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I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA III SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL

A FORMAÇÃO DE PROFESSORES EM SERVIÇO, CONJUGADA AO

ACOMPANHAMENTO NAS ESCOLAS, COMO FONTE DE RESTRUTURAÇÃO

DE AÇÕES E DE MATERIAIS DIDÁTICOS: O TEMA SOLOS NO PRIMEIRO

CICLO DO ENSINO FUNDAMENTAL

THE TEACHERS FORMATION, CONJUGATED TO THE ATTENDANCE AT

SCHOOLS, AS SOURCE OF ACTION AND DIDACTICAL MATERIAL

RESTRUTURATION: THE SOIL SCIENCE EDUCATION IN ELEMENTARY

SCHOOL

ASSINALE A FORMA PREFERENCIAL DE APRESENTAÇÃO:

( ) PAINEL (X ) ORAL ( ) OFICINA

SIMONE FALCONI,BEATRIZ A.C. DE CASTRO ATHAYDE,ERIKA R.MOZENA

Estação Ciência/USP

Rua Guaicurus, 1274/1394, Lapa São Paulo – SP Cep: 05033-002 E-mails: sifalconi@yahoo.com.br, beatriz@eciencia.usp.br, erikamozena@hotmail.com

Abstract This work basically discuss the importance of the training of education professional in activity, conjugated to the at-tendance at schools, for implementation of the project “ABC na Educação Ciêntífica – Mão na Massa” and gather innovation of teaching and learning processes of science at publics schools, beside the reformulation and adaptation of didactical materials to the scholar reality. Developed by Estação Ciência/USP team at São Paulo, with the advising of Ernest W. Hamburger, the pro-ject is based on the implementation of the inquiry-based science education at elementary school. The methodology propose learning activities which are planned and structured at some basic moments, in order to allow individual and collective reflection of the students, discussions and the writing of their development. Beside the project divulgation, the focus of the Estação Ciên-cia team work is the teacher formation and the attendance of the project implementation at school. This work, since 2001, has provided significative outcomes and reflection about the teacher formation and the project implementation at school, such as the individual attendance needs, the insertion of methodological discussions and science concepts into the training, allowing the de-velopment of autonomy of these professionals in this project. Furthermore, the work of teachers training in activity conjugated to the attendance also provide the reformulation and adaptation of the didactical material designed by the team, as reported in the Soil Didactical Module case, developed at 2004.

Keywords science education, teachers formation, soil science education, elementary school

Resumo  Este trabalho essencialmente discute a importância da formação de profissionais de educação em serviço conjuga-da ao acompanhamento nas escolas, para implementação do projeto “ABC na Educação Científica – Mão na Massa” e a obten-ção de inovaobten-ção dos processos de ensino e aprendizagem de ciências nas escolas públicas, além da reformulaobten-ção e adequaobten-ção de materiais didáticos à realidade escolar. Desenvolvido pela equipe da Estação Ciência/USP em São Paulo, sob a coordenação do professor Ernst W. Hamburger, o projeto é fundamentado na implementação da metodologia investigativa no ensino de ci-ências nas séries iniciais do ensino fundamental. A metodologia propõe que as atividades de ensino sejam planejadas e estrutu-radas em alguns momentos fundamentais, que têm o objetivo de proporcionar aos alunos reflexões individuais e coletivas, dis-cussões e o registro do desenvolvimento de seu trabalho. Além de divulgar o projeto, o principal foco de trabalho da equipe da Estação Ciência é a formação dos profissionais em serviço e o acompanhamento da implementação do projeto nas escolas. Esse trabalho, realizado desde 2001, tem propiciado resultados e reflexões significativas sobre a formação docente e a implementa-ção de projetos nas escolas, como a necessidade de acompanhamento individualizado às escolas, a inclusão de discussões me-todológicas e conceitos científicos nas formações, propiciando assim o desenvolvimento de autonomia destes profissionais no projeto. Além disso, o trabalho de formação de profissionais em serviço conjugado ao acompanhamento também propicia a re-formulação e adaptação do material didático elaborado pela equipe, como relatamos no caso específico do Módulo Didático So-los, desenvolvido em 2004.

