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USO DA BROMOCRIPTINA E DA DEXAMETASONA NA INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO EM CADELAS.

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MARIA ESTHER ODENTHAL

USO DA BROMOCRIPTINA E DA DEXAMETASONA

NA INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO EM CADELAS.

Tese apresentada à Universidade

Federal de Viçosa, como parte das

exigências do Programa de

Pós-Graduação em Medicina Veterinária,

para obtenção do título de “Magister

Scientiae”.

VIÇOSA

MINAS GERAIS - BRASIL

2003

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MARIA ESTHER ODENTHAL

USO DA BROMOCRIPTINA E DA DEXAMETASONA

NA INTERRUPÇÃO DA GESTAÇÃO EM CADELAS.

Tese apresentada à Universidade

Federal de Viçosa, como parte das

exigências do Programa de

Pós-Graduação em Medicina Veterinária,

para obtenção do título de “Magister

Scientiae”.

APROVADA: 16 de dezembro de 2003

______________________________ ________________________________

Prof.Tarcízio Antonio Rêgo de Paula Prof. Ricardo Junqueira Del Carlo (Conselheiro)

_______________________________ _______________________________

Prof. José Antonio Viana Prof. Sérgio Luis Pinto da Matta

__________________________________ Prof. João Carlos Pereira da Silva

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AGRADECIMENTOS

À Universidade Federal de Viçosa e ao Departamento de Veterinária por me acolher durante os quatro anos de estudos, pela oportunidade de ampliar meus conhecimentos, contribuindo para minha qualificação profissional.

Ao meu orientador Prof. João Carlos Pereira da Silva por toda sua dedicação, paciência e por estar sempre um passo à minha frente.

À Royal Canin pelo fornecimento da ração que alimentou os animais deste experimento.

Aos professores e funcionários do Departamento de Veterinária, por tudo que aprendi, nas salas de aula e fora delas, por tudo que fez desse lugar minha casa no período em que estive em Viçosa.

À professora Marlene por estar sempre incentivando e mostrando aos seus alunos o que cada um tem de melhor.

Ao professor Tarcízio por toda ajuda fornecida para confecção deste trabalho.

À turma da especialização de 2000, por formarmos uma equipe e pelos ótimos momentos que passamos juntos no HOV.

Aos meus amigos Mário e Tatinha pelo auxílio nas cirurgias, pelos momentos de descontração e amizade sincera.

À Rosiane e Kelly pela ajuda na realização deste experimento.

À Paula Rita e D. Augusta por toda confiança em mim depositada pois sem vocês esse experimento não se realizaria.

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Aos meus irmãos, Diego e Alex por sempre me acompanharem e pela família que nós somos.

Aos meus primos Vanessa, Sandrine, Andréa, Liza, Gisela, Rafael, André e Serge e tios por estarem na minha vida.

Aos meus pais, Neusa e Georg pelo que sou hoje.

Ao Richard meu amor, por estar sempre ao meu lado e por toda ajuda na confecção desta tese.

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BIOGRAFIA

MARIA ESTHER ODENTHAL, filha de Georg Odenthal e Neusa Nunes Gonçalves, nasceu em 12 de junho de 1971, em Düsseldorf- República Federal da Alemanha.

Em março de 2000, graduou-se Médica Veterinária pela Universidade de Alfenas - Minas Gerais e no mesmo ano ingressou na Especialização em Clínica e Cirurgia de Pequenos Animais na Universidade Federal de Viçosa.

Em agosto de 2001, iniciou-se no Programa de Pós-Graduação em Medicina Veterinária, área de concentração em Patologia Veterinária, junto ao Departamento de Veterinária, nessa mesma Instituição.

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CONTEÚDO

Página

Resumo...

VI

Abstract...

VII

Introdução...

01

Revisão de Literatura...

02

Material e Métodos ...

14

Resultados e Discussão...

16

Conclusões...

21

Referências Bibliográficas...

27

(7)

RESUMO

ODENTHAL, Maria Esther, M.S., Universidade Federal de Viçosa, dezembro de 2003. Uso da bromocriptina e da dexametasona na interrupção da

gestação em cadelas. Orientador: João Carlos Pereira da Silva. Conselheiros:

Marlene Isabel Vargas Viloria e Tarcízio Antonio Rêgo de Paula.

Objetivando avaliar o efeito abortivo de bromocriptina e da dexametasona, 30 cadelas sem raça definida, com mais de 35 dias de gestação, confirmada por ultrasonografia, clinicamente sadias, com peso variando entre 10 e 30 kg foram separadas em três grupos, a saber: Grupo 1 - Submetidas ao tratamento com bromocriptina durante 6 dias na dose de 0,01 mg/kg a cada 12 horas; Grupo 2 - Tratadas com dexametasona durante 10 dias na dose de 0,02 mg/kg a cada 12 horas; Grupo 3- Controle. Os resultados demonstraram que tanto os animais tratados com bromocriptina, como aqueles tratados com dexametasona tiveram suas gestações interrompidas em 90% dos casos. Na condição em que foi realizado o presente experimento, não foram observadas alterações endometriais graves, que pudessem comprometer a fisiologia uterina. Verificou-se que o abortamento é mais tardio no grupo tratado com dexametasona com a expulsão do feto pode ocorrer até o 10o dia após o início do tratamento.

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ABSTRACT

ODENTHAL, Maria Esther, M.S., Universidade Federal de Viçosa, december of 2003. Use of bromocriptine and dexametazone for the interruption of

gestation in bitches. Adviser: João Carlos Pereira da Silva. Committee

members: Marlene Isabel Vargas Viloria and Tarcízio Antonio Rêgo de Paula.

