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Introdução Princípios Gerais

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Academic year: 2021

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Introdução

O transplante de células-tronco hematopoéticas (TCTH) é uma terapia cada vez mais utilizada no tratamento de doenças hematológicas, malignas e não malignas. A quimioterapia em altas doses é o princípio básico deste tratamento e tem a mieloablação como consequência, com períodos variáveis de pancitopenia grave cujos efeitos podem ser amenizados com suporte clínico e transfusional. A terapia transfusional se baseia principalmente na profilaxia e tratamento de manifestações hemorrágicas e dos sintomas de anemia, bem como na prevenção da aloimunização na fase pré-transplante, o que pode contribuir para o sucesso do transplante.1

Princípios Gerais

Todos os componentes sanguíneos, incluindo unidades plasmáticas e crioprecipitado, devem ser transfundidos após passarem por um filtro capaz de reter coágulos sanguíneos, fibrina e outros macroagregados. O equipo padrão de transfusão já apresenta “in line” um filtro com poro de 170 – 260 micra, capaz de reter estes agregados. Filtros para redução de leucócitos agem por afinidade entre a carga da superfície do filtro e os leucócitos da unidade, mas também são capazes de reter macroagregados. Portanto, a leucorredução no momento da transfusão (bed-side) é suficiente para reter macroagregados e por isso não necessita ser utilizado em conjunto com equipo padrão de transfusão. Por outro lado, hemocomponentes leucorreduzidos pré-estoque devem obrigatoriamente ser transfundidos com a utilização de equipos com filtros.2

O único fluido de utilização intravenosa que pode ser administrado em conjunto com a transfusão de hemocomponente é a solução salina isotônica 0,9%. Ringer Lactato não pode ser utilizado por conter cálcio e, consequentemente, poder deflagrar a coagulação do sangue. A infusão concomitante de solução salina hipo ou hipertônica ou de solução glicosada resultará em hemólise. Da mesma forma, medicamentos não podem ser

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infundidos na mesma via e de maneira concomitante com a transfusão de componentes sanguíneos. Se houver necessidade de administração de algum medicamento durante a transfusão, esta deve ser realizada em acesso venoso diferente daquele que está sendo utilizado para transfusão. Exceção deve ser feita aos cateteres de duplo lúmen, inseridos em veias de alto fluxo, que permitem a infusão simultânea de fluídos sem que haja mistura entre os mesmos.2

A transfusão rápida de grandes volumes de sangue refrigerado pode levar à arritmias e parada cardíaca. Aquecedores de sangue podem ser utilizados em situações de emergência quando a velocidade de transfusão necessita ser superior a 100 ml por minuto. Nestas situações, certificar-se de que o aquecedor utilizado garanta a temperatura adequada ao hemocomponente. Aquecimento exagerado de componentes sanguíneos pode levar à hemólise.

Antes da transfusão de um hemocomponente, os seguintes testes devem ser realizados2 ➢ Determinação do tipo sanguíneo ABO e Rh (D) em amostra do receptor. Se necessário,

outros antígenos eritrocitários do receptor também devem ser determinados;

➢ Pesquisa de anticorpos eritrocitários irregulares em amostra de soro ou plasma do receptor;

➢ Confirmação do tipo sanguíneo ABO /Rh do hemocomponente a ser transfundido; ➢ Teste de compatibilidade entre as hemácias do doador e o soro ou plasma do receptor

(no caso de transfusão de sangue total, concentrado de hemácias, concentrado de granulócitos, concentrado de linfócitos ou de células progenitoras hematopoéticas). Para transfusão de componentes plasmáticos, crioprecipitado e concentrado de plaquetas não há necessidade da realização deste teste, a menos que o hemocomponente a ser transfundido tenha um volume eritrocitário igual ou superior a 1 ml.

Transfusão de Concentrado de Hemácias

O Concentrado de Hemácias (CH) é obtido a partir da remoção do plasma de uma unidade de sangue total ou através de coleta automatizada. Cada unidade tem um volume aproximado de 280 ml. A concentração mínima de hemoglobina no componente é de 45 g/unidade e o Hematócrito varia de 65-80% se coletado em CPDA-1 e de 50-70% se coletado com uma solução aditiva (AS). Deve ser estocado à temperatura de 4 ° C ± 2° C.

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O tempo de estoque varia de acordo com a solução anticoagulante / criopreservante utilizada. Para CPDA-1, o tempo de estoque é de 35 dias. Se houver adição de uma solução aditiva o tempo de estoque pode ser estendido para 42 dias.

A transfusão de CH tem como principal objetivo restaurar a capacidade de transporte de oxigênio reduzida em decorrência de queda da hemoglobina (Hb) no sangue. No entanto, a literatura não define um valor único de hemoglobina que possa ser utilizado como gatilho transfusional de CH. As seguintes condições devem ser consideradas no momento da indicação de uma transfusão de CH: A anemia é aguda ou crônica? A anemia é sintomática? O paciente apresenta doença cardiovascular ou respiratória associada? O paciente está séptico ou apresenta sangramento ativo? A anemia está retardando a recuperação do paciente?3

Muito embora atualmente tenha sido utilizada uma conduta cada vez mais restritiva em termos de indicação de transfusão de CH em pacientes assintomáticos no sentido de transfundir apenas os pacientes com Hb ≤ 7,0 g/dl, um nível de hemoglobina entre 7-9 g/dL pode ser utilizado como gatilho para transfusão de hemácias em pacientes submetidos a transplante de medula óssea, desde que assintomáticos e sem outras morbidades. Por outro lado, pacientes com doença cardiopulmonar, insuficiência coronariana, doença vascular periférica, Diabetes Mellitus, infecção associada ou qualquer outra situação que diminua a tolerância à anemia, devem ser transfundidos quando a hemoglobina for igual ou inferior a 9-10 g/dL. Na presença de sintomas cardiopulmonares ou de baixo débito decorrentes da anemia a transfusão de concentrado de hemácias deve ser realizada, independentemente do nível de hemoglobina.1,3

Em geral, em um adulto, a transfusão de uma unidade de concentrado de glóbulos vermelhos eleva o Hematócrito em 3-4% e o nível de hemoglobina em 1-1,2 g/dl. O concentrado de hemácias deve ser submetido à irradiação gama para prevenção da Doença do Enxerto Contra Hospedeiro Transfusional e, sempre que possível, leucorreduzido para prevenção de alo-imunização e da transmissão de CMV.