Palavras-chave ensino de ciências, formação de professores, ensino de ciências da terra, ensino fundamental Linha temática Formação de Professores

1 Introdução

A formação continuada de professores na área de ciências tem sido apontada como uma necessidade, devido à fraca formação inicial que os professores

apresentam. A situação é ainda mais problemática, quando nos referimos às primeiras séries do ensino fundamental, cujos professores têm em geral forma-ção em pedagogia, sem nenhuma complementaforma-ção específica para ensinar ciências.

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I SIMPÓSIO DE PESQUISA EM ENSINO E HISTÓRIA DE CIÊNCIAS DA TERRA III SIMPÓSIO NACIONAL SOBRE ENSINO DE GEOLOGIA NO BRASIL

Em conseqüência, os professores desse nível es-colar preferem não ensinar ciências e quando o fa-zem, estão frequentemente atrelados a livros didáti-cos, optando na maioria das vezes por metodologias tradicionais de giz e lousa, cuja eficácia de ensino não costuma ser adequada para muitos alunos.

Procurando implementar inovações, o projeto ABC na Educação Científica tem se dedicado, além da divulgação, à formação de profissionais de educa-ção em serviço e ao acompanhamento da implemen-tação da metodologia investigativa nas séries em questão.

A partir da experiência com esse trabalho, desde 2001, a equipe da Estação Ciência tem levantado alguns resultados e análises na intenção de efetivar melhorias na qualidade do ensino de ciências nas escolas públicas. Estes resultados apontam a necessi-dade das formações atreladas ao acompanhamento, de maneira a propiciar reformulações de ações, ade-quando o projeto à realidade escolar, e do material didático produzido pela equipe da Estação Ciência. Relataremos neste trabalho o caso específico do Mó-dulo Solos, desenvolvido em 2004.

2 O projeto mão na massa

O projeto ABC na Educação Científica – Mão na Massa, desenvolvido na Estação Ciência e em outros pólos pelo Brasil é destinado à divulgação, formação de profissionais em serviço e implementação de uma metodologia investigativa no ensino de ciências, vol-tada principalmente ao primeiro ciclo do ensino fun-damental.

A proposta foi baseada e adaptada do projeto francês “La Main à la Patê” destinado às crianças do ensino infantil e implementado na França em 1996, tornando-se em 2000 projeto nacional e incorporado à formação inicial de professores.

No Brasil, o projeto iniciou-se em maio de 2001 através de quatro equipes independentes de trabalho ligadas a centros de ciências e pesquisa, como Esta-ção Ciência (Centro de Difusão Científica, Tecnoló-gica e Cultural da Pró-Reitoria de Cultura e Extensão da Universidade de São Paulo), CDCC (Centro de Divulgação Científica e Cultural de São Carlos), FIOCRUZ (Fundação Instituto Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro), além das secretarias municipais e estadu-ais de educação.

A metodologia investigativa desenvolvida no projeto considera a idéia de construção do conheci-mento e de participação ativa do aluno no processo de aprendizagem, considerando as experiências ante-riores desse aluno e o papel fundamental do professor no processo de mediação. Mortimer e Scott (2002) ressaltam esse momento como um momento de nego-ciação de novos significados num espaço comunica-tivo, num processo de crescimento mútuo.

Na proposta desenvolvida pela Estação Ciência, uma atividade de sala de aula investigativa a ser utili-zada como estratégia de ensino e aprendizagem con-sidera alguns momentos fundamentais:

• Proposição de atividades ou estratégias que permitam introduzir o assunto a ser abordado e obter as concepções prévias dos alunos sobre o tema a ser discutido. Com esse procedimento, o professor verifica o que os alunos conhecem sobre o tema e pode assim direcionar a atividade ou propor adapta-ções. No entanto, essa etapa não precisa necessaria-mente ser obtida de maneira isolada. Durante o de-senvolvimento do tema os alunos tendem a expressar seus conhecimentos prévios para justificar suas supo-sições ou explicar um resultado observado.

• Proposição de uma situação ou questão-problema. A partir de um problema para ser resolvi-do os alunos discutem e procuram por soluções.

