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A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE ATÉ A ERA CONTEMPORÂNEA

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A EVOLUÇÃO DA CONTABILIDADE ATÉ A ERA CONTEMPORÂNEA

Alexandre Roberto Monteiro1 Ana Cristina Marques (orientadora)2

RESUMO

Este artigo trata da evolução da contabilidade no progresso humanístico, desde a sua fase mais primitiva e rudimentar; surgindo praticamente junto ao homem, até a época atual, que é a era da informação. São evidenciados os principais marcos da evolução das ferramentas contábeis, desde os mais simples e primitivos até os mais atuais e complexos. São apresentados os pioneiros da evolução das ciências contábeis, os tipos de escola hoje existentes no mundo, as invenções que contribuíram para o avanço da contabilidade bem como, os fatos históricos que obrigaram a contabilidade a evoluir. Concluí-se o artigo mostrando como as revoluções ocorridas na contabilidade contribuíram para o aperfeiçoamento da atual contabilidade.

Palavras-chave: Contabilidade; contábeis; revolução; evolução

INTRODUÇÃO

No início dos agrupamentos humanos, com o surgimento das pequenas vilas, lugarejos e pequenas cidades primitivas, surgiu a primeira forma de moeda, conhecida como escambo, ou troca de mercadorias e serviços. A partir dessa fase, o homem passou a ter a necessidade de contabilizar o seu patrimônio; nascendo assim, o sistema de contagem. Este funcionava de seguinte forma: o homem tinha cabeças de gado, por exemplo, e na época não havia ainda, a representação da quantidade através de números simbólicos, como os que hoje se conhece,

1 Aluno do Módulo de Gestão de Negócios do curso de Administração da Faculdade Padre Machado -FAPEM, 2011.

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Orientadora e Professora da disciplina “Organização Sistemas e Métodos” do curso de Administração da Faculdade Padre Machado - FAPEM, jul. 2011.

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assim, ele representava cada cabeça de gado, colocando uma pedrinha equivalente para representar o mesmo. Quando uma cabeça de gado era trocada por outra mercadoria e/ou serviço, essa pedrinha era retirada. Acredita-se que, assim se deu o princípio da contabilidade, na sua forma mais grosseira e primitiva. Com o passar dos tempos, o homem como ser inteligente, logo encontrou formas mais eficientes de processar seus registros utilizava gravações e outros métodos alternativos. Os métodos utilizados estão descritos na própria Bíblia. Há interessantes relatos bíblicos sobre controles contábeis, um dos quais o próprio Jesus relatou em Lucas capítulo 16, versículo 1 a 7: “o administrador que fraudou seu senhor, alterando os registros de valores a receber dos devedores.” “No tempo de José, no Egito, houve tal acumulação de bens que perderam a conta do que se tinha!” (Gênesis 41.49). Houve um homem muito rico, de nome Jó, cujo patrimônio foi detalhadamente inventariado no livro de Jó, capítulo 1, verso 3. Depois de perder tudo, ele recupera os bens, e um novo inventário é apresentado em Jó, capítulo 42, versículo 12. Os bens e as rendas de Salomão também foram inventariados em 1º Reis 4.22-26 e 10.14-17. Em outra parábola de Jesus, há citação de um construtor, que faz contas para verificar se o que dispunha era suficiente para construir uma torre (Lucas 14.28-30). Ainda, se relata a história de um devedor, que foi perdoado de sua dívida registrada (Mateus 18.23-27).

Estes relatos comprovam que nos tempos bíblicos o controle dos ativos já era uma prática comum no mundo.

A contabilidade evoluiu da necessidade

Mattesich(2005). “A simbologia contábil surgiu primeiro que a escrita contábil.”

Marion (1986,p.98) faz uma análise da evolução histórica da contabilidade e identifica que em 4000 a.C fazia-se somente a contagem da riqueza. Já em épocas mais recentes, a partir do século XV d.C, foram introduzidos os lançamentos contábeis. Percebe-se claramente que, a importância que se dava apenas aos ativos, passou a ser também dada aos passivos do patrimônio, ou seja, começou-se a ter visão não somente dos direitos, mas também das obrigações geradas pelo patrimônio. É importante destacar que, no início dos tempos contábeis, não havia o crédito, ou seja, as compras, vendas e trocas aconteciam à vista.

