: 71 imigrantes foram inscritos no SisReg. Três foram beneficiados com a cirurgia de circuncisão e 20 foram atendidos no ambulatório da UFFS.

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Desenvolvimento e processos avaliativos

Este projeto foi elaborado a partir das demandas do público-alvo. No início, surgiram dúvidas entre os imigrantes quanto à execução das atividades. Os mesmos estavam temerosos, pois haviam experimentado o desgosto de serem usados para pesquisa e não receberem nenhum retorno dos pesquisadores de outras instituições.

O projeto está em execução e não temos a avaliação final. Não foram aplicados questionários, procedimento que ocorrerá no decorrer do processo. Até este momento, dispomos das manifestações espontâneas dos imigrantes, que são animadoras.

Quanto aos acadêmicos, percebe-se o avanço profissional e crescimento pessoal. Casos que se limitavam a literatura médica, tornaram-se reais. Na mesma direção, os acadêmicos se sensibilizaram à causa das minorias, sobretudo, àqueles que não têm amparo legal por serem de outros países. Os imigrantes que eram vistos como vendedores ambulantes e transeuntes com vestes "esquisitas" passaram à condição de seres humanos normais.

Considerações Finais

Como citamos acima, o projeto está em andamento. Não temos um parecer final, mas os depoimentos de todos os segmentos envolvidos sinalizam acertos na atividade extensionista. Em conversa informal com a liderança dos senegaleses, obtivemos a informação de que fomos a primeira instituição de ensino superior a acolher suas demandas sem cobrar nada em troca. Não raro, pesquisadores buscam nos grupos étnicos as diferenças e acabam acentuando o preconceito e a discriminação racial. O caminho escolhido pela UFFS, aproximar-se através da Extensão, criou ambiente de confiança e somos citados como referência pelos imigrantes.

A Extensão proporciona aos acadêmicos contato com a sociedade fora dos muros da Universidade, que após a conclusão do curso talvez não ocorra. No caso deste projeto, temos muitos desafios que, se superados, transformam-se em ganho para os acadêmicos. Além do aprendizado no campo da saúde, há crescimento no tocante às relações étnicas, também na demanda da comunicação, visto que, a maioria dos imigrantes tem dificuldades com a língua.

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DE CÉSARO, Filipe Seefeldt; ZANINI, Maria Catarina Chitolina. “Tem que estar bonito pra vender”: A produção senegalesa de espaços de venda em Santa Maria (Rio Grande do Sul, Brasil). REMHU, Rev. Interdiscip. Mobil. Hum ., Brasília, v. 26, n. 52, abr. 2018, p. 95-110.

FRAZÃO, Samira Moratti. Política (i)migratória brasileira e a construção de um perfil

de imigrante desejado: lugar de memória e impasses. Antíteses, v. 10, n. 20, p.

1103-1128, jun/ dez. 2017.

WENCZENOVICZ, Thaís Janaina. Imigrantes senegales no Brasil e Direitos Humanos:

Referências

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