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Palavras chave: Cronotipo; Complexidade da tarefa; Julgamento e Tomada de decisão.

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Academic year: 2021

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Influência do Cronotipo na Relação entre a Complexidade da Tarefa e o Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria

CLESTON ALEXANDRE DOS SANTOS Universidade Regional de Blumenau – FURB GRACIELE LIMA SAMPAIO Universidade Regional de Blumenau – FURB PAULO ROBERTO DA CUNHA Universidade Regional de Blumenau – FURB Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC CARLOS ROBERTO DE OLIVEIRA NUNES

Universidade Regional de Blumenau – FURB

Resumo

O estudo tem como objetivo verificar a influência do cronotipo na relação entre a complexidade da tarefa e o julgamento e a tomada de decisão em auditoria. Metodologicamente, utilizou-se um experimento realizado no mês junho de 2017, junto a uma amostra de 40 observações. Os participantes foram acadêmicos do Curso de Ciências Contábeis de uma Instituição de Ensino Superior Pública que estavam cursando disciplinas de Auditoria Contábil no 7º ou 8º período. Para análise dos dados, foi utilizada a estatística descritiva, a análise de variância com testes post-hoc e a técnica estatística regressão linear múltipla. Na análise de variância, os resultados mostraram que a realização de tarefas levando em consideração o cronotipo resultam em melhores desempenhos, principalmente quando a tarefa é de baixa complexidade. Na análise da regressão linear, os resultados também foram consistentes ao mostrar que o Indivíduo com Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina Modera de forma significativa e positiva o efeito da Complexidade da Tarefa no Desempenho do Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria. Com base nesses achados, é possível argumentar que o planejamento e a realização de atividades, no caso em auditoria, levando em consideração o cronotipo matutino, é um fator que diminui o efeito da complexidade no julgamento e tomada de decisão em auditoria. Quanto maior a complexidade da tarefa, maior é a incerteza na realização do julgamento e tomada de decisão, assim, a execução da atividade de acordo com o cronotipo, o desempenho no julgamento e tomada de decisão tende a ser menos afetado pelo aumento da complexidade. Ressalta-se que tais achados não devam ser considerados unicamente nas atividades diárias, mas que essa informação seja ponderada para um melhor planejamento e atribuição dessas tarefas, sobretudo quando da alocação das tarefas de alta complexidade em função do cronotipo individual.

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1 Introdução

A literatura tem mostrado que auditores tem enfrentado desafios cada vez mais difíceis no planejamento, desenvolvimento e conclusão de tarefas de auditoria (Snead & Harrell, 1991; Trotman, 1998; Mohd-Sanusi & Mohd-Iskandar, 2006). Trotman (1998) argumenta que os desafios na atividade do auditor têm se intensificado principalmente em função da natureza do trabalho em si, oriundos das dificuldades das tarefas, pressão de trabalho, recursos ou mão-de-obra inadequados e incertezas.

Os vários desafios inerentes ao processo de auditoria resultam em falta de consenso e imprecisão entre os profissionais, que por sua vez influencia a qualidade do julgamento e tomada de decisão em auditoria (Trotman, 1998). A falta de consenso entre os profissionais é intensificada pelas dificuldades com que os auditores se deparam ao realizar julgamento e tomada de decisões para diversas tarefas de auditoria com vários tipos de informações e procedimentos suficientes para seguir (Libby & Lipe, 1992; Mohd-Sanusi & Mohd-Iskandar, 2006).

O nível de dificuldade encontrado na tarefa revela uma escala de complexidade. Libby e Lipe (1992) argumentam que a complexidade inerente das tarefas de auditoria é um fator importante a afetar o desempenho do julgamento e tomada de decisão de auditoria. Campbell (1988) destaca que tarefas complexas, geralmente são mal estruturadas, ambíguas e difíceis, e ainda acrescenta que as tarefas se tornam mais complexas quando há inconsistência de evidências e um tomador de decisão não é capaz de integrar sinais incongruentes.

Diante das diversas tarefas que os profissionais de auditoria vivenciam no dia a dia, algumas são consideradas altamente complexas e difíceis, enquanto outras são interpretadas como relativamente simples e fácil (Jiambalvo & Pratt, 1982; Bonner, 1994). Bonner (1994) ressalta que um aumento na complexidade da tarefa pode levar à aplicação indevida de conhecimento que prejudica o desempenho no julgamento e tomada de decisão em auditoria.

Além da complexidade da tarefa, um outro fator que precisa ser levado em consideração na discussão sobre os resultados profissionais é o que corresponde as características pessoais, como o cronotipo (Wittmann, Dinich, Merrow & Roenneberg, 2006). O cronotipo ou as características de matutinidade e vespertinidade são as diferenças de comportamentos das pessoas em virtude do seu ciclo de sono e atenção no cotidiano (Horne & Östberg, 1976). Para Hidalgo et al. (2002), os padrões de comportamentos que os indivíduos manifestam são revelados pelos ritmos biológicos. As alterações rítmicas dos indivíduos, com base nas características essenciais particulares dos organismos biológicos também são características de cronotipo (Roenneberg, Wirz-Justice & Merrow, 2003).

Assim os indivíduos, segundo Horne e Östberg (1976), podem ser classificados em cronotipos matutinos e vespertinos, cuja classificação revela o período mais propício para uma maior eficiência e eficácia no desenvolvimento das atividades. Os indivíduos com cronotipo matutino preferem dormir e acordar cedo para realizar as suas atividades diárias. Os indivíduos com característica vespertina escolhem dormir e acordar tarde. Já os chamados indiferentes não têm preferência por horários, se adaptam conforme as necessidades de suas atividades diárias (Horne & Östberg, 1976).

Neste contexto, a realização dos trabalhos de auditoria pode ser influenciada pelas características de matutinidade e vespertinidade, já que os auditores necessitam julgar e tomar decisões em diferentes horários e períodos do dia. Assim, identificar os tipos de cronotipos dos auditores e planejar as atividades levando em consideração essas e outras características, como a complexidade da tarefa, permitiria um aperfeiçoamento no desempenho do julgamento e na tomada de decisão, proporcionando uma auditoria de melhor qualidade.

Para que a auditoria seja de qualidade, o auditor necessita certificar a confiabilidade das demonstrações contábeis por meio de escolhas que são afetadas por fatores como complexidade

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e subjetivismo (Gary & Wood, 2011; Ussahawanitchakit, 2012). Considerando que há subjetividade e níveis diferentes de dificuldades nas tarefas de julgamento e na tomada de decisão dos auditores, se faz necessária a discussão de aspectos comportamentais, como características de cronotipo (Wittmann et al., 2006; Ussahawanitchakit, 2012).

Desta forma, com a identificação do cronotipo do profissional, atividades mais complexas que demandam maior nível de complexidade, pressão do trabalho, mais responsabilidade e subjetividade no julgamento e na tomada de decisão, podem ser melhores designadas, impactando de forma positiva na qualidade dos trabalhos de auditoria. Como o comportamento dos indivíduos apresentam variação na organização temporal, conhecer o cronotipo dos auditores pode auxiliar a adaptação das atividades, e consequentemente, até mesmo afetar na força e direção da influência da complexidade da tarefa no desempenho final (Roenneberg et al., 2003; Wittmann et al., 2006).

Neste contexto, propõe-se a seguinte questão de pesquisa: qual a influência do

cronotipo (características de matutinidade e vespertinidade) na relação entre a complexidade da tarefa e o julgamento e tomada de decisão em auditoria? Decorrente da

questão de pesquisa surge o objetivo de verificar a influência do cronotipo na relação entre a complexidade da tarefa e o julgamento e tomada de decisão em auditoria.

Contextos diferentes foram observados em vários estudos para demonstrar as características de matutinidade e vespertinidade, como em estados comportamentais (Hidalgo et al., 2002), gênero (Alam, Tomasi, Lima, Areas & Menna-Barreto, 2008), desempenho acadêmico (Gomes, Melo & Pereira, 2008), período de estudo, atividade física e idade (De Martino, Pasetti, Bataglion & Ceolim, 2010), qualidade do sono e sonolência diurna (Lima, Varela, Silveira, Parente & Araujo, 2010), tarefa de reconhecimento de faces (Silva, 2015), tomada de decisão, fatores psicológicos, estado emocional, ritmicidade circadiana (ritmos biológicos) e decisão interpessoal (Correa et al., 2016). Entretanto não foram encontradas pesquisas que relacionam a influência do cronotipo na relação entre a complexidade da tarefa e o julgamento e a tomada de decisão em auditoria.

