• Nenhum resultado encontrado

O Perfil Egresso do Curso de Ciências Contábeis em Volta Redonda

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "O Perfil Egresso do Curso de Ciências Contábeis em Volta Redonda"

Copied!
10
0
0

Texto

(1)

O Perfil Egresso do Curso de Ciências Contábeis em Volta Redonda

Carlos José Guimarães das Virgens Ivan Machado de Oliveira Sant’Anna

Resumo:

A Resolução CES/CNE nº 10/2004, do MEC, trata, também, das competências e habilidades que devem ser desenvolvidas no curso de graduação de Ciências Contábeis e das disciplinas de formação básica, profissional e teórico-práticas. O presente artigo teve objetivo traçar o perfil profissional do egresso do Curso de Ciências Contábeis. Para isso foi elaborado um questionário e aplicado aos egressos dos cursos através de e-mail e redes sociais. O resultado mostrou que o perfil é composto por maioria do sexo feminino (54%), faixa etária entre 22 a 39 anos, com maioria de 23 anos; graduaram entre 2012 e 2015, sendo a maioria em 2014; nem todos possuem o registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC); a maioria está trabalhando na área contábil, mas somente 1 atua como contador. Também, foi observado que os egressos não identificaram nem a metade das competências e habilidades exigidas pela resolução.

Palavras-chave: Egresso, Perfil profissional, Ciências Contábeis.

1 – INTRODUÇÃO

O Brasil obteve grande crescimento nas matrículas e conclusão de cursos de nível superior nos últimos anos, segundo dados do censo da educação superior, realizado pelo INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), os concluintes dos cursos de graduação, na modalidade presencial, em universidades federais, passou de 93.442 em 2010 para 107.792 em 2013- ultimo censo escolar divulgado (INEP, 2013).

Para Lousada e Martins (2005, p. 74) foram as mudanças ocorridas na sociedade como, por exemplo, a globalização da economia, estimularam o crescimento da oferta de cursos superiores. Para atender às exigências do mercado de trabalho, ainda segundo os autores, as Instituições de Ensino Superior (IES) devem formar profissionais com capacidade técnica, com visão multidisciplinar, de forma a ultrapassar a complexidade do conhecimento científico (LOUSADA; MARTINS, 2005).

Com relação às IES Abdullah apud Mainardes e Domingues (2010, p.210) afirmam que atualmente as instituições estão se interessando pelas solicitações da sociedade, no que se refere à competência dos diplomados, além do interesse pelo que os estudantes sentem sobre a experiência educacional.

Lousada e Martins (2005, p. 74) afirmam que as IES devem atualizar seus currículos constantemente, visando “propiciar aos profissionais, formados por ela, conhecimentos, habilidades e atitudes para exercerem atividades e funções em uma ampla gama de processos, capazes de resolver problemas inerentes à sua área de formação e superar situações contingentes de maneira segura”.

Então, surge a seguinte problemática: qual o perfil do egresso do curso de ciências contábeis na região sul fluminense? O egresso do curso está exercendo sua profissão? O egresso tem obrigação de participar do Programa de Educação Profissional Continuada?Há diferença entre o perfil de egressos das instituições de ensino privadas das públicas?

Portanto, o objetivo deste trabalho é identificar o perfil do egresso do curso de ciências contábeis na região sul fluminense.

O interesse nesta pesquisa se justifica pela identificação do perfil, além da análise da empregabilidade dos egressos, das competências e habilidades adquiridas após a conclusão do

(2)

curso e da utilização dos conhecimentos na formação profissional, além das dificuldades encontradas no mercado de trabalho.

2 – REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. Diretrizes Curriculares Nacionais para Graduação em Ciências Contábeis

Resolução CES/CNE nº 10/2004, do MEC, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Ciências Contábeis, bacharelado, trata dos diversos aspectos que devem ser observados pelas instituições de educação superior.