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Posteriormente, passou-se a empregar ramos de árvore assinalados como prova de dívida ou quitação. Isso ocorre antes da invenção do papiro mais tarde pelos egípcios.

No período medieval, diversas inovações na contabilidade foram introduzidas por governos locais e pela igreja. Mas foi somente na Itália que surgiu o termo Contabilitá. Pode-se aludir que com o aumento da influência da igreja católica no mundo conhecido, aconteceu uma evolução nas ciências contábeis, já que era a entidade organizacional que mais possuía bens e riquezas. Possuidora de terras e bens de natureza variada, a igreja se viu na necessidade primordial de criar ferramentas mais eficazes para controlar o patrimônio. O método das partidas dobradas, grande ferramenta da contabilidade, foi criada na Itália, na época do descobrimento das Américas. “De uso universal, esse método foi apresentado pela primeira vez pelo frade Luca Pacioli, na cidade de Veneza, (Itália) em 10 de novembro de 1494” (RIBEIRO,1997,p.83).

O descobrimento do continente americano gerou grandes riquezas para os europeus. Assim, as posses de terras e bens contábeis do velho mundo aumentaram em números impressionantes. Esse fato obrigou a contabilidade a evoluir mais uma vez, tanto no aspecto financeiro, quanto nos aspectos legal e tributável, pois se tratavam de extensões de terras “sem dono” e vários países disputavam o controle das mesmas. Vários documentos de ordem legal foram emitidos nesta época, com o intuíto de controlar possíveis guerras gananciosas no continente europeu. Assim nasceu a necessidade de se inventariar as terras descobertas, e as grandes riquezas dali extraídas, como ouro, prata e todo tipo de metais e pedras preciosas, além de insumos, como madeira, alimentos, fibras naturais e capital humano que aqui já viviam.

Em 1492, é descoberta a América e, em 1500, o Brasil. Este representava um enorme potencial de riquezas para alguns países europeus. Contabilizar tornou-se uma necessidade para se estabelecer o controle das inúmeras riquezas que o Novo Mundo representava. Percebe-se que, o avanço da contabilidade, ocorreu mais por necessidade do que mero acaso. O aumento do patrimônio fez com que, o homem tivesse que sofisticar seus métodos de controle e inventario. Pode-se afirmar que, o período da descoberta do novo mundo foi um pilar muito importante. O passo seguinte foi à reforma protestante que ocorreu na Europa, em 1.517 d.C. Os protestantes perseguidos na Europa pela igreja católica emigraram para o continente americano, ajudados pelo Estado Inglês. Estes se estabeleceram trazendo consigo o conhecimento contábil que na América perdeu aspectos da escola italiana. Neste período, a

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semente da contribuição americana para a contabilidade germinara. Segundo Marion (1986,p.98).

A escola Italiana - parte dos lançamentos contábeis (escrituração) para, no final, chegar às demonstrações financeiras.

A escola americana – parte de uma visão conjunta das demonstrações financeiras, principalmente o balanço patrimonial, para, em seguida, estudar os lançamentos contábeis (escrituração) que deram origem aquelas demonstrações.

Dessa maneira, nasceu a escola americana, que somente no século XX passou a ser reconhecida e mais comumente usada no mundo, do que os ensinamentos da escola italiana; mudando assim, para sempre, a ideia de um único modelo contábil. O próximo passo evolutivo da contabilidade foi o período científico. Nele surgiram as novas invenções, facilitando a vida do homem em todas as áreas do conhecimento, inclusive na contabilidade. O surgimento de aparelhos mecânicos, como a máquina de escrever e as calculadoras mudaram para sempre os métodos de contabilizar, até então rudimentares e mais trabalhosos para o profissional contador. Embora o século XVII tivesse sido o berço da era científica e Pascal já tivesse inventado a calculadora, a ciência da Contabilidade ainda se confundia com a ciência da Administração, e o patrimônio se definia como um direito, segundo postulados jurídicos.