O presente estudo, por meio de experimento, contribui com a literatura sobre julgamento e tomada de decisão em auditoria ao demonstrar o efeito que as características de matutinidade e vespertinidade exercem na relação entre a complexidade da tarefa e o julgamento e a tomada de decisão em auditoria. Estudos anteriores tem apresentado indícios de que atividades de auditoria com alto nível de complexidade diminuem a qualidade da tomada de decisão, ou seja, afetam o desempenho dos profissionais (Libby, 1985; Bagley, 2010). Dessa forma, o desenvolvimento de tarefas levando em consideração características de matutinidade/ verspertinidade do auditora, ou seja, do cronotipo, pode ser um fator que afeta a direção e/ou da relação entre a complexidade da tarefa e o julgamento e tomada de decisão.

2. Referencial teórico

2.1 Complexidade da tarefa na auditoria

A literatura tem mostrado que é amplamente reconhecido que os profissionais enfrentam atividades com configurações diversas quanto a complexidade para finalização do processo como um todo (Libby, 1985; Abdolmohammadi & Wright, 1987; Bonner, 1994; Bagley, 2010). Abdolmohammadi e Wright (1987) argumentam que pesquisadores comportamentais tem se preocupado com os efeitos da experiência na tomada de decisões, principalmente no que se refere aos domínios altamente técnicos, tais como auditoria. Porém, o que tem sido apontado como evidências é de que o efeito experiência é significativo quando a complexidade da tarefa é explicitamente considerada.

Libby (1985) aponta que uma característica da tarefa, tal como a complexidade, tende a ter um grande impacto sobre as decisões de auditoria, principalmente em função de muitas

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tarefas de auditoria serem muito complexas. Como a complexidade da tarefa é inerente a atividade de auditoria, e ainda, varia muito diante do contexto em questão, compreender os níveis de complexidade das diversas tarefas de auditoria contribui para pesquisadores e profissionais da área, em compreender os processos de julgamento e tomadas de decisões, o que possibilita recomendações de mudanças em tarefas em que o desempenho do julgamento e tomada de decisão atual pode ser prejudicado (Kahneman, 1973; Bagley, 2010).

Para Bagley (2010) o aumento da complexidade da tarefa tem mostrado evidências de ser um fator que reduz a qualidade do julgamento e tomada de decisão, porém, o entendimento de como e por que isso ocorre ainda está em fase de desenvolvimento na literatura e precisa ser explorado (Sanusi, Iskandar & Poon, 2007; Bagley, 2010). A complexidade da tarefa tem sido classificada em três componentes dos modelos de processamento de informação geral: de entrada, processamento e saída (Bonner, 1994). Bonner (1994) ressalta que essa classificação tem sido utilizado em constantes avaliações de julgamento e tomada de decisão em auditoria.

Nos três componentes dos modelos de processamento de informação geral, que compreendem as características das tarefas, Bonner (1994) os classifica como relativos, quer a quantidade de informação ou a clareza da informação. Esse esquema é justificado em função da quantidade e clareza das informações, respectivamente, que correspondem razoavelmente bem para os dois aspectos da complexidade da tarefa usado em pesquisas anteriores: dificuldade da tarefa e estrutura da tarefa (Bonner, 1994; Tan & Kao, 1999).

Pesquisas têm demonstrado que com o aumento da complexidade da tarefa, o desempenho tende a diminuir, assim, se conhecimentos e habilidades são mais importantes em tarefas complexas, identificar tarefas complexas podem ser importantes para ajudar na explicação, como também atribuições de trabalho (Bonner, 1994; Tan & Kao, 1999). Kahneman (1973) considera que a complexidade da tarefa está relacionada com a capacidade de atenção ou de processamento mental necessário para o indivíduo para completar uma tarefa.

Pesquisas mostram que quanto mais evidências e coordenação de informações são necessárias para completar a tarefa, mais atenção e processamento mental são necessários (Campbell, 1988; Tan & Kao, 1999). Tarefas de baixa complexidade exigem quantidades mínimas de atenção e coordenação e, portanto, não necessitam esforço significativo. Já tarefas de alta complexidade são mais exigentes e carecem de mais esforço e processamento de informação complexa (Tan & Kao, 1999; Bagley, 2010).

Estudos tem contemplado a discussão da complexidade em diversos contextos. Os achados de Tan e Kao (1999) sugerem que a complexidade da tarefa afeta a maneira como o conhecimento e a habilidade de resolver problemas interagem com a responsabilidade. Os resultados mostram que a prestação de contas funciona melhor em combinações particulares de conhecimento, capacidade de resolver problemas e complexidade da tarefa. Em outro estudo, Tan, Ng e Mak (2002) mostraram que o desempenho diminui com a complexidade crescente da tarefa somente sob combinações de baixo conhecimento e de alta responsabilidade, ou baixa responsabilidade e alto conhecimento. Foi constatado também que o desempenho não é afetado pela crescente complexidade da tarefa, quando os auditores têm alto conhecimento e alta responsabilidade, ou tem baixo conhecimento e baixa responsabilidade.

O estudo de Mohd-Sanusi e Mohd-Iskandar (2006) examinou o efeito mediador do esforço sobre a relação entre os incentivos de desempenho e desempenho no julgamento em auditoria sob diferentes níveis de complexidade da tarefa. Os resultados indicam que as variáveis de desempenho de incentivo estão positivamente relacionadas ao desempenho do julgamento de auditoria. Constatou-se também que o efeito de mediação de esforços sobre a relação entre os incentivos de desempenho e desempenho do julgamento de auditoria ocorre sob baixa complexidade da tarefa e não sob alta complexidade da tarefa, ou seja, a relação

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positiva entre esforço e desempenho no julgamento em auditoria é reduzido sob alta complexidade da tarefa.

Sanusi et al., (2007) encontraram que a complexidade da tarefa apresenta evidências de estar negativamente relacionada ao desempenho no julgamento de auditoria, indicando que os auditores têm melhor desempenho em tarefas simples do que em tarefas complexas. No estudo de Bagley (2010) foi constatado que múltiplas responsabilidades causam afeto negativo e que impacta no julgamento e tomada de decisão do auditor. Foi constatado também, à medida que a complexidade da tarefa aumenta, o afeto negativo de um auditor aumenta. Nos achados de Bowrin e King (2010) foi reforçado a relação negativa existente entre a complexidade da tarefa e a eficácia da auditoria contábil.

Como mencionado, estudos tem mostrado que a complexidade da tarefa juntamente com outros fatores tem apresentado evidências de influência no julgamento e tomada de decisão em auditoria. A literatura mostra também evidências de que em alguns períodos do dia os indivíduos apresentam-se mais dispostos, com maior facilidade para executar suas atividades (Wittmann et al., 2006; Gomes et al., 2008; Ussahawanitchakit, 2012). Dessa forma, a identificação desse melhor período para desenvolvimento das tarefas pode ser um elemento importante para planejamento das atividades profissionais, inclusive quando se observa a complexidade da tarefa a ser executada.

2.2 Cronotipo e a complexidade da tarefa no julgamento e tomada de decisão

As pessoas possuem diferenças comportamentais quanto ao ciclo de sono e atenção no dia a dia, o que pode ser explicada pela identificação das características individuais de cronotipo (Horne & Östberg, 1976). Roenneberg et al. (2003) definem cronotipo, ou seja, características de matutinidade e vespertinidade, como sendo as oscilações das demonstrações rítmicas dos indivíduos, analisadas pelas características individuais essenciais ao organismo biológico. Hidalgo et al. (2002) argumenta que o cronotipo compreende os ritmos biológicos que revelam padrões de comportamento, indicando o melhor período para o desenvolvimento das atividades pessoais e profissionais. As características de cronotipo são chamadas de matutinos, indiferentes e vespertinos (Horne & Östberg, 1976).

