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Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde ISSN: Universidade Anhanguera Brasil

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Agrárias e da Saúde ISSN: 1415-6938 editora@uniderp.br Universidade Anhanguera Brasil

Rigo, Leonardo; Mamoru Tamaki, Edson; Robin Honer, Michael

A QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICA AMBULATORIAL NAS UNIDADES BÁSICAS DE SAÚDE DE CAMPO GRANDE, MS: O CASO DAS AMIGDALITES AGUDAS

Ensaios e Ciência: Ciências Biológicas, Agrárias e da Saúde, vol. 11, núm. 1, abril, 2007, pp. 23-32 Universidade Anhanguera

Campo Grande, Brasil

Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=26012838002

Como citar este artigo Número completo Mais artigos

Sistema de Informação Científica Rede de Revistas Científicas da América Latina, Caribe , Espanha e Portugal

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A QUALIDADE DA ASSISTÊNCIA MÉDICA

AMBULATORIAL NAS UNIDADES BÁSICAS

DE SAÚDE DE CAMPO GRANDE, MS:

O CASO DAS AMIGDALITES AGUDAS

Leonardo Rigo1

Edson Mamoru Tamaki2

Michael Robin Honer3

1Secretaria Municipal de Saúde Pública, Campo Grande, MS 2Centro de Ciências Biológicas e da Saúde Universidade Federal do Mato Grosso do Sul 3Mestrado em Biotecnologia Universidade Católica Dom Bosco

Endereço para correspondência: Rua Ouro Negro, 1387, bairro Jockey Club, Campo Grande/MS, CEP 7908-270. Endereço eletrônico: lrigo@terra.com.br

RESUMO

Com o objetivo de avaliar a qualidade da assistência médica ambulatorial nas Unidades Básicas de Saúde de Campo Grande, MS, realizou-se uma entrevista com usuários que tiveram atendimento ao agravo amigdalite aguda, abordando-se aspectos relacionados: a prescrição, o retorno, o encaminhamento, a procura por outro atendimento, a impressão do atendimento e uma escala do grau de satisfação do usuário com a assistência e cada uma de suas etapas. Concluiu-se que a assistência proporcionou satisfação a 67,07% dos entrevistados, todas as etapas de uma assistência médica contribuem em igual nível para a satisfação do usuário com relação à assistência médica recebida e que para buscar a melhoria da satisfação do usuário é necessário melhorar o conceito da população sobre todas as etapas da assistência médica e não somente da consulta médica.

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1 INTRODUÇÃO

A criação do Sistema Único de Saúde (SUS) veio como proposta de melhorar a qualida-de da atenção à saúqualida-de do país (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1990a, 1990b, 1990c). Organizando os serviços de forma hierarquizada, regionalizada, descentralizada e resolutiva. Para isso, privilegiou a atenção primária à saúde (CARVALHO; SAN-TOS, 1995) e instituiu as Unidades Básicas de Saú-de (UBS) como porta Saú-de entrada para o Sistema, as quais devem ser de fácil acesso à população e capazes de resolver os problemas de saúde mais simples e encaminhando os mais complexos para níveis de atenção de maior complexidade. Essa hierarquia, muitas vezes, não é compreendida pelo usuário, o que se torna um ponto crítico na concepção do SUS.

Para efetivar a UBS como porta de entra-da, a mesma deve produzir serviços de qualidade, que resolvam os problemas a ela apresentados e proporcionem satisfação ao usuário. Com isso o usuário passaria a usar a UBS como referencial à atenção de seus problemas de saúde.

A Organização Mundial de Saúde (1989) define avaliação de serviços como “um meio sis-temático de se aprender empiricamente e de se utilizar as lições aprendidas para a melhoria das atividades realizadas e para o desenvolvimento de um planejamento mais satisfatório, mediante uma seleção rigorosa entre as distintas possibi-lidades de ação futura”. Vuori (1991) reforça a necessidade de incluir a satisfação do usuário quando se deseja avaliar os resultados de um serviço de saúde. Nos trabalhos mais recentes de avaliação em saúde o grau de satisfação do usuário é a vertente que mais avança.