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A transfusão de plaquetas é utilizada na prática clínica para prevenir ou tratar manifestações hemorrágicas em pacientes com trombocitopenia pós-tratamento mieloablativo e/ou transplante de medula óssea.4 A disponibilidade de concentrados de plaquetas a partir da década de 60 reduziu a mortalidade por sangramento em pacientes com leucemia aguda. Apesar do avanço considerável nos últimos anos, controvérsias persistem com relação ao gatilho transfusional, dose ideal e transfusão profilática ou terapêutica de plaquetas.5 A administração em pacientes sem evidência de sangramento ativo, ou seja, transfusão profilática de plaquetas, é a estratégia padrão na prática clínica desde os anos 70. Esta conduta foi determinada fundamentalmente por estudos observacionais não randomizados e contagem plaquetária inferior a 20.000/mm3 passou a ser indicativa de transfusão profilática.6 Ao longo da década de 90 vários estudos retrospectivos e prospectivos demonstraram que a redução do gatilho transfusional de 20.000 para 10.000/mm3 em pacientes estáveis não levou a maior incidência de hemorragia.7,8 Em decorrência disto, atualmente, o gatilho transfusional de 10.000/mm3 é recomendado e amplamente utilizado na prática clínica em pacientes estáveis com trombocitopenia pós quimioterapia e sem fatores de risco adicionais para hemorragia. Febre, sepse, instabilidade hemodinâmica, queda rápida na contagem plaquetária, hiperleucocitose e coagulopatia são algumas das condições associadas a maior risco de sangramento. Nestas situações, transfusão profilática com contagem plaquetária entre 15.000 a 20.000/mm3 é aceitável.9

O paciente submetido a transplante de medula óssea (TMO) geralmente apresenta maior risco de desenvolver mucosite quando comparado àquele em tratamento quimioterápico convencional para leucemia aguda. Apesar disto, os dados disponíveis até o momento sugerem que contagem plaquetária de 10.000/mm3 também é o gatilho transfusional recomendado no paciente estável pós-transplante de medula óssea.10

Situações associadas a risco adicional de sangramento nesta população de pacientes, além das já citadas anteriormente, e nas quais se recomenda transfusão com contagem plaquetária inferior a 20.000/mm3 inclui: mucosite grave, Doença Enxerto Contra Hospedeiro aguda, tratamento com globulina anti-timocitária.11

Um aspecto importante a ser lembrado é que a contagem plaquetária é um dos parâmetros que deve ser analisado na indicação profilática de plaquetas. A observação

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clinica cuidadosa para detecção precoce de risco adicional de sangramento e elevação do nível do gatilho transfusional quando necessário, constituem o alicerce da indicação adequada para transfusão profilática de plaquetas.12

A conduta transfusional no paciente com trombocitopenia submetido a procedimentos invasivos ou cirúrgicos é baseada principalmente em recomendações de um painel de especialista da American Society of Clinical Oncology – ASCO10. Este painel sugere que contagem plaquetária acima de 40.000 a 50.000/mm3 é adequada para procedimentos invasivos ou cirurgias de grande porte sem coagulopatia associada. Exemplos de procedimentos invasivos incluem passagem de cateter venoso central, biópsia endoscópica de esôfago e traqueia, biópsia hepática, broncoscopia, cirurgias de grande porte. Por outro lado, estudos demonstram que biópsia de medula óssea e mielograma podem ser executadas com segurança com contagem plaquetária inferior a 20.000/mm3. Já para as cirurgias neurológicas e oftalmológicas considera-se seguro nível plaquetário acima de 100.000/mm3.

A transfusão terapêutica é definida como a administração de plaquetas na vigência de sangramento significante (grau WHO >2) associado à contagem plaquetária inferior a 50.000-100.000/mm3. O sistema de classificação da Organização Mundial da Saude – WHO, descrito na tabela I, é o mais utilizado para definir a gravidade do sangramento.13 Tabela I – Sistema Classificação de sangramento Organização Mundial Saúde (WHO)

Grau

WHO Descrição

0 Sem sangramento

1 Sangramento petequial; sangramento retiniano sem comprometimento visual 2 Sangramento leve: melena, hematúria, hematêmese, hemoptise

3 Sangramento moderado em qualquer sítio e que requer transfusão de hemácias 4 Sangramento grave; sangramento retiniano ou em sistema nervoso central com

alta morbidade ou evolução fatal

A dose ideal ainda não está estabelecida e o conceito mais aceito é que a transfusão terapêutica deve elevar a contagem plaquetária o suficiente para restaurar a hemostasia. A dose na transfusão profilática é mais controversa e, na maioria dos centros, varia de 3 a 6x1011 plaquetas. Um estudo multicêntrico, controlado e randomizado recente não

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demonstrou diferença estatisticamente significante na incidência de sangramento quando comparada transfusão profilática de dose baixa - 1,1x1011 versus dose alta – 4,4 x1011 de plaquetas.14

Concentrado de plaquetas com tipagem ABO idêntica a do receptor é a primeira escolha e deve ser transfundido sempre que possível. A transfusão de concentrado plaquetário ABO não idêntico tem sido associada a menor incremento em alguns estudos, mas sem repercussão na eficiência hemostática do componente, o que torna esta conduta aceitável na prática hemoterápica. Entretanto, concentrado de plaquetas do grupo O só deve ser transfundido em receptor de outros grupos sanguíneos se o título de anti-A e anti-B não for elevado. Atualmente, não há consenso com relação ao melhor teste laboratorial, padronização e valor de corte para definir título elevado.10,15

Receptor do sexo feminino RhD negativo em idade fértil deve receber transfusão de concentrado plaquetário RhD negativo sempre que possível. Caso esta receptora tenha sido transfundida com componente RhD positivo, recomenda-se a administração de imunoglobulina anti-D. Uma dose de 300 UI desta imunoglobulina é capaz de neutralizar 05 doses de plaquetas num adulto por um período de 06 semanas. A administração via endovenosa é a recomendada no paciente trombocitopênico.10

O concentrado plaquetário deve ser submetido à irradiação gama para prevenção da Doença do Enxerto Contra Hospedeiro Transfusional e, sempre que possível, leucorreduzido para prevenção de alo-imunização e da transmissão de CMV.