With the goal of evaluating the efficacity of bromocriptine and dexametazone, 30 mongrel bitches, with more than 35 days of pregnancy confirmed by ultrasonography, clinicaly healthy, with weights varying between 10 and 30 kgs, were divided in three groups: Group 1 - Underwent treatment with bromocriptine for 6 days with a dosage of 0,03 mg/kg every 12 hours; Group 2 – Underwent treatment with dexametasone for 10 days with a dosage of 0,2 mg/kg every 12 hours; Group 3 – control. The results demonstrated that both the animals treated with bromocriptine as well as those treated with dexametasone had their pregnancies interrupted in 90% of the cases. In the conditions in which the present experiment was made, no serious endometrial alterations, with endangerment of uterine phisiology, were observed. It was verified that the abortion happens later in the group treated with dexametasone, where the phoetus expulsion may occur up to the 10th day after the treatment.

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Introdução

Na espécie canina, métodos abortivos para interrupção da gestação são empregados, mais comumente, após coberturas indesejáveis ou quando a gestação conferir risco de saúde à mãe (FIENI et al., 1996). Além disso, segundo VERSTEGEN (2000), pode haver indicações para a decisão da indução do abortamento ou prevenção da implantação em cadelas, como determinados cruzamentos entre raças, cobertura no primeiro estro de cadelas jovens, manejo reprodutivo inapropriado e complicações obstétricas esperadas como anormalidade de pelve.

Diversas classes de agentes farmacológicos são usadas na contracepção em cadelas, mas possuem restrições na clínica de pequenos animas devido aos seus efeitos colaterais, custos ou inaplicabilidade na prática hospitalar (ONCLIN et al., 1995). Dentre os efeitos adversos relacionados à utilização de algumas drogas, destacam-se emese, anorexia, poliúria, polidpsia, depressão, taquicardia e polipnéia. Também são relacionadas graves patologias dos órgãos genitais feminino associadas a contraceptivos à base de estrógenos e de progestágenos, com referência especial ao complexo hiperplasia endometrial cística- piometra. Todavia, são escassos os trabalhos experimentais abordando os efeitos de alguns contraceptivos sobre a integridade endometrial.

Dentre as diversas drogas passíveis de serem utilizadas para a contracepção em cadelas incluem-se a dexametasona, que é um glicocorticóide, cuja ação, provavelmente, resulta da diminuição dos níveis de progesterona que se encontram abaixo de 2 ηg/ mL ao final do tratamento (ZONE et al.,1995) e a bromocriptina conhecido alcalóide do ergot, agonista da dopamina, luteolítico, que reduz a secreção de prolactina nas fêmeas caninas e quando administrada

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por via oral, durante quatro dias, na metade final da gestação pode induzir o abortamento nesta espécie (CONCANNON & MEYERS-WALLEN, 1991).

Diante disso, pretende-se verificar a eficácia da bromocriptina e da dexametasona como drogas indutoras de abortamento em fêmeas da espécie canina e avaliar histologicamente os efeitos destas drogas sobre o endométrio.

Parte desta tese foi elaborada conforme normas da Revista Ciência Rural, do Centro de Ciências Rurais da Universidade Federal de Santa Maria, ISSN 0103-8478.

2 - Revisão de Literatura

2.1. Ciclo reprodutivo da cadela

Anestro: Compreende o final da fase luteal de um ciclo e a fase folicular do próximo. Neste período as concentrações de estrógeno são basais, acompanhando a presença de folículos em vários estágios de crescimento e atresia. (CONCANNON, 1989). As concentrações plasmáticas de progesterona apresentam-se baixas, permanecendo sempre abaixo de 1,0 ng/ml (OLSON et al., 1982).

Pro-estro: Aumento de atividade folicular que precede o estro (FELDMAN & NELSON, 1996). O pro-estro é caracterizado por evidências externas incluindo a atração por machos, aumento progressivo e turgidez da vulva e períneo e descarga vaginal serosanguinolenta devido ao aumento das concentrações sanguíneas de estrógeno (CONCANNON et al., 1989; PURSWELL & PARKER, 2001). A duração do pro-estro varia normalmente entre 6 a 11 dias (CONCANNON et al., 1989; STABENFELD & EDQVIST,

1996). Na cadela, o pro-estro está sob a influência do estrógeno que é sintetizado

e secretado quando há desenvolvimento de folículos ovarianos (FELDMAN & NELSON, 1996). Os níveis de FSH (Hormônio Folículo Estimulante) e LH (Hormônio Luteinizante) estão baixos durante a maior parte do pro-estro e por ocasião da onda pré-ovulatória ocorre elevação do LH. O estrogênio eleva-se

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dos seus níveis basais do anestro até níveis de pico (50-100 ρg/ml) ao final do pro-estro, enquanto a progesterona permanece basal (<1ηg/ml), até sua elevação por ocasião do pulso de LH (2-4 ηg/ml). A fase folicular do ciclo ovariano coincide com o pro-estro e início do estro (DAVIDSON & FELDMAN, 1997).

Estro: É caracterizado pela aceitação do macho pela fêmea e possui duração em média de uma semana. O estro é o período fértil que começa com o declínio do estrógeno e elevação da progesterona associada com o pulso de LH e que termina com redução abrupta da corneificação vaginal, usualmente observada sete a nove dias após o pico de LH. Este hormônio produz o crescimento final e luteinização dos folículos maduros, levando à ovulação e transformando os folículos secretores de estrógeno em corpo lúteo secretores de progesterona. Assim a onda de LH representa a transição da fase folicular do ciclo para a fase luteal. A ovulação ocorre cerca de 36-50 horas depois do pico de LH. Na maioria dos ciclos a onda pre-ovulatória ocorre um dia depois da transição do pro-estro para estro, porém em alguns ciclos o início do estro e a primeira cobertura podem ocorrer dois a três dias antes do pico de LH, enquanto em outros ciclos os cruzamentos podem demorar quatro a cinco dias após a onda de LH (CONCANNON et al., 1989).

