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Direcionadores de competitividade para exportação da soja brasileira

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Academic year: 2021

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MONIQUE FILASSI

DIRECIONADORES DE COMPETITIVIDADE PARA

EXPORTAÇÃO DA SOJA BRASILEIRA

.

CAMPINAS 2019

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DIRECIONADORES DE COMPETITIVIDADE PARA

EXPORTAÇÃO DA SOJA BRASILEIRA

Dissertação apresentada à Faculdade de Engenharia Agrícola da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Mestra em Engenharia Agrícola, na área de Gestão de Sistemas na Agricultura e Desenvolvimento Rural.

Orientadora: Profa. Dra. Andrea Leda Ramos de Oliveira

ESTE TRABALHO CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA DISSERTAÇÃO DEFENDIDA PELA ALUNA MONIQUE FILASSI, E ORIENTADA PELA PROFA. DRA. ANDREA LEDA RAMOS DE OLIVEIRA.

CAMPINAS 2019

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________________________________________________________________ Profa. Dra. Andrea Leda Ramos de Oliveira – Presidente e Orientador(a)

FEAGRI/UNICAMP

_________________________________________________________________ Profa. Dra. Vanilde Ferreira de Souza Esquerdo – Membro Titular

_________________________________________________________________ Dr. Raquel Pereira de Souza – Membro Titular

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica da discente.

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Por toda sorte de apoios e contribuições a esta dissertação, minha gratidão: Primeiramente, à Deus, por ser minha força e meu refúgio.

À minha família e amigos pelo suporte e incentivo.

À Professora Dra. Andréa Leda Ramos de Oliveira, pela amizade, estímulo e paciência em todas as etapas deste trabalho.

À banca, composta pelas Professoras Dra. Vanilde Ferreira de Souza Esquerdo e Dra. Raquel Pereira de Souza, pelas importantes dicas e correções.

Aos amigos do Laboratório de Logística e Comercialização Agroindustrial (LOGICOM) pelo convívio e troca de experiências, em especial para as pesquisadoras Bruna Fernanda Ribeiro Lopes e Karina Braga Marsola, pelo companheirismo durante essa jornada.

À toda equipe da Pós-graduação da Faculdade de Engenharia Agrícola – FEAGRI pela oportunidade.

Por fim, à todos os especialistas entrevistados durante esse trabalho, pela disponibilidade e conhecimento compartilhado.

O presente trabalho foi realizado com apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - Brasil (CAPES) - Código de Financiamento 001.

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O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja e o maior exportador. Apesar do crescente destaque no mercado internacional nas últimas safras, atividades relacionadas ao escoamento desse produto ameaçam essa posição. Em função da importância econômica desse grão, estudos sobre sua competitividade se fazem necessários. A identificação dos direcionadores de competitividade da soja destinada ao mercado internacional e a mensuração de seus impactos no processo de exportação testa a hipótese de que os entraves relacionados à logística sejam os principais limitadores da competitividade do grão. Para tanto, a metodologia utilizada considera o caráter sistêmico de diferentes fatores que afetam o sistema de maneira positiva ou negativa. A aplicação da metodologia se deu com base em um estudo de caso envolvendo especialistas das principais empresas pertencentes ao segmento originadores. O direcionador Infraestrutura Logística é o único desfavorável, resultando do déficit de armazenagem e da baixa capacidade de intermodalidade de transporte. Além disso, os direcionadores Ambiente Institucional e a Estrutura de Mercado são uma ameaça a competitividade devido à complexidade do sistema tributário brasileiro e as distorções provocadas na cadeia pelas diferentes forças dos agentes.

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Brazil is the world's second largest producer of soybeans and the largest exporter. Despite the growing importance in the international market in the last few harvests, activities related to the export of this product threaten this position. Due to the economic importance for the country, studies on the competitiveness of this grain are necessary. The identification of the competitiveness drivers of soybeans destined to the international market and the measurement of their impacts on the export process test the hypothesis that the obstacles related to logistics are the main limiters of the competitiveness of the grain. Therefore, the methodology used considers the systemic character of different factors that affect the system in a positive or negative way. The application of the methodology based on a case study involving specialists from the main companies belonging to the origination segment. The Logistics Infrastructure driver is the only one that is unfavorable, resulting from the storage deficit and the low transport intermodality capacity. In addition, institutional environment and market structure are drivers that threat to competitiveness due to the complexity of the Brazilian tax system and the distortions caused in the chain by the different agents' forces.

(8)

2. ARTIGO - Direcionadores de competitividade para exportação da soja brasileira ... 14

I. INTRODUÇÃO ... 15

II. METODOLOGIA ... 19

III. RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 23

a. Ambiente Institucional ... 25

b. Tecnologia ... 26

c. Infraestrutura Logística ... 27

d. Estrutura de Mercado ... 28

e. Relações de Mercado ... 29

IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 30

REFERÊNCIAS ... 32

3. CONCLUSÃO ... 36

REFERÊNCIAS ... 38

APÊNDICE 1 - QUESTIONÁRIO APLICADO AOS ESPECIALISTAS PARTICIPANTES ... 42

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1. INTRODUÇÃO GERAL

A soja é um dos grãos mais produzidos no mundo, com área plantada de 124,6 milhões de hectares e produção de 339,5 milhões de toneladas, safra de 2017/2018 (USDA, 2018). O Brasil é o segundo maior produtor mundial, com área plantada de 35,1 milhões de hectares, cerca de 57% da área destinada ao cultivo de grãos do país é ocupada por essa oleaginosa. A produção agrícola brasileira é superior a 119 milhões de toneladas, sendo a região Centro-Sul responsável por 85,1%, safra de 2017/2018 (CONAB, 2018).

De acordo com Lazzarini e Nunes (1998), o sistema agroindustrial da soja brasileira é dividido em segmentos estruturados por diferentes agentes e suas respectivas transações “T” (Figura 1).