A eficácia do uso do concentrado de plaqueta é avaliada pela resposta clinica, quando há sangramento, ou pelo incremento na contagem plaquetária pós transfusional. Refratariedade plaquetária pode ser definida simplesmente como um incremento pós transfusional abaixo do esperado. A fórmula mais utilizada para avaliar a resposta é o incremento da contagem corrigido (CCI):

CCI = (plaqueta pós - plaqueta pré) x superfície corpórea (m2) Total plaquetas transfundidas (1011)

O diagnóstico de refratariedade requer o cálculo do CCI em pelo menos duas avaliações sequenciais após transfusão de plaquetas ABO compatível com tempo de estocagem inferior a 72 h. A amostra para contagem plaquetária deve ser coletada 1 ou 24

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horas após a transfusão. A obtenção de CCI <7,5x109/L 1 hora ou <4,5x109/L 24 horas após a transfusão caracterizam refratariedade plaquetária.1,10

As causas mais comuns de refratariedade plaquetária são não imunológicas e incluem: esplenomegalia, febre, infecção, sangramento ativo, coagulação intravascular disseminada, drogas (Anfotericina, Vancomicina, heparina etc). A presença de anticorpos anti-HLA e anti-plaquetários é a principal causa imunológica de refratariedade.

O gatilho transfusional num paciente com refratariedade plaquetária não deve ser diferente do estabelecido para o paciente não refratário. O tratamento da condição de base ou a remoção do agente etiológico é a conduta para contornar a refratariedade de causa não imunológica. Já, na refratariedade de causa imunológica, a transfusão de concentrado de plaquetas HLA compatível melhora o rendimento pós transfusional. A obtenção deste componente é possível através de duas estratégias: 1) identificação e coleta de concentrado de plaquetas de um doador HLA compatível com o receptor; 2) seleção de um componente através de prova de compatibilidade plaquetária. Em muitos pacientes, estas duas estratégias são complementares.6,10

A transfusão de concentrado plaquetário não compatível num paciente alo-imunizado e refratário sem incremento pós transfusional não é recomendada. Este paciente deve ser transfundido somente se apresentar sangramento.10

Em resumo, transfusão de plaquetas é uma ferramenta terapêutica adjuvante importante no manejo de pacientes com trombocitopenia associada à quimioterapia ou transplante de medula óssea. Apesar da extensa experiência clínica, ainda não está estabelecido se transfusão profilática é a melhor alternativa, qual é a dose ideal e os parâmetros ideais para avaliar a eficiência da transfusão.

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Infusão de Linfócitos do Doador

A infusão de linfócitos do doador (DLI) é uma alternativa terapêutica para recaída das doenças hematológicas malignas após o transplante alogênico de células-tronco hematopoiéticas (TCTH) e os transplantes de condicionamento não mieloablativos. O sucesso terapêutico do TCTH está relacionado ao efeito anti-tumoral (GVL - Graft versus Leukemia) induzido pelos linfócitos T do doador, e esta é a base para o uso da DLI nas recaídas após TCTH.19,20

Evidências do efeito GVL mediadas por linfocitos T do doador 21 foram extensamente descritas e apoiadas em algumas observações clínicas, tais como, pacientes submetidos a TCTH singênicos recaíram mais que os que TCTH alogênicos; em muitas situações a

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diminuição mais rápida da imunossupressão profilática para DECH induz a remissões, e um maior número de recidivas em pacientes que receberam enxertos depletados de células T.

A principal indicação para a realização de DLI é a recaída da doença de base após TCTH alogênico,20,22 seguida da diminuição progressiva do quimerismo após TCTH alogênico não mieloablativo (exceção ao quimerismo misto presente na maior parte dos pacientes que receberam um regime de condicionamento não mieloablativo e que não está relacionado com pior prognóstico e, portanto, não há indicação da realização de DLI).23

Embora a morbidade e mortalidade relacionadas ao DLI não sejam um obstáculo às suas indicações, a infusão de linfócitos do doador é contra indicada em algumas situações: DECH aguda ≥ Grau II, DECH crônica extensa ou localizada, infecções em curso e quimerismo do doador menor que 5%.20,22,23

Apesar de controverso, a dose inicial recomendada é de 1 x 107 células T CD3 / kg em pacientes com doadores relacionados HLA idênticos. Em receptores de enxerto HLA idêntico não relacionado preconiza-se uma dose inicial de 1 x 106 células T CD3 / kg. Na ausência de GVHD, a DLI pode ser repetida, utilizando doses escalonadas de células (com incremento de ½ a 1 log / transfusão), com intervalos mínimos de 4 a 6 semanas. 22,24, 25, 26 Não há evidencias que doses iniciais mais altas de DLI estejam relacionadas com aumento da taxa de remissão.22 Em transplantes haploidênticos a dose inicial recomendada é de 1 x 105 células T CD3 / kg.27,28

A coleta das células T CD3 deve ser realizada por aférese. O produto deve ser ABO compatível com o receptor, não deve ser submetido à irradiação gama e deve ser infundido logo após o término da coleta e da realização das provas pré transfusionais.

A ocorrência de DECH aguda (DECHa) está relacionada a uma adequada resposta à DLI e sobrevida livre de doença a longo prazo. A DECHa ocorre em 50 a 60% dos pacientes que recebem dose total superior a 1 x 108 células T / Kg de peso, e em menos que 10% naqueles que receberam dose total inferior a 107 células T / Kg de peso. Interessantemente, a mortalidade relacionada a DECH é baixa após a DLI. 20,24

Aplasia de medula óssea após DLI ocorre em cerca de 20 a 40% dos pacientes, não possui causa conhecida e merece apenas tratamento de suporte até a recuperação hematológica, que em geral é espontânea. 20,24

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Diferente do que ocorre nos transplantes de órgãos sólidos, a compatibilidade ABO não é considerada crítica para seleção de potenciais doadores de células progenitoras hematopoéticas (CPH) já que as CPH mais primitivas e as CPH multipotentes não expressam antígenos do grupo ABO. No entanto, um transplante de CPH com incompatibilidade entre doador e receptor nos antígenos do sistema ABO pode levar a complicações imunematológicas que incluem hemólise intravascular e prolongamento do tempo para enxertia celular. As consequências imunematológicas que podem ocorrer no transplante de CPH ABO incompatível estão resumidas na Tabela II.