Diestro ou Metaestro: Em contraste com as outras espécies de animais domésticos, a fase luteal em cadelas gestantes e não gestantes é idêntica, exceto que nas fêmeas gestantes as concentrações de progesterona retornam à linha de base mais rapidamente por ocasião do parto (HOFFMANN; RIESENBECK & KLEIN, 1996). Na cadela não gestante a fase luteínica atinge seu pico cerca de 25 dias após a ovulação e então declina lentamente, com uma duração de cerca de 75 dias (STABENFELD & EDQVIST, 1996).

As concentrações plasmáticas de estrógeno estão baixas durante o diestro, enquanto as concentrações plasmáticas da progesterona elevam-se continuamente durante as primeiras semanas do diestro até um patamar de 15 a 80 ηg/ml, antes de declinarem progressivamente no final do diestro. As concentrações de prolactina aumentam na proporção inversa às concentrações declinantes de progesterona (DAVIDSON & FELDMAN, 1997). Ocorre

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declínio na concentração de progesterona cerca de 12 a 42 h antes do parto e as concentrações basais são obtidas quando os primeiros sinais do parto estão presentes (NOHR et al., 1993; FONTBONNE et al., 1993).

Gestação: A fertilização e os dez primeiros dias do desenvolvimento embrionário canino ocorre na tuba uterina. Os embriões migram para o útero nos próximos cinco a dez dias antes da implantação. Durante este período, relações importantes ocorrem entre o embrião e a tuba uterina ou útero e qualquer mudança nessas relações levará à morte embrionária ou a não implantação do embrião (VERSTEGEN, 2000).

Há necessidade de progesterona para manutenção da gestação. O ovário é a maior fonte de progesterona e a realização de uma ovariectomia, em qualquer etapa da gestação, leva a reabsorção fetal ou abortamento (CONCANNON et al., 1989).

A gestação na cadela pode ser dividida em três períodos. O primeiro terço tem início na fertilização e termina com a nidação, durando cerca de 20 a 22 dias após o pico de LH. O segundo período inicia-se na implantação vai até o início da ossificação fetal no 40° dia de gestação, correspondendo ao início do desenvolvimento fetal e o último terço começa com o desenvolvimento esquelético dos fetos até o parto (VERSTEGEN, 2000).

2.2. Interrupção da gestação em cadelas

Espera-se que os tratamentos que suprima ou adie os padrões secretórios normais de GnRH (hormônio liberador das gonadotropinas) ou das gonadotropinas LH e FSH sejam capazes de interromper os ciclos ovarianos. Há necessidade de disponibilidade contínua de progesterona para manutenção da gestação. Tratamentos que impeçam ou bloqueiem a ação deste hormônio podem ser utilizados na prevenção ou interrupção de gestações indesejadas (CONCANNON, 1997).

A indução do abortamento deve se dar após a confirmação da gestação com uso de produto seguro a curto e a longo prazo, tanto para a saúde da fêmea

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quanto para a fertilidade futura e que seja confiável, de fácil administração, de controle do médico veterinário e não impressionar o proprietário (VERSTEGEN, 2000).

2..2.1 Estrogênios

Os estrogênios administrados na dose correta e depois da cobertura indesejada, reduzem as junções útero-tubárias, prolongando o tempo de permanência dos embriões na tuba uterina e alteram a condição endometrial, impedindo a implantação embrionária (VERSTEGEN, 2000). Entre os efeitos adversos mais sérios estão o complexo cístico endometrial, a piometra e a supressão da medula óssea. O mecanismo de indução do complexo cístico endometrial por estrogênios não é bem compreendido. Sabe-se que o estrógeno exógeno é administrado quando as concentrações do estrógeno endógeno estão decrescentes (estro) ou baixas (diestro), desta maneira as cadelas são expostas a concentrações não fisiológicas do hormônio e estas apresentam-se completamente atípicas para esta fase do ciclo ovariano. Esta administração pode estimular a síntese de receptores para progesterona pelo endométrio, potencializando os efeitos luteínicos. A sensibilidade da medula óssea aos estrogênios não é bem compreendida, mas os efeitos destrutivos são bem documentados. A hipoplasia iatrogênica da medula óssea ocorre por exposição anormal ao aumento sérico das concentrações do estrogênio endógeno ou exógeno e é normalmente fatal, devido à pancitopenia que resulta em hemorragia crônica, anemia e imunossupressão. O tratamento suporte, normalmente utilizado, consiste de repetidas transfusões para manter a vida do animal, porém não altera o prognóstico, além de possuir alto custo (FELDMAN & NELSON, 1996).

O dietilestilbestrol (DES) é um estrogênio pouco utilizado atualmente para induzir o abortamento. A dose recomendada para este procedimento é de 0,15 mg/Kg via oral, diariamente, durante sete dias. Porém sua administração não

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constitui terapia confiável já que sua eficácia não é comprovada (FELDMAN & NELSON, 1996).

O cipionato de estradiol (ECP) é administrado em dose única dentro de três dias após a cobertura. A dose de 0,02 mg/Kg mostrou-se efetiva na indução do abortamento em apenas 50% das cadelas durante o pro-estro ou estro e em 75 % das cadelas em início do diestro (FELDMAN & NELSON, 1996). Estes autores afirmam ainda que, o ECP quando administrado após 10 dias do diestro, pode induzir piometra e que, além disso, o ECP pode levar à hipoplasia da medula óssea causando severa anemia, leucopenia, trombocitopenia e morte, mesmo quando administrado nas doses propostas.