Autores como Wittmann et al. (2006) e Norbury (2017) argumentam que a identificação do cronotipo das pessoas é importante para que as atividades sejam realizadas no melhor período do dia visando um bom desempenho e melhor produtividade. O cronotipo faz parte da cronobiologia, ciência que estuda os fenômenos biológicos, fisiológicos e psicológicos em relação ao avanço do tempo. A cronobiologia tem como propósito entender os diferentes estímulos do ambiente, físico, químico, biológico ou social que influenciam no comportamento do organismo de forma diferenciada no decorrer do dia (Marques & Menna-Barreto, 1997).

Horne e Östberg (1976) desenvolveram um instrumento para identificar o comportamento humano por meio dos ritmos biológicos e comparação das curvas de temperatura. A partir deste estudo foi possível descobrir diferentes condutas em relação ao comportamento dos indivíduos chamados de perfis cronobiológicos ou cronotipos. Com esse estudo, os autores categorizam as pessoas em três cronotipos, sendo matutino, vespertino e indiferentes, conforme as diferenças de cada indivíduo para se adaptar aos ritmos biológicos.

Horne e Östberg (1976) definem que os indivíduos matutinos são aqueles que optam por dormir e acordar cedo, por volta das 21 ou 22 horas e acordam sem dificuldades em torno das seis horas da manhã já dispostos para trabalhar, expressando adequado desempenho físico e mental e estando em pleno nível de alerta. As pessoas que se caracterizam como vespertinas gostam de dormir e acordar tarde, por volta da uma hora da manhã e acordam depois das 10 horas, tendo desempenho superior à tarde e noite. Algumas pessoas não têm essas

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características, são chamados de indiferentes, ou seja, são mais flexíveis e conseguem adotar horários conforme a exigência para cumprir sua rotina (Horne & Östberg, 1976).

Com o aumento na discussão sobre cronotipo e utilização do instrumento de Horne e Östberg (1976), estudos foram desenvolvidos propondo a discussão em contextos distintos. Hidalgo et al. (2002) identificaram comportamentos fortemente associado ao padrão de atividade auto relatada (tempo de vigília, fadiga subjetiva elevada, hora de acordar, dormir, prática de exercícios e estudo) e os padrões de atividade dos adultos estavam relacionados a características comportamentais comuns. Os achados de Roenneberg et al. (2003) evidenciaram que o tempo ao ar livre na luz do dia afeta significativamente o tempo de sono para todos os tipos de cronotipos.

Wittmann et al. (2006) identificaram que as associações entre cronotipo, bem-estar psicológico e consumo de estimulantes são mais fortes em adolescentes e jovens até 25 anos. Os resultados sugerem que as atividades escolares e de trabalho devem ser adaptadas conforme o cronotipo, quando possível. No estudo de Alam et al. (2008) os resultados mostram que 32% dos universitários apresentam características vespertinas, 54% indiferentes e 14% matutinas, sendo que 70% dos que nasceram na primavera e no verão são vespertinos sem associação de gênero e estação do ano.

Gomes et al. (2008) examinaram o perfil cronobiológico de estudantes universitários do período matutino e noturno para avaliar os seus desempenhos por meio do instrumento de Horne e Östberg (1976). Os achados sugerem que os estudantes que frequentaram as aulas em horários harmônicos com o seu cronotipo manifestam melhor desempenho, tendo uma aprendizagem superior e melhor qualidade de vida. No estudo de Lima et al (2010) que analisou a relação entre o cronotipo e a qualidade do sono, assim como a sonolência diurna, revelou que os estudantes com cronotipo vespertinos apresentaram qualidade de sono inferior aos matutinos, entretanto, a relação entre sonolência e cronotipo não apresentou significância estatística.

Nos achados de Silva (2015) foi constatado que os profissionais matutinos obtiveram um melhor desempenho quando realizaram a atividade na hora ótima do dia, entretanto, para os vespertinos não ocorreram diferenças entre a hora da atividade. Em relação ao tempo de reação das respostas certas, os vespertinos foram mais rápidos quando realizaram a atividade na hora ótima do dia. Na pesquisa de Correa et al. (2016), que testou se o cronotipo influencia a decisão interpessoal julgando propostas econômicas, aceitando ou rejeitando, os achados mostraram uma irregularidade no desempenho racional em ambos os grupos de cronotipos, sugerindo que os matutinos se comportam de forma mais consciente e são mais avessos ao risco do que os vespertinos.

Com base no exposto, observa-se que o desenvolvimento de tarefas de acordo com o cronotipo individual, possibilita resultados melhores e mais consistentes (Roenneberg et al., 2003; Wittmann et al., 2006). Considera-se que tarefas de auditoria com alto nível de complexidade reduz a consistência e a qualidade do julgamento e tomada de decisão em auditoria (Bonner, 1994; Tan & Kao, 1999; Bagley, 2010) e que o desenvolvimento dessas tarefas seja realizada de acordo com o cronotipo do profissional (Wittmann et al., 2006; Norbury, 2017). Busca-se assim um cenário em que a complexidade da tarefa e a tomada de decisão em auditoria seja realizada no período em que o tomador de decisão tem sua característica de cronotipo definida. Dessa forma tem-se a seguinte hipótese:

H1 - A relação entre a complexidade da tarefa e o julgamento e tomada de decisão em auditoria é influenciada positivamente quando ocorre no período considerado ótimo pelo cronotipo do tomador de decisão.

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www.congressousp.fipecafi.org        3 Procedimentos metodológicos

Nesta seção são apresentados os procedimentos metodológicos da pesquisa. Esta pesquisa tem como método o experimento com abordagem quantitativa.

3.1 População e amostra

Para o presente trabalho, têm-se como população 48 acadêmicos de Ciências Contábeis que estavam cursando as disciplinas de Auditoria Contábil no 7º ou no 8º período do Curso de Graduação em Ciências Contábeis de uma Instituição Pública de ensino superior do sul do Brasil no primeiro semestre letivo de 2017. Em junho de 2017, a amostra foi composta por 20 acadêmicos, mas como cada acadêmico realizou duas tarefas, uma de baixa complexidade e outra de alta complexidade, o experimento gerou 40 observações. Os alunos participantes do experimento receberam uma declaração de participação na atividade para utilização como atividades complementares, que faz parte do Projeto Pedagógico do curso.

3.2 Constructo da pesquisa

Na Tabela 1 apresenta-se as variáveis para cada dimensão da pesquisa, a maneira que foi utilizada para mensurá-las e a base de referência teórica de estudos anteriores.

Tabela 1 - Constructo da Pesquisa

Variáveis Métrica Autores

Cronotipo (CRON)

Situação Experimental:

MAT_MAT = Matutino em Tarefa Matutina; VES_VES = Vespertino em Tarefa Vespertina; MAT_VES = Matutino em Tarefa Vespertina; VES_MAT = Vespertino em Tarefa Matutina.

Horne e Östberg (1976); Wittmann et al. (2006); Norbury (2017). Complexidade da Tarefa (COMP) Situação Experimental:

Baixa complexidade (baixa quantidade de informação e alta clareza/precisão de informação); Alta complexidade (alta quantidade de informação e baixa clareza/precisão de informação).

Bonner (1994); Bagley (2010).

Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DJTD)

Número de respostas corretas para as questões das tarefas de auditoria, variando de 0 a 100 pontos.

Sanusi et al. (2007). Fonte: Elaboração Própria

3.3 Design experimental

No desenvolvimento de um experimento, Libby, Bloomfield e Nelson (2002) argumentam que o processo pode ser planejado para ser eficiente e eficaz. Para ser eficiente, um experimento precisa alcançar um nível de eficácia de maneira mais econômica. Já para ser eficaz precisa reunir características de validade interna que sejam suficientes para garantir os resultados evidenciados por meio dos testes de hipóteses.

De acordo com Libby et al., (2002) a validade interna está relacionada à certeza de que os efeitos observados na realização do experimento são oriundos das variáveis independentes manipuladas. Smith (2003) aponta as ameaças à validade interna do experimento, que precisam ser identificadas e minimizadas por medidas de controle apresentadas na Tabela 2.

Tabela 2 – Ameaças a Validade Interna do Experimento

Ameaças Características Medidas para controle

Maturação

Refere-se aos impactos causados nos indivíduos pela passagem do tempo, o que

Como procedimento adotado, as tarefas contemplaram decisões rápidas e a duração teve no máximo de 40 minutos.