Conforme Art. 4º dessa resolução, as IES devem ter em seu projeto pedagógico para o curso de graduação em Ciências Contábeis, o dever de possibilitar formação profissional que fomente as seguintes competências e habilidades, no mínimo:

I - utilizar adequadamente a terminologia e a linguagem das Ciências Contábeis e Atuariais;

II - demonstrar visão sistêmica e interdisciplinar da atividade contábil;

III - elaborar pareceres e relatórios que contribuam para o desempenho eficiente e eficaz de seus usuários, quaisquer que sejam os modelos organizacionais; IV - aplicar adequadamente a legislação inerente às funções contábeis;

V - desenvolver, com motivação e através de permanente articulação, a liderança entre equipes multidisciplinares para a captação de insumos necessários aos controles técnicos, à geração e disseminação de informações contábeis, com reconhecido nível de precisão;

VI - exercer suas responsabilidades com o expressivo domínio das funções contábeis, incluindo noções de atividades atuariais e de quantificações de informações financeiras, patrimoniais e governamentais, que viabilizem aos agentes econômicos e aos administradores de qualquer segmento produtivo ou institucional o pleno cumprimento de seus encargos quanto ao gerenciamento, aos controles e à prestação de contas de sua gestão perante à sociedade, gerando também informações para a tomada de decisão, organização de atitudes e construção de valores orientados para a cidadania;

VII - desenvolver, analisar e implantar sistemas de informação contábil e de controle gerencial, revelando capacidade crítico analítica para avaliar as implicações organizacionais com a tecnologia da informação;

VIII - exercer com ética e proficiência as atribuições e prerrogativas que lhe são prescritas através da legislação específica, revelando domínios adequados aos diferentes modelos organizacionais.

No artigo 4º da resolução acima citado verifica se que o contador deve possuir uma série de características em seu perfil profissional, dentre essas características que resolução exige que o curso deva dispor na formação destaca-se a visão sistêmica, que fará com que o profissional enxergue de maneira abrangente todo o trabalho que está desenvolvendo, assim como as possibilidades, ora na resolução de problemas ora na prevenção dos mesmos.

Percebe-se também que no perfil disposto o contador deixa de ser o “guarda livros”, para ser um profissional de multiformação, podendo atuar em inúmeras áreas, conforme Marion (2009).

O Art. 5º da Resolução CES/CNE nº 10/2004, do MEC, estabelece que os conteúdos que revelem conhecimento do cenário econômico e financeiro, nacional e internacional, de forma a proporcionar a harmonização das normas e padrões internacionais de contabilidade, em conformidade com a formação exigida pela Organização Mundial do Comércio e pelas peculiaridades das organizações governamentais”.

Desta forma, são conhecimentos para a formação básica, profissional e teórico-prática, a saber:

I - conteúdos de Formação Básica: estudos relacionados com outras áreas do conhecimento, sobretudo Administração, Economia, Direito, Métodos Quantitativos, Matemática e Estatística;

(3)

II - conteúdos de Formação Profissional: estudos específicos atinentes às Teorias da Contabilidade, incluindo as noções das atividades atuariais e de quantificações de informações financeiras, patrimoniais, governamentais e não-governamentais, de auditorias, perícias, arbitragens e controladoria, com suas aplicações peculiares ao setor público e privado;

III - conteúdos de Formação Teórico-Prática: Estágio Curricular Supervisionado, Atividades Complementares, Estudos Independentes, Conteúdos Optativos, Prática em Laboratório de Informática utilizando softwares atualizados para Contabilidade.

Neste contexto, presume-se que os egressos do curso de Ciências Contábeis devem ter, ao menos, entendimento e formação, além das competências e habilidades requeridas pela Resolução.

2.2. O Contador

Profissional da Contabilidade é a terminologia usada para se referir conjuntamente aos Contadores e Técnico em Contabilidade, pois Contador é o profissional com curso de graduação em Ciências Contábeis e o Técnico em Contabilidade, com curso técnico de ensino médio. Ambos, para exercerem a profissão precisam estar registrados em CRC. Atualmente, somente o Contador precisa ser aprovado em Exame de Suficiência, pois a formação em Técnico em Contabilidade foi extinta.

Para Atkinson et all (2000, p. 34) o Contador é o “executivo sênior de finanças e contabilidade que prepara e interpreta as informações financeiras para os administradores, investidores e credores”. Marion (2009, p. 27) acrescenta que “a função básica do contador é produzir informações úteis para a tomada de decisões”.