Outras classes de estrogênios descritas são: benzoato de estradiol e valerato de estradiol. O benzoato de estradiol possui uma ação prolongada e a sua dose é de 3 a 7 mg administrada em dose única, quatro a dez dias após a cobertura indesejada (FELDMAN & NELSON, 1996). Para SUTTON et al. (1997), a dose recomendada de benzoato de estradiol é de 0,01 mg/kg por via subcutânea ou intramuscular no 3° e 5° dias após a cobertura. Entretanto, se cruzamentos múltiplos forem observados, uma dose adicional deve ser administrada no 7 ° dia. Estes autores relataram ainda que de 358 cadelas que tiveram cobertura indesejada, e foram tratadas com o protocolo descrito, apenas 16 levaram a gestação a termo após 65 dias e a incidência de piometra foi de 26 casos, 7,3% o que é quase o dobro da ocorrência natural da doença. VERSTEGEN (2000) relatou que 25 a 50 % das cadelas tratadas com estrogênios para interrupção da gestação desenvolveram metrite.

Já o valerato de estradiol possui ação mais curta e a dose recomendada é de 0,5 a 3,0 mg a cada 48 horas no total de três doses, também quatro a 10 dias após a cobertura, porém seus efeitos colaterais são extremamente deletérios, sendo preferível a cadela levar a gestação a termo (FELDMAN & NELSON, 1996).

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2.2.2 Prostaglandinas

Doses múltiplas de prostaglandinas têm sido utilizadas para impedir a gestação em cadelas, ao inibir a síntese de progesterona pelo corpo lúteo (VERSTEGEN, 2000). Os abortamentos são induzidos de três maneiras diferentes: vasoconstrição reduzindo o fluxo sanguíneo ao corpo lúteo e causando degeneração celular; interferência na esteroidogênese por meio de ligação ao receptor específico com consequente redução de progesterona e, por último, agindo diretamente no miométrio causando contrações da musculatura lisa (VERSTEGEN, 2000). O tratamento para indução do abortamento quando iniciado no final do estro ao quinto dia do diestro, que corresponde ao 13° a 15° dia após a onda de LH requer doses mais altas de prostaglandinas (VERSTEGEN, 2000). Já a indução do abortamento mediado por prostaglandinas no segundo e terceiro terço da gestação requer doses mais baixas que 150 µg/ Kg e um tempo de administração mais prolongado (LEIN et al., 1989).

A eficácia depende da dose, freqüência e estágio da gestação (VERSTEGEN, 2000). A dificuldade de se usar PGF2α em cadelas, comparada às outras espécies, é que elas são mais resistentes ao efeito luteolítico desta. Porém são particularmente susceptíveis aos seus efeitos colaterais, já que doses acima de 250 µg/ Kg IV, com injeção única, causa somente declínio transitório das concentrações plasmáticas de progesterona e não comprometem a gestação. Como efeitos colaterais indesejados pela administração de PGF2α destacam-se a sialorréia, emese, diarréia, hiperpnéia, ataxia, poliúria, ansiedade, midríase seguida de miose, que podem aparecer de 20 a 60 minutos após a administração. A severidade dos efeitos adversos é dose dependente, mas quando administradas repetidamente, as cadelas mostram-se adaptadas a estes efeitos na 4ª ou 5ª aplicação (LEIN et al., 1989).

ROMAGNOLI et al. (1991) afirmaram que apenas cadelas saudáveis, sem problemas respiratórios, podem ser tratadas com PGF2α. As fêmeas cujos efeitos colaterais se manifestem exacerbadamente devem ser atropinizadas na

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próxima aplicação da droga. Estes autores relataram ainda que, em 15 cadelas suspeitas de gestação, induziu-se o abortamento com 150 a 200 µg/ Kg de PGF2α, por via subcutânea, administrada duas vezes ao dia durante quatro dias do 8º ao 19º dias de gestação, sendo que apenas uma cadela levou a gestação a termo.

LEIN et al. (1989) citaram que a luteólise induzida por PGF2α na cadela parece ser mais dependente da duração do tratamento que da dose total, já que repetidas injeções intramusculares, em doses baixas, podem resultar em luteólise e abortamento. Quando administrada na dose de 20 µg/ Kg a cada oito horas ou 30 µg/ Kg a cada 12 horas durante três dias, houve abortamento em 57,2 % das fêmeas que receberam estas doses e os efeitos colaterais encontrados foram leves e limitados a sialorréia e alguns episódios isolados de emese e diarréia. Em outro estudo, descrito pelo mesmos autores demonstrou-se que 50 µg/ Kg intramuscular duas vezes ao dia, durante quatro a 10 dias resultou em abortamento completo em 83,3% das cadelas, enquanto 17,7% tiveram abortamento incompleto, sendo que nestas, dois filhotes vieram a termo. Acrescentaram ainda que cadelas selecionadas para terapia com PGF2α devem estar com 25 a 30 dias de gestação confirmada, devendo ser recomendada a hospitalização pelo menos 24 horas depois do abortamento. O uso de PGF2α para induzir abortamento em cadelas só deve ser justificado em circunstâncias especiais.