Tabela II - Consequências imunohematológicas dos transplantes ABO incompatíveis Incompatibilidade

ABO

Consequencias Causas

Reação hemolítica Aguda

Infusão de hemácias incompatíveis

Retardo na enxertia de granulócitos e

plaquetas

Perda de CPH no processo de deseritrocitação do produto medular ● Expressão de antígenos do grupo

ABO em granulócitos e plaquetas Retardo na enxertia

eritróide

Persistência de isohemaglutinina anti-doador

Aplasia pura de série vermelha

Menor Hemólise Aguda Altos títulos de isohemaglutinina no plasma do doador Reação hemolítica tardia Transferência de linfócitos B do doador produtores de isohemaglutinina anti-receptor

A hemólise decorrente do transplante alogênico ABO incompatível pode ser dividida em aguda ou tardia, de acordo com o momento do seu aparecimento. A hemólise aguda ocorre imediatamente após a infusão do enxerto ABO incompatível, levando à lise dos eritrócitos do doador por isohemaglutininas presentes no receptor (incompatibilidade ABO maior) ou lise dos eritrócitos do receptor por isohemaglutininas presentes no enxerto (incompatibilidade ABO menor). Já, a hemólise tardia está sempre relacionada com incompatibilidade ABO menor; pode ocorrer devido à infusão de grande quantidade de

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plasma ABO incompatível juntamente com as células progenitoras hematopoéticas ou em decorrência da presença de linfócitos B no enxerto capazes de produzir isohemaglutininas após serem estimulados por eritrócitos do doador.

O atraso no tempo de enxertia eritróide ocorre independente da recuperação leucocitária ou plaquetária. Este fenômeno é atribuído à presença de isohemaglutininas do receptor dirigidas contra eritrócitos maduros e precursores eritróides do doador, os quais também expressam antígenos do sistema ABO. A forma mais intensa deste quadro é caracterizada por uma aplasia pura da série vermelha, com reticulocitopenia prolongada (superior a 60 dias) e ausência de precursores eritróides na medula óssea.

A remoção de eritrócitos do enxerto (deseritrocitação) tem sido a conduta tomada pela maioria dos centros transplantadores com o objetivo de minimizar o risco de hemólise aguda durante a infusão da unidade incompatível. Entretanto, não existe um consenso sobre o nível seguro de hemácias incompatíveis que pode ser infundido no paciente sem que ocorra quadro hemolítico de grande significância clínica. O volume geralmente aceito é de até 20 ml de hemácias. Para evitar a perda de CPH que ocorre durante o procedimento de deseritrocitação, alguns autores sugerem a redução do título da isohemaglutinina incompatível no receptor através de troca plasmática ou de imunoadsorção in vivo. Na Tabela III estão esquematizadas as ações que podem ser tomadas para minimizar os riscos agudos e tardios da infusão de CPH com incompatibilidade ABO maior, menor ou bidirecional.29

Além dos cuidados que devem ser tomados no momento da infusão do produto de CPH ABO incompatível, alguns critérios devem ser respeitados na escolha do hemocomponente a ser transfundido no receptor, tanto no período pré transplante quanto no período pós transplante. Em linhas gerais, nos transplantes ABO incompatíveis os componentes plasmáticos e concentrados de plaquetas, sempre que possível, devem ser compatíveis com as hemácias do receptor e do doador. Já, a escolha dos concentrados de hemácias vai depender da fase do transplante em que o paciente se encontra. As recomendações para uma seleção adequada de hemocomponentes para suporte transfusional no paciente submetido a transplante de CPH ABO incompatível estão apresentadas na Tabela IV.30,31

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Tabela III - Cuidados no momento da infusão da unidade de CPH ABO incompatível Título Receptor ≤ 1/16 ≥ 1/32 Infundir o produto sem modificação Deseritrocitação do componente, e/ou ● Remoção da isohemaglutinina do receptor CPSP com < 20 ml de volume total de hemácias Infundir sem modificação

Infundir sem modificação

CPSP com mais de > 20 ml de volume total de hemácias

Infundir sem modificação Deseritrocitação do componente, e/ou ● Remoção da isohemaglutinina do receptor Título da isohemaglutinina incompatível no doador

≤ 1/128 Infundir sem modificação

≥ 1/256 Depleção de plasma do componente

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Tabela IV - Recomendação de suporte transfusional pós transplante em receptores de CPH ABO incompatíveis

Fase I Fase II Fase III

Recepto r Doado r Tipo de Incompa -tibilidad e Todos Hemoco m ponentes Concentrad o de Hemácias Concentrad o de plaquetas Plasm a Todos Hemocomponente s Primeira escolha Próxima s escolhas

A O Menor A O A AB;B;O A;AB O

B O Menor B O B AB;A;O B;AB O

AB O Menor AB O AB A;B;O AB O

AB A Menor AB A AB A;B;O AB A

AB B Menor AB B AB B;A;O AB B

O A Maior O O A AB;B;O A;AB A

O B Maior O O B AB;A;O B;AB B

O AB Maior O O AB A;B;O AB AB A AB Maior A A AB A;B;O AB AB B AB Maior B B AB B;A;O AB AB A B Maior e Menor A O AB A;B;O AB B B A Maior e Menor B O AB B;A;O AB A

Fase I: do início da preparação do paciente até o início do condicionamento; Fase II: do início do condicionamento até o teste direto de antiglobulina se tornar negativo e a tipagem direta do paciente se tornar igual ao doador;

Fase III: a partir do momento em que a tipagem direta e reversa do paciente for igual ao doador.

Obs.: A partir da Fase I: todos os hemocomponentes devem ser irradiados e se possível filtrados.