• Planejamento ou elaboração de hipóteses - conjunto de idéias, estratégias e procedimentos para resolução do problema apresentado. É preferível que os alunos primeiro façam o planejamento em grupos, apresentem-no para a classe toda, discutam-no com os outros colegas, para depois testarem suas idéias. Esse procedimento intensifica a reflexão e discussão sobre o tema, propiciando ainda mais o desenvolvi-mento das habilidades e atitudes relativas à oralidade e à argumentação. Além disso, desenvolve também o trabalho em grupo que favorece a discussão coletiva e as interações entre os alunos.

• “Experimentação” - os grupos verificam suas hipóteses, confirmando-as ou reformulando-as, buscando assim a resolução da questão-problema.

• Discussão Coletiva – os grupos apresentam seus experimentos e os resultados obtidos. Neste momento, é fundamental a mediação do professor, fazendo questões e propiciando que os alunos discu-tam os resultados de maneira organizada e clara, a-proximando-os das noções científicas.

Registro - é realizado pelo aluno tanto ao longo da atividade, denominado de registro individu-al ou pessoal, como ao final, o que chamamos de registro final, que contém a síntese da atividade, dos procedimentos e aprendizagem. Durante todas as etapas da atividade, os alunos anotam o que obser-vam e o que discutem. Esses registros são importan-tes, pois através deles que o professor poderá acom-panhar o desenvolvimento do aluno. Além disso, o registro individual ao longo da atividade é uma ma-neira do aluno aprender a fazer anotações e a usá-las, já que esses elementos serão necessários para a reda-ção do registro final1. Nesse momento, outro aspecto da metodologia mão na massa se evidencia: a leitura e escrita. A intervenção do professor é também fun-damental, pois deverá desenvolver essa etapa con-forme a maturidade da sala, partindo do registro por

1 Esse momento é muito importante, pois é muito comum o aluno anotar até mesmo a fala da professora no caderno e não utilizar esse registro nem mesmo para estudar!

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desenho e depois com descrição escrita envolvendo várias formas de linguagem, numa ordem crescente de complexidade e de acordo com o desenvolvimento intelectual do aluno. O registro final pode ser reali-zado tanto individualmente como em grupo2, mas é importante que o professor trabalhe o registro indivi-dual com certa regularidade, pois ele é um importante elemento para avaliar o desenvolvimento do aluno e

sua compreensão sobre o tema trabalhado.

Essa estruturação da aula em momentos or-ganiza a aprendizagem do aluno e favorece a apro-priação de conceitos, a integração e o confronto de idéias.

Neste processo, o professor torna-se, portan-to, mediador do ensinaprendizagem e deixa de o-cupar o lugar central no processo pedagógico e nos intercâmbios verbais da aula.

3 A formação de professores na Estação Ciên-cia

Na Estação Ciência, a formação dos profissio-nais em serviço no projeto Mão na Massa, iniciou-se em julho de 2001, com a formação de um grupo pilo-to, constituído por professores e coordenadores pe-dagógicos da Secretaria Estadual de Ensino de São Paulo.

Desde então, a implementação e o desenvolvi-mento do projeto foram estruturados segundo diver-sos modelos de formação, em função das parcerias estabelecidas, dos resultados do acompanhamento e das reflexões sobre as práticas desenvolvidas. Entre-tanto, a base de trabalho continua a mesma: vivências de atividades investigativas com os profissionais en-volvidos, discussões metodológicas e

acompanha-mento da implementação do projeto nas escolas.

Ao longo dos anos, os encontros de formação na Estação Ciência abordaram diferentes temas. Em 2001, o tema “Água” foi desenvolvido focando as mudanças de estado físico. O material escrito utiliza-do foi traduziutiliza-do e adaptautiliza-do utiliza-do módulo francês3. No ano seguinte, o tema abordado foi o mesmo, mas

2 Embora o registro em grupo seja importante em alguns momen-tos, principalmente no início do trabalho com os alunos, ressalta-mos que o registro individual é fundamental para desenvolver a escrita, argumentação e síntese dos alunos.

3 Les états de l'eau - módulo que tem o foco à descoberta dos estados físicos da água. Parte do material pode ser acessado em:

http://www.lamap.fr/?Page_Id=5&Element_Id=131&DomainScienceType_I d=11&ThemeType_Id=24

algumas atividades complementares foram elaboradas pela equipe, segundo as necessidades apresentadas pelos professores, como: importância da água, polui-ção dos rios e enchentes.