Figura 1 – Sistema agroindustrial da soja brasileira

Fonte: CONAB (2018) e USDA (2018) adaptado de Lazzarini e Nunes (1998) Nota: Porcentagens relativas a safra (2017/2018)

Os segmentos são classificados em: a) Indústria de Insumos: os agentes industriais de sementes, fertilizantes, defensivos, máquinas entre outros insumos, sofrem o impacto da biotecnologia e tem relações direta com a produção agrícola (T1). b) Produção Agrícola: os agentes produtores de soja, em sua maioria concentrados na região Centro-Sul do país, negociam com as esmagadoras e refinadoras (T2) e com os originadores (T3). c) Originadores:

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os agentes tradings, cooperativas, corretores e armazenadores estão verticalmente integrados ao segmento de esmagadoras e refinadoras (T6), fazem parte de diferentes clusters do agronegócio, por vezes como empresas de pesquisa, fornecedores de recursos produtivos, instituições financeiras, consultorias, produtores rurais, transportadoras, cerealistas, indústrias de transformação e empresas exportadoras, tendo a capacidade de atuar em mais de um segmento (HIRAKURI e LAZZAROTTO, 2014). As cooperativas transacionam com as

tradings (T4), que por sua vez efetuam vendas para o mercado externo (T7). O mercado externo

é responsável pelo consumo de cerca de 63,9% de toda a produção brasileira. Segundo Dall'agnol et al. (2007), a soja em grão é um produto agrícola de curto canal de comercialização e exportação, empresas privadas transnacionais como ADM, Bunge, Cargill, e Dreyfus – ABCD e as nacionais Maggi, I.Riedi e Sperafico são responsáveis por 70% dessa comercialização. d) Esmagadoras e Refinadoras: os agentes empresas privadas e cooperativas concentram as atividades de processamento da soja, transacionam com o mercado externo através da importação do grão em regime de drawback (T9). No processo de esmagamento, parte do farelo é exportado pelas tradings (T5) ou pelos departamentos comerciais das próprias indústrias esmagadoras, o restante é comercializado para as indústrias de ração animal (T10), sendo muitas vezes integradas as indústrias de carnes (T11). No processo de refinamento, o óleo obtido vai para as indústrias de derivados de óleo (T8). Esses produtos processados também podem ser direcionados às indústrias de alimentos, química e farmacêutica (T13). e) Distribuição: os agentes atacado, varejo e mercado institucional recebem produtos mais elaborados - margarinas, maioneses e gorduras vegetais - das indústrias de derivados de óleo (T15). Outros produtos são recebidos por meio da indústria de carnes (T12) e de outras indústrias em geral (T14). Os consumidores internos consomem os produtos finais do segmento de distribuição (T16), além dos produtos das vendas externas de tradings e das indústrias processadoras (LAZZARINI e NUNES, 1998).

O Brasil é o maior exportador mundial de soja, responsável por 49,7% dos 153,1 milhões de toneladas exportadas, safra de 2017/2018 (USDA, 2018). A China é o principal comprador mundial, respondendo por 80% das vendas brasileiras em 2017, a estimativa é de que esse número aumente ainda mais (ABIOVE, 2018).

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2015), nos próximos anos a soja deve continuar sendo o produto de exportação mais lucrativo, com mais da metade da produção brasileira destinada aos mercados mundiais. Avaliados os preços desse produto no mercado interno, as exportações devem gerar R$ 87,5 bilhões (US$ 22,8 bilhões) em 2024.

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Porém, ao passo que o país apresenta posição de destaque no mercado internacional de commodities, ainda é possível observar entraves relacionados ao escoamento para exportação, tais como: sistema rodoviário em más condições, baixa eficiência e falta de capacidade das ferrovias e, desorganização e excesso de burocracia nos portos. O resultado dessas limitações pode ser ilustrado pelas extensas filas de caminhões nos principais portos de exportação, demasiado tempo de espera dos navios para a atracação e o não cumprimento dos prazos de entrega para os compradores internacionais. Este cenário tem levado ao aumento dos custos logísticos e consequentemente a redução da competitividade no mercado externo (OLIVEIRA e SILVEIRA, 2013).

Van Duren, Martin e Westgren (1991) definem competitividade como a capacidade de obter ou manter lucrativamente a participação no mercado interno ou externo. Para avaliar a competitividade da agroindústria canadense, os autores mensuraram os indicadores market

share (participação de mercado) e profits (lucratividade) através de fatores estratégicos que os

afetavam diretamente. O levantamento desses fatores foi conduzido por meio de direcionadores. Para facilitar na discussão dos resultados obtidos e na proposição de futuras políticas econômicas e comerciais por parte dos setores público e privado, os autores classificaram os fatores de acordo com seu grau de controlabilidade em: pertencentes a firma, governo, quase controláveis e incontroláveis.

Enquanto isso, Ferraz, Paula e Kupfer (2002) apontam duas vertentes para o conceito de competitividade dentro da indústria, a primeira como o “desempenho” de uma empresa ou produto no mercado em que atua e a segunda como a “eficiência” dentro desse mesmo mercado.

Nesse sentido, Batalha e Souza Filho (2009), a partir dos autores citados, desenvolveram duas abordagens de competitividade que são muito utilizadas dentro do contexto do agronegócio brasileiro. A primeira definida como competitividade revelada é resultante do “desempenho” de uma empresa ou produto em um determinado mercado (market

share). A segunda definida como competitividade potencial é resultante da “eficiência” nesse

mesmo mercado, onde as estratégias adotadas pelas empresas face às restrições gerenciais, financeiras, tecnológicas e organizacionais tem relação causal com algum grau determinístico entre sua conduta e o seu desempenho eficiente (estrutura-conduta-desempenho). Para os autores essas duas abordagens são insuficientes e devem considerar o enfoque sistêmico implícito na noção de sistema agroindustrial, onde a mensuração de subfatores relativos aos direcionadores de determinado segmento podem impactar positivamente ou negativamente o sistema como um todo.

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Stoner e Freeman (1999) afirmam que visualizar as atividades de uma organização através do enfoque sistêmico permite que os gestores, assim como os demais profissionais envolvidos, vejam a organização como um todo e como parte de um sistema maior, o seu ambiente institucional. Esta compreensão insere as organizações pertencentes a cada segmento e suas inter-relações, sendo uma ferramenta indispensável para o setor público ou privado, por tornar possível a elaboração e implementação de políticas e estratégias dotadas de maior capacidade preditiva e de eficiência (ARAÚJO, 2005).

Batalha e Souza Filho (2009) analisaram a competitividade da cadeia agroindustrial da soja dos países Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, pertencentes ao bloco econômico Mercosul. Para tal, os direcionadores de competitividade potencial Tecnologia, Insumos e Infraestrutura, Gestão, Ambiente institucional, Estrutura de mercado e Estrutura de governança foram os utilizados (Figura 2).

Figura 2 – Direcionadores de competitividade potencial e espaço de análise

Fonte: Batalha e Souza Filho (2009).

Batalha e Silva (2014) estabeleceram que algumas fases devem ser cumpridas (Figura 3) e alguns pré-requisitos devem ser levados em consideração durante a aplicação do seu referencial metodológico para avaliação dos direcionadores de competitividade.

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Figura 3 - Fases da aplicação da metodologia

Os pré-requisitos levados em consideração são a definição e o recorte do espaço de análise do sistema agroindustrial do produto investigado, essa delimitação ocorre com base no problema a ser estudado e no objetivo a ser atingido.

O problema aqui apresentado está relacionado ao escoamento da soja brasileira para o mercado internacional, diante disso, o segmento originadores (Figura 1) foi definido como espaço passível de análise, devido sua relação direta com o mercado externo.