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incluí alterações físicas, psicológicas, fadiga e tédio durante o experimento.

História

Envolve os impactos causados nos indivíduos durante as mudanças ambientais resultantes da passagem do tempo (longitudinal).

Nesse caso, o experimento envolveu uma aplicação aos participantes em um curto período de tempo.

Teste

Refere-se ao que os testes anteriores podem afetar os resultados dos testes posteriores ao tratamento experimental.

Neste caso, envolveu apenas duas tarefas para cada sujeito em um único período.

Mortalidade dos Sujeitos

As pessoas podem abandonar o experimento antes de sua conclusão.

A coleta de dados foi conduzida em uma única vez com cada grupo e o experimento teve curta duração, com data e local previamente agendada.

Instrumentação

Está relacionado à utilização de materiais, instruções e procedimentos idênticos. Mensurações do mesmo fenômeno podem divergir devido à aplicação de procedimentos diferentes na administração do experimento.

As instruções para aplicação do instrumento foram padronizadas e fornecidas aos participantes no ambiente experimental.

Seleção

As pessoas devem ser distribuídas aleatoriamente entre o grupo de controle e tratamento. Problemas na atribuição dos sujeitos pode implicar que tenham características diferentes.

O tratamento experimental contemplou a aplicação a todos os indivíduos, e os participantes foram divididos por grupos, por aleatoriedade e em quantidades iguais para fins de comparabilidade.

Imitação de tratamentos

Trata-se da comunicação entre os sujeitos durante o experimento que pode resultar na ausência de independência das respostas ao tratamento.

Aplicação do instrumento foi de forma individualizada e sem a interação entre os participantes. As questões de cada tarefa foram randomizadas no segundo período de aplicação e ao final do experimento não foi permitido anotações da tarefa em documento que não fosse do próprio experimento. Desmoralização

Ressentida

Diferentes tratamentos experimentais podem causar diferentes níveis de motivação entre os indivíduos e impactar nos resultados.

Todos participantes receberam as mesmas tarefas, inclusive a declaração de participação.

Fonte: Adaptado de Smith (2003).

Além da validação interna, o experimento necessita da validade externa. A validade externa consiste no grau em que os resultados podem ser generalizados levando em consideração os participantes do estudo, o método de mensuração adotado e a tarefa aplicada nos indivíduos (Libby et al., 2002). Como validade externa, segundo Smith (2003), tem-se a Validade Populacional, Validade Ecológica e a Validade Temporal, conforme Tabela 3.

Tabela 3 – Ameaças a Validade Externa

Ameaças Características Medidas para controle

Validade Populacional

A ausência de Validade Populacional está relacionada a não representatividade da amostra em relação à população.

No caso deste estudo à generalização dos resultados se estende apenas a população específica da pesquisa.

Validade Ecológica

Refere-se à generalização dos resultados do estudo para outras configurações experimentais, contempla a aplicação de experimentos mais próximos à realidade e uma maior atenção ao contexto experimental.

Nesta pesquisa, as tarefas apresentadas aos participantes para julgamento e tomada de decisão foram construídas tomando por base cenários reais, adaptado de Sanusi et al. (2007).

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Temporal

Está associada à generalização dos resultados da pesquisa ao longo do tempo.

Para o presente experimento, a generalização dos resultados está limitada a um único período temporal.

Fonte: Adaptado de Smith (2003).

Identificadas as ameaças as validades interna e externa, bem como as medidas para controlá-las, o experimento foi operacionalizado. Após o aceite do convite para participação no experimento, todos os acadêmicos responderam o questionário de cronotipo de Horne e Östberg (1976), para identificação da característica individual de matutinidade ou vespertinidade. Vale ressaltar que o questionário de cronotipo já consta validado no Brasil, como por exemplo, no estudo de Benedito Silva et al. (1990). Na sequência foi realizado a tabulação dos questionários, e após isso, os grupos para aplicação do experimento foram formados, sendo 4 grupos divididos de forma aleatória da seguinte forma:

a) Indivíduos com característica matutina, sendo 50% no grupo A e 50% no grupo C; b) Indivíduos com característica vespertina, sendo 50% no grupo B e 50% no grupo D. Os acadêmicos dos grupos A e B participaram do experimento no período da noite na sala de aula G-101 da Unidade I da instituição de ensino (unidade de pesquisa). Já os acadêmicos dos grupos C e D participaram do experimento no período da manhã na sala de aula F-204 da Unidade I da instituição de ensino. Destaca-se que ambas as salas possuem as mesmas características em termos de dimensão e layout. Todos os participantes realizaram a atividade sem interação com os colegas, com duração de no máximo 40 minutos. Ressalta-se também que a sequência das tarefas foi permutada entre os participantes, as questões de cada tarefa foram randomizadas no segundo período de aplicação e ao final do experimento não foi permitido anotações da tarefa em documento que não seja do próprio experimento.

3.4 Instrumento de coleta de dados

Para responder ao objetivo proposto, os 4 grupos responderam as duas tarefas de auditoria contábil envolvendo controle interno e com níveis diferentes de complexidade (Baixa e Alta Complexidade), adaptadas de Sanusi et al. (2007). Na tarefa 1, que é de baixa complexidade, é exigido dos participantes a análise de uma lista de objetivos da auditoria relacionados a transações de vendas e de uma lista de procedimentos de auditoria de uma empresa hipotética, e por fim, a indicação do objetivo da auditoria de cada procedimento, escolhendo entre uma lista de seis objetivos da auditoria. A condição de baixa complexidade foi definida na tarefa em função da alta clareza e alta precisão das informações.

Na tarefa 2, que é de alta complexidade, é exigido que os participantes analisem uma lista de distorções relacionadas com as operações de caixa de uma empresa hipotética e identifiquem os procedimentos de auditoria necessários para descobrir as distorções, escolhendo entre uma lista de oito testes substantivos. Os participantes foram autorizados a selecionar mais de um critério material para cada distorção. A condição de alta complexidade foi definida na tarefa em função da baixa clareza e baixa precisão das informações.

O desempenho no julgamento e tomada de decisão em auditoria foi determinado pelo número de respostas corretas para as questões das tarefas de auditoria (computado com pontuações percentuais), variando de 0 a 100 pontos. Na tarefa 1, o desempenho foi determinado por contagem do número de respostas corretas para os objetivos da auditoria. Na tarefa 2, o desempenho foi determinado pela contagem do número de escolhas corretas de testes substantivos.

3.5 Procedimentos de análise dos dados

Para análise dos dados foi utilizada estatística descritiva, Análise de Variância (ANOVA) com Testes Post-hoc – Teste Tukey e a técnica estatística Regressão Linear Múltipla por meio

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do Software SPSS® versão 22.0. A técnica regressão múltipla foi utilizada para analisar o efeito moderador das características do cronotipo do auditor na influência da complexidade da tarefa no julgamento e tomada de decisão em auditoria.

Na regressão múltipla, o tratamento ao grupo experimental teve a composição fatorial 2 x 2, sendo a variável independente Cronotipo mensurada como Matutino ou Vespertino, e a variável independente Complexidade da Tarefa como Baixa Complexidade ou Alta Complexidade. Já a variável dependente, como destacado anteriormente, foi mensurada pelo desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão nas tarefas de baixa e alta complexidade. Apresenta-se na equação abaixo, o modelo principal de análise de regressão linear múltipla utilizado no presente estudo:

DJTD = β0 + β1CRON+β2COMP+β3COMP.CRON+εi Equação

Em que:

DJTD = Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão; CRON = Cronotipo;

COMP = Complexidade da Tarefa.

4 Apresentação e análise dos resultados 4.1 Análise descritiva das variáveis

Nesta seção são discutidos os resultados do estudo. Inicia-se com a apresentação dos resultados encontrados na estatística descritiva das variáveis apresentada na Tabela 4.

Tabela 4 – Estatística descritiva

Variáveis Mínimo Máximo Média Mediana Desvio

Padrão IDADE 20 55 24,70 21,50 7,8410 Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DJTD) DJTD_BX_COMP 34,00 88,00 62,20 61,00 16,5548 DJTD_AL_COMP 44,00 78,00 56,40 56,00 9,3718

Legenda: BX_COMP = Tarefa de Baixa Complexidade; AL_COMP = Tarefa de Alta Complexidade. Fonte: Dados da pesquisa.