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Reações Transfusionais

Toda transfusão de sangue leva a um risco imediato ou tardio; por isso deve ser criteriosamente indicada. Os efeitos adversos diretamente relacionados com a transfusão de sangue e hemocomponentes são denominados reações transfusionais. De acordo com o tempo de aparecimento, estas reações podem ser classificadas em:

- -

As reações transfusionais agudas e tardias e suas respectivas etiologias estão listadas na Tabela V.

Toda a equipe envolvida na administração e acompanhamento da transfusão deve ser capaz de reconhecer os sinais e sintomas associados com reações transfusionais e estar apta a tomar ações no sentido de preveni-las e tratá-las. Os sinais e sintomas que podem ser indicativos de uma reação transfusional incluem32:

● Febre: definida como incremento de 1º C ou mais na temperatura corporal acima de 37ºC;

● Tremores, com ou sem calafrios;

● Alteração respiratória incluindo tosse, chiado no peito e dispneia; ● Hiper ou Hipotensão arterial;

● Dor abdominal, nos flancos ou na região lombar; ● Dor no sítio da infusão da transfusão;

● Manifestações cutâneas como urticária, rash cutâneo, prurido e edema localizado; ● Icterícia ou hemoglobinúria;

● Náuseas e vômitos; ● Sangramento anormal; ● Oligúria ou anúria.

Ao primeiro sinal de reação transfusional, as seguintes ações devem ser tomadas33: 1. Suspender imediatamente a transfusão;

2. Manter a via de infusão venosa com Solução Fisiológica 0,9%;

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4. Informar imediatamente o médico que assiste o paciente; 5. Notificar o Banco de Sangue da reação transfusional;

6. Enviar a bolsa envolvida com a reação e uma nova amostra de sangue do receptor ao Banco de Sangue.

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Tabela V – Reações Transfusionais Tipo de Reação

Reação hemolítica aguda Anticorpo do receptor dirigido contra antígeno de membrana de eritrócito do doador

Reação febril não hemolítica

Anticorpo dirigido contra antígenos leucocitários do doador;

Citocinas acumuladas no componente durante estoque Lesão pulmonar aguda

Relacionada com a transfusão (TRALI)

Anticorpos do doador dirigidos contra antígenos leucocitários do receptor (ocasionalmente pode ser o inverso)

Substancias biologicamente

ativas acumuladas no

hemocomponente durante o estoque

Reação urticariforme Anticorpo do receptor dirigido contra proteínas plasmáticas do doador

Reação anafilática Anticorpo do receptor dirigido contra proteínas plasmáticas do doador (mais freqüente anti-IgA)

Não Imunológica

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Reação atípica associada ao uso de inibidores da enzima conversora de angiotensina Acúmulo de bradicinina na circulação Contaminação bacteriana do produto sangüíneo

Infusão de bactérias e toxinas bacterianas na circulação através do hemocomponente

Hemólise não imunológica

Agentes químicos / físicos

Tardias Imunológica

Púrpura pós transfusional Anticorpos anti-plaquetários do receptor (habitualmente anti-HPA1)

Doença do enxerto contra o hospedeiro

Linfócitos imunologicamente competentes do doador Reação hemolítica tardia Resposta imune anamnéstica

contra antígenos de membrana eritrocitária

Aloimunização Resposta imune contra antígenos eritrocitários ou

leucoplaquetários Não

Imunológicas

Sobrecarga de ferro Sobrecarga de ferro decorrente de múltiplas transfusões

Transmissão de doenças infecciosas

Patógeno presente no

hemocomponente transfundido

Transmissão de citomegalovirus (CMV) pela transfusão

O citomegalovirus (CMV) é membro da família Herpesviridae e sua transmissão ocorre através do contato de um indivíduo com sangue ou fluidos corpóreos infectados. O CMV é um patógeno comum com distribuição global homogênea. A prevalência de

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sorologia positiva para CMV na população adulta varia 50 a 90%, sendo mais elevada nos grupos com baixa condição socioeconômica.35

A história natural da infecção pelo CMV pode ser dividida em infecção primária, infecção latente e reinfecção.36 A infecção primária num adulto imunocompetente é assintomática na grande maioria dos casos e, quando sintomática, consiste de uma síndrome similar à mononucleose: febre, astenia, linfadenopatia generalizada, erupção cutânea, faringite e artralgia. Manifestações menos frequentes incluem pneumonia, hepatite, colite, gastrite, nefrite, polineuropatia, miocardite e meningo-encefalite.37

O CMV tem a capacidade de permanecer latente por período prolongado após a infecção primária podendo ser ocasionalmente reativado. Esta reativação temporária geralmente é assintomática e induzida pela alteração do equilíbrio imunológico entre hospedeiro e o vírus que pode ser desencadeada, por exemplo, por gestação, doenças consumptivas e drogas imunossupressoras. A reinfecção é decorrente da contaminação por um tipo antigênico diferente, sendo clinicamente indistinguível da reativação36.

A infecção latente assintomática, associada à alta soroprevalência na população adulta, torna o doador de sangue um potencial fonte de transmissão do CMV. A infecção pelo CMV pode ocorrer de 3 a 8 semanas após a transfusão de hemocomponente soropositivo para CMV. O receptor imunocompetente raramente apresenta repercussão clínica e, mesmo quando há sintomatologia, o prognóstico é bom. Por outro lado, o receptor com a imunidade comprometida pode apresentar infecção primária ou recorrente totalmente assintomática ou, mais frequentemente, desenvolver viremia associada a períodos de febre e manifestações variáveis de comprometimento hepático, pulmonar, gastrointestinal ou retiniano. A infecção por CMV está associada à morbi/mortalidade significativa em receptores imunodeprimidos como neonatos de baixo peso, portadores do vírus HIV e pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos e de medula óssea.36,38,39

A reativação do CMV é a principal causa de infecção grave em pacientes submetidos a transplante de órgãos sólidos e medula óssea. Fatores preditivos do risco de infecção por este agente incluem o grau de imunossupressão, necessidade transfusional, presença de doença enxerto contra hospedeiro e sorologia CMV do doador e do receptor40. O risco de desenvolver infecção grave pelo CMV é alto no receptor de transplante alogênico e autólogo de medula óssea. A manifestação clínica mais importante é a

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pneumonia intersticial e o CMV é o agente infeccioso mais frequentemente associado à evolução fatal neste grupo de pacientes41.