O objetivo é identificar os direcionadores de competitividade da soja destinada ao mercado internacional e mensurar seus impactos no processo exportação. A hipótese testada é de que os entraves relacionados à logística se traduz no principal limitador de ganhos de competitividade.

A relevância desse trabalho está associada ao fato de que o agronegócio é fundamental para economia do país, sendo um dos grandes responsáveis pelo saldo positivo da balança comercial. Os dados aqui demonstrados podem ser utilizados para as tomadas de decisões quanto as melhores práticas comerciais. Essas contribuições visam o fortalecimento do campo de comercialização agroindustrial, composto desde pequenos produtores até grandes empresas da agroindústria.

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2. ARTIGO - Direcionadores de competitividade para exportação da soja brasileira

RESUMO: O Brasil é o segundo maior produtor mundial de soja e o maior exportador. Apesar da posição de destaque, atividades relacionadas ao escoamento do grão ameaçam sua competitividade. A identificação dos direcionadores de competitividade da soja destinada ao mercado internacional e a mensuração de seus impactos no processo de exportação testa a hipótese de que os entraves relacionados à logística sejam os principais limitadores da competitividade do grão. A aplicação da metodologia teve como base o estudo de caso envolvendo especialistas das principais empresas pertencentes ao segmento originadores do sistema agroindustrial de soja. O direcionador Infraestrutura Logística é o único desfavorável, resultando do déficit de armazenagem e da baixa capacidade de intermodalidade de transporte. Além disso, os direcionadores Ambiente Institucional e a Estrutura de Mercado são uma ameaça a competitividade devido à complexidade do sistema tributário brasileiro e as distorções na cadeia provocadas pela concentração de forças de alguns agentes.

Palavras-chave: Agronegócio; Competitividade; Logística; Soja - Exportação - Brasil.

Competitiveness drivers for brazilian soybean exports

ABSTRACT: Brazil is the world's second largest producer of soybeans and the largest exporter. Despite the prominent position, activities related to grain disposal threaten its competitiveness. The identification of the competitiveness drivers of soybeans destined to the international market and the measurement of their impacts on the export process tests the hypothesis that the obstacles related to logistics are the main limiters of the competitiveness of the grain. The application of the methodology based on the case study involving experts from the main companies belonging to the segment that originated the soybean agroindustrial system. The Logistics Infrastructure driver is the only one that is unfavorable, resulting from the storage deficit and the low transport intermodality capacity. In addition, the Institutional Environment drivers and the Market Structure are a threat to competitiveness due to the complexity of the Brazilian tax system and the distortions in the chain caused by the concentration of forces of some agents.

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I. INTRODUÇÃO

A soja é um dos grãos mais produzidos no mundo, com área plantada de 124,6 milhões de hectares e produção de 339,5 milhões de toneladas, safra de 2017/2018 (USDA, 2018). O Brasil é o segundo maior produtor mundial, com área plantada de 35,1 milhões de hectares, cerca de 57% da área destinada ao cultivo de grãos do país é ocupada por essa oleaginosa. A produção agrícola brasileira é superior a 119 milhões de toneladas, sendo a região Centro-Sul responsável por 85,1%, safra de 2017/2018 (CONAB, 2018).

De acordo com Lazzarini e Nunes (1998), o sistema agroindustrial da soja brasileira é dividido em segmentos estruturados por diferentes agentes e suas respectivas transações “T” (Figura 1).

Figura 1 – Sistema agroindustrial da soja brasileira

Fonte: CONAB (2018) e USDA (2018) adaptado de Lazzarini e Nunes (1998) Nota: Porcentagens relativas a safra (2017/2018)

Os segmentos são classificados em: a) Indústria de Insumos: os agentes industriais de sementes, fertilizantes, defensivos, máquinas entre outros insumos, sofrem o impacto da biotecnologia. b) Produção Agrícola: os agentes produtores de soja, em sua maioria concentrados na região Centro-Sul do país, negociam com as esmagadoras/refinadoras e com os originadores (T3). c) Originadores: os agentes tradings, cooperativas, corretores e

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armazenadores estão verticalmente integrados ao segmento de esmagadoras e refinadoras (T6) e fazem parte de diferentes clusters do agronegócio, por vezes como empresas de pesquisa, fornecedores de recursos produtivos, instituições financeiras, consultorias, produtores rurais, transportadoras, cerealistas, indústrias de transformação e empresas exportadoras, tendo a capacidade de atuar em mais de um segmento (HIRAKURI; LAZZAROTTO, 2014). As cooperativas transacionam com as tradings (T4), que por sua vez efetuam vendas para o mercado externo (T7). O mercado externo é responsável pelo consumo de cerca de 63,9% de toda a produção brasileira. Segundo Dall'agnol et al. (2007), a soja em grão é um produto agrícola de curto canal de comercialização e exportação, empresas privadas transnacionais como ADM, Bunge, Cargill, e Dreyfus – ABCD e as nacionais Maggi, I.Riedi e Sperafico são responsáveis por 70% dessa comercialização. d) Esmagadoras e Refinadoras: os agentes empresas privadas e cooperativas concentram as atividades de processamento da soja. No processo de esmagamento, parte do farelo é exportado pelas tradings (T5) ou pelos departamentos comerciais das próprias indústrias esmagadoras. e) Distribuição: os agentes atacado, varejo e mercado institucional recebem produtos mais elaborados das indústrias de derivados de óleo. Os consumidores internos consomem os produtos finais do segmento de distribuição, além dos produtos das vendas externas de tradings e das indústrias processadoras (LAZZARINI e NUNES, 1998).

O Brasil é o maior exportador mundial de soja, responsável por 49,7% dos 153,1 milhões de toneladas exportadas, safra de 2017/2018 (USDA, 2018). A China é o principal comprador mundial, respondendo por 80% das vendas brasileiras em 2017, a estimativa é de que esse número aumente ainda mais (ABIOVE, 2018).

Segundo a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO, 2015), nos próximos anos a soja deve continuar sendo o produto de exportação mais lucrativo, com mais da metade da produção brasileira destinada aos mercados mundiais. Avaliados os preços desse produto no mercado interno, as exportações devem gerar R$ 87,5 bilhões (US$ 22,8 bilhões) em 2024.

Porém, ao passo que o país apresenta posição de destaque no mercado internacional de commodities, ainda é possível observar entraves relacionados ao escoamento para exportação, tais como: sistema rodoviário em más condições, baixa eficiência e falta de capacidade das ferrovias e, desorganização e excesso de burocracia nos portos. O resultado dessas limitações pode ser ilustrado pelas extensas filas de caminhões nos principais portos de exportação, demasiado tempo de espera dos navios para a atracação e o não cumprimento dos prazos de entrega para os compradores internacionais. Este cenário tem levado ao aumento dos

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custos logísticos e consequentemente a redução da competitividade no mercado externo (OLIVEIRA; SILVEIRA, 2013).