O cloprostenol é um análogo sintético da PGF2α, que possui efeitos luteolíticos mais expressivos que a molécula natural, podendo ser usado em doses menores com efeitos limitados sobre a musculatura lisa e reações adversas reduzidas. Quando utilizado na primeira metade da gestação obtém-se resultados inconsistentes e abortamentos parciais são freqüentemente observados. Após a administração de cloprostenol podem ser observadas mais frequentemente as seguintes manifestações: emese, depressão severa, polipnéia, tremores, defecação, taquicardia e anorexia. A freqüência destes sinais tende a se reduzir durante o curso do tratamento (FIENI et al, 1997). Esses autores assinalaram que, em 67 cadelas tratadas com cloprostenol na dose de 2,5 µg/ Kg, via

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subcutânea, em três doses intercaladas a cada 48h, 53 tiveram abortamento obtendo sucesso de 79,1 %. Relataram ainda que as 14 cadelas restantes que não interromperam a gestação receberam um segundo protocolo adicional idêntico ao primeiro e destas, nove abortaram.

WATTS & WRIGHT (1997) relataram que em oito cadelas gestantes tratadas com doses de 1,30 a 5,26 µg/ Kg de cloprostenol administrado diariamente durante sete dias consecutivos, 100% tiveram abortamento e os efeitos colaterais foram mínimos.

2.2.3. Dopamina Agonistas

Níveis séricos de prolactina demonstram que nas cadelas prenhes e não prenhes a concentração deste hormônio aumenta durante o diestro, cerca de 30 dias após o final do comportamento de estro e começa a elevar-se durante o parto até o final do desmame. Já nas cadelas não gestantes as concentrações de prolactina retornam à linha de base mais cedo (JÖCHLE et al., 1989).

A bromocriptina é usada para reduzir a produção de leite, terminar a lactação e suprimir a pseudogestação, podendo ainda induzir o abortamento, na segunda metade da gestação, em cadelas. Porém, devido aos efeitos colaterais, como emese severa, a droga é pouco utilizada na clínica de pequenos animais (JÖCHLE et al., 1989).

Para FELDMAN & NELSON (1996) a bromocriptina é efetiva na indução do abortamento somente após 30 dias de gestação nas doses de 0,1 mg/kg/dia por via oral durante seis dias consecutivos, iniciando no 35° dia de gestação ou 0,03 mg/kg a cada 12 horas por via oral, durante quatro dias, iniciando após o 30° dia de gestação. Segundo estes autores, ela não é melhor tolerada do que as prostaglandinas e seus efeitos colaterais como a inapetência, anorexia, emese e depressão, são mais severos e persistentes. Recomenda-se a utilização de anti-emético de ação periférica, administrado 30 minutos antes do tratamento. Para VERSTEGEN (2000) o uso de bromocriptina é considerado indesejável uma vez que ocorre a expulsão e não a reabsorção fetal.

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A cabergolina, assim como a bromocriptina, é um alcalóide do ergot, que inibe a liberação de prolactina por estimulação direta nos receptores dopaminérgicos das células de liberação da prolactina na hipófise. Porém, a cabergolina parece não possuir efeitos colaterais observados com a bromocriptina (ONCLIN et al., 1993).

A administração de cabergolina em dose única de 5 µg/ Kg, por via subcutânea, em cadelas gestantes foi suficiente para reduzir drasticamente a concentração plasmática de progesterona e de prolactina (ONCLIN & VERSTEGEN, 1997).

JÖCHLE et al. (1989), afirmaram que a cabergolina na dose de 5 µg/ Kg por dia durante cinco a sete dias na primeira metade da gestação, não produziu efeitos adversos. É recomendada após a sexta semana de gestação para induzir o abortamento.

ONCLIN et al. (1993) relataram que a cabergolina deve ser mais estudada para indução do abortamento em cadelas, pois pode ser administrada a partir da sexta semana de gestação na dose de 1,65 µg/ Kg por dia, durante cinco dias, sendo suficiente para interromper a gestação. Em 75% dos casos a interrupção da gestação ocorreu por reabsorção fetal.

2.2.4. Associação de PGF2α e inibidores da prolactina

Um protocolo descrito é a associação de cabergolina com o cloprostenol. As doses diárias recomendadas são de 1,65 µg/ Kg para cabergolina e 1 µg/ Kg para cloprostenol, ambos por via subcutânea, durante cinco dias, após 25 dias da onda de LH (ONCLIN et al., 1995). Outro protocolo que pode ser utilizado é 5 µg/ Kg diária, por via oral de cabergolina e 1 µg/ Kg de cloprostenol a cada 48 horas por via subcutânea (ONCLIN & VERSTEGEN, 1996).

Para GOBELLO et al. (2002) as PGF2α atuam diretamente no corpo lúteo, enquanto a dopamina agonista atua indiretamente pela diminuição da prolactina.

ONCLIN et al. (1995) relataram que a interrupção da gestação, neste tipo de tratamento, se dá por reabsorção fetal e não foram observados efeitos

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colaterais. Segundo os autores há redução do intervalo interestro em aproximadamente 50 dias e o tratamento é efetivo na indução do abortamento, livre de efeitos colaterais e pode ser empregado a partir do 25° dia de gestação quando o seu diagnóstico pode ser comprovado. Porém os autores alertaram que este protocolo necessita de mais estudos para comprovar sua eficácia e segurança.

2.2.5. Glicocorticóides

Em seus estudos, ZONE et al. (1995) relataram que no quarto dia de tratamento com a dexametazona os níveis de progesterona já estavam reduzidos e o abortamento só ocorreu quando os níveis séricos de progesterona estavam abaixo de 1ηg/ml no nono dia de tratamento. Os níveis de progesterona estão abaixo de 2 ηg/mL ao final do tratamento (VERSTEGEN, 2000).