Na atenção primária, existem algumas

dificuldades para avaliar a assistência médica: he-terogeneidade da demanda, prognósticos variados e afecções autolimidadas (KLOETZEL; BERTONI; IRAZOQUI, 1998). Para minimizar esses proble-mas e promover uma avaliação da qualidade da assistência médica prestada, haveria a necessidade de escolher como objeto de estudo um agravo de saúde que superasse essas dificuldades.

Para isso o agravo deveria ter: fácil diagnóstico/diagnóstico clínico, para o qual o conhecimento médico e o exame físico seriam suficientes, sem necessidade de meios comple-mentares; agente etiológico bastante conhecido e estudado; conduta terapêutica conhecida e comprovada; e, de evolução aguda necessitando de intervenção clínica para debelá-lo.

Como etapas dessa assistência médica na UBS pode-se dividir a ação e a atuação dos funcionários em etapa do agendamento, quando são oferecidas as vagas e marcadas as consultas; etapa do acolhimento, quando ocorre o contato/ interação entre os funcionários não médicos e o usuário (ocorre em todas as etapas exceto na do atendimento médico); etapa do atendimento mé-dico, é a consulta propriamente dita; e, a etapa quando o usuário obtém os medicamentos pres-critos na farmácia básica da UBS.

O objetivo do presente trabalho foi ava-liar a qualidade da assistência médica ambulatorial das UBS da rede municipal de Campo Grande, MS, para tal se levantaram dados e informações sobre essa assistência de forma a aumentar o co-nhecimento das especificidades e particularidades desse atendimento (TAMAKI, 1984), identificando a eficácia técnica da assistência, a satisfação do usuário com a mesma.

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2 METODOLOGIA

Na busca de um agravo que contemplasse as características definidas para o estudo e fosse de importância epidemiológica nas assistências am-bulatoriais das UBS de Campo Grande, escolheu-se a amigdalite aguda, identificada pela Classifica-ção Internacional de Doenças (CID), 10ª revisão, como J 03 – amigdalite aguda (ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE, 1994). Esse agravo está em quarto lugar em ocorrência nos registros de diag-nóstico das consultas médicas da rede assistencial da Secretaria Municipal de Saúde (SESAU).

Com bases no número de casos de aten-dimento à amigdalite aguda, em 1999, calculou-se o tamanho da amostra para coleta de dados, considerando um nível de significância 5% (160 amostras), segundo recomendações de Cochran (1977). Realizaram-se 164 entrevistas com usuá-rios que tiveram assistência médica nas 21 UBS, com diagnóstico identificado pelo CID J03, no período de 17 de julho a 08 de setembro de 2000. A escolha dos usuários ocorreu de forma aleatória, por sorteio, conforme entrada dos casos diariamente no Sistema de Informação de Saúde da SESAU. Também levou-se em consideração a proporcionalidade entre o número de entrevista e o volume de atendimentos de cada UBS. Procu-rou-se preservar um período de 12 a 19 dias entre a assistência e a entrevista, o que daria tempo para completar o tratamento (TIERNEY Jr, et al., 1998) e também de assegurar (TIERNEY; MCPEE; PAPADAKIS; 1998) boa recordação dos fatos que envolveram a assistência (CAMPOS, 1988).

A coleta de dados foi feito por meio de questionário estruturado e com perguntas abertas baseadas numa árvore de comportamento espe-rado. As perguntas foram formuladas de forma a

abranger detalhes dos seguintes aspectos: a pres-crição, o retorno, o encaminhamento, a procura por outro atendimento, a impressão do atendi-mento. Foi solicitado ao entrevistado a indicação do grau de satisfação quanto à facilidade de agen-damento, ao acolhimento por parte dos funcioná-rios da UBS, ao atendimento do médico, à obten-ção da medicaobten-ção e quanto ao conjunto total da assistência recebida. A escala era composta dos graus: 1- muito satisfeito, 2- satisfeito, 3- satisfeito em parte, 4- pouco satisfeito e 5- insatisfeito.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

A maior parte dos usuários, 65,63%, era criança de 0-11 anos; com isso as entrevistas foram em 87,50% dos casos com a mãe do usuário. A escolaridade dos entrevistados concentrou-se no Ensino Fundamental (35,95% incompleto e 35,30% completo). Em 96,54% das entrevistas, referencia-ram lembrarem-se bem dos fatos que envolvereferencia-ram a assistência confirmando a eficácia da coleta de dados, segundo resultados de Campos (1988).

