A proposta de Direito europeu comum da compra e venda: perspetiva do comércio eletrónico

DIREÇÃO-GERAL DAS POLÍTICAS INTERNAS DA UNIÃO

DEPARTAMENTO TEMÁTICO C: DIREITOS DOS CIDADÃOS E

ASSUNTOS CONSTITUCIONAIS

Assuntos Jurídicos

A proposta de

Direito europeu comum da compra e

venda:

perspetiva do comércio eletrónico

SÍNTESE

Resumo

A Internet e as novas tecnologias transformam o comércio e permitem que os comerciantes e consumidores entrem em transações sem olhar a tempo, lugar ou meio. Este documento explica os mecanismos por detrás da nova forma de fazer negócios e realça as oportunidades que esta apresenta. Esta nova forma de comércio coloca também novos desafios. Os comerciantes necessitam de um outro conjunto de conhecimentos e ferramentas, muitas vezes optando por entrar em parcerias com, por exemplo, mercados em linha. É necessário tomar medidas rápidas e eficazes para remover as barreiras que estes padrões comerciais emergentes enfrentam. Precisamos de uma política inteligente e flexível para promover a inovação, o investimento e um mercado interno com um melhor desempenho. A proposta de direito europeu comum da compra e venda (DECCV) é um exemplo promissor de uma tentativa de melhorar o mercado interno de forma inovadora. A fim de assegurar que o direito europeu comum da compra e venda seja bem concebido e capaz de promover o novo tipo de comércio, este documento propõe melhorias nas áreas da língua, da experiência do utilizador, da resolução de litígios, dos pagamentos e dos deveres do consumidor.

O presente documento foi solicitado pela Comissão dos Assuntos Jurídicos do Parlamento Europeu.

AUTOR

Hanne Melin

Legislative Counsel Europe eBay Inc.

hmelin@ebay.com

ADMINISTRADOR RESPONSÁVEL Danai PAPADOPOULOU

Departamento Temático C:Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais Parlamento Europeu B-1047 Bruxelas E-mail: danai.papadopoulou@europarl.europa.eu VERSÕES LINGUÍSTICAS Original: EN Tradução: BG/ES/CS/DA/DE/ET/EL/FR/IT/LV/LT/HU/MT/NL/PL/PT/RO/SK/SL/FI/SV SOBRE O EDITOR

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poldep-citizens@europarl.europa.eu Parlamento Europeu, setembro de 2012. © União Europeia, 2012.

O presente documento está disponível na Internet em: http://www.europarl.europa.eu/studies

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The proposal for a Common European Sales Law: an e-business perspective ___________________________________________________________________________________________

SÍNTESE

O eBay1 _{é um exemplo de como a Internet e a tecnologia baixam os preços do comércio}

para pequenos e grandes negociantes ao permitir que entrem em contacto, que encontrem clientes, que estabeleçam uma relação de confiança, que efetuem transações e pagamentos. Tal permite que negociantes de todas as magnitudes expandam as suas operações ao mesmo tempo que proporciona ganhos ao nível do bem-estar do consumidor. Mais importante ainda, podemos observar como estas trocas comerciais a um custo mais baixo levam os negociantes a expandir as suas operações a países estrangeiros. Entre 2004 e 2010, o comércio transfronteiriço dentro da UE através do eBay cresceu seis vezes mais rapidamente do que o comércio convencional2_{. Além disso, a diminuição dos custos}

comerciais traduz-se em ganhos para o bem-estar do consumidor. Por exemplo: se, hipoteticamente, todas as trocas comerciais na UE fossem feitas através do comércio em linha com custos mais baixos, os consumidores poderiam ganhar o equivalente a 45% do PIB graças ao acesso a maior escolha e preços mais competitivos.

As barreiras comerciais não só são mais baixas em linha como estão a ser desmanteladas de forma mais rápida do que as existentes no comércio tradicional. No período 2005-2009 o impacto negativo da distância nas trocas comerciais diminuiu 41% para o comércio transfronteiriço no eBay, em comparação com apenas 14% para o comércio transfronteiriço convencional.

Os custos mais baixos verificados no comércio em linha resultam, entre outras coisas, da forma como a Internet e a tecnologia podem ajudar a estabelecer uma relação de confiança entre parceiros comerciais e entre quem compra e quem vende: facilitando a comunicação em cada passo do processo de transação, proporcionando maneiras transparentes e interativas de divulgar e partilhar informação entre as partes envolvidas e permitindo o desenvolvimento de mecanismos alternativos de resolução de litígios.