Em 2003, os assuntos trabalhados foram: o tra-tamento e a distribuição de água, a flutuação dos cor-pos e introdução ao estudo dos solos.

No ano de 2004, desenvolveu-se o tema solos, visando testar e reconhecer diferentes tipos de solos através de análise morfológica. As atividades elabo-radas pela equipe da Estação Ciência versavam sobre paisagem, pintura e escultura com solo, permeabili-dade, textura, granulometria, verificação da capaci-dade de retenção de água, simulação e controle da erosão. Ainda com o objetivo de introduzir no ano seguinte o eixo temático ambiente, foram realizadas duas outras atividades: montagem de um minhocário e terrário.

Em 2005 dando continuidade ao tema Solos a-bordou-se o tema Meio Ambiente e foi desenvolvido paralelamente o módulo didático sobre o tema “Ar”. Esse módulo teve foco nas propriedades físicas do ar, financiado pelo CNPq. As seqüências didáticas deste módulo eram elaboradas e em seguida discutidas e reelaboradas com um grupo de professores e outro de alunos, ambos os grupos formados por voluntários.

O Módulo “Ar” foi aplicado, em 2006, nas for-mações de profissionais de educação, através da par-ceria entre Estação Ciência e Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. Nestas formações procurou-se deprocurou-senvolver a autonomia dos profissionais de edu-cação com relação à preparação de material segundo a proposta do projeto. Para isso, eles foram convida-dos a um exercício de elaboração de atividades inves-tigativas, sob a assessoria da equipe da Estação Ciên-cia. Essa proposta resultou no aprofundamento das discussões sobre a metodologia e a necessidade de pesquisar os temas a serem trabalhados.

Todos os temas e atividades trabalhados nas formações foram extraídos de material produzido pela equipe da Estação Ciência (dois deles adaptados de materiais do projeto francês), os quais são chama-dos de módulos didáticos: “Água: mudança de estado físico”, “Flutua ou Afunda”, “Solos”, “Ar”, e “Escola e meio Ambiente” 4. Esses materiais são constituídos por seqüências didáticas5 que incluem uma série de sugestões de atividades e intervenções para serem aplicadas em sala de aula, facilitando assim o plane-jamento e a execução do projeto pelo professor. Es-ses materiais são disponibilizados, em acordo com as Secretarias de Educação, aos professores como forma de apoio à implementação e ao desenvolvimento do projeto nas escolas envolvidas.

4 Alguns destes materiais estão disponíveis para download no site

www.cienciamao.if.usp.br, ainda em construção.

5 Chamamos de seqüência didática o conjunto de atividades, estratégias e intervenções que objetivam o entendimento do aluno sobre certo conteúdo ou tema. Um módulo didático compreende o tema tratado em uma série de seqüências didáticas.

Momentos Fundamentais da Metodologia Mão na Massa

- Concepções prévias

- Proposição de uma situação problema

- Planejamento Registro - Colocando a mão na massa pessoal - Discussão coletiva

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4 O módulo Solos e sua reestruturação em função da formação de professores

O módulo didático Solos foi elaborado no início de 2004 em concomitância com sua aplicação duran-te a formação de um grupo de professores da Rede Estadual de Educação de São Paulo.

Durante o acompanhamento do projeto nas esco-las, observou-se que o módulo não foi aplicado de maneira seqüencial, apenas algumas atividades pon-tuais foram ministradas na sala de aula pelos profes-sores. Isso não corresponde a uma situação ideal, dado que a aplicação sistemática da metodologia é fundamental para o desenvolvimento das habilidades e atitudes que se almeja desenvolver nos alunos.

Essa constatação mostrou a necessidade de in-troduzir nas formações, discussões básicas de nature-za pedagógica, destacando-se a importância de traba-lhar uma seqüência didática de atividades, planeja-da segundo os objetivos do professor, do projeto pe-dagógico da escola e das necessidades e do nível cognitivo dos alunos.