Houve 27 (32,02%) referências à ocorrên-cia de uma assistênocorrên-cia anterior ao atendimento da entrevista, dentro do período entre a consulta e a entrevista (11 dias), portanto indicando que não houve solução com a primeira assistência.

Em 152 (92,68%) assistências, houve prescrição de medicação; grupo que resultou em 89,50% a mais de melhoras dos que não foram prescritas medicações.

Dessas 152 assistências com prescrição, em 127 (83,55%) delas, houve cumprimento total da mesma, resultado semelhante ao obtido por halal, sparrenberger e bertoni, 1994. Como re-sultado obtiveram-se 85,04% de melhoras contra 40,00% e 50,00% de não melhoras,

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respectiva-mente, para os grupos que não cumpriram a pres-crição ou a cumpriram parcialmente. Os usuários que não tiveram prescrição alguma se referiram a uma melhora de 40,00%.

Um dos fatores que contribuíram para o cumprimento da prescrição foi a obtenção de to-dos os medicamentos na própria UBS em 80,93% dos casos, resultado próximo ao encontrado por Sousa (1996).

Quanto ao retorno, 140 (85,37%) usuários não retornaram à UBS para um novo atentimento. Entre esses, 98 (70,00%) haviam melhorado e por isso não sentiram necessidade de retornar. Ainda, entre os que não retornaram, 30 (21,43%) entre-vistados manifestaram desejo de retornar, mas não o fizeram por não haver vaga.

Dezesseis (9,75%) usuários tiveram en-caminhamento para atendimento especializado, desses, sete (43,75%) tiveram medicamento prescrito. Entre os usuários encaminhados, cinco (31,25%) referiram-se a melhora com a assistência recebida na UBS, quatro (80,00%) melhoraram.

Foram 14 (8,53%) os entrevistados que recorreram à outra assistência para solucionar o seu problema de saúde, após terem passado pela UBS. A busca por outro atendimento em 85,71% dos casos foi em serviços de pronto atendimento. O motivo de procurar esse tipo de serviço foi em 91,66% dos casos por não haver disponibilidade de atendimento na UBS no momento da procura. Essa descrição somada a dos 30 casos que não re-tornaram mas manifestaram vontade, demonstra que a falta de vagas na UBS é um fator de restrição de acesso à demanda.

A segunda assistência em outro local foi eficaz em 61,54% dos casos, resultado pouco aci-ma dos que retornaram à própria UBS (56,25%). Esse resultado pode se alterar e reverter em favor

da assistência na UBS, pois alguns dos usuários que retornaram a UBS, no período da entrevista, ainda estavam sob tratamento, se fosse confirmado o mesmo percentual de melhora dos que cumpri-ram o tratamento (85,04%) aos que retornacumpri-ram na UBS, pode-se-ia atingir um resultado de 72,19% de melhoras no retorno feito à UBS.

Quanto à expectativa do usuário de que só com a assistência médica que iria receber na UBS, ele teria resolverido o seu problema, 124 (75,61%) afirmaram que sim. Os itens mais cita-dos como responsáveis por essa impressão foram a confiança no médico (37,91%), a confiança na assistência prestada pelo serviço (30,65%) e a fiança na medicação (19,35%), itens também con-templados na pesquisa de Kloetzlel et al. (1998).

Verifica-se na Tabela 1 que a maioria dos entrevistados (67,07%) está satisfeita com a assis-tência recebida, 17,07% estão “muito satisfeito” e 50,00% “satisfeito”. Apenas 18,29% possuem al gum grau de insatisfação, “pouco satisfeito” ou “insatisfeito” (12,19% e 6,09% respectivamente). Os indecisos (“satisfeito em parte”) constituem 14,63% dos entrevistados.