Ao analisar as médias, observa-se que a idade dos participantes do experimento ficou em 24 anos, aproximadamente. Quanto ao desempenho, em uma escala de 0 a 100, na tarefa de baixa complexidade, a nota mínima foi 34,00, a máxima 88,00, tendo como média 62,20 e desvio padrão 16,55. Na tarefa de alta complexidade, a nota mínima foi de 44,00, a máxima de 78, tendo como média 56,40 e desvio padrão 9,37. Esses resultados corroboram com a literatura, ao apresentar resultados que evidenciam que quanto mais complexa for a tarefa, maior a tendência do desempenho final diminuir (Bonner, 1994; Tan & Kao, 1999). As tarefas de baixa complexidade exigem quantidades mínimas de atenção, coordenação e esforço, ao contrário das tarefas de alta complexidade, que são mais exigentes e demandam por mais esforço (Tan & Kao, 1999; Bagley, 2010).

Para fins de apresentação do Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria, optou-se em utilizar uma escala com intervalos de 20 pontos para demonstrar o desempenho dos participantes que realizaram as tarefas de auditoria de baixa e alta complexidade. A Tabela 5 apresenta o desempenho dos participantes relacionando a algumas características, como o sexo e se trabalha na área contábil.

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Tabela 5 – Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria

Escala de Desempenho 0-20 21-40 41-60 61-80 81-100 TOTAL

Número alunos - 1 7 12 - 20

% - 5% 35% 60% - 100%

Sexo Masculino - - - 4 - 4

Sexo Feminino - 1 7 8 - 16

Trabalha na área contábil (TAC) - - 4 8 - 12

Não Trabalha na área contábil (NTAC) - 1 3 4 - 8

Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DJTD) TAC H - - - 3 - 3 M - - 2 5 - 7 NTAC H - - - 1 - 1 M - 1 5 3 - 9 Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão de Auditoria em Tarefa de Baixa Complexidade

(DJTD_BX_COMP) TAC H - - - 3 - 3 M - 1 6 2 2 11 NTAC H - - 1 - - 1 M - 1 1 2 1 5 Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão de Auditoria em Tarefa de Alta Complexidade

(DJTD_AL_COMP)

TAC H - - 3 - - 3

M - - 4 3 - 7

NTAC H - - - 1 - 1

M - - 7 2 - 9

Legenda: TAC-Trabalha na área contábil; NTAC-Não Trabalha na área contábil; H-Homem, M-Mulher. Fonte: Dados da pesquisa.

Observa-se por meio da Tabela 5 que um participante (5%) obteve entre 21 a 40 pontos referente ao Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DJTD), 7 participantes (35%) da amostra apresentaram entre 41 a 60 pontos na escala e 12 participantes (60%) demonstraram um desempenho entre 61 a 80 pontos na realização da Tarefa de DJTD. Estes resultados evidenciam que a maior parte dos alunos apresentaram desempenho satisfatório na realização da Tarefa, pois atingiram pontuação mais elevada na escala de 0 a 100 pontos, ou seja, acima de 60% de acertos na realização da tarefa. Dentre estes participantes destaca-se que a maioria são mulheres (8) e já trabalham na área contábil, mas não na área de auditoria.

Em relação ao Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão de Auditoria em Tarefa de Baixa Complexidade (DJTD_BX_COMP) percebe-se que a maioria dos alunos apresentaram desempenho na escala entre 41 a 80 pontos. Entre os participantes com desempenho entre 41 a 60 pontos, 7 são mulheres e 6 possuem experiência na área contábil. Já na escala de 61 a 80 pontos, 3 são homens e já trabalham na área contábil e 4 são mulheres, sendo 2 com experiência na área contábil. Ainda 3 participantes apresentaram o desempenho na escala de 81 a 100 pontos, sendo 3 mulheres que já trabalham na área contábil. Estes achados indicam que o desempenho em uma tarefa de baixa complexidade tende a ser mais elevado, visto que, a atenção e o esforço despendido para este tipo de atividade são menores que em uma tarefa de alta complexidade. Assim o DJTD_BX_COMP apresenta resultados melhores.

O Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão de Auditoria em Tarefa de Alta Complexidade (DJTD_AL_COMP) também apresenta maior concentração de desempenho na escala entre 41 a 80 pontos. Na escala de 41 a 60 pontos evidencia-se 14 participantes, sendo 11 mulheres, em que 4 já trabalham na área contábil e 3 homens que possuem experiência na área contábil. No intervalo entre 61 a 80 pontos apresenta-se 6 participantes, 5 mulheres em que 3 já trabalham na área contábil e um homem que também já trabalha na área contábil. Estes resultados evidenciam que o DJTD_AL_COMP teve uma concentração no intervalo de 41 a 80 pontos, não apresentando pontuações inferiores a 20 pontos e superiores a 81 pontos.

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4.2 Análise do resultado do experimento

Primeiramente, para identificar e analisar diferenças entre as situações experimentais, utilizou-se da análise estatística ANOVA e Testes Post-hoc. Como a Análise de Variância (ANOVA) é um teste paramétrico, Maroco (2014) destaca que são necessários o atendimento de dois pressupostos: 1) que a variável dependente possua distribuição normal; e que 2) as variâncias populacionais sejam homogêneas. Assim, para testar Normalidade, foi utilizado o teste de Kolmogorov-Smirnov, enquanto para testar a homogeneidade das variâncias o teste de Levene.

Tabela 6 – Teste de Normalidade Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão

(DES_JTD)

Kolmogorov-Smirnov

Estatística df Sig.

0,131 40 0,080

Fonte: Dados da pesquisa.

Com base na Tabela 6, no teste Kolmogorov-Smirnov, o p-value (Sig.) é superior a 0,05, sendo 0,080. Com base no exposto, pode-se inferir que diante de uma probabilidade de erro de 5%, a distribuição da variável na amostra estudada é normal. Na sequência, para verificar se a variância apresenta homogeneidade, foi realizado o teste de Levene, calculado a partir da média, mediana corrigida pelo fato de estar sendo considerado uma amostra e não a população inteira, e pela média apurada (Maroco, 2014). Os resultados mostraram que a variância populacional é homogênea já que sendo qualquer dos p-values calculados superior a 0,05 não se rejeita H0 de

homogeneidade de variâncias. Atendido os pressupostos realizou-se o teste ANOVA.

Tabela 7 – ANOVA: Análise de variância dos grupos experimentais Variável Dependente: Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DES_JTD)

Soma dos Quadrados Df Quadrado Médio F Sig.

Entre Grupos 3871,533 3 553,076 5,298 0,000

Nos Grupos 3340,867 32 104,402

Total 7212,400 39

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com a Tabela 7, com uma probabilidade de erro tipo I de 5%, pode-se inferir que existem pelo menos dois grupos em que o desempenho médio no julgamento e tomada de decisão é significativamente diferente, já que o p = 0,000 (Sig.) é menor do que 0,05, o que permite rejeitar a H0. Observa-se que com base na ANOVA só é possível concluir que pelo

menos duas médias são diferentes, mas nada diz sobre qual, ou quais, médias são diferentes. Essa situação é resolvida por comparações múltiplas, por meio de Testes Post-hoc.

Com testes Post-hoc, testa-se após a rejeição da H0 na ANOVA, qual ou quais médias são

os pares de médias significativamente diferentes (Maroco, 2014). Há vários testes Post-hoc de comparações múltiplas de médias, porém, conforme Tabela 8, optou-se pelo Teste Tukey, “principalmente por ser um dos mais potentes e robustos aos desvios à normalidade e homogeneidade das variâncias” (Maroco, 2014, p.216).

