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Projeto de Pesquisa Mestrado em Filosofia UFG O CONCEITO DE AUTORIDADE NA FILOSOFIA POLÍTICA DE TOMÁS DE AQUINO. Marcel Assunção Barboza

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Academic year: 2021

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O CONCEITO DE AUTORIDADE NA FILOSOFIA POLÍTICA DE TOMÁS DE AQUINO

Marcel Assunção Barboza

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IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO

Título:

O conceito de autoridade na filosofia política de Tomás de Aquino.

Proponente:

Marcel Assunção Barboza

Linha de pesquisa:

Ética e filosofia política

Prováveis orientadores: 1º José Nicolau Heck 2º Adriano Correia 3º Márcia Zebina

Período de execução:

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1. TEMA

A conceituação de autoridade no pensamento político de Tomás de Aquino.

2. CARACTERIZAÇÃO DO PROBLEMA

Com efeito, aparentemente nunca se tratou até hoje, com o foco central que merece, não só a questão da Autoridade em Tomás de Aquino, mas a da necessária correspondência entre a(s) Autoridade(s) e a(s) Lei(s).

É bem verdade que já muito se tratou, também em âmbito universitário, de vários aspectos da obra do Aquinate essencialmente relacionados com o nosso tema:

• a Lei;

• a lei Natural;

• os regimes políticos; entre outros.

Mas uma coisa é que estejam relacionados, e outra, muito diferente, se atingem o cerne de nosso problema, o qual se pode expor assim:

• Sabe-se que segundo o Aquinate há a Lei Eterna e a Lei Natural, por um lado, e a Lei Divina Positiva e a Lei Humana Positiva, por outro.

• Sabe-se também que a Lei Divina Positiva decorre da Lei Eterna, e que a Lei Humana Positiva decorre, por sua vez, da Lei Natural.

• Sabe-se também que toda e qualquer lei positiva humana será lícita desde que não fira a Lei Natural.

• Sabe-se, ademais, que toda e qualquer forma de regime político será válida se tampouco ferir a Lei Natural e as leis humanas positivas que não contradigam a mesma Lei Natural.

• Sabe-se que é necessária a competente autoridade para que se estabeleça tal ao qual lei, desde a própria Lei Eterna até a menor das leis humanas positivas, passando, naturalmente, pela Lei Natural, etc.

• E sabe-se, por fim, que também é necessária a decretação de uma lei para que esta adquira legitimidade – uma lei não decretada, como diz o próprio Santo Tomás de Aquino na Suma, não pode considerar-se instituída e, portanto, não pode dizer-se lei simpliciter.

Ora, sucede, porém:

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a) a Lei Natural decorre da Lei Eterna, etc., tal como exposto acima;

b) nem que a Autoridade a quem competiu a decretação da Lei Eterna, da Lei Natural e da lei Divina Positiva é Deus, e que a Autoridade a quem compete a decretação das leis humanas positivas;

2) porque, se com efeito tal é assim, há que observar que, como as leis positivas humanas decorrem da Lei Natural, que por sua vez decorre da lei Eterna, da qual, por outro lado, decorre a Lei Divina Positiva, resta esclarecer dois pares de pontos:

• Primeiro par:

a) qual o vínculo entre a Lei Humana Positiva e a Lei Divina Positiva;

b) se a primeira deve subordinar-se à segunda, e se tal subordinação há de ser essencial ou acidental, e direta ou indireta.

• Segundo par:

a) Se há tal vínculo, havê-lo-á também entre as respectivas jurisdições?

b) Se há aquele vínculo e se há esta subordinação, haverá igualmente vínculo e subordinação entre a Autoridade competente da Lei Humana e a Autoridade competente da Lei Divina Positiva?

Mas tampouco podemos contentar-nos com as respostas respectivas a estes dois últimos pares de questões.

Com efeito, se sabemos que a Autoridade competente da Lei Divina Positiva é Deus mesmo (ou melhor, o Espírito Santo), a Autoridade visível dela, porém é o Papado, que por sua vez é vigário de Cristo. Logo, o Papado é a Autoridade delegada da Lei Divina Positiva. Daí decorre outro par de questões (o último no âmbito de nossa tese):

• Se assim é, permanece o vínculo entre a Autoridade da Lei Humana Positiva e a delegada da Lei Divina Positiva?

• E, se permanece tal vínculo, há também subordinação da primeira Autoridade à segunda? E de que tipo? Essencial ou acidental? Direta ou indireta?

3. JUSTIFICATIVA

Como consideramos na problematização, o exercício da autoridade humana, para Tomás de Aquino, dá-se por delegação. Tomás de Aquino, como sempre ficou claro em sua filosofia ancilla teologiae, percebe o uso da autoridade como uma imagem da autoridade divina. Como

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seja, para compreendermos a fundamentação filosófica do Aquinate, devemos percorrer os passos que ele propôs, advindos sempre dos conceitos de Lei Natural e Lei Eterna.