WANKE et al. (1997) relataram que em 62 cadelas com 33 a 35 dias de gestação tratadas com 15 aplicações de dexametasona a cada 12 horas por via oral, aumentando a dose de 0,1 para 0,2 mg/Kg nas quatro primeiras aplicações e diminuindo para 0,02 mg/Kg durante as cinco últimas aplicações, a eficácia na indução do abortamento foi de 92% sem a expulsão de fetos. Em quatro cadelas, onde a interrupção da gestação não ocorreu, duas pariram filhotes vivos e normais, uma pariu filhotes que morreram nos primeiros três dias de vida e uma pariu filhotes mortos. Em 18 cadelas, que estavam com 40 a 50 dias de gestação, a dose de dexametazona foi de 0,2 mg/Kg, durante sete dias, e nas últimas cinco administrações diminuiu até 0,02mg/Kg, sendo totalmente eficiente na interrupção da gestação nestas cadelas, porém a expulsão de conteúdo uterino foram observados fetos vivos e mortos.

Efeitos colaterais com polidipsia e poliúria foram observados um a dois dias após o início do tratamento e não se prolongaram por mais de uma semana, sendo que algumas fêmeas apresentaram descarga vaginal, inquietação, anorexia e emese. As cadelas cruzadas no cio subseqüente levaram a gestação a termo, parindo filhotes normais (ZONE et al., 1995; WANKE et al., 1997).

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Para WANKE et al. (1997), a administração oral de dexametasona é efetiva para terminar a gestação em cadelas sem a necessidade de internamento. Porém, para FELDMAN & NELSON (1996), não se pode esquecer dos efeitos imunossupressores dos glicocorticóides.

2.2.6. Inibidores da síntese de progesterona

Epostane, que é um inibidor da síntese de esteróides por ação competitiva, este bloqueio resulta na diminuição da produção de progesterona e aumento da concentração do seu precursor, pregnenolona, que é biologicamente inativo. A administração de epostane em sete cadelas, na dose de 15 a 20 mg/Kg por via subcutânea, em uma única aplicação foi efetiva na indução do término da gestação, não sendo observado nenhum efeito colateral além de formação de abscesso no sítio da aplicação, na maioria das cadelas (KEISTER et al.1989).

O epostane mostrou-se efetivo, por via oral na dose entre 25 a 50 mg/animal e de 25 a 300 mg/animal durante sete dias, quando administrado no estro ou metaestro respectivamente. Entretanto, o tratamento durante o diestro parece ser mais efetivo do que quando no início do estro, segundo estudo feito com 48 cadelas, em estro após cobertura indesejada, 41 abortaram, já as 47 cadelas tratadas no metaestro apenas duas não abortaram sendo 95% efetivo e os filhotes dessas fêmeas tratadas nasceram normais (KEISTER et al., 1989).

Para FELDMAN & NELSON (1996), estudos adicionais a respeito da segurança, eficácia e dose para os vários portes de cadelas são necessários para utilização do epostane como abortivo.

2.2.7. Antiprogestágenos competitivos

A aglepristona compete com a progesterona por seus receptores, possuindo ação anti-progestágena (FIENI et al., 1996). Os níveis plasmáticos de progesterona não mudaram durante o tratamento com aglepristona e mesmo assim os abortamentos ocorreram, enquanto as concentrações plasmáticas de

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prolactina aumentaram 24h depois do início do tratamento e retornaram aos seus níveis basais dois a quatro dias após o seu término. A ocupação dos receptores de progesterona pelo seu antagonista, a aglepristona, mimetiza um declínio da concentração de progesterona e conseqüentemente resulta no aumento da liberação de prolactina (GALAC et al., 2000).

O tratamento para a interrupção da gestação compreende duas injeções de aglepristona com intervalo de 24 horas por via subcutânea na dose de 10mg/kg (FIENI et al., 1996; GALAC et al., 2000).

O abortamento ocorreu cerca de quatro a sete dias após o início do tratamento com aglepristona e não foram observados efeitos colaterais além de descargas vaginais (GALAC et al., 2000).

FIENI et al. (1996) mostraram que em 35 cadelas tratadas, com gestação não confirmada, após cobertura indesejada, houve indução do abortamento em 100% e de 69 cadelas com gestação confirmada a porcentagem de sucesso foi de 95,7%. Os autores descreveram ainda que, em duas fêmeas cuja interrupção da gestação não ocorreu, houve um abortamento incompleto ao curso da primeira semana, depois a gestação seguiu normalmente sem sofrimento fetal visível a ultrasonografia.

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Material e Métodos

Foram selecionadas 30 cadelas, sem raça definida, com peso variando entre 10 e 30 kg, que deram entrada na Clínica de Pequenos Animais do Departamento de Veterinária da Universidade Federal de Viçosa após histórico de cruzamento indesejável.

Estas cadelas foram separadas em três grupos compostos de 10 animais cada, sendo o grupo I tratado com bromocriptina1, o grupo II tratado com dexametasona2 e o grupo III tratado com placebo3.

Os tratamentos foram realizados após 35 dias de gestação e somente em cadelas com gestação confirmada por exames ultrasonográficos4, realizados entre o 30º e 35º dia após a cobertura.

Todas as cadelas foram colocadas em baias individuais, nos dez primeiros dias após o início do tratamento, para melhor observação de eventuais efeitos colaterais bem como para o acompanhamento, por meio da ultra-sonografia uterina, a cada três dias, da presença ou ausência de fetos viáveis.

Os animais do grupo I iniciaram o tratamento com bromocriptina entre o 35º e o 40º dia de gestação, a cada 12 horas, na dose de 0,03 mg/kg por via oral, durante seis dias.