Van Duren, Martin e Westgren (1991) definem competitividade como a capacidade de obter ou manter lucrativamente a participação no mercado interno ou externo. Diante da necessidade de trazer a análise de competitividade para o contexto do agronegócio brasileiro, Batalha e Souza Filho (2009), a partir de Van Duren, Martin e Westgren (1991) e Ferraz, Paula e Kupfer (2002), desenvolveram duas abordagens. A primeira definida como competitividade revelada é resultante do “desempenho” de uma empresa ou produto em um determinado mercado (market share). A segunda definida como competitividade potencial é resultante da “eficiência” nesse mesmo mercado, onde as estratégias adotadas pelas empresas face às restrições gerenciais, financeiras, tecnológicas e organizacionais tem relação causal com algum grau determinístico entre sua conduta e o seu desempenho eficiente (estrutura-conduta-desempenho). Essas duas abordagens são insuficientes e devem considerar o enfoque sistêmico implícito na noção de sistema agroindustrial, onde a mensuração de subfatores relativos aos direcionadores de determinado segmento podem impactar positivamente ou negativamente o sistema como um todo.

Batalha e Souza Filho (2009) analisaram a competitividade da cadeia agroindustrial da soja dos países Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai, pertencentes ao bloco econômico Mercosul. Para tal, os direcionadores de competitividade potencial, Tecnologia, Insumos e Infraestrutura, Gestão, Ambiente institucional, Estrutura de mercado e Estrutura de governança foram os utilizados (Figura 2).

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Figura 2 – Direcionadores de competitividade potencial e espaço de análise

Fonte: Batalha e Souza Filho (2009).

Batalha e Silva (2014) estabeleceram no seu referencial metodológico para a avaliação dos direcionadores de competitividade que algumas fases devem ser cumpridas e alguns pré-requisitos devem ser levados em consideração, como o caso da definição e o recorte do espaço de análise do sistema agroindustrial, delimitado com base no problema a ser estudado e no objetivo a ser atingido.

No presente artigo o problema apresentado está relacionado ao escoamento da soja brasileira para o mercado internacional, diante disso, o segmento originadores (Figura 1) foi definido como espaço passível de análise, devido sua relação direta com o mercado externo.

O objetivo é identificar os direcionadores de competitividade da soja destinada ao mercado internacional e mensurar seus impactos no processo exportação. A hipótese testada é de que os entraves relacionados à logística se traduz no principal limitador de ganhos de competitividade.

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II. METODOLOGIA

Para determinar e avaliar os direcionadores de competitividade que impactam na exportação da soja brasileira foi realizado um estudo de caso. A amostragem utilizada foi composta por 14 especialistas do setor (Quadro 1). Os especialistas foram selecionados de acordo com os cargos que desempenham dentro das empresas pertencentes ao segmento originadores do sistema agroindustrial da soja.

Quadro 1 – Especialistas participantes da pesquisa

Empresa Cargo do especialista Tipo de empresa Localização

Abiove Gerente Associação de Empresas São Paulo-SP

ADM Analista Trading São Paulo-SP

Agria Network CEO Consultoria em Tecnologia São Paulo-SP

Aprosoja Analista Associação de Produtores Cuiabá-MT

Bunge Gerente Trading São Paulo-SP

Caramuru CEO Trading Goiás-GO

Ceagro Gerente Exportadora e Importadora Campinas-SP

Céleres CEO Consultoria Campinas-SP

Datagro Consultor Consultoria São Paulo-SP

Embrapa Soja Pesquisador Pesquisa Londrina-PR

Embrapa Território Pesquisador Pesquisa Campinas-SP

Magenta Agro Coordenador Consultoria Nova Mutum-MT

Mosaic Coordenador Fertilizantes Rondonópolis-MT

PwC Gerente Consultoria Campinas-SP

A metodologia utilizada foi adaptada do referencial metodológico dos autores Batalha e Silva (2014) sendo dividida nas seguintes fases:

• 1ª fase - Caracterização do sistema agroindustrial e dos direcionadores: foi realizada pesquisa documental envolvendo livros, artigos científicos, sites e dados estatísticos fornecidos por órgãos governamentais, como: Associação Brasileira das Indústrias de Óleo e Vegetais (ABIOVE), Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), United States Department of Agriculture (USDA).

Na caracterização do sistema agroindustrial da soja foi considerado somente o produto em grão e o seu espaço de análise restringido ao segmento originadores para o mercado externo, representado pela transação “T7” (Figura 1). Os produtos farelo e óleo de soja, referentes ao segmento esmagadoras e refinadoras não foram incluídos na pesquisa e nem o consumidor interno do grão.

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A partir dos direcionadores Tecnologia, Insumos e Infraestrutura, Gestão, Ambiente institucional, Estrutura de mercado e Estrutura de governança (Figura 2), Batalha e Souza Filho (2009) fizeram a análise SWOT dos pontos críticos tecnologia, logística, segurança e qualidade dos alimentos, estrutura de mercado, programas específicos para o setor, gestão empresarial e taxação, da cadeia agroindustrial da soja dos países do Mercosul. Esses direcionadores serviram de referência para identificação dos direcionadores aqui abordados.

Os direcionadores Ambiente Institucional, Tecnologia e Estrutura de Mercado são pontos críticos da competitividade, segundo Batalha e Souza Filho (2009), interferem em toda a dinâmica da cadeia da soja.

Já os direcionadores Infraestrutura Logística e Relações de Mercado são os elementos diferenciadores. A Infraestrutura Logística tem uma dimensão que envolve as questões relacionadas ao transporte, armazenagem e aspectos portuários. Além disso, tem condicionantes não só de custo, mas também de qualidade e disponibilidade. No que tange Relações de Mercado, ela expressa a dinâmica dos contratos com o mercado internacional e foi identificada como uma característica relevante para o segmento Originadores do sistema agroindustrial da soja (Figura 3).

Figura 3 – Direcionadores de competitividade sistêmica e espaço de análise

(21)

Um outro elemento construído aqui é o entendimento de competitividade sistêmica (Figura 3). Ela é resultado da insuficiência dos conceitos de competitividade revelada e potencial ao se analisar cadeias produtivas agroindustriais, uma vez que o conjunto dos direcionadores afetam a competitividade em vários segmentos do sistema agroindustrial e os agentes desses segmentos possuem relações de interdependência.

A noção de competitividade sistêmica sugere que a mensuração dos direcionadores de determinado segmento do sistema agroindustrial resultem na formulação de estratégias e soluções de problemas do sistema de maneira geral.