Nessa mesma época, a contabilidade chegou às universidades italianas, sendo lecionada sob o título de “aula de comércio da corte”, em 1809. Ribeiro (1997,p.385) afirma que. “Na Itália várias escolas ou correntes deram origem a diferentes teorias.” Mas o grande nome da época da inovação da contabilidade foi Francisco Villa. Este extrapolou os conceitos tradicionais da contabilidade, segundo os quais “escrituração” e “guarda livros” poderiam ser feitas por qualquer pessoa inteligente. Para ele, a Contabilidade implicava em conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administrada, ou seja, o patrimônio. Era o pensamento patrimonialista. Fábio Bésta, pupilo de Francesco Villa, ultrapassou o seu mestre em conhecimentos contábeis. Demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, e chegou muito mais perto de definir patrimônio como objeto da Contabilidade. Era a considerada escola Tratadista. Para essa escola, também conhecida como “escola econômica”, as contas representavam valores materiais (RIBEIRO,1997,p.385). Um grande marco que merece destaque nesta época, foi a revolução industrial que teve início na Inglaterra, entre 1760 a 1850. A fabricação de bens de consumo, especialmente têxtil e a energia a vapor, destacaram-se entre 1850 a 1900. A industrialização expandiu-se pelo

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mundo, aproximando a de outros países Tais avanços foram elementos fundamentais para a evolução da contabilidade, já que, essas indústrias de produção em massa, dependiam dos elementos da contabilidade para controlar o patrimônio nelas existentes. Mas Foi Vicenzo Mazi, pupilo de Fábio Bésta, quem pela primeira vez, no ano de 1923, definiu o patrimônio como objeto da contabilidade. Este teve, sobretudo, o mérito incontestável de chamar atenção para o fato de que a Contabilidade é muito mais do que um mero registro; é um instrumento básico de gestão. A linguagem didática de Mazi é ate hoje a mais perfeita definição do que é contabilidade. Ribeiro (1997,p.385) alude que essa escola, que considera o patrimônio como o objeto da contabilidade, classifica as contas em contas patrimoniais e contas de resultado.

As ciências contábeis na era do conhecimento

Um fator histórico de suma importância para o nascimento da era do conhecimento foi a descoberta das ondas de rádio no início do século XX. Porém, somente na década de 1920, o rádio se tornou popular no mundo. A informação e a velocidade da comunicação ocasionaram grande avanço para a contabilidade já que, esta também é um meio de comunicação, que comunica a realidade do patrimônio das entidades em determinado momento. O avanço da comunicação fez com que as realidades patrimoniais pudessem ser reveladas aos interessados com maior rapidez. Na década de 1930, a velocidade da informação aumentou ainda mais, com a descoberta da transmissão de imagens através das ondas de rádio. Dessa maneira foi criada a televisão, que acelerou muito a velocidade das comunicações.

A era do conhecimento foi iniciada logo após a segunda guerra mundial, período em que uma grande invenção revolucionou para sempre a vida do homem, contribuindo com todas as áreas do conhecimento. Essa grande invenção foi o computador. Apesar de recém lançado, o computador na década de 1940, ainda não era utilizado pela contabilidade. Este tinha uso somente na área bélica, nos ministérios da defesa de nações mais desenvolvidas, como os Estados Unidos. Os computadores nesta época, eram enormes e não cabiam em cima de uma mesa. Os trabalhos contábeis da época, eram feitos de forma maquinizada, através de calculadoras e máquinas de datilografia. Até mesmo documentos manuscritos, eram comuns nos trabalhos contábeis desta época. Ribeiro (1997.p,35) afirma que ”nos anos 40, as técnicas contábeis consideradas eram: escrituração, inventários, balanço e orçamento.” Já Marion (1986) afirma que o processo de usar a máquina de datilografia comum e não uma máquina de

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contabilizar específica, deve ser denominado de maquinizado e não mecanizado. Utiliza-se o termo mecanizado somente quando o profissional utiliza máquina própria para a contabilidade. Somente na década de 1970, com a criação de processadores menores e mais rápidos, iniciou-se a era da utilização dos computadores pelas organizações. Nesse período, grandes empresas passaram a utilizar o computador para executar os trabalhos contábeis. Marion (1986.p.161) afirma que o sistema eletrônico foi a maior ferramenta para a contabilidade, pois através dele, pôde-se criar relatórios contábeis, calcular com velocidades incríveis, analisar dados e processar os mesmos, facilitando assim, o controle do patrimônio das entidades. Assim se prova que, a maior ferramenta para a contabilidade foi a invenção do computador. Este se tornou nas décadas seguintes, muito popular entre os profissionais da contabilidade. Marion (1986,p.161) alude que.

