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PORTUGUÊS LITERATURA. 1) Realismo

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Academic year: 2021

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PORTUGUÊS LITERATURA 1) Realismo

1.1) Introdução:

É a denominação genérica da reação aos ideais românticos existentes na segunda metade do século XIX. As profundas transformações ocorridas na sociedade fizeram com que deixasse de haver espaço para as exageradas idealizações românticas.

Em 1857 é publicado, na França, Madame Bovary, de Gustave Flaubert, considerado o primeiro romance realista da literatura universal. E, nesse mesmo período, Portugal experimenta um forte sentimento anticlerical e antimonárquico e ao mesmo tempo assiste à expansão de uma rica burguesia. Já no Brasil, o Realismo confunde-se com o fim da escravidão, com a proclamação da República e com o início da economia cafeeira e do trabalho assalariado do imigrante europeu. Voltando a falar sobre Gustave Flaubert, é importante reafirmar que ele entrou para a história literária como o primeiro autor que rompe violentamente com o olhar idealizado predominante na estética romântica e, por esse motivo, é visto como o fundador do Realismo.

O objetivo realista foi resumido por Eça de Queirós quando ele disse que é uma representação da realidade que permite compreender a origem de práticas e comportamentos sociais negativos. OBS: o artista, que observa, altera, corrige a realidade, porque não só reproduz um fragmento da vida, escolhido já de acordo com as suas inclinações pessoais, mas também o reproduz tal como o viu, isto é, desconfigurado. E assim, através da concepção artística, a verdade real deforma-se para se tornar em verdade artística. Além disso, a visão realista focará em comportamentos coletivos e na sociedade.

1.2) Momento histórico:

O que importa para os escritores da época era resolver, decompor, classificar e explicar o mundo dos fatos e das ideias, ou seja, eles defendiam o pensamento científico. Essa postura intelectual é chamada de cientificismo.

A Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase, caracterizada pela utilização do aço, do petróleo e da eletricidade. Além disso, o capitalismo se estrutura em moldes modernos, com o surgimento de grandes complexos industriais, por outro lado, a massa operária urbana aumentava, formando uma população marginalizada que não partilha os benefícios gerados pelo progresso industrial, mas, pelo contrário, é explorada e sujeita a condições subumanas de trabalho. Como a sociedade está em mudança, surge também uma nova interpretação da realidade, que gera teorias de variadas posturas ideológicas. São exemplos dessas novas ideologias o positivismo de Augusto Comte, o socialismo científico de Karl Marx e Friedrich Engels e que define o materialismo histórico e a luta de classes, o evolucionismo de Charles Darwin, dentre outros.

1.3) Características:

Obviamente, assim como ocorre em todos os outros movimentos literários e artísticos, as

características do Realismo estão intimamente ligadas ao momento histórico, refletindo, portanto, os movimentos citados acima. Assim é que o objetivismo aparece como negação do subjetivismo romântico, o não-eu mostrando que o homem se volta para aquilo que está diante e fora dele, o universalismo, o materialismo que leva à negação do sentimento e da metafisica. Da mesma forma, o nacionalismo e o historicismo são deixados de lado, dando lugar à preocupação com o presente e com o contemporâneo -mostrada, muitas vezes, através de acontecimentos sociais e políticos associados a um olhar crítico-.

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determinada por três fatores: meio, momento e raça (pode ser entendida como hereditariedade). E, ainda no século XIX, o avanço das ciências influencia os autores da nova estética e nos permite poder falar do cientificismo nas obras desse período. A razão é tida como o instrumento principal na análise da realidade. O materialismo, por sua vez, é uma clara oposição ao sentimentalismo

romântico, a verdade precisa ser procurada na realidade concreta.

Ideologicamente os autores são antimonarquicos e, portanto, assumem uma defesa da república. Existe também a negação da burguesia a partir da célula-mãe da sociedade, o que justifica a presença de constantes triângulos amorosos.

Por fim, destaca-se o caráter anticlerical onde temos em muitas obras padres corruptos e a hipocrisia de velhas beatas.

1.4) Romance realista:

Podemos afirmar que o romance realista é caracterizado como uma narrativa voltada para a análise psicológica e que critica a sociedade a partir do comportamento de determinados personagens. É um romance documental, ou seja, um retrato de uma época.

>> Em Portugal, o realismo apresenta uma poesia muito rica tanto na expressao quanto mas tendencias, o que nos permite encontrar uma poesia mais engajada

>>No Brasil o tipo de poesia que domina é a parnasiana. Essa poesia é preocupada com s forma e com a objetividade, produzindo sonetos formalmente perfeitos.

