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ETICA CRISTÃ E ABORTO

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Academic year: 2021

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ETICA CRISTÃ E ABORTO Objetivos

Introdução - IMAGEM: Trataremos de um assunto emblemático, dificultoso e que já foi origem e palco de muitos debates acalorados, falaremos sobre o aborto.

I- ABORTO: CONCEITO GERAL E BÍBLICO 1- Conceito geral de aborto

Como a lição já mencionou muito bem, aborto é “a interrupção do nascimento por meio da morte do embrião ou do feto” que pode ser feita de forma involuntária ou voluntária. O aborto é conhecido também como feticídio, definido por Houais como o 'crime no qual, através do aborto provocado, ocorre a morte do feto que se presume com a vida'.

No latim, a palavra fetus significa pequenino. “Willian Lane Craig aprofunda-se no significado do termo: 'Assim, como eu digo, parece virtualmente inegável que o feto - que é apenas a palavra Latina referente a 'pequenino' - é um ser humano nos primeiros estágios do seu desenvolvimento. Seja um 'pequeno', um recém-nascido, um adolescente ou um adulto, ele é, em cada período, um ser humano nos diferentes estágios do seu desenvolvimento”.1

a. Aborto Involuntária: O aborto involuntário ou espontâneo, ocorre sem que haja intervenção externa, sendo ocasionado por diversos fatores, entre os quais a baixa vitalidade do espermatozoide (causa paterna), afecções na placenta (causa materna), e a morte do feto por infecções sanguíneas (causa fetal), ou outros como traumas (acidente), idade.

b. Aborto Provocado: Dentro deste ponto nós temos o aborto terapêutico e o aborto criminoso. O primeiro é recomendado pelos médicos diante do risco da morte

1 ANDRADE, Claudionor de. As Novas Fronteiras da Ética Cristã, 1.ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2017,

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dos dois ou de um dos dois, já o segundo dá-se quando se interrompe a gravides por motivos egoístas e fúteis.

no caso de mulheres que seu útero não consegue manter o feto ou provocada, quando a mesma opta pela retirada do embrião.

1.1- A poesia de Mario Quintana – 1906 a 1994

O poeta gaúcho Mario Quintana falando sobre o aborto declara, “O aborto não é, como dizem, simplesmente um assassinato. É um roubo... nem pode haver roubo maior. Porque, ao malogrado nascituro, roubasse-lhe este mundo, o céu, as estrelas, o universo, tudo. O aborto é o roubo infinito”.

2- O aborto no contexto legal

Leis relativas à interrupção da gravidez variam bastante de país para país, da proibição absoluta à despenalização em alguns casos e à permissão em todas as circunstâncias. Segundo dados da ONU, em dois terços de 195 países analisados pela ONU, a interrupção da gravidez só é permitida quando a saúde física ou psíquica da mulher está ameaçada2.

a) Código de Hamurabi: Hamurabi foi o sexto rei da dinastia babilônica, foi um conquistador militar, porem sua maior conquista foi no campo do direito e da justiça. Por volta de 1772 a.C ordenou aos seus juristas a reordenação das leis

babilônicas em um único documento, surgindo assim o Código de Hamurabi. Dentro deste código o aborto é condenado e se alguém forçasse uma mulher a praticar o tal, este deveria indenizá-la em dez siclos de prata pelo embrião. (1 siclo equivalia a 1 moeda de prata).

Este código Foi encontrado por uma expedição francesa em 1901 na região da antiga Mesopotâmia, correspondente à cidade de Susa, no sudoeste do Irã.

b) Código Napoleônico: Este código é o código civil francês, que foi outorgado por Napoleão Bonaparte e que entrou em vigor 21 de março de 1804. Dentro deste

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código o aborto é considerado um crime hediondo e a pena de morte aquele que induzisse uma mulher a praticar.

c) Código Criminal do Império no Brasil (1830): O Código Criminal de 1830 foi o primeiro código penal brasileiro, que vigorou de 1831 até 1891, neste código o aborto era proibido e toda e qualquer situação.

d) atualmente no Brasil

Atualmente o aborto no Brasil é crime e está tipificado no Código Penal de 1940 na parte especial, no Capítulo I – Crimes contra a vida, nos artigos 124 à 128.

