O Golden Visa ou Autorização de Residência
para Atividade de Investimento (“GV”) é
uma autorização de residência temporária
especial, com o intuito de atrair novos
investimentos para a economia portuguesa.
Este regime possibilita que nacionais de
países fora da União Europeia obtenham
uma autorização de residência e circulem
livremente em quase todos os países da UE
(dentro da área Schengen), desde que
realizem determinados investimentos.
O que é necessário para ter direito ao GV?
O GV pressupõe a realização de um investimento elegível em Portugal por um período mínimo de 5 anos. O Investidor deverá permanecer (pelo menos) 7 dias em Portugal durante o primeiro ano de investimento e 14 dias por cada período subsequente de 2 anos). O GV não é atribuído a cidadãos da União Europeia.
O DL n.º 14/2021, de 12 de fevereiro, veio introduzir alterações relevantes, estabelecendo restrições relativamente à elegibilidade dos investimentos imobiliários que dão acesso à autorização de residência, verificando-se ainda um aumento dos valores mínimos da maioria das modalidades de investimento. Estas alterações apenas entrarão em vigor a 1 de janeiro de 2022.
Quais são as tipologias de investimento elegíveis? Investimento financeiro:
• Transferência de capitais no valor de € 1M para uma instituição de crédito a operar em Portugal (€ 1,5M, a partir de 01.01.2022);
• Transferência de capitais aplicados em investimento ou apoio à produção artística, recuperação ou manutenção do património cultural nacional – mínimo de € 250.000 (inalterado, a partir de 01.01.2022);
• Transferência de capitais aplicados em atividades de desenvolvimento e investigação integradas no sistema científico e tecnológico nacional – mínimo de € 350.000 (€ 500.000, a partir de 01.01.2022);
• Constituição/reforço de capital social de sociedade Portuguesa, com criação/manutenção de 5 postos de trabalho – mínimo de € 350.000 (€ 500.000, a partir de 01.01.2022); e
• Transferência de capitais destinados à aquisição de unidades de participação em fundos de investimento ou de capital de risco vocacionados para a capitalização de empresas – mínimo de € 350.000 (€ 500.000, a partir de 01.01.2022).
Investimento imobiliário:
• Aquisição de bens imóveis no valor mínimo de
€ 500.000;
• Aquisição de bens imóveis e reabilitação dos mesmos, construídos há pelo menos 30 anos ou localizados em área de reabilitação urbana, no valor mínimo de
€ 350.000.
No que respeita a imóveis destinados a habitação, a partir de 01.01.2022, apenas serão elegíveis para a autorização de residência aqueles que se situem “nas Regiões Autónomas dos Açores e da Madeira ou nos territórios do interior”. Os “territórios do interior” estão previstos na Portaria n.º 208/2017 de 13 de julho, em que se incluem, entre outros, alguns concelhos do Alentejo Litoral, do Algarve, do Douro e da Serra da Estrela.
Criação de emprego:
Criação de 10 postos de trabalho em Portugal.
Possibilidade de reagrupamento familiar
Apesar de o GV ser uma autorização de residência individual para o Investidor, é possível requerer o reagrupamento familiar (p. ex., do cônjuge, filhos menores ou maiores dependentes e ascendentes). Com o regime do reagrupamento familiar, os familiares do Investidor poderão obter uma autorização de residência similar ao GV, sem necessidade de investimentos adicionais.
Taxas (atualizadas anualmente)
No ato de requerimento inicial, será cobrada uma taxa de
€ 533 por Investidor e pela emissão do título será cobrada
uma taxa no valor de € 5.325. A renovação implica também o pagamento de taxas de análise idênticas, sendo as taxas de emissão reduzidas para metade (€ 2.663).
Residência Permanente e Nacionalidade
Decorrido um período de 5 anos, o Investidor poderá candidatar-se a uma autorização de residência permanente e à obtenção de nacionalidade Portuguesa. Para o efeito, necessitará de cumprir determinados requisitos, sendo um deles a prova de conhecimento da língua Portuguesa.
Informações adicionais?