• 2ª Fase - Atribuição de subfatores aos direcionadores: foi realizado o levantamento das especificidades dos direcionadores do segmento analisado, seguindo os pontos críticos observados por Batalha e Souza Filho (2009) e os especialistas do setor.

Os subfatores foram definidos em: Crédito, Tributação, Acordos Comerciais, Biotecnologia, Rastreabilidade, Armazenagem, Transporte de Cargas, Portos, Nível de Concentração, Sinergia, Contratos, Mercado Internacional.

• 3ª Fase - avaliação qualitativa e quantitativa dos subfatores: ocorreu após a coleta e análise dos dados fornecidos no APÊNDICE 1 – “Questionário aplicado aos especialistas participantes”.

O questionário foi aprovado pelo ANEXO 1 – “Comitê de Ética em Pesquisa (CEP)” e a aplicação ocorreu de agosto à setembro de 2018, por meios eletrônicos de comunicação, como: e-mails, telefonemas e videochamadas.

O questionário foi constituído em sua maioria por perguntas objetivas, garantindo a uniformidade das respostas dentro de uma escala Likert, que variou de “muito favorável”, caso houvesse uma contribuição positiva do subfator analisado, à “muito desfavorável”, caso existisse entraves ou impedimentos à manutenção da competitividade por aquele subfator. Os valores intermediários utilizados foram “favorável”, “neutro” e “desfavorável”.

Posteriormente, essa escala qualitativa foi transformada em quantitativa através da atribuição de valores de “-2” para muito desfavorável à “+2” para muito favorável, de modo que os resultados fossem visualizados em representação gráfica.

Já para a atribuição de pesos relativos para cada subfator foi utilizada a metodologia de Delphi, que combinou os argumentos e as opiniões individuais de cada especialista entrevistado. Essa ponderação foi necessária, devido o reconhecimento da existência de graus diferenciados de importância entre os diversos subfatores, em termos da contribuição para o efeito agregado.

(22)

A terceira fase originou os seguintes parâmetros: 𝑛 = {1, ..., 12} – conjunto de subfatores dos direcionadores avaliados e xi – valor atribuído aos subfatores i. Seja Z – o somatório dos subfatores ponderados pelo peso de especificidade, que é determinado por:

𝑍 = ∑ 𝑥

𝑖 𝑛

𝑖=1

⋅ 𝑝

𝑖 (1)

sendo:

𝑍

= valor final do direcionador;

𝑥

𝑖 = valor atribuído ao subfator

i;

𝑝

𝑖 = peso atribuído ao subfator

i;

𝑛

= número de fatores contidos no direcionador.

Na equação (1), considerando o valor atribuído a cada subfator i ponderado pelo seu pelo p, determinou-se o valor do direcionador de competividade que é o somatório dos subfatores.

Por último, cada subfator foi classificado quanto ao seu grau de controlabilidade (VAN DUREN; MARTIN; WESTGREN, 1991):

1) Controlável pela Firma (CF): podem ser modificados pelas firmas.

2) Controlável pelo Governo (CG): podem ser modificados por ações governamentais, mas não podem ser modificados por uma ação específica da firma ou cadeia, apesar de estar sujeito à pressão dos agentes da indústria.

3) Quase Controlável (QC): não podem ser modificados diretamente pelas firmas e pelas ações governamentais, no entanto, podem ser amenizados a partir de maior planejamento estratégico decorrente de coordenação da cadeia.

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III. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os subfatores armazenagem, transporte de cargas e portos, referentes ao direcionador Infraestrutura Logística, são controlados pela firma e pelo governo e foram os únicos a apresentarem resultados negativos (Tabela 1).

Os direcionadores Ambiente Institucional e Estrutura de Mercado não apresentaram resultados negativos em seus subfatores, mas estão abaixo do que é considerado favorável à competitividade (Tabela 1).

Já os direcionadores Tecnologia e Relações de Mercado obtiveram os melhores resultados, os subfatores biotecnologia e rastreabilidade também são controlados pela firma e pelo governo (Tabela 1).

Tabela 1 – Avaliação final dos direcionadores de competitividade sistêmica da soja para exportação.

¹Grau de controlabilidade: CF: Controlável pela Firma; CG: Controlável pelo Governo; QC: Quase Controlável; I: Incontrolável.

²Valor atribuído ao subfator (x): MD: Muito Desfavorável = -2; D: Desfavorável = -1; N: Neutro = 0; F: Favorável = +1; MF: Muito Favorável = +2.

³Peso atribuído ao subfator (p): Peso do fator sobre o direcionador.

Nenhum dos direcionadores atingiu valores de Z=2 ou Z=-2, ou seja, não obtiveram resultado muito favorável, bem como não houve nenhum direcionador muito desfavorável. A partir da Gráfico 1, nota-se a contribuição de cada subfator e direcionador na manutenção da Direcionadores/Subfatores Grau de Controlabilidade¹ Valor² Peso³ Resultado

CF CG QC I (x) (p) AMBIENTE INSTITUCIONAL 1 Z=0,6 Crédito X X F 0,4 0,4 Tributação X N 0,4 0 Acordos Comerciais X F 0,2 0,2 TECNOLOGIA 1 Z=1,0 Biotecnologia X X F 0,6 0,6 Rastreabilidade X X F 0,4 0,4 INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA 1 Z= -1 Armazenagem X X D 0,3 -0,3 Transporte de Cargas X X D 0,4 -0,4 Portos X X D 0,3 -0,3 ESTRUTURA DE MERCADO 1 Z=0,6 Nível de Concentração X N 0,4 0 Sinergia X F 0,6 0,6 RELAÇÕES DE MERCADO 1 Z=1,0 Contratos X X F 0,5 0,5 Mercado Internacional X F 0,5 0,5

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competividade, todos os subfatores relacionados a Infraestrutura Logística são desfavoráveis ao aumento da competitividade da soja com destino ao mercado internacional.

César e Batalha (2011) em análise do direcionador de competitividade Infraestrutura da cadeia produtiva de biodiesel da mamona classificaram o subfator Condições das rodovias como muito desfavorável, devida a situação de conservação das rodovias pelas quais a mamona é transportada serem péssimas e encarecerem ainda mais a logística de aprovisionamento das fábricas de biodiesel.

Podemos observar que a questão a logística, principalmente quando se trata da qualidade das vias do modal rodoviário, vem impactando negativamente a competitividade de diferentes cadeias de produtos do agronegócio brasileiro.

Lourezani e Silva (2004) em estudo da competitividade dos diferentes canais de distribuição do tomate in natura destacaram dentro do direcionador Insumos o subfator Embalagem e rotulagem do Canal B como desfavorável. Apesar da relevância que o direcionador Infraestrutura Logística tem para análise da competitividade de produtos perecíveis, os autores não consideraram o subfator Embalagem e rotulagem como parte da logística do produto e não analisaram outras dimensões desse direcionador.