Portanto, a prevenção da transmissão do CMV pela transfusão, portanto, é um aspecto importante no controle hemoterápico do receptor de transplante de medula óssea. O índice de transmissão em receptor imunodeprimido soronegativo para CMV descrito é de até 50% após transfusão de sangue total ou de componentes celulares não leucoreduzidos. A transfusão de hemocomponentes de doador soronegativo para CMV nesta população de alto risco tornou-se o padrão ouro no final da década de 80, após evidência que esta estratégia reduzia significativamente a taxa de infecção por este agente associada à transfusão.33,40 Entretanto, a logística para manter um estoque de componentes soronegativos e outro de soropositivos para CMV é trabalhosa, além da dificuldade de se obter quantidade adequada de componentes negativos numa população com alta prevalência de sorologia positiva.43

Estudos têm monstrado que o CMV permanece latente em células da linhagem monocitária-macrofágica nas quais pode ocorrer a replicação viral. Filtros de terceira geração removem aproximadamente 3 logs dos leucócitos de um hemocomponente, reduzindo em teoria a probabilidade de transmissão do CMV por transfusão.43

A prática de utilizar componentes soronegativos para CMV ou leucorreduzidos tem sido eficaz na prevenção de infecção associada a transfusão. A introdução da leucorredução universal em vários países trouxe à tona o questionamento da necessidade de se manter a triagem sorológica e um estoque de componentes soronegativos para CMV44. Um estudo randomizado comparou a eficácia destas duas estratégias na prevenção de infecção pós transfusional em 502 receptores de transplante de medula óssea soronegativos para CMV. A incidência de infecção por CMV associada à transfusão não foi diferente: 2,4% no grupo que recebeu componentes leucorreduzidos versus 1,4% no grupo com componentes CMV soronegativos (p=0.5)43. Em contrapartida, o maior estudo clínico comparando estas duas estratégias concluiu que o uso de componentes soronegativos para CMV talvez seja superior aos componentes leucorreduzidos e considerou provavelmente prematuro abandonar a triagem sorológica para CMV na era da leucorredução universal.42

Uma metanálise verificou o risco de infecção por CMV associada à transfusão em 11 estudos envolvendo 829 receptores de componentes leucorreduzidos e 12 estudos com

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878 receptores de componentes soronegativos para CMV. Dentre os receptores de transplante de medula óssea, o risco de infecção por CMV foi, respectivamente, de 3,01% (21/697 pacientes) e 1,63% (11/674 pacientes). As duas estratégias foram virtualmente equivalentes e a redução do risco foi de 92,3% com leucoredução e 93,1% com componente soronegativo para CMV. Ainda assim, a literatura disponível sugere que o risco de infecção por CMV associada à transfusão varia atualmente de 1,5 a 3,0% nos pacientes soronegativos para CMV submetidos a transplante de medula óssea44. Uma reunião de consenso canadense realizada em 2000 concluiu que não havia evidência consistente para definir se a triagem sorológica para CMV poderia ser abandonada com a introdução da leucorredução universal. A recomendação foi manter a provisão de componentes soronegativos para CMV para gestantes soronegativas para CMV, transfusão intrauterina e receptores de transplante alogênico de medula óssea. Em contraste, um painel de especialistas reunido pelo University Health System Consortium nos Estados Unidos definiu que componentes leucorreduzidos pelas técnicas atuais são equivalentes aos componentes soronegativos para CMV, opinião corroborada pela AABB (Advancing Transfusion and Cellular Therapies Worldwide). No Brasil, a Portaria 1353, do Ministério da Saúde, preconiza que componentes celulares leucorreduzidos (<5,0x106 leucócitos residuais) podem substituir a utilização de componentes soronegativos para prevenção da transmissão de CMV pela transfusão.34

Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro Associado à Transfusão

As manifestações clínicas associadas com doença do doença do enxerto-contra o hospedeiro associado com transfusão (DECH-T) geralmente se iniciam entre 4 – 30 dias após a transfusão. Os sintomas incluem febre, rash morbiliforme de evolução centrífuga, febre, enterocolite com diarreia aquosa, elevação das enzimas hepáticas e pancitopenia. Diferente da DECH secundária ao transplante alogênico de CTH, a DECH-T causa profunda aplasia de medula, com índice de mortalidade superior a 90%. A evolução é muito rápida, com óbito em 1 a 3 semanas após o início dos sintomas46,47.A biópsia de pele revela infiltrado linfocitário perivascular, queratinócitos necróticos e formação de bolhas.48

A fisiopatologia da doença está relacionada com a incapacidade do receptor em rejeitar células imunocompetentes presentes na bolsa transfundida. Na DECH-T, os

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linfócitos imunocompetentes transfundidos montam uma resposta imunológica contra antígenos do receptor. De acordo om Billinghan, os três principais fatores que determinam o risco para o desenvolvimento de DECH-T são: grau de imunodeficiência do receptor; número de linfócitos-T viáveis no hemocomponente transfundido e o grau de diversidade genética da população49.

Estados de imunodeficiência considerados de risco para o desenvolvimento de DECH-T incluem: leucemias, linfomas, transplante de CPH, uso de drogas imunossupressoras, imunodeficiências congênitas e alguns estados neonatais. Já, o número mínimo necessário de linfócitos viáveis para causar DECH-T não é conhecido. Embora a leucorredução promova redução significativa no número de linfócitos presentes no hemocomponente, não é capaz de eliminar o risco de GVHD-T. A irradiação do componente é a única maneira de garantir redução no número de linfócitos viáveis suficiente para a prevenção da DECH-T50.

O tratamento se baseia na administração de drogas imunossupressoras. Infelizmente, a doença é quase sempre fatal. Por esta razão, deve ser dada ênfase à prevenção da doença51,52. A DECH-T pode ser prevenida através da gama irradiação dos hemocomponentes celulares. A Portaria MS nº 1.353 de 13.06.2011 estabelece uma dose mínima de 25 Gy (2500 cGy) sobre o plano médio do hemocomponentes e, no mínimo, 15Gy (1500 cGy) em qualquer ponto do hemocomponente. Componentes não celulares como unidades plasmáticas e crioprecipitado não necessitam ser irradiados34.