O estudo da contabilidade no Brasil oferece muitas oportunidades de carreira. O mercado de trabalho é muito vasto (Marion 2001). Os profissionais podem escolher contabilidade financeira, contabilidade de custos ou gerencial e superintendência. Eles podem se tornar contadores públicos na prática, auditores (independentes ou internos) e peritos em contabilidade, pesquisadores ou professores – bem diferente do funcionamento do setor público em instituições governamentais autônomas e outras funções administrativas diretas e indiretas. A globalização e os avanços tecnológicos agora significam que as organizações exigem melhor preparação contextualizada e multidisciplinar graduada. Assim, os alunos devem se adaptar e se mostrarem interativos, serem econômica e socialmente conscientes e serem capazes de trabalhar sem supervisão.

Para Marion e Santos (1998, p.10) “dentro de uma empresa, o contador é um "comunicador" em potencial, pois ele está em sintonia com todas as áreas, como por exemplo: produção, vendas, finanças etc”. Ainda segundo os autores citando Nasi (1994, p. 5):

"o contador deve estar no centro e na liderança deste processo, pois, do contrário, seu lugar vai ser ocupado por outro profissional. O contador deve saber comunicar-se com as outras áreas da empresa. Para tanto, não pode ficar com os conhecimentos restritos aos temas contábeis e fiscais. O contador deve ter formação cultural acima da média, inteirando-se do que acontece ao seu redor, na sua comunidade, no seu Estado, no seu País e no mundo. O contador deve ter um comportamento ético-profissional inquestionável. O contador deve participar de eventos destinados à sua permanente atualização profissional. O contador deve estar consciente de sua responsabilidade social e profissional" (NASI, 1994 apud MARION; SANTOS, (1998, p.10).

O Contador deve seguir a Resolução CFC Nº803/96, alterada pela resolução CFC Nº 1.307, de 09/12/2010, que trata desse código de ética do profissional da Contabilidade. O Art. 1º esclarece que o código “tem por objetivo fixar a forma pela qual se devem conduzir os

(4)

Profissionais da Contabilidade, quando no exercício profissional e nos assuntos relacionados à profissão e à classe”.

Outros aspectos também são levados em consideração dentro do código, o que nos ajuda a delimitar mais o perfil profissional do contabilista, conforme o código o contador deverá ainda, exercer sua profissão sendo zeloso e observando normas técnicas e princípios contábeis, ser sigiloso quanto aos segredos lícitos profissionais, ser cauteloso na realização de seus trabalhos, ser solidários aos atos de defesa da dignidade profissional, cumprir o programa de educação continuada dentro do CFC, dentro outras atribuições e vedações.

3 – METODOLOGIA

Esta pesquisa, no que se refere aos objetivos, é exploratória, já que tem como finalidade “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito” (Gil, 2010, p.27), tratando da identificação do perfil dos egressos do curso de graduação de Ciências Contábeis da região Sul Fluminense.

Raupp e Beuren (2006) afirmam que a classificação das pesquisas, com base nos procedimentos, engloba o estudo de caso, o levantamento, a pesquisa bibliográfica, documental, participante e experimental.

Sendo assim, este trabalho é classificado como pesquisa bibliográfica e documental, porque foram utilizados artigos, livros e demais publicações, além da legislação específica e dos projetos pedagógicos das IES, da amostra pesquisada. Também, foi utilizado como procedimento o levantamento, através da aplicação de questionário.

A abordagem do problema é classificada como qualitativa, pois segundo Teixeira (2011, p. 137) “procura reduzir a distância entre a teoria e os dados”, já que analisa as respostas dos egressos comparando-as com as competências e habilidades exigidas pelo MEC, para a formação profissional no curso de graduação em Ciências Contábeis.

Para a coleta dos dados, primeiramente, foram identificados os cursos de graduação em Ciências Contábeis, existentes na região Sul Fluminense, no sítio do MEC, perfazendo 6 IES. Em seguida, foi elaborado um questionário com 13 questões, sendo 5 objetivas e 8 subjetivas.