O crime do aborto, no Código Penal Atual, está previsto no Título I, Capítulo I, dos Crimes Contra a Vida, nos artigos 124, 125, 127 e 128 que dizem, respectivamente, do autoaborto, aborto provocado por terceiro sem consentimento da gestante, aborto provocado por terceiro com consentimento da gestante, forma qualificada do aborto e aborto necessário (consideradas exceções à criminalização do aborto), veja-se:

Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento

Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque: Pena - detenção, de um a três anos.

Aborto provocado por terceiro

Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de três a dez anos.

Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante: Pena - reclusão, de um a quatro anos.

Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada ou debil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência

Forma qualificada

Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a

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gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte.

Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico: Aborto necessário

I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;

Aborto no caso de gravidez resultante de estupro

II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal.

O interesse penal, diante das diversas classificações de tipos de aborto, é limitado ao aborto legal ou criminoso e aos casos de gravidez normal. Paulo José da Costa Júnior menciona[1]:

OBS: a partir de 2012, foi liberado o aborto quando a constatação de anencefalia, que na prática, a palavra "anencefalia" geralmente é utilizada para caracterizar uma má-formação fetal do cérebro.

3- Conceito bíblico de aborto

Biblicamente não encontramos nenhuma expressão como “Não abortarás”, de forma direta encontramos o texto de (Ex 21.22,23), “Se homens brigarem, e ferirem mulher grávida, e forem causa de que aborte, porém sem maior dano, aquele que feriu será obrigado a indenizar segundo o que lhe exigir o marido da mulher; e pagará como os juízes lhe determinarem. Mas, se houver dano grave, então, darás vida por vida...”. Além deste texto, temos o princípio básico de defesa a vida, “Não matarás”, que é o sexto mandamento (Ex 20.13), onde os intérpretes entendem que o aborto está incluso dentro deste mandamento.

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A Igreja de Cristo jamais deixou de se erguer em defesa da sacralidade da vida humana, sempre ergueremos o estandarte da Ética Cristã. Vejamos alguns

posicionamentos de teólogos sobre o aborto:

a. Didaquê: Este ensino é também apelidado de ensino dos Doze Apóstolos, foi elaborado no final do século I, ela é enfática com relação a vida humana, “Não matarás o embrião por aborto e não farás perecer o recém-nascido" (Didaquê 2,2)”.

b. Tertuliano 150-220 : Era um advogado brilhante, escrevendo em latim defendeu a fé cristã diante das autoridades romanas. Sobre o início do ser ele declara, “O ser tem início antes mesmo da nidação (implantação) uterina”. Ele também ensinou que a morte de um embrião tem a mesma gravidade do assassinato de uma pessoa já nascida e que impedir o nascimento é um homicídio antecipado

c. Agostinho e Tomas de Aquino: Ambos pais da igreja tinham uma visão curiosa sobre o início da pessoa humana, ambos influenciados por Aristóteles

acreditavam que o ser humano do sexo masculino tem início a partir do quadragésimo dia de concepção, já a mulher a partir do octogésimo dia. PORÉM com igual rigor ambos condenavam o aborto. Agostinho inclusive chamava de prostitutas as mulheres que tomavam veneno para tornarem estéril seu ventre.

II- O EMBRIÃO E O FETO SÃO UM SER HUMANO – PAGINA 66 1- Quando começa a vida?

2- O que diz a Bíblia

Os nomes das três etapas da gestação são: Fecundação, embrião e feto. O período gestacional é composto de 40 semanas que são fundamentais para a formação do bebe. Após o ato sexual o espermatozoide sobrevive 72 horas (3 dias) dentro do corpo da mulher, a espera que um óvulo seja liberado pelo ovário, após o ovulo ser liberado ele está disponível para ser fecundado apenas entre 12 e 24 horas, a fecundação ocorre na união entre o óvulo e o espermatozoide, o que dá origem a célula chamada zigoto3.