A principio pode-se dizer que o computador pressupõe a existência de grandes quantidades de lançamentos a serem feitos e grande volume de negócios. Todavia, com advento do microcomputador, a realidade é outra. Basta haver necessidade de rapidez na tomada de decisões para motivar a existência de um micro, cujo custo é relativamente barato; seu beneficio, no entanto é visivelmente elevado.

No final da década de 1980, a contabilidade perdeu seus aspectos anteriores e ganhou um aspecto mais informatizado. A interação entre tecnologia e comunicação, gerou a internet dentro das organizações, afetando de forma positiva a contabilidade. Os novos recursos da tecnologia ofereceram à contabilidade a oportunidade da velocidade, o que antes era considerado impossível. Na década de 1990, graças a Internet, já era comum, a informação contábil ser transmitida aos gerentes, contadores e administradores em tempo real. Já em meados da década de 1990, a internet e os computadores evoluíram muito, permitindo maior autonomia para os gestores. Sistemas sem fio, com interação com satélites começaram a ser utilizados pelas empresas e usuários domésticos. Dessa maneira, os relatórios contábeis passaram a ser comunicados com grande velocidade em qualquer parte do globo, inclusive podendo ser atualizados instantaneamente em tempo real. O controle do patrimônio, as perdas e ganhos, que até então, aconteciam em períodos mais longos, a partir de meados da década de 1990, passaram a controlar o patrimônio, diariamente, de hora em hora, de minuto em minuto, ou até mesmo de segundo em segundo. Pode-se citar que o pilar contemporâneo da contabilidade é sustentado pelos pilares anteriores desde o mais primitivo até o mais atual.

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CONCLUSÃO

A linha histórica mostra que a contabilidade é de fato, uma ciência fundamental as necessidades humanas. O pilar mais antigo e rudimentar sustenta o mais atual, sofisticado e tecnológico, sendo cada fase, um marco para as evoluções seguintes. A contabilidade e a tecnologia andam juntas. Todas as revoluções na tecnologia contribuíram para os avanços da contabilidade, consequentemente, esta vem sendo uma das áreas que mais geram empregos no planeta. Gouveia (1993,p.5) menciona que “através dos tempos, a área contábil vem criando novas especializações e, consequentemente, emprego para muita gente.” Existente desde os primórdios da humanidade, a contabilidade acompanhou o homem em todas as suas conquistas patrimoniais. Quando o homem descobriu novas terras, usou da contabilidade para controlar os novos patrimônios adquiridos. Com o avanço da tecnologia espacial, é provável que um dia o homem venha a conquistar novos patrimônios no espaço, como por exemplo, a colonização de Marte. Assim certamente a contabilidade irá ser a ciência responsável para controlar os insumos retirados deste planeta. Portanto, desde o mais primitivo ao mais avançado e imaginável avanço da humanidade, a contabilidade estará sempre presente, controlando as conquistas ou as derrotas do homem, mostrando de forma lúdica seus ganhos e suas perdas.

“Uma empresa sem boa contabilidade é como um barco, em alto mar, sem bússola.” (MARION,1986)

REFERÊNCIAS

GOUVEIA,Nelson. Contabilidade Básica.2.ed.São Paulo: HARBRA,1993. MARION,José Carlos. Contabilidade Básica.São Paulo:ATLAS,1986.

RIBEIRO.Osni Moura.Contabilidade Geral:Para Concursos de Contabilidade em Geral.São Paulo:SARAIVA,1997.

EQUIPE PORTAL DE CONTABILIDADE . Historia da Contabilidade. Disponível em: <http://www.portaldecontabilidade.com.br/tematicas/historia.htm>. Acesso em 25 mar.2011.

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BÍBLIA. Português. Bíblia sagrada.Tradução:Centro Bíblico Católico.34.ed rev.São Paulo: Ave Maria, 1991.

ROSA, Iêda Lúcia Inácio. Metodologia Científica e o Estudo superior. In:Metodologia da

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