Cabe esclarecer que as questões 10, 11 buscavam as disciplinas das formações básica, profissional e teórico-prática que os egressos mais utilizam na sua atividade profissional. Enquanto, que a questão 12 buscou as competências e habilidades, reveladas pelo curso de graduação, que o egresso identifica em sua formação profissional.

Prosseguindo na busca do objetivo do trabalho, foi solicitado aos coordenadores, das respectivas IESs, a relação dos egressos do curso de Ciências Contábeis do primeiro semestre de 2013 ao primeiro semestre de 2015. Apenas uma IES nos forneceu a informação dos egressos: a UFF em Volta Redonda.

Diante desta limitação, optou-se por disponibilizar os questionários por e-mails e em redes sociais, no período de 19 a 28 de agosto de 2015. Foram recebidos 30 questionários respondidos, porém 6 foram desconsiderados por não serem de egressos, reduzindo para 24 egressos a amostra da pesquisa. Vale ressaltar a dificuldade em se obter as respostas dos egressos.

Apesar do envio de e-mails e contatos pelas redes sociais, para os 52 egressos identificados pela UFF, apenas 38,5% responderam ao questionário. Tal dificuldade na obtenção de respostas dos egressos, também, foi encontrada por Dahmer et all (2007) com amostra de 25% de repostas; Rêgo e Andrade (2010) com 36% de respostas.

Quanto ao tratamento dos dados, após o recebimento dos questionários, foi elaborada uma planilha eletrônica, onde as respostas coletadas foram tabuladas.

(5)

4 – RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após análise dos 24 questionários respondidos, identificou-se que 4 são de egressos de IES privadas e 20 são da UFF, sendo a maioria do sexo feminino (54%). A faixa etária da amostra está entre 22 a 39 anos, cuja moda dos valores são 23 anos e a mediana 26 anos, conforme Gráfico 1, a seguir.

Gráfico 1 – Faixa Etária

0 1 2 3 4 5 6 20 25 30 35 40 Fonte: Autores

Os egressos desta amostra se graduaram entre 2012 e 2015, sendo a maioria em 2014 (42%). Porém, nem todos possuem o registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC), sendo identificadas 16 respostas positivas, que correspondem a 67% do total de entrevistados.

Não foi possível identificar se a falta do registro esteja relacionada à aprovação no Exame de Suficiência. Porém, na atual conjuntura do mercado de trabalho, o registro é uma exigência para os profissionais da Contabilidade atuarem na área.

As perguntas 7, 8 e 9 do questionário buscavam identificar qual o tipo de empresa, setor econômico e função que o egresso está exercendo. As 24 respostas mostraram que 13 estão empregados em empresas privadas, 4 estão em órgãos públicos e 1 não respondeu as três perguntas.

Um resultado singular foi a identificação de 6 egressos desempregados, sendo todos os egressos das IES privadas da amostra, além de 2 egressos da UFF.

Quanto ao setor econômico, excluindo os 6 egressos desempregados, os 3 servidores públicos e 1 egresso que não informou, as respostas válidas perfazem 13, sendo que 2 trabalham na área contábil de setor secundário (indústria); 11 trabalham no setor terciário (serviços), sendo 4 em empresas de auditoria; 6 não especificaram o serviço, mas informaram que estão na área contábil e ocupam cargos de assistente contábil, auxiliares financeiros. Um egresso declarou ser dono de escritório de contabilidade.

Analisando as respostas da questão 10, que trata das disciplinas mais utilizadas na vida profissional, a disciplina que mais se destacou foi a contabilidade tributária, com 8 respostas.

O Art. 4º das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Ciências Contábeis (BRASIL, 2009), trata das competências e habilidades que devem ser estimuladas para a formação profissional.

Sendo assim, na pergunta 11 do questionário, foi solicitado ao egresso que marcasse o item que melhor identifica a contribuição do seu curso de graduação para sua formação. Desta forma, buscou-se confrontar o estabelecido nas normas curriculares com a opinião dos egressos. Cabe esclarecer que o egresso pode marcar mais de uma opção. O resultado pode ser observado na tabela 01, adiante.