No entanto, os professores continuam não utili-zando a metodologia de maneira continuada e se-qüencial, já que se deparam com diversas dificulda-des, como atesta Zabala (1998, p.16): “a estrutura da prática obedece a múltiplos determinantes, tem sua justificação em parâmetros institucionais, organizati-vos, tradições metodológicas, possibilidades reais dos professores, dos meios e condições físicas exis-tentes, etc.”

Percebeu-se também que a apropriação da meto-dologia é demorada e, além desse, vários outros fato-res cooperam para a fato-resistência e dificuldade dos

profissionais:

- não são especialistas na área de ciências e

- possuem pouca vivência de atividades de ciências e pouco domínio dos conteúdos específicos da área.

Sendo a mudança da prática do professor extre-mamente delicada, percebeu-se que só o

acompa-nhamento às escolas que propicie o apoio

personali-zado às necessidades de cada professor é o que ga-rante a implementação do projeto.

Como resultado dessas constatações, reflexões e da aplicação com os professores, algumas atividades

do módulo Solos foram reestruturadas. Logo na

introdução do módulo, alterações significativas foram efetuadas. O tema é inicialmente contextualizado com a proposição da questão: o que é uma paisagem? O intuito não é fazer uma discussão conceitual, mas trazer elementos da paisagem (relevo, vegetação, clima, seres vivos, solos, o homem e sua influência sobre o meio etc.) para análise e comparação, de ma-neira que o aluno se atenha ao seu cotidiano e o tema solos possa ser aprofundado.

Ao ser realizada pela primeira vez com os pro-fessores, essa atividade propunha que buscassem a paisagem em revistas. A discussão que este procedi-mento desencadeava era proveitosa, mas faltava um

maior envolvimento do grupo para que percebessem os componentes fundamentais da paisagem.

Procurando assim aprofundar a observação, pro-pôs-se posteriormente aos professores que desenhas-sem uma paisagem. Com este procedimento as dis-cussões se mostraram adequadas, pois a imagem que

desenhavam trazia a tona elementos que compõem a paisagem. Assim pode-se destacar os elementos da paisagem para a discussão dos assuntos a serem a-bordados com os alunos e a possibilidade de apro-fundamento das noções científicas dependendo das séries ou anos do ensino fundamental. Os elementos da paisagem surgiram então rapidamente e repletos de detalhes, e ainda muitas vezes carregados de fortes emoções devido a lembranças pessoais.

Dessa maneira, ficou mais fácil conhecer as con-cepções prévias sobre espaço, inter-relacionando essa atividade com a disciplina de geografia e o domínio dos referenciais geográficos. Almeida (2003, p.17) afirma que “a geografia na atualidade baseia-se no reconhecimento da reorganização espacial no mun-do”.

Outro exemplo de reformulação residiu na intro-dução de uma outra atividade após a realização da pintura com solos. Percebeu-se que somente utilizan-do a pintura, as características texturais (proporções

Figura 2. Escultura feita pelos alunos com o tema Folclore Escola Estadual de Taboão da Serra Figura 1. Representação: “O que é uma paisagem?”

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das frações de areia, silte e argila) dos solos não eram observadas, mas apenas as suas diferentes cores. Para aprofundar a observação e vivência das texturas dis-tintas, foi elaborada uma atividade de criação de pe-quenas esculturas, usando diferentes amostras de solo, que explora a manipulação de diversas amostras de solo, propiciando uma discussão mais contextuali-zada das diferenças texturais dos solos, percebida pelas sensações táteis.

Ainda houve a exclusão de atividades do módulo inicial sobre solos, como a “Solo na Frigideira”. Sua supressão ocorreu em função de que a atividade ficou excessivamente dirigida, perdendo o caráter investi-gativo da metodologia e, se utilizava argila inicial-mente para observação da reação do solo ao excesso de calor. Entretanto, como os professores gostaram muito da atividade, optou-se em mantê-la no material escrito como atividade complementar, uma vez que ela pode suscitar a discussão da evaporação.

Uma outra atividade que ainda não foi alterada, mas já se constatou a necessidade de ajustes, diz res-peito à “Simulação e Retenção da Erosão”. Essa ati-vidade compõe a seqüência: Solo e Meio Ambiente, na qual o foco é observar os efeitos do comportamen-to do solo no ambiente em que ocorre, para entender vários fenômenos cotidianos.