O GV é atribuído através de um procedimento simples, mas personalizado. A VdA encontra-se disponível para esclarecer quaisquer dúvidas e prestar os esclarecimentos adicionais necessários, bem como para acompanhar o Investidor e os seus familiares em todo o processo. Esta informação é de caráter geral, não substituindo o recurso a aconselhamento jurídico adequado para a resolução de casos concretos.
TIAGO MARREIROS MOREIRA
TM@VDA.PT
FRANCISCO CABRAL MATOS
FCM@VDA.PT
JOÃO RISCADO RAPOULA
O Regime Fiscal do Residente Não Habitual (RNH) prevê condições bastante favoráveis para as pessoas singulares que transfiram a sua residência fiscal para Portugal.
É um regime especialmente competitivo por não pressupor qualquer limiar mínimo de tributação (“forfait”) e não impor qualquer limitação na transferência de capitais ou tributação da fortuna (“wealth tax”).
Quem pode beneficiar do regime?
Um residente fiscal não habitual é qualquer pessoa singular que: • Passe a ser um contribuinte residente em Portugal para fins de
imposto sobre o rendimento das pessoas singulares (“IRS”); e • Não tenha sido contribuinte residente em Portugal, para
efeitos de imposto sobre o rendimento das pessoas singulares, em nenhum dos 5 anos anteriores à aplicação do regime. Para ser qualificado como residente fiscal no âmbito da legislação portuguesa, uma pessoa singular deve:
• Passar mais de 183 dias em território português (seguidos ou interpolados, por cada período de 12 meses); ou
• Tendo permanecido por menos tempo, disponha em Portugal de uma habitação em condições que façam supor a intenção de a manter e ocupar como residência habitual.
Benefícios
O RNH não depende do pagamento de taxas administrativas, sendo aplicável por um período de 10 anos, podendo ainda ser conjugado com o facto de Portugal não tributar as transmissões em vida (doações) ou por morte (sucessão) entre cônjuges, ascendentes ou descendentes.
Os benefícios decorrentes do RNH abrangem isenções totais de tributação relativamente à generalidade dos rendimentos de fonte estrangeira e uma taxa reduzida de 20% para determinados tipos de rendimentos auferidos em território português (recorde-se que a taxa máxima de imposto de rendimento das pessoas singulares em Portugal pode ultrapassar os 50%).
Rendimentos de Fonte Estrangeira
Rendimentos passivos com fonte fora de Portugal (p. ex.
dividendos, juros, pensões e rendas de imóveis ou os ganhos na respetiva venda), que não sejam provenientes de paraísos fiscais, são completamente isentos, mesmo que não estejam sujeitos a tributação no país da fonte. As mais-valias mobiliárias permanecem, em regra, sujeitas a imposto à taxa de 28% e as pensões à taxa de 10%.
Rendimentos ativos (p. ex. de trabalho dependente e também de
prestações de serviços derivadas de atividades de elevado valor acrescentado) podem também estar isentos dependendo de algumas condições específicas. As atividades de elevado valor acrescentado estão descritas na Portaria n.º 230/2019, de 23 de julho e incluem professores dos ensinos universitário e superior, técnicos de ciências e engenharia, diretores-gerais e gestores executivos de empresas, técnicos das tecnologias de informação e comunicação, entre outros.
Rendimentos de Fonte Portuguesa
Rendimentos ativos obtidos em Portugal pelo exercício de
atividades de elevado valor acrescentado serão objeto de uma taxa fixa de imposto de 20% (ao invés das taxas progressivas).
Segurança Jurídica
Para assegurar a situação pessoal do requerente, é possível obter junto da Autoridade Tributária e Aduaneira uma informação vinculativa para confirmar que o seu caso específico se enquadra no presente regime. Essa opção é aconselhável para as situações de maior complexidade.
A aplicação do RNH não depende de procedimentos complexos, no entanto, uma análise casuística previamente à adesão do RNH é sempre recomendável para averiguar se (i) estão cumpridos os requisitos e condições para que a pessoa singular seja elegível para o RNH e (ii) quais os benefícios que lhe serão concretamente aplicáveis.
Esta informação reveste caráter geral, não substituindo o recurso a aconselhamento jurídico adequado para a análise e resolução de casos concretos.