Tomás de Aquino descreve a lei (geral) como “certa regra e medida dos atos pelos quais o homem é induzido a agir ou é impedido de agir”. Dado que a regra e a medida das ações humanas é a razão, em primeiro lugar vem a razão divina, e em segundo lugar a razão humana quando age corretamente, ou seja, de acordo com a finalidade ou causa final dada a ele por Deus.

O Aquinate, no entanto, distingue e reconhece quatro tipos principais de lei: a eterna, a natural, a humana e a divina. As três últimas dependem da primeira, mas de maneira diferente. Se as organizarmos em uma hierarquia, a eterna estaria no topo, depois a natural e em seguida a humana. A lei divina não está em conflito com a lei natural, mas atinge os seres humanos por uma via diferente, a revelação.

Cremos que a leitura apurada, sobretudo dos textos do próprio Aquinate no Tratado da Lei na Suma Teológica, no De eegno e no Comentário à Política de Aristóteles,1 nos possibilitará convergir para o pensamento tomista do exercício da autoridade. Dessas três obras que nos valeremos principalmente, as duas últimas são inacabadas, como inacabada parece ser a empresa atual de encontrar a eticidade política no que diz respeito ao exercício legítimo da autoridade. Nesse sentido, justifica-se o empenho pretendido neste projeto de analisar esse conceito.

O legado de Tomás de Aquino para o direito moderno já foi amplamente atestado em várias obras em que se fez tal alusão. Dentro dessa imensa contribuição, o conceito de autoridade gravitou em torno de vários outros temas políticos. Dessa forma, patenteia-se a importância de se levar a efeito a iniciativa de analisar com mais especificidade um tema do qual, de uma forma ou de outra, serão caudatários todos os demais temas políticos.

4. HIPÓTESES DE TRABALHO

4.1. Da hipótese

Partindo das considerações apresentadas na caracterização do problema, tomaremos como hipótese geral da pesquisa o seguinte: para Tomás de Aquino, a autoridade, além da

1 Ver bibliografia ao final do projeto.

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obviedade de que provém de Deus, deve necessariamente, no plano social, ser exercida em acordo com as reservas morais apresentadas pela proposta cristã; é ela fruto ou consequência natural da Lei Natural.

A participação no poder, para o Aquinate, significa eleger os governantes e poder ser eleito.2 Esta dupla capacidade constitui o elemento democrático da constituição ou regime que Santo Tomás chama de “misto”. Atentemos aqui que o Aquinate utiliza o termo democracia, na Suma Teológica, num sentido positivo, mas desde que combinado com os elementos monárquico e aristocrático. Para Tomás, o ato de legislar pode contar com o consentimento do povo: “se se trata duma sociedade livre capaz de fazer ela própria a sua lei, é preciso contar mais com o consentimento unânime do povo para fazer observar uma disposição que se tornou manifesta pelo costume, do que sobre a autoridade do chefe, que apenas tem o poder de fazer leis a título de representante da multidão. É por isso que, ainda que os indivíduos não possam fazer lei, o povo inteiro pode, contudo, legislar”3.

4.2. Dos objetivos

Nosso trabalho tem, portanto, um duplo escopo:

1) Demonstrar, mediante um estudo aprofundado do referido Tratado da Lei (relacionando-o, ademais, com os seguintes tratados da Lei Antiga e da Lei Nova), a correspondência no Aquinate entre os mencionados pares de leis e de autoridades;

2) Demonstrar, mediante o mesmo estudo e relação, a também mencionada subordinação essencial entre tais pares de instâncias, deslindando o modo como, segundo o Angélico, ela efetivamente se dá.

4.3. Do resultado esperado

2 ST, I-II, q. 95, a 4: “Est de ratione legis humana ut instituatur a gubernante communitatem civitatis”.

3 ST, I-II, q. 97, a 3, ad 3 – “Se, porém”, completa ele na mesma passagem (ad 3), “não tem o poder livre de fazer para si a lei, ou de remover a lei imposta pelo poder superior, o costume mesmo, prevalecendo em tal multidão, adquire força de lei (...)”, complemente que retira qualquer possibilidade de atribuir ao Aquinate um democratismo estrito.

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Esperamos, ao fim do trabalho, ter contribuído para a análise de um ponto até agora pouco estudado da filosofia política de Tomás de Aquino, possibilitando uma melhor fundamentação desse tema.

Por fim, findados os dois anos de orientação e tendo-nos debruçado sobre as leituras propostas, esperamos a redação e defesa de uma dissertação de mestrado, a mais digna possível de nossos esforços.