O objetivo da atividade era retomar o que já foi investigado quanto ao comportamento do solo e a-bordar um problema importante: a erosão. A idéia era fazer chover, sobre um solo preparado, até que ocor-resse a erosão, com o solo escorregando pelas encos-tas e formando fendas (chamadas de sulcos de ero-são). Num segundo momento a investigação passaria então a fundamentar-se na busca por métodos de con-tenção da erosão.

Em várias ocasiões durante as formações com os professores, a bacia ficou com água acumulada (co-mo (co-mostra a figura), o que descaracteriza a noção de infiltração da água no perfil de solo.

Dessa maneira, percebeu-se a necessidade de ad-vertir o professor, durante a formação e no material escrito, sobre a adequada adaptação de materiais re-lacionando as questões de erosão aos assuntos de

infiltração e percolação da água no perfil do solo. Neste caso, deve-se fazer furos na bacia, racionar o uso de água para simulação da chuva ou adequar o material de maneira a proporcionar uma melhor infil-tração e percolação da água.

Em uma avaliação feita em 2004, através de um questionário aos professores, percebeu-se que as ati-vidades realizadas sobre o tema nos encontros de formação, em sua maioria, foram suficientes e ade-quadas, mas alguns deles sugeriram uma abordagem

mais contextualiza e direcionada à realidade e necessidade educacionais das escolas: a relação

entre solo e vida, a deterioração do solo pela polui-ção, a contaminação de mananciais e a devastação da natureza.

A partir dessa demanda, a equipe da Estação Ci-ência iniciou a elaboração de um material que explo-rasse mais a relação solo–plantas–seres vivos, que culminou no módulo “Escola e Meio Ambiente”, aplicado em 2005 a um grupo de professores. Esses materiais versam sobre os temas: terrário, horta, jar-dim e ecossistemas.

Nas visitas de acompanhamento nas escolas, procurou-se respeitar e direcionar o trabalho de acor-do com o estágio de implementação acor-do projeto em cada escola e suas necessidades específicas. Observa-se que a dificuldade maior ocorre na real internaliza-ção da metodologia pelos professores e, na compre-ensão da necessidade da articulação dos conhecimen-tos com o desenvolvimento de habilidades e atitudes, além da aplicação sistemática dos temas em seqüên-cias didáticas em sala de aula.

5 Resultados e reflexões

Há vários cursos e grupos de estudo de forma-ção continuada de professores de ciências pelo país todo. Muitos deles6 , assim como a equipe da Estação Ciência, não apenas objetivam uma atualização dos conteúdos a serem trabalhados na sala de aula, mas também procuram implementar, discutir e adaptar novas metodologias de ensino, além de suprir defici-ências da formação inicial dos professores.

Assim, a equipe da Estação Ciência trabalha preparando e acompanhando os profissionais de edu-cação em serviço, visando à implementação da meto-dologia investigativa no ensino de ciências nas séries iniciais do Ensino Fundamental.

6 Grupo de Estudos e Pesquisas em Formação de Professores da Área de Ciências (FORMAR-Ciências) Faculdade de Educação/ UNICAMP, Campinas; Grupo de Pesquisa em Ensino de Ciências Faculdade de Ciências/UNESP, Bauru; Laboratório de Pesquisa e Ensino de Física (LAPEF) Faculdade de Educação/USP, São Paulo.

Figura 3. Atividade realizada pelos alunos - Escola Estadual da Diretoria de Ensino Centro-Oeste do município de São Paulo

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As pesquisas e a experiência7 da equipe mos-tram a necessidade da adaptação da metodologia de ensino à realidade escolar: sua estrutura, seu projeto político-pedagógico, seus professores e alunos. Esse papel, que deveria ser realizado pelo próprio profes-sor, em conjunto com o coordenador pedagógico da escola, não acontece na prática nas escolas públicas devido a diversos fatores organizacionais, políticos e até pessoais.

Sendo assim, percebemos que a formação de professores em serviço deve ser utilizada como ele-mento desenvolvedor da autonomia deste e, para ob-ter esse intento, é necessário o acompanhamento in-dividualizado às escolas e aos professores.