Batalha e Silva (2014) para a análise da competitividade da cadeia agroindustrial da carne bovina dividiram o sistema agroindustrial em dois, essa divisão ocorreu em razão da diferenciação técnica dos agentes que os compõem. O estabelecimento de políticas e diretrizes para o aumento da competitividade dessa cadeia deve refletir a diversidade das situações tecnológicas apresentadas. A tecnologia foi elemento divisor dos dois sistemas, além de direcionador.

Percebemos que o direcionador Tecnologia desempenha papel importante dentro da análise competitiva de diferentes cadeias produtivas e que os diferentes graus de acessibilidade pelos agentes podem causar desequilíbrio ou divisão nos sistemas agroindustriais. No caso da soja brasileira, a tecnologia tem sido favorável a competitividade, devido a coordenação dos investimentos públicos e privados nessa área, os constantes avanços tecnológicos atingem desde o campo até o mercado do grão.

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Gráfico 1 – Competitividade sistêmica da exportação da soja

a. Ambiente Institucional

Crédito: O acesso ao crédito de custeio agropecuário pelos produtores rurais ocorre através da chamada “venda casada” de seguro rural, prática comum realizada pelas instituições financeiras. A coligação entre financeiras e seguradoras causam, muitas vezes, a insatisfação dos produtores pela falta de alternativa. A fim de coibir essa prática a Lei nº 13.195/2015, instituiu uma medida em que o poder público não pode estabelecer nenhuma regra que obrigue o produtor a contratar seguro rural para ter acesso ao crédito e as financeiras que o exigirem serão obrigadas a oferecer, no mínimo, a opção de duas apólices de diferentes seguradoras (BRASIL, 2015a). Segundo os entrevistados, apesar da importância como ferramenta de mitigação de risco, o seguro rural apresenta imperfeições relacionadas ao acesso pelos produtores rurais. O Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), instituído pelo Decreto nº 5.121/2004, tem por finalidade reduzir o custo de aquisição das apólices de seguro rural pelo produtor (BRASIL, 2004), porém, nos últimos anos, ainda que vigente tem se mostrado incerto, devido às oscilações orçamentárias. Em 2014 foram disponibilizados R$ 693 milhões e em 2016 R$ 399 milhões (MAPA, 2017).

A utilização de instrumentos financeiros como os derivativos agropecuários para proteção de preços da soja tem crescido e contribuído para a melhor gestão de risco. Segundo

-1,0 -0,8 -0,5 -0,3 0,0 0,3 0,5 0,8 1,0 AMBIENTE INSTITUCIONAL Crédito Tributação Acordos Comerciais TECNOLOGIA Biotecnologia Rastreabilidade INFRAESTRUTURA LOGÍSTICA Armazenagem Transporte de Cargas Portos ESTRUTURA DE MERCADO Nível de Concentração Sinergia RELAÇÕES DE MERCADO Contratos Mercado Internacional

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os entrevistados, o produtor rural, comumente, não faz uso direto dessa ferramenta de negociação, ficando a cargo das empresas de insumos e tradings o poder de barganha no mercado.

Tributação: Segundo os entrevistados, o sistema tributário brasileiro é complexo e oneroso, as distorções tributárias entre os diferentes agentes da cadeia ainda é subfator a ser superado. Mecanismos de isenção fiscal como a Lei Complementar nº 87/1996 (Lei Kandir), que desonera a cobrança do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços - ICMS das exportações de produtos primários e industrializados semielaborados, como o caso da soja in natura (BRASIL, 1996) beneficia os exportadores. Entretanto, mecanismos de incentivo fiscal como as diferentes alíquotas de ICMS por estado brasileiro cria um desequilíbrio tributário na indústria de insumos necessários à cadeia, como fertilizantes, pesticidas, sementes, maquinário, etc. A Emenda Constitucional nº 87/2015, tenta diminuir esse desequilíbrio arrecadatório entre os estados através de uma nova sistemática de arrecadação, onde as alíquotas interestaduais passaram a ser aplicadas também quando as operações se destinem a consumidores finais (BRASIL, 2015b).

Acordos Comerciais: Planos nacionais como a Moratória da Soja (ABIOVE, 2006), garantem o comprometimento da não comercialização e nem do financiamento da soja produzida em áreas desmatadas no Bioma Amazônia. Segundo os entrevistados, arranjos comerciais nacionais e internacionais como esse contribuem para comercialização com empresas privadas que prezam por um cultivo ambientalmente correto e favorecem no aperfeiçoamento de cadeias produtivas que estão vinculadas a cadeia da soja.

b. Tecnologia

Biotecnologia: Atualmente, a soja transgênica ocupa 96,5% de toda a área plantada de soja (CIB, 2016). A Embrapa Soja iniciou pesquisas com a soja transgênica em 1997, quando juntamente em parceria com a iniciativa privada passou a incorporar às suas cultivares o gene de tolerância ao herbicida glifosato (EMBRAPA, 2018). Segundo os entrevistados, a China, nosso maior mercado importador não faz nenhuma restrição ao uso dessa biotecnologia, ao contrário de alguns países de demanda Europeia. Outro aspecto apontado é a contribuição para que planos nacionais como a Moratória da Soja sejam respeitados, visto que essas sementes proporcionam um aumento na produtividade sem a necessidade de expansão de territórios do Bioma Amazônia. Nos últimos anos, houve expressiva queda nas taxas de desmatamento, em

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2017 o resultado foi de 6.947 km² de corte raso, representando uma diminuição de 12% em comparação a 2016 e uma redução de 75% em relação a 2004 (INPE, 2018).

Rastreabilidade: É uma ferramenta que garante a integridade e transparência ao longo da cadeia de valor dos alimentos. Para os entrevistados, ainda é uma prática incipiente, mas vem crescendo por causa da inexistência de estudos conclusivos a respeito dos efeitos do uso de Organismos Geneticamente Modificados - OGM. Devido à exigência do mercado internacional quanto à segurança alimentar, a Lei nº 11.105/2005 estabelece normas de biossegurança por meio de mecanismos de fiscalização de atividades que englobam a construção, o cultivo, a manipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a liberação no meio ambiente e o descarte do OGM e seus derivados (BRASIL, 2005). Frente a rejeição da soja transgênica pelo continente europeu, além das normas de biossegurança se faz necessária a certificação da soja convencional, realizada por certificadoras privadas, devido à ausência legislativa.

c. Infraestrutura Logística

Armazenagem: Segundo Mascarenhas et al. (2014) o sistema logístico brasileiro é ineficiente em diversos pontos, sendo um deles a armazenagem, causada pela insuficiência na quantidade de unidades armazenadoras da produção agrícola nacional em épocas de safra. No geral, o déficit ocorre tanto a nível público quanto a nível privado, a rede armazenadora da Companhia Nacional de Abastecimento - CONAB representa cerca de 1,35% do total do país (CONAB, 2018). Para os entrevistados, o principal afetado é o produtor rural, que perde o poder de barganha no mercado ao fazer a venda imediata da produção, transferindo, muitas vezes, o problema de armazenagem para o próximo agente da cadeia. A maioria dos entrevistados indicam a necessidade de investimentos na rede de armazenamento de grãos da região Centro-Oeste (78,6%) e da região Norte (57,1%).