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Tabela 1 – Distribuição dos graus de satisfação/insatisfação do entrevistado com a assistência médica recebida e de suas etapas. Satisfação com: 1-Muito Satisfeito 2-Satisfeito 3-Satisfeito em parte 4-Pouco satisfeito 5-Insatisfeito

Nº % Nº % Nº % Nº % Nº % Assistência 28 17,07 82 50,0 24 14,63 20 12,19 10 6,09 Agendamento 23 14,02 69 42,07 16 9,75 20 12,19 36 21,95 Acolhimento 30 18,29 83 50,61 17 10,36 14 8,53 20 12,19 Atendimento do médico 65 39,64 63 38,41 12 7,31 12 7,31 12 7,31 Obtenção dos medicamentos* 32 21,05 79 51,97 16 10,53 14 9,21 11 7,23

* Em 12 atendimentos não houve retirada de medicamentos, portanto não opinaram neste item.

A primeira análise da Tabela 1 sugere que a etapa mais importante para a satisfação do usuário com a assistência médica recebida seja o atendimento do médico, etapa que obteve a maior soma de graus de satisfação.

Era de se esperar que a satisfação final do usuário, com o conjunto das etapas da assistência recebi-da, fosse reflexo da satisfação obtida com cada uma das etapas que a compõem, ou seja, se estivesse “muito satisfeito” com a assistência estaria também muito satisfeito com suas etapas ou, no mínimo, satisfeito. Mas isso não foi verificado, pois quando se observa a representação gráfica do grau de satisfação geral da assistência e a satisfação de cada uma das etapas verificam-se algumas divergências, mais bem vistas quan-do analisaquan-dos os extremos. Quanquan-do 28 entrevistaquan-dos referiram grau 1 “muito satisfeito” com a assistência recebida, houve uma coerência entre os graus de satisfação obtidos em cada uma das quatro etapas: cerca de 60,00% dos entrevistados declararam estar no grau 1 “muito satisfeito” nas quatro etapas, com menor percentual para o agendamento e maior para o atendimento médico, e, cerca de 30,00% logo abaixo no grau 2 “satisfeito”, maior percentual para o agendamento e menor percentual para o atendimento médico. (Gráfico 1) o atendimento do médico influencia no grau de satisfação geral, por causa dos 78,57% dos usu-ários que se encontram no grau 1 “muito satisfeito”.

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Da mesma forma, há uma coerência no grau de satisfação geral e em cada uma das etapas quando os 82 entrevistados referiram grau 2 “satisfeito’ com a assistência recebida. O grau 2 de satisfação com as quatro etapas ficou em torno de 60,00%, pouco maior para a obtenção de medicação e para o atendimento médico e perto de 10,00% estão “muito satisfeito” com percentual bem maior para o atendimento do mé-dico (Gráfico 2). Indica-se mais uma vez que a figura do mémé-dico é o centro de atenção da saúde.

Mas na análise do Gráfico 3, entretanto, estão os dados de 10 entrevistados que declaram grau 5 “insatisfeito” com a assistência recebida, verifica-se que a opinião de insatisfação ficou em torno de 55,00%, um percentual maior para o agendamento e menor para obtenção de medicação, mas a coerência entre a opinião geral e a opinião com cada uma das etapas não foi confirmada Verificando o outro extremo do gráfico verifica-se que 20,00% dos entrevistados afirmaram grau 2 de “satisfeito” com várias etapas, e en-torno de 15,00% com grau 1 “muito satisfeito” a exceção do agendamento, ao qual não houve referência nesse grau. Indicou-se mais uma vez que a restrição de acesso é uma grande causa de insatisfação com o atendimento à saúde.

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A análise dos gráficos não permite con-clusões consistentes sobre qual o fator é mais importante na satisfação geral do usuário. Para melhor avaliar esses dados fez-se uma análi-se do Coeficiente de Correlação (BARBETTA, 1998) para verificar a associação de cada um dos graus de satisfação de cada uma das eta-pas da assistência com os graus em relação à satisfação geral da assistência, atribuindo-se um valor a cada um dos graus: 1= muito satisfeito; 2= satisfeito; 3= satisfeito em parte; 4= pouco satisfeito; e, 5= insatisfeito.

Obteve-se como resultado que existe uma associação moderada entre a satisfação com a assistência recebida e cada uma de suas etapas. Ou seja, todas as etapas têm uma influência na sa-tisfação final, mas nenhuma delas é determinante no resultado obtido. Esse grau de associação indi-ca que não há uma etapa determinante no grau de satisfação geral com a assistência que o usuário re-cebeu. Pode-se inferir que há influência em maior ou menor grau, mas nenhuma é determinante.