2) Realismo em Portugal 2.1) A Questão Coimbrã:

Desde a década de 60 os jovens estudantes de Coimbra se mantinham atentos a tudo o que acontecia de novo nos principais centros culturais da Europa, o que propiciou o abandono de uma visão romântica defendida pelos escritores da Escola de Lisboa. O interesse dos jovens com relação ao que ocorria na Europa aumentou em 1864 quando foi inaugurada o caminho-de-ferro de Beira Alta que ligou Coimbra a Paris.

A poesia social de Victor Hugo estava se difundindo em Portugal e, consequentemente, as profundas transformações que ocorriam na França influenciavam alguns escritores portugueses.

Essa questão também pode ser vista como um ataque dos novos escritores portugueses (realistas) à poesia bonitinha, inocente, ingênua e, principalmente, completamente descompromissada com a realidade. A palavra passava, então, a ser forte e com conteúdo. Por outro lado, em 1865, o poeta romântico Pinheiro Chagas publica uma carta na qual ele critica duramente a poesia de Teófilo Braga e Antero de Quental, este responde imediatamente a fim de defender o papel revolucionário da poesia realista e a independência dos autores em relação aos velhos mestres. Vários folhetos circulam em Portugal, ora defendendo as novas ideias realistas, ora defendendo o romantismo. Em resumo, a Questão Coimbrã foi a polêmica entre Antônio Feliciano de Castilho e Antero de Quental (jovens estudantes de Coimbra) e também pode ser intitulada como Bom Senso e Bom Gosto em referência ao texto de Antero.

2.2) As Conferências Democráticas

Toda a polêmica iniciada com "A Questão Coimbrã" só tem seu fim definitivo em 1871 com o ciclo das Conferências Democráticas realizado no Casino Lisbonense. Tal ciclo marcou a vitória definitiva do Realismo e teve como objetivo retirar Portugal da situação de atraso cultural em que se

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2.3) Produção literária:

**ANTERO DE QUENTAL: Foi aos 18 anos que Antero teve seu primei ro contato com as ideias materialistas que surgiam em Coimbra. Após a Questão Coimbrã, viaja a Paris e volta em 1871, ano em que organiza as Conferências Democráticas.

Sua produção poética está diretamente ligada à sua trajetória:

- as primeiras poesias refletem uma visão romântica, ora representando a religiosidade, ora representando amores idealizados.

-as poesias de Odes modernas foram responsáveis por retratarem uma fase revolucionária de sua literatura, além de mostrar os agitados dias de Coimbra

-o livro Soneto, por sua vez, foi responsável por retratar desde os tempos de estudante até a última fase metafísica, sendo, portanto, a obra mais completa de Quental. Seus sonetos são tecnicamente perfeitos e, na maior parte das vezes, apresentam uma linha de raciocínio marcada pela lógica. **EÇA DE QUEIRÓS: Seu nome só vai se fixar na literatura a partir de 1871, quando participa brilhantemente das Conferências Democráticas e funda um folheto denominado As farpas, que se caracterizou pelas críticas e sátiras à sociedade portuguesa e à suas instituições. Sua obra pode ser dividida em três fases:

-a primeira que corresponde aos textos publicados em forma de folhetim e reunidos em "Prosas bárbaras"

-a segunda que corresponde ao periodo que vai desde a publicacao de"O crime do Padre Amaro" até a publicaçao de "Os maias". Essa fase corresponde à fase realista.

-a terceira que ficou conhecida como fase pós-realista

>>A fase realista: Foi nessa fase que publicou "O crime do Padre Amaro", "O primo Basilio" e "Os Maias", a ambição do escritor é, com certeza, pintar a sociedade portuguesa para mostrar-lhe o triste país que ela forma. Retrata, entao, os multiplos aspectos dela: a cidade provinciana, a influencia do clero, a pequena e média burguesia de Lisboa, os intel ectuais, a aristocracia, a alta burguesia, etc.

O crime do Padre Amaro é um romance que analisa a corrupção e a depravação dos costumes a partir de um caso amoroso entre o padre Amaro e uma moça solteira, Amália. Em O primo Basilio, Eça critica a burguesia lisboeta a partir do triângulo amoroso existente entre Luísa (personagem romântica), Basílio e Jorge em que Juliana, criada da casa de Luísa e Jorge, intercepta as cartas de Basílio e Luísa e chantageia a última. Luísa, assim como Madame Bovary, faz escol has norteadas pela paixão e não pela razão. O lado moralizador do Realismo se faz presente nesse livro no

arrependimento final da mulher adúltera. Já em Os Maias, o escritor se volta para a alta sociedade e uma aristocracia que se comporta de modo irresponsável.

**OS POETAS REALISTAS:

Além de Antero de Quental, quatro poetas realistas merecem destaque e são eles: Gomes Leal e Guerra Junqueiro cujas obras ocaracterizam-se por forte coloração da sociedade, constituindo uma poesia de combate, e Cesário Verde e Gonçalves Crespo cujas obras são voltadas para o cotidiano. Formalmente, estes cultuam o soneto à moda parnasiana.