Transporte de Cargas: O transporte da soja até os portos pode ser dividido entre os modais rodoviário, ferroviário e hidroviário. A maior parte da carga movimentada nos corredores de exportação passa pelo modal rodoviário, cerca de 48% do total da soja transportada em 2017 (BRASIL, 2018a). Para todos os entrevistados (100%), o maior problema do modal rodoviário é a baixa qualidade das vias, seguido do custo (86% dos entrevistados), demonstrando que o cenário apontado por César e Batalha (2011) e Batalha e Souza Filho (2009) não mudou, onde a situação das rodovias brasileiras são péssimas e apesar dos

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investimentos em sistemas intermodais por empresas privadas, investimentos em rodovias pelo setor público é escasso e desregulamentado. No que tange os modais ferroviário e hidroviário, 64% dos entrevistados apontaram que o problema é a falta de disponibilidade em diversas regiões brasileiras. Quanto a qualidade das vias ferroviárias e o custo hidroviário, foi apontado como um limitante para metade dos entrevistados.

A Resolução nº 5.827/2018 resultou da greve dos caminhoneiros e institui o tabelamento do preço mínimo de frete como mediada governamental (BRASIL, 2018b). Para os entrevistados, 90% deles, acreditam que essa medida é inconstitucional, uma vez que a oscilação nos preços dos fretes é favorável a livre concorrência. O tabelamento causará a elevação dos custos e esses, serão repassados ao consumidor final.

Portos: Segundo os entrevistados, a armazenagem portuária ao longo dos últimos anos tem aumentado em capacidade, principalmente com a utilização de portos do Arco-Norte, região de MATOPIBA, amenizando a sobrecarga de portos de maior volume como Santos e Paranaguá. A implementação da Lei nº 12.815/2013, permite que terminais privativos possam operar cargas de terceiros, proporcionando um funcionamento mais produtivo do setor (BRASIL, 2013). Apesar das mudanças positivas, a capacidade ainda não acompanha a evolução das exportações de soja e a cobrança de tarifas pela prestação de serviços é apontada pelos entrevistados (64,3%), como um sistema burocrático, confuso e que não segue o padrão estabelecido pelo órgão regulamentador Agência Nacional de Transportes Aquaviários - ANTAQ.

d. Estrutura de Mercado

Nível de Concentração: Os entrevistados relatam aumento no grau de concorrência, advindo da entrada de empresas de diferentes portes, nacionais e internacionais, diminuindo assim a concentração pelas tradicionais negociadoras de grãos do mundo, Archer Daniels Midland, Bunge, Cargill e Louis Dreyfus – ABCD. Guimarães (2008) apresenta uma interpretação do processo de transformação da agricultura brasileira, onde a agricultura é considerada sob a ótica das cadeias agroindustriais e estudada entre mercados de fornecedores de insumos e o mercado da agroindústria, deixando o agricultor sem capacidade de barganha para estabelecer preços, colocando o mesmo em uma situação de “tesoura de preços”. A noção de tesoura de preços retrata a situação de subordinação dos produtores diretamente à indústria,

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as empresas a montante e também a jusante fixam os preços e as quantidades a ser demandada, quanto mais concentrado o mercado maior a subordinação dos produtores a essas empresas.

Sinergia: Segundo os entrevistados, os players ainda apresentam dificuldades em enxergar toda a estrutura do sistema agroindustrial da soja e a diversificação das empresas atuantes nesse mercado proporcionam conflitos de interesse, principalmente pela disputa de margens, contudo associações como a ABIOVE proporcionam a cooperação entre diferentes agentes desse sistema, principalmente ao garantir o padrão esperado pelo mercado consumidor. O acesso limitado das pequenas empresas às informações também pode ser suprido por essas organizações.

e. Relações de Mercado

Contratos: As maiores empresas conseguem exercer com mais facilidade o domínio do mercado, nos contratos de compra e venda futura da soja, as grandes empresas podem prever a valorização da cotação da saca no momento de sua colheita, já o pequeno produtor não dispõe de conhecimento técnico suficiente para o mesmo. O Decreto-lei nº 79/1966, institui normas para a fixação de preços mínimos e execução das operações de financiamento e aquisição de produtos agropecuários, entre outras providências (BRASIL, 1966). Para os entrevistados a estruturação de contratos tem sido importante pois garante que as transações serão respeitadas, sob a pena das cláusulas de inadimplemento. Zylbersztajn e Farina (1994) ressaltam que a competitividade de sistemas produtivos em geral e de sistemas do agronegócio em particular, podem ser estudados sob o ponto de vista contratual. Sistemas capacitados a obter melhores informações acerca do gosto, hábitos e satisfação dos consumidores podem predizer tendências e reorganizar relações contratuais em direção a novos alvos, por isso são considerados sistemas mais competitivos.

Mercado Internacional: De acordo com os entrevistados, o Brasil atua livremente com os principais consumidores globais de soja, porém está suscetível às políticas impostas por seus importadores, uma vez que não possui suas próprias políticas. As disputas comerciais ocorridas entre China e Estados Unidos trazem incertezas para o mercado brasileiro, a expectativa é de aumento na participação do mercado chinês através de novos contratos de exportação, mas também há riscos relacionados a dependência desse mercado, não sendo uma prática indicada, pois as equipes presidenciais dos países envolvidos buscam alternativas para amenizar os desentendimentos comerciais entre os mesmos.

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IV. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo quantifica a influência dos direcionadores de competividade no processo que se dá entre a originação e a exportação da soja. A infraestrutura logística foi apontada como o direcionador que mais contribui para o cenário desfavorável à exportação. Importante mencionar que esta pesquisa também traduz a percepção dos agentes que atuam nos diferentes

clusters da oleaginosa.

Os entraves logísticos estão relacionados ao desempenho da rede de armazenagem não acompanhar o dinamismo do setor, o déficit ocorre tanto a nível público quanto a nível privado, afetando principalmente o produtor.

Outro subfator a ser considerado é a movimentação de cargas nos corredores de exportação ocorrer, em sua maioria, pelo modal rodoviário. Essa predominância e o desprovimento de ferrovias e hidrovias viabilizaram o movimento de paralisação dos caminhoneiros em 2018, causando grave crise de desabastecimento no país, foram dias com falta de combustível nos postos, gás de cozinha nas residências e alimentos no comércio, entre outros produtos de necessidade básica.