Fonte da Célula Progenitora Hematopoiética

O transplante de célula progenitora hematopoiética (CPH) evoluiu de uma estratégia experimental utilizada em poucos centros acadêmicos para tratamento de primeira linha em várias doenças hematológicas adquiridas ou congênitas ou oncológicas. Os primeiros relatos de transplante alogênico de medula óssea (TMO) com doadores aparentados HLA compatíveis e receptores com imunodeficiência realizado com sucesso são do final da década de 60.52

Nas décadas de 70 e 80, a técnica utilizada para obtenção da CPH era a coleta cirúrgica através de múltiplas punções e aspirações da medula óssea. A descrição da presença de CPH na circulação no início da década de 60 foi o ponto de partida para utilizar

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o sangue periférico como fonte desta célula. Entretanto, para obtenção de quantidade suficiente de CPH para promover a recuperação da hematopoese após tratamento mieloablativo seria necessário aumentar significativamente o total destas células na circulação. A constatação de que este aumento ocorre na fase de recuperação após quimioterapia mielossupressora, associada ao desenvolvimento tecnológico dos equipamentos de aférese, tornou viável a coleta de quantidade adequada de CPH do sangue periférico (CPH SP). A partir do relato de sucesso de um transplante no início da década de 80, o sangue periférico passou a ser a fonte preferencial no transplante autólogo54.

Estudos da década de 70 descrevem a presença de CPH com potencial de restaurar a hematopoese no sangue de cordão umbilical e placentário (SCUP) e o primeiro transplante utilizando esta fonte foi realizado em 1988 num paciente portador de anemia de Fanconi55.

A CPH apresenta diferenças qualitativas e funcionais em função da sua fonte: células de SCUP são consideradas mais embrionárias, com maior capacidade de enxertia e proliferativa quando comparadas às do SP e de MO. Estas características tornam o SCUP uma fonte alternativa atraente para realização de transplante com algum grau de incompatibilidade HLA e um total de CPH inferior ao preconizado com MO e SP. A evolução clínica após transplante também varia de acordo com a fonte de CPH. As vantagens e desvantagens do TMO de acordo com a fonte de CPH estão descritas na tabela VI:56,57

Tabela VI – Vantagens e desvantagens no TMO alogênico de acordo com a fonte de CPH

CPH SCUP CPH MO CPH SP aparentado

Vantagens Maior flexibilidade na compatibilidade HLA

Menor taxa DECH crônica

Enxertia mais rápida

Sem risco para o doador Melhor sobrevida

em doença avançada Menor taxa DECH

Desvantagens Enxertia mais tardia Enxertia mais tardia Maior taxa DECH crônica

Aumento mortalidade associada ao transplante?

Risco para o doador Risco para o doador

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em doença avançada

A coleta de CPH de MO requer anestesia geral e múltiplas punções na crista ilíaca posterior. Efeitos adversos decorrentes podem ocorrer devido à anestesia, mas o mais frequente é dor local. A dose ideal de CPH não está estabelecida e geralmente o alvo desejado é dado pelo total de células nucleadas (TCN) de acordo com o peso do receptor. Atualmente, a prática mais comum tem como objetivo atingir TCN de 2 a 3,0 x108/kg, com o cuidado de não ultrapassar 20 mL/kg de volume coletado. Uma dose mínima de 1x108/kg é necessária para promover recuperação hematopoiética56. A fonte de célula tronco hematopoética mais utilizada nos transplantes haploidenticos com ciclofosfamida pós-infusão é a medula óssea. O alvo de células é maior do que nos transplantes HLA compatível: objetivo é atingir 4,0 x108/kg.58

A coleta de CPH de SP requer a mobilização de grande quantidade desta célula para a circulação. A administração de fator de crescimento hematopoiético, mais frequentemente o fator estimulador de colônias granulocíticas (G-CSF), é utilizada para mobilização em doador alogênico e autólogo. Já, a associação de quimioterapia e fator de crescimento hematopoiético é uma estratégia restrita ao transplante autólogo.

O Plerixafor (Mozobil) é uma droga da classe das quimiocinas, com capacidade de mobilizar CPH da medula óssea para o sangue periférico. Seu mecanismo de ação baseia-se no bloqueio reversível da ligação do receptor CXCR4 da membrana celular ao seu ligante cognato na matriz celular SDF-1. O pico de mobilização ocorre após 12 horas da administração da droga. Embora seja uma droga bastante eficaz como agente mobilizador com poucos efeitos adversos, tem sido utilizada apenas em pacientes/doadores que não apresentaram mobilização aos esquemas habitualmente utilizados, devido ao seu alto custo.59

Atualmente, a expressão do antígeno CD34+ é o marcador mais utilizado para determinar o início e a dose de CPH a ser coletada. Geralmente, a leucaférese é iniciada com contagem de células CD34+ no SP superior a 10-20/mm3. A dose mínima de células CD34+ necessária para promover a recuperação hematopoiética adequada é de 1x106/kg peso do receptor e, atualmente, o alvo recomendado varia de 2 a 5x106/kg. Doses maiores

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não têm impacto significativo no tempo de recuperação neutrofílica, mas estão diretamente associadas a um menor tempo para recuperação plaquetária. Os efeitos adversos da coleta de CPH de SP incluem manifestações associadas ao uso do G-CSF, complicações relativas ao acesso venoso (periférico ou cateter central) ou sintomas secundários à hipocalcemia induzida pela solução anticoagulante utilizada (citrato de sódio)59,60.

O SCUP é coletado através da canulação da veia umbilical presente no cordão umbilical, pré ou após dequitação da placenta, sempre após a retirada do recém nascido. Um volume de aproximadamente 100 mL é coletado. O órgão regulatório americano (FDA – Food and Drug Administration) recomenda que a unidade coletada deve conter TCN ≥5x108, células CD34+ ≥1,25x106 e viabilidade celular ≥85%. Para o receptor, a celularidade de uma unidade de CPH de SCUP é cerca de 10 vezes menor do que a CPH de MO, fator que contribui para retardo na recuperação hematopoiética57. A dose celular desejável para um transplante com sangue de cordão umbilical depende da compatibilidade HLA entre o doador e receptor e da patologia de base. Quanto maior a incompatibilidade HLA maior é necessidade de células para que obtenha melhores resultados (menor mortalidade e maior sobrevida livre de doença. Unidades com compatibilidade 5/6 ou 6/6 requerem a dose de TCN > 3.0x 107/Kg enquanto unidades com compatibilidade 4/6 devem ter a celularidade > a 5.0x107/Kg 61.