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O termo embrião é usado para definir um organismo que está nos primeiros estágios de desenvolvimento, ele é formado 24 horas após a fecundação, o período de desenvolvimento do feto decorre desde a 8a semana até o nascimento, é o tempo de crescimento e desenvolvimento.

1.1- Respondendo à pergunta quando começa a vida4.

Existe uma série de interpretação dos cientistas e pesquisadores com relação a essa questão, vejamos alguns posicionamentos:

a. Outros acreditam que a vida inicia com a fixação do óvulo fecundado no útero, onde recebe o nome de embrião ocorre entre o (7 e 10 dias de gestação).

b. Outros acreditam que a vida inicia na terceira semana de gravidez durante o período da gastrulação é o processo de:

- Formação dos folhetos germinativos, que darão origem a todos os tecidos e órgãos;

- Formação do arquêntero ou intestino primitivo;

Esse grupo defende que nesse estágio o embrião é menor que uma cabeça de alfinete, é um indivíduo único e a partir desse momento ele seria um ser humano.

c. Outros ainda acreditam que a vida inicia por volta da 3 ou 4 semanas, quando ocorre a formação do sistema nervoso, e isso se dá pelo fato que países como Brasil e EUA definem a morte como ausência de ondas cerebrais, sendo assim a vida surgiria com o aparecimento dos primeiros sinais de atividade cerebral.

d. Outros ainda afirmam que o começo da vida se dá quando o feto tem condições se viver fora do útero, por volta da 25 semana de gestação.

e. Muitos cientistas concordam que a vida tem início na fecundação, (Gameta masculina) e (gameta feminina), gerando assim o Zigoto, esta célula já possui

identidade genética própria, diferente da que pertence aos que lhe transmitiram a vida – (CONCORDAMOS COM ESTA LINHA)

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2- O que diz a Bíblia sobre isso?

A Bíblia é incisiva em mostrar que a vida tem seu início na fecundação, olhe o que encontramos me Jeremias (Jr 1.5), “Antes que eu te formasse no ventre materno, eu te conheci, e, antes que saísses da madre, te consagrei, e te constituí profeta às nações”, este texto indica que antes de qualquer desenvolvimento do embrião ou ainda mesmo antes do nascimento do feto, ou seja, na concepção Deus já considerava o profeta como um ser humano. Na mesma sequência encontramos em Davi a seguinte declaração (Sl 139.16), “Os teus olhos me viram a substância ainda informe, e no teu livro foram escritos todos os meus dias, cada um deles escrito e determinado, quando nem um deles havia ainda”, é importante observar que o Salmista declara que mesmo sendo um embrião informe, Deus já o via e o amava, pois para Deus o embrião não é apenas um “punhado de tecidos”, mas a vida sendo desenvolvida.

Desta forma entendemos biblicamente que a vida inicia quando a união do gameta masculino ao feminino, gerando assim o zigoto, essa nova célula é um ser humano e por conseguinte tem identidade própria, sendo assim seu direito de nascer não pode ser interrompido por vontade desejo ou capricho humano.

3- Qual a posição da Igreja?

Na igreja protestante, por meio da reforma efetivada por Lutero e apoiada nas Escrituras, os cristãos que mantêm os princípios teológicos e a ortodoxia defendem a dignidade humana desde a sua concepção, ou seja, que o começo da vida acontece na fecundação. Defendem que a vida é sagrada em todos as etapas do desenvolvimento do ser vivo e que não pode ser violado pelo homem (1Sm 2.6).

a. Assembleia de Deus: A CGADB é contrária ao aborto, ela declara, “A CGADB é contrária ao aborto, por resultar numa licença ao direito de matar seres humanos indefesos, na sacralidade do útero materno, em qualquer fase da gestação, por ser um atentado contra o direito natural à vida”, (Carta de Brasília, 41a AGO, 2013).