Para análise da influência da satisfação no retorno do usuário considerou-se como retorno todo aquele caso em que o usuário se dirigiu à UBS para uma consulta médica mesmo quando ela não se realizou por falta de vaga, fato que foi circunstancial e independente do seu grau de sa-tisfação. A necessidade de retorno foi classificada em três posições: prescrição direta, com a ordem médica direta para que se retornasse independen-te da evolução do agravo para acompanhamento; prescrição indireta, com a solicitação do médico para retorno caso não houvesse a melhora do agravo ficando a decisão por conta da avaliação do usuário; e, sem prescrição, sem solicitação do médico para retorno, mas como não houve me-lhora do agravo surgiu a necessidade de retornar.

Ainda foram divididos segundo o grau de satisfação, em satisfeitos os “muito satisfeito” e “sa-tisfeito”, e, em insatisfeitos os “pouco satisfeito” e “insatisfeito”. Excluíram-se os “satisfeito em parte” por estarem em grau intermediário, com elementos de satisfação e insatisfação sendo portadores de ní-vel de incerteza. A Tabela 2 descreve os resultados. Verifica-se que 75,00% dos entrevista-dos estavam satisfeitos com a assistência que havia recebido quando retornaram. No total dos insatisfeitos, 66,67% dos (12/18), usuários não retornaram. O grau de satisfação foi maior entre os entrevistados sem melhora (sem prescrição) que não conseguiram retorno, 50,00% (3/6). Indicando mais uma vez a dificuldade de acesso como fator de insatisfação, acima da não obten-ção de melhora. Como a satisfaobten-ção é uma coisa intrínseca de cada indivíduo e as necessidades de saúde são sentidas de forma diferente (CAM-POS, 1988), isso pode explicar porque 44,44% (8/22) dos que não retornaram estavam satisfei-tos mesmo sem ter obtido melhora.

Os valores encontrados indicam que há uma associação entre satisfação e o retorno do usuário ao serviço. Essa associação é confirmada estatisticamente pelo cálculo do Coeficiente de Contingência Modificado (BARBETTA, 1998) com o qual se obteve o valor de C*= 0,473, indicando associação moderada entre as variáveis retorno e satisfação,e, não retorno e insatisfação.

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Tabela 2 – Percentual de satisfação dos entrevistados que retornaram e não retornaram a assistência médica, de acordo com a necessidade de retorno.

Necessidade de retorno Satisfeitos Insatisfeitos Total

Nº % Nº % Nº % Retornaram Prescrição direta 12 (85,72)66,67 2 (14,28)33,34 14 (100,00)58,34 Prescrição indireta 2 11,11 (66,67) 1 (33,33)16,66 3 (100,00)12,50 Sem prescrição 4 (57,14)22,22 3 (42,86)50,00 7 (100,00)29,16 Sub total 18 100,00(75,00) 6 100,00(25,00) 24 (100,00)100,00 Não retornaram Prescrição direta 14 (93,34)63,64 1 (6,66)8,33 15 (100,00)44,12 Prescrição indireta - - 1 8,33 (100,0) 1 (100,00)2,94 Sem prescrição 8 (44,44)36,36 10 (55,56)83,34 18 (100,00)52,94 Sub total 22 100,00%(64,70) 12 100,00(35,30) 34 (100,00)100,00 Total 40 (68,97) 18 (31,03) 58 (100,00)

* Os valores entre parênteses ( ) referem-se ao percentual em relação ao total da linha.

Na análise das varáveis de melhora do agravo x satisfação do usuário, verificou-se que, nas assistências de maior percentual de melhora, foi maior a satisfação e na não melhora houve maior percentual de insatisfação. Usando os mes-mos critérios de satisfeito e insatisfeito e exclusão dos “satisfeito em parte”, usados na análise do re-torno, obtiveram-se: 93 usuários satisfeitos e com melhora; 17 satisfeitos, mas sem melhora; 14 in-satisfeitos e com melhora; e, 16 inin-satisfeitos e sem melhora. Por meio do cálculo do Coeficiente de Contingência Modificado, o resultado C*= 0,486 indica que há uma associação moderada entre as variáveis: satisfação e melhora do agravo.