(6)

Tabela 01 – Identificação das Competências e Habilidades

Competências e Habilidades Respostas

Exerço com ética e proficiência as atribuições inerentes à minha profissão 14 Aplico adequadamente a legislação inerente às funções contábeis; 12 Utilizo adequadamente a terminologia e a linguagem das Ciências Contábeis 11 Consigo fazer a disseminação de informações contábeis 10

Elaboro pareceres e relatórios 10

Consigo a captação das informações contábeis necessárias aos controles técnicos 8

Tenho domínio das funções contábeis 8

Tenho visão sistêmica 7

Tenho visão interdisciplinar da atividade contábil 6

Desenvolvo ou analiso ou implanto sistemas de controle gerencial 5

Tenho liderança entre equipes multidisciplinares 5

Tenho capacidade para avaliar as implicações organizacionais com a tecnologia da informação 4 Desenvolvo ou analiso ou implanto sistemas de informação contábil 3

Fonte: Autores

Ainda na análise da tabela 1, percebe-se que a maior frequência está no exercício da ética, com 14 dos 24 egressos marcando esta opção. Nesta análise uma dúvida foi gerada: por qual motivo 10 egressos não marcaram esta opção? Já que se esperava que todos deveriam exercer sua profissão dessa maneira, para que não seja ferido o Art. 1º do Código de Ética Profissional do Contador.

A segunda opção com maior quantidade de respostas foi referente à aplicação da legislação, cujo resultado representa 50% da amostra. No entanto, se forem excluídos os desempregados e o que não trabalham na área contábil, a amostra para esta opção é de 17 egressos, elevando o resultado para 71%. Ainda assim, o resultado está inadequado para quem exerce as funções contábeis, pois com as mudanças que vem ocorrendo na legislação e normas contábeis, os contadores que não estiveram observando as normas, poderão cometer diversos erros, prejudicando clientes e usuários, além de sofrerem punições.

No quesito sobre utilizar adequadamente a terminologia e a linguagem das Ciências Contábeis, 11 responderam sim, levando a crer que a maioria dos egressos não sabe o mínimo da

Contabilidade, que são seus termos técnicos.

Para o item sobre a disseminação de informações contábeis, que está correlacionado com o inciso V do Art. 4º da resolução CES/CNE nº 10/2004, foram 10 respostas. Novamente, inferior à metade dos egressos da amostra e ao que propõem a referida norma.

Quando perguntados sobre a elaboração de pareceres e relatórios, apenas 10 egressos responderam que sim, totalizando 38% do total dos entrevistados, este item está correlacionado com o inciso III do Art. 4º da resolução CES/CNE nº 10/2004.

Na questão “consigo a captação das informações contábeis necessárias aos controles técnicos”, 8 disseram possuir tal habilidade, correspondendo a 38% dos entrevistados, mais uma vez sendo o resultado insatisfatório, se confrontado com a resolução.

Na avaliação da questão “tenho domínio das funções contábeis”, apenas 8 respostas positivas. Trata-se de um resultado preocupante, pois representa 33% da amostra, sendo que esta seria uma das questões que se esperava um resultado próximo de 100%, já que os respondentes são egressos do curso de Ciências Contábeis.

(7)

No item “tenho visão sistêmica”, cerca de 7 declararam possuir, resultado muito inferior ao que se propõem as Diretrizes Curriculares, além de ser fora dos padrões exigidos pelo mercado de trabalho.

Continuando o confronto entre as respostas e a resolução, o item “tenho visão interdisciplinar da atividade contábil” obteve 6 respostas positivas. Este resultado, também, impacta na colocação do profissional no mercado de trabalho.

No item “desenvolvo, analiso ou implanto sistemas de controle gerencial”, o qual relacionaremos com o inciso VII da resolução o número de resposta obtidas também não está dentro do que a resolução nos apresenta, apenas 5 respostas positivas.

A próxima questão trata não só da profissão contábil, mas de todas as outras profissões que no mercado atual exigem, quando perguntados sobre “tenho liderança entre equipes multidisciplinares”, apenas 5 pessoas responderam que sim.