Tabela 8 – Testes Post-hoc: Comparações Múltiplas Variável Dependente: Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DES_JTD)

Tukey HS D (I) Cron_Tur (J) Cron_Tur Diferença média (I-J) Erro Padrão Sig. Intervalo de Confiança 95% Limite Inferior Limite Superior

Mat_Mat_BC Mat_Ves_BC 35,200* 6,854 0,000 12,996 57,403

Ves_Ves_BC 7,600 6,854 0,936 -14,603 29,803

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www.congressousp.fipecafi.org        Mat_Mat_AC 24,500* 7,225 0,022 1,095 47,904 Mat_Ves_AC 24,000* 6,854 0,035 1,796 46,203 Ves_Ves_AC 21,600* 6,854 0,027 -0,603 43,803 Ves_Mat_AC 24,333 6,595 0,061 2,968 45,698 Mat_Ves_BC Ves_Ves_BC -27,600* 6,462 0,004 -48,533 -6,666 Ves_Mat_BC -11,533 6,187 0,584 -31,575 8,508 Mat_Mat_AC -10,700 6,854 0,769 -32,903 11,503 Mat_Ves_AC -11,200 6,462 0,667 -32,133 9,733 Ves_Ves_AC -13,600 6,462 0,434 -34,533 7,333 Ves_Mat_AC -10,866 6,187 0,652 -30,908 9,175 Ves_Ves_BC Ves_Mat_BC 16,066 6,187 0,194 -3,975 36,108 Mat_Mat_AC 16,900 6,854 0,246 -5,303 39,103 Mat_Ves_AC 16,400 6,462 0,216 -4,533 37,333 Ves_Ves_AC 14,000 6,462 0,397 -6,933 34,933 Ves_Mat_AC 16,733 6,187 0,158 -3,308 36,775 Ves_Mat_BC Mat_Mat_AC 0,833 6,595 1,000 -20,531 22,198 Mat_Ves_AC 0,333 6,187 1,000 -19,708 20,375 Ves_Ves_AC -2,066 6,187 1,000 -22,108 17,975 Ves_Mat_AC 0,666 5,899 1,000 -18,442 19,775 Mat_Mat_AC Mat_Ves_AC -0,500 6,854 1,000 -22,703 21,703 Ves_Ves_AC -2,900 6,854 1,000 -25,103 19,303 Ves_Mat_AC -0,166 6,595 1,000 -21,531 21,198 Mat_Ves_AC Ves_Ves_AC -2,400 6,462 1,000 -23,333 18,533 Ves_Mat_AC 0,333 6,187 1,000 -19,708 20,375 Ves_Ves_AC Ves_Mat_AC 2,733 6,187 1,000 -17,308 22,775

Legenda: Mat_Mat_BC = Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina de Baixa Complexidade; Mat_Mat_AC = Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina de Alta Complexidade; Mat_Ves_BC = Matutino em Tarefa Vespertina de Baixa Complexidade; Mat_Ves_AC = Matutino em Tarefa Vespertina de Alta Complexidade; Ves_Ves_BC = Vespertino em Tarefa Vespertina de Baixa Complexidade; Ves_Ves_AC = Vespertino em Tarefa Vespertina de Alta Complexidade; Ves_Mat_BC = Vespertino em Tarefa Matutina de Baixa Complexidade; Ves_Mat_AC = Vespertino em Tarefa Matutina de Alta Complexidade.

Fonte: Dados da pesquisa.

De acordo com a Tabela 8, na comparação entre as colunas I e J, constata-se que no grupo indivíduos com cronotipo matutino realizando tarefa de baixa complexidade no período matutino (Mat_Mat_BC), por meio dos p-values menores do que 0,05, apresentam médias de desempenho significativamente diferentes dos indivíduos com cronotipo matutino realizando tarefa de baixa complexidade no período vespertino (Mat_Ves_BC), dos com cronotipo matutino em tarefa de alta complexidade no período matutino (Mat_Mat_AC), dos com cronotipo matutino em tarefa de alta complexidade no período vespertino (Mat_Ves_AC) e dos com cronotipo vespertino em tarefa de alta complexidade no período vespertino (Ves_Ves_AC).

Ao considerar também a coluna “Diferença entre Médias” (I-J), observa-se que a pessoa com cronotipo matutino executando tarefa de baixa complexidade no período matutino apresenta um melhor desempenho do que quem possui cronotipo matutino executando tarefa de baixa complexidade no período vespertino, com cronotipo matutino executando tarefa de alta complexidade no período matutino, com cronotipo matutino executando tarefa de alta complexidade no período vespertino e de quem possui com cronotipo vespertino executando tarefa de alta complexidade no período vespertino. Esses achados evidenciam que a realização de tarefas levando em consideração o cronotipo resultam em melhores desempenhos, corroborando com Roenneberg et al. (2003), Wittmann et al. (2006) e Norbury (2017). Esse desempenho tende a ser melhor quando a tarefa é de baixa complexidade.

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Na comparação entre os indivíduos com cronotipo matutino realizando tarefa de baixa complexidade no período vespertino (Mat_Ves_BC) e os com cronotipo vespertino realizando tarefa de baixa complexidade no período vespertino (Ves_Ves_BC), além da diferença ser significativa, o segundo grupo (Ves_Ves_BC) apresentou um desempenho melhor. Observa-se que esse grupo que obteve desempenho superior, os participantes realizaram a tarefa em seu período ótimo. Esse achado reforça as evidências apontadas por Roenneberg et al. (2003), Wittmann et al. (2006) e Norbury (2017), de que o desempenho tende a ser melhor quando a tarefa é realizada no período do cronotipo.

Para dar mais robustez na análise dos fatores analisados, realizou-se teste ANOVA para comparação de desempenho no julgamento e tomada de decisão em auditoria, considerando apenas quatro grupos de comparação: 1) Realizando tarefa de “baixa complexidade” “fora” do período do cronotipo; 2) Realizando tarefa de “alta complexidade” “fora” do período do cronotipo; 3) Realizando tarefa de “baixa complexidade” “dentro” do período do cronotipo; e 4) Realizando tarefa de “alta complexidade” “dentro” do período do cronotipo. De acordo com a Tabela 9, pode-se inferir que existem pelo menos dois grupos em que o desempenho médio no julgamento e tomada de decisão é significativamente diferente.

Tabela 9 – ANOVA: Análise de variância dos grupos dentro e fora do período ótimo Variável Dependente: Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DES_JTD)

Soma dos Quadrados Df Quadrado Médio F Sig.

Entre Grupos 3361,410 3 1120,470 10,474 0,000

Nos Grupos 3850,990 36 106,972

Total 7212,400 39

Fonte: Dados da pesquisa.

Para comparações múltiplas, aplicou-se Testes Post-hoc, Teste Tukey. De acordo com a Tabela 10, na comparação entre os indivíduos que realizaram tarefa de baixa complexidade fora do período do cronotipo (Fora_Per_Cron_BC) e os que realizaram tarefa de baixa complexidade dentro do período do cronotipo (Dentro_Per_Cron_BC), além da diferença ser significativa, o segundo grupo (Dentro_Per_Cron_BC) apresentou um desempenho melhor. Esse achado reforça os argumentos apresentados anteriormente, de que a realização da tarefa no período ótimo tende a resultar em um melhor desempenho.

Tabela 10 – Testes Post-hoc: Comparações Múltiplas Variável Dependente: Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DES_JTD)

Tuke

y

HSD

(I) Cron_Tur (J) Cron_Tur

Diferença média (I-J) Erro Padrão Sig. Intervalo de Confiança 95% Limite Inferior Limite Superior Fora_Per_Cron_BC Dentro_Per_Cron_BC -24,686* 4,648 0,000 -37,206 -12,166 Fora_Per_Cron_AC -4,727 4,410 0,709 -16,604 7,150 Dentro_Per_Cron_AC -6,020 4,648 0,572 -18,540 6,499 Dentro_Per_Cron_BC Fora_Per_Cron_AC 19,959* 4,648 0,001 7,439 32,479 Dentro_Per_Cron_AC 18,666* 4,875 0,003 5,535 31,797 Fora_Per_Cron_AC Dentro_Per_Cron_AC -1,292 4,648 0,992 -13,812 11,227 Legenda: Dentro_Per_Cron_BC = Dentro do Período do Cronotipo em Tarefa de Baixa Complexidade; Fora_Per_Cron_BC = Fora do Período do Cronotipo em Tarefa de Baixa Complexidade; Dentro_Per_Cron_AC = Dentro do Período do Cronotipo em Tarefa de Alta Complexidade; Fora_Per_Cron_AC = Fora do Período do Cronotipo em Tarefa de Alta Complexidade;

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Ao comparar os participantes que realizaram tarefa de baixa complexidade dentro do período do cronotipo (Dentro_Per_Cron_BC) com os que realizaram tarefa de alta complexidade fora do período do cronotipo (Fora_Per_Cron_AC) e com os que realizaram tarefa de alta complexidade dentro do período do cronotipo (Dentro_Per_Cron_AC), além da diferença ser significativa, o primeiro grupo (Dentro_Per_Cron_BC) apresentou um desempenho melhor aos demais. Além de reforçar os argumentos da importância de se considerar o cronotipo na realização de tarefas para um melhor resultado, o fato da atividade ser de baixa complexidade contribui para melhorar o julgamento e tomada de decisão.