4.4. Da metodologia

– Quanto à bibliografia de estudo e apoio:

Nossa pesquisa, obviamente, por seu próprio objeto e escopo, limitar-se-á a um universo de obras escritas que envolvem direta ou indiretamente o pensamento de Tomás de Aquino no tocante ao tema em questão ― obras que estamparemos, como devido, na bibliografia ao final. Desse modo, o primeiro passo será a leitura dos textos principais e adjacentes aludidos, como dito, na bibliografia, com o objetivo de elaborar pequenos resumos e ideias-chave para nortear as etapas de elaboração da dissertação, sobretudo a montagem da estrutura de capítulos, para a discussão com o orientador sobre a exequibilidade do trabalho proposto.

– Quanto à dissertação de Mestrado

Findadas as etapas anteriores, já de posse de um resumo e esboço de capítulos (estrutura do trabalho), todo esse material será apresentado ao orientador para que analise e indique possíveis correções que tornem o trabalho factível no prazo do programa e de acordo com as regras da instituição.

4.5. Do plano de trabalho

a) Plano de atividades

Nosso projeto buscará a realização de um estudo sistemático do conceito de autoridade presente nas obras de Tomás de Aquino, estreitando suas relações com seu pensamento

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político, sobretudo no concernente à Lei. Nesse sentido, serão desenvolvidas as seguintes atividades:

 Leitura acompanhada das obras indicadas na bibliografia de estudo.

 Pesquisa e leitura das bibliografias básica e secundária.

 Pesquisa e ampliação da bibliografia, conforme se fizer necessário.

 Redação supervisionada de trabalho monográfico.

 Defesa de Dissertação de Mestrado, estabelecendo as conclusões relativas ao referente projeto. b) Cronograma de execução 2° Semestre de 2011 1° Semestre de 2012 2° Semestre de 2012 1° Semestre de 2013

Obtenção dos créditos obrigatórios

Pesquisa bibliográfica

Elaboração dos primeiros capítulos da dissertação

Elaboração dos últimos capítulos da dissertação

Primeira versão da dissertação

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5. LISTA BIBLIOGRÁFICA

5.1 Bibliografia já consultada

A resposta a todos esses pares de questões cremos encontrá-la, essencialmente, no âmbito do próprio Tratado da Lei da Suma Teológica (I-II, q. 90-97).

Mas, se preciso for, faremos excursões aos seguintes textos e obras, todos de Santo Tomás de Aquino:

• o Tratado da Lei Antiga e o Tratado da Lei Nova, ambos da Suma Teológica II-II (da questão 98 à questão 108);

• De Regno; TOMÁS DE AQUINO, De Regno (trad. port. Francisco Benjamin de Souza Neto), Editora Vozes, Petrópolis, 1997.

• o Comentário (incompleto) à Política de Aristóteles.

Outras obras de que nos valeremos:

5.2 Bibliografia a ser pesquisada

BEUCHOT, M. Ética y derecho en Tomás de Aquino. México, 1997.

COSTA, Elcias, Ferreira da, NUNES Marcos Roberto (orgs.), Temas Tomistas em Debate, Instituto de Pesquisas Filosóficas Santo Tomás de Aquino, Recife, 2003

DE BONI, Luís Alberto, De Abelardo a Lutero: estudos sobre filosofia prática na Idade Média, EDIPUCRS, Porto Alegre, 2003

FERNÁNDEZ, C., “Origen y finalidad de la politica en el De Regno de Tomás de Aquino”, Mediævalia. Textos e Estudos 21 (2002)., pp.

GONZÁLES, A. M. Moral, razón y naturaleza. Una investigación sobre Tomás de Aquino. Pamplona, 1998.

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LISSKA, A. Aquinas’s Theory of Natural Law. Oxford, 1996.

MARTÍNES BARRERA, Jorge. Reconsideraciones sobre el pensamiento político de Santo Tomás de Aquino. Mendoza, 1999.

___________________. A Política em Aristóteles e Santo Tomás. Rio de Janeiro: Sétimo Selo, 2007.

___________________. “Psicología de la libertad política en Aristóteles”, in Analogía Filosófica, 1 (1997), pp. 167-185.

___________________. “Naturaleza y política en Aristóteles y Santo Tomás”, in Analogía Filosófica, 1 (1996), pp. 109-142.

MOURÃO, José Augusto, A Doutrina Politica de Tomás de Aquino, Revista Aquinata, ISTA, 25 de Maio de 2008

Opera ominia S. Thomae. In Corpus Thomisticum. Subsidia studii ab Enrique Alarcón collectaet edita Pampilonae ad Universitatis Studiorum Navarrensis aedes ab A.D. MM. In

http://www.corpusthomisticum.org/ Acesso a 2 de Junho de 2011.

Referências

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