No item “tenho capacidade para avaliar as implicações organizacionais com a tecnologia da informação”, as respostas foram ainda mais negativas, somente 4 pessoas responderam que possuem tal habilidade.

Analisando o resultado obtido com as respostas da pesquisa verifica-se que não foi atingida nem a metade do que seria o ideal. Presume-se que ao sair da universidade o contador deveria saber utilizar adequadamente, pelo menos, as terminologias contábeis o que o resultado, nesta amostra, demonstra não está acontecendo.

Contudo, este resultado não pode ser generalizado, pois a amostra não representa o total de egressos do curso de Ciências Contábeis de Volta Redonda.

O Art. 5º das Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Ciências Contábeis (BRASIL, 2009), trata dos conteúdos de formação básica, profissional e de formação teórico-prática, em conformidade com a formação exigida pela Organização Mundial do Comércio e pelas peculiaridades das organizações governamentais. Portanto, na questão 12 foi solicitado ao egresso que marcasse as disciplinas que ele mais utiliza no trabalho. O resultado pode ser observado na tabela 2, a seguir:

Tabela 2 – Disciplinas estudadas que mais utiliza no trabalho

Conteúdo de Formação Disciplinas Respostas

Profissional Normas Contábeis 14

Básica Administração 11

Profissional Auditorias 9

Básica Direito 8

Básica Matemática financeira 8

Profissional Teorias da Contabilidade 7

Teórica-Prática Prática em Laboratório de Informática utilizando softwares contábeis.5 Profissional Perícias, arbitragens e controladoria 4

Profissional Contabilidade Pública 3

Básica Métodos Quantitativos 2

Básica Economia 1

Básica Estatística 1

Fonte: Autores

Nota-se que as Normas Contábeis são o conteúdo mais utilizado, com 14 respostas. Porém, entende-se que todo profissional da área contábil deveria utilizá-las ou estudá-las, para se manterem atualizados, mesmo os 6 desempregados e as pessoas que não trabalham diretamente com a área contábil.

A segunda disciplina mais votada foi a de Administração, de formação básica, se mostrou também de grande valia, sendo utilizada, por 11 egressos.

(8)

Outro dado que chama atenção são os profissionais que julgaram a disciplina de Direito, 8 dos entrevistados, totalizando 31% dos profissionais disseram utilizar essa disciplina, o que pode nos levar a crer que o Direito tem tomado grandes proporções dentro do mercado contábil, o contador deixa de ser o “guarda livros” e deve possuir conhecimento específico de todo o conteúdo como descrito na Resolução CES/CNE nº 10/2004, possuindo visão sistêmica e interdisciplinar.

As disciplinas observadas como as menos utilizadas são Economia e Estatística, segundo os entrevistados apenas 1 pessoa disse que as utiliza em seus trabalhos diários.

Podemos observar também que matérias como matemática financeira, auditoria e administração fazem parte, bastante intensa, do cotidiano do Bacharel em Ciências Contábeis - egresso. Todas essas disciplinas totalizam em média 39% das respostas positivas.

Um resultado controverso na pesquisa, foi a utilidade que deram para a disciplina de “Prática em Laboratório de Informática utilizando softwares contábeis”, pois praticamente a contabilidade é toda informatizada. Esperava-se que este resultado obtivesse totalidade dos egressos, já que esse tipo de trabalho era para estar sendo desenvolvido, de maneira bem mais ampla, mas apenas 5 responderam que utilizam softwares contábeis.

A pergunta 13, do questionário, solicitava que o egresso informasse a maior dificuldade no trabalho em relação ao conhecimento obtido na graduação, dos 24 egressos da amostra 18 responderam esta questão. As respostas foram transcritas no quadro 1, a seguir:

Respostas 1 Colocar em prática algumas matérias aprendidas na teoria.