A partir da experiência com formação e acom-panhamento de profissionais da educação desde 2001 e da análise específica da implementação de uma proposta sobre o tema solo no primeiro ciclo do ensi-no fundamental, foram reestruturadas muitas das a-ções de formação, entre elas:

- introdução de discussões metodológicas para a compreensão do significado da metodologia mão na massa, a importância de cada passo e sua necessidade de aplicação sistemática;

- discussão de conceitos científicos, para suprir even-tuais deficiências e resistências dos professores à área;

- acompanhamento da implementação do projeto mais personalizado e intenso em cada escola.

Também se percebeu a importância do uso da formação de professores e do acompanhamento para a adaptação do projeto Mão na Massa à realidade escolar. Sem esse apoio, os professores em geral não conseguem introduzir e sistematizar a metodologia no cotidiano escolar. Através desse movimento, a equipe da Estação Ciência também testa e reformula seu material escrito, produzindo assim um suporte mais rico e aplicável em sala de aula.

Por exemplo, no módulo didático Solos, várias modificações foram realizadas ou constatadas a partir das formações e do acompanhamento:

1) Utilização de desenhos feitos pelos aprendizes para melhor qualificar as discussões e obter mais amplamente suas concepções prévias.

2) Exclusão de atividades que não configuravam a metodologia investigativa.

3) Necessidade de reestruturação de atividades que propiciam a internalização de concepções errôneas. 4) A inclusão de temas mais voltados à escola e à necessidade de preservação do meio ambiente.

Observa-se, assim, que para a formação conti-nuada de professores resultar em uma mudança de prática de sala de aula, é necessário também a com-preensão e aceitação dos princípios pedagógicos que norteiam essas ações. “Um projeto de formação con-tinuada de profissionais do ensino tem que estar

7 ATAHYDE, B.A.C.; FALCONI, S. ; BORGES. R. P.C.; MOZE-NA, É. R.; KOBASHIGAWA, A. H. ; HAMBURGER, E. W. (2006); FALCONI, S. ; SAMAGAIA, R. (2004); FALCONI, S. ; YAMAMOTO, C.I.; ATAHYDE, B. A. C. (2004) entre outros.

to a tudo aquilo que envolve a qualificação do edu-cador, refletindo criticamente sobre a necessidade de se criarem nele e fora dele condições para um exercí-cio competente de sua profissão”. (Fusari e Rios, 1995).

Assim, a formação de professores no projeto ABC na Educação Científica - Mão na Massa neces-sita muito mais do que a simples realização de uma atividade experimental. Há a necessidade de discus-são do que é a metodologia investigativa, do por que utilizá-la na sala de aula e de como fazê-lo. Também há necessidade da atualização constante do material didático a ser utilizado às necessidades e característi-cas reais da escola e dos alunos.

6 Continuidade da pesquisa

A proposta da pesquisa de doutorado da primeira autora deste artigo é dar continuidade às reflexões do seu mestrado sobre ensino de solos e deste trabalho, apresentado em linhas gerais, com relação ao Módulo Solos do projeto ABC na Educação Cientifica – Mão na Massa, em que trabalha desde 2003 na direção de um movimento de construção conjunta de atividades com os professores, de maneira a investigar o que os professores buscam na formação continuada. O desa-fio é criar esse espaço.

Um passo nesse sentido foi realizado na elabora-ção de atividades do Módulo Didático sobre Ar, em que um grupo de professores pode contribuir na re-flexão das atividades que eram propostas pela equipe.

Nos últimos encontros de formação com coorde-nadores pedagógicos da rede municipal de educação do município de São Paulo, em 2006, houve momen-tos de elaboração de atividades e seqüências de didá-ticas, que buscaram discutir a metodologia investiga-tiva, a elaboração de questões problemas. Dois gru-pos apresentaram progru-postas do tema Solos, que susci-tavam a investigação sobre a diferença dos solos, sua composição e sua função. Esses encontros culmina-ram num movimento conjunto e solidário de troca de informações e experiências, indicando ser este cami-nho a seguir.

Agradecimentos

Agradecemos aos professores, estagiários, dirigentes de centros e museus de ciência e tantos outros que acreditam neste trabalho e nos seus resul-tados para a contribuição ao ensino de ciência.

Referências Bibliográficas

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Referências

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