O grupo II recebeu dexametasona a partir do 35º dia de gestação. A medicação foi fornecida, por via oral, a cada 12 horas, na dose de 0,2 mg/kg, nos sete primeiros dias, decrescendo 0,04 mg/kg, a cada administração, durante as cinco últimas administrações, quando se completou o tratamento. Utilizou-se a redução gradual de dexametasona para evitar a retirada abrupta do glicocorticóide e facilitar o restabelecimento de sua secreção endógena.

No grupo III, após confirmação da gestação por meio de exame ultrasonográfico, foi administrado um comprimido de talco farmacêutico como placebo, durante sete dias, a cada 12 horas após 35 dias de gestação.

Exames clínicos foram realizados durante dez dias após o início do tratamento objetivando verificar sinais de abortamento. Foram observadas a presença de fetos vivos ou mortos, descargas vulvares, temperatura retal e

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eventuais efeitos colaterais das medicações utilizadas. Após esse período inicial, o mesmo procedimento foi realizado a cada 15 dias até completar 60 dias após o inicio do tratamento.

Ultra-sonografias foram feitas a cada 48 horas durante os dez primeiros dias após o início do tratamento e depois quinzenalmente objetivando avaliar os cornos uterinos quanto à presença de fetos vivos ou mortos. As imagens ultrasonográficas foram realizadas com um aparelho SONOVET 600 e probe de 7,5 MHz.

Fragmentos dos cornos uterinos foram colhidos, fora do sítio de implantação após ovariosalpingohisterectomia, 90 dias após o término do tratamento nas cadelas do Grupo I e II e 90 dias após o parto nas cadelas do grupo III. Os fragmentos foram processados segundo técnicas rotineiras, fixados em formol neutro e tamponado a 10%, incluidos em parafina, corados pela Hematoxilina e Eosina e avaliados em microscopia de luz transmitida.

Nesses fragmentos, após análise da espessura da parede uterina, foi observado o endométrio avaliando, dentre outros aspectos, a integridade do epitélio de revestimento e do epitélio glandular, o diâmetro das glândulas endometriais e a eventual presença de infiltrado de células inflamatórias e de alterações circulatórias na lâmina própria.

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Resultados e Discussão

Nas fêmeas do grupo I, que receberam bromocriptina, houve abortamento completo em oito das dez cadelas tratadas, assim como no grupo II tratado com dexametasona.

Abortamento incompleto ocorreu em uma fêmea do grupo I (tabela 01) e numa fêmea do grupo II (tabela 02) com o nascimento de dois fetos vivos em cada grupo. Resultados semelhantes foram obtidos por LEIN et al. (1989) que usaram PGF2-α para interrupção da gestação em cadelas. No presente experimento, os dois fetos da cadela pertencente ao grupo I vieram a óbito 48 horas após o nascimento provavelmente devido à hipogalaxia ou agalaxia materna. Também JÖCHLE & JÖCHLE (1993), ao utilizarem cabergolina para interrupção da gestação em gatas, verificaram evidências de hipogalaxia nas fêmeas utilizadas em seu experimento.

Os exames clínicos e ultrasonográficos realizados neste estudo puderam revelar com maior precisão tanto o diagnóstico de gestação como o abortamento incompleto ocorrido nas cadelas do grupo I e II (figura 1), diferentemente do trabalho descrito por LEIN et al. (1989) que utilizaram apenas exames clínicos.

Como observado por CONCANNON & MEYERS-WALLEN (1991) e WANKE et al. (1997) que utilizaram, respectivamente, bromocriptina e dexametasona para interrupção da gestação em cadelas, uma cadela do grupo I (tabela 1) e uma cadela do grupo II (tabela 2) foram refratárias ao tratamento e levaram a gestação a termo. No grupo III, que recebeu placebo, todas as cadelas tiveram gestação e partos normais (tabela 3).

Analogamente ao encontrado por CONCANNON et al. (1987) e WANKE et al. (1997), que utilizaram respectivamente bromocriptina e dexametasona, para interrupção da gestação em cadelas, é demostrado que a análise das tabelas 1 e 2, o abortamento ocorreu mais tardiamente nas cadelas do grupo II tratadas com dexametasona. É visto neste resultado que os níveis de progesterona decrescem mais rapidamente quando se utiliza bromocriptina,

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Figura 1 – Ultrasonografia abdominal. Presença de fetos no interior do útero .

indicando que, provavelmente, esta droga possui maior poder luteolítico que a dexametasona.

Com relação à duração do tratamento, tanto ZONE et al. (1995) como WANKE et al. (1997) utilizaram dexametasona a mesma dose e por períodos semelhantes variando de 7,5 a 10 dias. A duração total do tratamento, embora com dosagens diferentes atingiu a 10 dias.

Nas cadelas do grupo III houve liberação normal de lóquio durante o puerpério. Da mesma forma que foi observado por ONCLIN et al. (1993) e ZONE et al. (1995), descarga vulvar muco-sanguinolenta foi verificada em todas as cadelas do grupo I e II, que sofreram abortamento por expulsão fetal. Fetos abortados vivos foram observados em quatro cadelas do grupo I em três cadelas do grupo II, morrendo poucas horas após o abortamento (tabela 4). Achado semelhante foi relatado por FELDMAN et al.(1993) e ZONE et al.(1995) que utilizaram PGF2-α e dexametasona respectivamente para interrupção da gestação em cadelas.

Segundo VERSTEGEN (2000), o abortamento ocorrido no segundo terço de gestação é melhor tolerado pelo animal e pelo proprietário, pois nesse período

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ocorre reabsorção embrionária. Entretanto, neste trabalho, a interrupção da gestação foi realizada no terço final ocorrendo expulsão e não reabsorção dos fetos nos grupos I e II. O período final da gestação foi utilizado neste experimento pois a bromocriptina possui ação abortiva somente no terço final da gestação como observado por CONCANNON et al. (1987), que a utilizaram em cadelas com 8 e 22 dias de gestação não obtendo resultados satisfatórios.