Criopreservação da Célula Progenitora Hematopoética

Na grande maioria dos transplantes autólogos e em alguns transplantes alogênicos a unidade de CPH coletada necessita ser congelada e estocada até o momento da sua infusão. Entretanto, em decorrência da desidratação celular e da formação de cristais de gelo, o congelamento pode levar à diminuição da viabilidade e lise celular, comprometendo a qualidade do enxerto. Por esta razão, a técnica de criopreservação das células progenitoras tem como principal objetivo diminuir os efeitos do congelamento e garantir o maior grau de viabilidade e capacidade clonogênica celular possível após o seu descongelamento. Esses efeitos adversos do congelamento podem ser minimizados através da adição de um agente crioprotetor e da redução lenta e gradual da temperatura da célula.

O DimethylSulfóxido (DMSO), principal agente crioprotetor utilizado no congelamento de CPH, é uma molécula que penetra a membrana celular e modera o

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balanço osmótico que ocorre no interior da célula durante o processo de congelamento, diminuído a quantidade de água absorvida pelos cristais de gelo e, consequentemente, o seu tamanho57.

A maioria das soluções crioprotetoras utilizadas no congelamento de células mononucleares são compostas de 20% de DMSO, 40% de plasma autólogo ou albumina humana e 40% de solução eletrolítica tamponada ou meio de cultura celular. A solução crioprotetora é combinada com um volume igual de células, de forma a obter uma concentração final de DMSO de 10%. O HidroxiethylStarch (HES), uma substância polimérica estritamente extracelular, também tem sido utilizada como agente crioprotetor em combinação com o DMSO. Neste caso, a solução crioprotetora é composta de DMSO, HES e albumina humana em concentrações finais de 5%, 6% e 4%, respectivamente62.

Os danos celulares que ocorrem durante o congelamento, especialmente durante a mudança do citosol e do meio extracelular do estado líquido para o estado sólido, são minimizados com a redução lenta e controlada da temperatura das células. Este efeito é obtido através da utilização de sistemas computadorizados que promovem um congelamento celular sob taxas pré-estabelecidas e controladas de resfriamento, com redução de 1-3 graus C/minuto63.

Para garantia da viabilidade da célula congelada por um período superior a dois anos, a temperatura ideal de estoque deve ser igual ou inferior a 145º C negativos. Esta temperatura pode ser obtida com freezers mecânicos ou com nitrogênio líquido. O nitrogênio líquido, tanto em sua fase de vapor quanto em na fase líquida, oferece maior segurança ao estoque.

Um método alternativo e de custo inferior para o congelamento de CPH é a utilização de freezers mecânicos de temperatura de 80º C negativos, onde as unidades são depositadas sem ser submetidas à taxa controlada de resfriamento. Nesta condição, a solução crioprotetora utilizada é composta da associação de DMSO com HES e, apesar de não controlada, a taxa de resfriamento celular é gradual pelo simples fato da unidade ser acondicionada no interior de um estojo metálico antes de ser colocada no interior do freezer. A viabilidade por este método é garantida por um período de até dois anos de estoque57, no entanto o sucesso na enxertia com células congeladas desta forma e infundidas após dois anos de congelamento já tenha sido relatada. Publicações confirmam

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que viabilidade celular não se modifica de maneira significativa nos primeiros 5 anos, mesmo com congelamento não-programado com DMSO a 5%64.

Descongelamento e Infusão da Célula Progenitora Hematopoética

O descongelamento da unidade de CPH deve ser feito de maneira rápida, em banho-maria contendo água estéril ou solução salina a temperatura de 37º C. Uma vez descongelada, a infusão da unidade deve ocorrer o mais breve possível já que o DMSO à temperatura ambiente é tóxico para a célula.

A infusão deve ser realizada preferencialmente em acesso venoso central, com ou sem a utilização de filtro padrão de transfusão (170μm). A velocidade de infusão deve ser de aproximadamente 10-15 ml/minuto. A dose máxima recomendada de DMSO para ser infundida em uma única sessão é de 1g/kg ou 10ml/kg de uma solução com DMSO a 10%. Volumes e quantidades superiores de DMSO devem ser divididos em duas doses e serem infundidas em dias consecutivos ou uma dose pela manhã e a outra à tarde63. Uma alternativa para remover o DMSO é lavar o produto antes da infusão, prática comum quando se utiliza CPH de SCUP em crianças. Entretanto, deve-se ter em mente que este procedimento leva a perda de CTH55. Uma alternativa mais usa é diluir a unidade de cordão com solução de albuman e dextran com o intuito de diminuir a incidência de reações adversas na infusão sem que haja perda celular decorrente da lavagem.65

Os efeitos adversos associados com a infusão da unidade descongelada incluem: náuseas, vômitos, febre, tremores, rubor facial, instabilidade cardiovascular, dor abdominal e toxicidade neurológica. Esses efeitos são decorrentes da infusão do DMSO e de restos celulares presentes na unidade e podem ser minimizados com a prévia administração de anti-histamínicos, antitérmicos e antieméticos, hidratação e alcalinização da urina.66,67

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Temas Revisor

1. Princípios Gerais Alfredo

2. Transfusão de Concentrado de Hemácias Dante

3. Transfusão de Concentrado de Plaquetas Dante

4. Transfusão de Concentrado de Granulócitos Alfredo

5. Infusão de Linfócitos do Doador Alfredo

Andreza

7. Reações Transfusionais Alfredo

8. Transmissão de citomegalovírus (CMV) pela transfusão Andreza

9. Doença do Enxerto Contra o Hospedeiro Associado à Transfusão Andreza 10. Criopreservação de células progenitoras hematopoéticas Alfredo 11. Descongelamento e infusão de células progenitoras hematopoéticas Alfredo

12. Dessensibilizarão pré-transplante em pacientes com anticorpo

Anti-HLA

Referências

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