Embora os mecanismos tecnológicos derrubem certas barreiras comerciais, existem ainda obstáculos administrativos e jurídicos que levam a que a percentagem de transações transfronteiriças permaneça baixa. Na opinião de comerciantes que usam o eBay como um dos seus canais de venda, a disparidade das normas de proteção ao consumidor e dos procedimentos e regras em matéria de IVA, bem como a falta de serviços de entrega de confiança e a custos razoáveis desencorajam a exportação dentro da UE.

A Internet e a tecnologia estão a mudar a forma como se faz comércio e os decisores políticos precisam de assegurar que a legislação e as políticas não impeçam o seu desenvolvimento. Precisamos de uma política inteligente e flexível para promover a inovação, o investimento e um mercado interno com um melhor desempenho. A proposta de direito europeu comum da compra e venda é um exemplo promissor de uma tentativa de melhorar o mercado interno de uma forma completamente nova.

1

Fundado em 1995, em San Jose, na Califórnia, o eBay Inc. (NASDAQ:EBAY) destina-se a pôr em contacto compradores e vendedores. Conhecido por ser o mercado em linha de maior dimensão no mundo, o eBay permite aos seus utilizadores comprar e vender nas suas plataformas em quase todos os países através do PayPal, o qual permite efetuar e receber pagamentos em linha de forma segura, fácil e rápida, quer a pessoas individuais, quer a empresas, e através da GSI, que facilita o comércio eletrónico, a venda a retalho multicanais e o marketing digital para empresas globais. O eBay chega a milhões de pessoas através de mercados especializados como o StubHub, o maior mercado de bilhetes do mundo, e dos seus sítios de anúncios, os quais, combinados, estão presentes em mais de 1000 cidades em todo o mundo. Para mais informação sobre a empresa, visite www.ebayinc.com

2_{A Internet e a tecnologia são uma força integradora na UE. Por exemplo, as exportações da UE25 para a Roménia}

e a Bulgária cresceram 62% entre 2004 e 2012 (adesão à UE em 2007), enquanto as exportações através do mercado eBay foram multiplicadas por nove (777%) durante o mesmo período.

Departamento Temático C:Direitos dos Cidadãos e Assuntos Constitucionais

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Para garantir que o DECCV seja concebido de forma a promover a inovação no campo das trocas comerciais, recomendamos que se preste especial atenção às seguintes áreas:



seus serviços em qualquer língua. A oferta desta flexibilidade quanto à língua reduziria de forma bastante significativa a burocracia enfrentada pelos negociantes e funcionaria como complemento às tendências do comportamento dos consumidores: o 7º Painel dos Consumidores, publicado pela Comissão Europeia, revela que sete em cada dez pessoas entrevistadas com experiência prévia em compras transfronteiriças estão dispostas a usar uma outra língua.

 Experiência do utilizador - Atendendo a que as expectativas do utilizador diferem conforme o meio ou os diferentes modelos do mesmo tipo de meio, o DECCV deve evitar requerer várias comunicações, permitindo que o negociante escolha o formato através do qual a informação é veiculada.



comerciante indique no sítio web - e não nas cláusulas contratuais - quais os métodos de pagamento aceites, bem como com a Diretiva Direitos dos Consumidores e a Diretiva Serviços de Pagamento (DSP), suprimindo a competência conferida por esta última aos Estados-Membros no que toca à limitação ou proibição de encargos suplementares.

 Resolução de litígios - O DECCV deve ser associado à plataforma europeia de resolução de litígios em linha proposta para que os consumidores e os comerciantes disponham à partida de uma garantia quanto aos procedimentos em caso de problemas com a transação.

 O consumidor - Graças ao smartphone, os consumidores estão cada vez mais informados e mais fortes. Há que refletir este facto nas responsabilidades que o consumidor deve assumir antes e depois da transação (p. ex.: informar o comerciante de que o produto não será recolhido, princípio de guarda responsável, obrigação de examinar o produto de forma a verificar a sua conformidade, conceder ao comerciante o direito de sanar os vícios ou defeitos do produto, etc.).

Assistimos ao desenvolvimento de um ambiente comercial cada vez mais marcado pelas novas tecnologias e orientado para os consumidores. É isto que os comerciantes devem ter em mente quando desenvolvem as suas atividades e procuram novos instrumentos, por exemplo, nos mercados em linha. Este deve ser também o ponto de partida para os legisladores que ambicionam limitar as tensões e propor serviços integrados no mercado interno.