De maneira geral, os problemas dos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário estão relacionados com a baixa qualidade das vias, o alto custo e a falta de disponibilidade, enquanto as regiões produtoras, sobretudo a região Centro-Oeste, demandam de ampliação na rede de armazenagem. Esses gargalos podem ser amenizados pelas operações conjuntas por meio da intermodalidade e investimentos no setor.

O ambiente institucional e a estrutura de mercado não foram apresentados como direcionadores desfavoráveis à competitividade, porém, retratam imperfeições no sistema de arrecadação e distorções causadas pelos agentes no sistema agroindustrial da soja.

O sistema tributário brasileiro vive uma tensa disputa, a chamada guerra fiscal é agravada pela diferenciação na cobrança dos impostos entre os estados. As propostas constitucionais sobre esse tema trazem insegurança para os agentes do sistema, principalmente para os produtores que são dependentes da indústria de insumos.

Os desequilíbrios entre os segmentos geram instabilidade no sistema agroindustrial. Embora, recentemente diferentes empresas tenha entrado no mercado da soja, o poder de negociação ainda está concentrado nas mãos das grandes e tradicionais tradings.

A interação entre associações, instituições e empresas que compõem os segmentos amenizam os conflitos de interesses. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais

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- ABIOVE desempenha importante papel como instrumento de apoio ao cumprimento de normas do setor público e de acordos do setor privado.

Os direcionadores tecnologia e relações de mercado são favoráveis a competitividade da soja exportada, a relação entre os subfatores biotecnologia e mercado internacional contribui para esse resultado.

Os investimentos conjuntos entre o setor público e privado em biotecnologia trouxeram melhorias para o processo produtivo da soja. Nos últimos anos, o plantio da soja transgênica tem predominado e vem sendo influenciado pelo aumento da demanda internacional do nosso maior consumidor, o mercado chinês.

Contudo, apesar do aquecimento desse mercado, a dependência com a China não deve ser sobrevalorizada em função das disputas comerciais internacionais e da instabilidade na política brasileira trazerem incertezas quanto aos contratos futuros.

Ainda que haja integração entre o poder público e privado através das leis que contemplam esse sistema, não é suficiente. Os principais desafios apresentados pelos direcionadores estão relacionados com a falta de coordenação do sistema pelos diferentes agentes na articulação de políticas públicas que visem sobretudo investimentos em infraestrutura, através das Parcerias Público Privada – PPP.

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Biossegurança – PNB, revoga a Lei no 8.974, de 5 de janeiro de 1995, e a Medida Provisória no 2.191-9, de 23 de agosto de 2001, e os arts. 5o, 6o, 7o, 8o, 9o, 10 e 16 da Lei no 10.814, de 15 de dezembro de 2003, e dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, DF, 28 mar. 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004

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3. CONCLUSÃO

O estudo quantifica a influência dos direcionadores de competividade no processo que se dá entre a originação e a exportação da soja. A infraestrutura logística foi apontada como o direcionador que mais contribui para o cenário desfavorável à exportação. Importante mencionar que esta pesquisa também traduz a percepção dos agentes que atuam nos diferentes

clusters da oleaginosa.

Os entraves logísticos estão relacionados ao desempenho da rede de armazenagem não acompanhar o dinamismo do setor, o déficit ocorre tanto a nível público quanto a nível privado, afetando principalmente o produtor.

Outro subfator a ser considerado é a movimentação de cargas nos corredores de exportação ocorrer, em sua maioria, pelo modal rodoviário. Essa predominância e o desprovimento de ferrovias e hidrovias viabilizaram o movimento de paralisação dos caminhoneiros em 2018, causando grave crise de desabastecimento no país, foram dias com falta de combustível nos postos, gás de cozinha nas residências e alimentos no comércio, entre outros produtos de necessidade básica.

De maneira geral, os problemas dos modais rodoviário, ferroviário e hidroviário estão relacionados com a baixa qualidade das vias, o alto custo e a falta de disponibilidade, enquanto as regiões produtoras, sobretudo a região Centro-Oeste, demandam de ampliação na rede de armazenagem. Esses gargalos podem ser amenizados pelas operações conjuntas por meio da intermodalidade e investimentos no setor.

O ambiente institucional e a estrutura de mercado não foram apresentados como direcionadores desfavoráveis à competitividade, porém, retratam imperfeições no sistema de arrecadação e distorções no sistema agroindustrial da soja.

O sistema tributário brasileiro vive uma tensa disputa, a chamada guerra fiscal é agravada pela diferenciação na cobrança dos impostos entre os estados. As propostas constitucionais sobre esse tema trazem insegurança para os agentes do sistema, principalmente para os produtores que são dependentes da indústria de insumos.

Os desequilíbrios entre os segmentos gera instabilidade no sistema agroindustrial. Embora, recentemente diferentes empresas tenha entrado no mercado da soja, o poder de negociação ainda está concentrado nas mãos das grandes e tradicionais tradings.

A interação entre associações, instituições e empresas que compõem os segmentos amenizam os conflitos de interesses. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais

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- ABIOVE desempenha importante papel como instrumento de apoio ao cumprimento de normas do setor público e de acordos do setor privado.

Os direcionadores tecnologia e relações de mercado são favoráveis a competitividade da soja exportada, a relação entre os subfatores biotecnologia e mercado internacional contribui para esse resultado.

Os investimentos conjuntos entre o setor público e privado em biotecnologia trouxeram melhorias para o processo produtivo da soja. Nos últimos anos, o plantio da soja transgênica tem predominado e vem sendo influenciado pelo aumento da demanda internacional do nosso maior consumidor, o mercado chinês.

Contudo, apesar do aquecimento desse mercado, a dependência com a China não deve ser sobrevalorizada em função das disputas comerciais internacionais e da instabilidade na política brasileira trazerem incertezas quanto aos contratos futuros.

Ainda que haja integração entre o poder público e privado através das leis que contemplam esse sistema, não é suficiente. Os principais desafios apresentados pelos direcionadores estão relacionados com a falta de coordenação do sistema pelos diferentes agentes na articulação de políticas públicas que visem sobretudo investimentos em infraestrutura, através de Parcerias Público Privada – PPP.

A recomendação para estudos futuros surge da classificação dos subfatores quanto ao seu grau de controlabilidade, pois possibilita a proposição de políticas de desenvolvimento por instituições públicas e/ou privadas para os segmentos deficientes do agronegócio.

Os desafios a serem superados tem relação com a amostra utilizada no estudo não ser necessariamente probabilística e a generalização dos resultados não ser permitida a totalidade do sistema. Entretanto, a amostragem utilizada teve a intenção de apresentar aspectos comuns da exportação de soja, sob a perspectiva de especialistas do setor.

Referências

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