2 Implantar sistemas de controladoria em micro e pequenas empresas 3

A vivência prática é bem diferente do conhecimento teórico, principalmente no que diz respeito a lidar com pessoas que não reconhecem seu trabalho e esforço

4

Minha maior dificuldade é não ter tido conhecimento suficiente na graduação para executar minhas tarefas atuais

5

A contabilidade pública sofreu grandes mudanças, sendo assim ainda está complicado a implantação do enfoque patrimonial onde o principal enfoque era o orçamentário

6

Certos conhecimentos tecnicos de algumas areas, já que nas aulas as materias foram muito pouco ou mal ministradas

7

Profundicade_de_temas_abordados_como_por_exemplo_um_teste_de_custeio_em_uma_empresa_de_grande _porte

8 Seguir a risca os ensinamentos da teoria na vida real 9 Não trabalho diretamente no setor de contabilidade 10

Conseguir demonstrar e fazer com que os outros integrantes da equipe, realizem de forma correta e sistemática seus procedimentos

11 O ensino da escrita contábil deveria ser mais prático e menos teórico 12

Os conhecimentos adquirido na minha graduação me ajudam muito, porém existem muitas particularidades da realidade que não se aprende em sala

13

Ainda não comecei a trabalhar na área, mas ainda assim tenho a oportunidade de aplicar alguns conhecimentos obtidos na graduação no meu trabalho atual

14 Conhecimento de contabilidade tributária

15 Entrar para a área contábil já que nunca trabalhei nesse setor 16

A realidade é muito diferente do que nos é apresentado em sala de aula na maioria das vezes, acho que deveria ser implantado uma maior integração entre as disciplinas e os casos reais

17 A minha maior dificuldade seria implantar no dia-a-dia certos ensinamentos aprendidos durante a graduação. 18 Os escritórios contábeis de pequeno porte nem sempre empregam os conceitos atuais da contabilidade

Fonte: Autores

Nota-se no quadro 1, a maioria das respostas está na conciliação da teoria da sala de aula com a prática no trabalho. Porém, uma das respostas chama a atenção pelo absurdo. Os escritórios de contabilidade têm normas contábeis assim como as grandes empresas,

(9)

principalmente, as normas atuais, que são as normas que visam maior transparência e credibilidade aos balanços de quaisquer entidades.

5 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

O trabalho teve como objetivo conhecer o perfil do egresso do curso de ciências contábeis de Volta Redonda/RJ. Após análise dos 24 questionários respondidos, identificou-se o perfil como a maioria do sexo feminino (54%), faixa etária entre 22 a 39 anos, com maioria de 23 anos; graduaram entre 2012 e 2015, sendo a maioria em 2014; nem todos possuem o registro no Conselho Regional de Contabilidade (CRC), sendo identificadas 16 respostas positivas.

Respondendo aos problemas da pesquisa, identificou-se a maioria está trabalhando na área contábil, mas somente 1 atua como contador. Dos 24 egressos da amostra, 6 estão desempregados e 2 não trabalham na área contábil.

Quanto à problemática da pesquisa, sobre a diferença do perfil de egressos das instituições de ensino, o resultado mostrou que todos os egressos, da amostra, das IES privadas desempregados. Da universidade pública são 2 egressos.

Baseando se nas respostas obtidas nos questionários preenchidos pelos diversos graduados, que em sua grande maioria pertencem a Universidade Federal Fluminense, o resultado da pesquisa aqui realizado nos demonstrou que menos da metade dos requisitos mínimos estão sendo preenchidos, conseguimos traçar o perfil do profissional de contabilidade egresso porém entendemos que não está sendo nada satisfatório, dentro de nossas expectativas iniciais.

Esperávamos respostas bem mais positivas do que as que obtivemos em nossos questionários, notamos algumas deficiências sérias que devem ser revistas e corrigidas a tempo para que a universidade juntamente com a participação dos alunos consiga formar contadores com nível maior de excelência técnico-profissional.

Muitas oportunidades de trabalhos futuros surgiram durante o caminho de construção deste artigo, um comparativo perfil do egresso de universidade privada poderia nos proporcionar uma continuação bastante interessante desta pesquisa. Outra sugestão que tivemos seria um comparativo entre o profissional que está se formando agora com o profissional que irá se formar daqui há dois, três ou quatro anos, montando um quadro comparativo com o egresso no curso, suas aspirações nos primeiros períodos que seria acompanhado durante toda sua graduação e o que realmente aconteceu no fim dessa jornada.