Na análise da resolutividade, que foi definida como sendo a ocorrência simultânea da eficácia técnica (melhora do agravo ou encami-nhamento para Unidade de maior complexidade) e da satisfação do usuário (satisfeito e muito

satis-feito) com a assistência recebida, obtiveram-se: 98 assistências eficazes e com usuários satisfeitos; 12 assistências ineficazes, mas com usuários satisfei-tos; 18 assistências eficazes e com insatisfação do usuário, e 12 assistências ineficazes e com insatis-fação. No cálculo do Coeficiente de Contingência Modificado, o resultado C*= 0,366 indica que há uma associação moderada entre as variáveis: eficácia e satisfação.

Esses resultados reforçam o pensamento de que cada necessidade de saúde é sentida e ex-pressa de maneira diferente pelos usuários e que vários esforços atingindo várias áreas da atenção à saúde devem ser melhoradas para que a popula-ção possa se sentir satisfeita com essa atenpopula-ção.

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4 CONCLUSÃO

A eficácia técnica da assistência na solu-ção do problema que levou o usuário à consulta não é o principal fator para a obtenção da satisfa-ção do usuário. O que se observou é que existe uma associação moderada entre essas variáveis o que indica que existe uma dependência entre elas, mas não forte o bastante para que uma leve à ocorrência da outra, ou seja, existem outras variá-veis que influenciam na satisfação do usuário com a assistência e não simplesmente com a solução técnica do seu agravo.

O grau de satisfação do usuário em re-lação à assistência médica recebida, no caso da amigdalite, é influenciado em igual proporção por todas as etapas de uma assistência médi-ca prestada na UBS, ou seja, recebe a mesma influência das facilidades/dificuldades do agen-damento, do atendimento dos funcionários, do atendimento do médico e da dispensação dos medicamentos, isso desmistifica a idéia de que a satisfação com a assistência médica da UBS é determinada pelo atendimento do médico na consulta. Sendo assim, todas as etapas de uma assistência médica contribuem em igual nível para a satisfação do usuário com relação a assis-tência médica recebida.

A satisfação do usuário quanto à assistên-cia médica ambulatorial recebida influenassistên-cia de maneira moderada no retorno do usuário ao ser-viço de saúde, o que indica que a satisfação é um dos elementos que influenciam no retorno, mas não é fator determinante para que haja o retorno. Para buscar a melhoria da satisfação do usuário é necessário melhorar o conceito da popu-lação sobre todas as etapas da assistência médica e não somente da consulta médica.

Levando-se em consideração todos os ele-mentos de conhecimento levantados neste estudo pode-se concluir que apesar de a eficácia técnica não ter atingido 17,68% dos usuários, 18,29% es-tarem insatisfeitos com a assistência recebida, não haver medicação na UBS para 19,02% dos usuá-rios e a assistência médica não ter proporcionado a melhora do agravo para 23,78% dos atendimen-tos, a assistência médica ambulatorial nas UBS de Campo Grande, MS é boa. Pelo demonstrado, ela foi eficaz tecnicamente para 82,32% dos usuários; proporcionou a satisfação para 67,07% deles com a assistência recebida; foi resolutiva (obteve simul-taneamente a melhora do agravo e a satisfação do usuário) em 58,73% dos atendimentos; 80,92% dos medicamentos foram distribuídos todos na própria UBS facilitando o cumprimento da pres-crição; proporcionou a melhora em 76,22% dos atendimentos; e, 75,00% dos usuários que retor-naram ao serviço estavam satisfeitos com a primei-ra assistência que haviam recebido.

ABSTRACT

In order to evaluate the quality of out-patient treatment in the Basic Health Units in Campo Grande, Mato Grosso do Sul State, Brazil, an interview was carried out with those treated for acute tonsillitis, covering these aspects of the treatment: prescription, return visit, referring, looking for another treatment, the impression gained of the treatment and the level of satisfaction with the assistance received at each step. It was concluded that for 67.07% of those interviewed all of the steps contributed equally to the satisfaction of the patient related to medical assistance received; in order to improve user satisfaction it will be necessary to improve the conception of the user population for all the stages of medical assistance, and not just the medical consultation.

Keywords: Evaluation Health. Patient Satisfaction. Primary Health Care.

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REFERÊNCIAS

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