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Um dos principais argumentos hoje relacionado ao aborto é justamente o mesmo usado pela americana Norma Leah C. que segundo ela sua gravidez foi fruto de uma violência sexual e que ela tinha direito ao próprio corpo e no ano de 1970 entra com uma ação para abortar seu próprio filho, ganhando a causa 3 anos mais tarde. Ela se converteu posteriormente ao cristianismo, teve 3 filhos e nunca abortou. Porem a temática que se desenvolveu a partir deste episódio foi justamente esta pergunta, “A mulher não tem direito sobre seu próprio corpo?”.

Porem perceba a falácia do direito absoluto ao corpo, pois o corpo que está dentro do corpo desta mulher não lhe pertence, mas sim ao seu filho, ou seja, a um novo ser. Inclusive tudo o que realizarmos com nosso corpo poderá afetar drasticamente aqueles que nos cercam. Se um motorista partindo desta premissa de direito absoluto sobre seu corpo e seu veículo passa a dirigir irresponsavelmente, ao ponto de ser cumplice de um acidente que leve alguém ao óbito, como esse motorista vai ser tratado diante da justiça? Culpado ou inocente? Este homem será indiciado por homicídio doloso, quando há intenção de matar.

1- Aborto de anencéfalo

No dia 13 de abril de 2012, chegava ao fim no STF o julgamento de um dos mais importantes e históricos casos que já aportaram na Corte Suprema: Capitaneados por memorável voto do ministro Marco Aurélio Mello – que completa 25 anos de brilhante atuação no Supremo – 8 dos ministros votaram que sim, e o STF julgou procedente a ADPF 54, para declarar a inconstitucionalidade da interpretação segundo a qual a interrupção deste tipo de gravidez é conduta tipificada nos artigos 124, 126, 128, incisos I e II, do CP.

De acordo com o entendimento firmado, o feto sem cérebro, mesmo que biologicamente vivo, é juridicamente morto, não gozando de proteção jurídica e, principalmente, de proteção jurídico-penal. "Nesse contexto, a interrupção da gestação de feto anencefálico não configura crime contra a vida – revela-se conduta atípica", afirmou o relator.

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Mesmo sem cérebro o embrião é um Ser, ele é o que é. Precisamos entender que não é propriamente o cérebro que dá vida a uma pessoa, mas a alma que ela possui, seu espirito de vida. A verdade é que a principal implicação ética dessa decisão está no descarte de um ser humano por apresentar uma má formação. Trata-se de uma ideologia racista chamada de “Eugenia”, que defende a sobrevivência apenas dos seres saudáveis e fortes. A eugenia alcançou níveis extremos como o nazismo e o holocausto, na busca pela pureza racial.

2- Aborto em caso de estupro

Deve-se dar toda a prioridade a vida, amparando-se ambas as vítimas, a mãe e a criança. Deve-se lembrar que violência não se cura com violência, o próprio aborto além de ser uma violência cometida contra a criança, também é uma segunda violência cometida contra a mulher. Quem deve ser punido neste caso não é a criança, mas sim o agressor.

Não se pode ignorar os traumas causados por uma vítima de estupro, esta pessoa deve ser acompanhada por profissionais, todavia o direito a vida da criança deve ser resguardado. Os inocentes não devem pagar pelos pecadores. E em último caso se necessário que a criança seja adotada por uma instituição cristã ou por casais que possam dar o suporte necessário para aquela criança.

3- Aborto terapêutico

A legislação brasileira não considera aborto crime ou não aplica pena no aborto praticado pera salvar a vida da gestante (incisivo I, Art. 128). Existem casos extremos em que o médico tem que optar pela vida da mãe ou do bebe, esse caso deve-se ouvir 2 ou 3 profissionais da área e que tenham notório respeito pela vida humana. Surge uma pergunta nessa situação, uma pessoa merece viver e outra não? Ou podemos decidir quem vive ou morre? Esta questão é difícil de se responder, por isso o cuidado total em uma decisão como esta.

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CONCLUSÃO:

Fernando Sabino (1923-2004), falando sobre aborto declara o seguinte, “matar não é tão grave como impedir que alguém nasça, tirando-lhe a sua única oportunidade de ser. O aborto é o mais horrendo e abjeto dos crimes. Nada mais terrível do que não ter nascido”.

Referências

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