A análise da (tabela 5) demonstra que nove cadelas do grupo I apresentaram emese, fato este não ocorrido nas fêmeas do grupo II tratadas com bromocriptina e do grupo III tratadas com placebo. Justifica-se pois a bromocriptina é um alcalóide do ergot, e segundo ADAMS (1992) eles estimulam os quimiorreceptores da zona de gatilho do bulbo causando vômito.

Poliúria e polidipsia foram verificadas em todas as cadelas do grupo II. Os mesmos sinais clínicos foram relatados por ZONE et al. (1995) e WANKE et al. (1997), que também observaram cessação destes em até quatro dias após o fim do tratamento. Segundo DICKSON (1996), os efeitos hiperglicemiantes do corticosteróide levam ao aumento da diurese e conseqüente aumento da ingestão hídrica, justificando os sinais encontrados.

Em seus experimentos, WANKE et al. (1997) relataram a ocorrência de cio ovulatório em cadelas após tratamento com dexametasona. Da mesma forma, em uma cadela do grupo II, o cio ocorreu cerca de dois meses após o abortamento, sendo esta coberta novamente e a gestação confirmada por ultrasonografia, sugerindo que o tratamento com dexametasona não interferiu na fertilidade futura desta.

O abortamento induzido pela bromocriptina e dexametasona em cadelas parece não alterar a reparação uterina. A avaliação histológica dos fragmentos de cornos uterinos das fêmeas desses grupos revelou um padrão morfológico similar à involução uterina pós-parto observada no grupo controle. Discreta alteração do padrão glandular, traduzida por dilatação focal de pequenos grupos de glândulas endometriais foi observada (figura 2). No entanto tais alterações, além de serem pouco expressivas, não estavam acompanhadas de infiltração de mononucleares linfócitos e plasmócitos que correspondem às alterações iniciais

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do complexo hiperplasia endometrial cístico-piometrítico, conforme salienta DOW (1958). Em um único animal do grupo II, foi observada a presença de um processo inflamatório difuso exsudativo com predomínio de polimorfonucleares neutrófilos ao redor de vasos e glândulas endometriais (figura 3). Contudo, o padrão glandular se manteve dentro do limite de normalidade, sem indicação de alterações hiperplásicas e ou metaplásicas do epitélio ou dilatação cística das glândulas.

Pequenas variações do padrão vascular, com maior vascularização, hiperemia, áreas focais de hemorragias e edema endometrial foram observadas em animais dos grupos I e II (figura 4). Todavia, essas manifestações devem ser atribuídas à influência estrogênica do ciclo estral.

Figura 2 – Endométrio de cadela. Dilatação glândular (seta) associada a diminuição da altura do epitélio de revestimento das glândulas. H&E. 480X.

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Figura 3 – Útero de cadela. Intenso infiltrado de células inflamatórias com localização periglandular e subjacente ao epitélio de revestimento (seta). H&E. 120X

Figura 4 – Útero de cadela. Alterações circulatórias caracterizadas pela presença de hemorragia sub-epitelial e edema do endométrio (círculo). H&E. 120X.

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Conclusões

- A bromocriptina e a dexametasona nas condições utilizadas no presente experimento se revelaram eficazes para a interrupção da gestação em cadelas.

- Apesar dos efeitos colaterais observados durante o tratamento estes medicamentos se revelaram seguros, não comprometendo a higidez uterina, e assegurando a possibilidade de gestações futuras.

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Tabela 1 – Características do abortamento em cadelas com mais de 35 dias de gestação tratadas com bromocriptina.

Cadelas Abortamento Período de abortamento B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 Completo Completo Completo Completo Incompleto Completo Completo Ausente Completo Completo 4º ao 6º dia 4º ao 6º dia 6º dia 2º dia 4º dia 5º dia 4º dia 5º ao 6º dia 2º ao 3º dia

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Tabela 2 – Características do abortamento em cadelas com mais de 35 dias de gestação tratadas com dexametasona.

Cadelas Abortamento Período de abortamento D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 Completo Completo Incompleto Completo Completo Completo Completo Completo Ausente Completo 10º dia 8º dia 8º dia 10º dia 10º dia 10º dia 7º dia 7° dia 8º dia

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Tabela 3 – Número de filhotes nascidos em cadelas tratadas com placebo Cadelas Abortamento Nº de filhotes nascidos

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8 C9 C10 Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente 06 08 04 06 06 05 05 06 09 08

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Tabela 4 – Características dos fetos abortados nas cadelas do grupo I e II que receberam tratamento com bromocriptina e dexametasona respectivamente. Cadelas Grupo I Fetos Cadelas Grupo II Fetos B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 Vivos Mortos Vivos Mortos Mortos Vivos Mortos Não abortou Vivos Mortos D1 D2 D3 D4 D5 D6 D7 D8 D9 D10 Vivos Mortos Mortos Mortos Vivos Vivos Mortos Mortos Não abortou Mortos

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Tabela 5 – Ocorrência de emese nas cadelas do grupo I, II e III. Cadela Grupo I Emese Cadela Grupo II e III Emese B1 B2 B3 B4 B5 B6 B7 B8 B9 B10 Presente Presente Presente Presente Presente Presente Presente Ausente Presente Presente D1 e C1 D2 e C2 D3 e C3 D4 e C4 D5 e C5 D6 e C6 D7 e C7 D8 e C8 D9 e C9 D10 e C10 Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente Ausente

Fontes de Aquisição

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