Na sequência, realizou a análise de Regressão Linear Múltipla. Inicialmente analisou-se a normalidade e a homocedasticidade dos resíduos. O teste não paramétrico de Kolmogorov-Smirnov, que tem como objetivo verificar a normalidade dos dados, evidenciou uma distribuição normal das variáveis a um nível de 5% (p-value< 0,05). Além do exposto, foi aplicado o teste homocedasticidade de Levene, que é o mais comum para esse tipo de verificação. Conforme observado, o teste não foi significativo, confirmando-se a hipótese de que a variância dos erros é uniforme, ou seja, que a diferença entre as variâncias é igual a zero, em que os resíduos são homocedásticos.

A Tabela 11 mostra o coeficiente de determinação (R2) do modelo de regressão em 0,305 no modelo 1 e 0,537 no modelo 2. O modelo 1 apresenta a regressão linear sem efeito, já o modelo 2 apresenta a regressão linear com efeito moderador do cronotipo na influência da complexidade no julgamento e tomada de decisão em auditoria. O resultado da Tabela 11 indica que as variáveis independentes são responsáveis por 30,50% da variação do desempenho no julgamento e tomada de decisão (DJTD) em auditoria contábil no modelo 1 e 53,70% no modelo 2. Maroco (2014) expõe que o R2 ajustado evidencia uma noção de quão bem o modelo

generaliza os resultados, assim, pode ser considerado que quanto mais próximo do valor do R2 melhor é o poder de explicação dos modelos adotados. De forma geral, o R2 ajustado do DJTD em auditoria contábil do modelo 2 é bom e próximo ao R2, o que denota um poder satisfatório

de explicação como se observa na Tabela 11.

Tabela 11 – Poder de explicação e análise de autocorrelação dos modelos de regressão linear

Modelos de Regressão R R² Ajustado Erro padrão

da estimativa

Durbin-Watson

Modelo 1 – DJTD – sem efeito moderador 0,553a 0,305 0,226 11,9641 2,332 Modelo 2 – DJTD – com efeito moderador 0,733a 0,537 0,435 10,2177 2,460 a. Preditores: (Constante), MAT_MAT, VES_VES, VES_MAT, COMP, COMPxMAT_MAT, COMPxMAT_VES, COMPxVES_VES. b. Variável Dependente: DJTD.

Legenda: MAT_MAT = Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina; VES_VES = Vespertino em Tarefa Vespertina; VES_MAT = Vespertino em Tarefa Matutina; COMP = Complexidade da Tarefa; COMPxMAT_MAT = Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina Modera a Influência da Complexidade; COMPxMAT_VES = Matutino em Tarefa Vespertina Modera a Influência da Complexidade; COMPxVES_VES = Vespertino em Tarefa Vespertina Modera a Influência da Complexidade; Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DJTD). Fonte: Dados da pesquisa.

Na Tabela 11 também foi analisado o Durbin-Watson, em que, segundo Maroco (2014), resultados próximos a 2 indicam que não há problema de autocorrelação de primeira ordem entre os resíduos. Dessa forma, tanto para o modelo 1 quanto para o modelo 2, o teste de Durbin-Watson apresentou um valor na faixa 2, o que sugere a independência dos resíduos, indicando que não há relação entre eles (Maroco, 2014).

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Tabela 12 – ANOVA: Análise de variância das variáveis nos modelos de regressão linear

Modelo Soma dos

quadrados DF Quadrado médio F Sig.b - Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DJTD) Regressão 2202,500 4 550,625 3,847 0,011 Resíduos 5009,900 35 143,140 TOTAL 7212,400 39 - Desempenho no Julgamento e Tomada de Decisão (DJTD) Regressão 3871,533 7 553,076 5,298 0,000 Resíduos 3340,867 32 104,402 TOTAL 7212,400 39

a.Variável Dependente: DJTD. b.Preditores: (Constante), MAT_MAT, VES_VES, VES_MAT, COMP, COMPxMAT_MAT, COMPxMAT_VES, COMPxVES_VES.

Fonte: Dados da pesquisa.

A literatura destaca que se a significância da ANOVA for menor ou igual a 0,05 há linearidade nos dados e que pelo menos uma das variáveis explicativas incluídas é significativa para explicar o comportamento da variável dependente (Maroco, 2014). Para ambos os modelos (1 e 2), os resultados na Tabela 12 demonstram que há evidências de que as variáveis Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina (MAT_MAT), Cronotipo Vespertino em Tarefa Vespertina (VES_VES), Cronotipo Vespertino em Tarefa Matutina (VES_MAT), Complexidade da Tarefa (COMP), Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina Modera a Influência da Complexidade (COMPxMAT_MAT), Cronotipo Matutino em Tarefa Vespertina Modera a Influência da Complexidade (COMPxMAT_VES), Cronotipo Vespertino em Tarefa Vespertina Modera a Influência da Complexidade (COMPxVES_VES) e Cronotipo Vespertino em Tarefa Matutina Modera a Influência da Complexidade (COMPxVES_MAT) influenciam significativamente no Desempenho do Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria (DJTD), com exceção da variável “COMPxVES_MAT” para o modelo 2.

A variável Cronotipo Matutino em Tarefa Vespertina (MAT_VES) do 1º modelo e as variáveis Cronotipo Matutino em Tarefa Vespertina (MAT_VES) e Cronotipo Vespertino em Tarefa Matutina Modera a Influência da Complexidade (COMPxVES_MAT). Do 2º modelo, foram excluídas de forma automática do modelo de regressão, por apresentarem problemas de colinearidade. Por fim, a Tabela 13 apresenta o resultado dos modelos de regressão para o Desempenho do Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria. Nos dois modelos, o resultado do VIF mostra e confirma que não há problemas de multicolinearidade, já que os valores não são superiores a 10 (Kennedy, 1998; Gujarati, 2006).

Tabela 13 – Resultado da influência e moderação das variáveis nos modelos de regressão múltipla Variáveis

Independentes

Modelo 1 – regressão múltipla sem moderação

Modelo 2 – regressão múltipla com moderação

Coeficiente / Sig. VIF Coeficiente / Sig. VIF

Constante Coeficiente 53,300 - Coeficiente 44,800 -

Sig. 0,000 Sig. 0,000

MAT_MAT Coeficiente 17,350 1,440 Coeficiente 35,200 2,880

Sig. 0,004 Sig. 0,000

VES_VES Coeficiente 15,000 1,500 Coeficiente 27,600 3,000

Sig. 0,008 Sig. 0,000

VES_MAT Coeficiente 5,600 1,540 Coeficiente 11,533 3,080

Sig. 0,282 Sig. 0,072

COMP Coeficiente -5,800 1,000 Coeficiente -,667 3,333

Sig. 0,134 Sig. 0,911

COMPxMAT_MAT Coeficiente 23,833 3,000

Sig. 0,016

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Sig. 0,185

COMPxVES_VES Coeficiente 13,333 3,208

Sig. 0,137 Fonte: Dados da pesquisa.

Conforme a Tabela 13, modelo 1, as variáveis independentes Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina (MAT_MAT) e Vespertino em Tarefa Vespertina (VES_VES) podem ser consideradas estatisticamente significante ao nível de 5% (p-value < 0,05). Assim, pode-se considerar que o Indivíduo com Cronotipo Matutino realizando Tarefa de Auditoria no período Matutino e o Indivíduo com Cronotipo Vespertino realizando Tarefa de Auditoria no período Vespertino influenciam significativamente e de forma positiva no Desempenho do Julgamento e Tomada de Decisão (DJTD) em Auditoria. Este resultado corrobora com Roenneberg et al. (2003), Wittmann et al. (2006) e Norbury (2017), ao apresentarem evidencias e argumentos de que o desenvolvimento de tarefas de acordo com o cronotipo resultam em melhores desempenhos. Apesar da Complexidade não ter sido considerada estatisticamente significativa, mostra uma relação negativa com o DJTD, ou seja, com o aumento da complexidade da tarefa, o DJTD tende a ser prejudicado.