6 – Referências Bibliográficas

ATKINSON, A.A. et all. Contabilidade Gerencial. 2ed. São Paulo: Atlas, 2000.

BRASIL, Ministério da Educação. Resolução CES/CNE nº 10/2004- Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Graduação em Ciências Contábeis, bacharelado, e dá outras providências.

CRC, Conselho Regional de Contabilidade. Resolução CFC Nº803/96 com redação alterada pela resolução CFC Nº 1.307, de 09/12/2010.- Código de Ética Profissional do Contador. Disponível em http://www.crc.org.br/_educacao/index.asp. Acesso em 23 julho 2015.

DAHMER, E. P.; et all. Egressos Como Fonte De Informação: O Perfil Dos Acadêmicos Do Curso De Ciências Contábeis e Sua Atuação No Mercado De Trabalho Em Comparação Com Os Cursos De Serviço Social e Direito. Anais da 6ª Semana de Ensino, Pesquisa e Extensão

(10)

da Universidade Federal de Santa Catarina. Maio de 2007. Disponível em http://anais.sepex.ufsc.br/anais_6/trabalhos/283.html. Acesso em 23 julho 2015.

FREZATTI, Fábi; et all. Os perfis das atitudes e aspirações dos estudantes de Contabilidade e seu desempenho em uma matéria: um estudo de investigação BBR - Brazilian Business Review, vol. 3, núm. 1, 2006, pp. 46-57 FUCAPE Business School Vitória, Brasil.

INEP- Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira- Censo Escolar 2013. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/censo-da-educacao-superior>. Acesso em 23 julho de 2015.

LOUSADA, A.N.Z.; MARTINS, G.A.. Egressos Como Fonte de Informação à Gestão dos Cursos de Ciências Contábeis. R. Cont. Fin. – USP, São Paulo, n. 37, p. 73 – 84, Jan./Abr. 2005. Disponível em http://www.revistas.usp.br/rcf/article/view/34151/36883. Acesso em 23 julho de 2015.

MAINARDES, E.; DOMINGUES, M.. Qualidade de cursos de Administração e Instituições de Ensino Superior em Joinville – SC: um estudo sobre fatores relacionados ao mercado de trabalho na percepção dos alunos. Revista Brasileira Neg., São Paulo, v. 12, n.35, p. 208-223, abr/jun. 2010.

MARION, J.C.. Contabilidade Empresarial. 15ed. São Paulo: Atlas, 2009.

MARION, J.C.; Santos, M.C.. Perfil do Futuro Profissional E Sua Responsabilidade Social. Revista do Conselho Regional de Contabilidade do Paraná, v. 26, n. 129, 1998, p. 10-16.

RÊGO, T.F.; ANDRADE, E.R.G.; Perfil e Campo de Atuação Profissional dos Egressos do Curso de Ciências Contábeis Da UFRN. Revista Ambiente Contábil. Natal-RN. v. 2. n. 2, p. 1 – 17, jul./dez. 2010. Disponível em http://periodicos.ufrn.br/ambiente/article/view/1323

Referências

Documentos relacionados

6 Consideraremos que a narrativa de Lewis Carroll oscila ficcionalmente entre o maravilhoso e o fantástico, chegando mesmo a sugerir-se com aspectos do estranho,

Modelo de Kingdon Problem Stream (Fluxo de problemas) Indicadores Crises Eventos focalizadores Feedeback de ações Policy Strem (Fluxo de soluções) Viabilidade técnica Aceitação pela

O documento prevê um letramento crítico do ensino de línguas que tenha como princípios basilares o reconhecimento da heterogeneidade, da diversidade, da pluralidade e

Entre os bairros avaliados o Santa Rita apresentou as condições mais precárias de saneamento básico no ano de 2007 em função da ausência de fornecimento de

5 Department of Morphology, São Paulo State University, Botucatu, SP, BRAZIL I Workshop on Male Reproductive Biology, 05-07 November

A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se A espectrofotometria é uma técnica quantitativa e qualitativa, a qual se baseia no fato de que uma

Os pacientes foram randomizados dentro de 12 horas a 10 dias após o início dos sintomas de infarto do miocárdio em um dos três grupos de tratamento: valsartana (titulada a partir de