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3.1) Introdução:

A última fase do Romantismo já anunciava o seu fim pois, apesar da forma e da expressao romantica, os temas estavam voltados para uma realidade politico-social. Os ideais do Realismo encontravam ressonância no conturbado momento histórico vivido pelo Brasil (abolição da escravidão, ideal republicano, crise da monarquia, etc). O primeiro romance realista brasileiro é Memórias Póstumas de Brás Cubas

3.2) Momento histórico:

No período do Realismo, o Brasil passa por mudanças radicais tanto no campo econômico como no político-social. A campanha abolicionista intensifica-se a partir de 1850; a Guerra do Paraguai que tem como consequência a mentalidade republicana; a decadência da monarquia; o início de uma economia voltada para o mercado externo e etc.

3.3) Produção literária: 3.3.1) Machado de Assis:

A estreia de Machado de Assis nas letras ocorreu em 21 de janeiro de 1855 quando o poema "Ela" foi publicado em um folhetim. A obra de Machado é, geralmente, dividida em duas fases: a primeira representa o autor ainda preso a alguns princípios da escola romântica e, por isso, é conhecida como fase romântica ou de amadurecimento; a segunda apresenta um autor completamente realista, sendo, portanto, conhecida como fase realista ou de amadurecimento. A ficção machadiana é caracterizada por um diálogo constante com o leitor uma vez que o objetivo da prosa realista é manter a atenção do leitor e não convencê-lo a se comportar dessa ou daquela maneira.

>>A POESIA MACHADIANA: Na fase romântica, os poemas não têm grande preocupação formal, a temática é amorosa ou nacionalista. Na fase realista Machado é um perfeito parnasiano, fazendo sonetos metrificados, rimados, numa linguagem apuradíssima e, tematicamente, assume uma postura filosófica e pessimista.

>>A PROSA DE MACHADO: O próprio autor afirma que as prosas da primeira fase são escritas em uma época de "fé ingênua". No entanto, os romances e contos dessa época já indicavam algumas características que mais tarde consolidariam na obra de Machado como, por exemplo, o amor contrariado, o casamento por interesse, uma ligeira preocupação psicológica e uma leve ironia. Já a segunda fase é a parte de prosa de Machado que mais interessa: a análise psicológica dos

personagens, o egoísmo, o pessimismo, o negativismo, a linguagem correta, clássica, as frases e os capítulos curtos nos quais as ideias não se perdem, pel o contrario, as entrelinhas são valorizadas e são permitidas observações paralelas à narrativa e a conversa com o leitor. Os romances dessa fase concentram-se na falsidade da vida depois do casamento, marcado pelo adultério. A insistência nesse tema parece ter origem no pessimismo do autor, que vê as relações humanas sempre motivadas por interesse.

**Memórias Póstumas de Brás Cubas: é a obra responsável por inaugurar o Realismo brasileiro. Já no início, o autor começa com uma ironização aos leitores que só se preocupam com a ação. Essa obra é inovadora e se diferencia das demais obras machadianas a começar pela presença de um defunto-autor (o objetivo de Machado é uma narrativa mais isenta de sentimentos). No livro

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também é possível encontrar críticas ao Romantismo, o amor diretamente ligado ao interesse, o negativismo, etc. Um fato interessante do narrador protagonista da obra é que ele revela os piores traços de sua personalidade porque não tem mais nada a perder já que está morto.

**Quincas Borbas: o romance, narrado em terceira pessoa, é uma análise da desagregação psicológica e financeira de Rubião que recebe a herança de Quincas Borbas.

**Dom Casmurro: o personagem-narrador Bentinho tenta "atar as duas pontas da vida, e restaurar na velhice a adolescência" (fato que ocorre através da réplica perfeita da casa que passou sua infância).

**Os contos da fase realista seguem as mesmas diretrizes dos romances, sempre aparecem a preocupação psicológica, a fronteira entre a loucura e a lucidez, a ironia social e política.

OBS: Na segunda fase Machado não possui mais o interesse de agradar o público romântico e, por meio da primeira pessoa e do leitor incluso, forma um novo perfil do leitor modelo. Além disso, rompe com a estrutura linear do romance e possui uma prosa marcada por ironia, digressão, intertextualidade, eufemismo, pessimismo e ceticismo.

3.3.2) Raul Pompeia:

Raul Pompeia faz parte do grupo de autores que entraram para a história da literatura graças a um único livro que, no seu caso, foi "O Ateneu". Tal livro trata-se de memórias de Sergio de seu tempo de internato, a fronteira entre a realidade e a ficção nesse livro é muito frágil pois ele é uma

autobiografia. Além disso, possui duas leituras: uma que nos permite dizer que é a representação da vingança do autor contra a estrutura do internato, outra, no campo político, tomando o Ateneu como a própria representação da monarquia em decadência e, essas duas leituras, são

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