De acordo com a Tabela 13, visando atender o objetivo do presente trabalho, o modelo 2 da regressão linear apresenta o efeito moderador (influência) do cronotipo na relação entre a complexidade da tarefa e o julgamento e a tomada de decisão em auditoria. As variáveis independentes Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina (MAT_MAT), Cronotipo Vespertino em Tarefa Vespertina (VES_VES) e Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina Modera a Influência da Complexidade (COMPxMAT_MAT), podem ser consideradas estatisticamente significantes ao nível de 5% (p-value < 0,05).

Os resultados acima possibilitam considerar que tanto o Indivíduo com Cronotipo Matutino realizando Tarefa de Auditoria no período Matutino (MAT_MAT), quanto o Indivíduo com Cronotipo Vespertino realizando Tarefa de Auditoria no período Vespertino (VES_VES), influenciam significativamente e de forma positiva no Desempenho do Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria. Este resultado reforça o argumento de que a realização de tarefas no período ótimo do cronotipo, pode levar a resultados mais consistentes e de melhor qualidade, corroborando com Roenneberg et al. (2003), Wittmann et al. (2006) e Norbury (2017). Esses achados revelam uma característica comportamental importante e que pode contribuir para um bom planejamentos das atividades a serem desenvolvidas e em melhor qualidade do processo como um todo.

Na análise do efeito moderador, o estudo identificou que o Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina modera de forma significativa e positiva o efeito da Complexidade da Tarefa no Desempenho do Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria (COMPxMAT_MAT), o que está de acordo com os argumentos de Bonner (1994), Tan e Kao (1999), Bagley (2010), Wittmann et al. (2006) e Norbury (2017), e assim, não é possível rejeitar a hipótese de pesquisa. Como a complexidade da tarefa tende a aumentar as incertezas e dificuldades e diminuir a consistência e qualidade do julgamento e tomada de decisão, o presente achado mostra que a realização de tarefas no período do cronotipo, neste caso, matutino, minimiza o efeito da complexidade, o que pode resultar em um melhor desempenho.

Quanto a variável Cronotipo Vespertino em Tarefa Vespertina Modera a Influência da Complexidade (COMPxVES_VES), não foi considerada estatisticamente significante ao nível de 5% (p-value < 0,05), ou seja, não há evidências de que o indivíduo com Cronotipo Vespertino em Tarefa Vespertina Modera o efeito da Complexidade da Tarefa no Desempenho do Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria. Apesar de não poder ser considerada estatisticamente significante, é possível observar uma relação positiva, em que o planejamento de tarefas no período do cronotipo, neste caso, vespertino, pode diminuir o efeito de

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dificuldades e incertezas que a complexidade da tarefa gera, e assim, melhorar o desempenho do julgamento e tomada de decisão.

5 Conclusão e recomendações

A presente pesquisa verificou a influência do cronotipo na relação entre a complexidade da tarefa e o julgamento e tomada de decisão em auditoria, em contexto que envolve procedimentos de auditoria e testes substantivos de transações. Para alcançar o objetivo proposto, realizou-se um experimento com 20 acadêmicos que cursavam a disciplina de auditoria contábil, matriculados na sétima ou oitava fase, ou seja, último ano do curso de Ciências Contábeis. A amostra foi composta por 20 acadêmicos, mas como cada acadêmico realizou duas tarefas, uma de baixa complexidade e outra de alta complexidade, o experimento gerou 40 observações.

Os participantes do experimento são jovens, com média de 24 anos de idade. Ao analisar o desempenho dos participantes nas tarefas de auditoria, em uma escala de 0 a 100, o resultado médio foi de 56,40. Como cada participante realizou duas tarefas, uma de baixa complexidade e outra de alta complexidade, os achados mostram que a média do desempenho na tarefa de baixa complexidade (62,20) foi maior do que na de alta complexidade (56,40), o que confirma os argumentos apresentados na literatura, de que o aumento da complexidade resulta em um desempenho menor (Bonner, 1994; Tan & Kao, 1999). Quanto menor é a complexidade de uma tarefa, menor tende a ser a exigência de análise e o esforço empregado para a decisão final.

Por meio da análise de regressão múltipla o estudo mostrou que o indivíduo com Cronotipo Matutino realizando Tarefa de Auditoria no período Matutino influencia significativamente e de forma positiva no Desempenho do Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria. Resultado similar foi encontrado no teste do Indivíduo com Cronotipo Vespertino realizando Tarefa de Auditoria no período Vespertino. Os achados mostraram que a pessoa com Cronotipo Vespertino realizando Tarefa de Auditoria no período Vespertino influencia significativamente e de forma positiva no Desempenho do Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria. Essas constatações em auditoria contábil confirmam os argumentos e achados de outras áreas, de que o desenvolvimento de tarefas de acordo com o cronotipo resultam em melhores desempenhos (Roenneberg et al., 2003; Wittmann et al., 2006; Norbury, 2017). Com estes resultados, torna-se possível levar em consideração o cronotipo para um bom planejamentos das atividades, para uma melhor qualidade nas tarefas diárias e na atribuição de maiores volumes de informações a serem trabalhadas.

Ao considerar que a complexidade da tarefa é um fator inerente à atividade de auditoria que afeta negativamente o desempenho do julgamento e tomada de decisão de auditoria, e que o desenvolvimento dessas tarefas podem ter resultados melhores quando leva-se em consideração o cronotipo individual para planejamento das atividades, o estudo buscou verificar se o cronotipo modera (influência) a relação entre a complexidade da tarefa e o julgamento e a tomada de decisão em auditoria. Os resultados foram consistentes ao mostrar que o Indivíduo com Cronotipo Matutino em Tarefa Matutina Influência de forma significativa e positivamente o efeito da Complexidade da Tarefa no Desempenho do Julgamento e Tomada de Decisão em Auditoria, o que converge com Bonner (1994), Tan e Kao (1999), Bagley (2010), Wittmann et al. (2006) e Norbury (2017), e assim, não é possível rejeitar a hipótese da pesquisa. Entretanto, ao se analisar o indivíduo com Cronotipo Vespertino em Tarefa Vespertina Moderando a Influência da Complexidade não foi considerada estatisticamente significante, porém mostrou um sinal no mesmo sentido esperado.

Com base nos achados, é possível argumentar que o planejamento e a realização de atividades, no caso em auditoria, levando em consideração o cronotipo matutino, é um fator que diminui o efeito da complexidade no julgamento e tomada de decisão em auditoria. Quanto

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maior a complexidade da tarefa, maior é a incerteza na realização do julgamento e tomada de decisão, assim, a execução da atividade de acordo com o cronotipo, o desempenho no julgamento e tomada de decisão tende a ser menos afetado pelo aumento da complexidade. Ressalta-se que tais achados não devam ser considerados unicamente nas atividades diárias, mas que essa informação seja ponderada para um melhor planejamento e atribuição dessas tarefas, sobretudo quando da alocação das tarefas de alta complexidade em função do cronotipo individual. Assim, espera-se que a qualidade do processo do julgamento e tomada de decisão seja melhorada.

O estudo contribuiu com a literatura sobre julgamento e tomada de decisão em auditoria contábil ao mostrar que o cronotipo afeta o desempenho. Além disso, contribui também ao revelar o efeito moderador das características de matutinidade do indivíduo na influência da complexidade da tarefa no julgamento e tomada de decisão em auditoria. Dessa forma, o cronotipo pode ser considerado um fator que influencia na relação entre a complexidade da tarefa e o desempenho no julgamento e tomada de decisão, o que revela um elemento para ser considerado no planejamento das atividades de auditoria.

O estudo limita-se a amostra, os acadêmicos de ciências contábeis que estão cursando as disciplinas de auditoria contábil. Para estudos futuros, sugere-se a inclusão de outros fatores que podem ter os seus efeitos moderados pelo cronotipo individual, como o estado de afeto do participante no momento da realização da atividade. Outros estudos podem abordar novas tarefas, e ainda, estender a amostra para profissionais de auditoria e verificar se os presentes achados se mantem constantes.

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